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Editorial

A importância do treinamento

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decisão de muitas empresas diante de momentos difíceis é reduzir custos e investimentos. São medidas que costumam parecer efetivas, porém têm efeitos a curto prazo. Na maioria das vezes, essas decisões podem repercutir em incremento de custo, em um breve futuro, quando comprometem a produtividade. E dessa forma, a suinocultura é uma atividade dinâmica, com grandes possibilidades de viradas, sejam positivas ou negativas. Portanto, surge a seguinte pergunta: como e onde atuar de modo satisfatório nessa atividade, sem comprometer o resultado econômico da empresa? Sem dúvida, essa é uma difícil tarefa para os gestores realizarem nas distintas oportunidades que têm a suinocultura. Como exemplo, pode-se explicar o que se vivencia em um sistema de produção no qual o custo de produzir o alimento representa 70%, e a mão de obra, entre 6% a 8%. Porém, os setores de reprodução, maternidade e biosseguridade dependem 100% dessa mão de obra, razão pela qual o treinamento é prioridade para aqueles que fazem toda diferença. Afinal, são as pessoas que conduzem os resultados de toda cadeia do sistema de produção suína. Entretanto, para se conseguir incorporar o conceito de equipe é preciso envolver o maior número possível de adeptos em um mesmo foco, no qual todos buscam o mesmo objetivo, sendo este motivador e envolvente. E qual será o segredo para ocorrer a formação de uma equipe coesa e sólida? Investir em treinamento e no desenvolvimento de habilidades das pessoas. Apenas por meio dessas ações permite-se saber quais são as medidas fundamentais para se manter, em todos os sentidos, competitividade e equilíbrio.

O controle de custo de produção nunca esteve fora de moda, porém nesses períodos delicados fica ainda mais evidente. Mesmo com o controle, eventualmente necessário, pode-se verificar que as empresas que mais crescem no mundo mantêm incorporados programas que são intocáveis no momento de redução de custos. Evidentemente são aqueles programas considerados peças-chave para a produção. Entre estas peças-chave encontra-se o programa de talentos e capacitação das pessoas envolvidas em todo o processo. As empresas que investem na contínua atualização de seus profissionais creditam o custo adicional nessa linha, que será pequeno frente ao resultado no futuro. Dessa forma, capacitar colaboradores é investimento, jamais custo. Encontrar soluções eficientes e criativas para lidar nos momentos de turbulência, com um olho no fechamento do mês, e outro no futuro, cabe a cada gestor, considerando a particularidade de seu negócio e mercado. Cada empresa faz suas escolhas para superar os momentos de tensão, mas pode-se perguntar o que é comum a todas que seguem crescendo com sucesso? A respostas é seguir investindo nas pessoas, considerando que elas são fundamentais para o desenvolvimento, permanência e competitividade principalmente em se tratando dessa dinâmica atividade “Suinocultura”. Finalmente, bem-vindos à 17a Edição da ABRAVES, um congresso que honra pela educação continuada.

Boa Leitura.


Índice

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Reportagem

Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos “ABRAVES” e sua importância na suinocultura brasileira

10 Reprodução

Manejo do cachaço em situações de estresse térmico

17 Bem-estar Animal

Bem-estar de suínos na fase de creche

21 Sanidade

Problemas locomotores em animais em crescimento: causas e consequências

30 Bem-estar Animal

Manejo de Porcas em Grupo (III) Orientações sobre Projetos

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Capa

Bem-estar Animal

Manejo de porcas em grupo: Orientações sobre Projetos Parte III

Revista Técnica da Suinocultura

&cia

SUÍNOS

A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnicocientíficos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.


38 Revisão Técnica

Resumo da 46ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

52 Sumários de Pesquisa 56 Recursos Humanos A torrada queimada

58 Dicas de Manejo 62 Divirta-se 64 Suinter

Suinter tem edição histórica

73 Aconteceu

Vetanco oferece palestra sobre micotoxinas com dois grandes nomes da suinocultura mundial

74 Inovações

Suplementação alimentar suína Água: um recurso gerenciável

Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906 Consultoria Técnica Adriana Cássia Pereira CRMV - SP 18.577 Edison de Almeida CRMV - SP 3045 Mirela Caroline Zadra CRMV - SP 29.539

Ilustrações Roque de Ávila Júnior Departamento Comercial Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br Jornalista Responsável Paulo Viarti MTB.: 26.493

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Foto da capa cedida por Carlos Piñeiro A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.


Reportagem

Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos “ABRAVES” e sua importância na suinocultura brasileira

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riada há 32 anos com o objetivo de contribuir com a difusão de pesquisas científicas e informações técnicas entre médicos-veterinários do país, entidade teve papel decisivo no crescimento da suinocultura nacional, que passou da 10a para 4a maior do planeta

A Abraves (Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos) sempre foi uma entidade à frente do seu tempo. Seu congresso reúne os principais especialistas em suinocultura do país e do mundo, apontando não apenas os assuntos que estão em discussão na atualidade, como também antecipa tendências. Não é à toa que o congresso torna-se uma referência do setor para avaliar e traçar metas para o futuro.Consequentemente, a Abraves consagrase como a principal entidade de representação da classe dos médicos-veterinários especialistas em suínos. Por isso, modernizar precisa ser a meta constante da associação.

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“A Abraves nacional passa por um processo de modernização para se adequar ao cenário atual da suinocultura. Temos, agora, a entidade nacional, com sede fixa em Concórdia (SC), enquanto as Abraves regionais trabalham de maneira integrada e ‘linkada’ com seus grupos de especialistas”, destaca o médico-veterinário e presidente da Abraves São Paulo, Godofredo Miltenburg, que também preside o Congresso da Abraves 2015, que volta ao Estado após mais de 20 anos.

História: a criação Sobre a fundação da entidade, podemos dizer que todos ficaram literalmente de “alma lavada”. A forte chuva naquela noite de primavera de setembro de 1982 não impediu que os idealizadores da entidade reunissem-se em Campinas (SP) para discutir aquela que seria uma das mais representativas associações da suinocultura do país. Estavam juntos Luciano Roppa, Claudio Lowenthal, Regis Christiano Ribeiro, Felix Ribeiro de Lima, Luis Fernando de Carvalho, Anibal Moretti e Antonio Francisco Oliveira. Focados no projeto de criação da Abraves, eles não se deixaram abalar nem mesmo pelos raios e trovões seguidos pelas constantes quedas de luz. Luciano Roppa conta que o grupo reunido na rua Turmalina, 75, havia compactuado que só sairia dali com detalhes definidos. “O saudoso Lowenthal até chegou a dizer que aquele temporal poderia ser um sinal. Sim, deve ter sido um sinal de que iria dar certo. E deu”, comemora Roppa. “Após esta reunião preliminar, foi convocada uma outra para a fundação da associação, com membros de vários Estados e o presidente da Associação Latinoamericana, Ramiro Ramires Necoechea. Foi no dia 10 de março de 1983, na sede da Gessulli, em São Paulo, com as presenças de Luciano Roppa, Claudio Lowenthal, Antonio Francisco de Oliveira, Anibal Moretti, Felix Ribeiro de Lima, Edson Bordin, Flauri Migliavacca, Sergito de Souza Cavalcanti, Euripes Laurindo Lopes, Luis Fernando de Carvalho, Alceu Bertolin, Irineu Machado de Lima, Carlos Gilberto Mader, Regis Christiano Ribeiro, Silvio Luis Zanetti, Lourival Mendonça e Osvaldo Penha Chiassulli. Nesta ocasião foi elaborada a primeira ata e aprovado o “primeiro estatuto”, relembra Roppa. Da reunião iluminada pelos raios até os dias de hoje, muita coisa aconteceu. A união de todos, formando um grupo forte e coeso, contribuiu para a realização do Congresso Latino-americano, sob os candelabros do Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, em 1986. Mas os fundadores da Abraves eram ainda mais ousados. Eles também conseguiram trazer para o Brasil o Congresso Mundial da IPVS (International Pig Veterinary Society),

Suínos&Cia | nº 55/2015

Luciano Roppa


Reportagem

em 1988, no Hotel Nacional, na praia de São Conrado (RJ). Nesta ocasião, o presidente do congresso foi Luciano Roppa, que contou com a inestimável ajuda do seu secretário executivo, Flaurí Migliavacca, e da diretora técnica, Isabel Scheid. A essa altura, a Abraves já contava com cerca de 600 associados, que receberam os 2 mil participantes de mais de 80 países. Ali, avalia Roppa, já era possível prever que a Abraves estava mostrando para o mundo aquela que viria a ser uma das maiores suinoculturas do planeta. Abraves e os avanços do setor Os eventos coroaram com grande louvor a criação da Abraves, que foi fundada com alguns objetivos específicos. O Brasil era o 10º maior produtor mundial de suínos e praticamente não exportava carne suína. Os especialistas da área nem sempre encontravam no país revisão sobre as principais questões do setor. Assim, de acordo com Roppa ,o primeiro objetivo foi fundar uma associação de classe para difundir o conhecimento entre os veterinários que se dedicavam à produção de suínos. Mas, junto, havia o desejo e a principal meta de realizar um congresso brasileiro, um congresso latino-americano e, finalmente, trazer o Congresso Mundial da IPVS para o Brasil. “Com a realização desses eventos no país, os associados poderiam ter acesso às mais recentes informações da nossa atividade”, justifica. E se alguém duvidou do que a recém-criada Abraves poderia fazer, todas as metas foram cumpridas e realizadas nos primeiros cinco anos da associação.

Godofredo Miltenburg

Congresso volta a São Paulo Para Miltenburg, o retorno do congresso para São Paulo é um momento histórico, tendo em vista que a fundação da Abraves nacional aconteceu no Estado paulista. “Veterinários de São Paulo reuniram-se, depois de anos, em 2008, para uma retomada das atividades da entidade, em uma iniciativa encabeçada pela médica-veterinária Maria Nazaré Lisboa.

“A Abraves é muito atuante no Estado e formada por um grupo ligado à suinocultura, das áreas técnica e de pesquisa, composto por profissionais de universidades e empresas que agora trabalham efetivamente pela continuidade da associação”

Nesses anos todos, na opinião dele, dentre as principais contribuições da Abraves para o setor, a formação profissional de um grande número de técnicos,com certeza, foi fundamental. O especialista cita que muitos desses profissionais contribuíram para o crescimento da suinocultura brasileira, que hoje é a 4ª maior do mundo e uma das mais tecnificadas.

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“Desde então, a Abraves é muito atuante no Estado e formada por um grupo ligado à suinocultura, das áreas técnica e de pesquisa, composto por profissionais de universidades e empresas que agora trabalham efetivamente pela continuidade da associação”, expõe Miltenburg.

Uma das responsáveis pelo resgate das atividades da Abraves-SP foi a consultora da Consuitec e médica-veterinária, Nazaré Lisboa. Ela explica que a decisão de retomar e intensificar as atividades da Abraves de São Paulo surgiu durante a AveSui 2007, tendo em vista que a associação é de grande importância para a suinocultura, assim como o Estado. “São Paulo tem um grande número de médicos-veterinários especialistas em suínos e uma larga maioria de empresas do setor tem sede no Estado. Assim, é natural que haja um movimento para fortalecer as atividades da Abraves”, justifica. nº 55/2015 | Suínos&Cia


Reportagem

para provar que a iniciativa teve bons resultados. É muito bom colher o fruto da semente semeada”, finaliza. O futuro vem aí

Maria Nazaré T. S. Lisboa Argumentos existem de sobra para que o maior evento da entidade aconteça numa das principais potências brasileiras. Miltenburg explica que, apesar de São Paulo não despontar entre os maiores produtores de carne suína do país, o Estado é um dos mais importantes para a suinocultura.

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Ele cita que a força de seu mercado consumidor o torna um importante formador de opinião e de tendências da suinocultura brasileira, assim como um importante formador dos preços de suínos.

E a Abraves-GO já está de “vento em popa” para preparar o evento de 2017. “A Abraves de Goiás, assim como a nacional, está passando por uma estruturação para se adequar às mudanças do novo estatuto. Não podemos perder tempo. Tratase de um evento de elevado padrão técnico, por isso demanda bastante cuidado antecipado para sua preparação”, analisa Eurípedes Lopes.

“São Paulo é uma região de fácil acesso e um grande polo de universidades, o que atrai novos talentos e profissionais em busca de oportunidades para o futuro”

Para o resgate da associação, Nazaré percebeu a importância de trazer o Congresso da Abraves para São Paulo. “É uma região de fácil acesso e um grande polo de universidades, o que atrai novos talentos e profissionais em busca de oportunidades para o futuro”, acrescenta.

A profissional conta que o projeto recebeu muitos apoios, o que culminou com a sua posse na presidência da Abraves-SP, em 2008. “Fico emocionada ao ver que aquela semente plantada rendeu frutos importantes. A entidade nunca esteve tão unida e fortalecida no Estado de São Paulo como agora. Houve um trabalho de equipe naquela época para resgatar toda a documentação e contabilidade, mas valeu a pena. O congresso está aí Suínos&Cia | nº 55/2015

Se depender do grupo que tem estado à frente da Abraves, a entidade vai continuar atuante e como referência nacional. A próxima edição do Congresso Abraves, em 2017, será realizada em Goiânia (GO). O médico-veterinário e presidente da Abraves de Goiás, Eurípedes Lopes, enfatiza que, de certa maneira, esta decisão já representa “o futuro” da entidade, já que, apesar de a Abraves nacional ter sede em Santa Catarina, tradicionalmente o Estado que organiza o congresso acaba influenciando os rumos da entidade em função da importância do evento.

A próxima edição do Congresso da Abraves está marcada para 18 a 20 de outubro de 2017, no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia. Não é a primeira vez que o Estado o receberá. Outras edições foram realizadas em 1993 e 2003. Até 2017 serão 14 anos sem o evento no Estado. Neste período, a região teve o maior crescimento e desenvolvimento da suinocultura no território nacional nos últimos 10 anos, bem como recebeu importantes agroindústrias do setor e elevou sua produção de 25 mil matrizes para mais de120 mil nos últimos 15 anos. A capital Goiânia tem grande fluxo aéreo para todas as regiões do país e uma rede hoteleira de qualidade. “Temos todos os ingredientes para fazer um evento histórico”, conclui Lopes.



Reprodução

Manejo do cachaço em situações de estresse térmico Rafael T. Pallás Alonso Diretor Técnico de Serviços Veterinários da KUBUS, SA Madri – Espanha rtpallas@gmail.com

Introdução

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efeito importante e negativo do calor sobre os resultados reprodutivos de uma granja é conhecido por todos. Esta deterioração de resultados deve-se ao efeito exercido pelo calor sobre a fêmea como também sobre os machos. Neste artigo trataremos do efeito das altas temperaturas sobre o cachaço e repassaremos os procedimentos de manejo mais recomendáveis para diminui-lo. Como os suínos carecem de glândulas sudoríparas, a melhor forma de controlar e eliminar o excesso de calor é pela respiração, daí ser a taquipinéia (aumento da frequência respiratória) um dos primeiros sinais evidentes do aumento da temperatura ambiente.

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Efeito do calor sobre o cachaço A temperatura ambiente elevada causa alterações nos mecanismos de termorregulação da bolsa escrotal e dos testículos, de modo que a função reprodutiva passa a ser afetada quando a temperatura ambiente ultrapassa a zona termo neutra, ou temperatura de conforto, a qual no caso do cachaço situa-se entre 18oC e 22oC com uma umidade relativa ambiental entre 60% - 70%. O estresse por calor, nos cachaços, ocasiona: 1. Declínio da produção: • Menor concentração de espermatozoides; • Menor volume de ejaculado. 2. Piora da qualidade seminal: • Incremento do número de formas anormais; • Diminuição da motilidade; • Aumento do pH do sêmen; • Incremento no percentual de espermatozoides com acrossoma alterado; • Redução da viabilidade espermática; • Perda da capacidade de conservação; Suínos&Cia | nº 55/2015

• Incremento do número de ejaculados eliminados por má qualidade seminal. 3. Alteração do comportamento: • Perda de apetite; • Apatia; • Diminuição da libido. Como consequência de tudo isso e do efeito direto das altas temperaturas sobre as fêmeas, os resultados reprodutivos, a fertilidade e a prolificidade diminuem consideravelmente durante os meses mais quentes do ano. A temperatura ambiental é o fator que mais influencia a capacidade do suíno em manter sua própria temperatura corporal, não se estressar nem adoecer. Há muitos trabalhos publicados a respeito de como a temperatura afeta a qualidade do sêmen. As baixas temperaturas não parecem causar problemas para o cachaço (a menos que estejam abaixo de 10°C). Isso porque, possivelmente, os machos aumentam a ingestão de alimento para manter o aumento da temperatura corporal. Em contrapartida, temperaturas elevadas são mais negativas. Temperaturas acima de 40oC reduzem tanto a produção quanto a motilidade dos espermatozoides durante dois meses. Se a temperatura excede de 45oC durante três dias, aumenta a ocorrência de espermatozoides de formas anormais, os quais aparecem no ejaculado entre duas e seis semanas após o início do estresse causado pelo calor. Além disso, o estresse pelo calor aumenta os níveis de proteínas no ejaculado, as quais, semelhantes à albumina básica, estão associadas com a queda da sobrevivência dos espermatozoides no sêmen conservado por refrigeração ou congelamento. Isso significa que a capacidade de conservação de sêmen congelado ou refrigerado diminui. Ciereeszko e colaboradores, em 2000, identificaram mudanças dramáticas na atividade da acrosina, entre julho - outubro, relacionadas às altas temperaturas ambiental. O intervalo de tempo entre o início do estresse térmico e o surgimento das alterações espermáticas indica que as temperaturas elevadas


Reprodução

Tabela I: Índice de Calor ou relação entre a temperatura e a umidade do ar atuam de modo negativo sobre a espermiogênese (período IV da espermatogênese) e não sobre as fases iniciais da mesma. Os processos que ocorrem durante o trânsito dos espermatozoides por meio do epidídimo também são afetados durante o tempo de duração das altas temperaturas. No entanto, Trudeau e Sandford, em 1986, observaram que os declínios sazonais na qualidade do sêmen, em alguns casos, ocorriam mesmo antes dos aumentos da temperatura ambiente. Por isso, pensou-se inicialmente que poderiam estar relacionados com alterações endócrinas induzidas pelo foto período. Em condições extremas observou-se que o efeito negativo das temperaturas elevadas agrava-se na medida O chamado Índice de Calor (IC) é a relação em que se associa a longos períodos de luz, o que da temperatura com a umidade, uma vez que a senleva a uma destruição seletiva das células germisação térmica é maior quando se combinam altas nais, além da maturação espermática no epidíditemperaturas com, também alta umidade relativa mo. do ar (comparativamente à combinação com a umiLarsson e colaboradores, em 1984, obserdade relativa mais baixa). Portanto, deve ser o objevaram uma forte queda na motilidade entre 3 e tivo de toda central de inseminação artificial man4 semanas após o estresse térmico, além de um ter os cachaços em um IC menor ou igual a 29°C. A tabela I mostra o IC para diferentes temperaturas e incremento na contagem das gotas citoplasmátiumidades, na qual a área sombreada indica a comcas proximais e dos espermatozoides com cabeças binação de temperatura e umidade, com um IC inanormais. Mas não foi encontrada nenhuma perda ferior a 29°C. do volume nem da concentração espermática. Por outro lado, cada cachaço requer um fluCachaços jovens, com menos de um ano de xo de ar, com ventilação forçada, de pelo menos idade, suportam melhor o estresse calórico. Essa 100 m3/hora até 500 m3/hora (máximo), com uma resistência diminui, paulatinamente, à medida que velocidade de 0,2 a 0,7 metros/segundo(m/s) de avança a idade. ar, no nível dos animais. Figura 1

Cachaços jovens suportam melhor o estresse calórico Em linhas gerais, com relação à temperatura e no hemisfério norte, o suíno segue o seguinte ciclo produtivo e reprodutivo (Figura 1). Quanto à umidade, o grau higrométrico tem uma influência direta sobre a eficácia reprodutiva do cachaço, sendo recomendada uma umidade relativa do ar em torno de 60% a 75%. A falta de umidade aumenta as alterações espermáticas devidas às altas temperaturas.

*adaptado de Armando Fuentes, 1989 nº 55/2015 | Suínos&Cia

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Tabela II: Valor Cata ou relação entre a velocidade do ar e a temperatura

A temperatura também está relacionada com a velocidade do ar na altura dos animais, de modo que as temperaturas podem deixar de ser corretas em função de uma velocidade de ar inadequada. Esta relação corresponde ao chamado Valor Cata (Boxtel, janeiro de 1991). Na tabela II está descrito um quadro de leitura do referido valor, na qual cabe salientar que o Valor Cata ótimo ou de conforto para o cachaço é igual a 29 (se considerarmos uma temperatura de 22°C e uma velocidade do ar de 0,3 m/s). Ele também pode ser obtido a uma temperatura inferior se reduzirmos a velocidade do ar ou ao contrário a uma temperatura mais elevada, caso a velocidade de ar seja superior.

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Efeito do calor na produtividade do Centro de Inseminação Artificial (CIA) Todos estes efeitos anteriormente comentados são bem conhecidos nas Centrais de Inseminação Artificial (CIA) já que repercutem sensivelmente sobre o número e a qualidade das doses de sêmen produzidas. Os programas atuais de gestão das CIA permitem monitorar, de modo quase perfeito, todos os parâmetros seminais. E esse fato nos leva a observar uma piora evidente de resultados, em todas as raças e linhagens genéticas, ao se iniciarem os meses de verão. Um dos parâmetros que diante das situações de incremento da temperatura revela-se mais Suínos&Cia | nº 55/2015

rapidamente afetado é o número de ejaculados, os quais pela avaliação rotineira da qualidade são reprovados em maior número por não atingirem o nível mínimo exigido. O gráfico I mostra claramente que a CI monitorada, apesar do ambiente controlado, sofreu um declínio generalizado na qualidade do sêmen produzido durante o verão de 2003. Nesse ano, todo a Espanha sofreu uma “onda de calor” generalizada que levou as temperaturas a aumentarem significativamente, de 4°C a 6°C por região. Esta perda de qualidade do sêmen refletiu no aumento do número de ejaculados rejeitados por não atingirem o nível mínimo, a fim de produzir doses de qualidade. Assim, vemos que o percentual de ejaculados rejeitados aumenta a partir de junho, passando de 2% a 4% de todos os ejaculados coletados para um pico de 11% em agosto, mês em que começa a diminuir até atingir, nos meses seguintes, números que variam entre 3% e 5%. Já no gráfico II observa-se que o aumento de ejaculados rejeitados é uma consequência direta tanto do aumento de formas anormais (sem considerar o número de gotas plasmáticas distais) quanto da diminuição no número de espermatozoides com acrossomas normais. Observa-se também uma nítida piora de ambos os parâmetros a partir de junho até quase setembro. No caso do percentual de formas anormais, durante os três meses de verão, chegou-se a ultrapassar o nível de intervenção (15%). Quanto aos acrossomas normais, em agosto eles chegaram próximos do nível


Reprodução

Gráfico I: % de ejaculados descartados ao longo do ano

Gráfico II: Percentual médio mensal de formas anormais e acrossomas normais ao longo do ano

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Gráfico III: Evolução da concentração média por linha genética ao longo do ano

nº 55/2015 | Suínos&Cia


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Resfriadores: entrada de ar pelo telhado

de intervenção, ao baixar em quase 78% o número de espermatozoides com essa característica. O estudo mostrado no gráfico III refere-se à evolução da concentração total de espermatozoides nas diferentes raças, demonstrando a ocorrência de um declínio geral em todas elas de agosto a setembro (em algumas, desde julho). Nota-se que este parâmetro é fortemente influenciado pela idade média dos cachaços de cada linha genética, havendo uma queda dramática na referida concentração quando o plantel é jovem, particularmente se o número de cachaços da linhagem em questão não é muito numeroso. Este parâmetro é crucial para que a CIA possa manter sua produtividade otimizada (doses produzidas por ejaculado) durante todo o ano, daí a importância de se manter os machos nas melhores condições ambientais possíveis.

