ComunidadesUSA nº 19

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The Portuguese-American Monthly Magazine in the US

Actriz portuguesa na série ‘NCSI: Los Angeles’

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Nov 2009 • vol. III • nº 19 • $3

DANIELA RUAH

Futebol é que une os emigrantes...

Peter Neronha Luso-descendente nomeado US Attorney em Rhode Island

Luís M. Luís

Um português na zona mais perigosa do mundo: Afeganistão

LUÍSA FERNANDES Chefe portuguesa vence concurso gastronómico do Food Network

CATARINA dos SANTOS

A voz da lusofonia, de NY para o mundo...


ComunidadesUSA

November 2009

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Edição Dupla - vol. II • nº 19 • oct/NOV 2009

The Portuguese-American Magazine in the United States

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Neste número: 4 – EM FOCO – Filme sobre Aristides de Sousa Mendes começa a ser rodado em Viana. 5 – FALATÓRIO 6 – ACTUAL – O último homem-orquestra ainda actua no norte de Portugal e Galiza; portuguesa Soares da Costa vai começar a construir também na Carolina do Norte e do Sul. 8 – JET-SET – José Castelo Branco revê a sua biografia em NY para lançamento em Dezembro 12 – PORTUGAL – Portugal abandonou-nos, dizem militares guineenses que serviram o exército português; idosos transmontanos vão ao médico porque se sentem sós; mais de metade do azeite consumido em Portugal vem de Espanha. 14 – AÇORES – S. Miguel e Terceira recebem maiores investimentos governamentais; Sinagoga de Ponta Delgada vai ser restaurada 15– PORTUGUESES EM DESTAQUE – Arquitecto português ganha prémio em NY; Peter Neronha nomeado US Attorney em Rhode Island; Lusosul-africana na lista das mais poderosas da revista Fortune; Portuguesa é mulher do ano no Dubai 19 – ARTES – Jorge Colombo, artista português que usa iPhone como tela para criar as suas obras faz capas do New Yorker 30-33 – COMUNIDADES – Centro Português de Yonkers, NY, renova instalações e mentalidade; Proverbo, NJ: mais uma festa de Gala com música de qualidade e muita poesia; Escola Infante D. Henrique, NY, e Banco Espírito Santo entregam Bolsas de Estudo; Casa dos Açores da Nova Inglaterra, RI, promove literatura açoriana

CATARINA dos SANTOS A voz da Lusofonia, de New York para o mundo

21 – LUÍS M. LUÍS: um português em Kabul, na zona mais perigosa do mundo

7 – DANIELA RUAH: uma portuguesa na série NCSI: Los Angeles

Secções 35 – CRÓNICA DOS AÇORES – por Alzira Silva 37 – NA MARGEM de CÁ – A Farra do Boi em Santa Catarina, por Lélia Nunes 40 – DIA-CRÓNICA – por Onésimo Almeida 41 – DA AMÉRICA E DAS COMUNIDADES – por Diniz Borges 42 – LIVROS – A biografia de Nuno Álavares Pereira, por Duarte Barcelos 43 – CENSUS 2010 45 – LIVROS – “O Espião de D. João I”, o novo livro da luso-americana Deana Barroqueiro 47 – DESPORTO – Futebol é que une os emigrantes 49 – HORÓSCOPOS – pela Dra. Maria Helena 50 –HUMOR

13 – VELHICE: e se os portugueses desaparecerem como povo? 9 - LUÍSA FERNANDES: chefe portuguesa vence concurso no Food Channel


EM FOCO The Portuguese-American Monthly Magazine in the USA www.ComunidadesUSA.com

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Filme sobre Aristides de Sousa Mendes começa a ser rodado em Viana do Castelo Salvou milhares de vidas das mãos dos alemães durante a II Grande Guerra, mas Hermano Saraiva mantém que ele não foi herói

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filme “O cônsul de Bordéus”, sobre o diplomata Aristides de Sousa Mendes, começa a ser rodado no dia 20 em Viana do Castelo pelos realizadores Francisco Manso e João Correa, disse à Lusa fonte da proSousa Mendes dutora Take 2000. “O cônsul de Bordéus” é protagonizado por Victor Norte, no papel de Aristides de Sousa Mendes, o diplomata português que, à revelia de Oliveira Salazar, atribuiu cerca de trinta mil vistos a refugiados perseguidos pelo regime nazi em 1940. O filme centra-se precisamente neste período, em Junho de 1940, durante o qual o antigo cônsul em Bordéus ajudou milhares de judeus e refugiados a viajarem para Portugal ou Estados Unidos. “Se nós temos algum herói moderno é Aristides de Sousa Mendes, uma personalidade fascinante e que foi esquecido por razões políticas e por lascismo nacional”, disse o realizador Francisco Manso. De acordo com o realizador, “O cônsul de Bordéus” cruza a história real de Aristides de Sousa Mendes com a ficção de um refugiado, que no futuro se tornará um reputado maestro. A história é contada por esse maestro, no filme interpretado pelo actor espanhol Manuel de Blas, como exemplo do gesto de salvação do diplomata. O argumento é assinado pelo escritor António Torrado e por João Nunes e co-realizado por Francisco Manso e João Correa, realizador português radicado há mais de 40 anos na Bélgica. Do elenco fazem parte ainda nomes como Carlos Paulo, no papel do rabino Chaim Kruger, que dirigia uma sinagoga em Bordéus, Leonor Seixas, Laura Roveral e Pedro Cunha.

A rodagem decorrerá ao longo de sete semanas em Viana do Castelo, cidade que já tinha sido escolhida para um outro filme de Francisco Manso (“Assalto ao Santa Maria”). O orçamento ronda os três milhões de euros e conta com produção de Portugal, Espanha e Bélgica, que garante a estreia do filme nos cinemas nos países de língua espanhola e francesa. Para Francisco Manso, este filme pretende fazer justiça a uma “importante personalidade da história de Portugal que teve relevo internacional” e que morreu praticamente na miséria, em 1954. Só anos depois da sua morte é que Aristides de Sousa Mendes foi reconhecido não só a nível internacional, mas também pela República Portuguesa.

A polémica com José Hermano Saraiva Entretanto, o historiador José Hermano Saraiva voltou a afirmar em entrevista ao jornal “O Sol”, de Lisboa, que Aristides de Sousa Mendes “não foi herói nenhum” e que nunca foi demitido da Função Pública por Salazar. O conhecido historiador disse que o antigo cônsul de Portugal em Bórdeus se envolveu em negócios de passaportes, que vendia a refugiados, e que por isso foi alvo de vários processos disciplinares e algumas punições. O historiador disse que recebeu estas informações de um alegado ex-inspector da PIDE que foi demitido precisamente por se ter envolvido com Aristides de Sousa Mendes no negócios dos passaportes. Estas teses, porém, não encontram eco em mais nenhum historiador português. Por outro lado, é sabido que os filhos de Aristides de Sousa Mendes vieram para os Estados Unidos estudar graças à generosidade dos movimentos judeus, precisamente por estes reconhecerem o papel do seu pai na salvação de milhares de conterrâneos durante a Segunda Guerra Mundial.


... a falar é que a gente se (des)entende

FALATÓRIO

Uma página politicamente (in)correcta onde as opiniões e afirmações expressas não coincidem necessariamente com as dos proprietários e editores da revista

5 milhões/dia

“Foi quanto lucraram os bancos portugueses (BCP, Caixa, BES, BPI e Santander Totta) nos primeiros nove meses do ano, o que dá de lucro global qualquer coisa como 1,4 mil milhões de lucro, de instituições que usaram 5 mil milhões de garantias do Estado para se financiarem.” in Expresso

António Guterres na lista dos mais poderosos mundiais

A Internet em 2012 Estima-se que em 2012 os asiáticos sejam já o triplo dos norte-americanos na Internet

ç Português vai ser das línguas mais usadas na Internet Em 2012 a Internet deverá ser dominada por uma combinação de línguas onde se inclui o Inglês, o mandarim, hindu, linguagens russas e o Português.

António Guterres, Alto Comissário da ONU para os Refugiados é o único português na lista dos “mais poderosos” do mundo da revista Forbes. O ex-primeiro-ministro português figura no número 64 da lista liderada pelo presidente norteamericano, Barak Obama, e pelo chinês, Hu Jintao. A lista foi elaborada tendo em conta os seguintes parâmetros: influência da pessoa sobre muitas outras pessoas; a quantidade de recursos financeiros que controla; a quantidade de áreas em que pode ser considerada poderosa e se o escolhido utiliza o seu poder. Da lista figuram mais outros 15 europeus, entre eles, em 15º lugar, a chancveler alemã, Angela Merkel . O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, não faz parte desta lista.

fonte: New Scientist nº 2706

€ 2 milhões

é o valor de produtos falsificados apreendidos nos primeiros 3 meses de 2009 só na alfândega marítima de Lisboa.

94 milhões

Lista dos dez mais poderosos do mundo: Barack Obama, presidente dos EUA Hu Jintao, presidente da China Vladimir Putin, primiero-ministro russo Ben Bernanke, presidente da Fed Sergey Brin e Larry Page, fundadores do Google Carlos Slim Helu, empresário mexicano Rupert Murdoch, magnata dos media Michael T. Duke, presidente da Wal-Mart Abdullah bin Abdul Aziz al Saud, rei da Arábia Saudita Bill Gates, fundador da Microsoft

de rolhas recicladas em 4 anos é objectivo da Corticeira portuguesa Amorim numa campanha de defesa das espécies florestais autóctones portuguesas.

As melhores do mundo

Pela nossa saúde...

Secretaria de Estado vai enviar milhares de livros para as associações portuguesas no estrangeiro... A notícia caíu como uma bomba: centenas de milhar de livros, disponibilizados pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, vão ser distribuídos nas comunidades portuguesas no âmbito de um acordo com a Secretaria de Estado das Comunidades. No total serão distribuídas 400 mil obras de literatura portuguesa, história, poesia e de carácter científico às associações portuguesas no estrangeiro, nomeadamente gabinetes de leitura, leitorados, e escolas portuguesas. A iniciativa enquadra-se “na política de promoção da língua, tendo como agentes fundamentais as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, via essas estruturas associativas, enquanto agentes da cultura portuguesa”, salientou à Lusa fonte do gabinete do secretário de Estado, António Braga. É louvável. Resta saber se estes livros são como aqueles que a Secretaria de Estado manda anualmente para as nossas escolas portuguesas comunitárias... Se forem, bem podemos esperar, pois não chega cá nenhum... E se chegarem, quem os vai ler se o Estado nunca quis saber da promocão do ensino da língua portuguesa nas Américas? ComunidadesUSA

Aveleda, Nieport, Quinta do Portal, Quinta do Noval e Fonseca estão entre as 100 melhores adegas do mundo segundo a revista “Wine & Spirit”.

1954 Ano do nascimento da Sumol, a bebida de suco de laranja, testada pela primeira vez no Café Caravela D’Ouro, em Algés

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REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES PRESIDÊNCIA DO GOVERNO Secretário Regional da Presidência Direcção Regional das Comunidades

Candidatura a Apoios da Direcção Regional das Comunidades A Secretaria Regional da Presidência através da Direcção Regional das Comunidades (DRC), informa o público em geral dos períodos de candidaturas a apoios a prestar por esta entidade. As candidaturas deverão ser efectuadas em formulário próprio e remetidas, obrigatoriamente, por via postal, registadas, com aviso de recepção ou entregues em mão, nesta Direcção Regional, sita à Rua Cônsul Dabney, Colónia Alemã, Apartado 96, 9900-014 Horta, entre: • 15 de Outubro e 15 de Dezembro - Apoios a conceder na área da emigração - Portaria 68/2008, de 11 de Agosto; - Apoios a conceder na área da imigração – Portaria 14/2007, de 15 de Março; • 1 de Outubro e 31 de Dezembro – Os apoios a conceder na área da emigração - intercâmbios escolares Portaria 25/2000, de 6 de Abril; Para mais informações poderão os interessados contactar os serviços da DRC através do e-mail: drc@azores.gov.pt ou do número de telefone 011-351-292 208 100.


Daniela Ruah Actriz portuguesa na série “NCSI: Los Angeles” da CBS

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aniel Sofia Korn Ruah (Daniela Ruah) é a estrela da série da CBS “NCIS: Los Angeles”, onde interpreta o papel da investigadora forense Kensi Blye. A série, cujas iniciais querem dizer Naval Criminal Investigative Service: Los Angeles, é transmitida no canal CBS as 9:30 da noite, diariamente, e a sua segunda temporada, que inclui 22 episódios, estreou a 6 de Outubro passado.

português e inglês.

CSI: uma série de sucesso

Daniela é filha de pais portugueses de origem judaica. A actriz nasceu em 1983 em Boston, MA, onde na altura o pai, Moisés

A série CSI nasceu em 2000 com CSI: Las Vegas, dando depois origem às reencarnações CSI: Miami, CSI: New York e agora NCSI: Los Angeles. Gira em torno das investigações do Navy Criminal Investigation Service cujo objectivo é neutralizar e capturar eventuais criminosos que possam pôr em risco a segurança do país. A carreira de Daniela iniciou-se em 2001 na telenovela “Jardins Proibidos”, da TVI. Participou depois em “Filha do MAR” e “Dei-te Quase Tudo”. Em 2002 foi estudar representação para Inglaterra e depois foi

Portugal”. Para já trabalho não lhe tem faltado depois da série da CBS. Daniela participou recentemente no filme “Red Tails”, produção

Carlos Bentes Ruah, era cirurgião otorrinolaringologista no hospital da Universidade de Boston. A mãe, Catarina Lia Azancont Korna, é também médica em Audiologia. A família acabou por se mudar para Portugal quando Daniela tinha 5 anos, e desde então viveu na zona de Lisboa. Daniela estudou no colégio privado de São Julião, em Carcavelos, conhecido pela sua exigência e excelência onde os alunos estudam em

aprestadora do programa “Cinebox” da TVI, tendo participado regularmente em telenovelas desta estação até se mudar para New York, onde se matriculou no Lee Strasberg Theatre and Film Institute. Foi daqui que “saltou” para a série “NCSI”. Segundo disse à imprensa, estudar nos Estados Unidos deu-lhe uma noção do mundo do espectáculo americano, “mas a experiência técnica de televisão trouxe-a de

e George Lucas, ao lado de Cuba Gooding e Terence Howard. Quando à “NCSI”, tudo depende das audiências. A continuidade destas séries vive muito ao sabor dos números de telespectadores de cada episódio, pois a concorrência neste horário é feroz e a publicidade vai para os mais vistos. Para já o início foi prometedor, com 18,7 milhões de telespectadores a verem o episódio-piloto.

Nasceu em Boston, MA, mas viveu em Portugal desde os 5 anos

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Daniela Ruah; em baixo, em duas cenas de NCSI: Los Angeles, onde interpreta a agente forense Kensi Blye

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Dois outros 'adereços' que o 'homem orquestra' não dispensa são os chocalhos e o corno.

O último homem-orquestra Toca vários instrumentos simultâneos com as mãos, a boca e os pés Chega a carregar consigo mais de uma dezena de instrumentos, toca com as mãos, a boca e

os pés e ainda canta. Faz a festa sozinho e é um dos últimos 'homens orquestra' da Península

Portuguesa Soares da Costa vai construir também na Carolina do Norte e do Sul A construtora portuguesa Soares da Costa pretende alargar a actividade nos Estados Unidos no próximo ano, entrando nos Estados da Carolina do Sul e da Carolina do Norte, anunciou o presidente executivo da empresa. "É nossa intenção alargar a nossa actividade à Carolina do Sul e Carolina do Norte no próximo ano", disse o presidente executivo da Soares da Costa, Pedro Gonçalves, durante a conferência de imprensa em que foram apresentados os resultados da construtora no terceiro trimestre. Pedro Gonçalves adiantou que a empresa vai apostar nas áreas da construção e das concessões nestes dois Estados norteamericanos. Nos Estados Unidos, o grupo Soares da Costa já está presente nos Estados da Florida e da Geórgia. A empresa entrou neste mercado em 1994 através de uma joint-venture com uma construtora da Florida para construir alguns prédios em Miami. Em 2000 a Soaresw da Costa quebrou essa ligação e constituiu a Soares da Costa America, construtora independente de capitais portugueses proprietária

Um prédio construído pela Soares da Costa em Miami

das Porto Construtuction Group e da Soares da Costa Construction Services. O grupo integra ainda duas outras empresas: a Gaia Contracting & Construction Management Services e a Soares Da Costa Contractor. A principal actividade da Soares da Costa é a construção civil de edifícios de condomínios e obras públicas como escolas e centros educacionais, garagens públicas e outros.

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Ibérica. Ligado à música desde tenra idade, Cesar Freiria Prado, um galego de 34 anos nascido numa família de gaiteiros, decidiu, no Verão de 2008, transformar-se num 'homem orquestra', escolhendo a rua como o palco preferencial para os seus concertos. «Gosto do contacto directo com as pessoas e os meus espectáculos acabam sempre por contar com a colaboração de quem passa na rua», referiu, à Lusa, aquele self made artist. Às costas carrega os instrumentos de percussão, nomeadamente o bombo e a pandeireta, que toca com os pés, através de um mecanismo que o próprio inventou. «Chamolhe o 'bate-pés'. Quando mexo os pés, acciono um mecanismo que faz tocar o bombo e a pandeireta», explica. À frente, transporta um acordeão e, ao pescoço, leva sempre harmónicas ou realejos. Cavaquinhos, violas, flautas, gaita-de-foles, clarinetes e bandolins são outros instrumentos que Cesar Prado habitualmente carrega no corpo sempre que vai para um concerto, para que na hora do espectáculo «nunca falte nada». «Tenho de ir preparado para tudo, porque raramente sei que tipo de público vou encontrar», diz. Dois outros 'adereços' que o 'homem orquestra' não dispensa são os chocalhos e o corno, com que anuncia a sua chegada e a sua partida. Do seu repertório, faz parte, essencialmente, música tradicional da Galiza, mas também faz incursões por outros mundos, tocando, por exemplo, o bem português Malhão ou o brasileiro Mamãe, eu quero. Cria alguns dos seus instrumentos, com canas e materiais reciclados, compõe muitas das melodias que canta e garante que, por sua vontade, a tradição dos 'homens orquestra' não acabará na Península Ibérica. «A procura tem sido muito boa, o que significa que as pessoas gostam ou acham piada. Ora como eu também gosto e acho piada, quero acreditar que estou nisto para lavar e durar», rematou. Natural de Vigo, na Galiza, Espanha, Cesar Prado já esteve em Viana do Castelo, para animar a apresentação do III Festival Internacional de Marionetas e Cinema de Animação, e vai voltar hoje àquela cidade, no âmbito do mesmo certame.

