Edicao 53

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Sanidade

Porcas acometidas por doença puerperal acompanhada por descarga vulvar que persistiu por mais de seis dias, apesar de receberem tratamento, apresentaram um efeito adverso nas taxas de concepção (-3,5%) e de parição (- 9,2%) subsequentes, em todas as ordens de parto, independentemente do intervalo desmame-cio, quando comparadas com fêmeas com descarga de menor duração [27]. Também neste estudo ocorreu uma redução no tamanho da leitegada, mas apenas nas porcas primíparas. Os autores sugeriram que o útero menos maduro de fêmeas jovens talvez requeira mais tempo para se recuperar da infecção, em comparação com porcas mais velhas. Um estudo envolvendo 3.976 matrizes em dois rebanhos [12] observou que porcas sem doença puerperal na parição anterior tiveram menor frequência de falha de concepção (12,4% e 16,1%), comparado com porcas com doença puerperal (15,8% e 21,6%). Com relação ao tamanho da leitegada, as porcas que passaram por doença puerperal na parição anterior tiveram menos leitões nascidos vivos, em comparação com porcas saudáveis (-0,36 leitões). Um índice de leitões nascidos (associando taxa de concepção e nascidos vivos) apresentou uma diferença de +67 e +78 nascidos vivos em benefício das porcas saudáveis. A ordem de parto marcadamente influencia o nível de produção das porcas que possuem um histórico de doença puerperal e descarga vulvar [24]. No estudo observacional realizado na França [13], nos sete rebanhos investigados, os extremos de ocorrência de pequenas leitegadas acima de 7% e até 16% ilustram de maneira muito clara que do ponto de vista reprodutivo a passagem pela maternidade e os riscos relacionados com a parição traduzem-se em pontos críticos para a integridade e a saúde da mucosa uterina, a qual poderá não estar perfeita na próxima cobrição. As nulíparas, por não terem parido anteriormente, constituem um grupo de risco menor. Segundo estudiosos, a duração da descarga vulvar (> 6 dias), com volumes superiores a 50 ml/dia, significativamente reduziu as taxas de concepção e parição [27]. Essas porcas tiveram maior probabilidade de apresentarem infecção crônica persistente e condições uterinas desfavoráveis no momento do retorno ao estro e cobrição, dependendo da duração da lactação e da eficácia do tratamento, caso este tenha sido aplicado. Também ficou evidenciado que a descarga vulvar acima de seis dias é uma indicação da severidade da endometrite e dos seus efeitos associados de longo prazo. Estudos realizados no Brasil sobre fatores de risco associados ao desempenho reprodutivo de fêmeas suínas, conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves [3], envolvendo dez rebanhos, procuraram explicar as variações de produtividade num universo de 271 porcas. Aqui também, entre as variáveis que melhor discriminaram essas matrizes quanto ao número total de leitões nascidos, encontravamse os antecedentes reprodutivos, as infecções urinárias e a temperatura retal no dia da cobrição e até quatro dias após, que coincidem em grande

parte com os fatores de risco antes comentados. Também foram encontradas outras variáveis como o tempo de cobrição, o método de cobrição e a soroconversão para parvovírus. Medidas para promoção e preservação da saúde uterina As medidas são baseadas, principalmente, em práticas de manejo que minimizem ou eliminem os fatores de risco anteriormente mencionados, visando a reduzir ao máximo a ocorrência de infecções uterinas e, por consequência, seus efeitos na taxa de concepção e parição e na ocorrência de pequenas leitegadas. O combate aos fatores predisponentes às descargas vulvares atribuídas, principalmente, às endometrites e vaginites, é similar em muitos aspectos ao combate das infecções urinárias, já que estas se constituem num grande fator de risco para infecções do útero. Por outro lado, todo o combate à umidade, contaminação do piso, lesões nos cascos, entre outros, controlam a contaminação ascendente, que pode ocorrer nas duas patologias da bexiga e do útero. A aplicação de prostaglandinas naturais 36 horas após o parto foi originalmente indicada como medida preventiva específica [11]. Mais recentemente também têm sido indicados os análogos de PGF2α 24h-48h após a parição. Esta terapia, além de auxiliar a limpeza uterina via contrações da sua musculatura lisa, também estimula a produção de prostaglandinas uterinas, aumentando as defesas imunitárias e ajudando na capacidade de resolução das possíveis infecções [14]. Segundo especialistas, o ideal é que as porcas identificadas com infecção do aparelho geniturinário sejam medicadas individualmente com antibióticos via parenteral e na escolha do antimicrobiano para uso parenteral, sempre levando em consideração o espectro de ação do produto, a forma como ele é

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A ordem de parto marcadamente influencia o nível de produção das porcas que possuem um histórico de doença puerperal e descarga vulvar nº 53/2015 | Suínos&Cia


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