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Recomendações práticas de manejo do cachaço ante situações de estresse térmico Para tentar aliviar, minimizar ou evitar os distúrbios e problemas discutidos anteriormente,

Resfriadores: difusor de ar frio no interior da instalação

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podemos lançar mão das seguintes práticas de manejo: - Climatizar as baias dos cachaços: a climatização pode ser feita por meio de sistemas evaporativos (parede úmida) ou sobre-pressão (resfriadores), desde que se assegure sempre uma corrente de ar dispersa e a uma velocidade não superior a0,7 m/s.Se necessário, usar durante o inverno algum tipo de aquecimento: aquecedor, tubos radiantes ou unitermos, alimentados com água quente e colocados no teto da instalação. O uso de ar condicionado é recomendado em climas úmidos e com temperaturas elevadas, uma vez que a sua eficácia em reduzir a temperatura é superior à dos sistemas evaporativos (mais recomendados para períodos quentes, em clima seco). Atualmente, muitos dos sistemas recomendados propõem que tanto a entrada de ar (resfriadores) quanto a extração dele sejam efetuadas pelo teto da instalação. - Suplementar com água: o aumento no fornecimento de água de bebida, fresca e limpa, pode ajudar na eliminação do calor pela via respiratória. - Manejar melhor os comedouros: para que um animal que tenha dificuldades para comer, em virtude do calor, coma com o apetite máximo, devemos manter o comedouro em boas condições. Antes de cada trato, o comedouro tem de estar limpo para que o animal não o rejeite. - Mudar o horário dos tratos: não é fácil de ser implementada nas grandes CI, uma vez que estas variações geram situações de estresse durante alguns dias. Porém, esta possibilidade existe e é preciso alimentar os machos nas horas mais frescas do dia. - Aumentar o número de tratos diários: esta medida, além das anteriores, nos ajudará a fazer com que o macho ingira a ração com maior apetite e facilidade, o que levará a uma diminuição da presença de animais anoréxicos por causa do calor. - Fazer adaptação da dieta: dietas ricas em fibra aumentam a produção de calor durante a digestão, por isso, durante os períodos de calor, é aconselhável concentrar a dieta. A adição à dieta de certas quantidades de gorduras, tais como óleos vegetais, aumenta a densidade da alimentação e ajuda a manter a ingestão de calorias necessárias durante estes períodos, embora o macho coma menos. - Complementar a dieta do animal: com suplementos alimentares específicos para cachaços de inseminação artificial que incorporem os oligoelementos fundamentais (Se, Cu, Mn, Zn) para o correto desenvolvimento e maturação espermática; nucleotídeos livres e nucleosídeos que estimulem a multiplicação celular; e extratos de leveduras funcionais que aumentem a palatabilidade da dieta, facilitando a digestibilidade, melhorando a ação e o equilíbrio da flora bacteriana do aparelho digestivo por sua ação aglutinante sobre as bactérias



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Resfriadores: painéis de refrigeração laterais em uma CI patogênicas e levando a uma melhor absorção dos nutrientes ingeridos com a ração. Estes suplementos nutricionais devem começar a ser fornecidos, se possível, de 3 a 4 semanas antes do início da mudança climática em função do verão e da primavera. Muitos CIA incorporam estes suplementos na dieta ao longo do ano, como um recurso para evitar os efeitos de qualquer tipo de estresse. Embora possam ser adicionados à dieta de forma contínua, o seu efeito é mais evidente quando aplicados de forma descontínua, sendo um procedimento bastante comum o seu fornecimento durante uma semana por mês. Em situações de estresse mais graves e contínuas, sejam de quaisquer tipos, particularmente no caso do estresse térmico ao qual estão sujeitos os machos em CIA dos países do sudeste asiático, onde altas temperaturas e umidades são registradas ao longo de todo o ano, recomenda-se o uso contínuo durante todas as semanas do ano. Estes suplementos também têm um efeito positivo sobre a libido do animal, sendo recomendados para uso nos rufiões utilizados para a detecção de cio e estimulação das fêmeas. - Reduzir o ritmo das coletas: tentar manter o intervalo de cinco dias entre duas coletas, uma vez que ritmos inferiores mantidos por muito tempo diminuem a capacidade de fertilização dos ejaculados, principalmente pela falta de maturação dos espermatozoides, situação agravada ainda pelo calor. Nesse ritmo dos cinco dias é possível fazer três extrações em duas semanas, embora no caso de situações de forte estresse térmicos e já conveniente fazer uma única coleta por semana. - Manter um controle adequado do plantel de machos: tanto o número de animais como as suas idades, para que antes da chegada dos meses de verão tenhamos um número adequado de animais, o que permitirá garantir o número de doses a ser produzido diariamente. Quanto à estrutura etária da CI, o ideal para lidar com essas situações seria ter cerca de 20% de machos jovens − com menos de 12 meses de idade − outros 20%, no má-

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ximo, de machos com mais de 30 meses de idade,e o restante − cerca de 60% dos machos −entre 12 e 30 meses de idade. - Planejar a renovação de machos com antecipação suficiente: para evitar o transporte e a entrada de machos novos na CI durante os períodos de calor mais intenso. - Se os animais são alojados em locais com piso de grade, manter o nível dos fossos de dejetos o mais baixo possível: assim, o nível de gás é reduzido no interior da instalação. As concentrações admissíveis de gases em uma CI são 0,35 ppm para o CO2 e 0,001ppm e 0,002 ppm para amônia e gás sulfídrico, respectivamente. - Proporcionar ao cachaço as melhores condições possíveis de bem-estar e conforto: isso é importante durante todo o ano, porém, particularmente, durante os períodos de altas temperaturas. Bibliografia 1. BERTACCHINI, F.; FRISENNA, M.; SEMERARO, D.; MELLI, F. The role of high temperatures on boar semenproduction: results of a 3 yearssurvey. IPVS Congress, 18. Proccedings... Hamburgo. 2004. 2. CIERESZKO, A.; OTTOBRE, J. S.; GLOGOWSKY, J. Effects of seasonandbreed on spermacrosinactivityandsemenquality of boars.AnimReprScie. v.1. n. 64 (1-2). p. 89-96. 2000. 3. CORCUERA, D. Relationship of environmenttemperatureandboarfacilitieswith seminal quality.LivesProdScie. v. 74. pp. 55-62. 2002. 4. LEVIS, D. G.; REICKS, D. L. BoarHousingconsiderations.MidwestBoar Stud Managers Conference. 9.Proceedings... 2003. 5. FLOWERS, W. Management of theboarused for AI. Intl. SwineRepr. & Art.Insem. Proceedings... Mexico. 1998. 6. FUENTES, A. Resultados experimentalesenel manejo reproductivodelverraco. 2001. 7. HIGUERA, M.A.; HERNÁNDEZ-GIL, R.; CONDE, P.; DE ALBA, C.; GARCÍA, J.A. Congreso Nacional de Porcinocultura& Expo Porcina. 3. Proceedings... 2003. 8. KIRKWOOD, R. Techniquesto fine-tune reproduction.London SwineConference. 3. Proceedings... 2003. 9. LARSSON, K.; MALMGREN, L.; EINARSSON, S. Semenqualityandfertilityafterheat stress in boars. Acta VeterScand. v. 25. n. 3. p. 425-435. 1984. 10. PALLÁS, R.; DE ALBA, C. Condiciones ambientales e instalaciones: influencia sobre lasaluddelverraco y lacalidad seminal. AvancTecnPorc. v. 3. n. 9. p. 64-75. 2006.


Bem-estar Animal

Bem-estar de suínos na fase de creche Prof. Dr. Paulo Francisco Domingues Médico-veterinário Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - UNESP - Botucatu- SP

Estresse

O

estresse foi definido como o estado do organismo após a ação de agentes de diferentes naturezas, respondendo por meio de várias formas com reações não específicas de adaptação (26), capazes de provocar uma perturbação da homeostase do organismo (3). O estresse é descrito em três fases, sendo a primeira a de alerta, que acontece quando há estímulos dos agentes estressores e o preparo para fuga ou luta, terminando com o retorno normal da homeostase, não sendo indicado que este estado seja muito duradouro. A segunda é a fase de resistência, na qual são observadas consequências mentais, emocionais e físicas devido às tentativas de reestabelecimento do equilíbrio interno frente ao agente estressor, tornando o indivíduo mais susceptível a doenças. Nesta fase, o individuo precisa criar mecanismos de controle para sair dessa fase, e caso isso não ocorra, o estresse pode alcançar sua fase critica. A terceira e ultima fase descrita é a de exaustão, quando são observados isolamento social, alterações de sono e humor, aumento de glicose e colesterol circulante, problemas reprodutivos, entre outros (25).O estresse prolongado prejudica o metabolismo e o crescimento corporal, ocasionando depressão da atividade da glândula tireoide e da função reprodutiva, influenciando nos aspectos cognitivos de aprendizagem e emocionais (6). Diferentes fatores estressantes geram transtornos reprodutivos, comportamentais, alterações fisiológicas e quedas reprodutivas. Em suínos, a restrição alimentar para porcas no final da gestação, para que não haja sobrepeso ao final deste ciclo, e muito adotada nas granjas comerciais, causa alterações comportamentais importantes, acarretando inquietude, mordedura de barras de ferro, aerofagia e agitação nas baias entre comportamentos estereotipados e agonísticos (7). O suíno possui alta capacidade de aprendizado, curiosidade e amplo aspecto comporta-

Gisele Dela Ricci Zootecnista Doutoranda na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP) - Pirassununga- SP giseledelaricci@usp.br

mental (17; 24). Por meio da evolução, os suínos aprendem ou herdam adaptações ao ambiente, frustrando-se caso as suas expectativas não sejam alcançadas (18). 52% dos suínos em ambientes seminaturais permanecem diariamente fuçando ou pastando, e outros 23% investigando o ambiente (16). As condições de vida, durante o confinamento dos animais, têm influência sobre o bemestar. Caso a qualidade da criação seja pobre, devido a instalações ou técnicas inadequadas de manejo, as consequências para os animais têm sido consideradas piores do que um evento doloroso de curta duração (3). No momento de se avaliar a qualidade de vida dos animais, é necessário considerar as variações existentes de individuo para individuo, frente às dificuldades de adaptação sobre eles (2). Buscando minimizar o estresse dos animais em confinamento, tem-se notado a importância do mecanismo de enriquecer o ambiente a partir de modificações dos cativeiros, melhorando a qualidade de vida, uma vez que atendem às necessidades comportamentais destes animais (1) por meio da inserção de objetos e estímulos que instigam comportamentos naturais da espécie, reduzindo o estresse e tornando o ambiente complexo e atrativo (27). Entre os benefícios descritos do enriquecimento ambiental estão a diminuição do estresse, dos distúrbios comportamentais, de intervenções clínicas e da mortalidade e o aumento de taxas reprodutivas (5).

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Fase de creche de suínos A fase de creche perdura, aproximadamente, dos 21 aos 63 dias de idade do leitão, tornando-se um período importante da criação, devido à adaptação após o desmame (14). O desmame antecipado pode originar dois diferentes tipos de estresse entre os leitões: o psicológico e o fisiológico. O psicológico acontece em razão das práticas relacionadas com o desmame e nº 55/2015 | Suínos&Cia


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pela exposição ao ambiente desconhecido. O fisiológico ocorre devido à fome, injúrias causadas por disputas ou agressões e pelo desafio imunológico provocado pelas mudanças ambientais (15). Leitões submetidos ao confinamento tornam-se estressados na fase de desmame, devido a fatores como mudança do ambiente físico, ausência da mãe, alterações nutricionais, mistura de leitegadas na creche e consequente falta de adaptação dos animais ao novo ambiente (14).

rie de movimentos que se repete invariavelmente, sem um objetivo óbvio (12) (figura 2). A agressividade também está relacionada ao desmame, provavelmente por meio de alterações cognitivas e estresse psicológico (30).

A mistura de leitões de diferentes leitegadas durante e após o desmame representa grande risco para o bem-estar animal devido ao estresse que é gerado, pois este manejo leva a um aumento das agressões e a um maior risco de enfermidades devido à imposição da hierarquia social pelos leitões da baia. É determinante de lesões (figura 1), causadoras de dor e estresse aos animais (21; 10). A mistura de leitegadas aumenta a taxa de patógenos entre leitões e favorece a suscetibilidade às infecções em um momento em que a imunidade passiva é baixa, paralelo ao momento em que também ocorrem trocas drásticas de alimentação (10). Leitões socializados antes do desmame disputam por menos tempo e estabelecem essa hierarquia em menor tempo (8). Figura 2. Leitão apresentando comportamento estereotipado

18

Figura 1. Leitão com lesão após mistura de lotes Problemas de bem-estar animal estão ligados ao período de desmame, que são caracterizados por comportamentos atípicos, incidência de doenças, aumento da mortalidade e comprometimento do crescimento. Estes problemas são mais graves quanto mais jovens os leitões são desmamados, pois à medida que aumenta a idade e o peso dos leitões ao desmame, eles se tornam menos dependentes, em especial para se alimentarem voluntariamente (22). A apresentação de comportamentos viciosos indica bem-estar pobre, proporcionado pelo sistema (23). Entre os principais comportamentos observados em suínos confinados, em diferentes fases da produção, estão a estereotipia e a agressividade. A estereotipia foi definida como uma séSuínos&Cia | nº 55/2015

Diante de situações estressantes como desmame, fome e dor durante as práticas realizadas com os leitões ou mesmo oriundas do sistema de produção, os suínos podem apresentar vocalizações de alta frequência (12; 20; 19).Analisando a vocalização dos leitões, foi definido que leitões desmamados mais velhos vocalizam menos que mais jovens. A alta taxa de vocalização em leitões jovens reflete a maior dificuldade de adaptação ao desmame (29). O estudo do comportamento animal apresenta-se como um método determinante para demonstrar a adequação dos sistemas de criação. Neste sentido, testes são utilizados para analisar as práticas de manejo e a qualidade da relação homem-animal sobre a produção (28). Em relação ao estresse nutricional, os leitões estão habituados ao leite materno, e após o desmame passam a se alimentar com ração solida. O consumo de ração pelo leitão deve ser estimulado na maternidade, no entanto (4) sugeriu que a maior parte dos leitões será desmamada sem ter ingerido ração, uma vez que, teoricamente, as estratégias alimentares variam por individuo. O incentivo ao consumo de alimento sólido, desde o período da lactação e especialmente nos primeiros dias após o desmame, é destaque entre os tem as relevantes da suinocultura, uma vez que


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o baixo consumo de ração e a perda de peso nos primeiros dias após o desmame são desafios importantes para o bem-estar dos animais e a produtividade (economia) das criações. Alternativas viáveis para o incentivo à alimentação podem ser realizadas por meio da sociabilidade com a porca, ração oferecida no chão em baias de confinamentos ou em sistemas ao ar livre em que os leitões são estimulados a forragear com a mãe. A utilização de dietas balanceadas de alta palatabilidade e digestibilidade é um atrativos para os leitões, ou o uso de dietas úmidas nos comedouros (10). A adequação das instalações à fase dos leitões apresenta importância significativa para o comportamento e fisiologia dos animais, além de representação econômica da produção. Na fase de creche, é importante que os leitões tenham condições adequadas de temperatura e renovação do ar de acordo com as suas exigências, além do agrupamento correto dos leitões com espaço adequado. O leitão desmamado precocemente precisa de ambiente protegido, além de que o excessivo número de animais dentro de salas pequenas causa alta concentração de odores e gases nocivos aos animais. Portanto, a indicação é que sejam construídas baias de 4 a 5 leitegadas, respeitando a uniformidade de pesos, e que as salas possuam sistema de ventilação natural ou outro sistema de renovação de ar, podendo ser abertas, com cortinas ou que possuam janelas de acordo com as normas de construção(11).O número de comedouro por leitão é importante visando à adequação do consumo pelos leitões e o não desperdício de ração (figura 3).

Referências Bibliográficas 1. BOERE, V. Behavior and environmental enrichment. In: FOWLER, M.E; CUBAS, Z.S. Biology, Medicine and Surgery of South American Wild Animals. Iowa: Iowa State Press University, 2001. cap. 25. p. 263-267. 2. BROOM, D.M. Applications of neurobiological studies to farm animal welfare. Current Topics in Veterinary Medicine and Animal Science, Dordrecht, v.2, p.101-110, 1987. 3. BROOM, D.M. A usable definition of animal welfare. Journal of Agriculture and Environmental Ethics, Guelph, v.6, p.15-25, 1993. 4. CALLESEN, J.; HALAS, D.; THORUP, F.; BACH KNUDSEN, K.E.; KIM, J.C.; MULLAN, B.P.; HAMPSON, D.J.; WILSON, R.H.; PLUSKE, J.R. The effects of weaning age, diet composition, and categorisation of creep feed intake by piglets on diarrhoea and performance after weaning. LivestockScience, v. 108, p. 120–123, 2007. 19

5. CARLSTEAD, K..;SHEPHERDSON, D. Alleviating stress in zoo animals with environmental enrichment. In: MOBERG, G.P.; MENCH, J.A. The Biology of animal stress: basic principles and implications for animal welfare. [S.1.]: CAB International, 2000. Cap. 16, p. 337-354. 6. CHROUSOS, G. P.; GOLD, P. W. The concepts of stress and stress system disorders - Overiew of physical and behavioral homeostasis. The Journal of the American Medical Association, 1992.

Figura 3. Problemas relacionados ao número de leitões por boca comedouro Considerações finais Para que o bem-estar dos leitões seja mantido, são necessárias medidas técnicas que aprimorem as variáveis estressoras do desmame antecipado. Nesta fase, os animais são sensíveis às mudanças, e a prevenção do estresse pode auxiliar tanto a qualidade de vida dos animais quanto a economia da produção.

7. DANIELSEN,V; VESTERGAARD, E.M. Dietary fibre for pregnant sows: effect on performance and behaviour. Animal Feed and Technology, v.90. p.71-80. 2001. 8. D’EATH, R. B. Socializing piglets before weaning improves social hierarchy formation when pigs are mixed post-weaning. Applied Animal Behaviour Science, v. 93, p. 199- 211, 2005. 9. DIRKZWAGER A.; VELDMAN B., BIKKER, P.A nutritional approach for the prevention of Post Weaning Syndrome in piglets – Review article. Animal Res., v.54, p. 231-236, 2005. nº 55/2015 | Suínos&Cia


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10. EFSA. Opinion of the scientific panel on animal heath and welfare on a request from the Comission related to welfare of weaners ans rearing pigs: effects of different space allowances and floor types. The EFSA Jounal, v. 268, p. 1-19, 2005 11. EMBRAPA. Produção de suínos. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/ SPSuinos/construcao.html#creche> Acesso em: 30/07/2015. 12. FRASER, D. The vocalization and other behaviour of growing pigs in an “open field” test. Applied Animal Ethology, Frederiksbreg, v.1, n.1, p.13–16, 1974. 13. FRASER, A.F.; BROOM, D.M. Farm animal behaviour and welfare. 3. ed. Local: Ballière Tindall Reino Unido, p. 437, 1990. 14. FRASER, D.; MILLIGAN, B.N.; PAJOR, E.A.; PHILLIPS, P.A.; TAYLOR, A.A.; WEARY, D.M. Behavioural perspectives on weaning in domestic pigs. Progress in Pig Science. Notthingham Univ. Press, Nottingham, p. 121–140, 1998.

20

15. GRANDIN, T. Assessment of stress during handling and transport. Journal of Animal Science, v. 75, n. 2, p. 249-257, 1997. 16. GRANDIN, T.; JOHNSON, C. Bem-estar dos animais. São Paulo: Rocco, 2009. 336p. 17. KILGOUR, R. & DALTON, S. Livestock Behaviour. London, Grana, 1984. 18. LEWIS, N. J.Frustration of goal-directed behaviour in swine. Applied Animal Behaviour Science, v. 64, p. 19-29, 1999. 19. MANTEUFFEL, G.; PUPPE, B.; SCHÖN, P.C. Vocalization of farm animals as a measure of welfare. Applied Animal Behaviour Science, London, v.88, n.1-2, p.163-182, 2004. 20. MARCHANT-FORDE, J. N.; BRADSHAW, H. R.; MARCHANT-FORDE, M. R.; BROOM, D. M. A note on the effect of gestation housing environment on approach test measures in gilts. Applied Animal Behaviour Science, London,v.80, n.4, p.28-296, 2003. Suínos&Cia | nº 55/2015

21. PITTS, A., WEARY, D., PAJOR, E. & FRASER, D. Mixing at young ages reduces fighting in unacquainted domestic pigs. Applied Animal Behaviour Science,.v 68. n. p 191-197. 2000. 22. SCIENTIFIC VETERINARY COMMITTEESVC. The welfare of intensively kept pigs, 1997. Disponível em: <http://ec.europa. eu//food/fs/sc/oldcomm4/out17_ en.pdf>. Acesso em 31/07/2015. 23. SNOWDON, C.T. O significado da pesquisa em comportamento animal. Estudos de Psicologia, v.4, n.2, p.365-373, 1999. 24. SOBESTIANSKY, J.; MARTINS, M. I. S.; BARCELLOS, D. E. S. H. DE; SOBRAL, V. B. G. M. Formas anormais de comportamento dos suínos. Possíveis causas e alternativas de controle. Concórdia: EMBRAPA – CNPSA (EMBRAPA- CNPSA. Circular Técnica, 14). 29p, 1991. 25. SELYE, H. Studies on Adaptation. Endocrinology, v.21, p. 169-188. 1937. 26. SELYE, Hans. Stress, a tensão da vida. Edição original publicada por McGraw – Hill Book Company, Inc. 1956. 27. SHEPHERDSON, D.J. Tracing the path of environmental enrichment in zoos. In SHEPHERDSON, D.J.; MELLEN, J.D.; HUTCHINS, M. Second Nature: environmental enrichment for captive animals. Washington D.C.: Smithsonian Institution Press, 1998. cap. 1, p.1-12. 28. WAIBLINGER, S. et al. Assessing the human–animal relationship in farmed species: A critical review. Applied Animal Behaviour Science, v.101, p. 185242, 2006. 29. WEARY, D.M.; FRASER, D. Vocal response of piglet to weaning: effect of piglet age. 477.Applied Animal Behaviour Science. 54, p.153-160, 1997. 30. YUAN Y.; JANSEN, J.; CHARLES, D.; ZANELLA, A.J. The influence of weaning age on post-mixing agonistic interactions in growing pigs. Applied Animal Behaviour Science, v. 88, n. p. 39-46, 2004.