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Luísa Fernandes Chefe portuguesa vence concurso gastronómico no Food Network

fotos ComunidadesUSA

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uísa Fernandes, uma chefe portuguesa residente em Manhattan, Nova Iorque, ganhou a edição de Novembro do concurso “Chopped Chef ” ontem à noite transmitido para todo o país no prestigiado Food Network, o canal de televisão gastronómico mais conhecido dos Estados Unidos. A chefe portuguesa foi uma das quatro finalistas do popular concurso gastronómico onde todos recebem os mesmos ingredientes num cesto sendo obrigados a confeccionar três pratos: uma entrada, um prato principal e uma sobremesa em 80 minutos. O concurso decorre em três eliminatórias e Luísa Fernandes afastou os seus oponentes com três pratos que ela diz serem inspirados na gastronomia portuguesa. Mas para chegar à final a chefe portuguesa teve que passar por um rigoroso processo de selecção a que ela chamou “casting”. “Puseram-me numa sala com luzes e câmaras e disseram-me para eu falar 15 minutos”, disse à nossa revista. “Claro que pintei a macaca em cima da cadeira, pois não sabia o que dizer e passava o tempo a dizer corta e coisas assim”, explica. A verdade é que agradou ao júri e acabou por ser uma das dezasseis escolhidas entre 2007 concorrentes. “Para mim já foi uma vitória ficar nas dezasseis, mas melhor ainda ter ganho o concurso”, diz. ComunidadesUSA

A chefe Luísa Fernandes

Luísa Fernandes com Manuel Carvalho – proprietário do restaurante “Bairrada”, de Mineola – esposa e o merchant de arte e entertainer José Castelo Branco durante a transmissão do programa “Chopped Chef”, do Food Newtwork November 2009

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fotos ComunidadesUSA

No restaurante “Bairrada”, de Mineola, New York, onde a chefe Luísa Fernandes trabalha actualmente, durante a transmissão do programa “Chopped Chef”, do Food Network

A vitória valeu-lhe além de 60 minutos de fama – o tempo que demorou a transmissão do programa para todo o país — 10 mil dólares em dinheiro e a possibilidade de disputar a finalíssima com todos os vencedores do Chopped Chef ” em Abril ou Maio do próximo ano. Luísa Fernandes não esconde o orgulho que sente nesta vitória e ontem à noite, durante a transmissão do programa, rodeado da dezenas de amigos no restaurante “Bairrada”, onde trabalha, não se cansava de dizer que o seu grande objectivo foi divulgar a gastronomia portuguesa. “Eu penso que a vitória não é minha, mas de nós todos, pois eu sou portuguesa e fico orgulhosa quando as pessoas conhecem a nossa comida”, comentava à LUSA. “Por isso nunca iria a um concurso destes se não fosse para fazer cozinha do nosso país”, acrescentou. Durante o programa ouvimo-la referir isso várias vezes com muito à vontade, embora a princípio não escondeu que estava com algum receio. “A princípio fiquei um bocado em pânico quando abri o cesto e vi que lá dentro estavam apenas três pepinos, um pacote de bolacha de água e sal e um peito de peru”, diz. Mas a pouco e pouco a experiência desta chefe natural de Monte Real e que antes de se dedicar à cozinha foi enfermeira de profissão,

acabou por vir ao de cima permitindo-lhe Na sobremesa, o prato final que disputou ultrapassar os adversários com alguma na- com Dominick, o chefe adversário finalista, os turalidade. dois tinham à disposição grãos de café, mango, O seu prato com chouriço foi classifi- massa de pastelaria e “rosewater”. cado por um dos elementos do júri como A chefe portuguesa optou por fazer um simplesmente espectacular ao ponto de ele pastel Napoleão e espalhar os grãos de café ter afirmado que nunca comera nada semelhante. Os concorrentes trabalhavam numa cozinha onde era filmados em toda as fases da preparação dos pratos e podiam utilizar alguns condimentos e temperos mínimos existentes nas dispensas, apresentando o prato final a três júris que os iam provando e eliminando um a um até ficar o vencedor. Luísa Fernandes diz que teve de improvisar muito nos dois primeiros pratos, pois não tinha grandes temperos ou ingredientes além dos três que recebeu no cesto. Nas entradas escolheu fazer um gaspacho e caramelizar o peru com mel, que Com Fernando Viegas do restaurante Galitos, de Mount Vernon, NY depois partiu aos triângulos. Para o prato principal os três concorrentes com o caramelo no prato, o que impressionou tinham uma peça de bacalhau fresco com o júri e lhe deu a vitória. ananás e arroz. Luísa Fernandes vive em Nova Iorque há Luísa diz que encontrou na dispensa chou- seis anos e actualmente é chefe no restaurante riço e grão e resolveu guisar tudo com batatas “Bairrada”, em Mineola, Long Island, estado aos quadradinhos salteadas com reliche de de Nova Iorque, propriedade de Manuel queijo, ananás e anchovas. Carvalho.

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José Castelo Branco revê a sua biografia em NY para o lançamento em Dezembro “Por vezes sinto que Portugal é um bocadinho pequenino para a minha pessoa e prefiro estar cá fora durante uns tempos para arejar”

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osé Castelo Branco, o conhecido “entertainer” e figura pública do “jet set” português, está de novo em Nova Iorque com a sua esposa, lady Betty Grafstein. Castelo Branco disse à nossa revista que vai ficar em New York até Dezembro, altura em que regressa a Portugal para o lançamento da sua biografia que, segundo ele, vai ter “grandes, grandes revelações”. Mas, como fez questão de frisar, “acima de tudo são quarenta e cinco anos de uma vida muito cheia”. Castelo Branco não quis levantar nem uma pontinha do véu desta biografia, desculpandose com o facto de tudo o que tem a ver com a sua pessoa ser muito explorado na imprensa e porque, diz, “tal com os portugueses sabem, eu sou sempre uma caixinha de Pandora, e portanto tudo se pode esperar”. Mas fez questão de alertar os caçadores de escândalos para se prepararem para muitas surpresas, mas sempre “sem comprometer ninguém”. “Nunca uso ninguém para atingir fins. Aliás, se cheguei ao ponto onde cheguei, e vou continuar a seguir o meu caminho, é por nunca ter usado ninguém para atingir fins. Serei sempre o José Castelo Branco”, disse à ComunidadesUSA. A biografia, que segundo ele ainda não tem título, foi escrita por um conhecido biógrafo português e está já terminada, seguindo-se agora as revisões que ele diz ir fazer em Nova Iorque nas próximas semanas para fazer as eventuais correcções. Uma das curiosidades desta biografia é o facto de ela conter centenas de fotografias do conhecido entertainer, desde o seu nascimento em Moçambique até ao presente. “São 250 páginas de texto e centenas de fotos”, explica. Quanto aos projectos televisivos, José Castelo Branco diz que vai regressar no próximo ano com um novo programa, mas por questões

“Os portugueses que vivem fora de Portugal são pessoas de uma generosidade ímpar, sem limite”, diz. “Infelizmente, no nosso país as invejas são muitos grandes”. “Por vezes eu sinto que Portugal é um bocadinho pequenino para a minha pessoa e prefiro cá estar durante uns tempos para poder arejar”, acrescenta. Inveja? Onde, perguntamos. “Sobretudo no mundo do espectáculo, é por isso é que eu digo que cada vez gosto mais do povo, pois é a melhor gente que nós foto ComunidadesUSA

contratuais diz não poder adiantar mais nada por enquanto. “Está tudo ainda no segredo dos deuses”, diz. Mesmo assim, lá foi adiantando que “vai ser um misto entre talk show, reality show e muitas surpresas. Não posso dizer mais nada”. Quanto a Nova Iorque, diz que continua a ser a sua “casa”. “Agora também já sou americano e por isso tenho que passar cá seis meses por ano”, explica. E projectos? “Vou reeditar cá o meu disco e dentro em breve vou também começar a fazer espectáculos aqui nos Estados Unidos com muita força”, diz. O disco de Castelo Branco, editado em Portugal em 2008, intitulaJosé Castelo Branco em Mineola, New York se “Oui, C’est Moi”, tem 12 temas e um dos seus “vídeo-clips”, ro- temos ao nosso lado. Aqui na comunidade sou dado em Nova Iorque, já foi visto no YouTube sempre bem recebido como sou sempre bem recebido no meio do povo em Portugal”, diz. mais de 46.500 vezes. Enquanto em Nova Iorque, Castelo Branco Castelo Branco diz que gosta muito das diz que a sua agenda vai ser preenchida “entre comunidades portuguesas nos Estados Unidos arte, a joalharia e estar com os amigos”. que sempre o receberam de braços abetos.

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“Portugal abandonou-nos” Acusam os militares guineenses que serviram no exército português durante a guerra colonial Os antigos combatentes guineenses das Forças Armadas portuguesas lamentaram à agência Lusa ter sido abandonados pelo Estado de Portugal e lembram que “naquele tempo eram obrigados a vestir fardas e a pegar em armas”. “O governo português abandonou-nos na Guiné-Bissau desde Abril de 1974”, afirmou Militão Lopes Correia, secretário-geral da Associação do Ex-Militares das Forças Armadas Portuguesas na Guiné-Bissau. “Escrevemos várias cartas para Portugal, algumas com resposta, outras sem resposta, e o governo português tem mostrado desinteresse”, lamentou. “Moralmente deviam fazer qualquer coisa por nós”, explicou Militão Lopes Correia, sublinhando que a maior parte dos colegas não trabalham. A Associação dos Ex-Militares das Forças Armadas Portuguesas na Guiné-Bissau representa cerca de dez mil pessoas, entre antigos combatentes, viúvas e órfãos. “Fomos perseguidos, torturados, mortos, presos, humilhados, alguns fugiram para o Senegal e Gâmbia e nunca mais voltaram”, lembrou Militão Lopes Correia. “Nós atribuímos essa responsabilidade ao Estado português, porque se o Estado português tivesse cumprido muitos dos nossos colegas não sofreriam como sofreram e até então estão a sofrer”, lamentou. “Fomos obrigados a cumprir o serviço militar”, disse. “Muitos foram presos sem culpa formada, outros mortos em valas comuns, por isso é que culpamos o governo português por tudo o que aconteceu na Guiné-Bissau”, sublinhou o secretário-geral da associação. Militão Lopes Correia lembrou igualmente que nos anos 70 e 80, após a independência da Guiné-Bissau, os antigos combatentes não conseguiam empregos, tal como os seus filhos, por terem lutado pelo lado português. “Actualmente, já não sentimos a discriminação que houve nos anos 70 e 80”, ressalvou. Militão Lopes Correia sabe que o Estado português não tem dinheiro para pagar a todos os antigos combatentes, mas pede, “pelo menos”, financiamento para alguns projectos

na agro-pecuária, pesca e transporte marítimo. Assim, segundo o antigo combatente, poderiam criar os seus postos de trabalho. “Enviamos os projectos para lá há cinco anos e até agora não temos respostas”, referiu. “O governo português, o Estado português, deve olhar pelo antigos combatentes que naquele tempo eram obrigados a vestir a farda e a pegar em armas”, reforço Militão Lopes Correia. “Quando nos meteram na tropa ninguém descontava para a segurança social e agora não temos emprego”, insistiu o antigo

combatente. Militão Lopes Correia falava após o encontro com o vice-presidente da Liga dos Combatentes de Portugal, general Fernando Aguda. Em declarações à agência Lusa, o general português sublinhou que a situação dos antigos combatentes guineenses das Forças Armadas português deveria ser reparada.

A tragédia de ser velho num mundo materialista...

Idosos transmontanos vão ao médico porque se sentem sós Alguns idosos transmontanos recorrem ao médico para chamar a atenção para a solidão em que vivem, uma realidade que esteve em discussão em Vila Flor, no seminário sobre "envelhecimento activo no meio rural". O concelho transmontano, com cerca de oito mil habitantes, tem uma taxa de 216 por cento de envelhecimento o que preocupa os profissionais de saúde que vão discutir medidas para manter esta população activa e saudável. A solidão é um dos principais problemas que os profissionais de saúde bem conhecem, segundo Liliana Gomes, da organização do seminário e assistente social do centro de saúde de Vila Flor. "A maior parte das aldeias é constituída por idosos, fecham-se muito em casa, saem à rua apenas nos dias de Verão, sentam nos largo da igreja a conversar, mas no Inverno não saem de casa", disse. Os filhos estão longe e a solidão apodera-se destas pessoas. "Temos muitos idosos que vêm ao médico só para chamar a atenção dos filhos, porque se disserem que foram ao Centro de Saúde eles ficam mais preocupados. É só para dizer: estou aqui", contou. Que medidas para fazer estas pessoas

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saírem de casa e tornarem-se activas é que o vai estar em discussão no seminário de quarta-feira, mas que serão articuladas com as aspirações do público alvo e definidas só depois de junto dos idosos saber "até onde eles estão dispostos a ir", explicou. De acordo com a assistente social, um envelhecimento activo é também uma garantia de evitar problemas de saúde físicos e mentais, como as depressões.

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Portugueses podem desaparecer como povo em alguns séculos É o país da UE em que a população envelhece mais depressa Portugal é o país da União Europeia em que a população está a envelhecer mais depressa, segundo um relatório apresentado no Parlamento Europeu, em Bruxelas, pelo Instituto da Política da Família (IPF). A organização refere que as pessoas com mais de 65 anos passaram de 11,2 por cento em 1980 para 17,4 por cento em 2008. A registar-se esta tendência, em que o número de mortos anualmente é superior ao número de nascimentos, os portugueses poderiam mesmo desaparecer em alguns séculos, pois não há renovação de gerações. Imediatamente atrás de Portugal segue a Espanha, segundo o mesmo documento, que adianta que uma em cada cinco pessoas tem mais de 65 anos em Portugal, Itália, Alemanha, Grécia e Suécia. A Irlanda é o país com a população mais jovem, com uma média de 35,1 anos. Em Portugal, a média é de 40,5. Também a par da Espanha e da Itália, no âmbito da União Europeia a 15, Portugal é referido como o país que oferece menos assistência às famílias (1,2 por cento

do Produto Interno Bruto- PIB), estando abaixo da média europeia, que é de 2,1 por cento do PIB. Os valores dos benefícios sociais para as famílias variam entre 23 e 2158 euros no espaço comunitário. Mas dentro dos 15, Portugal (151 euros anuais por pessoa, dados de 2006) e Espanha (212 euros) são apontados como os

40 mil idosos passam fome em Portugal

que menos dão assistência. Portugal, tal como seis outros países, é indicado como tendo restrições nos rendi-

Mais de metade do azeite consumido em Portugal vem de Espanha Q uase metade do azeite consumido pelos portugueses vem de Espanha, segundo dados fornecidos pelo presidente da Federação Nacional do Azeite (FENAZEITE), Aníbal Martins. Portugal importa entre 40 mil a 50 mil toneladas de azeite da vizinha Espanha, quando o seu consumo total se situa nas 95 mil toneladas, correspondentes a um valor próximo dos 285 milhões de euros. O presidente da FENAZEITE referiu que "apesar de o nosso país importar ainda entre 40 mil a 50 mil toneladas (de um volume total de 80 mil a 90 mil toneladas), dentro de três, quatro anos Portugal será seguramente auto-

mentos que impedem um grande número de famílias de receber benefícios directos para as crianças. O IPF também caracteriza como “nível crítico” a taxa de nascimento de 1,34, embora acima da Eslováquia, que tem o valor mais baixo da UE (1,25).

suficiente". Essa auto-suficiência justifica-se com o facto de os olivais que foram recentemente plantados estarem "em plena produção daqui a quatro ano anos". Espanha, que representa quase 95 por cento do volume total das importações do sector, é o principal investidor em Portugal neste tipo de indústria agrícola. O investimento em Portugal é "essencialmente espanhol, principalmente no Alentejo: Beja, Serpa e Ferreira do Alentejo", revelou Aníbal Martins acrescentando que esta região "vai ser o centro de gravidade da olivicultura nos próximos anos".

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Segundo um inquérito recentemente divulgado, pelo menos 40 mil idosos em Portugal passam fome porque não têm capacidade financeira para comprar alimentos. O inquérito foi realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco). De acordo com o mesmo estudo, o custo dos produtos alimentares é ainda uma das razões para que não consumam refeições mais saudáveis.

Para onde exportÁmos azeite * Brasil Espanha Estados Unidos Coreira do Sul Venezuela Angola

11.000 toneladas 1.250 625 419 388 * em 2008 287

O presidente da FENAZEITE congratulouse com a recente evolução registada no mercado do azeite, que "nos últimos dois meses recuperou cerca de 50 por cento no preço na origem a nível mundial". Aníbal Martins explica esta evolução com o aumento dos preços de venda: "há dois meses o azeite era vendido por 1.800 euros por tonelada e agora custa 2.450 euros por tonelada".

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AÇORES

S. Miguel e Terceira recebem maiores investimentos do governo regional Orçamento para 2010 prevê investimentos de 815,7 milhões de euros

transportes aéreos”, “qualificação profissional e defesa do consumidor”, “consolidação e modernização dos transportes marítimos”, “desenvolvimento das infra-estruturas educacionais e do sistema educativo” e “fomento da competitividade”.

As ilhas de S. Miguel e Terceira são aquelas que vão receber do governo regional mais investimentos em 2010, de acordo com o orçamento regional. A fatia maior do bolo cabe à ilha de São Miguel, que irá receber investimentos na ordem dos 234,7 milhões euros, logo seguida da Terceira, que deverá receber investimentos na ordem dos 153,5 milhões de euros. Seguem-se S. Jorge (66,5 ME), o Faial (56,2 ME) e o Pico (54,2 ME). As restantes verbas serão repartidas pelas Flores (44,5 ME), Santa Maria (33,5 ME), Graciosa (32,4 ME) e Corvo (5,7 ME), havendo ainda uma dotação não desagregável de 134,1

Com dotações entre os 20 e os 40 milhões de euros, a proposta de plano contém uma dezena de programas: “ordenamento do território, qualidade ambiental e energia” “rede viária regional, transportes terrestres e equipamentos colectivos”, “valorização do mundo rural” , “modernização das infraestruturas e da actividade da pesca”, “habitação”, “administração pública, planeamento e finanças”,”desenvolvimento do turismo”, “património e actividades culturais”, “desenvolvimento de infra-estruturas e do sistema de saúde” e “desenvolvimento do sistema de solidariedade social”.

milhões de euros. Do total de 815,7 milhões de euros divulgados, a proposta de Plano Anual Regional, que foi debatida no Parlamento açoriano, cerca de 516,9 milhões de euros dizem respeito a verbas previstas no próprio plano de investimentos, ao passo que os restantes 298,8 milhões de euros serão suportados por outros fundos. Dotado com 124,6 milhões de euros, o programa “aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal” é o maior dos 22 programas que integram o plano regional para 2010. Por ordem de grandeza, seguemse-lhe os programas “desenvolvimento dos

Sinagoga de Ponta Delgada vai ser reabilitada para o culto Construída em 1836, é uma das sinagogas mais antigas de Portugal A sinagogA de Ponta Delgada, uma das mais antigas de Portugal, construída em 1836, vai ser reabilitada como local de culto, num edifício que também acolherá um museu e uma biblioteca judaicos. “Não há nenhum museu judaico em Portugal, este será o primeiro local com essa projecção e dimensão”, afirmou José Carp, presidente da Comunidade Judaica de Lisboa, em declarações aos jornalistas, em Ponta Delgada. A Comunidade Judaica de Lisboa, proprietária do imóvel da sinagoga, assinou com a Câmara de Ponta Delgada, um protocolo, nos termos do qual cede o edifício à autarquia por um período de 99 anos. O Município compromete-se a reabilitar o imóvel, actualmente bastante degradado, para ali instalar o museu e a biblioteca mas mantendo o local de culto. A sinagoga de Ponta Delgada, que possui vestígios únicos da cultura hebraica nos Açores, está encerrada há mais de meio século, encontrando-se o edifício, no centro da cidade, em ruínas. O seu interior mantém, no entanto, intacta a traça original e alguns objectos de culto, entre os quais uma cadeira de circun-

cisão (1819), candelabros e documentação histórica em hebraico. A presidente da Câmara de Ponta Delgada, Berta Cabral, recordou que a reabilitação da sinagoga era uma promessa antiga, frisando que a autarquia “não podia continuar indiferente” à situação em que se encontra o imóvel mas só agora foram criadas as condições para avançar. As primeiras referências concretas ao estabelecimento de famílias judaicas nos Açores datam da segunda década do século XIX, oriundas essencialmente de Marrocos, de onde saíram devido a restrições económicas que lhes haviam sido impostas. A sinagoga de Ponta delgada, mandada construir por Abraão Bensaúde Os judeus, com provável ascen- na rua do Brum, nº 16 dência portuguesa, radicaram-se em várias ilhas do Arquipélago, tendo em 1818 sido sinagogas nas Ilhas de S. Miguel, Terceira e criada uma pequena comunidade hebraica na Faial mas, actualmente, resta apenas a de Ponta cidade de Ponta Delgada. Delgada e o cemitério israelita em Santa Clara, O Arquipélago chegou a dispor de várias datado de 1834.