Sanidade

Problemas locomotores em animais em crescimento: causas e consequências Kramer, T.* 1, 2;Donin, D.G.3;Alberton, G.C.1 1 Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Palotina, Palotina, PR, Brasil; 2 Zinpro Animal Nutrition, Piracicaba, SP, Brasil;3 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Palotina, Palotina, PR, Brasil * Autor para correspondência: tkramer@zinpro.com

Introdução

A

claudicação e a saúde do aparelho locomotor dos suínos em crescimento são temas que têm recebido mais atenção do setor nos últimos tempos. Isto se deve ao seu impacto no desempenho produtivo e econômico da produção, assim como pela relação com o bemestar animal e a repercussão em relação à opinião pública. No entanto, poucos são os trabalhos disponíveis na literatura que tratam do tema. A origem da claudicação e dos problemas locomotores é multifatorial e pode estar relacionada com alterações em outros órgãos ou sistemas (Schwartz, 2015a). Podem ser consequência de processos infecciosos ou metabólicos, assim como ter origem genética, nutricional, no manejo ou ambiente. Acredita-se que as perdas relacionadas com a claudicação, incluindo morte e descarte de animais, representam pelo menos de 1% a 5% da produção (Schwartz e Madson, 2014; Waddell, 2015). O presente trabalho tem como objetivo entender as causas que levam os animais em crescimento à claudicação, bem como suas consequências no desempenho dos animais. Claudicação A claudicação é a manifestação do desconforto ou dor em um membro quando o animal caminha ou mantém-se em pé. É a principal causa de perdas por descarte prematuro de porcas e pela redução do ganho de peso diário em animais em crescimento (Kilbride et al., 2009a). Claudicação em animais nas fases de creche, crescimento e terminação é a terceira principal razão de uso de antibióticos nestas fases (Quinn e Calderón-Díaz, 2013), além de aumentar a probabilidade de descarte ou eutanásia. Levantamentos de prevalência de claudicação em animais em crescimento mostram que de

10% a 40% dos animais apresentaram claudicação (Gillman et al., 2009; Kilbride et al., 2009b; Quinn e Calderón-Díaz 2013; Shepherd e Engle, 2013). As principais causas de claudicação nos animais em crescimento são artrites infecciosas, trauma - incluindo fraturas e lesões nos membros e cascos - e osteocondrose. Outras causas também estão relacionadas nas tabelas 1 e 2, que distribuem as causas relacionadas em idades aproximadas de manifestação. Fatores de risco relacionados com a ocorrência de claudicação nos animais em crescimento incluem o peso elevado dos animais, velocidade no ganho de peso, qualidade do piso e do ripado, presença de umidade, dejetos e lâmina d’água, superlotação e alojamento dos animais em grandes grupos (Ellingson, 2012; Kramer et al., 2015).

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Causas infecciosas Os principais agentes patogênicos associados com claudicação incluem Mycoplasma hyosynoviae, M. hyorhinis, Erysipelothrix rhusiopathiae, Haemophilus parasuis, Streptococcus suis, Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, entre outras bactérias associadas com septicemia (Canning e Karriker, 2015; Schwartz, 2015a). Os processos infecciosos que levam à claudicação normalmente são secundários e estão relacionados a outros tipos de lesão ou processos patológicos primários. É comum que soluções de continuidade na pele, especialmente em leitões lactentes e na fase de creche, resultem no desenvolvimento de artrites (figuras 1, 2 e 3). Em leitões lactentes, a exposição da polpa dentária pelo corte ou desgaste profundo do dente é importante porta de entrada para bactérias que podem se instalar nas articulações. A redução dos fatores de risco relacionados com o desenvolvimento de lesões de casco e nos membros certamente diminuirá a ocorrência de artrites e claudicação de origem infecciosa. nº 55/2015 | Suínos&Cia


Sanidade

Agentes virais também estão relacionados com a ocorrência de claudicação em suínos. Doenças vesiculares, como a febre aftosa, estomatite vesicular, doença vesicular dos suínos e exantema vesicular suíno, apesar de erradicadas ou controladas, são exemplos. Um novo vírus, denominado Seneca Valley

Vírus (Senecavírus), foi identificado em granjas brasileiras e relacionado com claudicação, lesões de casco, desenvolvimento de vesículas e mortalidade de animais (ALFIERI, 2015). O Senecavírus foi originalmente isolado como contaminante de cultivos celulares, mas também isolado em animais saudáveis nos Estados Unidos (Hales et al., 2008; Venkataraman et al., 2008). Foi também Tabela 1. Causas de claudicação nos suínos em fase de associado com casos de doença crescimento vesicular idiopática na Nova Zelândia, Austrália, Canadá e EstaFebre aftosa dos Unidos (Amass et al., 2004; Doença vesicular dos suínos Singh et al., 2012; Alfieri, 2015). Exantema vesicular Os animais afetados pelo SeneDoenças Estomatite vesicular cavírus apresentaram anorexia, virais letargia e claudicação. Vesículas Infecção por Teschovírus íntegras e rompidas,assim como (paresia) erosões, foram observadas na caInfecção por Senecavírus vidade oral, ao redor das narinas Streptococcus suis e na banda coronária dos cascos, além de úlceras nos membros anHaemophilus parasuis Doenças teriores e posteriores (Singh et al., Mycoplasma hyorhinis infecciosas 2012; Alfieri, 2015).Entre outras Mycoplama hyosynoviae lesões observadas em diferentes Erysipelothrix rhusiopathiae estruturas anatômicas, no que diz respeito aos cascos, as superfícies Doenças Trueperella laterais das bandas coronárias bacterianas (Arcanobacterium) pyogenes das unhas laterais dos membros Brucella suis anteriores apresentaram úlceras Mycobacterium tuberculosis crônicas e profundas, com crostas e descamação da parede disClostridium tetani tal do casco (figura 4). Avaliação Clostridium septicum microscópica da banda coronáStaphilococcus spp ria apresentou infarto epitelial, com acantose e hiperqueratose Raquitismo ortoqueratótica.As lesões foram Osteomalácia Doenças observadas em leitões lactentes, metabólicas Distrofia muscular por porcas em lactação e animais na deficiência de vitamina E e/ fase de crescimento (Amass et al., ou selênio 2004; SINGH et al., 2012). Intoxicação por selênio

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Intoxicação por vitamina D Intoxicações Doenças não-infecciosas

Intoxicação por vitamina A Intoxicação por organofosforados

Osteocondrose Doenças Epifisiólise degenerativas Apofisiólise Fraturas, entorses, luxações Trauma ou lesões físicas

Traumas musculares Bursite adventícia Lesões de casco

Doenças congênitas ou Necrose muscular aguda hereditárias Adaptado de Wendt, 2011 Suínos&Cia | nº 55/2015

Lesões nos cascos e pernas Os cascos fazem a interface entre o animal e o ambiente. Sua integridade é dependente das influências internas, do metabolismo e, ao mesmo tempo, dos impactos mecânicos, químicos e biológicos externos, oriundos do ambiente onde os animais se encontram (Mülling & Greenough, 2006). A capacidade do casco em resistir a estas influências é determinada por aspectos genéticos. A interação entre as estruturas que compõem o casco e o ambiente resulta em uma cascata de even-


Sanidade Tabela 2. Idades aproximadas de manifestação das principais causas de claudicação nos suínos Idade (meses) 1

1,5

2

3

4

5

6

18

30

42

54

Trauma: traumas musculares, entorses, luxações e fraturas Clostridium tetani ou infecções sépticas Doenças vesiculares: febre aftosa, exantema vesicular, doença vesicular dos suínos,estomatite vesicular e senecavírus Infecção por Streptococcus suis Infecção por S. equisimilis

Artrite supurativa crônica por S. suis, S. equisimilis, M. hyorhinis, M. hyosynoviae,

Infecção aguda por Mycoplasma hyorhinis

Haemophilus parasuis, Corynebacterium ou e Staphylococcus

Infecção por H. parasuis Bursite Raquitismo Erisipela aguda

Erisipela crônica

Síndrome do membro posterior assimétrico Pododermatite Necrose muscular aguda Osteocondrose Osteoartrite, doença degenerativa articular Epifisiólise Brucelose Laminite Apofisiólise Osteomalácia

23

Tarsite Artrose deformante Síndrome de fraqueza das pernas Adaptado de Ramirez, 2012; Alberton et al., 2012; Alfieri, 2015 tos fisiopatológicos que resultam, por sua vez, em mudanças adaptativas, alterações ou lesões nos tecidos (Kramer et al., 2015). As lesões de casco normalmente não se desenvolvem nas unhas de forma semelhante (Anil et al., 2007) e são resultados de um somatório de fatores relacionados com genética, manejo, nutrição, instalações e comportamento dos animais (Kroneman et al.., 1993; Gillman et al., 2009; Kramer et al., 2015). Com o avançar da idade, aumentam estas interações e, consequentemente, aumenta a probabilidade do desenvolvimento de lesões. De maneira geral, as lesões de casco têm origem em três causas principais: inflamação, traumatismos e fatores mecânicos relacionados à qualidade do tecido córneo do casco (Ossent, 2010; Kramer et al., 2015). Levantamento realizado na Irlanda (Quinn e Calderón-Díaz, 2013) evidenciou alta prevalência de lesões de casco em leitões lactentes, sendo abrasões de pele, hematomas de sola e erosões as lesões mais comuns (figura 5). Todas as lesões identificadas tiveram forte associação com a pre-

sença de piso ripado metálico nas celas de maternidade (figura 3). É importante ressaltar que estes tipos de lesão são potenciais portas de entrada para infecções e motivos de atenção quanto ao bem-estar dos animais (Quinn e Calderón-Díaz, 2013), passando, muitas vezes, despercebidas nas granjas comerciais. Com relação aos animais mais velhos, o exame de 3.974 suínos abatidos, originários de 17 granjas no Reino Unido mostrou prevalência de 93,8% de lesões de casco (Mouttotou et al., 1999). O tipo e características do piso têm influência direta no desenvolvimento destas lesões nos cascos e pernas dos animais, como detalhado na tabela 3. Considerando estes dados, nenhum tipo de piso mostra-se ideal para suínos criados nos sistemas intensivos convencionais, independentemente da fase de produção (Mouttotou et al., 1999; Gillman et al., 2009; Kilbride et al., 2009b). nº 55/2015 | Suínos&Cia


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1 2

3

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Figura1. Leitão lactente apresentando ulcerações na pele dos membros anteriores (setas brancas longas) e artrite no membro posterior direito (seta branca curta) Figura2. Lesão de casco em leitão lactente, com remoção de parte da cápsula córnea (seta preta curta), proporcionando porta de entrada para infecções que resultaram em artrite (seta preta longa). Figura3. Membro anterior dianteiro de um leitão, durante a amamentação, preso no espaço do ripado metálico, possibilitando o desenvolvimento de lesão de casco. Outras lesões nos membros normalmente são traumáticas e estão associadas com instalações, manejo e interação social entre os animais. Osteocondrose A osteocondrose é uma doença degenerativa e não infecciosa da cartilagem articular epifiseal e da placa de crescimento, com alterações no osso subcondral, decorrente de falha no processo de ossificação endocondral (Ytrehus et al., 2004; Ytrehus et al., 2007). É reconhecida como a principal cauSuínos&Cia | nº 55/2015

sa de claudicação de origem articular ou estrutural em suínos de rápido crescimento (Schwartz, 2015b), assim como a principal causa de artrite em suínos abatidos (Alberton et al., 2000; Althaus et al., 2005). Suas lesões caracterizam-se pelo espessamento da cartilagem articular, alterações na superfície da cartilagem, fissuras entre a cartilagem e o osso subcondral, formação de abas na cartilagem e necrose do osso subcondral. Elas ocorrem principalmente no complexo articular-epifisário do úmero (côndilo e cabeça) e do fêmur distal (espe-


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cialmente o côndilo femoral medial), além de outras estruturas anatômicas, indicadas na figura 6 (CARLSON, 2010). Fatores genéticos, velocidade de crescimento, percentual de carne magra e estresse mecânico estão entre os fatores de risco associados ao desenvolvimento da osteocondrose (Ytrehus et al., 2004; Busch e Wachmann, 2011). O risco de lesões de osteocondrose, especialmente no côndilo umeral, aumenta com a maior taxa de ganho de peso, tanto na fase de creche como na fase de crescimento, e maior percentual de carne magra. Evidencia-se uma “janela de susceptibilidade” nestas fases, especialmente entre os 56 e 84 dias de idade (Grevenhof et al., 2012). Para cada 100 g de ganho de peso diário adicional observou-se um aumento de 20% no risco de desenvolvimento de lesões de osteocondrose (Busch e Wachmann, 2011). Além disso, animais castrados apresentaram maiores escores de osteocondrose (Ytrehus et al, 2004). Consequências da claudicação A claudicação está intimamente ligada com dor e sofrimento do animal. Como consequência, há redução de mobilidade por parte do animal, resultando na falta de capacidade para disputas e prejuízo no consumo de água e alimento e na interação social. Decorrente disso, independentemente da fase de produção, a claudicação leva a um aumento no custo de produção, seja por perdas no desempenho zootécnico,pelo aumento no uso de medicamentos ou pela maior demanda de mão de obra. Assim, o custo atribuído à claudicação em animais em crescimento representa a soma do aumento de trabalho para identificar e tratar os animais, o custo dos medicamentos utilizados no tratamento e a perda no desempenho dos animais. No entanto, desmotivação da equipe em decorrência do problema e questões de bem-estar são difíceis de quantificar, mas devem ser considerados nos custos (Ellingson, 2012). A média de tratamentos diários para claudicação durante o período de terminação é de aproximadamente 5,4/1.000 suínos, equivalente a 30-90 minutos de trabalho diário adicional por 1.000 animais (Nielsen et al., 2001; ELLINGSON, 2012).

Figura 4. Lesão na banda coronária, possivelmente relacionada com o Senecavírus 25

Aproximadamente 10% dos leitões são tratados para claudicação durante as primeiras três semanas de vida. Estes leitões são aproximadamente 1 kg mais leves do que os leitões que não apresentam claudicação às 9 semanas de idade. Além disso, a probabilidade de novo tratamento para claudicação durante a fase de terminação é 2,5 vezes maior para os animais que foram trata-

Figura 5. Prevalência de lesões nas pernas e cascos de leitões lactentes (Quinn e Calderón-Díaz, 2013)

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Sanidade Tabela 3. Relação entre características do piso e lesões nos cascos e pernas Tipo de piso

Características do piso

Lesões nos cascos

Duro

- Hematomas de sola em leitões - Formação de abas e crescimento da almofada plantar de leitões mais velhos

Bordas irregulares das barras do ripado

- Lesões na banda coronária dos cascos - Lesões na linha branca e separação na junção entre almofada plantar e sola

Piso ripado

Duro Piso de concreto compacto, sem cobertura

Piso compacto, com cobertura

Áspero Liso

Lesões nas pernas Bursite e edema no jarrete de animais mais velhos

Hematomas de sola em leitões

Bursite e edema no jarrete de animais mais velhos

Erosão de sola em leitões

- Abrasões de pele em leitões - Calos em animais mais velhos

Crescimento excessivo das unhas em animais mais velhos

Lesões musculares ou articulares e fraturas

Úmido

Lesões na linha branca

Macio

- Crescimento excessivo das unhas em animais mais velhos - Rachaduras verticais da parede do casco

Úmido

Erosão das unhas em animais mais velhos

Fonte: Mouttotou et al., 1999; Gillman et al., 2009; Kilbride et al., 2009b; Kramer et al., 2015 dos quando lactentes, evidenciando o potencial de recorrência da claudicação ao longo da vida do animal (Zoric et al, 2003; Ehlorsson e Wallgren, 2012). Há poucos trabalhos disponíveis na literatura demonstrando os efeitos da claudicação no desempenho dos animais, especialmente com relação a perdas no ganho de peso diário e na conversão alimentar. Isto possivelmente se dá porque as perdas produtivas em decorrência da claudicação são subestimadas, uma vez que não são suficientes para sensibilizar o produtor. No entanto, estes animais com baixo desempenho necessitam de mais

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tempo para serem levados ao abate, são motivos de preocupação quanto ao bem-estar e resultam em descarte ou mortalidade, que pode alcançar de 1% a 5% do total do plantel (Schwartz e Madson, 2014; Waddell, 2015). Um levantamento realizado com oito especialistas (Jensen et al., 2012) considerou as perdas no desempenho de animais terminados, de acordo com as causas de claudicação. A tabela 4 considera estes dados, confrontando-os com a prevalência descrita em outros trabalhos para cada causa. Nesta condição, fica claro que osteocondrose e lesões de casco são as causas de maior impacto na perda de produção de animais terminados.

Figura 6. Principais articulações e estruturas anatômicas onde ocorrem as lesões de osteocondrose (Carlson, 2011). Imagem gentilmente cedida por Zinpro Corporation Suínos&Cia | nº 55/2015


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Conclusão A claudicação em animais em crescimento é um grande desafio para produtores e veterinários. Este desafio está relacionado com a dificuldade do rápido e correto diagnóstico, da grande relação de causas potenciais e do tempo e custo associados ao tratamento, bem como dos impactos negativos da claudicação no desempenho dos animais e seu impacto no bem-estar. Programas efetivos de prevenção e tratamento da claudicação implicam em entender corretamente as causas e agir de forma apropriada,

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evitando-se subestimar o impacto deste desafio. Genética, nutrição, manejo e instalações devem ser considerados. Osteocondrose e lesões nos cascos merecem maior atenção por parte de produtores e técnicos quanto à claudicação, uma vez que são as causas de maior impacto nas perdas produtivas. A redução da prevalência de claudicação nos plantéis, além de reduzir as perdas produtivas, resultará no menor uso de antibióticos na produção e na melhora no desempenho do sistema produtivo.

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Manejo de Porcas em Grupo (III) Orientações sobre Projetos Carlos Piñeiro - Médico-veterinário - Consultor Diretor PigCHAMP Pro Europa SL pigchamp@pigchamp-pro.com

A

pós os artigos 1 e 2, uma vez conhecidas as regras sobre bem-estar animal e decidido qual sistema de alimentação será usado na granja, é muito importante saber como devem ser os projetos das instalações, os tipos de piso a serem utilizados, assim como quando e de que modo realizar a formação dos grupos para ter o mínimo de problemas no momento de agrupar as porcas que ficarão soltas. ORIENTAÇÕES SOBRE O PROJETO DAS INSTALAÇÕES Fazer uma clara delimitação das áreas Porcas alojados em baias coletivas necessitam de três áreas distintas: uma para descanso, uma para depositar suas fezes (área de piso ripado) e uma para alimentação. As instalações podem ser projetadas com duas ou três áreas distintas: Baias de 3 áreas: Há uma clara diferenciação entre a área destinada à alimentação e a de descanso, restando entre ambas a área de defecar e ao mesmo tempo área de transito.

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Baias de 2 áreas: A area destinada à alimentação é compartilhada com a de descanso, separadas da zona de trânsito e dejetos. Esta distribuição é mais utilizada nos sistemas de alimentação fornecida no piso.


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Se estas áreas não estão diferenciadas, a tendência é de que surjam problemas relativos ao uso comum (descanso e dejetos) por parte de algumas porcas, como demonstrado na foto abaixo:

Nessa granja, em particular, havia bebedouros do tipo chupeta tanto na zona de alimentação como na área de descanso, o que mantinha a umidade sempre mais elevada. Esse fato, associado à má drenagem do piso, determinava um acúmulo contínuo de fezes e umidade, o qual levava ao amolecimento dos cascos das porcas com consequente ocorrência de problemas de claudicação. O piso das baias deve ser antiderrapante A utilização de pisos antiderrapantes é muito importante para evitar a ocorrência de lesões nas patas e cascos das porcas.

Recomenda-se que as aberturas do piso ripado sejam perpendiculares à movimentação das porcas

As interações sociais no grupo de porcas gestantes normalmente levam a brigas ou agressões. Estas, associadas ao aumento do peso da porca durante a gestação, podem aumentar os problemas de claudicação. Para minimizar os danos causados por essa situação, recomenda-se que o piso seja antiderrapante, o que diminuirá consideravelmente o percentual de perdas de matrizes devido a problemas locomotores.

Se o piso ripado não for antiderrapante, no caso da ocorrência desse tipo de problema nas porcas, se pode riscar o ripado já existente (como aparece na fotografia seguinte), de modo a tentar diminuir a área deslizante e aumentar o grau de contato das porcas com o piso menos escorregadio. 31

É importante que as áreas de abertura do ripado seja perpendicular ao movimento da porca para minimizar o deslizamento.

Se as aberturas da área ripada forem paralelas ao deslocamento das porcas, haverá maior possibilidade de deslizamentos e claudicações nº 55/2015 | Suínos&Cia


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Oferecer superfície de apoio às porcas Porcas em gestação costumam passar a maior parte do tempo descansando em posição de decúbito ventral ou lateral. Elas preferem descansar apoiando a região dorsal em uma parede ou em outra congênere, o que lhes dá segurança. Por isso, a existência de repartições ou barreiras na baia tem um efeito positivo na redução da frequência e da intensidade de agressões. Se esta superfície de apoio estiver disponível para todos os indivíduos na área de descanso, será assegurado o reconhecimento por parte da reprodutora de que essa área é a “área de descanso”.

Exemplo 1: Granja com gestação coletiva de grande extensão e sistema de alimentação eletrônico. Dispõe de espaço separado e protegido da área de trânsito e dejetos. Apesar disso, há reprodutoras que descansam fora do referido espaço, porém seguindo o mesmo padrão: contra algo ou contra alguém.

Exemplo 2: Granja adaptada que mantém a estrutura das gaiolas antigas apenas com a eliminação da porta. Ao encontrar uma superfície rígida de apoio, a reprodutora a considera área de descanso/área de segurança. Novamente o apoio se faz sobre algo. Importante nestes sistemas: a largura do compartimento deve ser igual à largura no sistema tradicional, ou seja, de 60 - 65 cm.

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Considerar a área de trânsito Porcas gestantes passam a maior parte do tempo deitadas, mas é importante projetar áreas de trânsito para evitar problemas como brigas, agressões ou porcas assustadas. O objetivo é manter um fluxo contínuo de animais na baia, evitando obstáculos que possam induzir a brigas, as quais afetam o conforto dos animais. Com relação ao trânsito dos animais, se deve considerar: 1. Evitar a criação de “fundos cegos”, ou seja, locais que não levam a lugar nenhum, ou que possuam uma área de acesso muito estreita, a qual não permita que mais do que uma porca se mova livremente. 2. Projetar entradas e saídas amplas para evitar que obstáculos ou brigas bloqueiem o fluxo das fêmeas. Considera-se que em granjas com áreas separadas para descanso, a entrada deva ter uma largura de 3 metros. Outra opção é que as áreas destinadas ao descanso tenham a frente totalmente aberta.

Área de descanso com entrada de 3 metros Suínos&Cia | nº 55/2015

Área de descanso totalmente aberta


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3. Área de acesso as gaiolas. Os regulamentos não recomendam nenhuma medida de espaço mínimo entre as linhas dos mini boxes, mas é importante que esta área particularmente no momento do fornecimento de ração seja suficiente para que as porcas das gaiolas de ambos os lados possam manobrar e entrar rapidamente, sem se molestarem (2 - 3 m).

No caso de sistemas com mini box e box completo com porta basculante, a distância aproximada recomendável é de 2 metros. No caso de sistemas com gaiolas de livre acesso (GLA), sem porta, seria necessária uma distância maior, sendo 3 metros o mínimo recomendável.

Fornecer conforto térmico às porcas Matrizes alojadas em grupos procuram os lugares mais confortáveis para descansar, por isso, tanto na área de descanso quanto na de dejetos se deve observar os seguinte pontos: Assegurar que toda a instalação, especialmente as salas onde os animais se encontram, seja uniforme com relação à temperatura, de modo que eles possam tirar proveito de todo o espaço; Evitar correntes de ar. Se elas ocorrerem, que sejam direcionadas à área de dejetos/trânsito. A área de descanso deve ser livre de correntes de ar; A umidade deverá estar presente apenas na área de dejetos. Cuidado quando utilizar ração úmida ou alimentação líquida, o que poderá aumentar a umidade da área de descanso, alterando, assim, a disposição de área suja/área úmida; No caso de haver bebedouros do tipo chupeta ou taça, eles deverão ser instalados na área ripada do piso para que a baia seja mantida o mais seca possível.

Porcas alojadas em grupos com a ambiente de temperatura controlada

Imagem termográfica do controle inadequado das correntes de ar na sala de gestação

Porcas alojadas em sala com correntes de ar

Presença de umidade na área de descanso

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FORMAÇÃO DOS GRUPOS Uma vez que se tenha as salas desenhadas e elegido o sistema de alimentação, é preciso tomar uma decisão importante, que consiste na divisão das porcas em grupos. A partir do critério de se alterar ou não os membros de cada grupo, eles serão considerados estáticos ou dinâmicos. Grupos estáticos Os grupos estáticos são aqueles nos quais se mantêm as fêmeas em gestação estáveis, ou seja, uma vez formado o grupo a partir do diagnóstico de prenhez, não serão introduzidas novas porcas até a sua transferência para a sala de parto. A única mudança possível é a remoção de alguns indivíduos por problemas de não adaptação ao grupo ou por haver interrompido a gestação. Neste tipo de grupo se permite a adoção do sistema de manejo”tudo dentro - tudo fora”. É aconselhável a formação de grupos relativamente pequenos e homogêneos, levando-se em consideração a fase da gestação, número de partos e a condição corporal dos animais.