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Com um abrigo feito de cortiça, aço e madeira

Arquitecto português vence prémio do Museu Guggenheim de NY •Português seleccionado entre mais de 600 concorrentes de 68 países O arquitecto português David Mares, de 26 anos, venceu no passado dia 21, o Prémio do Público num concurso internacional de design de abrigos, promovido pelo Museu Guggenheim de Nova Iorque, com um modelo que conjuga aço, madeira e cortiça. David Mares foi o vencedor ao receber 64.875 votos, dos mais de cem mil submetidos por cibernautas de todo o mundo. O abrigo, que está instalado em Vale de Barris, perto de Setúbal, foi concebido “numa semana de férias”, como revelou o arquitecto à Agência Lusa em Setembro, quando era um dos dez finalistas escolhidos entre cerca de 600 participantes oriundos de 68 países. David Mares referiu que concorreu “apenas por desportivismo”. Feito sobretudo de cortiça, o abrigo assenta numa estrutura de perfis de aço, integra ripas de madeira e devia destinar-se a um estudante. “Eu procurei responder a esse desafio, criando um ambiente em que pudesse relaxar e também estudar, que tivesse isolamento térmico e acústico, e lembrei-me da cortiça, que é um material nosso”, disse o arquitecto

em Setembro. David Mares afirmou ainda à Lusa que o modelo “tem um infinidade de possibilidades futuras, como contentores para obras, quiosques para jardins, etc”. Depois de ter ganho o prémio, David Mares disse “estar muito feliz”, considerando que o galardão vai “abrirlhe outras portas” e por ver finalmente divulgado e reconhecido o seu trabalho para “uma comunidade inteira”. “Espero que este prémio possa abrir novas portas, que surjam novos desafios. Em relação ao projecto, espero que tenha continuação, pois já houve manifestações de interesse em construir o abrigo, há a possibilidade de usar o conceito noutras aplicações como por exemplo em quiosques”, salientou o arquitecto à Lusa. Com a atribuição deste prémio, David Mares ganhou uma viagem de dois dias para duas pessoas a Nova Iorque.

Lisa Furtado (irmã de Nelly) lança livro

cológicos de Fátima, uma jovem americana dos anos 80 em busca da sua identidade muito afectada pelo ausência do seu pai, um comandante militar de modos autoriários e disciplinadores. A história leva a personagem principal a três continentes numa trama cheia de conflitos sociais e dramas humanos que vão ajudando a Fátima a construir a sua personalidade e identidade. Num orfanato no Cambodia ela encontra uma carreira como professors, mas é na Índia onde vai encontrar a alegria que futuramente teria de ser forçada a trair. Ateísmo, fanatismo religioso, anjos e um elenco de crentes e arquétipos Jungianos, tudo é dramatizado através desta alegoria. O livro encontra-se à venda na Amzaon e em outras lojas. Para mais informações acesse: http://lisaannefurtado.blogspot.com Lisa Furtado reside no Taiwan, República da China, onde é professora de inglês. É filha

Lisa Furtado

Lisa Furtado, a irmã da cantora Nelly Furtado, acaba de lançar um livro intitulado “Her Apparitions & Other Human Longings”, uma obra de ficção baseada em factos reais. “Her Apparitions & Other Human Longings” centra-se nas lembranças e devaneios psiComunidadesUSA

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David Mares e em baixo o projecto vencedor

de pais açorianos residenets em Bristish Columbia, Canadá. 15



Luso-descendente nomeado pelo presidente Obama para US Attorney do Estado de Rhode Island Peter Neronha é filho de emigrante da ilha de S. Miguel Peter Neronha, um luso-descendente natural de Jamestown, filho de pai açoriano da ilha de S. Miguel e de mãe alemã, foi recentemente empossado pelo presidente Barack Obama como US Attorney do estado de Rhode Island. Neronha, advogado, é descrito como “homem de carácter, integridade inquestionável, sentido de justiça”. O novo US Attorney disse na cerimónia de tomada de posse que o “ataque ao terrorismo” vai ser a sua prioridade. Neronha era desde 2002 Assistente do US Attorney do Estado de Rhode Island. Trabalhava na divisão criminal de combate à droga, crime organizado e corrupção pública. Era também o director do Programa Project Safe

Neighborhoods Initiative, programa que visa apoiar o combate ao crime com armas de fogo e sensibilizar os jovens para que se mantenham afastados das armas e da violência. Peter Neronha, US Attorney de Rhode Island Neronha graduou no Boston College Law School e trabalhou como são é defender o Estado federal em qualquer advogado para a Goodwin Procter, LLP de litigação e cobrar as dívidas do Estado. 1989 a 1996. A partir de 2002 foi assistente Do gabinete de Peter Neronha faz ainda do Attorney General do Estado de Rhode parte um outro luso-descendente: Luís M. Island. Matos, primeiro assistente do US Attorney. Os US Attorneys, em número de 93 por O mandato de Neronha é de quatro anos todo o país, trabalham directamente sob a e os nomeados pelo presidente são propostos jurisdição do US Attorney General e a sua mis- pelos senadores federais.

Luso-sul-africana na lista das mais poderosas da revista “Fortune” A luso-sul-africana Maria da Conceição Ramos, actual directora-executiva do grupo bancário sul-africano ABSA, é a nona mulher mais influente em todo o mundo empresarial, de acordo com a revista “Fortune”. Nascida em Lisboa em 1959, Maria Ramos emigrou com os pais para a região de Joanesburgo quando era ainda criança e cresceu na cidade industrial de Vereeniging. Formou-se em economia na Universidade de Witwatersrand, juntando-se ao Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) nos finais da década de 1980 e viria a concluir um mestrado na Universidade de Londres antes de ocupar, após as primeiras eleições multirraciais da África do Sul de 1994, o cargo de directorageral do Tesouro no primeiro Governo de Nelson Mandela. A luso-sul-africana ocupou vários cargos no Ministério das Finanças, com destaque para o de directora-geral adjunta do Planeamento, vindo em 2004 a deixar o Ministério das Finanças sob nomeação governamental ComunidadesUSA

para chefiar a empresa pública dos portos e caminhos-de-ferro Transnet. Sob a sua liderança, a Transnet transformou, com recurso a um plano de reestruturação e separação do grupo em várias empresas autónomas e investimentos em áreas críticas, um passivo de 6,3 mil milhões de randes (572 milhões de euros), em 2004, num lucro operacional de 4,3 mil milhões de randes (390 milhões de euros) em 2008, o que granjeou à sua directora-executiva o aplauso generalizado de todos os sectores da economia sul-africana. Maria Ramos, que é casada com o antigo ministro das Finanças e actual Ministro na Presidência responsável pela Comissão de Planeamento Económico, Trevor Manuel, é desde 01 de Março deste ano directora-executiva do grupo bancário ABSA, um dos maiores da África do Sul e que é detido maioritariamente pelos ingleses do Barclays. A sua competência é reconhecida dentro e fora da África do Sul. Entre muitas outras distinções, conquistou este ano em Londres November 2009

Maria da Conceição Ramos

o galardão “Outstanding Business Woman of The Year” (Proeminente Empresária do Ano), em 2001 foi considerada “Empresária do Ano” na África do Sul e em 2005 “Líder do Ano” pelo jornal Sunday Times. Maria Ramos, que é também membro do comité executivo do painel de consulta de economistas-chefes do Banco Mundial, ocupava a 22ª posição na lista das “50 mais poderosas mulheres” da Fortune no ano passado, depois de ocupar a 14ª posição em 2007 e a 16ª em 2006. 17


p o r t u g u e s e s no m u n d o

Portuguesa é Mulher do Ano no Dubai

pequenino", explicou a portuguesa de 32 anos, Mulher do Ano, no Dubai.

Comissária de bordo criou projecto contra a pobreza no Bangladesh

Começou com 39 crianças e hoje já vai nas 600

um grande choque" quando entrou no hospital. "Os hospitais públicos de Dhaka são terríveis, é uma tortura. Não consigo entender como é que as pessoas podem melhorar da condição que têm se não ainda ficarem piores e apanharem mais infecções e outras doenças. Não há higiene nenhuma, há cães, há gatos, há umas 20 pessoas a dormir num quarto, há pessoas a dormir no chão, Maria da Conceição com algumas das “suas” crianças literalmente no chão só com uma manta e cobertores, nos corredores. Não têm camas, ma portuguesa, há seis anos a morar no Dubai, foi terça-feira considerada Mulher as pessoas que estão doentes não podem ir à do Ano pela revista Emirates Woman (Mu- casa de banho", descreveu Maria Conceição lher dos Emirados) por ter criado o Projecto à Lusa. Depois deste choque, a portuguesa Dhaka, um programa que pretende "quebrar decidiu "não virar as costas" àquela realidade o ciclo de pobreza" naquela subdivisão admi- e regressou um mês depois. Tirou 12 dias de férias na companhia aérea Emirates Airlines, nistrativa do Bangladesh. Maria Conceição, comissária de bordo onde trabalha, para ir para Dhaka "ajudar a de 32 anos, foi a vencedora do título entre 19 melhorar a higiene" dos hospitais. "Fui perguntar aos hospitais se eles estavam finalistas, tendo também vencido na categoria interessados em (que eu os ajudasse) a melhoem que concorria (humanitária). Contactada pela agência Lusa, Maria rar a higiene e eles disseram, muito malcriados, Conceição disse que fundou o Projecto Dhaka para me ir embora e voltar para o meu país em 2005 para "quebrar o ciclo de pobreza" das porque os hospitais estavam limpos", recorda. famílias e que o objectivo agora é encontrar Maria Conceição procurou, então, orfanatos "trabalhos bons" para os pais das crianças que e percebeu que ali "as crianças têm cama, tem andam nas ruas porque essa é a "única maneira casa, estão a comer e estão a estudar". Mas ficou curiosa em relação às outras crianças que de quebrar esse ciclo". Maria Conceição teve de ficar 24 horas andavam na rua a pedir e a vender bombons, no Bangladesh, numa viagem de trabalho que seguiu-as e descobriu que moravam em bairros fez para Dhaka. Foi assim que conheceu uma de lata sem condições. "Comecei a falar com os pais (para ver) realidade que a chocou muito. "Decidi aventurar-me e perguntei o que se me deixavam pôr as crianças na escola. No havia para visitar em Bangladesh. O senhor do princípio, pusemos as crianças numa escola hotel disse-me que eu era um bocado ingénua mas a escola tratava-as muito mal porque porque não havia nada para fazer, só havia or- eram do bairro da lata e descobrimos que, um fanatos. Então, como nunca tinha estado num ano depois, não aprendiam nada. Havia muita orfanto, decidi ir visitar o da Mãe Teresa que discriminação na maneira como as crianças tratava e acolhia crianças deficientes e também eram tratadas", conta Maria Conceição. "Decidi tirar as crianças de lá e, muito pessoas idosas", contou Maria Conceição. Nessa visita, foi convidada por duas freiras chateada e muito zangada, decidi abrir a minha para conhecer uma menina de 16 anos que própria escola. Agora temos uma creche, uma tinha tido gémeos e que estava muito doente pré-escola, uma escola primária, uma escola no hospital. Aceitou o convite e diz que "foi secundária, temos um centro dentário muito

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O projecto Dhaka começou com 39 crianças e agora dá casa, comida, roupa e educação a 600 meninos e meninas da região. Maria da Conceição percebeu que não bastava ajudar as crianças a sair da pobreza porque elas acabam por voltar para as fábricas, caso os pais ficassem desempregados ou adoecessem. O "ciclo de pobreza" tinha de ser quebrado nos pais, garantindo-lhes um emprego para que não tivessem de recorrer à mão-de-obra dos filhos. "No Bangladesh, as crianças de idade menor podem trabalhar. Os pais não têm formação nenhuma, é muito difícil para eles encontrarem um trabalho. Então, utilizam as crianças para trabalhar porque custa menos dinheiro. (O Bangladesh) tem muitas fábricas de roupa e é mais fácil empregar uma criança porque é mais rápida, aprende mais rápido e a mão-de-obra é mais barata", explica. Maria Conceição não esconde que treinar os pais é "um trabalho muito longo e cansativo" mas é aí que o problema pode ser resolvido. Por isso, a portuguesa, que continua a trabalhar como comissária de bordo, decidiu abrir um outro projecto que "só se dedica aos pais". "É pequenino. Temos, de momento, 61 ou 62 pais. Estamos a dar treino escrito em inglês e estou a tentar pedir à Emirates (companhia aérea) e a outras companhias aqui no Dubai para empregar os pais dos meninos porque isso significa que depois os meus meninos podem estar na escola até aos 18 e seguir uma formação sem interrupções", explica.

Natural de Vila Franca

Maria Conceição, natural de Vila Franca de Xira, não sabe se esta distinção se traduz em algum prémio monetário mas diz que a visibilidade que trouxe ao seu projecto já valeu a pena: várias empresas e particulares ofereceram donativos. Quando pensa no futuro, Maria Conceição diz que o seu sonho é "abrir um orfanato no Brasil" para trabalhar com as crianças das favelas. No Bangladesh, a sua missão só vai acabar "quando os pais dos meninos tiverem um bom trabalho" porque só assim é que as crianças conseguem fazer a sua formação completa e quebrar o "ciclo de pobreza".

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Jorge Colombo Um artista português que usa o iPhone como tela para criar as suas obras As suas criações digitais foram capa da revista New Yorker

É

um artista pouco convencional. Pintor, prefere nos últimos tempos mais o telemóvel do a tela, mas não é só para falar, mas também para criar as suas obras de arte. E foi uma delas, criada num telefone iPhone que olevou à capa da revista New Yoker. Chama-se Jorge Colombo e vive na América há cerca de 20 anos, sempre dedicados à pintura, ilustração e artes gráficas. Em Setemerbro a New Yorker esolheu uma das suas gravuras para capa. A técnica, designada finger painting, consiste numa aplicação de um telemóvel iPhone em que o visor se transforma numa tela e o pincel é o dedo do utilizador. O resultado são imagens digitais que se assemelham a pinturas impressionistas. O desenho – intitulado «New Day» – reproduz em contraluz o topo de um edifício naquilo que aparenta ser o nascer do dia. Jorge Colombo disse à Lusa que “é divertido” utilizar esta técnica, recorrendo a ferramentas digitais para pintar. “É óptimo ter o mundo no bolso, não ter que ter pincéis nos bolsos. Trabalhar com os dedos é como as coisas deviam ser”, disse Jorge Colombo, que colabora com a «New Yorker» desde 1994. Em Junho passado, Jorge Colombo tinha assinado pela primeira vez a capa desta prestigiada revista recorrendo a uma aplicação do iPhone. Para esse trabalho, Jorge Colombo fez uma paisagem urbana enquanto esperava para entrar no museu Madame Tussaud, em Times Square, em Nova Iorque. A pintura revela a figura de três pessoas, retratadas como se fossem a sombra de si mesmas, junto a um atrelado de venda de cachorros quentes. A imagem escolhida para a capa da “New Yorker” está disponível no site da revista em www.newyorker.com e outros desenhos podem ser vistos em www.jorgecolombo.com. Esta é apenas uma extensão do trabalho que Jorge Colombo tem vindo a desenvolver

como ilustrador, fotógrafo e designer gráfico. Jorge Colombo nasceu em Lisboa em 1963, mas vive há vinte anos nos Estados Unidos da América e desde 1998 em Nova Iorque. A cidade tem sido o cenário eleito para dezenas de desenhos, ora centrados em cidadãos anónimos ora em paisagens urbanas, pormenores quotidianos de uma cidade dinâmica. Para Jorge Colombo, o iPhone é apenas mais uma “ferramenta digital super acessível” no seu hábito de desenhar. “Todos os dias faço desenhos, como se fosse ginástica”, admite. Jorge Colombo é ainda co-autor do romance fotográfico «Do grande e do pequeno amor», com a escritora Inês Pedrosa. Publicou ainda os livros «Fullerton» (aguarelas) e «Lisboa revisitada», com fotografias inspiradas em poemas de Álvaro de Campos. O artista português assina ainda o design de vários livros e álbuns de música, entre os quais «Fazes-me Falta», de Inês Pedrosa, e «Ligação Directa» e «O Irmão do Meio», de Sérgio Godinho. Foi director gráfico do jornal «Independente» e do «New City», de Chicago. Jorge Colombo mudou-se para os Estados Unidos em 1989 e já viveu em Chicago, S˜åo Francisco e desde 1998 em New York, com a sua esposa, também artista, Amy Yoes.

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photo by Daniel Blaufuks, danielblaufuks.com

Uma da capas da New Yorker ilustradas por Jorge Colombo e obras do autor em baixo

www.jorgecolombo.com

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Café Bakery Majestic (703) 330-4447 Mais do que um Café Morais Plaza • Manassas, Virginia


Luís M. Luís

Um português no Afeganistão, a zona mais perigosa do mundo entrevista de António Oliveira

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uanto Luís Manuel Antunes Luís (ou apenas Luís M. Luís), decidiu em 1995 voluntariarse para a Reserva Naval dos Estados Unidos (Navy Reserve) comprometendo-se a prestar serviço um mês por ano neste ramo militar com o fito de um dia garantir um seguro de saúde para si e família nestes tempos conturbados e de incertezas, estava longe de imaginar que um dia haveria de pegar numa metralhadora e ir arriscar a vida numa rua de uma cidade qualquer de um país asiático que só conhecia do cinema. A verdade é que catorze anos depois Luís M. Luís foi mobilizado para o Afeganistão e neste momento faz parte de uma companhia estacionada em Kabul, já considerada a zona mais perigosa do mundo por causa dos ataques suicidas diários e da carnificina de uma guerra civil onde as tropas internacionais arriscam a vida diariamente. Luís M. Luís nasceu em Angola para onde os seus pais – Crispiniano Mendonça Luís (já falecido) e Maria do Carmo Antunes – emigraram em 1955. Aqui viveu até 1975, ano em que a família foi obrigada a deixar o país na sequência da descolonização, fixando-se em Alcobaça. Em 1978 os Luís foram “chamados” por um familiar que vivia nos Estados Unidos e mudaram-se todos para New Jersey. Luís estudou engenharia naval na Faculdade Marítima de Fort Schuyler, da Universidade de Nova Iorque, tendo-se formado em 1993 no ramo da arquitectura naval. Trabalhou depois na Northrop-Grumman Ingalls Shipbuilding em Pascagoula, no estado de Mississippi, e daqui, já casado, mudou-se com a família para Slidell onde trabalhou para a Textron Marine and Land Systems em Nova Orleães como engenheiro estrutural num projecto de construção dos “hovercraft” para a marinha, conhecidos como “LCACs. “Foi depois desse emprego que me virei para o campo de estruturas marítimas para a exploração de petróleo e gás sobre o mar”, diz à revista ComunidadesUSA. “Comecei em 1995 num pequeno escritório em Metairie que se chamava Barnett & Casbarian ComunidadesUSA

Luís M. Luís nas colinas sobre Kabul

cujo dono, Peter Casbarian é de origem arménia (como o Calouste Gulbenkien que deixou a famosa fundação do mesmo nome em Lisboa). A residir em Houston, no Texas, com a família, trabalha desde há três anos em Port Harcourt, na Nigéria, para a empresa de George Okoyo, escritório de consultaria de engenharia para as November 2009

plataformas de petróleo e gás no Golfo da Guiné. Preparava-se para iniciar o trabalho num projecto em São Tomé e Príncipe que partilha áreas de exploração marítima de recursos naturais com a Nigéria quando foi mobilizado para o Afeganistão. Em entrevista à ComunidadesUSA, a partir de Kabul, ele conta como foi. 21


Da Reserva Naval à mobilização para o activo no Afeganistão

Luís M. Luís em Camp Eggers, Kabul

Como foi parar ao Afeganistão? Ir para o Afeganistão não foi uma escolha minha directa! Em 1995, em Nova Orleães, resolvi assim de momento aceitar um recrutamento para a Reserva Naval dos Estados Unidos. Portanto já sou Reservista há 14 anos e pela primeira vez fui mobilizado agora. Eu tive (e ainda tenho) a opção de me “libertar” desse contrato, que já foi renovado duas vezes, mas tal faria com que eu fosse considerado “inadequado” para continuar na Reserva. Agora que já investi 14 anos na Reserva, que ao fim de pelo menos 20 anos me dará direito a pensão para a minha reforma e acesso a seguros de saúde e tratamentos médicos a custo reduzido, decidi fazer o sacrifício e aguentar-me aqui em Kabul por um ano. O sacrifício maior a que me refiro é a perda do meu vencimento mensal na ordem de sete mil dólares por mês! O meu patrão nigeriano ajuda-me um pouco quando pode, mas não tem os meios neste ambiente económico presente para me poder compensar adequadamente enquanto eu estou no activo

militar aqui. Porque escolheu a Reserva e não foi para as Forças Armadas quando era mais novo? Depois de ter estado na universidade em Fort Schuyler, onde o currículo incluía disciplina militar durante os quatro anos de estudo, jurei nunca mais querer estar sujeito a tal coisa, e portanto durante os doze anos seguintes fui civil. Quando entrei na Reserva escolhi a Marinha, pois o exército sempre esteve fora das minhas opções. Hoje sou “Petty Officer First Class (E-6)” porque embora tivesse o meu diploma de engenheiro, já tinha mais de 36 anos de idade e não pude entrar como oficial. Agora com a experiência do Afeganistão tenho esperança de poder adquirir uma “Comissão” e poder atingir o posto de oficial. Quando foi mobilizado e onde está neste momento e qual é a sua função? Recebi a notícia da mobilização no princípio de Maio quando estava ainda em Lagos a trabalhar num projecto para a Total. Não disse nada ao George Okoyo até chegar a Houston e

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ter a certeza que de facto não poderia escapar desta. As “ordens oficiais” têm a data de 13 de Abril, mas tive de me apresentar finalmente para embarque no dia 26 de Junho em Houston. Daí fui para a base naval em San Diego durante 5 dias para preencher papelada e fazer exames médicos. Depois fomos para Fort Jackson (na Carolina do Sul) para treino intensivo com armas, especialmente a metralhadora M-16. Classifiquei-me como atirador apurado, que quer dizer que acertei 33 tiros em 40 que dei para a qualificação. Estivemos em Fort Jackson durante cerca de três semanas. Estava com medo que o treino envolvesse actividade física que talvez fosse demais para a minha idade, mas felizmente só corremos uma vez durante cerca de uma milha. No entanto, a maior parte do tempo tínhamos que vestir o colete à prova de balas que pesava umas 35 libras (15,8 kg), e um dia caminhámos talvez milha e meia para treinar com colunas militares e no fim da tarde voltámos pelo mesmo caminho. De Fort Jackson fomos para o Kuwait onde estivemos mais uma semana e mesmo aí ainda treinámos outra vez com colunas militares no deserto em Udairi Range. Depois viemos de Kuwait para Bagram, a base principal dos aliados perto de Kabul. Estivemos em Bagram uns três dias e viemos de avião para o aeroporto em Kabul. Quando chegámos a Kabul tinha havido, umas horas antes, um ataque no aeroporto. Um dos primeiros tropas que encontrei na hora do almoço no refeitório eram portugueses da Força Aérea Portuguesa (FAP). Eu vim com um grupo de indivíduos com quem tinha treinado em Fort Jackson. Foram-nos buscar com SUVs e vim para Camp Eggers, que é praticamente ao lado do palácio do governo no centro de Kabul. Em Camp Eggers não há portugueses permanentemente, mas já aqui vi membros da Guarda Nacional Republicana. Camp Eggers é a sede do comando chamado “Combined Security Transition CommandAfghanistan (CSTC-A)”, e é a esse comando que eu pertenço. E aqui estou em Camp Eggers. Tenho várias funções, mas a principal é organizar e participar em colunas militares usando SUVs para levar oficiais para reuniões com cidadãos afegãos em vários locais ou ministérios do governo. Outra função é manter listas de quem chega e quem parte e outras funções de escrita, porque na Reserva eu sou escrivão (yeoman). Como reagiu quando recebeu a notícia

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A Companhia Bravo

da mobilização? Fiquei admirado e bastante preocupado porque previ uma perda muito grande do meu salário mensal. Fiquei também nervoso por não saber o que esperar, uma vez que nunca tinha sido mobilizado antes. Estava à espera? Não! Sempre admiti a possibilidade de um dia ser mobilizado, mas como os anos foram passando e isso nunca aconteceu, eu fui-me relaxando e desta vez posso mesmo dizer que foi uma surpresa amarga. Mas como já disse antes, agora que estou engatado tenho que aguentar para não desperdiçar os catorze anos já investidos em direcção à reforma. E como reagiu a sua família? Como comunicam? Tenho esposa e duas filhas que vivem todas em Houston. A filha mais velha anda na universidade em Houston e vive na baixa, enquanto que a minha casa é nos arredores do nordeste de Houston. Toda a família ficou surpreendida e por vezes culpam-me por ter aceite esta mobilização, obviamente não olhando para os potenciais benefícios no futuro, especialmente para a minha esposa que sofre de artrite pseuriática. Nós não somos fatalistas e portanto não ouve choros, simplesmente um abraço e um beijinho a todas e “até à próxima se Deus quiser”. Agora comunicamos por telefone, gratuitamente. Eu já experimentei o Skype mas acho que não vale para aqui porque não tem a interacção que tem um telefonema. No Skype, pela minha experiência, um fala e o outro tem que estar calado até ter a sua vez de falar. Outra coisa é que o acesso à Internet aqui tem que ser pago. Eu como já estou a perder tanto dinheiro mensalmente só quero gastar o que for essencialmente necessário. Uma

coisa que não falha é o expressozinho duas vezes por dia. Para falar para minha casa uso um cartão grátis de 300 minutos que me dão uma vez por mês no escritório do MWR (Morale, Welfare and Recreation). No acampamento têm todas as condições? O comando CSTC-A tem muitas secções, como por exemplo CJ-1, CJ-2, CJ-3, CJ-4, etc. Eu estou em CJ-3, que por sua vez está dividido em CJ-33, CJ-34, CJ-35 e CJ-37, mas eu estou em CJ-3 Administração juntamente com outros 9. O total de CJ3 é uns 60, mas em Camp Eggers há talvez uns mil e cem tropas de várias nações e também muitos civis que trabalham nas cozinhas, etc. para a companhia KBR ou MPRI. Presentemente vivo numa casa feita de contentores de 6 por 2,5 metros encostados uns aos outros em dois níveis. Portanto cada contentor é um quarto. Eu vivo com outro tropa da Marinha no meu quarto. No entanto, quando cheguei aqui a Eggers primeiro vivi numa tenda com vinte camas. Estive nessa tenda chamada “Liberty Tent” durante sete semanas antes de haver quarto disponível para mim. A tenda tem ar condicionado e aquecimento, mas mesmo assim no Outono começa a sentir-se frio dentro dela. Tinha também mosquitos. Na questão da comida pelo menos não é mau. Temos uma variedade de comidas com galinha e bife e “tacos” e “enchiladas”, fruta, gasosas, gelados e sorvetes e água engarrafada. A água da torneira tem muito cloro e eles aconselham a usar a água da torneira para lavar as mãos e tomar banho, mas não para lavar os dentes. Recomendam que usemos água engarrafada para lavar a boca. Há algumas casas que são

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exclusivamente para as mulheres e há também aqui duas barbearias, uma só com mulheres do Kirgistão e outra com homens locais. Uma casa (contentores pegados uns aos outros) onde se pode comprar pizza e gasosas, chamada Ciano’s e um restaurante (contentores unidos) que serve comida da Tailândia. Além destes existe um café que tem expresso, lattés e frapuccinos, cappuccinos, etc., chamado Green Bean Coffee. Existe também outra casa onde se pode ter acesso grátis à Internet usando os computadores deles (do MWR). Existem também dois ginásios com muitas máquinas para correr, andar de bicicleta, levantar pesos, etc. Camp Eggers pode ser visto para quem tiver o Google Earth, se procurar pelo nome em Kabul. Como é o seu dia-a-dia? Normalmente trabalhamos todos os dias à excepção – se for possível – da sexta feira de manhã. O dia de trabalho começa normalmente às 6:30 e às vezes temos saídas até as 22:00. Escoltamos oficiais afegãos e também fazemos patrulhas. Há umas três semanas rebentou um carro suicida em frente à embaixada da Índia na rua onde andei. Estava muito alerta e com a arma pronta para qualquer acção. Felizmente nada aconteceu. Nós saímos quase diariamente usando dois Toyotas Land Cruiser com protecção à prova

Uma rua de Kabul

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“Tenho sido sempre tratado com muita amabilidade e respeito, e parece até ser melhor quando revelo que sou de origem portuguesa” de balas de armas ligeiras somente. Certamente não resistiriam se um carro suicida rebentasse próximo dos nossos veículos. Temos a bordo um sistema electrónico de cancelamento de sinais de rádio para evitar que os insurgentes activem por meio de telefone ou rádio, bombas na beira da estrada enquanto estamos a passar. As nossas patrulhas estão limitadas à cidade de Kabul e arredores como a área onde estão as ruínas dos palácios reais em Durulaman. Vamos frequentemente ao aeroporto, a ISAF, etc. Um dos sítios mais perigosos que temos sempre que atravessar quando saímos da zona “verde” é o círculo de Massood. Em geral se estivermos noutra base na altura do almoço ou jantar, comemos lá. Há aqui algumas viagens de “Voluntary Community Relations (VCR)” onde as tropas vão com “humvees” visitar uma escola ou um campo de refugiados, mas eu nunca participei ainda nessas viagens. Normalmente os fuzileiros navais (Marines) são os que se oferecem par ir nessas patrulhas para terem uma oportunidade de fazer fogo com as metralhadoras maiores no topo dos “humvees”. E como é que os afegãos vos receberam? Aceitam os americanos e os outros estrangeiros bem ou acham que são invasores? Em geral a população local é pacífica e é sempre a maior vítima dos ataques contra as forças da coligação. Nas poucas oportunidades que tenho tido de falar com os afegãos tenho sido sempre tratado com muita amabilidade e respeito, e parece até ser melhor quando revelo que sou de origem portuguesa. No entanto acho que o sentimento geral é que os estrangeiros estão aqui a ocupar o país. Outras tropas com quem convivo já me disseram que foram insultados gestualmente por jovens. E até hoje mesmo um dos indivíduos do meu escritório que esteve na rua e me disse que outro carro abriu a janela com jovens lá dentro que atiraram lixo para cima do nosso SUV. Os nossos SUVs não podem abrir as janelas e as nossas instruções exigem que tenhamos as portas sempre trancadas e nunca podemos abri-las enquanto andamos fora da nossa base. Já esteve em missões de muito perigo? Não popriamente. Além das patrulhas

na rua, nunca estive em outras missões mais perigosas. Só uma outra vez ainda é que tive um pouco de receio quando um Toyota Surf (4 Runner na América) que estava parado na faixa da direita na rua que vai directa do aeroporto para o Círculo Massood, subitamente arrancou rápido quando nso aproximámos e se pôs na minha minha frente como uma provocação. Mas depois voltou para a faixa da direita e afastou-se de nós. Isto é uma manobra típica quando um carro suicida ataca a coluna Aspecto de uma rua de Kabul e crianças jogando futebol nas ruínas militar. Tinha um tenente coronel inglês ao meu lado e ele ficou também bastante nervoso por- atropelarmos alguém. Os peões aqui parecem que naquele momento pensámos que a nossa desafiar a sorte quando atravessam a estrada em qualquer sítio sem esperarmos. Outro dia vida estava muito perto do fim. eu era o comandante de um dos nossos SUVs Já viu alguém colega ser ferido? Felizmente não! Mas cada vez que nos e o condutor era um “marine” jovem. Numa preparamos para sair temos uma breve sessão intersecção estava um garoto de talvez 8 anos explanatória que inclui falar sobre a contingên- mesmo no meio do cruzamento. Ao tentar ver cia de sofrermos um ataque e sermos feridos ou se vinha algum veículo do nosso lado direito mortos. Portanto temos que ter pessoal a bordo o “marine” não se apercebeu da presença do qualificado para prestar assistência médica miúdo e só evitámos o atropelamento porque imediata. Eu sou qualificado como salvador de eu gritei bastante alto para o alertar. Ter-se-ia vidas em combate (Combat Life Saver – CLS). gerado ali um grave problema com a população Esse treino envolve visualizar fotografias de se o tivéssemos atropelado. Já sabe quando vai regressar? casualidades de combate, instrução de como Devo sair daqui no fim de Junho de 2010. usar um torniquete, tratar uma vítima que tenha uma perfuração no peito e um pulmão As minhas “Ordens” dizem 400 dias de moferido e administrar soro. A administração de bilização dos quais 350 são “botas no chão” soro é feita por mim, e nós treinamos a espetar (Boots on the ground). Quando sair daqui vou a agulha nos nossos colegas. Assim como eu por Bagram, Kuwait e San Diego. Acha que a democracia tem futuro no fiz esse treino noutro colega, também outros Afeganistão? O que pensa das eleições? fizeram em mim. Há cerca de um mês estive presente numa Qual é o maior perigo que correm diareunião de apresentação do novo comando riamente? Cada vez que saímos corremos o risco de chamado NATO Training Mission – Afghaser atacados por um carro suicida ou receber nistan (NTM-A) na qual o general Formica fogo de armas ligeiras ou talvez uma granada- apresentou um resumo da função desta NTMroquete. Outro incidente grave seria no caso de A e depois houve uma sessão de perguntas e

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respostas duns 40 oficiais que estão envolvidos na função e CSTC-A que tem sido basicamente o treino da polícia e do exército do Afeganistão. O general Formica é o comandante de CSTC-A. Quando fizeram essa pergunta se o presente clima de corrupção estava a mostrar alguns sintomas de melhoramento o general Burgio dos Carabinieri (a polícia italiana) comentou que na opinião dele iria levar mais de trinta anos para mudar a mentalidade do povo, porque os que são adultos hoje já estão tão embebidos com este sistema que seria impossível mudá-los totalmente. Levaria outra geração que é a das crianças que hoje estão a entrar na primeira classe que teriam que ser educados no novo sistema desde o início para se libertarem deste ciclo vicioso. Este mesmo ciclo vicioso foi aparentemente responsável pela fraude que houve nas eleições em Agosto o que levou até o segundo candidato, Abdulah Abdulah, a retirar-se da segunda volta das eleições o que por sua vez levou ao cancelamento e à declaração de vitória de Karzai. O governo do Karzai é geralmente considerado como não sendo um governo legítimo do Afeganistão e o próprio Karzai é chamado apenas de “mayor” de Kabul.

Trocando fogo a partir do Queens Palace em Kabul

Acho que os americanos e os aliados irão estar aqui mais uns dez anos, mas assim que saírem isto possivelmente volta ao estado de guerrilha que existiu nas últimas décadas. Este país é um espelho dos sistemas políticos em África que têm cronicamente sido dominados pelas tribos que controlam ou a maioria do povo, ou as finanças do país. Uma vez que esses indivíduos se infiltram nas instituições do governo torna-se impossível efectuar qualquer mudança que leve à sua eliminação. Aqui aparentemente a tribo dos Pashtuns domina a situação e joga com um pau de dois bicos se for necessário para manter esse domínio. O Karzai é um Pashtun. Conhece outros portugueses aí na zona onde está? Comunica com eles? Conheço sim. Já encontrei vários e até já vi colunas militares de “humvees” com a bandeira portuguesa nas ruas em Kabul. Um coronel americano que ia comigo outro dia até me disse que os “humvees” portugueses eram feitos na Espanha. Há um contingente de uns 60 tropas portuguesas da FAP estacionados na parte sul do aeroporto em Kabul. Há um outro contingente Com políticos afegãos e aspecto de uma rua de Kabul que até tem umas oficinas

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para veículos militares numa base francesa chamada Camp Warehouse uns 7 km depois do aeroporto. E há também uns poucos estacionados em ISAF, aqui muito perto de Camp Eggers. Sempre que vou a ISAF com algum dos nosso oficiais aproveito para almoçar lá e depois procuro os meus amigos da FAP no bar ou restaurante que lá existem. Por sinal, no bar que se chama Tora Bora, até há uma camisola da selecção de futebol de Portugal pendurada na parede. Há também uns civis portugueses que são parte da tripulação dum avião C-130 pintado todo de branco que pertence a uma companhia de carga em Dubai e está frequentemente no aeroporto. E ainda mais, encontrei outro dia na hora do almoço uma mulher jovem chamada Teresa de Lisboa que trabalha para as Nações Unidas em Kunduz, mas que vem frequentemente a Kabul nos helicópteros russos e vem a Eggers para tomar um “cappuccino”, porque as Nações Unidas têm um “compound” mesmo do outro lado da rua do nosso Camp Eggers e ela só tem que atravessar a rua. Encontrei um major do exército português no aeroporto a semana passada que também era de Angola, mas nasceu em Novo Redondo e também saiu de Angola em Julho de 1975! Na ISAF o tenente coronel Lourenço fala frequentemente comigo e até já me tem contado histórias de quando a FAP teve que fazer uma ponte aérea entre São Tomé e Luanda em 1992 para evacuar portuguesas quando a situação em Angola se deteriorou rapidamente durante a Guerra civil com o Savimbi. Eu falei de aventuras na Nigéria e ele contou-me passagens dele em Kinshasa. 25


Catarina dos Santos

foto Cândido Mesquita

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A voz da lusofonia, de NY para o mundo

atarina dos Santos fala e ressidade de Lisboa, onde estudou Belas pira lusofonia. Ou melhor, Artes, que sentiu o apelo da música música e sons da lusofonia. mais fundo e decidiu que tinha de O seu primeiro disco, “Balanço do aprender a sério, matriculando-se Mar”, foi lançado este Verão nos no Conservatório e mais tarde no Estados Unidos é o reflexo não só Hot Club. Em Lisboa integrou alguns de uma experiência musical à volta grupos de jazz e desde logo começou dos sons de África, Portugal e do a escrever as suas canções inspiradas Brasil, mas também de uma vivência pelo ambiente musical eclético onde e forma de estar na vida multiculcresceu. tural que tem as suas origens no A carreira propriamente dita Barreiro, onde nasceu e cresceu no começou em 1988 nos Edworld, seio de uma comunidade com raízes uma banda de jazz-pop da qual era africanas, sobretudo de Angola e de vocalista e compositora, enquanto Cabo Verde. Hoje, a partir de New estudava no Conservatório de Lisboa por António Oliveira York, Catarina faz a ponte entre e jazz no Escola de Jazz Luís VilasBrasil, Portugal e África num perBoas. No Hott Club foi depois tamcurso musical muito próprio que leva os sons da lusofonia a novas bém professora e chegou a actuar como cabeça de cartaz. Passou depois audiências internacionais. por vários grupos de jazz mas a pouco e pouco começou a sentir o apelo Exposta desde cedo a este ambiente multicultural, tomou conforte para fazer a fusão dos sons brasileiros e angolanos. Participa então tacto também desde criança com vários géneros de música, desde o em alguns programas para a RTP África de música angolana e com Rui jazz ao funk, passando pela música tradicional africana e portuguesa. Mingas no disco Monangambé, percorrendo também o país integrada Filha de pai melómano (Etelvino Rocha), Catarina começou por num grupo de música africana. aprender a tocar guitarra e a cantar em coros, mas foi só na Univer“De repente comecei a sentir-me muito presa”, diz à ComunidadesU26

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foto Cândido Mesquita

Com Mike Trovoada (Angola), e Rolando Semedo (Cabo Verde), em Newark, New Jersey, interpretando alguns temas do seu álbum “No Balanço do Mar”

SA. “Estava já com uma carreira a começar mas sentia que tinha ainda muito que aprender e que tinha um percurso curto”, explica Ao jazz, e ao Hot Club, foi Catarina buscar a sua base musical. “Foi a minha escola, ali tive treino auditivo, escrita, ritmo, técnica vocal, tudo. Toda a formação de jazz que no fundo é clássica”, diz. Mas faltava-lhe percorrer os caminhos dessa grande música e com outros amigos sentiu a necessidade de abrir novos horizontes e ir até à raiz: os Estados Unidos. Os amigos candidataram-se para estudar em Boston, mas Catarina preferiu New York. “Sabia que era uma cidade multicultural, um pouco como o ambiente em que cresci, e senti que talvez fosse melhor fazer essa experiência de novo como adulta numa cidade rica em formação, com muitos clubes onde ouvir música e muita música do mundo, diferente”, explica. “Por isso optei por vir para New York estudar Jazz”, diz. E é assim que em 2003 Catarina se instala em New York para tirar um BFA em Jazz Performance (formou-se com Suma Cum Laude), estudando com músicos como John Pattittuci, Janet Steele, Jonathan Pieslak, Sheila Jordan, Paquito de Rivera, Mike Holober, Neil Clark, Ed Simon, Duduka da Fonseca e outros. Estudou também orquestração com o maestro Daniel Ott, da Juilliard School. A par do estudo, Catarina ia bebendo as in-

fluências de New York e absorvendo o ambiente musical único da cidade, tocando com vários músicos de diferentes origens, nomeadamente do Brasil. Começou por tocar percussão e cantar num grupo de sons do Brasil chamado Nation Beat. “O foco era misturar a música de New Orleans com ritmos do nordeste do Brasil, porque a nível de sons há uma semelhança muito grande entre o sul dos Estados Unidos e a zona do Caribe – Cuba e Porto Rico – e o nordeste brasileiro”, explica. Foram três anos a viver estes ritmos que levaram Catarina ao Recife, Brasil, onde a banda gravou um CD, e depois numa digressão pelo país e algumas cidades americanas. O projecto, porém, acabou por se esgotar para Catarina quando ela começou a sentir que a música que faziam “era mais uma visão muito norte-americana e unilateral em vez de uma partilha de informação”. Resolveu então sair e começar a escrever a sua própria música. “O projecto foi óptimo, mas eu senti que já tinha feito o que tinha a fazer, gravámos um disco, fizemos concertos, viajei”, diz. “Eu senti a necessidade de pensar nas minhas próprias raízes e foi assim que nasceu “Balanço do Mar”, uma colecção de dez temas originais que reflectem todo este percurso musical e multicultural”, explica. Com uma sonoridade mais africana e brasileira, “uma opção”, como ela diz: “Eu

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cresci num ambiente multicultural e sempre que me lembro da minha infância lembro-me de ritmos diversos. Fui exposta desde muito jovem a música de Angola e de Cabo Verde. Isso é um universo que não sai da gente, que fica cá dentro”, diz.