Vantagens • Pode ser adotado em todas as granjas • Demanda um controle melhor da alimentação • Diminui a ocorrência de brigas • Facilita a organização do manejo • Permite a convivência de porcas com o mesmo estado fisiológico • A maior parte do grupo é mantida para a gestação seguinte

Inconvenientes • Demanda instalações suficientes para separar todos os grupos • Custa mais caro • Há problemas sociais no momento de constituí-lo • Maior possibilidade de porcas não adaptadas

34 Grupos dinâmicos Nestes grupos as porcas são movidas periodicamente para as salas de parto, sendo substituídas pelas seguintes a terem a prenhez confirmada. A maior desvantagem deste sistema é a mudança constante na hierarquia entre os animais, o que costuma manter um nível elevado de agressividade no grupo. Vantagens • Permite formar grupos grandes em granjas pequenas • É mais barato • Requer um número menor de salas • Aceita todos os sistemas de alimentação, principalmente o eletrônico • Permite melhor aproveitamento do espaço disponível

Inconvenientes • Menor possibilidade de controle individual • Os grupos são formados por porcas em diferentes estados fisiológicos • A organização do trabalho é mais difícil • A ordem hierárquica não se estabelece corretamente

Quando se deve fazer a programação do grupo? Segundo os regulamentos, os grupos devem ser formados a partir da quarta semana de gestação. Nesta fase de gestação os embriões já estarão implantados, embora ainda não haja começado a fase de ossificação (ou seja, a passagem do embrião para feto). Trata-se, portanto, de um momento fisiológico interessante para formar o grupo e, ao mesmo tempo, um dos mais delicados em termos de viabilidade para os embriões. Problemas de estresse ou de não adaptação ao grupo irão gerar reabsorções embrionárias, as quais poderão causar uma diminuição no tamanho da leitegada ou no pior dos casos a reabsorção completa dos embriões e retorno ao cio. Suínos&Cia | nº 55/2015


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Para evitar estes problemas de reabsorção em potencial, os grupos podem ser formados assim que a cobertura/inseminação seja realizada. Ainda nestes grupos, os problemas de ordem social costumam ocorrer antes da implantação dos embriões (por volta do 15º dia de gestação), de modo que o estresse da mãe não os afeta. O problema dessa prática é, por um lado, que não se está agrupando porcas prenhas, mas sim porcas inseminadas das quais não há certeza de que irão manter a gestação. Poderão surgir, então, sérios problemas de detecção de repetições aos 21 dias. Por outro lado, é necessário um incremento de espaço, pois uma vez formados os grupos, deve ser cumprido o mínimo estabelecido pela legislação em termos de espaço por animal. Como e quando realizar a formação dos grupos? Este é um dos grandes problemas: como e quando formar o grupo para evitar agressões e conseguir implantar um esquema de alimentação correto para as porcas? Considerações gerais: Hora do dia: a melhor hora do dia para formar os grupos é no final da tarde/início da noite. Ao anoitecer e nas primeiras horas da noite, as porcas estão mais tranquilas, sem a excitação característica do dia.No caso de não ser possível fazê-lo nesse horário, um outro momento interessante seria 2 a 3horas após a ingestão da ração, no período da manhã. Nesse horário, as porcas estarão um pouco mais tranquilas, se evitará os episódios de torção de estômago e poderá se observar o comportamento delas ainda durante a jornada de trabalho. Uso de tranquilizantes: há no mercado muitos produtos destinados a tranquilizar os animais para minimizar as brigas no momento de agrupálos. Embora sua utilização não seja recomendada como rotina, é preciso estar ciente de que em algum momento os mesmos poderão ser muito úteis. No entanto, seu uso deve ser controlado e supervisionado sempre por um veterinário. Tamanho do grupo: considera-se que o tamanho ideal seja aquele não muito grande, nem muito pequeno, cerca de 15 a 20 indivíduos. Grupos com poucos animais costumam apresentar graves problemas devido a agressões e lutas hierárquicas. Em grupos grandes de porcas prenhas há uma redução na frequência das interações agressivas. Considera-se grande um grupo com 40 indivíduos ou mais,que também tem a vantagem de possuir uma menor densidade,exigida pela re-

gulamentação em vigor.O tamanho do grupo vai depender muito do sistema de alimentação adotado e da organização produtiva da granja, o que será explicado posteriormente com mais detalhes. Número de partos: é conveniente agrupar as porcas que estejam na mesma fase da gestação e, se possível, formar subgrupos com base no número de partos ou de porcas adultas ou jovens. Este sistema é mais caro, pois necessita de mais instalações, mas simplifica o controle e o monitoramento das porcas. As vantagens e os inconvenientes de agrupar as porcas por categorias jovens e adultas são: Vantagens • Diminuem as pressões sociais, particularmente contra as porcas jovens • Permitem estabelecer programas de alimentação personalizados por porcas adultas/jovens Inconvenientes • Melhor para granjas grandes • Requer um número maior de baias • Custa mais caro 35

Porca de primeiro parto junto à multípara, na mesma baia Condição corporal e tamanho dos animais:é importante que as porcas incorporadas às baias de gestação coletiva tenham boa condição corporal e peso suficiente para desencorajar ataques e agressões por parte das outras fêmeas. Condições corporais de 1 a 5 O objetivo que se deve buscar, relativo à condição corporal, é o número 3. É importante lembrar que, após o parto e a cobertura/inseminação há ainda quatro semanas,

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nas quais as porcas podem ser alojadas individualmente. Este período pode ser usado para o ajuste do manejo de alimentação, a fim de recuperar a condição corporal de cada individuo. 36

Se, ao transferiras porcas para as baias, algumas não tiverem recuperado ainda seu estado corporal normal ou, com o passar do tempo, observarmos que alguma delas, dentro do grupo, esteja emagrecendo, existe ainda a possibilidade de mantê-las em uma gaiola na própria baia, na área de gestação/cobertura, para garantir que consuma diariamente a sua quantidade de ração.

Porca com claudicação separada em uma baia de recuperação Porcas com dificuldades para caminhar (claudicação):é importante manter uma ou mais baias reservadas para a recuperação de porcas dos grupos que venham a sofrer episódios de claudicação, normalmente devidos a brigas entre elas. O objetivo dessa baia é separá-las para recuperá-las o quanto antes.

Porca magra contida em gaiola para que possa se alimentar adequadamente Suínos&Cia | nº 55/2015

Material manipulável: por lei,as porcas devem ter acesso permanente a materiais manipuláveis, como feno, palha, maravalha, composto de cogumelos, turfa,uma vez que a presença desse tipo de material também ajuda a reduzir brigas entre elas.


Bem-estar Animal

Porca com acesso à palha

Acesso à maravalha

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Resumo da 46ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV) 1º a 4 de março de 2015 – Orlando (Flórida/EUA) Antonio Palomo Yagüe Diretor da Divisão de Suinocultura SETNA NUTRICION – INZO antoniopalomo@setna.com

N

a tentativa de organizar primeiro as ideias das apresentações realizadas na Reunião Anual da Associação Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos, ocorrida em março, em Orlando - Estado da Flórida/EUA, vamos colocá-las em ordem e procurar desenvolver os primeiros conceitos, os quais são parte do nosso dia a dia na prática da produção de suínos. Os temas deste resumo são: • Assuntos Gerais • Diarreia Epidêmica Suína por Coronavírus • Vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRSv)

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• Circovírus Suíno do tipo 2 (PCV2v) • Vírus da Influenza Suína (Fluv) • Mycoplasma spp • Lawsonia intracellularis • Escherichia coli • Salmonella spp • Brachispira spp • Streptococcus spp • Parasitas • Manejo • Nutrição • Reprodução Assuntos gerais STEVENSON, G.  Porque é a coisa certa a fazer. Como veterinários profissionais, muitos de nossos deveres e comportamentos - tanto individuais como sociais - estão englobados em nosso Código de Prática Ética (Código de Conduta). Seu conhecimento e implementação devem andar de mãos dadas, para que se possa perceber a diferença entre a moralidade e a integridade. Devemos priorizar a integridade. Esta palavra vem do latim “inteiro”, que significa “estado psicológico de harmonia interior e de consciência moral” (fazer a coisa certa pelo motivo certo). A integridade é uma Suínos&Cia | nº 55/2015

“Além do nosso Juramento: Integridade, Intensidade, Profissionalismo” aptidão pessoal, descompromissada, baseada na maneira correta de agir em conformidade com ela. A integridade perde-se quando se desconecta da nossa moral e valores, sendo desejável que esteja integrada em nosso próprio caráter. Os três aspectos básicos da integridade são: 1) Discernir o que é o correto: trabalho reflexivo moral; 2) Atuar com base em nosso discernimento: responder por nossos atos, ser honesto e atuar de acordo com nossos princípios; 3) Entender as possíveis alternativas no contexto do diálogo construtivo com os demais (genuíno e responsável).


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Outros componentes da integridade dizem respeito a sermos conscientes de nossos erros, limitações, falta de conhecimento, ignorância e decepções. A cultura não é estática, assim como também não é a sociedade. Devemos priorizar certas atividades físicas e nos manter espiritualmente equilibrados para termos a saúde necessária e uma vida íntegra. O materialismo e o narcisismo são inimigos da integridade. Como veterinários especialistas em suínos, nossas responsabilidades se concentram em três pontos principais: 1) Proteger a saúde e o bem-estar dos animais; 2) Prevenir e aliviar o sofrimento dos suínos; 3) Preservar os recursos animais e naturais. Esta nobre profissão precisa representar a saúde e o bem-estar dos animais aos quais servimos. Nesse sentido, somos responsáveis ​​pelo uso racional de antibióticos na preservação da saúde dos suínos, agindo como guardiões da saúde humana. A ciência deve guiar as nossas práticas profissionais. A utilização de métodos de avaliação adequados - com bases científicas - associados a hipóteses de trabalho, à reprodutibilidade dos resultados, à confiabilidade das conclusões com base em resultados reais e ao debate crítico é essencial para melhorar a ciência. É importante gerar profissionais que sejam capazes de pensar de forma independente, evitando conflitos de interesse, o que requer - em muitos casos - que sejam diligentes. DANIELS, C.  As cinco áreas de maior interesse dos veterinários especialistas em suínos são a saúde, o bem-estar, o uso de antibióticos, a saúde pública e a segurança alimentar. Nossas ações, como consultores para os problemas dos clientes, centralizam-se na resolução deles por meio de uma interação positiva humana/técnico-científica, considerada um fator importante para se conectar ideias com pessoas. A Organização Internacional de Epizootias (OIE) cobre 178 países, além de organizações intergovernamentais responsáveis ​​por melhorar e proteger a saúde animal em todo o mundo. Cada Estado-membro informa a presença ou ausência das doenças presentes na lista da Organização no seu território, em tempo real. Esta lista é composta por 120 doenças, entre animais terrestres e marinhos, as quais têm implicações no comércio internacional. Os benefícios da indústria de carne suína dos EUA, por exemplo, são decorrentes do seu alto nível sanitário relativo à lista oficial da OIE (livre das pestes suínas clássica e africana, febre aftosa, estomatite vesicular). Tanto que os EUA exporta 28% da sua produção nacional de carne suína. Outro exemplo: em uma simulação das consequências da entrada da febre aftosa no Brasil, as perdas econômicas estimadas seriam da ordem de US$ 12,9 bilhões, além de 58 mil postos de trabalho.

39 Hotel e Centro de Convenções Palácio Em 2005, os EUA foram declarados também livre da doença de Aujeszky. Atualmente, os mecanismos indiretos de transmissão de doenças têm se mostrado mais relevantes que os diretos (contato direto). Estes primeiros incluem a circulação de pessoas, materiais, roupas, botas, instrumental, equipamentos, água, ração, sêmen, aerossóis e transporte de animais e alimentos. Os quatro agentes economicamente mais importantes que ressurgiram nos EUA, nos últimos 40 anos, foram o Actinobacillus pleuropneumoniae, o PRRSv, o PCv e a diarreia epidêmica suína. A rápida detecção e resposta a doenças emergentes são críticas para ambos, animais e pessoas. Por isso que a Veterinária, no futuro, deverá avaliar suas habilidades relativas à transparência nas informações sobre as doenças. O Food and Drug Administration (FDA) vai publicar, no final de agosto de 2015, um novo regulamento sobre alimentação animal. O plano de segurança das rações deverá incluir um novo programa de verificação, com controles preventivos, atividades de validação e ações corretivas. www.fda.gov/fsmawww.safefeedsafefood.org. nº 55/2015 | Suínos&Cia


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Diarreia Epidêmica Suína por coronavírus (vírus RNA) www.aavs.org/pedvwww.pork.org/PED Trata-se de um vírus RNA, da Ordem Nidoviridae, Família Coronavírus, Gênero Alpha-coronavírus, que possui um diâmetro médio de 95 nm a 150 nm, cadeia simples, pleomórfico e com envoltório, de estrutura genômica e replicação muito semelhantes aos de outras espécies animais e humanos. Ele é composto por sete Open Reading Frames (ORFs) que codificam quatro proteínas estruturais (S, E, M e N), sendo muito infeccioso já na concentração de apenas 103. Sua virulência - a partir de isolados em sintomas clínicos ocorridos em diferentes países e continentes nos últimos 30 anos - foi semelhante, tendo sido observada apenas uma dispersão genética mínima. Esse vírus não tem implicações para a saúde humana, e a doença causada por ele, nos suínos, não é de notificação obrigatória à OIE . O vírus da diarreia epidêmica suína (PEDv, na sigla em inglês) foi detectado pela primeira vez em 1971, no Reino Unido, caracterizado por causar uma diarreia aquosa grave, mas com reduzida mortalidade. Foi detectado na Ásia pela primeira vez em 1982 (Japão), e em 1990 já se dispunha de vacinas mortas e atenuadas para o seu controle. O aparecimento de uma nova cepa em 2010 (atribuído a uma falha das vacinas em uso) aumentou a severidade dos sintomas clínicos da doença em leitões. Os primeiros quadros de PEDv nos EUA começaram em abril de 2013, como surtos esporádicos de diarreia grave em leitões, com alta mortalidade. Em um ano, a doença se espalhou por 31 Estados e hoje está associada com uma perda de 5% a 7% na produção nacional. Os primeiros vírus isolados tinham uma homologia de 99% com cepas chinesas originárias da província de Anhui, embora a forma de entrada da doença nos EUA não esteja ainda esclarecida. Em dezembro de 2013 uma segunda variante viral foi identificada, com evidência de origem chinesa, a qual difere apenas da versão anterior na proteína S, mantendo o restante da estrutura da membrana e do núcleo-capsídeo. Os suínos são altamente suscetíveis ao PEDv em todas as fases da produção, sendo bastante elevada a mortalidade em leitões lactentes, causada por um quadro de diarreia aquosa acinzentada característica e por episódios de diarreia e vômitos em adultos, com pouca mortalidade. A referida diarreia dura cerca de uma semana, e a mortalidade em leitões lactentes com menos de dez dias de idade eleva-se em até 100% dos casos. O PEDv e o vírus da gastroenterite transmissível (TGE) são genética e antigenicamente distintos. O PEDv é transmitido principalmente pela via

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oro-fecal e se replica nos enterócitos maduros do intestino, causando severa atrofia das vilosidades, presença de diarreia aquosa com má absorção, além de anorexia, desidratação e vômitos ocasionais em todas as fases de produção. Experimentalmente, suínos infectados com o PEDv o excretam pelas fezes durante um período muito superior à presença de sinais clínicos (até 24 dias). Sua transmissão por via aérea está sendo estudada após ele ter sido encontrado em amostras de aerossóis, experimentalmente (Alonso, C.). Já a replicação viral fora do intestino não ocorre, exceto durante curtos períodos de tempo, de modo que uma primeira replicação externa é atribuída sempre a outros tecidos (cólon, nódulos linfáticos mesentéricos). Em suínos de engorda, a dose infectante excretada nas fezes permanece até o 16º/18º dias pós-infecção. O vírus é detectado em animais infectados até 42 dias após a infecção experimental com excreção intermitente, sendo possível a sua transmissão de forma infecciosa durante os primeiros 14 a 16 dias após a infecção experimental em suínos de engorda. Os suínos podem se apresentar assintomáticos, o que não os impede de excretar o vírus. O Coronavírus Suíno Delta (SDCv, na sigla em inglês) foi detectado nos EUA e Canadá no início de 2014, associado a processos entéricos e na ausência de outros agentes etiológicos conhecidos. Detectável por meio de provas de ELISA (soro) e/ou de PCR (fezes), esse vírus não tem reatividade cruzada com qualquer outro coronavírus. Um estudo realizado em 51 granjas, de 18 Estados norteamericanos, detectou anticorpos IgG em 8,7% das 355 amostras analisadas, o que indica que ele já possa estar circulando nos EUA desde 2010. Depois dos sintomas agudos da doença, que dura em média 6 a 7 semanas nos EUA (4 de mortalidade máxima em leitões lactantes superior a 80% e outras 3 de mortalidade entre 20% e 60%), com perdas que variam de 1,8 a 2,6 leitões /porca/ano, as granjas retornam à sua estabilidade (TTS, ou tempo para estabilização), com base nos parâmetros produtivos iniciais. A partir deste ponto recomenda-se prestar a máxima atenção no fornecimento adequado de colostro aos leitões recém-nascidos; no cuidado com os leitões desmamados (ambiente e nutrição); na inativação do vírus em ambos os setores (gestação e partos) por meio de rigoroso vazio sanitário, lavagem, limpeza com aplicação de detergente e desinfecção; na associação desses fatores à minimização do movimento de animais entre leitegadas; na prevenção da transmissão por pessoas (botas, vestuário); na manutenção das bandejas de desinfecção entre salas e no cuidado com o material de limpeza. Em resumo, a chave para o sucesso da operação seria “minimizar a circulação de pessoas, porcas e leitões na granja”.


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Nos casos em que os quadros de diarreia em leitões estenderam-se no tempo, é necessário fazer um diagnóstico diferencial frente a outros agentes infecciosos eventualmente presentes após a ocorrência de um surto de PED, como costuma ocorrer em casos relatados de rotavírus e E.coli. A seguinte referência diz respeito ao diagnóstico laboratorial por meio das fezes de suínos infectados: http://www.cvm.umn.edu/ sdec/swineDiseases/pedv/index.htm. Esse vírus é excretado nas fezes em grandes quantidades, de modo que botas, ferramentas, veículos e roupas são fontes de alto risco de contágio. O ponto de corte relativo ao fato da presença do vírus nas fezes poder ser ou não infeccioso ainda não é conhecido (PCR - valor Ct). O PEDv é altamente transmissível, com a característica de possuir uma dose mínima infectante (MID, da sigla em inglês) muito baixa e de ser idadedependente (menor quanto mais jovens forem os suínos): Ct = 25-50. Tanto a identificação precoce da doença quanto o setor de produção onde ela começa (fase da gestação, dias de lactação, leitões, engordas) são fundamentais para a definição de diretrizes de controle e minimização das perdas econômicas subsequentes. Segundo numerosas experiências, os protocolos rotineiros de limpeza são adequados para a inativação viral em superfícies contaminadas. Leitões que recebem altos níveis de IgA por meio do leite das porcas eliminam menos vírus e têm maior taxa de sobrevivência. A presença de tais IgA está associada à prevenção da mortalidade, mas não da morbidade. Foram encontradas diferenças - no nível da imunidade lactogênica - três dias após a infecção entre algumas granjas (entre porcas infectadas ou livres), o que nos leva a concluir que para nos aproximarmos de uma situação de completa proteção seria necessário reduzir a gravidade das infecções, bem como a excreção viral nas fezes. As observações clínicas indicam que a cepa variante é menos virulenta do que a padrão, o que também foi confirmado experimentalmente tanto com relação aos sinais clínicos quanto às lesões (tanto macroscópicas como microscópicas) e com a excreção fecal. Estudos in vitro demonstram haver imunidade cruzada entre as duas cepas, o que deverá ser confirmado ou não pelos estudos in vivo em andamento. A respeito da duração da imunidade materna pouco se sabe ainda, havendo dúvidas razoáveis relativas à ocorrência de reincidências em um determinado percentual de granjas. Nossa hipótese é de que os surtos tenham uma duração de menos de sete meses. A presença de diarreias foi reduzida praticamente à metade, nesses casos de reincidência, havendo também diminuição na mortalidade, embora variável de acordo com a granja.

“Trabalhamos duro para fazer o melhor trabalho possível” - Walt Disney As matérias-primas de origem suína para a produção de ração (hidrolisados, plasma) permanecem suspeitas com relação à transmissão do PEDv. Estudos que validam a inativação do vírus por meio de diversas técnicas (spray-dried, micronização, hidrólise a 60°C /90°C) foram revistos, e a presença de ácidos nucleicos, detectada por técnicas de RT-PCR, não necessariamente indica que surgirão sinais clínicos, mas apenas prova a presença de material genético, o qual poderá ser viável ou inativado. Para determinar se o antígeno viral está presente nos enterócitos e causando a infecção, a técnica a ser utilizada é a de imuno-histoquímica (IHC) em tecidos intestinais e/ou amostras de fezes. É preciso reconhecer a diferença entre a detecção da PED e a detecção atual da enfermidade causada por ela.

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Os caminhões de transporte de animais e ração representam um elevado fator de risco na transmissão do PEDv. Há vários estudos, com diversos desinfetantes, que se mostram eficazes na inativação do vírus (peróxido de hidrogênio a 1:16 / 1:32 durante 30 minutos, Virkon™ S). Do mesmo modo, os protocolos usuais de lavagem, limpeza, aplicação de detergente e desinfecção têm se mostrado eficazes na eliminação do PEDv nas granjas. A técnica de exposição oral ao vírus vivo, ou feedback, ou Oral Live Virus Exposure (OLVE, na sigla em inglês), baseada na contaminação voluntária de suínos com material que contenha o agente patogênico, tem por princípios estimular a imunidade colostral e proteger os leitões desde o nascimento. É realizada com fezes ou com o intestino de leitões infectados com a doença aguda. A principal dificuldade desse método é saber qual a dose infectante real presente no material a ser fornecido para as porcas em gestação. Alguns relatos de produtores e veterinários sugerem uma proteção limitada ou mínima para os leitões recém-nascidos de porcas soropositivas, quando se utiliza esta técnica em quadros agudos da doença. Os riscos em potencial associados aos métodos de feedback utilizando inóculos não bem definidos incluem: nº 55/2015 | Suínos&Cia


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- O vírus infectante pode ser altamente virulento, provocando sintomas clínicos graves nos suínos sadios expostos; - A gravidade da doença varia entre granjas expostas a coinfecções, estresse, fatores ambientais e nutricionais; - O vírus pode se disseminar para outras granjas; - O inóculo oral pode estar contaminado com outros agentes infecciosos, os quais se propagarão pela granja. As vacinas comerciais, nos EUA (Zoetis™ e Harrisvaccines™), são aplicadas em porcas gestantes 5 e 2 semanas antes do parto. Elas têm demonstrado, até o momento, uma eficácia variável em termos de taxas de mortalidade de leitões nascidos infectados, antes e após a aplicação. As vacinas estimulam a produção de anticorpos neutralizantes que reduzem a incidência e a gravidade da infecção natural pelo PEDv. A maior dificuldade enfrentada no desenvolvimento dessas vacinas consiste em atingir o ponto de equilíbrio na atenuação do antígeno viral, para que ele não seja patogênico e mantenha a sua infecciosidade para o sistema digestivo. A imunidade lactogênica deve se basear na estimulação das imunoglobulinas A (IgA) para promover a instalação de uma imunidade de superfície adequada na superfície da mucosa intestinal (1ª barreira de defesa contra 90% dos patógenos digestivos). A imunidade dos leitões adquirida por meio do leite, nesse caso, não está ainda totalmente definida. As principais imunoglobulinas detectadas são a IgG, no colostro, e a IgA, no leite. Alguns estudos demonstram que a referida imunidade persiste em granjas infectadas por até sete meses após o quadro clínico. Nos EUA, para que todas as porcas adquiram imunidade em uma granja, estima-se que sejam necessárias de 5 a 6 semanas pós quadro clínico. Os níveis de anticorpos diminuem no final da lactação, não sendo recomendada a movimentação dos leitões nesse período. Há dúvidas ainda, com relação a esta diminuição, e algumas teorias sugerem que ela seja devida à diluição da quantidade de anticorpos em uma maior quantidade de leite produzida, ou não. A imunidade de mucosa produzida em porcas prenhes e transferida aos leitões por via passiva, por meio do colostro e do leite (imunidade lactogênica), é essencial para a proteção imediata dos leitões recém-nascidos. No entanto, todos esses mecanismos envolvendo este tipo de proteção não são ainda totalmente conhecidos. Em suínos adultos, os enterócitos destruídos são substituídos em 2 a 4 dias, a partir das células de Stem presentes no interior das criptas do epitélio intestinal. Em leitões lactentes, o tempo de substituição é de 7 a 10 dias. Assim, origina-se no local da infecção um número menor de células

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imunitárias, mediadores solúveis e fatores antimicrobianos. A dose infectante em suínos de 6 meses de idade é estimada como sendo 10 mil vezes maior do que a necessária para leitões de 2 dias de idade. A inclusão de narasin, a 30/60 ppm na ração de suínos de engorda infectados pelo PEDv, melhora o ganho médio de peso diário, o índice de conversão e a excreção viral, reduzindo a tempo a incidência e a gravidade da diarreia. Resultados preliminares do teste IDEXX™ Real PCR demonstram tratar-se de uma técnica sensível para a realização do diagnóstico diferencial entre o PEDv e seus dois variantes, TGEv e SDCv, com uma sensibilidade mínima de 10 cópias de ácido nucleico/5 ul de amostra. Síndrome Respiratório e Reprodutiva Suína (vírus RNA) www.cvs.umn.edu/sdec/SwineDiseases/ PRRSv/index.htm • A suinocultura norte-americana perde US$ 664 milhões por ano devido ao vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRSv), chegando a US$ 1 bilhão nos últimos 20 anos do problema. • A sazonalidade dos quadros de doenças reprodutivas em porcas e de doenças respiratórias em suínos de engorda, nos EUA, é muito evidente. Um estudo realizado em 571 granjas, durante cinco anos, revelou que os meses de inverno são os mais críticos, tendo sido essa sazonalidade mais intensa nos invernos de 2011/2012 e de 2012/2013. No inverno passado (2014/2015) foi mais suave (30%), principalmente devido a uma maior atenção por parte de produtores e veterinários, relativa a problemas com a diarreia epidêmica suína (biossegurança, menor nº de suínos, - 4%), ao efeito dos planos de vacinação em massa, ao maior nº de sistemas de filtragem de ar; e tudo isso apesar das temperaturas terem sido muito baixas (pior inverno em 30 anos). • Os programas de estabilização do PRRSv incluem o fechamento de granjas de reprodutoras durante 200 dias e a vacinação geral de todo o efetivo de reprodutores, com revacinação 30 dias após (plantel de reposição, reprodutoras e leitões). • Este vírus está muito envolvido no Complexo Respiratório Suíno (CRS), e sua viremia pode ser medida por PCR. As infecções concomitantes com o PCV2v aumentam a viremia do PRRSv. Casos de PCV2 têm sido descritos em coinfecções após a implementação do referido plano de vacinação experimental. Em um monitoramento epidemiológico realizado no Canadá, diferentes cepas de PRRSv originaram diferentes graus de morbidade e mortalidade, em várias fases da produção.


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• O PRRSv modula a resposta imune dos suínos ao atrasar a resposta imune celular e inibir a produção de citocinas. A resposta imune dos leitões vacinados, segundo alguns estudos, pode ser devida ao estado imune das suas mães. A duração da imunidade produzida a partir de vacinas vivas modificadas injetadas em leitões com um dia de idade dura até 26 semanas. Nas reprodutoras, a imunidade estimulada pela vacina dura de 18 a 24 semanas. • Nas granjas de reprodutores localizadas em áreas de risco, os produtores implementam estratégias de vacinação com vacinas vivas modificadas, a fim de reduzir as perdas econômicas. Esse tipo de vacina reduz os sinais clínicos e a mortalidade, melhorando os parâmetros de desempenho tanto em leitões como em suínos de engorda, além de reduzir a variação do peso dos suínos no abate e diminuir as lesões pulmonares. Já foi demonstrado que a vacinação de marrãs negativas, em granjas positivas antes da primeira inseminação, é uma medida eficaz que se confirma quando elas entram em contato com o plantel de reprodutores. A vacinação dos leitões preserva, em alguns casos, a farmacocinética (PK) de alguns antibióticos (ceftiofur sódico, por exemplo), o que permite a sua atividade. • Para se detectar anticorpos neutralizantes, como base de proteção frente ao PRRSv, as técnicas laboratoriais de eleição são a da imunoperoxidase em monocamada de células (IPMA) e a da imunofluorescência indireta (IFA), as quais nem sempre estão disponíveis. Na Holanda foi desenvolvida uma prova de ELISA (BioCheck ELISA™), que tem resultados similares. • As amostras de sangue do cordão umbilical de leitões, analisadas por PCR, demonstram a infecção transplacentária já a partir da metade da gestação, tanto devido ao vírus de campo quanto ao vírus da vacina. Em amostras de soro de leitões vacinados podemos encontrar viremia durante a semana posterior a ela, em percentuais variáveis segundo diferentes estudos (37 a 100 %) e na dependência do tipo de vacina. Circovírus Suíno - PCV2 (vírus DNA) • A presença de quadros subclínicos é comum. As falhas de vacinação são normalmente atribuídas ao momento da aplicação, ao uso de doses incompletas, às variações do estado imunológico do plantel ou a erros na aplicação prática da vacina. Todas as vacinas têm demonstrado proteção cruzada contra todas as cepas do PCV2v. No entanto, a vacinação apenas atenua os sintomas e não previne a infecção. • Níveis elevados de viremia, no momento da vacinação, podem interferir com a imunidade, assim como com os anticorpos maternais, favore-

cendo as coinfecções. Existe uma correlação negativa entre a viremia e o ganho de peso diário e uma correlação positiva entre a viremia e a resposta imune. • O controle da circovirose suína por meio de vacinas, aplicadas em todo o mundo desde 2006, tem se mostrado muito eficaz. Os resultados de diferentes estudos sorológicos experimentais e testes distintos, comparando a eficácia de vacinas comerciais em termos de índices de mortalidade, atrasos no crescimento, ganho médio diário e conversão alimentar, são muito semelhantes. Seguir as diretrizes dos protocolos e procedimentos de imunização é essencial para um controle eficaz. • Foram apresentados dois testes realizados no Brasil, com a Circovac™ (vacina contra a circovirose suína, do laboratório Merial), em duas granjas de ciclo completo, de 450 e 2.000 matrizes; a vacina foi aplicada nas porcas às 5 e às 2 semanas antes do parto e nos seus leitões na 3ª ou na 6ª semanas de idade. Os melhores resultados em termos de produção de leitões e de suínos de engorda, mortalidade e ganho de peso diário (houve um acréscimo de 0,6 leitões/porca/ano) foram obtidos quando da realização da vacinação das mães e dos leitões ao mesmo tempo. • A aplicação de vacinas monodoses (PCV2 + MYC, do laboratório MSD) - 2 ml às 3 semanas de idade, comparada com a mesma vacina - só que, com duas doses, realizada em diferentes estudos e granjas, mostrou uma similaridade de dados positivos, levando-se em conta os parâmetros produtivos, a mortalidade e o nível de viremia.

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• A detecção do PCV2v pela prova do PCR no soro, tecidos ou fluidos orais não implica na apresentação clínica ou subclínica, sendo muito dependente da resposta individual de cada suíno. Vírus da gripe (vírus RNA) • O vírus da gripe ou vírus Influenza (Iv) codifica, pelo menos, 12 proteínas virais. Vários Iv, circulantes após o desmame dos leitões, podem ser isolados a partir de esfregaços nasais e fluidos orais, por meio da prova de RT-PCR. Nos EUA, os subtipos H1N1, H1N2 e H3N2 cocirculam, sendo que a presença deste último tem aumentado desde 2012. O vírus H1NApdm09 aumentou a sua prevalência em suínos de 2009 até 2011, declinando em seguida. • Trabalhos epidemiológicos nos EUA indicam perdas por diferentes cepas do vírus da gripe e suas complicações secundárias de até US$ 10,31/ suíno de engorda. A morbidade, em todos os casos, é de 100%. • A prevalência do vírus da gripe em populações endemicamente infectadas muda significativamente entre as semanas após o desmame. nº 55/2015 | Suínos&Cia


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isolamento viral. Já a IHC a partir de tecidos pulmonares fixados em formalina é uma técnica adicional para a detecção do vírus. A sensibilidade do teste de diagnóstico FluDETECT™ (Synbiotics Corp) em fluidos orais varia de 69,3% a 93,5%, havendo uma especificidade de 88,9% a 100%, em comparação com as técnicas de PCR. • As vacinas comerciais estimulam uma imunidade específica adequada, na ausência de anticorpos maternais, segundo alguns trabalhos apresentados. O lago da Disney World

O vírus pode manter uma baixa prevalência por alguns dias e, então, recircular (mudado ao longo do tempo), o que faz dos leitões a chave para manter e transmitir o Iv entre as populações de suínos do desmame no final da engorda - mesmo com a presença de anticorpos maternais. A prevalência à exposição do vírus da gripe e o índice de tosse em leitões desmamados tendem a diminuir nas seguintes situações: quando a temperatura está mais próxima dos 30°C do que dos 18°C e quando a umidade relativa é maior, de acordo com estudos realizados no Canadá. Por outro lado, nesses mesmos leitões, a incidência de dermatite exsudativa aumenta com o aumento da temperatura e da umidade relativa. A prevalência do vírus da gripe em suínos de engorda, nas granjas europeias, é menor na primavera (3,2%) do que nas outras estações (15% a 18%). Enquanto que em leitões de 3 a 5 semanas de idade, a estação mais prevalente é a primavera, seguida do inverno, sendo menor nos meses de verão (o mesmo para o PRRSv e o Mycoplasma hyopneumoniae); em leitões de 6 a 11 semanas a maior prevalência dos três agentes infecciosos citados ocorre durante os meses de inverno.

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• Em vários estudos realizados com a análise de multivariáveis foi demonstrado que não há associação entre o peso do leitão ao nascer, as técnicas de adoções e cessões e o número de partos das porcas com a viremia no desmame, nem com o peso dos leitões no desmame (ainda que haja com a idade do desmame). • As feiras agropecuárias e as exposições de animais são a origem de um risco potencial importante de exposição, contágio e disseminação do Iv entre animais e pessoas. Tanto uns como os outros podem ser portadores inaparentes em fase subclínica da doença. • A técnica de eleição para o diagnóstico da infecção por influenza e/ou da doença clínica, a partir de homogeneizados de pulmão e secreções respiratórias, é a do PCR em Tempo Real (RT-PCR). Não está associada com a viremia, pois senão nem soro nem fetos abortados seriam utilizados para o Suínos&Cia | nº 55/2015

• Desde 2013 vem sendo isolado o vírus da Para-Influenza Suína (PPIv-1) em leitões de três semanas de idade, com sinais clínicos de letargia, espirros, mucosidade e pneumonia bronco-intersticial. Este vírus é encontrado em humanos, ratos, hamsters, coelhos, cães, macacos, cobaias e bovinos. Mycoplasma spp • O Mycoplasma hyopneumoniae (M. hyo) causa perdas nos suínos de engorda da ordem de US$ 4,00 a 7,30/cabeça, segundo estudos apresentados com base em uma redução do ganho médio diário, piora do índice de conversão e aumento da mortalidade e do custo terapêutico. • A redução da sua prevalência em reprodutoras e a eliminação da sua transmissão vertical aos leitões são passos essenciais para o seu controle. • Sua transmissão horizontal é lenta, resultando em subpopulações que perpetuam o processo infeccioso e potencializam a desestabilização do plantel de reprodutores frente a essa bactéria. O resultado final é a colonização dos leitões e o seu impacto negativo sobre o desempenho na fase de engorda. Não está claramente definido o que seria uma granja de reprodutores estável frente ao M. hyo. O manejo e a adaptação das futuras reprodutoras nas granjas são fundamentais para contribuir com essa estabilidade. Nos EUA, 93% das marrãs de reposição são vacinadas, na prática. A exposição precoce e segura é essencial para o sucesso na entrada das fêmeas de reposição em granjas positivas. • É importante destacar que as granjas positivas para o M. hyo nem sempre estão infectadas uniformemente ao longo do tempo. • A avaliação de animais vivos por meio da prova de PCR foi realizada a partir de swabs nasais, fluidos orais, traqueobronquiais e amostras da laringe. Os dois últimos mostram sensibilidade semelhante em suínos post mortem e são menos sensíveis do que os exsudatos brônquicos, in vivo. Essas amostras podem ajudar a diferenciar as marrãs de reposição vacinadas das expostas (anticorpos vs antígenos, por ELISA).


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• As quatro principais técnicas de eliminação do M. hyo em granjas passam pelo despovoamento e pela repopulação, fechamento de granjas durante 240 dias com a medicação de porcas e leitões (modelo suíço), programa de medicação/ vacinação massiva e segregação de partos. • Tanto o Mycoplasma hyosinoviae como o Mycoplasma hyorhinis são sensíveis à tilvalosina, sendo o referido antibiótico detectado em fluidos sinoviais de leitões afetados. Lawsonia Intracellularis (Ileíte) • A Lawsonia intracellularis está presente em 94% das granjas nos EUA. Seu diagnóstico ante-mortem é feito pela detecção de anticorpos IgG, por meio do teste de IPMA, e da detecção do DNA nas fezes e fluidos orais, por meio da prova do PCR. Há uma correlação positiva entre os animais positivos por PCR, em fezes e fluidos orais, após a sua excreção. Nem todos os suínos positivos têm sintomas clínicos ou excretam as bactérias. A maior fase de eliminação situa-se entre as 9 as 12 semanas de idade. • Quando da aplicação da vacina Enterisol Ileitis™, ração e água devem estar livres de antibióticos, 2 a 3 dias antes e depois da vacinação. Foi demonstrado que a bacitracina, o ceftiofur, a colistina, a neomicina, a virginiamicina e a tulatromicina não interferem com o efeito protetor da vacina. Já o uso do florfenicol, das sulfonamidas, do trimetoprim e da tilmicosina pode inibir a proteção conferida pela vacina. Após a vacinação, os leitões podem ainda eliminar as bactérias nas fezes por até 11 semanas. Escherichia coli • A colibacilose enterotoxigênica (ETEC, na sigla em inglês) é a maior causadora de patologias entéricas nos suínos, apresentando-se nas seguintes formas:

• Os receptores intestinais para a E. coli F18 aumentam com a idade, razão pela qual os quadros entéricos causados por ela serem mais frequentes em leitões na fase posterior ao desmame. A cepa K88 tende a ser mais virulenta quando coloniza todo o intestino delgado, em comparação às cepas K99, 987P e F41, que só colonizam o íleo. • Os leitões desmamados com menos de 20 dias de idade têm uma permeabilidade intestinal maior que a dos leitões com mais de 22 dias, o que compromete muito mais a sua resposta imune (dos mais novos). Salmonella spp • Nos EUA, a Salmonela afeta 1,4 milhões de pessoas por ano. Os principais sorotipos são a Salmonella thyphimurium e a Salmonella enterica, com 21,9% de todos os isolamentos ocorridos em humanos. • A aplicação da vacina combinada de Salmonella cholerasuis + Salmonella typhimurium reduz a gravidade da enterocolite no intestino grosso dos suínos de engorda, melhora o ganho médio diário, reduz a febre, melhora a qualidade das fezes e reduz a presença da bactéria nos gânglios linfáticos mesentéricos. 47 Brachispira spp • A Brachispira hampsonii foi identificada em 2009, isolada de casos de diarreias muco-hemorrágicas em suínos, nos EUA e no Canadá, como variante dos processos causados pela Brachispira hyodisenteriae. Atualmente são conhecidas duas variantes da referida bactéria. • O diagnóstico por PCR a partir de fluidos orais, para detecção da B. hyodisenteriae, tem se mostrado uma alternativa interessante à coleta de material por meio de swabs retais.

o Diarreia neonatal: K88

o Diarreia pós-desmame: K88, F18

• Produz uma diarreia secretora, consequência do ataque das suas toxinas aos enterócitos das microvilosidades intestinais, o que estimula a secreção de fluidos, provocando a diarreia severa e a desidratação. • A suscetibilidade do leitão a Escherichia coli (E. coli) é influenciada pelos receptores entéricos às toxinas produzidas pelas fímbrias (K88, K99, 987P, F41, F18), pelo ambiente, o estresse, a idade, o peso do leitão, a água, a ração e outros agentes infecciosos e imunossupressores. nº 55/2015 | Suínos&Cia


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de gestação. A decisão de montar grupos estáticos ou dinâmicos deve ser baseada no tamanho deles, no manejo semanal, na utilização do espaço disponível e no tamanho da granja. Recomendase a separação por idade e também por condição corporal (segregação), assim como tentar manter lotes estáticos de 60 a 70 fêmeas por estação eletrônica, para uma ótima amortização e resultados. O sistema é considerado essencial para o manejo diário da detecção adequada de cio, diagnóstico de gestação e aplicação de vacinas pré-parto.

“Eu acredito em ser um inovador.” - Walt Disney Streptococcus spp • O Streptococcus suis é um patógeno oportunista na espécie suína e potencialmente zoonótico. Às vezes os suínos adultos servem como hospedeiros, causando meningite, artrite, septicemia, endocardite e broncopneumonia, por via indireta, em leitões. São conhecidos 35 sorotipos com alta variabilidade genética, o que dificulta o desenvolvimento de vacinas comerciais eficazes. O sorotipo 2 é o mais frequentemente associado à meningite, nos EUA e na Europa, ocorrendo também o isolamento dos sorotipos 1 e 3. As principais alterações ocorrem na sua estrutura capsular, o que o ajuda a se evadir da resposta imune do hospedeiro. Amostras para identificação do agente devem ser tomadas do cérebro, das meninges e do pulmão.

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Parasitas • O parasitismo interno continua a ser um problema sanitário nos EUA, derivado de erros nas estratégias e nos programas de desparasitação, tanto em porcas quanto em leitões e também nos suínos de engorda. Uma desparasitação eficaz das futuras reprodutoras, antes da primeira inseminação, e das matrizes em produção, antes do parto, é considerada essencial para o controle dos endoparasitas. Ainda que baixos, os níveis de infestação podem penalizar a taxa de conversão entre 3 e 6%. Manejo • As estações de alimentação eletrônicas para porcas em gestação em grupos já existem há 10 anos nos EUA, com bons resultados, sendo consideradas como a forma mais específica de alimentar corretamente as porcas. Os grupos devem ser muito bem montados já nos três primeiros dias posteriores à inseminação ou a partir do 35º dia Suínos&Cia | nº 55/2015

Na prática, quanto maior o tamanho da granja recomenda-se a formação de grupos estáticos frente os dinâmicos, pois os parâmetros reprodutivos são significativamente melhores no primeiro caso. Também predominam os reagrupamentos de porcas com mais de 35 dias de gestação, frente aos prévios em implantação. *Os trabalhadores não devem assumir que os equipamentos automáticos funcionem corretamente*. As fêmeas, nesse sistema, vivem as condições ambientais e o seu bem-estar de forma individual, o que resulta em diferentes estados emocionais e que deve ser levado em conta sempre que agrupemos porcas em grupos de gestação. A atividade das porcas varia dependendo da hora do dia e do número de partos. As fêmeas adultas assumem por períodos mais longos a postura de dormir do que as porcas de primeiro parto. Em nove Estados norte-americanos já existe legislação específica para estabelecer porcas prenhes em grupos. Além disso, seis grandes empresas, bem como certos abatedouros e indústrias de alimentos, têm projetos de mudança para esse tipo de instalações em 5 a 10 anos (2020 - 2025). Em 2001, na Universidade da Pensilvânia - Veterinary Medicine School - Swine Center, foi instalada uma estação eletrônica de alimentação para mostrar alternativas para o sistema de gaiolas de gestação e como meio de ensino para os alunos. Hoje estas estações estão instaladas em 60 granjas/12 Estados/120.000 matrizes. Em comparação com as instalações tradicionais, em gaiolas, observam-se resultados produtivos iguais ou até superiores, além da oportunidade de se fazer uma nutrição individualizada para as porcas. Estima-se uma economia de ração da ordem de 110 a 215 gramas/porca/dia, em comparação com o sistema tradicional, resultando na obtenção de uma melhor condição corporal total do plantel de reprodução. É importante destacar ainda que, diariamente, as porcas nas gestações livres devem ser observadas e monitoradas por pessoal treinado para este fim, entusiasmados e comprometidos, a fim de detectar em tempo real as porcas-problema (que não comeram, estão no cio, abortaram, estão doentes, têm problemas locomotores).


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• As escaras escapulares por decúbito, nas porcas em lactação, mostram elevada perda de condição corporal. Nos EUA, os estudos mostram uma prevalência que varia de 0% a 34%, de acordo com a granja, sendo recomendado o tratamento por meio da aplicação tópica de soluções antissépticas na forma de spray e/ou antibióticos em veículo apropriado para uso tópico ou soluções de óxido de zinco, com o objetivo de auxiliar a cicatrização, além de retomar a alimentação adequada em termos de quantidade e qualidade para a fase. • As causas principais de prolapsos uterinos, vaginais e retais, em reprodutoras, considerando um estudo realizado durante o período de um ano, nos EUA, com 100.000 porcas Landrace/ Large White, foram micotoxinas (zearalenona), deficiências de condição corporal e desbalanços nutricionais minerais (hipocalcemia, hipofosfatemia). • O método de cuidados individuais com os suínos (Individual Pig Care ou IPC, na sigla em inglês) é um sistema que nos permite classificar o estado da doença na granja e reconhecer a sua progressão. Ao mesmo tempo, facilita a identificação em tempo real de suínos em ambas as fases da doença, aguda ou crônica, permitindo o isolamento dos casos crônicos. Esse procedimento permite o uso de antibióticos de forma mais positiva, resultando na melhora do manejo e na diminuição da taxa de mortalidade. A gravidade e a progressão individual dos sintomas, dentro do quadro de uma doença infecciosa, são altamente variáveis e afetam o comportamento alimentar individual e em grupo, tornando heterogêneo o crescimento dos suínos afetados. Em qualquer processo infeccioso a temperatura corporal aumenta. Pode haver variação nas medições de temperatura realizadas, independentemente da metodologia adotada (termômetro digital retal, termômetro infravermelho, transponders implantados), por influência da temperatura e da umidade relativa do ar local, em ambientes controlados. O método B.E.S.T. (veja descrição detalhada a seguir), de identificação individual de leitões doentes/atrasados em termos de desenvolvimento, de forma precoce, nos ajuda a prevenir as perdas de animais, permitindo-nos identificá-los e tratá-los adequadamente, melhorando, assim, a sua saúde e o bem-estar. Estima-se que para a sua aplicação seja preciso um tempo de 1 a 3 segundos por suíno em observação, com base em: o B = body (corpo): consistência, condição corporal, conformação (costelas, coluna vertebral); o E = eyes/ears/nose (olhos/ouvidos/nariz): rosados, luminosos, olhos abertos, orelhas em alerta e sem mucosidades; o S = skin/hair (pele/pelo): limpo, rosado, uniforme, sem lesões;

o T = temperament (temperamento): não depressivos, nem apáticos, inapetentes, vocalização, nem amontoados e nem prostrados e que olhem para o observador. • Considera-se essencial a formação correta dos trabalhadores nas granjas em boas práticas de vacinação, com o objetivo de melhorar a eficácia dos protocolos de imunização. • Isolamento/enfermaria/baia-hospital: locais especiais destinados aos cuidados, observação e tratamento de animais doentes. São regulados em alguns países, mas não em outros. A biossegurança e a higiene deles deverá ser estritamente praticada (Canadá, Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Alemanha). O principal objetivo desse tipo de recurso é o de reduzir o risco da disseminação de doenças entre o plantel produtivo. • Postula-se uma definição para dor como sendo uma sensação desagradável e/ou experiência emocional associada a um dano tecidual real (corte de caudas, presas, castração, marcação para identificação). Evitá-la e/ou mitigá-la está incluído em uma estratégia de melhoria dos parâmetros de bem-estar e da produção. A aplicação de 0,4 mg de meloxicam/kg de peso vivo no músculo glúteo demonstra a realização de ambos os objetivos. Aplicado nas porcas em lactação, ele passa, via leite, 2 a 4 horas após a aplicação, na concentração de 19% com relação ao plasma. Os níveis terapêuticos do meloxicam em equinos e em seres humanos variam de 200 a 250 ng/ml de plasma. Evitar a dor, como um componente de bem-estar, é indicado no manejo dos suínos. As principais moléculas testadas com este propósito são os anti-inflamatórios não esteroides (NSAIDs, na sigla em inglês), incluindo o meloxicam, a flunixina meglumina, o cetoprofeno, o ácido acetilsalicílico, o salicilato de sódio e o carprofeno. Em qualquer que seja o caso, é importante estabelecer a dose eficaz para a resposta máxima, sem toxicidade (parâmetros farmacocinéticos).