“Balanço do Mar”: Portugal, Brasil e África

Em “Balanço do Mar” Catarina canta em português, com sotaque brasileiro e em crioulo, temas que reflectem o seu contacto com as culturas africanas e brasileiras. Adverte, desde logo, que este disco “não tem a pretensão de ser um disco de música portuguesa no sentido que as pessoas têm de música portuguesa”. E explica porquê: “A música é uma construção. Não era minha intenção fazer um disco de música tradicional, pois eu não foi essa a música que eu aprendi. Para mim isto é Portugal porque é o meu Portugal, foi como eu cresci”, diz. “É uma construção minha de Portugal e também um estudo sobe o que é que ficou de português em certos lugares”. Por isso todos os temas se podem situar num espaço e no tempo pessoal de Catarina. “Mãe Bia Rosa”, o primeiro tema, é um estudo entre a relação entre calango (ritmo afro-brasileiro) e a coladera caboverdiana. “Faz-me lembrar uma caboverdiana que co-

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nheci em Portugal e que dizia que todos os barcos que via iam para Cabo Verde e um dia ia num deles”, diz Catarina. O segundo tema “O Teu Jeito” é “ao mesmo tempo um fado e uma morna”, explica. “ É claro que a estrutura não é do fado nem eu quis cantar assim, mas tem a ver com esta sensação do mar e desta saudade que a gente sente”. “A Flor do Mangue” é “tudo o que eu encontrei de semelhante em Recife em relação à cultura portuguesa”. “Compus como uma marchinha que para os brasileiros é marcha portuguesa e para os portugueses é uma cena brasileira”, explica. “Korpu di Tchuva” é uma canção cantada em crioulo; “Yoru” é “uma língua que eu inventei sobre estas semelhanças todas entre África, Portugal e Brasil; “Nu Sta Pidi Tchuva Doce” é um estudo da batucadeiras e das adufeiras. “O ritmo é o mesmo”, explica Catarina exemplificando com as mãos na mesa. “É uma canção de luta das mulheres do interior de Portugal, de Cabo Verde e do nordeste brasileiro e da sua sobrevivência face à seca e fome”; “Osobó” é sobre o piano de dedos africano e um pássaro de São Tomé; “Odju bibo, Pé Ligeiro” é “uma mazurka caboverdiana que fala da minha emigração, em crioulo; “Kimbombó” é sobre as relações do samba de corda e o simba angolano; finalmente “El Barrio Mayombe”, o último tema do disco, “é sobre este bairro aqui, onde eu vivo em New York (a zona da rua 105 com a Lexington, área onde residem muitos emigrantes da zona do Caribe e Porto Rico). Apesar desta fusão e ecletismo, “No Balanço do Mar” não é um disco ou documento etnomusical mas uma visão sonora do mundo de Catarina, com uma leitura musical muito simples de apreender e uma harmonia sonora marcada pelos ritmos afro-brasileiros tão elegantemente aqui acompanhados pela voz de Catarina que nos lembra a cada instante o universo sonoro do mar. E dos seus balanços. “As harmonias destas canções”, explica, “são consequência definitiva da liberdade que eu adquiri ao ouvir harmonias diferentes. Eu tentei fazê-las soar simples mas elas são mais complexas do que parecem”, diz. O disco foi pré-produzido em New York por Catarina e o músico brasileiro Eduardo Nazarian, gravado em São Paulo e Lisboa e masterizado nos Legacy Studios, de New York. Foi editado pela editora MarCreation e encontra-se à venda nos locais habituais e também nas lojas da Internet iTunes e Amazon, entre outras. Em finais de Agosto Catarina apresentou o disco ao vivo no Centro Cultural

O CD de Catarina dos Santos “No Balanço do Mar” www.myspace.com/catarinadossantos somdacatarina@gmail.com www.marcreation.com

de Belém, em Lisboa, e neste momento negocia a sua distribuição na Europa. A capa, uma pintura de Catarina sobre um manto que lembra África, é da artista plástica e amiga da cantora, Susana Gaudêncio.

Amália, Né Ladeiras Catarina cita a música de Amália Rodrigues e Né Ladeiras entre as suas influências e diz que hoje em dia ouve muito as adufeiras portuguesas e música tradicional portuguesa trabalhada (Brigada Victor Jara) e do interior de recife, de Pernambuco. “Nesta zona do Brasil preservaram-se muitas coisas portuguesas e é isso que eu estou agora à procura”, diz. Depois, ouço “também muito Cesária Évora, Sara Tavares, Clara Nunes, Lourdes Van-Dúnem e Ngola Ritmos e o Bonga dos primeiros tempos”. É multi-instrumentalista – toca piano, guitarra e percussão – e faz também arranjos para outros músicos. Quando fizemos esta entrevista, em Manhattan, tinha acabado os arranjos de um disco da cantora porto-riquenha Raquel Rivera sobre Maria Madalena. Neste momento trabalha num projecto com um músico brasileiro de Pernambuco para a Caixa brasileira, “que é uma mistura de um trio que tenho em Portugal, composto por um músico santomense e outro angolano, e a banda de Pernambuco”.

New York, New York Em New York, Catarina divide o seu tempo entre os concertos ao vivo, com a sua banda, em clubes de jazz e salas mais viradas para a chamada “word music”, a pesquisa de música afro-brasileira e as aulas de música, canto e percussão que dá em New York e New Jersey. Diz que a adaptação à cidade não foi difícil, passado que foi o período inicial de alguma fascínio: “Ao princípio estava um bocado cega, pela vontade de ir a todo o lado, ver toda a música, mas depois com o passar do tempo acalmei e comecei a perceber que a cidade não precisa de nos manipular, mas somos nós é que temos de fazer a cidade que queremos. New York é aquilo que nós queremos fazer dela”.

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Como artista na grande cidade diz sentirse mais como uma cidadã do mundo do que uma portuguesa no estrangeiro. Por isso não se sente deslocada de Portugal, onde continua a trabalhar e ao o qual continua muito ligada, mas New York abriu-lhe outros horizontes: “O português vem de um mundo pequenino e tem a necessidade de extrapolar as suas fronteiras”, explica. “Sinto-me cidadã do mundo no sentido da responsabilidade que tenho, pois quando saímos do nosso país temos realmente que entender o que é viver noutro lugar, o que trazemos connosco”, explica. E recorda os primeiros anos em New York e a sua luta para vencer. “Isto é uma cidade que faz provar muita coisa a nós mesmos”, diz. “New York não é a terra das oportunidades: a gente descobre é que as oportunidades existem dentro de nós e não temos outra hipótese a não ser ir atrás, senão ficamos perdidos”, explica. Com Portugal, a relação continua íntima e de boa saúde: “A minha casa é hoje dividida entre aqui (New York) e Portugal, mas eu prefiro esticar o pé para o outro lado do Atlântico, porque ajuda-me a manter este equilíbrio”, diz. “Se calhar é um modo de eu conseguir estruturar-me criativamente, sei lá”. Quanto a projectos, Catarina diz que os concertos não faltam. E talvez em breve a possamos ver também numa digressão pela Europa. Ou trabalhando com outros músicos portugueses residentes nos Estados Unidos: “Ao contrário dos músicos de outras nacionalidades, que desenvolvem projectos conjuntos em New York, os portugueses parece que estão muito afastados”, lamenta Catarina lembrando que encararia de bom grado a colaboração com músicos portugueses desta área, como o maestro José Luís Iglésias, músico que diz apreciar muito.

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COMUNIDADES

À beira dos 80 anos, mas com uma direcção dinâmica e do séx. XXI...

sede. Porquê? Eu costumo dizer aos membros que a coisa mais fácil de fazer é uma renovação física das instalações. Mas isso não é o mais importante: nós estamos empenhados é em renovar o espírito comunitário. Isso foi o que eu pedi aos nossos sócios. Isso é que dá mais trabalho, pois é mais fácil fazer obras do que renovar esse espírito. Mas para fazer as obras foi também preciso capital? E a comunidade, como respondeu? Sim, mas o aspecto financeiro está controlado, estamos a pagar a dívida muito regularmente e no espaço de três ou quatro anos tê-la-emos liquidado. Em relação à resposta da comunidade à renovação, ela foi excelente. O ambiente que estamos a criar aqui na associação torna-a muito mais acessível a um maior número de pessoas. A nossa preocupação é criar espaços, ambiente e actividades que atraiam pessoas desde os mais novos até aos mais idosos, desde os que têm ideias de uma

Centro Português de Yonkers, NY: uma casa que renovou as instalações e a mentalidade

Fernando Pinho com Andrea Stewart-Cousins, senadora estadual do 35º distrito

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caminho dos 80 anos (comemorou 79 este Outubro), o Centro Comunitário Português de Yonkers, estado de Nova Iorque, renova-se fisicamente mas também nos seus ideais. Acabadinho de inaugurar obras de renovação no valor de muitas centenas de milhares de dólares que o dotaram das mais modernas e funcionais instalações de todas as associações portuguesas do Estado, esta casa quase centenária ganhou nos últimos anos, apesar do fim da emigração, um novo fôlego e uma nova dinâmica graças ao empenho e dedicação do seu diligente presidente, Fernando Pinho, que termina em Dezembro o seu quarto ano consecutivo à frente dos destinos do YPCC. Ele desvaloriza o trabalho individual e faz questão de dizer que é tudo fruto de um trabalho de equipa e de uma mentalidade renovadora, mostrando-se optimista em relação em futuro. Em dia de festa (o 79º aniversário) falou à revista ComunidadesUSA. Aqui fica a entrevista.

A entrevista com o presidente Fernando Pinho por António Oliveira (em Yonkers, NY) Numa altura em que a emigração parou, como é o que o Centro continua com esta dinâmica e de tão boa saúde? Isto é o fruto de um esforço diário e constante e da nossa persistência, mas o mais importante, penso eu, é ter uma equipa e um grupo de trabalho que tenha objectivos comuns. Uma vez eles definidos, e quando todos

os abraçam, é uma questão da equipa pôr em acção o plano e é isso que temos feito. Celebrar quase 80 anos de vida de uma colectividade é realmente notável e é uma honra e um prazer estar hoje aqui e ver que esta organização continua a progredir cada vez mais e que está no bom caminho. Quando a maioria das associações portuguesas se debatem com falta de membros e de capitais, vocês investiram em obras na

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A emigração portuguesa parou mas há outras que aumentaram, e nós temos que ver as coisas que nos podem unir em vez de vermos as coisas que nos separam. maneira aos que as têm de outra. Aqui o que nós tentamos criar é um espaço para todos, independentemente da sua ideologia ou dos seus interesses. E têm conseguido atrair os luso-descendente? Isso é difícil de medir, mas por aquilo que temos visto e pela experiência agradável que tivemos há uns meses com a formação, por parte de um grupo de jovens, de uma Academia de Concertinas, o que proporcionou o renascimento do nosso rancho folclórico, que estava parado, penso que isso é uma grande resposta da juventude e uma grande motivação para nós e uma prova que o nosso trabalho está a ser bem aceite pela juventude. Foram os jovens que tomaram a iniciativa e falaram connosco, que os acolhemos de braços abertos. O projecto está a andar e tem sido um sucesso.

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O Rancho Folclórico do Yonkers Portuguese Community Center na festa do 79º aniversário

“Hoje em dia o YPCC já não é só o centro português, mas centro Lusófono” Um exemplo disso foi o festival de Concertinas realizado há umas semanas e que atraiu mais de 700 pessoas ao nosso Centro. Foi uma festa do folclore e da Juventude. Acho que esse é um exemplo do tipo de resposta que estamos a ter ao nosso trabalho. Que actividades desenvolvem actualmente? Temos actividades desportivas, nomeadamente karate, que envolve dezenas de crianças e jovens, e aulas de aeróbia com mais de 50 inscritos. Temos também o futebol ao nível de juniores e de seniores, sendo aliás a nossa equipa da seniores a actual campeã do Estado de Nova Iorque. Temos também a escola de língua portuguesa, o rancho folclórico, as festas tradicionais, o bar com serviço de restaurante e sala de convívio. Tudo isto é possível graças ao esforço dos membros, pais e dos dirigentes. Quando se tem uma equipa de trabalho e pessoas encarregadas que assumem as suas responsabilidades é muito fácil ter uma organização destas. O trabalho que tem sido executado e os resultados que temos obtido é fruto de pessoas realmente dedicadas à sua actividade e à comunidade. Como fim da emigração, o centro vai mantendo o número de associados? O número de associados felizmente tem aumentado. Este ano já fizemos cerca de ComunidadesUSA

E porque não unir todas as associações desta área do estado de New York? Quanto a mim, penso que ainda não é o momento, pois da nossa parte (centro de Yonkers) ainda não temos uma necessidade urgente de pensar nisso. Acho que isso acontecerá quando houver duas ou três associações portuguesas que estejam numa situação em que não possam sobreviver por elas e aí juntarem-se. Eu penso que a necessidade é que vai eventualmente ditar essa união. Haver uma iniciativa para o fazer neste momento, quando não há essa necessidade, acho que resultaria num fracasso. Vai recandidatar-se? Este é o nosso quarto ano de serviço nesta casa. Quando começámos há quatro anos dissemos que íamos quebrar a tradição e servir por dois anos, após os quais decidimos continuar. Este é o nosso último ano e a equipa ainda não discutiu a hipótese de continuar ou não mais dois anos.

trinta novos sócios. No nosso primeiro ano de serviço decidimos também captar antigos membros, aqueles que já tivessem sido sócios no passado e por ventura tivessem desistido, podiam regressar novamente sem pagar nenhuma penalidade. Foi uma maneira de atrair muitos sócios antigos que se tinham afastado do centro porque no passado não havia nada, ou muito pouco, para lhes oferecer. Agora, com as novas condições e novas actividades, muitos deles regressaram. Vejo que a comunidade lusófona também frequenta o centro. Sim, por exemplo o secretário da Assembleia Geral é cabo-verdiano e muitos dos nossos colaboradores e chefes de cozinha também. Eles também usam o centro para promoverem encontros entre a sua comunidade. Eu vou entrar aqui numa questão polémica, Yonkeres Portuguese Community Center mas o meu sonho é que um dia este clube 316 Palisade Avenue, Yonkers, NY tenha outro nome, que não seja só o centro Fundado em 1928 português, porque hoje em dia já não é só Telefone: (914) 476-0907 o centro português, mas o centro lusófono. A direcção 2007-09 A emigração portuguesa parou mas há Presidente: Fernando Pinho outras que aumentaram, e nós temos que Vice-presidente Operações: Fernando Santos ver as coisas que nos podem unir em vez de Vice-presidente Finanças: Antero Pereira vermos as coisas que nos separam, e aqui Vice-presidente Administração: José Ferreira no caso da nossa organização um ponto Director Finanças e Tesouraria: António Azevedo principal da nossa estratégica é acolher Director de Secretaria: Júlio Viegas Director de Eventos: José Peixoto Júnior todas as pessoas. November 2009

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Com António Pinto Basto, José Nobre Costa e João Balula Cid

alguns dos seus mais conhecidos êxitos fortemente aplaudidos pelo público que enchia por completo a sala e mostrou conhecer bem os poemas. Deixou ainda que João Balula Cid interpretasse alguns temas a solo, no piano, e o guitarrista José Luís Nobre Costa na guitarra

Proverbo: mais uma Gala de bom gosto com música de qualidade

fotos ComunidadeUSA

Foi mais uma noite de poesia, charme, bom gosto, melhor companhia e sobretudo música de muita qualidade a edição deste ano da Gala Proverbo, a secção Cultural do Sport Club Português de Newark, New Jeresey, intitulada “Língua Portuguesa em Festa”. Cumprindo a tradição, a Proverbo trouxe mais uam vez a Newark artistas portuguesas de primeira grandeza, neste caso o fadista António Pinto Basto aqui aocmapnhado à guitarra portuguesa por José Luís Nobre Costa e ao piano por João Balula Cid. Qualquer um destes artistas dispensa apresentação e todos mostraram em Newark, a avaliar pela recepção do enorme público presente no Sport Club, que a qualidade também pode ser popular e que é possível fazer espectáculos com artistas destes no seio da nossa comunidade. Pena é que seja apenas a Proverbo (ou quase) a apostar neles.

Como também vem sendo hábito, este ano a Proverbo homenageou algumas figuras da comunidade que se destacaram pelo seu papel em prol da promoção ou defesa da língua e da cultura portuguesas. Os homenageados foram Manuel Parente, figura comunitária bem conhecida pelo seu activismo comunitário e colaboração na imprensa local, o jovem estudante Pedro Botas, o maestro e músico José Luís Iglésias e o pintor (a título póstumo) Orlando Lobato. Como era a Língua Portuguesa que estava em festa, a Proverbo editou um pequeno livro com poesias, textos, gravuras e fotografias de

Balula Cid, Nobre Costa e Pinto Basto com Glória de Melo e João Martins, da Proverbo; em baixo, à esquerda, um dos homenageados da noite, Manuel Parente, com José Galaz, da Embaixada de Portugal (esq.), e o congressista estadual de NJ, Alberto Coutinho; à direita, os jograis da Proverbo fotos ComunidadeUSA

alguns dos seus membros residentes na área e organizou ainda uma mostra de livros e de pintura, no Museu do Sport Club Português que esteve patente ao público na semana anterior à festa de Gala. Antes de actairem os artistas convidados cantou o grupo de jograis da Proverbo e João Martins e Glória de Melo, os “mentores” da iniciativa e grandes dinamizadores da Proverbo, declaram algumas poesias suas que souberam a pouco. Mas o momento alto da noite foi a actuação de António Pinto Basto, uma figura incontornável da história do fado que cantou

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portuguesa, que arrancaram do público fortes e merecidos aplausos. Foi um espectáculo de muito bom gosto numa sala que todos aos anos por esta altura vem acolhendo a actuação de artistas portugueses de primeiro plano. Recorde-se que a Proverbo trouxe já às suas Galas Vitorino, Pedro Barroso, Manuel Freire, Balula Cid, Victor Silva e a peça “Conversas de Camarim”, com Simone de Oliveira, Victor de Sousa e Nuno Feist, José Fanha, Peter Ferreira, Timothy Wallace, entre outros. É por isso que a expectativa já é grande para saber quem virá em 2010...