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• Desde o ano 2000, na França, trabalha-se com porcas “hiperprolíficas”, as quais costumam gerar leitegadas com baixo peso e mais heterogêneas, o que significa ter que lhes fornecer rações de iniciação o mais cedo possível. Os picos de mortalidade em leitões lactentes ocorrem durante os três primeiros dias de idade. A relação entre o consumo de ração antes do desmame e o peso da leitegada é linear, variando muito entre elas (580 vs 1656 g/dia/leitegada). • No Canadá, já em 1984, foi publicado o Código de Boas Práticas de Manejo em Suínos, o qual foi revisado em 1990 pela Associação dos Suinocultores Canadenses, em colaboração com outras sociedades humanitárias, e republicado em 1993. Atualmente, em 2014, acaba de sair o Novo nº 55/2015 | Suínos&Cia


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Código de Práticas para o Cuidado e Manuseio de Animais, o qual é dividido em seis seções: edificações e facilidades de manejo; alimentação e água; saúde animal; práticas de gestão; transporte e eutanásia. Ficaram acertadas uma revisão no referido código a cada cinco anos e a criação de uma nova edição a cada dez anos. De acordo com este código, porcas gestantes devem ser organizadas em grupos a partir dos 35 dias de gestação; ficam estabelecidos espaços mínimos por suínos, por tamanho (m2/animal); deve-se fornecer mais de 8 horas de luz/dia para os animais; deve haver um controle da temperatura ambiental; a castração posterior aos 10 dias de idade requer anestesia e analgesia; cortes de cauda e de presas devem ser realizados antes dos 7 dias de idade e marcações auriculares, antes dos 14 dias de idade. www.nfacc/codes-ofpractice Nutrição • A importância da saúde digestiva associada com um bom equilíbrio da microflora é uma condição básica para uma produção rentável. São muitos os promotores de crescimento naturais que podem substituir os antibióticos: ácidos orgânicos, probióticos, prebióticos, enzimas, acidificantes, fitobióticos. Os acidificantes mais empregados são os compostos dos ácidos fórmico, propiônico, acético, cítrico, benzoico e fumárico. A sua inclusão na alimentação dos animais permite reduzir a capacidade tampão, assim como o valor do pH, tanto do alimento como do trato gastrointestinal, criando condições desfavoráveis ​​para os microrganismos patogênicos. Reduzir o pH gástrico aumenta a atividade do pepsinogênio e a passagem da pepsina, o que estimula a liberação de enzimas pancreáticas, melhorando a digestão das proteínas, particularmente nos leitões jovens. Além disso, há menos fermentação de proteínas não digeridas no intestino grosso, coincidindo com uma menor produção de amônia e aminas biogênicas tóxicas.

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A combinação específica de diferentes ácidos orgânicos em dosagens distintas, que resulte em uma sinergia para a obtenção de um pKa elevado, um baixo pH ambiental e um baixo peso molecular, nos fará chegar ao melhor efeito antimicrobiano possível. A sinergia destes ácidos orgânicos com alguns extratos de plantas (fitobióticos), que tenham um espectro antimicrobiano altamente seletivo, surte efeitos interessantes sobre a saúde e a produção (ganho médio diário, consumo médio diário de ração, conversão alimentar). A predominância de uma flora intestinal benéfica é essencial para a estabilidade do sistema imune do intestino. O uso de probióticos, em diferentes estudos realizados tanto com porcas como com leitões, favorece Suínos&Cia | nº 55/2015

esse equilíbrio, demonstrando variáveis ​​de dados produtivos, de acordo com um ou outro trabalho (ganho médio diário, índice de diarreia, pesos). • Os leitões recém-nascidos são deficientes em vitaminas lipo solúveis (A, D e E). Foi realizado um teste com a aplicação, por via injetável, das referidas vitaminas antes do parto, que resultou na redução da duração del (190 minutos, frente a 287 minutos nas porcas-controle), sem que o restante dos parâmetros tenha sido afetado. • Os leitões, ao nascer, têm baixo teor de ferro circulante (40 mg a 50 mg), e as porcas fornecem não mais do que 1 mg/leitão/dia, por meio do leite. As necessidades de ferro, durante a lactação, situam-se ao redor de 67 mg/kg de peso, de modo que ao injetar 200 mg/leitão repõe-se uma quantidade suficiente para suprir cerca de 4 quilos de peso vivo. O ferro (Fe) está na molécula de hemoglobina, nas células vermelhas do sangue, de modo que uma deficiência desse mineral desencadeia um processo de anemia ferropriva, cuja consequência é a redução na capacidade do transporte de nutrientes e de oxigênio por meio das referidas células. Níveis de hemoglobina abaixo de 9 g/dl dão lugar a uma anemia grave (abaixo de 11 g/dl, uma anemia subclínica). Cada 1 g/dl de hemoglobina a mais implica em um aumento no peso médio por leitão da ordem de 1,207 g. Diferentes estudos demonstram que 78% dos leitões desmamados têm anemia subclínica, dos quais 35,6% a têm na forma grave (Hb = 9,5 g/dl, DP = 1,7). Essa constatação agrava-se no caso de leitegadas numerosas. • As agressões entre os suínos em crescimento ocorrem em grande parte ao redor dos pontos de alimentação, sejam para acessá-los ou protegê-los. Como animais onívoros e hierárquicos, dedicam de 15 a 20 minutos por dia para comer, o que faz com que o tamanho do grupo, sua densidade, idade e separação por gênero sejam fatores críticos. Os erros humanos que resultem em jejum excessivo ou prolongado ao longo do tempo, deficiências no abastecimento de água e refeições excessivas durante o dia (> 6) influenciam negativamente no grau de agressões praticadas pelos suínos, nessa fase. Como componentes da ração, as fontes de fibra neutras (polpa de beterraba, farelo de trigo, casca de soja), os amidos facilmente fermentáveis (resíduos de destilagem de cerais ou DDGS, na sigla em inglês) e os níveis elevados de triptofano (dados controversos em percentuais adequados) podem ajudar a reduzir os episódios de agressão entre os suínos durante as fases de crescimento e acabamento. • A ractopamina (Paylean™) foi aprovada como beta-agonista pelo FDA (órgão do Ministério da Agricultura dos EUA), em 1999, e pelo Engain (consultoria ambiental do Reino Unido), em 2013.


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Ela é permitida em 26 países (entre eles, EUA, Canadá, Austrália e Brasil) e proibido em outros 122 (União Europeia, Rússia e China, entre outros). Trata-se de uma molécula que estimula os receptores adrenérgicos do músculo esquelético (B1 e B2) e do tecido adiposo, reduzindo a lipogênese e aumentando a síntese de proteínas, fazendo crescer, assim, o conteúdo de carne magra e diminuindo o de gordura nas carcaças. Atua também sobre o sistema monoaminérgico, aumentando o ruído cardíaco e a atividade dos suínos (seu uso leva a uma maior agressividade entre os suínos, sendo esta mais pronunciada nas fêmeas, possivelmente devido a um aumento nos níveis de adrenalina, noradrenalina e dopamina na urina e à redução nos níveis de serotonina no plasma). Também modifica a microbiota digestiva, por meio do aumento da excreção de enterobactérias, estando associada ainda com um aumento na incidência de doenças do aparelho locomotor. Reprodução • A eficácia na logística da substituição do plantel reprodutivo por marrãs de reposição ajuda a manter o fluxo reprodutivo constante da granja e a minimizar os custos fixos, além de melhorar a eficiência reprodutiva e a longevidade das referidas fêmeas. Portanto, para se manter uma alta pressão de seleção genética, é essencial que se pratique a estimulação adequada da puberdade com base no efeito macho, que se preserve as condições ambientais, que se tenha uma excelente nutrição e uma boa infraestrutura (densidade correta e tamanho do lote), associados a um programa de biossegurança e de vacinação adequadamente implementado e rigorosamente cumprido. O treinamento prévio antes do alojamento em gaiolas e/ ou estações eletrônicas é importante para facilitar a aprendizagem e reduzir o estresse, o qual afeta o consumo e a fertilidade. • Para poder sincronizar as fêmeas de reposição com altrenogest, é prioritário que se tenha detectado previamente aquelas com pelo menos um ciclo estral (cio-puberdade). Entre os dias 5 e 8, posteriores à sincronização nestes casos, mais de 90% das fêmeas têm cios férteis, segundo diferentes estudos. • Quando passamos da monta natural para a inseminação artificial, houve uma redução de 92% no número de cachaços necessários. Agora, passando para a inseminação pós-cervical, esta quantidade reduziu-se à metade, podendo aumentar o índice de seleção entre um número maior de fêmeas (aperfeiçoar o índice de melhoramento em menos gerações, o qual corresponde atualmente a US$ 0,98/suíno abatido).

“O tempo e as circunstâncias mudam tão rapidamente que temos de manter o nosso objetivo constantemente focado no futuro”. - Walt Disney • A principal limitação para a passagem do sistema de produção em bandas semanais para o de bandas de 3 a 4 semanas é o número excessivo de nascimentos. Calcula-se uma perda de 15% na produção quando da passagem de uma para a outra, sem que se disponha de partos suficientes. Os outros gargalos são o treinamento do pessoal na sincronização dos cios, bem como nos protocolos de biossegurança e nos vazios sanitários, tanto na maternidade quanto na creche. A relação pessoal/ tempo de atenção aos partos e desmames, a gestão de doses de sêmen de alta qualidade em um curto espaço de tempo, o aumento nos procedimentos de manejo, a nova curva de alimentação das porcas em lactação, o plano mais preciso de eliminação/substituição de fêmeas em cada banda (sincronização de marrãs suficiente) e o manejo das porcas fora das bandas complementam a lista de dificuldades.

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• O uso de triptorelin, hormônio agonista de GnRH para uso intravaginal (OvuGel™), na sincronização da ovulação em porcas desmamadas em 96 horas após o desmame, leva a resultados semelhantes aos da inseminação cronometrada em 22 a 24 horas (inseminações múltiplas), em cios naturais. O objetivo é inseminar todas as porcas entre 120 e 126 horas após o desmame. Um estudo realizado em seis granjas comerciais, com tamanho médio de 1475 matrizes, revelou um índice de fertilidade muito semelhante ao das fêmeas-controle, além dos dados de nascidos totais, nascidos vivos, natimortos, desmamados vivos e peso no desmame, com uma duração média de gestação ligeiramente inferior. Com esta prática de inseminação artificial em tempo fixo reduz-se o número de doses seminais e as horas de trabalho na detecção de cio e inseminação, podendo haver um agrupamento maior dos partos e da atenção dada a eles, o que favorece - ao mesmo tempo - as medidas de biossegurança nas salas de parto, o manejo de adoções e cessões e a sanidade global. nº 55/2015 | Suínos&Cia


Sumários de Pesquisa

Qual o melhor momento de iniciar a exposição ao cachaço para estimular o estro na lactação?

A

estratégia de desmame precoce foi utilizada para maximizar o número de leitegadas por porca/ano e frequentemente foram obtidos resultados pobres de desempenho pós-desmame. Uma das soluções para este problema poderia ser o desenvolvimento de práticas de manejo alternativas, as quais estendessem a lactação para benefício dos leitões mais leves, sem impedir a produtividade da porca. Isto poderia ser alcançado pelo estímulo da ovulação e da concepção em porcas, no período de 30 dias pós-parição, mantendo a lactação, possibilitando, assim, um aumento da idade de desmame para os leitões. Uma variedade de pesquisas relatou o estro lactacional em porcas, em resposta à exposição ao cachaço, desmame parcelado, aleitamento intermitente e gonadotrofinas exógenas. Recentemente foi demonstrado que a exposição de fêmeas lactantes a um cachaço maduro, separado por uma grade (fence-line exposure, em inglês) e associado com o desmame parcelado, do 18° dia de lactação em diante, é capaz de estimular uma alta proporção de porcas na expressão do cio e da ovulação durante a lactação. O objetivo primário de um estudo conduzido por R. Terry e colaboradores (Livestock Science. Volume 177, Julho, 2015, pp. 181–188) foi determinar o momento ideal nas diferentes etapas da lactação para ser iniciada a prática da exposição física plena ao cachaço, a fim de estimular uma alta proporção de primíparas e multíparas a demonstrarem estro, ovularem e conceberem durante a lactação.

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Método Um total de 38 primíparas (PP) e 80 multíparas (MP) (número de partos 2-6; 3,1 ± 0,18) de genética Large White x Landrace foram alojadas individualmente em parideiras convencionais desde

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uma semana antes da parição até o desmame, no dia 27,5 ± 0,08 pós-parto. O experimento foi delineado como um fatorial 2x4, incorporando os dois grupos de porcas, e a exposição ao cachaço começou a partir de um dos quatro dias pós-parto (dia 10, 14 e 18 de lactação e ao desmame). Os oito tratamentos foram os seguintes: fêmeas PP, com exposição ao cachaço a partir do dia 10 (n=10), dia 14 (n=9), dia 18 (n=9) e desmame (n=10); fêmeas MP, com exposição ao cachaço a partir do dia 10 (n=20), dia 14 (n=20), dia 18 (n=20) e desmame (n=20). De acordo com o tratamento, as fêmeas eram levadas até a zona de detecção do estro, onde ficavam expostas ao cachaço por 20 minutos e eram artificialmente inseminadas quando o cio era observado.

Resultados Foi observado um efeito significativo do período sobre a incidência do estro na lactação. Especificamente, a proporção de porcas que expressou cio na lactação foi menor no período 4 (outono) do que nos outros três (inverno/primavera; 0,15 vs. a 0,51; p<0,01). No período 1-3, uma proporção significativamente maior de porcas MP apresentou cio na lactação em comparação com as PP (0,63 vs. 0,36; p<0,05). A expressão do estro na lactação foi menor nas porcas MP com exposição ao cachaço a partir do 14° dia em comparação com o 18° dia pós-parto (0,38 vs. 0,79, respectivamente, p<0,05), porém foi similar para o 10° e 18° dias de lactação (0,69 vs.0,79, respectivamente, p<0,05). Começar a exposição ao cachaço no 18° dia em lugar do 10° dia pós-parto reduziu significativamente o intervalo entre a exposição ao cachaço até a expressão do estro na lactação (4,5 ±0,8 vs. 7,7 ±0,8 dias, respectivamente, p<0,05). Portanto, a plena exposição física ao cachaço estimulou uma alta proporção de estros na lactação em fêmeas multíparas; porém as fêmeas primíparas foram menos propensas a expressar cio na lactação do que as fêmeas multíparas. Os dados indicaram uma possível variação sazonal na expressão do estro durante a lactação, a qual precisa ser melhor investigada por meio dos anos e das genéticas. Também necessitam ser elucidadas estratégias de manejo para superar esta influência. Os autores concluíram que não parece haver nenhum benefício em iniciar a exposição ao cachaço antes do 18° dia pósparto para estimular o cio na lactação.


Sumários de Pesquisa

É possível prever o desempenho reprodutivo das porcas a partir do número de leitões nascidos vivos no primeiro parto?

E

xiste uma variação relativamente grande no desempenho reprodutivo de porcas, mesmo se elas forem criadas na mesma granja. É necessário uma avaliação do desempenho das fêmeas nas primeiras parições de modo que os produtores, ao realizarem uma tomada de decisão sobre descarte ou retenção de fêmeas, possam predizer quais fêmeas terão uma melhor vida produtiva. Já foi reportado que o número de leitões nascidos vivos (NV) nas parições 1 e 2 é uma das medidas para estimar a vida produtiva da fêmea. Entretanto, um recente estudo dos EUA informou que as porcas que tinham alto número de NV na parição 1 tendem a ter mais NV nas ordens de parto subsequentes em comparação com aquelas com baixo número de NV. Assim, foi levantada a hipótese de que é possível predizer quais porcas terão alta fertilidade utilizando apenas o número de NV da primeira parição. Entretanto, nenhum estudo examinou fêmeas com alto número de NV no primeiro parto para avaliar suas outras medidas de desempenho, incluindo a taxa de parição. Igualmente, não existem relatos sobre a interação entre o número de NV na parição 1 e a idade das leitoas na primeira cobrição versus o desempenho na vida produtiva subsequente, mesmo que estes dois fatores estejam altamente associados com a longevidade da porca. Pesquisas ainda relataram que a idade das leitoas e a estação de cobertura também estão associadas com o número de NV na primeira parição. Apesar de uma pesquisa ter recomendado a primeira cobertura entre 200 e 220 dias de idade para maximizar a rentabilidade da vida produtiva da leitoa, alguns poucos estudos quantificaram a interação entre a idade da leitoa no primeiro acasalamento e a estação do ano ou, ainda, determinaram o melhor ranqueamento de idades das leitoas no primeiro acasalamento numa determinada estação para maximizar o n° de NV na parição 1. Um estudo conduzido por R. Iida e colaboradores (J. Anim. Sci. 2015.93:2501–2508) teve os seguintes objetivos: a) Comparar o desempenho

reprodutivo ao longo das ordens de parto, bem como a vida produtiva em grupos de porcas classificadas pelo número de leitões nascidos vivos (NV) no primeiro parto; b) Examinar os fatores associados a um maior número de NV no primeiro parto.

Método Foram analisados 476.816 registros de dados de parto e 109.373 registros de vida produtiva de porcas de 125 explorações entre 2008 e 2010. As porcas foram categorizadas em 4 grupos, baseados nos 10o, 50o e 90o percentis de nascidos vivos no primeiro parto. Os grupos eram da seguinte forma: 7 leitões ou menos, de 8 a 11, de 12 a 14 e 15 ou mais.

Resultados Em relação ao rendimento reprodutivo ao logo das ordens de parto, as porcas com 15 ou mais NV no primeiro parto tiveram mais 0,5-1,8 NV nos partos posteriores em comparação com os outros 3 grupos (P < 0,05). Além disso, tiveram um aumento de 2,8% a 5,4% na taxa de partos do primeiro até o terceiro parto em comparação com as porcas com 7 ou menos NV (P < 0,05).

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Sumários de Pesquisa

Contudo, para o intervalo desmame-1a cobrição não se observaram diferenças entre os grupos de porcas em nenhuma ordem de parto (P ≥ 0,37). Em relação à vida produtiva, as porcas com 15 ou mais NV no primeiro parto tiveram entre 4,4 e 26,1 mais NV durante a vida produtiva em comparação com as porcas que tiveram 14 ou menos NV (P < 0,05). Além disso, as porcas com 14 ou menos NV no primeiro parto, as que se cobriram pela primeira vez aos 229 dias de idade (percentil 25o) ou antes, tiveram mais 2,9 a 3,3 NV durante a sua vida produtiva do que as que se cobriram pela primeira vez aos 278 dias de idade (percentil 75o) ou após (P < 0,05). Os fatores relacionados com o menor número de NV no primeiro parto foram a cobrição no verão e a idade precoce das primíparas à primeira

cobrição (P < 0,05), mas não a repetição da cobrição (P = 0,34). Também houve uma interação bidirecional entre os grupos segundo o mês de cobrição e a idade à primeira cobrição para o número de NV no primeiro parto (P < 0,05). O número de NV no primeiro parto em porcas cobertas entre julho e dezembro aumentou linearmente em 0,30,4 leitões, enquanto a idade à primeira cobrição aumentou de 200 para os 310 dias de idade (p < 0,05). Contudo, este aumento da idade não teve qualquer efeito significativo sobre o número de NV das porcas cobertas entre janeiro e junho (P ≥ 0,17). Em conclusão, um número elevado de NV no primeiro parto pode servir para prever níveis altos de desempenho reprodutivo e vida produtiva numa porca. Além disso, os dados indicam que o limite máximo de idade para a primeira cobrição entre julho e dezembro deveria ser de 278 dias.

Uso de ocitocina na dose de sêmen para reduzir flutuações sazonais no desempenho reprodutivo de porcas 54

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produção de suínos ainda incorre em grandes perdas por causa das variações sazonais no desempenho reprodutivo das porcas. A sazonalidade da reprodução suína é grandemente dependente do fotoperíodo, temperatura, umidade ou do complexo umidade/temperatura e da disponibilidade de alimento, a qual é relacionada à fisiologia do ancestral das raças suínas modernas, o javali europeu. A estacionalidade continua a ser um dos elementos menos controláveis que afetam a produção, porque a sua importância relativa e a força dos determinantes são subjetivas e mal conhecidas. A obtenção de altos resultados nas modernas explorações suínas é também embasada no uso da inseminação artificial. Estima-se que acima de 50% da população mundial de suínos é inseminada, e este número está aumentando, pois em alguns países europeus essas cifras estão acima de 80%. Entretanto, o reduzido número de espermatozoides na dose inseminante (comparado com a monta natural) pode causar um reduzido número de espermatozoides no reservatório espermático

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ovidutal 24 horas antes da ovulação. Isto é parcialmente associado com o decréscimo de atividade da musculatura uterina, que é responsável pelo transporte de esperma. A perda de espermatozoides no trato reprodutivo da fêmea é principalmente observada pelo refluxo seminal durante a inseminação (30-40%), retenção e morte nas dobras do colo uterino (5-10%) e fagocitose no útero (60%). Desde o diagnóstico anterior do problema de sazonalidade, foram dados muitos passos contra ela ao longo dos anos até hoje. Entre as várias soluções, a aplicação de substâncias proativas (progestágenos, gonadotrofinas, prostaglandina e seus derivados) diretamente no organismo das porcas, ou como um componente da dose de sêmen, tem sido também utilizada. Uma dessas substâncias é a ocitocina. Sua administração nas doses inseminantes foi destinada a melhorar o desempenho reprodutivo, inclusive durante os períodos de infertilidade. Neste estudo conduzido por K. Duzinski e colaboradores (Theriogenology 81 (2014) 780– 786), a ocitocina foi administrada nas doses inseminantes para eliminar as flutuações sazonais no


Sumários de Pesquisa

desempenho reprodutivo de porcas durante o ano e melhorar os parâmetros de leitegada em termos de produção industrial.