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COMUNIDADES

Em Rhode Island, uma associação muito activa culturalmente

Casa dos Açores da Nova Inglaterra lança obras de autores açorianos A Casa dos Açores da Nova Inglaterra, sediada em East Providence, Rhode Island, é uma das associações portuguesas mais activas culturalmente, destacando-se do panorama tradicional dos nossos clubes, mais apostados em actividades recreativas. Depois de um ano cheio de actividades, a CANI tem ainda uma série de eventos até ao final do ano que merecem o nosso destaque. Assim, dia 20 de Novembro, sexta-feira, tem lugar o lançamento de “Fajã de Cima – Memórias da Terra e da sua Gente”, de João Carlos Tavares. Este livro aborda aspectos do quotidiano da comunidade da Fajã de Cima, aluindo entre outras memórias, a personalidades da cultura açoriana como Roberto Ivens e Cecília Meireles, ligados àquela freguesia. Com prefácio do Dr. Onésimo Teotónio de Almeida, professor na Universidade de Brown, este livro é um documento importante para conhecer esta típica freguesia açoriana nas suas vertentes económicas, social, cultural e política. No dia 28, sábado, é a vez da CANI lançar oficialmente os livros do Dr. José Almeida Mello. No decorrer dos últimos meses o Dr. José Almeida Mello tem vindo a publicar uma série de trabalhos, em livro, sobre temáticas açorianas, que visam sobretudo divulgar, valorizar e preservar a cultura e a identidade das ilhas e das suas gentes. Trata-se de um desafio, que compreende um projecto designado 12 Meses/ 12 livros. As obras lançadas foram até à presente data: Presépio de São Miguel - 2008 Francisco Arruda Furtado - 2009 Sinagoga de Ponta Delgada - 2009 João Paulo II Recordando a sua passagem pelos Açores - 2009 Craig de Mello - Genealogia e Memorias - 2009 As Grandes Festas do Espírito Santo de Ponta Delgada - 2009 Lomba da Fazenda Traços de memorias - 2009 Salga Memórias do Tempo e do Lugar - 2009 José Cabral de Mello - O Poeta da Saudade 2009 Dia 28 (Sábado) – Lançamento de vários livros, do Investigador e Historiador residente nos Açores, Dr. José Almeida Mello; Hora do evento: 7horas da tarde. Local: Sede da CANI – East Providence

Em Dezembro, no dia 5, sexta-feira, é a vez de Dinis Paiva lançar o seu “Comida com Peso e Medida”, livro que, tal como o seu título indica, aborda temas gastronímicos.

Dia 5 (Sexta-feira) – Lançamento do livro “Comida com Peso e Medida” de Dinis Paiva; Hora do evento: 7horas da tarde. Local: Sede da CANI – East Providence

No dia 7, domingo, é a vez da CANI realizar a festa de Natal da Escola Portuguesa; Este festa decorrerá pelas 12:30 da tarde, no Salão da Paróquia de St. Francisco Xavier, em East Providence,e inclui almoço e actividades preparadas pelos alunos da escola portuguesa.

Em Mount Vernon, Nova Iorque

Banco Espírito Santo e Escola Infante D. Henrique entregam Bolsas de Estudo

Ashley Lourenço, Renato Martins e Mariza Gomes, os alunos que receberam a Bolsa de Estudo “O Navegador/Banco Espírito Santo de 2009, com os professores Diaquino Freitas e Júlia Patane (júri) e Jorge Custódio, do Espírito Santo

A Escola Infante D. Henrique de Mount Vernon, New York, e o Banco Espírito Santo, através do seu escritório de Newark e de CT, entregaram em Outubro as suas Bolsas de Estudos “O Navegador”, edição de 2009. Desta feita foram três os finalistas, todos lusodescendentes que frequentaram esta escola de língua portuguesa até ao 9º ano de escolaridade: Renato Martins, Ashley Lourenço e Mariza Gomes. A Bolsa de Estudo “O Navegador/Banco Espírito Santo” foi criada pela Escola Infante D. Henrique em 2004 e destina-se aos jovens luso-descendentes que ingressam no ensino superior, premiando a excelência dos seus resultados escolares e o seu envolvimento na comunidade portuguesa e trabalho voluntá-

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rio. Desde 2005 que conta com o patrocínio do Banco Espírito Santo, instituição que tem mostrado um grande empenho e interesse na promoção da língua portuguesa entre as nossas comunidades. A entrega das bolsas decorreu durante um jantar que teve lugar no Portuguese American Club de Mount Vernon, a associação portuguesa à qual pertence a escola Infante D. Henrique, e durante a cerimónia o representante do Banco Espírito Santo, Jorge Custódio, fez questão de referir o continuado compromisso do banco na promoção da língua e culturas portuguesas no seio das comunidades. A Escola Infante D. Henrique foi fundada em 1974 e lecicona a Língua e Cultura Portuguesas do 1º ao 9º anos de escolaridade.

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Crónica dos Açores

Entre duas viagens à América: um instante de 25 anos “As contradições continuam – em todo o mundo! A imagem de sucesso é cada vez mais vendida, com interesse para a auto-promoção, para a imagem política, para funções sociais – sem dúvida!”

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ntre a primeira e a última vez que fui aos Estados Unidos decorreram alguns vinte e cinco anos. Ora, como nós sabemos, vinte e cinco anos é uma vida jovem quando se trata de um indivíduo, uma vida e tanto quando falamos de uma relação, um instante quando nos referimos ao espaço entre dois pontos da nossa vida. Situando-me entre estes dois pontos, dou-me conta do que cresci, das vidas que pus no mundo, das transformações que influenciei, dos caminhos por onde esfolei a alma, dos mares que sobrevoei maravilhada, das descobertas excitantes e das aprendizagens magníficas, dos afectos eternos e dos novos amores. Um instante, mesmo assim. Objectivamente, na distância desse instante, está um mundo que fervilhou, subtraiu, acrescentou, amadureceu, evoluiu. Na minha vida, assim foi; na vida das comunidades emigradas nos Estados Unidos da América, assim vi. Embora o meu avô paterno tivesse sido emigrante na Califórnia, uma bisavó tivesse vivido no Brasil, um dos meus bisavôs maternos fosse nativo de África, o certo é que o apelo das ilhas sempre foi mais forte para os meus pais e para mim do que o apelo de partir. Ainda hoje quando me deslumbro com as vivências ou as paisagens de outros países ou procuro raízes ancestrais noutros continentes, os Açores estão sempre na minha linha de horizonte de chegada. É uma questão de identidade que tem vindo a consolidar-se nos últimos anos, ainda que não me furte à ideia de mudança. Quando parti em viagem de jornalistas dos Açores e aterrei em Boston – repito: há vinte e cinco anos! –, ia, decididamente, com o horizonte do regresso bem nítido, mas com uma grande curiosidade sobre o que iria encontrar naquela semana na América. ComunidadesUSA

À chegada, alguns dos meus colegas tiveram logo que passar umas horas a convencer os oficiais dos serviços de Imigração de que não iam trabalhar, mas apenas “ver” a Costa Leste. Tinham preenchido incorrectamente os formulários… Eu, se bem que me tenha safado desse incómodo, não me livrei de outro maior: fiquei três dias sem mala! (A minha relação com as bagagens nunca che-

gou a um patamar de estabilidade até hoje… o que, por vezes, me leva a crer que afinal, há mesmo sorte e azar!) Sem me deter nos percalços porque nunca fiquei parada nas circunstâncias, quaisquer que sejam os nomes que se lhes dê, meti-me com os meus colegas América dentro – pensávamos nós que a América era os lugares por onde passávamos! –, cada um preparado para desfrutar da viagem e “perceber” a nossa comunidade lá. Ingenuidade pura. November 2009

ALZIRA SILVA (Faial, Açores) (alziraserpasilva@gmail.com)

Mostraram-nos jornalistas e jornais, em toda a linha de produção, dos mais conotados ideologicamente aos mais libertos dessas influências, dos mais artesanais aos mais tecnológicos, dos mais açorianos aos mais americanos. Era o primeiro grande contraste da América da nossa Comunidade (ainda não tínhamos descoberto que não há apenas uma Comunidade) e a América americana. Causou algum desconforto e também uma esperança interrogada: chegaríamos lá um dia? Mostraram-nos homens – curiosamente, mulheres, quase nenhuma – de sucesso, como sempre convém nas visitas. Entendemos por quê e foi pacífico: os exemplos (que ainda não tinham o nome de role models para nós) constituíam um incentivo para a nossa comunidade querer mais, fazer mais, subir mais na escala social (de acordo com os padrões económicos), ter mais autoestima. Era o sonho americano ali mesmo à frente dos nossos olhos: agradáveis as “estoas” tão cheirosas, tentações os grandes frigoríficos cheios, confortáveis os carros enormes, dignas de cenários de filmes as casas. Também nós cedemos e lá fomos despejar os nossos magros escudos em lembranças para a família. Mas como jornalistas que éramos, a seguir vinha o desejo de partir à procura, de fazer perguntas. Haveria um outro lado? Havia e encontrámo-lo. Gente perdida entre a vontade do regresso e a vergonha de vir de mãos a abanar, gente destroçada em termos identitários, gente sofrida pela força do trabalho e pelo peso da saudade, gente acabrunhada pela negação de valores dos próprios filhos, gente em conflito interior por ser herói e traidor, gente sem degraus para subir e sem chão para estabilizar. Foi a desconstrução do sonho americano 35


e também uma oportunidade para penetrar e dar a conhecer esse mundo invisível do lado de cá, um desafio à nossa capacidade de absorver todas as imagens e sons e os sintetizarmos depois nos espaços limitados por razões editoriais dos nossos órgãos de comunicação social. Eu, confesso que imergi entre os dois mundos, impreparada e incapaz de gerir a pressão do tempo. Não me orgulho do trabalho que fiz. Depois de um número não contado de viagens como jornalista em que recuperei a minha auto-confiança e gostei do meu trabalho, e um número superior de viagens como directora regional das Comunidades, este ano fiz a minha viagem de despedida nessas funções. (Não a última da minha vida, porque neste preciso momento faço a mala para ir cumprimentar a CANI pelo seu aniversário, o que muito me honra e alegra.) Pelo meio ficou o tal instante, os vinte e cinco anos. Muita aprendizagem, muito caminho percorrido, mas um instante. E nesse instante, a nossa gente na América e a própria América mudaram. As contradições continuam – em todo o mundo! A imagem de sucesso é cada vez mais vendida, com interesse para a auto-promoção, para a imagem política, para funções sociais – sem dúvida! A pobreza, a exclusão, o isolamento do outro lado do sonho americano arrepia e constrange – infelizmente e não à falta de quem lute contra esses venenos sociais mas por falta de uma acção consertada e assertiva; a fragilidade proveniente da falta de informação das nossas comunidades subsiste – é certo, apesar de todos os esforços; a falta de reconhecimento da Pátria ou da sua terra ainda os atinge como uma injustiça – a insegurança e o merecimento não fazem um bom casamento; a luta é maior do que a recompensa – só quando se espera recompensa exterior! Mas há muito mais do que este lado, existem chão e degraus que foram subidos, surgem horizontes para além dos sonhados há vinte e cinco anos atrás! As Comunidades cresceram se não em quantidade em qualificação, em ascensão interior (a única que não é efémera), deu vidas à América, operou transformações, ladrilhou, pedra a pedra, muitas calçadas sociais, políticas, económicas, culturais, psicológicas, feriuse e curou-se, descobriu que lhe cabe harmonizar culturas diferentes dentro de si e reconstruir identidades vulnerabilizadas, que pode amar dois países sem trair nenhum, que a lealdade é ser e não estar, e – acima de tudo! – que tem no seu ventre seres bonitos, autênticos, migrantes. Foi um instante. Apenas e só um instante. 36

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A crónica do Brasil

NA MARGEM

DE CÁ

Poética do Boi na Ilha de Santa Catarina Documento visual expresso com a força da técnica, da criação e do senso cromático explorado em todas suas nuanças, representando o repertório dos movimentos cênicos do Boi tendo por cenário os recantos da Ilha. A “Poética do Boi na Ilha de Santa Catarina” de autoria do pintor-poeta Semy Braga, conjunto de dezenove telas, faz uma leitura multifacetada da figura do Boi numa diversidade de representações, rituais e simbologias tauromáquicas cuja geografia se desenha no litoral catarinense de tradições alicerçadas no substrato açoriano sobrevivente. Na plenitude do olhar debruça-se sobre a efervescência criativa e estética personificando o Boitatá, o Boi de Engenho, o Boi da Farra do boi e o Boi de mamão no universo da Ilha-Catarina, como se todos cumprissem um fadário em cenários armados por mãos açorianas, seculares, na argamassa do casario, na atafona, na roda do engenho, nas madrugadas acesas no sábado de Aleluia, nos cruzeiros e igrejas, no canto das sereias, no feitiço das bruxas. A composição artística e poética do Boi de Semy Braga firma-se tanto na historicidade quanto no imaginário ilhéu. São imagens de significados fortes e simbólicos para a cultura local. Imagens de sonhos. Imagens guardadas na memória dos afetos do pintor. Imagens partilhadas por toda gente. O Boitatá, entidade mítica, entronizada no folclore brasileiro sobre forma de serpente com olhos que cospem fogo personifica no fantástico imaginário ilhéu a figura alada de um boi, criatura noturna, sedutora que sobrevoa a Ilha, chispando fogo pelas narinas como um misto de boi-dragão com chifres de touro. Nas lendas da Ilha, sussurradas nas noites de Lua Cheia, o Boitatá é descrito como figura com cabeça de touro que protege a Ilha e mantêm encontros eróticos com as bruxas, verdadeiras orgias bruxólicas

* Texto escrito em português do Brasil, país onde vive a autora ComunidadesUSA

no alto do Morro das Pedras, no Sul da Ilha. Se etimologicamente Boitatá tem sua origem no tupi-guarani – mba`é +tatá – significando “coisa de fogo” entre nós sofre mudanças tanto na forma quanto no sentido sob a influência da palavra homonímica da língua portuguesa: “boi”. Na linguagem pictórica de Semy Braga a fantasia do boitatá sacramenta rituais simbólicos com alegorias, cores, sons, coreografias e aproxima, numa mesma cinética, o homem da natureza, o homem do animal. Em todo o conjunto, o uso de cores fortes e vibrantes responde por uma volumetria que harmoniza outras figuras do Boi com a simplicidade da paisagem insular e do cotidiano de sua gente como o Boi de Engenho. Boi que é força motriz, na cangalha, olhos vendados, tristes, preso pela almanjarra, girando silencioso no andame, sob a bolandeira, na produção da farinha de mandioca ou, ainda, puxando a moenda, triturando a cana de açúcar. Boi que alimenta o homem que o aprisiona. Uma arte que atravessa o Atlântico e vai buscar na outra margem, no porto açoriano de suas memórias ancestrais, na Ilha Terceira – a “terra do bravo” – o elo etnogenealógico do Boi da farra do boi. A revivificação da “tourada à corda,” práticas ritualísticas açorianas, no espaço dionisíaco da Ilha de Santa Catarina. Expressão cultural identitária sobrevivente e fortalecida. A farra reprimida pela lei liberta o ilhéu pela força da tradição. A farra da transgressão do homem que desafia, brinca com a fúria do animal que é toureado. A Semana Santa é

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por Lélia Pereira da Silva Nunes*, lha de Santa Catarina, Brasil

tempo da farra de boi na Ilha. O ritual rompe limites e chega seu ápice entre a madrugada do sábado de Aleluia e o domingo de Páscoa quando o boi imolado tem sua carne

partilhada pelos farristas. Tudo se configura numa visão surrealista da insular paisagem, cheia de mistério, no cenário telúrico visceral, repleto de saudade de um lugar seu, utópico, talvez uma outra ilha presente ou habilmente insinuado como num jogo de sedução, na dialética dos tons quentes e frios, perenizados, pela sensibilidade do artista-poeta. Estilo que se identifica na temática “Poética do Boi”, no rigor (conclui na página seguinte) 37


da criação, na inspiração de cada quadro, provocando a mesma tensão, como um chamado à sua fruição. O folguedo do Boi-de-Mamão, popular manifestação cultural do litoral catarinense, completa esta coleção da poética do Boi da Ilha de Santa Catarina. A energia da dança coletiva integra movimentos e formas numa sinfonia de corpos que transparecem na dramática encenação, oferecendo plasticidade, beleza, e muito do imaginário ilhéu. As imagens pintadas revelam, numa narrativa visual, o conteúdo dramático do folguedo enquanto sua teatralidade identifica os elementos estruturais do enredo popular. O Auto da Morte e Ressurreição do Boi relata a tragédia fruto do conflito que é a essência de folguedo, tão presente na condição humana. Apresenta a pantomima das investidas do Boi, sua morte e sua cura, contando com a participação dos personagens Mestre Mateus, o Vaqueiro, o Doutor, o Urubu e a Benzedeira, culminando com sua ressurreição. Em alegres movimentos de júbilo pelo renascimento, finalmente é laçado e vai-se embora. Outras figuras entram na trama e funcionam como uma dimensão da expressão teatral: o Cavalinho, a Cabrinha, o Urso Preto, o Jaraguá, a Maricota e a Bernunça. O repertório tradicional da oralidade presente na cantoria, é constituído por versos, quase sempre repentes criados pelo próprio “cantador" ou “puxador” que introduz ou encerra a participação de cada personagem. A cantoria imprime a vibração do folguedo e o seu ritmo contagiante envolve a platéia impulsionando a alegre coreografia da tradicional brincadeira. Há em cada um dos quadros, num primeiro plano, o movimento

da dança e seus elementos figurais, representados pelo Boi, Bernunça, Maricota, Cavalinho, Vaqueiro, Urso, Urubu e Benzedeira que sobressaem sem, contudo, desvanecer a paisagem, palco deste realismo fantástico. O resultado é uma comunhão plástica surpreendente. Dessa maneira, Semy cria as figuras numa elaborada paisagem. O pintor-poeta dá-nos a Bernunça, com sua enorme boca a engolir a noite; o Boi-de Mamão, o Vaqueiro voador a laçar as estrelas do céu da Lagoa ou seria o sonho? A Maricota, vistosa figura de seios fartos, boca vermelha como uma pitanga, olhos negros, braços imensos, a provocar e encantar a todos com o movimento sensual do seu balançar. Sintonia plena entre a dança do folguedo e a dança das cores, pinceladas de tons e contrastes. Palco do Auto da Morte e Ressurreição do Boi, a paisagem da Ilha, exprime quietude como se o Vento Sul tivesse passado de roldão e varrido para trás todas as tristezas e nostalgias do Mundo. Ao fundo, a Lagoa da Conceição espelha o movimento ondulado e lânguido de suas águas tocadas pelo vento como a doce

carícia do amado. A Poética do Boi na Ilha de Santa Catarina , revela arquivos da memória do pintor que nos brinda com estas figuras míticas, com autoridade de quem nasceu e se criou nesta Ilha de Santa Catarina. 38

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ComunidadesUSA


importante.

fácil. seguro.

O censo 2010 pretende contar todas as pessoas que residem nos EUA, independentemente da sua idade, raça, étnia, religião, nível económico, orientação sexual, ou da sua condição de imigrante. O censo 2010 irá determinar: 

A distribuição anual de mais de $400 bilhões de dólares em fundos federais



O número de delegados estaduais no Congresso



A distribuição de investimentos e recursos comunitários para escolas, hóspitais, programas sociais, empresas, transportes, áreas de recreio e mais!

Aguarde o seu breve questionário que será enviado por correio em Março 2010. Seja contado... e ajude melhorar a sua qualidade de vida, da sua família e da sua comunidade! Portugueses, ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS!

2010census.gov


DIA-CRÓNICA

Um Ramo de Amendoeira, de António Rego OnéSImo Teotónio Almeida

N

a Angra dos anos sessenta tornaramse rapidamente famosas as “Notas do Dia” que o jornal A União diariamente publicava. Mesmo sem trazerem assinatura, todos sabiam quem era por elas responsável. A rubrica fora iniciada pelo padre Coelho de Sousa, senhor de fluentíssimo verbo, que deixou elevada a barra quando largou o jornal. Pela mesma altura, no Rádio Clube de Angra, um programa inovador passara a chegar semanalmente a todos os Açores – o “Hoje é Domingo” – e o público apercebera-se rapidamente tanto da “aggiornada” linguagem quanto da refrescada maneira de ver o mundo de um jovem padre que conseguia traduzir para português e insular vernáculo o novo espírito do então badaladíssimo concílio Vaticano II, fazendoo num estilo cativantemente simples e claro, gracioso e optimista além de profundamente humano. O mundo deu voltas, Portugal sofreu transformações radicais impensáveis naqueles utópicos anos sessenta, ruiram mitos e abalaram-se estruturas, personalidades entraram e sairam da cena política e cívica, encetou-se um novo milénio que em nada se revelou diferente do costume em termos de transformações da natureza humana, porém tão pleno de mudanças e surpresas como o final do anterior. Mas se não se concretizaram as desejadas alterações da história que tão confiantemente se prometiam nesses nostálgicos anos sessenta, por outro lado - e felizmente - algumas realidades não mudaram no meio de nós. Entre elas, a palavra e a voz do padre António Rego que se foi fazendo ler e escutar no meio de convulsões de toda a ordem nos canais dos média que lhe foram sendo proporcionados, mas também a que ele foi procurando aceder para se fazer ler e ouvir. Muitas das suas intervenções escritas (ele tem mais de mil e quinhentos programas televisivos e são incontáveis os de rádio) foram reunidas em livros. Os títulos

dessas obras captam bem significativamente e representam da melhor maneira o atrás dito. Senão, lembremo-los: Palavra entre Palavras, Deus na Cidade e agora este Um Ramo de Amendoeira. Melhor do que eu poderia dizer, eis como abre uma das crónicas deste mais recente livro abordando precisamente o tema da mudança: “Implacável o tempo. Envelhece pessoas e factos, filtra histórias, reencontra notícias, arrefece paixões, altera ângulos, abre panorâmicas, projecta luz, atravessa neblinas, cria e evapora mitos. Ingrato, por vezes, com heróis elege, por uma espécie de capricho, quem lhe apetece, para ser lembrado com emoção ou odiado por dever cívico. Perde tempo quem anda a juntar pedras para o seu monumento.” (p. 137) E a crónica prossegue glosando esse tema das inesperadas voltas e revoltas da vida, dos furos nos nossos planos, das fintas que a história, individual e colectiva, nos faz. Ao tema dessa crónica voltaremos, mas neste momento queria saltar a outra para não perder o fio da meada com que abri este comentário. Na verdade, frisei acima o facto de, no meio de tantos safanões e mudanças, a palavra e a voz do padre António Rego não terem mudado (e até convenhamos que nem a sua cara mudou muito). Eis como começa outra crónica: “Acho que, tudo somado, o tempo que vivemos é o menos mau dos tempos que conhecemos da história. Não creio que seja possível apontar um século, uma década, um ano preciso em que a humanidade tivesse optimizado o seu ponto de equilíbrio, e os jogos da guerra e da paz, da riqueza e da pobreza atingissem os graus desejáveis e perfeitos num mundo em continuo movimento.” (p. 167) Esta postura é a continuação, obviamente numa linguagem dos nossos dias, daquele mesmo espírito de que tão jovem se revelou portador e que felizmente nunca o abandonou. Creio ser essa a marca que atravessa todo este livro: uma nota de optimismo, de luz, de esperança, de crença na vida e nas

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ilimitadas possibilidades dos seres humanos. Tal atitude está longe de ser desenraizada ou desincarnada, porque o autor tem plena consciência do lado escuro da humanidade, capaz de Gulags e de Auchwitz, de injustiças e ingratidões que todos nós mais ou menos já experimentámos e para que também uma vez ou outra não deixámos de contribuir. Uma crónica reveladoramente intitulada “Contra a espiral da melancolia”, termina nestes termos aludindo a Vasco Pulido Valente, o mais pessimista dos jornalistas portugueses que diariamente zurze o país com azorragues recheados de desprezo: “Pulido Valente diz que Portugal tem muitas desgraças e poucos Eças para as contar. Acho o contrário. Faltam narradores do maravilhoso que acontece entre nós.” (p. 59) Perpassa em todo este livro um espírito de compreensão do ser humano nas suas fraquezas mas também de crença nas suas possibilidades. Há uma harmonia interpretativa que lhe advém naturalmente da fé e dá sentido às coisas. É um mundo coerente, inteligentemente articulado e belamente descrito porque António Rego é senhor de um domínio do verbo, que ele maneja com a arte de um autêntico escritor. Não fora tornar este comentário demasiado longo, transcreveria aqui uma crónica exemplar que capta magnificamente o espírito do autor e exemplificaria tudo o que acima procurei dizer. Intitula-se “O sacramento do mundial de futebol” (pág. 151). Mas deixo aqui apenas levantado o véu da curiosidade. Este livro não é apenas um ramo de amendoeira. É toda uma amendoeira frondosa, resplandecente de vida e côr, mas também cheia de apetitosas amêndoas de se comer tanto na Páscoa como em qualquer dia do ano, mesmo pelos não afectos ao paladar religioso. Texto lido na sessão de lançamento do livro do Cónego António Rego na Casa dos Açores da Nova Inglaterra, em East Providence, Rhode Island, promovida em conjunto com o LusoCentro, do Bristol Community College. As pessoas interessadas em obter um exemplar do livro podem contactar a Casa dos Açores (160 Orchard Street, East Providence, RI, 02914, telefone 401-435-6949

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DA AMÉRICA E DAS COMUNIDADES

Do seguro universal de saúde à educação dos jovens americanos “É que tudo o que o presidente Barack Obama possa fazer é devastado por uma direita que até há poucos anos estava nas margens, mas que hoje é o cerne do Partido Republicano”

C

om a entrada do Outono, umas breves reflexões sobre este Verão de 2009, particularmente o ambiente político nos Estados Unidos. Para quem esteve nos Estados Unidos, e mesmo para quem viajou além fronteiras, deve ter acompanhado a vergonhosa campanha montada pela extrema direita americana para derrubar qualquer modificação na saúde pública americana. Foi espantoso, diria mesmo vergonhoso, ver-se o tom racista e vil das manifestações orquestradas pela extrema direita americana, com o apoio das grandes seguradoras. Diria que foi triste, e até mesmo doloroso, ver tamanha apologia da ignorância. Foi caricato ver-se homens e mulheres, cada qual mais nutrido, já na reforma, a usufruírem do sistema público Medicare, e argumentando contra um segura nacional. Será que aquela gente sabe pensar? Então estão a receber benefícios governamentais, vivem de um plano da segurança nacional e não querem que o governo tenha qualquer voz na saúde pública. Depois, utilizavam os mais nefastos e retrógrados cartazes jamais imagináveis. Fomos, durante praticamente todo o Verão bombardeados com estas tristes imagens. É que embora se saiba que esta gente não representa a verdadeira América, também se sabe que existe no seio desta sociedade um forte elemento de racismo, um ódio colectivo por tudo o que é diferente. Mais do que um verão cheio de manifestações contra a reforma na saúde pública americana, os protestos, preparados e financiados pelas grandes seguradoras e as instituições publicas por elas financiadas, foram mais um sinal claro e inequívoco que a mesma América que elegeu Barack Obama continua, particularmente no sul do país, e nas zonas mais rurais, infestada pelo racismo e pela incompreensão. ComunidadesUSA

E desses sentimentos, manifestados nas ruas de algumas cidades e vilas americanas, ao longo dos últimos meses, nasceu ainda um sentimento extremamente nocivo para os Estados Unidos. É que tudo o que o presidente Barack Obama possa fazer é devastado por uma direita que até há poucos anos estava nas margens, mas que hoje é o cerne do Partido Republicano. Refiro-me ao discurso que o presidente norte-americano fez no começo do ano escolar e que a Casa Branca sugeriu fosse apresentado a todos os alunos, quer da primária, quer da secundária. Logo que a notícia circulou na comunicação começaram os assaltos da direita. O discurso foi, imediatamente rotulado como uma doutrinação das gentes mais jovens. Barack Obama, cuja mensagem era uma de responsabilidade e trabalho, foi apresentado na comunicação social americana como uma espécie de papão que iria lavar os cérebros das nossas crianças. A resposta da extrema-direita americana— entenda-se no mundo de hoje como o “mainstream” do Partido Republicano—ficou por um assalto ao mensageiro, mesmo sem conhecer a mensagem. O presidente não tinha o “direito” de falar às crianças e à juventude americana porque os iria doutrinar com princípios tão perniciosos como a responsabilidade individual, o valor do trabalho, a justiça social e a igualdade de oportunidades. Gritaram em todos os cantos e em todas as praças. Só que se esqueceram que outros presidentes já o tinha feito. Recorde-se que George W. Bush tinha lido (ou tinha tentado ler) às crianças; George H. W. Bush tinha falado a estudantes sobre assuntos políticos e o pai do conservadorismo moderno, o antigo actor de Hollywood, Ronald Reagan tinha feito um discurso sobre os benefícios da redução fiscal. Mas estes, por serem Republicanos e brancos podiam falar

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por DINIZ BORGES (na Califórnia)

por DINIZ BORGES

às nossas crianças. Aliás, convém relembrar o discurso, que apesar da asfixia dos conservadores, acabou por ser feito, mas com pouco impacto. Aqui ficam algumas das palavras do presidente norte-americano para os alunos deste país no começo do ano lectivo: Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona. Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores — suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores — quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina —, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo. No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso. E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro. Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doen(Conclui na página 44) 41


LIVROS

De Jaime Nogueira Pinto

Este livro fascinante relata-nos a interessante vida de Nuno Álvares Pereira, e assume-se como sendo de leitura obrigatória para todos quantos queiram conhecer melhor o seu ímpar percurso de vida. Na síntese desta obra, patente na contra-capa, encontra-se a seguinte frase: «Pode um chefe de guerra chegar aos altares? Pode um santo ser guerreiro e um guerreiro ser santo?»

A biografia do mais recente santo português: Nuno Álvares Pereira por Duarte Barcelos (investigador da ilha da Madeira) No pretérito mês de Junho, no Comando Geral da Guarda Nacional Republicana, sito ao Quartel do Carmo, em Lisboa, foi lançada esta obra editada pela A Esfera dos Livros, da autoria de Jaime Nogueira Pinto, tendo o mesmo sido apresentado pelo Professor Doutor Martins de Albuquerque. A escolha do local foi simbólica, pois este situa-se junto ao antigo convento do Carmo, mandado construir pelo Santo Condestável. Este livro contém 312 páginas, acrescidas de 24 extratextos a cores (imagens sobre o biografado e o tempo em que viveu), e apresenta o formato de 16 x 23,5 cm. A magnífica imagem que ilustra a sua capa, mostrando Nuno Álvares Pereira num momento de reflexão, faz parte do espólio da Bridgenan Art Library/AIC. A presente biografia desenrola-se ao longo de doze capítulos (1. 1360; 2. O Inconstante; 3. A Educação do Herói; 4. No Outono da Idade Média; 5. A Revolução de Avis; 6. A Primeira Vitória; 7. A Eleição do Rei; 8. Aljubarrota; 9. De Valverde ao Fim da Guerra; 10. A Sétima Idade; 11. Por Outro Reino e Por Outro Rei; 12. S. Nuno de Santa Maria) através dos quais o autor narra com acuidade histórica os principais momentos desta ilustre figura portuguesa, por todos conhecida, através dos livros escolares, que exaltam sobretudo o seu papel decisivo na batalha de Aljubarrota. Filho do prior do Hospital, Álvaro Gonçalves Pereira, e de Iria Gonçalves do Carvalhal, Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360, dia de S. João Baptista, na localidade de Cernache do Bonjardim. No primeiro capítulo desta obra, Jaime Nogueira Pinto contextualiza o cenário da época em que nasceu, quer no nosso país, quer a nível europeu, onde na Idade Média pontuavam algumas guerras e convulsões políticas e sociais. Ao longo da sua juventude, Nuno Álvares Pereira confrontou-se com as escaramuças entre Portugal e Castela e desde a idade de 13 anos, quando foi armado cavaleiro, (e ao longo de 40) manter-se-ia ao serviço dos reis portugueses, comandando as tropas lusas

na luta armada contra os nossos inimigos, demonstrando sempre ser um hábil estratega militar. Nuno Álvares Pereira foi ainda o braçodireito de D. João I, o Mestre de Avis, e sempre o apoiou, o que leva Jaime Nogueira Pinto a afirmar o seguinte: «Segundo [Fernão] Lopes, Nun’Álvares estava para D. João de Avis como Pedro estava para Cristo; e tal como Cristo fizera de Pedro a pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, assim também o Mestre dotara Nun’Álvares de plenos poderes para que tudo fizesse em seu nome – pôr e depor alcaides, confiscar e doar terras, levantar e armar combatentes, pagar soldos, comandar na guerra.» Foi no seguimento desta confiança que nutria por ele que o Mestre de Avis nomeou Nuno Álvares Pereira como condestável, ou seja, chefe do exército. Já durante a sua vida militar, segundo o autor desta obra, este homem relevava um profundo sentimento religioso e nos intervalos das campanhas militares «ouvia missa duas vezes por dia e, no seu campo, promovia cerimónias religiosas; tinha também o hábito de rezar antes dos combates e de pôr os seus homens a fazer o mesmo.» Como chefe do exército nacional, a sua acção mais notória foi efectivamente a que decorreu em Aljubarrota, onde, com um exército inferior, em número, ao dos castelhanos, conseguiu derrotá-los, assegurando com esse feito a salvaguarda e consolidação da nossa identidade e nacionalidade. Sobre esta decisiva batalha Jaime Nogueira Pinto dedica um capítulo inteiro, desvendando alguns pormenores menos conhecidos deste confronto bélico, e narrando-o de uma forma empolgante. Depois de uma vida de constantes pelejas, Nuno Álvares Pereira sentiu o chamamento de

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Deus e decidiu mudar radicalmente de vida. Doou tudo o que tinha, antes de ingressar como monge no convento do Carmo, que fundara, onde levou uma vida de penitência e oração, tendo ali falecido em 1431. Pouco depois da sua morte, devido à propagação das suas virtudes e fama da sua santidade, pretendeu-se abrir o seu Processo de Canonização. Mas o povo português não esperou por Roma e há muitos séculos que o “canoni(Conclui na página 45

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Census2001: quando preencher o formulário, não se esqueça de mencionar a sua origem portuguesa Questionário do Census 2010 tem 10 perguntas, leva 10 minutos a preencher e não pede informações pessoais, mas é importante escrever por extenso na pergunta 9 a sua nacionalidade foto ComunidadesUSA

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s Estados Unidos vão realizar uma contagem da população (Census) em 2010 que interessa a todos ser o mais exacta possível, pois é com base nesses números, e na distribuição das pessoas pelo país, que são alocados os fundos federais, determinado o núemro de vagas que cada Estado tem direito na Câmara dos Representantes e as fronteiras dos distritos legislativos. Temendo que muitas etnias possam sentir-se intimidades a fornecer informações, o Departamento do Comércio (a entidade responsável pela realização do Census), à semelhança do que já fez no passado, contratou para esta operação dezenas de pessoas que falam várias línguas, entre elas o português. João Capitão é o supervisor de um grupo da área de New Jersey que tem como principal objectivo o contacto e a sensibilização das comunidades de expressão portuguesa para a sua participação activa no Census 2010. Capitão explicou à nossa revista que “há todo o interesse Joe Capitão explicando o interesse da comunidade portuguesa em mencionar a sua origem no Census 2010 e em da comunidade portuguesa participar, pois só baixo a pergunta 9 do impresso onde deve ser registada a opção “outra raça”, e escrever Portuguesa tem a ganhar com isso”. “Esta contagem da população não pretende saber nada acerca da situação pessoal ou legal das pessoas”, disse. “O objectivo é apenas sabermos quantos somos, e por isso não interessa se é residente legal ou nano, se trabalha, é reformado, etc”, acrescenta. As comunidades, incluindo a portuguesa, têm todo o interesse em preencher os impressos, pois é baseado nesta informação que o governo federal vai distribuir fundos para projectos vários, incluindo apoios sociais”, diz. “Todos os anos, cerca de 400 mil milhões de dólares são distribuídos por Washington apenas baseado nas informações fornecidas pelo Census”, explica. “Ora, quando as comunidades não preenchem os impressos e os devolvem, são pura e simplesmente ignoradas como comunidade e acabam por nunca receber esses fundos a quem têm direito”. “Em algumas cidades a percentagem de devolução do Census de 2000 foi apenas de 40%, o que significa que desde essa data essas cidades apenas recebem 40% do dinheiro que era suposto receberem”, explica Capitão. As consequências não podiam ser piores: menos escolas, menos projectos de construção civil, 2010 Census Jobs 2010censusjobs.gov 1-866-861-2010 ComunidadesUSA

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menos estradas, apoio social, etc. E especificamente para a comunidade portuguesa, qual é o interesse em ser contada? “Há todo o interesse em sabermos quantos portugueses e seus descendentes vivem no pais, pois isso também é importante para decidir apoios a programas de apoio, como a língua, por exemplo”, explica Capitão. Assim, a partir de Março de 2010, quando o leitor começar a receber o impresso em casa, não o ignore, pois ele não vem com o seu nome, mas apenas com a morada. Preencha-o e devolva-o no correio o mais rápido possível. Ao contrário dos último Census, o formulário de 2010 é impresso simples, de apenas uma folha, onde são pedidas perguntas simples, como nome, estado civil, sexo, data de nascimento, origem racial e se o inquirido é proprietário ou inquilino no seu domicílio. Não é pedido nem

Da América e das Comunidades (Conclusão da página 42)

ças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia. Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país. Como vêm este é um discurso subversivo, doutrinário e partidário, não é? Só mesmo um partido espatifado e regressivo odeia aceitar que em seu nome se fizessem as mais infames insinuações às intenções do presidente americano. Há mesmo gente que não aceita um presidente afro-americano! Que pena! Vão ficar no lado errado da história. O pior é que enquanto se aconchegam ao lado errado da história semeiam uma amalgama de embustices que são verdadeiras nódoas para o sonho americano.

o número de Segurança Social nem da carta de Condução ou qualquer outro documento. Na pergunta 9, que diz “Qual é a raça da Pessoa nº1”, os portugueses devem colocar um x no quadrado Outra Raça, e preencher por extenso PORTUGUESA. Tenha em atenção que para os Estados Unidos o Português não é hispano, por isso na pergunta 8, onde se pede “A Pessoa nº 1 é de origem hispânica, latino-americana ou espanhola”, responda NÃO e continue na pergunta 9 preenchendo BRANCA e no fundo Outra Raça e por extenso Portuguesa. (veja a foto do formulário ao lado). É muito importante esta resposta mesmo que a pessoa seja luso-descendente, pois a nacionalidade não é pedida directamente no formulário. No entanto, é com base nestes números de portugueses (ou outras nacionalidades) que o governo federal e o Congresso determinam a criação de programas, como o apoio às línguas estrangeiras, por exemplo, ou outros programas. O mesmo acontece com os nossos congressistas e senadores, que orientam as suas políticas em função dos votos que podem captar junto dos vários grupos étnicos. Interessa, por isso, sabermos quantos portugueses e lusodescendentes vivem no país. Por outro lado, se os números deste ano forem consideráveis, pode ser que no próximo Census de 2020 a comunidade Portuguesa seja já identificada no formulário como é actualmente a Indiana, Chinesa, Filipina, Japonesa, Vietnamita, Havaiana nativa, etc. No último Census de 2000, apenas 67 por cento das pessoas devolveram o seu formulário, o que implicou a vinda de funcionários a casa das pessoas para os recolherem. Este é um serviço que pode ser evitado se o cidadão o devolver a tempo e horas. No entanto, e apesar disso, pode ainda receber a visita de um funcionário do Census (que não tem autorização para lhe fazer qualquer outra pergunta a não ser as que constam do formulário), se por acaso o impresso que devolveu estiver incompleto. O preenchimento não demora mais de 10 minutos, mas se o leitor tiver alguma dúvida pode sempre contactar o Departamento de Comércio e pedir ajuda. Pode fazê-lo na Internet em www.2010census. gov ou contactando o representante para a comunidade de expressão portuguesa no telefone 212-356-3100.