Método Um experimento foi realizado durante 2 anos com porcas cruzadas, Large White polonês x Landrace polonês, separadas em dois grupos: 1) controle, inseminação com dose de 100 ml de sêmen sem nenhuma modificação e 2) ocitocina, inseminação com dose de 100 ml de sémen com 5 UI de ocitocina, adicionadas antes da inseminação. Foram realizados um total de 10.486 inseminações e analisados os parâmetros de leitegada e a taxa de partos obtidos, incluindo o efeito da estação. Para cada leitegada, foram definidos os seguintes fatores: o tamanho médio da leitegada, a percentagem de morte fetal e leitões mumificados, o peso médio ao nascer dos leitões e a mortalidade dos leitões, a taxa de fecundidade, o número médio de leitões desmamados, o peso dos leitões desmamados e o ganho diário.

Resultados As porcas apresentaram uma reação positiva ao tratamento experimental. Foi confirmada que a taxa de partos foi estatisticamente superior para o grupo ocitocina no verão e no outono (P ≤ 0,01). Independentemente da estação, o maior tamanho médio da leitegada foi observado no grupo ocitocina, com diferenças mais evidentes no in-

verno e primavera (P ≤ 0,01) e também no verão (P ≤ 0,05). O efeito da ocitocina sobre a percentagem de morte fetal e leitões mumificados não foi confirmado estatisticamente, exceto no inverno. Analisando a taxa de fecundidade, os valores mais altos foram obtidos para o grupo ocitocina em todas as estações (P ≤ 0,01), incluindo a menor diferença entre grupos no inverno (51,43) e a maior diferença no verão (100,61). Foi registado maior peso médio ao nascer dos leitões e peso dos leitões desmamados no grupo ocitocina em todas as estações. Foram observadas diferenças maiores no peso ao nascimento dos leitões entre grupos na primavera (0,22 kg; P ≤ 0,01) e inverno (0,17 kg; P ≤ 0,05) e no peso dos leitões desmamados no inverno e primavera (0,58 kg e 0,52 kg; para ambos, P ≤ 0,01). Os maiores ganhos diários foram observados no inverno (P ≤ 0,05) a favor da ocitocina. Com base nos resultados apresentados, os autores assinalam que o uso de ocitocina nas doses de inseminação melhora a taxa de partos e outros parâmetros do rendimento reprodutivo das porcas. Perante a ausência de efeitos negativos, foi recomendada a adição de ocitocina nas doses de sêmen para a inseminação durante o ano, o que melhora o rendimento produtivo e reduz o problema da estacionalidade na reprodução.

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Recursos Humanos

A torrada queimada

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uando eu ainda era um menino, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite distante, minha mãe colocou um copo com leite e um prato com torradas bastante queimadas para o meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada pedaço. Quando eu deixei à mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por ter queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:

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- Amor, eu adoro torrada queimada. Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele realmente gostava de torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: - Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições, e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor cozinheiro do mundo. O que tenho aprendido ao longo dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, relevando as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. E essa lição serve para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e amigos, companheiros de missão. Conte sempre comigo e desculpeme pelas vezes que deixei a torrada queimar...” Padre Fábio de Melo

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Dicas de Manejo

Ao terminar os três artigos sobre bem-estar animal, distribuídos nas últimas edições, a Suínos & Cia oferece imagens, de forma resumida, dos diferentes indicadores que significam situações de estresses e conforto nos animais de reprodução suína. Confira!

Situações de Estresse

Quando há disputa por alimento, água e espaço físico, pode-se observar presença de lesões de pele e vulva, ocasionados por briga.

58 Por falta de alimentação adequada das fêmeas, de forma individual, pode-se ter como consequência perda de massa muscular.

A genética evoluiu, e muitas granjas investem em material genético, porém as instalações não foram adequadamente adaptadas (gaiola pequena para o tamanho da porca, acarretando traumas, lesões de pele e desconforto).

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Dicas de Manejo

A sarna, como outras doenças, quando presente leva ao desconforto e, consequentemente, à perda de imunidade.

Piso inadequado nas instalações pode ocasionar fraturas de membros, com consequentes artrites e artroses, como também problemas de cascos.

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Controle de pragas e insetos é fundamental. Além de transmitir doenças, eles podem causar picadas e desconforto para os animais.

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Dicas de Manejo

Situações de Conforto

Ambiente limpo e seco, fêmeas tranquilas, bem alimentadas e satisfeitas: consequência de quando há conforto e bem-estar animal.

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Alimentação adequada, a qual permite observar fêmeas satisfeitas e padronizadas quanto à condição corporal.

Investimentos para adequar as instalações aos animais geneticamente melhorados, proporcionando conforto e bem-estar, garantem rápido retorno e contribuirá para a expressão do potencial genético devido à melhora de produtividade.

Suínos&Cia | nº 55/2015


Dicas de Manejo

Praticar controle adequadamente de endo e ecto parasitos é fundamental para promover a saúde e o bem-estar dos animais.

Piso adequado das instalações proporciona conforto e bem-estar aos animais, evitando fraturas e lesões de cascos. Também pode garantir melhora de produtividade.

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Controle de pássaros, pragas e insetos é fundamental. Além de transmitir doenças, eles podem causar picadas e desconforto para os animais.

Fotos cedidas por PigCHAMP, OPP e Consuitec com direitos autorais

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Divirta-se

Encontre as palavras Na Europa, o termo “bem-estar animal” não veio de pesquisadores para expressar um conceito científico. Ao invés disso, originou-se na sociedade para explicar e aplicar as preocupações éticas sobre o tratamento dado aos animais de produção. No diagrama abaixo, vamos encontrar as palavras que são frequentemente utilizadas na suinocultura quando se adota o sistema de produção com bem-estar animal.

Conforto Bem-estar Sistema eletrônico Grupo Hierarquia Submissão Minibox Dosificador Comedouro individual Agrupamento Gaiola Livre acesso 62

Jogo dos 7 erros

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Divirta-se

Teste seus conhecimentos Assinalar, nas sentenças abaixo, verdadeiro (V) ou falso (F) no que se refere a bem-estar animal na suinocultura ( ) São cinco os direitos dos animais: nutrição adequada, saúde, ausência de incômodos físico e térmico, ausência de medo, dor e estresse e capacidade de mostrar a maioria de condutas próprias da espécie. ( ) As gaiolas permitem uma alimentação individualizada, facilitam a supervisão dos animais e evitam as brigas, no entanto, também têm uma série de problemas importantes relacionados com o bem-estar dos animais. ( ) Na Europa existe uma lei que determina a criação de porcas gestantes soltas em grupos: “as porcas e as marrãs deverão ser criadas em grupos, durante o período compreendido entre as quatro semanas seguintes à cobertura e aos sete dias anteriores à data prevista do parto”. ( ) A utilização de pisos antiderrapantes nas baias de gestação é muito importante para evitar a ocorrência de lesões nas patas e cascos das porcas. ( ) O objetivo, na hora de tomar a decisão sobre o sistema de alimentação, é fazer com que cada porca consuma a quantidade de ração adequada, de acordo com o seu peso vivo, o momento da gestação e sua reserva corporal.

Em visita a granjas, pode-se encontrar animais de reprodução com lesões de cascos em diferentes estágios de comprometimento, problemas de articulações (artrite e artrose) e claudicação, levando os animais, consequentemente, à perda de produtividade e aumento de descartes. Assinalar abaixo, qual alternativa inclui as principais causas desse problema:

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( ) Instalações e manejo ( ) Hereditária ( ) Nutrição, manejo, instalações e predisposição genética ( ) Piso úmido e escorregadio ( ) Infecção e deficiência de minerais

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Suinter tem edição histórica Evento consagra-se entre os mais importantes da suinocultura brasileira, com público altamente qualificado, superando as expectativas de organizadores e participantes

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ma atividade dinâmica, a suinocultura viunidade e não o sistema como um todo, destaca a vencia uma série de evoluções para atenmédica-veterinária consultora e presidente do 8° der às demandas do mundo moderno. O Suinter, Maria Nazaré Lisboa. aparecimento de novas tecnologias, a concentraNa abertura do evento, ela ressaltou a imção de mercado em poucos e grandes players e portância da adoção de novas tecnologias no camas crescentes exigências do consumidor por bempo e da agilidade na tomada de decisões. ““Não estar animal e menor impacto ambiental na produse trata mais de algo futuro, as mudanças estão aí, ção levam o setor a uma série de transformações, prontas para serem adotadas. Como não é possíque vêm ocorrendo de forma vel promover grandes mudancada vez mais rápida. Além do dia para a noite em um “Sem dúvida, a prevenção ças destes fatores, vale ressaltar sistema de produção, por ser o trânsito intenso de insué o melhor investimento caro, se trata de um investimos e produtos entre países mento. É preciso analisar as em um sistema de e o surgimento de doenças informações e tomar decisões. produção. Promover emergentes. Este quadro Atualmente, existem muitas saúde é garantir bem leva os profissionais da cainformações, mas pouco se deia produtiva a uma série estar e produtividade” utiliza para decidir o rumo da de questionamentos. Esta produção, principalmente a Maria Nazaré Lisboa, foi a tônica das discussões longo prazo. Sendo também médica-veterinária e presidente que permearam o 8o Suinter muito importante um maior o do 8 Suinter (Simpósio Internacional de entrosamento e parceria enProdução Suína), promovido tre as instituições científicas e pela Consuitec, em Foz do Iguaçu. o segmento de produção o qual permitirá decisões A evolução faz parte de nossa rotina no mais criteriosas, certeiras com mais segurança no mundo globalizado. E, apesar do crescimento do retorno investimento”, explica. sistema de produção, muitas empresas ainda não E, nesta direção, o encontro reuniu lideaplicam o conceito da medicina preventiva “Saúranças da suinocultura para debater com os mais de de População” em seus sistemas de produção. importantes especialistas da suinocultura brasileiSeguem atuando de forma tradicional, visando a ra e de outros países estes desafios impostos pelo

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Suinter

principal lançamento do ano, através da presença do professor da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, David Taylor, o primeiro médico-veterinário a diagnosticar o vírus da PED. Único evento voltado exclusivamente à produção suína do país, o Suinter acontece a cada dois anos e vem crescendo e se fortalecendo por meio de suas bases técnicas e científicas, indicado como um dos melhores eventos técnicos da suinocultura. “A cada edição, a comissão organizadora tem como foco surpreender sempre, de forma inovadora e consistente, seus patrocinadores e participantes”, explica Nazaré, ressaltando que este é um evento técnico que busca os mais modernos conceitos da ciência para sua mercado em áreas como bem-estar animal, saúde aplicação prática, desde os mais simples aos mais animal, nutrição, gestão, genética e vários outros sofisticados sistemas de produção suína. temas, em uma edição histórica do simpósio. Salas sempre cheias durante os debates e público altamente interessaO evento do, levando seus questionaÚnico evento voltado mentos aos palestrantes, foSe o sucesso de um ram a marca deste encontro. evento pode ser medido exclusivamente à os três dias de evenpela qualidade e quantidade produção suína do país, o Durante to, vimos lotar os corredores do público participante e Suinter acontece a cada do Hotel Rafain, que sediou o patrocinadores, esta edição do Suinter passou com louvor. dois anos e vem crescendo Suinter, em conversas animaCom a presença de decisores e se fortalecendo por meio das e intercâmbio de informações entre brasileiros de difedas principais empresas e de suas bases técnicas e rentes regiões e estrangeiros cooperativas do país, o evento científicas, indicado como de países da Europa, além ainda reuniu palestrantes de renome internacional em um dos melhores eventos dos Estados Unidos, Canadá, México, Argentina e Uruguai, debates de elevado nível técnicos da suinocultura entre outros. “Estou orgulhotécnico. sa de ver o crescimento deste Nesta edição, o Suinsimpósio, que foi idealizado com tanta dedicação ter consagrou-se como um dos mais dez anos atrás”, diz Nazaré. importantes do calendário nacio-

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nal, com a participação de 400 pessoas formadoras de opinião. “Superou as expectativas. Realmente surpreendeu a presença de pessoas ligadas à produção, decisores e dirigentes de cooperativas, o que não tem ocorrido com muita frequência em outros eventos”, destacou o gestor de marketing da Farmabase, Everton Gardezan, que reservou o Suinter para fazer seu

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Suinter

Suinter é cenário para lançamento da Farmabase Tendo como convidado especial o microbiologista David Taylor, Farmabase lançou o Hi-BAC®, uma tilmicosina para controle de doenças respiratórias de suínos

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8º Simpósio Internacional de Produção Suína (Suinter), realizado em Foz do Iguaçu, de 9 a 11 de junho, não foi apenas a oportunidade de receber informações privilegiadas de importantes especialistas do Brasil e do mundo, também foi o momento de apresentar soluções a desafios enfrentados pela suinocultura moderna. Tendo como convidado especial um dos mais importantes patologistas da suinocultura mundial, David Taylor, a Farmabase Saúde Animal fez do Suinter a plataforma para lançar o Hi-BAC®, uma tilmicosina 50% para controle de doenças respiratórias de suínos. A presença de Taylor não poderia ser mais oportuna. Ele é médico-veterinário, professor da Universidade de Glasgow, no Reino Unido,e especialista em doenças entéricas do suíno, foi pioneiro em diagnóstico da PED (Diarreia Epidêmica Suína) na Europa e participa com frequência de congressos sobre PED (Diarreia Epidêmica Suína), salmonela e saúde intestinal do suíno.

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Autor do livro “Pig Diseases”, Taylor também publicou 240 artigos, além de capítulos de livros, e atua como consultor para a indústria de suínos e empresas farmacêuticas e de nutrição. Primeiro especialista a isolar o vírus da PED no mundo, uma das mais preocupantes doenças emergentes da atualidade, ele aponta as doenças respiratórias como um desafio tão importante quanto as do trato gastrointestinal. Durante o evento da Farmabase, David Taylor fez uma revisão técnica dos principais aspectos das doenças respiratórias em suínos. Debate Foi com toda essa bagagem de conhecimento que Taylor participou do lançamento do Hi-BAC®. Segundo ele, para o controle dos problemas respiratórios são necessários levar em conta alguns pontos fundamentais. O primeiro deles é o diagnóstico preciso, e o segundo é apresentar um tratamento eficaz, mas que também esteja ao alcance do produtor, no que tange a custos financeiros e acessibilidade. “Os animais morrem por doenças respiratórias de forma rápida. Primeiro precisamos pensar em pessoas capacitadas para diagnosticar e em termos ferramentas adequadas para o diagSuínos&Cia | nº 55/2015

nóstico, aí poderemos discutir programas de prevenção. Essas doenças causam mortalidade e precisam ser repensadas. A partir do momento que se vai discutir controle de doenças respiratórias, é preciso ter planejamento de vacinação. O Brasil tem opções e ferramentas para fazer isso. Para o tratamento, precisamos lançar mão do que há de mais eficiente, caso da tilmicosina”, destaca. Conforme Taylor, o uso de antibióticos continua sendo uma ferramenta eficaz para o controle de doenças respiratórias. Ele enalteceu o lançamento de novos produtos, como o Hi-BAC®, que atendem às necessidades da suinocultura moderna. “Precisamos ter foco em eficiência, em tratamentos que ofereçam respostas rápidas”, justifica. Dada a importância do lançamento do Hi-BAC® e a participação de David Taylor emitindo suas considerações, cerca de 120 pessoas diretamente envolvidas na cadeia suinícola acompanharam a programação promovida pela Farmabase. Fortalecimento O médico-veterinário e diretor comercial da Farmabase, Vitor Franceschini, destaca que o evento promovido pela Farmabase durante o Suinter teve o objetivo de contribuir para a atualização técnica e troca de informações dos participantes, em sua maioria, técnicos do setor e produtores. Mais do que isso, a Farmabase lançou o Hi-BAC®, um antibiótico à base de tilmicosina a 50%. “O objetivo é trazer a tilmicosina para a caixa de ferramentas disponíveis para a sanidade suína”, expõe, ao explicar que o produto é fruto de anos de estudos para avaliar a eficácia e a melhor estratégia de administração. Conforme Franceschini, o Hi-BAC® é um produto de alta absorção e tem a característica de boa distribuição entre os tecidos respiratórios dos suínos. Com amplo espectro de ação e ampla distribuição, ele usa o sistema de defesa do animal para se transportar e agir, atuando, assim, em conjunto com o sistema de defesa do suíno. “Tornar acessíveis produtos de eficácia comprovada, levando a uma melhor competitividade no campo, faz parte da missão da Farmabase”, completa o executivo.


Suinter

Ele lembrou, ainda, que o Suinter foi escolhido para o lançamento por conta da época do ano em que acontece, em junho, tendo em vista que é no inverno que aumenta a incidência de doenças respiratórias dentro das granjas. Para o coordenador de marketing da Farmabase,Everton Gardezan, o evento realizado pela empresa,paralelo ao Suinter, superou todas as expectativas. Ele avalia que a qualidade de público surpreendeu, tendo em vista que atraiu técnicos, pesquisadores, produtores e pessoal que realmente trabalha com produção de suínos. Gardezan pontua que a repercussão foi muito boa, e o lançamento do Hi-BAC® consolidou a convicção para quem já usa tilmicosina, que passa a ter uma opção a um custo mais acessível e competitivo. Já quem não usava, ganhou mais uma opção de ferramenta no controle de doenças respiratórias dos suínos. “Com este lançamento, a Farmabase amplia sua caixa de ferramentas e soluções para aves e suínos do mercado. Eficiência com baixo custo O ‎coordenador técnico de suínos da Farmabase Saúde Animal, GladisonCarioni,apresentou o Hi-BAC®, abordando os principais aspectos do produto enquanto uma ferramenta indispensável no controle de doenças respiratórias. Ele citou que, entre os diferenciais do Hi-BAC®, estão: 1. Alta predileção pelo tecido respiratório; 2. Alta capacidade de penetração em células bacterianas; 3. Atuação em conjunto com células de defesa; 4. Ausência de restrições de uso em mercados importadores. Carioni lembrou que a tilmicosina não é uma molécula nova, contudo, a sua aplicação como ferramenta de rotina no controle de doenças respiratórias ainda era pouco utilizada, principalmente por apresentar alto custo. Seu uso limitava-se para tratamento em casos graves e emergenciais. O Hi-BAC® vem para mudar esse quadro, colocando no mercado um produto eficiente e acessível à cadeia.“Com este lançamento, a Farmabase torna a tilmicosina, de fato, disponível e acessível para aqueles responsáveis pela sanidade do plantel”, ressalta Carioni.

A Farmabase Vitor Franceschini ressalta que, em junho, a Farmabase celebrou 21 anos de história, e uma das melhores maneiras para celebrar a data foi tornando acessível para a suinocultura uma ferramenta importante como o Hi-BAC®. “A empresa sempre preocupou-se em tomar decisões com base no que é certo, e não mais fácil. Ela foi, por exemplo, a primeira empresa da história a adotar, em 1997, o envio de laudos de análise para 100% de seus clientes com produtos testados. Todas as matérias-primas que entram na Farmabase são analisadas antes de serem liberadas e 100% dos lotes de produtos produzidos são novamente analisados e só liberamos para a venda depois de analisado o teor de cada lote”, informa.

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Segundo o diretor comercial, outro fator que marcou a história da Farmabase foi ser o primeiro laboratório farmacêutico veterinário no país a ter, de fato, certificação para BPF (Boas Práticas de Fabricação). “Ao longo da história, a Farmabase sempre procurou oferecer variedade, produtos de alta qualidade e competitividade, além de garantir um alimento mais saudável na mesa do consumidor ”, ressalta. Franceschini justifica que muitas empresas não podem ficar restritas a poucas moléculas,pois exportam para a Rússia, Europa e outros países que têm muitas exigências com relação ao uso de alguns princípios ativos. Com relação aos planos da Farmabase para o Brasil, o diretor comercial ressalta que, apesar da crise, a empresa inaugurou em junho um centro de distribuição em Maringá, no Paraná, para atender com maior velocidade e eficiência os clientes. Assim, as granjas não precisam fazer grandes estoques. A Farmabase já tem um centro de distribuição em Fortaleza (CE). nº 55/2015 | Suínos&Cia


Suinter

Zoetis divulga linha de produtos Evento aproxima empresa do público e evidencia soluções estratégicas

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onsagrado como o mais importante evento de produção de suínos, o Suinter apresenta os principais desafios e oportunidades da suinocultura, mas também soluções em todos os setores, desde instalação, manejo e sanidade até nutrição, reprodução, bem-estar e gestão. Ou seja, o cenário perfeito para quem tem soluções a apresentar ao produtor e técnicos especialistas. E neste contexto, a Zoetis participou do 8º Suinter, apresentando suas linhas de vacinas e antimicrobianos. De acordo com o gerente de Biológicos da Unidade de Negócios de Suínos da Zoetis, Flávio Hirose, o evento tem o diferencial de possibilitar apresentar as soluções sanitárias a um público especializado e focado em suinocultura. Ele comenta que a Zoetis levou ao Suinter parte da sua linha de vacinas até a linha de antimicrobianos injetáveis necessários no dia a dia da granja. Ele mencionou que tratam-se de produtos que se complementam e proporcionam melhor saúde respiratória ao leitão, sendo um grande diferencial para quem pensa em prevenção e rápido controle.

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Hirose expõe que foi levada ao Suinter a FluSure Pandemic, única vacina disponível no Brasil contra Influenza. Outra exclusividade evidenciada no evento foi o Draxxin, único antibiótico do mercado brasileiro para suínos que tem 15 dias de período de ação. Ele citou como principais características do produto a presença de partículas mais homogêneas, bem como uma suspensão de melhor qualidade. “Com isso, você tem um produto com melhor atuação e absorção. O produtor tem de ter um projeto de sanidade para a granja e aplicar os produtos corretos para ter êxito. É necessário um programa sanitário para trabalhar dentro de um projeto de sanidade desejável. Mantendo uma boa qualidade sanitária, você contribui com uma redução de custo e melhor qualidade de animal produzido, além de melhor produtividade”, analisa. Relacionamento Para Hirose, mais do que divulgar suas linhas de produto, o Suinter é uma oportunidade ímpar para manter contato com técnicos, produtores e responsáveis de granjas. “É um público difícil de contactar no dia a dia, e o Suinter permite um relacionamento com todos estes segmentos de forma bem direta”, evidencia. Segundo Hirose, participar de eventos como o Suinter dá visibilidade à Zoetis e seus produtos e aproxima os profissionais da empresa de seus clientes. “O que a Zoetis faz em prol da suinocultura não se resume a produtos e inovações, mas sim em ações efetivas. O Suinter contribui para a divulgação de informações para o mercado e o meio técnico. Quanto melhor estiver o mercado em termos de produção e técnicas, melhor para nós”, conclui.

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Suinter está alinhado à proposta de valor da Agroceres Multimix

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gerente nacional de suinocultura da Agroceres Multimix, Edmo Carvalho, apresenta vários motivos que levaram a empresa a participar da 8ª edição do Suinter. Sem medo de errar, ele destaca que um deles é o que a Dra. Nazaré Lisboa e a Consuitec representam para a suinocultura. “Outra razão é que este simpósio está alinhado com a nossa proposta de valor, pois aborda muito mais do que nutrição, resultados zootécnicos e a consequente lucratividade, que depende de muitos fatores, como genética, infraestrutura, mão de obra, ambiência, entre outros”, detalha Carvalho. De acordo com Edmo Carvalho, o trabalho da Consuitec está alinhado à proposta de valor da Agroceres Multimix, por isso, a empresa levou ao evento representantes da equipe para atualização técnica e troca de experiências, além de manter contatos com clientes e parceiros, o que considera de suma importância para a empresa. “O foco é ajudar o cliente a ter rentabilidade. A Agroceres Multimix tem se posicionado como uma empresa que vem fortalecendo e capacitando toda a equipe para trabalhar com os diversos fatores que proporcionam melhor rentabilidade na suinocultura”, enfatiza Carvalho. “Muito mais do que nutrição, a base do nosso trabalho é oferecer ao cliente soluções para que ele tenha a melhor lucratividade, com vários fatores: genética, infraestrutura, entre outros”, finaliza.