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LIVROS

“O Espião de D. João II”, novo livro de Deana Barroqueiro

O Espião de D. João II, Ésquilo, Lisboa, 2009 ISBN: 978-989-8092-58-8 528 páginas

zara”, apelidando-o carinhosamente de Santo Condestável, e honrando-o com romarias, promessas, orações e hinos. Jaime Nogueira Pinto dedica o último capítulo do seu livro a S. Nuno de Santa Maria, o nome pelo qual ficará para sempre conhecido o mais recente Santo português, em virtude da sua inquebrantável fé e confiança em Nossa Senhora. O autor desta obra esteve presente em Roma, a 26 de Abril de 2009, aquando da proclamação da sua santidade pelo Papa Bento XVI e descreve o que lá viu e sentiu. Neste capítulo o mesmo descreve ainda o longo processo que conduziu à recente canonização do Santo Condestável, após ter sido beatificado a 15 de Janeiro de 1918, pelo Papa Bento XV. Este livro fascinante relata-nos a interessante vida de Nuno Álvares Pereira, e assume-se como sendo de leitura obrigatória para todos quantos queiram conhecer melhor o seu ímpar percurso de vida. Na síntese desta obra, patente na contra-capa, encontra-se a seguinte frase: «Pode um chefe de guerra chegar aos altares? Pode um santo ser guerreiro e um guerreiro ser santo?» A resposta a estas questões não deixa de ser positiva, através do exemplo de vida deste ilustre português que marcou a nossa História colectiva. Há quem afirme que “Deus conduz a História” e no caso do Santo Condestável isso parece ser deveras evidente. Através dele, Portugal assegurou a sua independência face a Castela e depois tornou-se num exemplo de santidade para todos nós. Seguidamente apresentamos algumas notas sobre o autor desta biografia: Jaime Nogueira Pinto colabora regularmente com a imprensa portuguesa e é autor de várias obras sobre História Contemporânea Portuguesa: O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril, A Direita e as Direitas, Introdução à Política, O Poder na História, António de Oliveira Salazar – O Outro Retrato e Jogos Africanos, estas duas últimas editadas pela A Esfera dos Livros. Nuno Álvares Pereira, o último livro da sua autoria, pode ser adquirido directamente à editora, pela quantia de 23 Euros, através de pedido para o seu endereço postal (A Esfera dos Livros/ Rua Garrett n.º 19 – 2.º A/ 1200-203 Lisboa – Portugal), do Telefone (351) 213404060, do Fax (351) 213404069 ou ainda através da sua página na Internet: www. esferadoslivros.pt

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Escritora luso-americana lança novo romance histórico A

escritora luso-americana Deana Barroqueiro acaba de ver lançado pela Ésquilo, Edições Multimédia, “O Espião de D. João II”, uma espécie de romance de cavalaria sobre as viagens e missões de espionagem de Pêro da Covilhã. Com este livro, a escritora retoma um tema que já tinha tratado, há anos, numa colecção juvenil que terminou ao 7º livro. “O Espião de D. João II” resultou aliás, como disse Deana à revista ComunidadesUSA, de “uma imensa pesquisa de quatro anos a que se juntou ainda o de 2009” que a levou a percorrer a rota das Arábias no rasto das Deana Barroqueiro suas personagens. Esteve no Mar Vermelho (ou Roxo, como então diziam), na Cidade dos Mortos, onde se passa uma das cenas mais audaciosas do livro, e até apanhou a febre do Nilo como o Pêro da Covilhã e o Afonso de Paiva, no Cairo. Visitou ainda as fortalezas de Afonso de Albuquerque no Golfo. Neste livro, esta autora de referência na área do romance histórico leva o leitor a «viajar» pelo fascinante périplo de Pêro da Covilhã, um James Bond e Indiana Jones reunidos num só homem do século XV. O formidável Espião de D. João II possuía qualidades e talentos comparáveis aos de um James Bond e Indiana Jones, reunidos num só homem. A memória fotográfica, uma capacidade espantosa para aprender línguas, a arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, a mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, aliados ao culto cavaleiresco da muComunidadesUSA

Nuno Álvares Pereira

lher e do amor que o fascinavam, fazem dele uma personagem histórica única e inspiradora. El-rei D. João II escolhia-o para as missões mais secretas, certo que qualquer outro falharia. Talvez esse secretismo seja a razão do seu nome de família e do seu rosto terem ficado, para sempre, na penumbra. Em 1487, Pêro da Covilhã foi enviado de Portugal, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra, aquilo que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João. Ao espião esperava-o uma longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis, cujos costumes lhe eram completamente estranhos. Na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus, o Escudeiro-guerreiro do Príncipe Perfeito realizou proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo. Neste romance fascinante, Deana Barroqueiro convida-nos a seguir o trilho de Pêro da Covilhã na sua fabulosa odisseia recheada de aventuras, amores, conquistas e descobertas inolvidáveis. Deana Barroqueiro nasceu em New Heaven, CT. Vive actualmente em Lisboa, onde é professora e escritora.


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DESPORTO

Futebol é o principal elo de ligação dos emigrantes a Portugal “A língua foi um espaço de emancipação, mas para os emigrantes e luso-descendentes hoje é mais o futebol que faz a Pátria”

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futebol é o principal elo de ligação dos luso-descendentes ao Portugal moderno, funcionando também como espaço de emancipação nos países de acolhimento, revela um estudo sobre o impacto do desporto-rei no quotidiano dos emigrantes.

Segundo Nina Tisler, investigadora que coordena o estudo, os dados já recolhidos no âmbito do projecto “Diasbola” - que se iniciou em 2007 e termina no próximo ano - permitem concluir que, enquanto a participação eleitoral e o interesse pelo ensino da língua diminuem cada vez mais o interesse em campeonatos de futebol continua “omnipresente”. “A língua foi um espaço de emancipação, mas para os emigrantes e luso-descendentes hoje é mais o futebol que faz a Pátria”, considerou a investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, acrescentando que o futebol permite-lhes ligarem-se a um Portugal moderno, através organizações como o Europeu’2004 ou figuras como Cristiano Ronaldo e Figo. O projecto “Diasbola”, o primeiro estudo comparativo sobre este tema realizado em seis países, pretende apurar o impacto do futebol no quotidiano e na cultura dos emigrantes portugueses, perceber até que ponto contribui para a percepção e a imagem do Portugal ComunidadesUSA

contemporâneo e validar a hipótese de que para os emigrantes o futebol português é mais importante do que o próprio património cultural e linguístico. “Já confirmámos essa hipótese e agora estamos a comparar as funções que o futebol tem nos diversos países”, adiantou Nina Tisler, sublinhando, no entanto, que apesar da sua importância o futebol este “não consegue manter os emigrantes exclusivamente portugueses sem abertura ao resto da sociedade”. Os dados preliminares do estudo - recolhidos por investigadores localmente ou através de inquéritos on-line - são hoje analisados num workshop em Lisboa com a presença dos investigadores que trabalham no projecto no Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos, Brasil e Moçambique e com a participação de Detlev Claussen, professor do Instituto de Sociologia da Universidade de Hannover

CR9 vende menos do que Beckham Apesar de ter custado muito mais, e de a grande figura do Real Madrid, Cristiano Ronaldo ainda não vende tanto “merchandising” como o inglês nas lojas de venda de equipamentos desportivos. Segundo a agência Bloomberg, o CR9 vendeu este ano menos 75 por cento de camisolas do que David Beckham, em igual período de 2003. As justificações para estes números são, segundo os retalhistas de equipamentos desportivos, a pior recessão em Espanha dos últimos 60 anos e o desemprego, que chega aos 19,3 por cento. A Bloomberg refere ainda que o clube espera aumentar as vendas em 3,5 por cento até Junho de 2010, entrando nos coNovember 2009

na Alemanha, com experiência nas áreas das migrações e do desporto globalizado. Nina Tisler adianta que, no que respeita à integração nos países de acolhimento, o futebol consegue alterar contextos, contribuindo para “a emancipação das hierarquias sociais” e para a integração dos emigrantes e lusodescendentes. “Por exemplo, em França, quando um clube português como o Benfica ou o Porto jogam na Liga dos Campeões é garantia de estádios lotados e, se ganharem, os franceses têm respeito pelo futebol e durante este tempo os emigrantes, que têm um estatuto social bastante subalterno, emancipam-se deste estatuto e sentem-se superiores”, adiantou. A investigadora destaca também o papel das equipas de futebol amador das comunidades portuguesas, que muitas vezes são multiculturais, na ligação com outras comunidades, bem como o potencial do futebol no diálogo entre gerações de pais e filhos.

fres um total de 421,7 milhões de euros. Em 2003, após a contratação de Beckham, o Real Madrid viu os lucros aumentarem 27 por cento, sendo que 22 por cento eram resultantes da venda de equipamentos. Entretanto, foi também recentemente anunciado que Ronaldo vai receber uma indemnização e um pedido de desculpas público do jornal ‘Daily Mirror’. Em causa está a publicação de uma notícia, no Verão de 2008, que referia que o jogador tinha bebido álcool e dançado num clube de Las Vegas. O jornal admitiu que a informação não era verdadeira. 47


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Horóscopos para Dezembro

Horóscopo Diário Ligue já! 011-351-760 30 10 22

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Carneiro – 21/3 a 20/4

Sagitário – 22/11 a 21/12

Carta do Mês: Ás de Espadas, que significa Sucesso. Amor: O seu poder de atracção vai abalar muitos corações. Predisposição para namoriscar ou reavivar um amor, através do qual irá exprimir os seus sentimentos de uma forma muito sincera. Saúde: Prováveis dores de dentes. Poderá passar por uns dias de grande nervosismo sem que consiga definir muito bem a sua origem. Dinheiro: Será um bom período para fazer algumas alterações profundas na sua vida, no seu comportamento e nos seus objectivos profissionais. Não gaste o que tem e o que não tem. Número da Sorte: 51

Carta do Mês: 5 de Copas, que significa Derrota. Amor: Durante este tempo deve controlar muito bem as suas reacções para com todas as outras pessoas, em geral e, muito particularmente, com as que lhe estão mais próximas. Procure ser sincero nas suas promessas se quer que a pessoa que tem a seu lado confie em si. Saúde: Liberte-se mais, e a sua saúde irá melhorar. É uma oportunidade para concluir as ideias que tem em curso. Este mês será um encontro consigo mesmo.Dinheiro: Desde que não gaste dinheiro em excesso, pode pôr os seus assuntos financeiros um pouco de parte, ocupando-se com outras áreas da sua vida. Número da Sorte: 41

Touro – 21/4 a 20/5 Carta do Mês: O Julgamento, que significa Novo Ciclo de Vida. Amor: Encontra-se num período difícil, mas não desespere que é passageiro. No entanto, pode trazer muitos benefícios através das suas relações sociais e de amizade desde que tenha em conta tudo o que o rodeia. Saúde: Poderá ser tempo de começar uma nova vida. Corte com tudo aquilo que achar supérfluo ou inútil. Dinheiro: Boa altura para gastar e investir no que mais gosta, mas com cuidado. É um mês um pouco tenso a nível profissional, em que vai querer lutar pelos seus objectivos. Número da Sorte: 20

Gémeos – 21/5 a 20/6 Carta do Mês: 5 de Paus, que significa Fracasso. Amor: Viva fogosamente todos os momentos com o seu amor. Este período é caracterizado por muita alegria, contentamento, optimismo e força interior. Saúde: Previna-se contra os excessos. Dinheiro: Este campo da sua vida não lhe trará problemas. Pode aproveitar aquilo que tem vindo a aprender com os outros para fazer uma coisa diferente na sua vida, como por exemplo iniciar uma actividade por conta própria. Número da Sorte: 27

Caranguejo – 21/6 a 21/7 Carta do Mês: 2 de Paus, que significa Perda de Oportunidades. Amor: Será um período muito bom de entreajuda e em que pode receber ou oferecer boas oportunidades a novas relações de amizade. Saúde: Nesta fase estará muito dinâmico e equilibrado, terá muita energia. Possíveis dores musculares. Dinheiro: Não imponha as suas ideias de uma forma agressiva e tenha em consideração a opinião dos outros. Número da Sorte: 24

Leão – 22/7 a 22/8 Carta do Mês: 8 de Espadas, que significa Crueldade. Amor: Este período é um teste à forma como lida com as outras pessoas, em especial as que lhe estão mais próximas. Saúde: Procure não cometer excessos na alimentação. Durante este período lutará para alcançar os seus objectivos a nível de forma física e ajudará quem lhe está próximo a fazer o mesmo. Boa fase para iniciar uma dieta. Dinheiro: Situação financeira favorável. É uma boa ocasião para conhecer outras terras e outras ComunidadesUSA

Capricórnio – 22/12 a 20/1 gentes e aproveitar o que lhe ensinarem para aumentar as suas capacidades. Número da Sorte: 58

Virgem – 23/8 a 22/9 Carta do Mês: 7 de Paus, que significa Discussão, Negociação Difícil. Amor: Tenha mais confiança em si e cuide da sua aparência. Este período pode trazer-lhe alguns problemas nas relações com os vizinhos ou pessoas próximas.Saúde: Uma fase de tensão, insegurança e impaciência, com dificuldade em planificar a sua vida particular. Procure aliviar o stress que traz acumulado. Dinheiro: O seu dinamismo, a sua coragem e espírito de liderança vão ser postos à prova. Será um mês recheado de afazeres e acontecimentos. Não se esqueça das suas obrigações, e se tiver dívidas, pague-as antes de fazer novos investimentos. Número da Sorte: 29

Balança – 23/9 a 22/10 Carta do Mês: Rei de Paus, que significa Força, Coragem e Justiça. Amor: Poderão surgir mudanças no seu comportamento no que diz respeito às relações afectivas. Seja mais ousado neste campo da sua vida. Saúde: Este período é muito favorável, mas necessita de ter muita reflexão para evitar os excessos. A ansiedade não é benéfica para a sua saúde. Dinheiro: Seja mais equilibrado nos seus gastos. Não será um período fácil porque terá dificuldade em analisar as situações com clareza. Número da Sorte: 36

Escorpião – 23/10 a 21/11 Carta do Mês: Cavaleiro de Ouros, que significa Pessoa Útil, Maturidade. Amor: Será uma fase importante para rever o que não está bem na sua relação, compreendendo o que lhe falta e o que pode ser melhorado. Saúde: Poderá sofrer de dores de cabeça. Deixe que se operem calmamente as mudanças que vierem a ocorrer na sua vida. Dinheiro: Possibilidade de ganhar algum dinheiro extra. Em relação à sua situação profissional, logo no início do mês poderão existir alguns conflitos entre a sua vida familiar e a profissional. Número da Sorte: 76 November 2009

Carta do Mês: 3 de Espadas, que significa Amizade, Equilíbrio. Amor: Procure ser mais extrovertido, só tem a ganhar com isso. É uma boa fase para investir mais tempo na sua relação amorosa. Isto pode surpreender o seu par, mas certamente será uma excelente mudança. Saúde: Possíveis dores nas articulações. A rotina da sua saúde e a forma física são uma prioridade. Terá tempo para regularizar o seu horário. Dinheiro: Esta é uma óptima altura para tentar reduzir os seus gastos. Existirá muita acção na sua vida. Você pode decidir que a única forma de resolver um problema é assumindo outra responsabilidade; se assim for, poderá resolvê-lo fazendo simplesmente o seu trabalho. Número da Sorte: 53

Aquário – 21/1 a 19/2 Carta do Mês: 8 de Copas, que significa Concretização, Felicidade. Amor: A sua relação tem vindo a arrefecer e você precisa de tomar uma atitude. Não exija tanto dos outros, dê mais de si próprio. Saúde: Não faça dietas demasiado rigorosas. Tenha a serenidade suficiente para deixar as coisas correrem, não se exalte nem proteste muito, pouco ou nada poderá fazer. Dinheiro: Invista neste momento em algo que planeia há muito. A sorte é-lhe favorável. Sentirá necessidade de se isolar para concluir o seu trabalho, mas poderão ocorrer mudanças. Número da Sorte: 44

Peixes – 20/2 a 20/3 Carta do Mês: A Rainha de Copas, que significa Amiga Sincera. Amor: Se não disser aquilo que sente verdadeiramente, ninguém o poderá adivinhar. Este mês vai fazer uma triagem às suas relações. Saúde: Cuidado com o excesso de açúcar no seu sangue, pois poderá ter tendência para diabetes. Este é um período algo tenso, como algo que o incomoda mas de uma forma que não sente de imediato. Dinheiro: Poderá sentir-se subjugado pela sobrecarga de trabalho. Para ultrapassar esta situação, estabeleça prioridades e reconheça os seus limites, respeitando-os. Este é um período em que pode fazer uma pequena extravagância financeira. Número da Sorte: 50 49


Passatempos

HUMOR Tias...

Palavras Cruzadas

Uma tia queria vender o seu carro velho mas tinha muitas dificuldades, porque o contaquilómetros acusava 250.000 Km. Após muito reflectir, ela decide pedir um conselho a uma amiga, que lhe perguntou: – Estás pronta para fazer algo ilegal? – Sim! - respondeu a tia – Quero vendêlo, custe o que custar! Então, vais ter com um meu amigo que é mecânico. Ele vai colocar o teu contador de quilómetros em 50.000 Km. A tia vai ao tal mecânico e este coloca de novo o contador em 50.000 Km. Alguns dias mais tarde, a amiga pergunta à tia: – Então, sempre vendeste o carro? – Estás doida? Agora que ele só tem 50.000 Km? Está novo, fico com ele! P: Sabem o que diz uma nuvem a outra? R: Tem calma, não te precipites. Uma tia foi fazer exame de fezes e colocou a latinha com o conteúdo em cima do balcão. A recepcionista disse-lhe: – Pode colocar o nome, por favor? A tia não hesitou e escreveu: ‘BOSTA’. Num prato de massa com queijo ralado, a massa vira-se e diz: —Olha, está ali ketchup, que maçada. E o queijo responde: —E eu ralado. Qual é a diferença entre uma tia burra e uma tia inteligente? É que a tia burra passa para o caderno o que a professora escreve no quadro, mas quando a professora apaga ela apaga também. A tia inteligente não passa, porque já sabe que a professora vai apagar. Um homem vai fazer pára-quedismo para o Alentejo. Lança-se do avião e quando puxa o cordelinho para o abrir o pára-quedas nada... Vai assim caindo... quando de repente vê um alentejano a subir e pergunta: — Ó compadre, o compadre percebe alguma coisa de pára-quedas? —Olhe compadre nem de pára-quedas nem de caldeiras...

Curiosidades

Chocolate não engorda. Quem engorda é você!

Como escolher o homem ideal • Verifique o interior (não se iluda com o design). • Verifique o ano (quanto mais novo mais hipóteses de ter problemas). • É estável? Ou balança quando se depara com qualquer curva? • É movido a álcool? (nem pensar!) •O motor mantém temperatura constante? Ou aquece rapidinho, percorre pequena distância e morre logo em seguida? • Faça um “test-drive”. Se o homem passou em todos estes testes e lhe agrada, antes de o comprar alugue-o por 30 dias, pois neste período você pode surpreender-se e aí só tem que o devolver.

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November 2009

F P: Sabem o que um elefante diz quando vê um homem nú ? R: Com aquela tromba, como será que ele leva a comida à boca? F P: Porque é que a água mineral que corre pelas montanhas durante séculos tem uma “data para consumo”? F Um fio de cabelo aguenta o peso de 3 k F O tamanho médio do pénis é três vezes o comprimento do polegar F O coração da mulher bate mais depressa do que o do homem F O peso médio da pele é duas vezes maior do que o do cérebro. F O corpo utiliza mais de 300 músculos para manter o equilíbrio quando está parado em pé.

ComunidadesUSA



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November 2009

ComunidadesUSA


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