Big Dutchman aposta na divulgação da gestação coletiva

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m evento como o Suinter só poderia atingir as expectativas da Big Dutchman, que busca estar perto de público qualificado e decisores de empresas para mostrar a qualidade dos seus produtos. Segundo o gerente nacional de suinocultura da Big Dutchman, Vilceu Almeida de Oliveira, no Suinter é possível encontrar informações e debates sobre novas tecnologias para o bem-estar animal, como o uso de gestação coletiva e a alimentação líquida. “Hoje em dia, a busca é por redução de custo com a alimentação, e a discussão de alternativas entre técnicos é salutar”, ressalta. Entre os destaques apresentados pela Big Dutchman no Suinter estão o Callmatic 2. Oliveira

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expõe que normalmente cada matriz vive em uma gaiola, sendo necessário fazer controle de peso durante a gestação. Na gestação coletiva, o controle é feito por meio de um chip implantado na orelha da matriz. Um software lê informações individuais da matriz, que controla a quantidade de alimento consumido para que o animal mantenha uma cota diária. O gerente ressalta que na gestação coletiva é possível fazer maior controle da matriz, evitando repetições de comportamento e agressividade, que poderiam ser transferidos depois para os leitões. “Se a matriz estiver calma, transfere a tranquilidade para os leitões, que ficam mais dóceis no manejo. Recupera peso mais rápido, melhorando a ajuda no período de maternidade. A grande vantagem é não perder números em relação à gaiola. Hoje, o investimento em gestação coletiva reduz a mão de obra a médio e longo prazos e melhora o controle de informações e a regularidade do manejo. A Big Dutchman é a única empresa no Brasil que pode ofertar produtos, desde não tecnológicos até a mais alta tecnologia. O Suinter foi muito bom, está evoluindo a cada ano e queremos estar juntos porque encontramos neste evento a oportunidade de apresentar nossas soluções tecnológicas”, conclui Vilceu de Oliveira. nº 55/2015 | Suínos&Cia


Suinter

Choice Genetics debate tendências da genética suína com participantes

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ontribuir para a realização de um evento de elevado nível técnico e, consequentemente, maior capacitação profissional no setor foi o que levou a Choice Genetics a participar da 8ª edição do Suinter. A empresa aproveitou o momento para rever profissionais do segmento e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes, de acordo com o diretor da Choice Genetics Brasil, Yves Naveau. “O Suinter é um evento altamente técnico, mas que aborda cada tema de forma muito prática. Como destina-se a suinocultores e profissionais dedicados à produção, sem dúvida, é importante para trazer os últimos conhecimentos técnicos da área. Também aproveitamos a oportunidade para

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participar de debates com importantes profissionais envolvidos na produção de suínos”, diz o executivo. Yves defendeu a importância de promover um debate sobre qual direção devem seguir as evoluções da suinocultura mundial “A produção de suínos tem evoluído muito nos últimos anos, com empresas e organizações se estruturando e se consolidando. E, neste cenário, é fundamental parar para refletir e analisar as evoluções globais na produção de carne suína para definir sua própria estratégia de produção dentro do atual cenário global”. Ele explica que diante de tantas transformações que a suinocultura tem vivido nos últimos anos, o aumento de prolificidade, peso dos animais de abate e conversão alimentar e a redução do custo de produção devem se manter entre as prioridades na produção de carne suína, aposta Yves. Ele acredita também na forte tendência de aumento de preocupações sociais na produção “Nos próximos anos, devemos ver maior preocupação com a sanidade e a restrição do uso de antibióticos nessa dinâmica atividade, mesmo que isso represente um aumento nos custos de produção”.

De Heus apresenta soluções estratégicas

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De Heus encontrou no Suinter uma importante oportunidade de estar mais próxima do centro produtivo, que é o oeste do Paraná. Segundo o gerente de negócios de suínos da empresa, Luiz Silveira, o objetivo é participar de um evento que acontece em uma importante região produtora de suínos e que está se desenvolvendo bastante. “O Suinter tem um público altamente qualificado, formado por técnicos, produtores e a agroindústria”, avalia. Assim, o evento vai ao encontro dos objetivos de focar em uma melhor solução econômica do negócio do cliente. “Disponibilizamos ferramentas para auxiliar o produtor na tomada de decisão com a melhor análise do seu negócio. É um trabalho da nossa equipe, em conjunto com o produtor, que estava no Suinter. Ajudamos a avaliar parâmetros

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na área financeira e estamos reforçando isso com uma equipe preparada para levar ao produtor a melhor informação e orientá-lo cada vez mais na tomada de decisões”, arremata. No Suinter, a De Heus apresentou o software Pig Money de formulação para melhor valorização dos ingredientes, bem como cenários econômicos para a tomada de decisão, ajudando o produtor a analisar situações de venda de animais mais pesados ou mais leves e também de controle de custos. Para o diretor-presidente da De Heus no Brasil, Hermanus Wigman, o produto apresentado é uma forma de ajudar o produtor em um cenário de incertezas políticas e econômicas. “Simulamos cenários e resultados de acordo com a decisão tomada por ele, afinal, é importante saber se é interessante investir mais em determinada fase”, diz. Segundo Hermanus, o Suinter possibilita a empresa estar mais próxima de seu cliente. A empresa, que já cresceu mais de 50% nos últimos três anos, quer crescer pelo menos mais 16% ainda neste ano na área de suínos. Para isso, diz o diretor-presidente, é importante aproveitar oportunidades como o Suinter para apresentar soluções e conhecer mais os clientes.


Suinter

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Topigs Norsvin busca aproximação com o cliente

articipar do Suinter tem motivo especial para a Topigs Norsvin. Conforme o gerente comercial e de marketing, Adauto Canedo, o evento é a oportunidade de revisar e ampliar conhecimento, trocar experiências e buscar informação sobre a suinocultura no Brasil e no mundo. Além disso, ele cita que o evento vai ao encontro de um dos atuais objetivos da Topigs Norsvin, que é o de estar mais perto dos seus clientes. “Em 2015, a Topigs Norsvin completa 20 anos de atuação no Brasil e, por isso, é de fundamental importância participar dos principais eventos especializados em suinocultura, e o Suinter nos dá essa visibilidade que buscamos”, pontua Canedo. O Suinter também foi a oportunidade da Topigs Norsvin reforçar o convite a clientes e amigos para participar do Brasil Pork Event, que foi realizado posteriormente, em 26 e 27 de agosto, em Curitiba (PR). “O Suinter já fez parte da preparação para esse que foi a principal atividade da Topigs Norsvin em seu aniversário de atuação no Brasil”, concluiu.

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MCassab Tecnologia Animal agora é Saúde Animal

ode ser apenas uma mudança de nomenclatura, mas a MCassab escolheu o 8º Suinter para divulgar que a Divisão de Tecnologia Animal agora chama-se Divisão de Saúde Animal. “Para a MCassab, é importante passar ao mercado a nova visão, bem como vincular produtos a consultores de renome, como a Dra. Nazaré Lisboa”, enfatiza o gerente de Unidade de Negócios da Divisão de Saúde Animal da MCassab, Ricardo Suzaki. No evento, a empresa apresentou três linhas de melhoradores de desempenho, antimicrobianos e ácidos orgânicos da Kiotechagile aproveitou a oportunidade para reforçar conceitosem soluções para sanidade animal. A MCassab ressaltou o conceito PAC (Princípio Ativo Cassab) e o conceito PPS (Programa Plantel Sadio). “Nosso objetivo é fornecer soluções em sanidade animal e garantir que a conversão de esforço e tecnologia em lucro seja efetiva. No Suinter, a MCassab pode reforçar sua visão mais técnica”, declara Suzaki. Suzaki também explica que a mudança de nomenclatura do departamento da MCassab apresenta detalhes sutis, mas importantes. Segundo ele, muda principalmente o foco e a profundidade. “Temos especialistas em dois atendimentos especializados, que são saúde e nutrição. O

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mercado está caminhando nesta direção. Trata-se de uma resposta a um mercado cada vez mais exigente”, expõe, citando que dois produtos foram apresentados no Suinter, das linhas Perfect e Phorce. O primeiro deles é o Tiamupac - uma tiamulina que tem conquistado boa participação em mercados importantes, como Minas Gerais e Santa Catarina. O segundo é da Linha Kiotechagil, que envolve a parceria com a Kiotechagil, visando a apresentar outras soluções em ácidos orgânicos. Ricardo Suzaki explica que na Europa e Estados Unidos, que são mercados consumidores que têm retirado os melhoradores de crescimento, os ácidos orgânicos se tornam uma alternativa atraente, por isso a MCassab intensificou a parceria na linha de ácidos orgânicos. “A MCassab visa a fornecer produtos para que produtores brasileiros conquistem a posição de liderança no fornecimento de proteínas no mercado global. Assim, o Suinter foi importante para manter contato com clientes e divulgar novos conceitos. Participar de eventos como este tem um caráter mais técnico e aproxima a empresa dos clientes”, finaliza Modesto Moreira, diretor da Divisão de Saúde Animal da MCassab. nº 55/2015 | Suínos&Cia


Suinter

Sauvet divulga antibiótico solúvel em água de bebida

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m dos principais objetivos da Sauvet em participar do Suinter é estar cada vez mais próximo de clientes e parceiros. “Trata-se de um evento importante no calendário. É uma oportunidade de fazer vários lançamentos, apresentar nosso portfólio e consolidar a parceria”, enfatiza o gerente de Vendas da Sauvet Saúde Animal, Bruno Veiga. Ele também destaca a programação técnica, considerada de alta qualidade técnica, reunindo palestrantes de renome internacional. “O balanço é positivo, pois o evento reuniu um bom número de participantes de várias partes do Brasil”, cita, ao lembrar que a Sauvet vem crescendo na suinocultura com uma linha de antibióticos, como melhoradores de desempenho, oferecendo produtos exclusivos, e também inovações para o mercado. Veiga lembra que a empresa é 100% nacional e abrange todo o Brasil, atuando no setor de aves e suínos. No Suinter foi divulgado o Florfenimax 40PS, Florfenicol 40% para uso na água e na ração, com altas solubilidade e concentração. De acordo com Bruno Veiga, trata-se de uma concentração inovadora, que só a Sauvet tem para uso via água de bebida. “É um antimicrobiano com a vantagem de ser um antibiótico em pó solúvel de amplo espectro de ação, especialmente para infecções respiratórias em suínos. O produto faz efeito pouco tempo após o consumo, com ação rápida sobre a bactéria,e trata todo lote de forma rápida, reduzindo a mortalidade e a refugagem, além de melhorar o status sanitário do plantel. Rapidez é o benefício mais importante”, conclui.

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Aconteceu

Vetanco oferece palestra sobre micotoxinas com dois grandes nomes da suinocultura mundial

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proveitando a grande presença de clientes no VIII Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e VI Brasil Sul Pig Fair, a Vetanco do Bra-

sil realizou um evento com foco em micotoxinas, coordenado pelo gerente técnico e comercial de suinocultura, o médico-veterinário Leônidas Honorato, e sua equipe. O evento aconteceu em 12 de agosto, às 17h30, na sala Ely Camargo, do Centro de Cultura e Eventos de Chapecó, local onde realizou-se o SBSS 2015, e consistiu em duas palestras com grandes nomes da suinocultura. No primeiro momento, houve a palestra da Dra. Nazaré Lisboa (Consuitec), que fez uma explanação de 30 minutos sobre os resultados de campo em um experimento conduzido por ela, em uma granja de suínos, com o Inativador de Micotoxinas Detoxa Plus da Vetanco. Sua palestra foi nomeada “Caso clínico de micotoxicose suína: histórico, sinais clínicos, perdas econômicas, diagnóstico, tratamento e resultados”. No segundo momento, os participantes ouviram uma palestra técnica com o desenvolvedor e

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inventor do Detoxa Plus, Dr. Bata, professor emérito da Universidade de Budapest, que teve como tema “Aplicação da bioquímica e da biotecnologia no controle das micotoxinas”. A palestra contou com a tradução simultânea do gerente técnico da Vetanco Brasil, o médico-veterinário Marcelo Dalmagro. A equipe da Vetanco agradece a presença das mais de 135 pessoas presentes no evento. Ao final, foi aberto espaço para perguntas,que foram respondidas pelos palestrantes. Dois prêmios também foram sorteados aos presentes, 1 TV LED 42″ FULL HD Smart Mobile Link LG e 1 Kindle – Paperwhite. A Vetanco coloca toda a sua equipe à disposição para eventuais dúvidas ou questões sobre micotoxinas. O Inativador de Micotoxinas Detoxa Plus é fruto de mais de 30 anos de pesquisa na Hungria e se posiciona no mercado como uma opção segura e eficaz no controle de micotoxinas.

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Inovações

Suplementação alimentar suína Seja por fase ou individual, hoje ela é absolutamente necessária, e pesquisas mostram cada vez mais resultados positivos com o uso de determinados nutrientes que antes não eram cogitados ou eram antieconômicos O zootecnista André Viana C. Costa e a médica-veterinária Izabel Regina da Silva Muniz, ambos da Poli-Nutri Alimentos S.A., falam sobre o lançamento de uma linha de produtos destinados à reprodução e suas inovações e também comentam sobre genética e os programas nutricionais para fêmeas.

Izabel Regina da Silva Muniz Médica-veterinária pela UEL, com MBA em Gestão de Negócios pela Metrocamp, e gerente nacional de suinocultura da Poli-Nutri Alimentos S.A

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A genética evolui a cada dia, contribuindo para o aumento de leitões nascidos. Sem dúvida, a nutrição acompanha essa evolução. Pela sua experiência na área, como a nutrição pode atender à demanda dessas matrizes com tamanha capacidade de prolificidade? Faz-se necessário toda uma revisão e mudança nos conceitos que conhecemos. Essa evolução da genética propiciou uma gama de novos experimentos em diferentes áreas e a interação entre elas, como biotecnologia da reprodução, programação fetal, endocrinologia, comportamento e, claro, nutrição. O que mudou na nutrição de fêmeas hiperprolíficas atualmente, quando comparada com a de há alguns anos? O nutricionista precisa considerar hoje não só o resultado de curto prazo, mas pensar na longevidade da fêmea de maneira que ela atinja o máximo potencial de produção com ótima condição Suínos&Cia | nº 55/2015

André Viana C. Costa Zootecnista pela UFRJ, com mestrado e doutorado em Zootecnia pela UFV e MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV-UCI, e gerente de formulação e nutrição da Poli-Nutri Alimentos S.A

física e reprodutiva para se manter no plantel por três anos. Isso implica em acompanhar melhor o desenvolvimento das leitoas com programas nutricionais e manejo nutricional mais especializado. Em uma segunda etapa citaria o desenvolvimento de programas nutricionais para que as leitegadas tenham ótimo peso e uniformidade. Suplementar é o melhor caminho? O melhor caminho é uma nutrição de precisão individualizada. A suplementação, seja ela por fase ou individual, hoje é absolutamente necessária. As pesquisas mostram cada vez mais resultados positivos com o uso de determinados nutrientes que antes não cogitávamos ou eram antieconômicos. Existem hoje várias ferramentas que nos ajudam a atingir o potencial genético do suíno, entre elas, minerais orgânicos, níveis diferenciados de vitaminas, aminoácidos e outros suplementos como arginina, carnitina, cromo, biotina, entre outros.


Inovações

Qual a diferença de um programa alimentar na fase préreprodutiva com ração flushing em comparação com a ração na lactação? O moderno conceito de flushing presume não apenas o aumento da ingestão de energia pelas porcas para estimular a ovulação, mas que esta energia seja oriunda de carboidratos de elevado poder glicêmico. Com o aumento da glicemia, ocorrerá aumento da insulina plasmática que desencadeará uma série de respostas fisiológicas, incluindo maior ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário e maiores picos de LH e FSH, ocasionando, assim, uma ovulação mais numerosa e de melhor qualidade. A ração de lactação não possui fontes de carboidratos de elevado poder glicêmico e, por isso, não alcança os mesmos resultados de melhoria da ovulação obtidos com uma ração de flushing específica. Quais os benefícios que podem ser mensurados quando se alimenta fêmeas de hiperprolificidade com um programa nutricional adequado em cada fase? Os parâmetros de avaliação utilizados atualmente são mais precisos e criteriosos e nos possibilitam avaliar custo/benefício em cada investimento. Conhecer o consumo real de cada fase é imprescindível para sabermos o custo da operação, e as avaliações sempre giram em torno de kg de ração/leitão desmamado, CA de fêmea desmamada ekg de ração/fêmea/ano. O produtor que tem estas informações consegue avaliar o retorno do investimento em uma nutrição mais especializada. Preservar a saúde de fêmeas de alta prolificidadeno plantel é fundamental para que se cumpra a esperada taxa de retenção. Como traduzir custo e investimento nutricional nesse importante processo? Os levantamentos mostram que até 30% das fêmeas não chegam ao terceiro parto, e essa é uma conta cara para o produtor. A fêmea precisa produzir de 3 a 4 leitegadas para pagar seu custo de reposição, e a nutrição é fundamental para atingirmos este patamar. Não só pelo descarte em si, mas pela desorganização da idade do plantel que gera uma produção desuniforme. Mantendo

o histograma de partos de maneira adequada teremos as fêmeas chegando ao pico de produção. Este é um benefício direto. Indiretamente teremos a progênie com melhor status imunitário, mais uniforme, e menor mortalidade. Você poderia fazer um resumo do lançamento dessa linha de produtos destinados à reprodução e sua finalidade? O Poli-Cromo-Carnitina é um suplemento que contém L-Carnitina e Cromo orgânico. A L-Carnitina é um aminoácido que atua no transporte de ácidos graxos pela membrana mitocondrial e está diretamente associada ao aumento do número e qualidade de leitões totais e leitões nascidos vivos. Já o Cromo orgânico é um mineral atuante no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, além de ser reconhecido como potencializador da insulina e de seus consequentes efeitos no organismo. Estes dois ingredientes, juntos, têm o efeito potencializado. O Super Trato Flushing é uma ração peletizada, desenvolvida especialmente para fêmeas suínas nos 14 dias que antecedem a primeira cobertura e para o intervalo desmame-cobertura, que tem como função elevar rapidamente a glicose e a insulina plasmática e, consequentemente, estimular os hormônios folículo (FSH) e luteinizante (LH). Os principais objetivos são elevar a quantidade e a qualidade dos oócitos em tamanho e uniformidade e melhorar a taxa de fertilidade e o número de leitões nascidos vivos. Já o Programa Nutri-Matrizes é uma família de núcleos completos quetraz avançadas soluções para fêmeas hiperprolíficas em situações extremas, nas quais a nutrição científica e de qualidade propiciará respostas às altas exigências de energia, aminoácidos e reposição de minerais. São três produtos específicos: R – Nutri-Matrizes Reposição; G – Nutri-Matrizes Gestação e L – Nutri-Matrizes Lactação.

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Inovações

Água: um recurso gerenciável Promover um bom gerenciamento da água na produção de suínos é requisito imprescindível para a produtividade do rebanho e a lucratividade Gustavo F. R. Lima Especialista em crescimento e validação de produtos da Agroceres PIC

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água é um elemento fundamental à produção suinícola e precisa estar disponível, não só com qualidade, mas também em quantidade suficiente. Em uma atividade de grande demanda de recursos hídricos como a suinocultura, promover sua gestão e conhecer a qualidade e a quantidade necessárias à granja é condição essencial para a competitividade do negócio. Nesse contexto, diferentes aspectos do manejo hídrico na granja devem ser observados e conduzidos de forma criteriosa. Fatores como as exigências fisiológicas dos animais e as condições ambientais e de manejo, aliadas à estrutura física da granja e aos equipamentos utilizados, têm influência direta na ingestão da água. A não observância de cada um deles pode restringir seu consumo, diminuindo o desempenho zootécnico dos animais. Diretrizes para o fornecimento de água

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diretrizes da Agroceres PIC para o fornecimento de água para os suínos em diferentes fases. Suínos mais jovens têm padrões de ingestão de água diferentes dos mais velhos; 85% da ingestão dos leitões abaixo de 40 kg, por exemplo, ocorre 10 minutos após a alimentação, sendo que esse comportamento é expressado por 75% dos animais quando estão mais pesados. Para suínos em terminação, com sistema de chupetas, o consumo é maior entre 15h e 19h, sendo observados pequenos picos entre 5h e 11h. Condições ambientais e bebedouros A diminuição de 20% a 30% na umidade relativa do ar pode ocasionar um aumento de 3% a 4% na ingestão de água, e esse incremento pode ser potencializado pelo comportamento de consumo, resultando em um aumento expressivo da competição na baia. Da mesma forma, as variações de temperatura ocasionam mudanças tanto na quantidade quanto no comportamento de consumo de água (Gráfico 1).

De maneira geral, o consumo diário de água pelos suínos em crescimento é de 10% de seu peso vivo (Barcellos & Linhares, 2012). Os suínos são capazes Gráfico 1 – Padrões de consumo por baia ao longo do dia em de obter água de três formas: diferentes estações do ano 76% pela sua ingestão, 13% pela oxidação metabólica e 11% por meio do consumo de ração. Da água obtida, somente 14% são utilizados para o crescimento, sendo 29% perdidos por meio da urina e 28% por meio das fezes. O restante é eliminado pela respiração e pele. A idade do suíno, seu peso e sua categoria (macho castrado/inteiro ou fêmea), as estações do ano, entre outros parâmetros, determinam o nível de ingestão de água. O consumo aumenta linearmente, em função do peso vivo do suíno, podendo a demanda de Fonte: água aumentar em 4%, quando se eleva o peso de Fatores como a vazão da água, altura da chuabate de 115 kg para 140 kg. Na tabela 1, estão as peta ou taça e ângulo entre a chupeta e o animal no momento da ingestão impactam diretamente na Tabela 1 – Diretrizes da Agroceres PIC para o fornecimento de água quantidade de água consumida, assim como o seu para suínos em diferentes fases desperdício. Recomenda-se a utilização de um bebedouro para 10 animais, sendo que a escolha do tipo do equipamento (chupeta ou taça) deve ser determinada a partir das características de cada sistema de produção. Também é importante que o fornecimento de água seja feito em bebedouros com vazão adequada à idade de cada animal. O Guia de Crescimento Agroceres PIC trata de aspectos do uso da água e pode fornecer mais informações sobre seu correto manejo. Fonte: Guia de Crescimento Agroceres PIC

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Assinalar, nas sentenças abaixo, verdadeiro (V) ou falso (F) no que se refere a bem-estar animal na suinocultura (

V

(

gaiolas permitem uma alimentação individualiV ) As zada, facilitam a supervisão dos animais e evitam

) São cinco os direitos dos animais: nutrição adequada, saúde, ausência de incômodos físico e térmico, ausência de medo, dor e estresse e capacidade de mostrar a maioria de condutas próprias da espécie.

as brigas, no entanto, também têm uma série de problemas importantes relacionados com o bemestar dos animais.

(

Europa existe uma lei que determina a criação V ) Na de porcas gestantes soltas em grupos: “as porcas e

as marrãs deverão ser criadas em grupos, durante o período compreendido entre as quatro semanas seguintes à cobertura e aos sete dias anteriores à data prevista do parto”.

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(

Jogo dos 7 erros

utilização de pisos antiderrapantes nas baias de V ) Agestação é muito importante para evitar a ocorrência de lesões nas patas e cascos das porcas.

(

objetivo, na hora de tomar a decisão sobre o sisV ) Otema de alimentação, é fazer com que cada porca

consuma a quantidade de ração adequada, de acordo com o seu peso vivo, o momento da gestação e sua reserva corporal.

Em visita a granjas, pode-se encontrar animais de reprodução com lesões de cascos em diferentes estágios de comprometimento, problemas de articulações (artrite e artrose) e claudicação, levando os animais, consequentemente, à perda de produtividade e aumento de descartes. Assinalar abaixo, qual alternativa inclui as principais causas desse problema: (

) Instalações e manejo

(

) Hereditária

(

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manejo, instalações e predisposição X ) Nutrição, genética

(

) Piso úmido e escorregadio

(

) Infecção e deficiência de minerais




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