DIGNUS nº3

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22 | Dossier sobre Doenças Oculares relacionadas com a idade

O que necessita saber sobre Glaucoma na idade adulta © freepik

Médica Oftalmologista. Clinivis e Centro Hospitalar Universitário do Porto Maria João Menéres

O Glaucoma é uma doença ocular considerada, a nível mundial, a primeira causa de cegueira irreversível. É, por isso, rotulada de o “ladrão silencioso da visão”. Na verdade, esta patologia pode estar presente desde o nascimento e pode ou não estar associado a outras doenças oculares ou sistémicas. Neste artigo debruçarmo-nos sobre os tipos de Glaucoma mais frequentes na idade adulta, tendo em conta que o mais frequente de todos é o Glaucoma primário de ângulo aberto.

O que é o Glaucoma? O Glaucoma é uma doença caracterizada por uma deterioração progressiva e lenta do campo visual, podendo culminar em cegueira. No caso de estarmos perante um Glaucoma, o nervo ótico responsável por levar a informação visual ao cérebro, local onde é processada, encontra-se lesado. Assim, à medida que a doença evolui, as células deste nervo vão morrendo e não têm capacidade para se regenerarem. Muitas vezes este processo de deterioração é tão lento que quando as pessoas se apercebem que estão a ver mal, as lesões são irreversíveis.

O que é o campo visual? Considera-se o campo visual aquilo que o nosso olho pode ver quando fixamos o olhar num ponto fixo, vemos o ponto onde fixamos a visão e tudo o que está à sua volta (perifericamente ao ponto fixo). Por exemplo, quando conduzimos, temos de fixar o olhar em frente e, ao mesmo tempo, temos que estar a ver o que se passa na berma da estrada, não vá um peão começar a atravessar, ou surgir uma bola, ou um

animal... o simples ato de descer um degrau, num indivíduo com uma alteração marcada no seu campo visual, pode ter consequências nefastas, como uma queda, com todas as consequências que daí podem advir. Na prática, o leitor se quiser testar uma alteração grave no seu campo visual deve colocar as suas mãos em “binóculo” em frente aos seus olhos e vai perceber quão limitado fica o seu ângulo de visão. Por último, importa salientar que a evolução natural da doença sem tratamento ou com diagnóstico tardio, se converte em cegueira.

Como evitar ou minimizar todos estes problemas? A consulta de Oftalmologia, com vigilância regular, é absolutamente necessária, pois no que se refere especificamente ao Glaucoma, a observação da visão em cada um dos olhos, a medição da pressão intraocular, a observação do nervo ótico, bem como a determinação da espessura da córnea são absolutamente essenciais. Uma grande maioria dos vários tipos de Glaucoma cursa com elevação da pressão intraocular. No entanto, há Glaucoma de pressão normal, em que os valores medidos se encontram dentro dos parâmetros de normalidade (entre 10 mmHg a 21 mmHg), mas o nervo ótico encontra-se alterado. Neste caso, só a observação do nervo ótico por um(a) oftalmologista, em conjugação com exames auxiliares de diagnóstico, pode fazer o correto diagnóstico, que levará ao seu posterior tratamento. A partir dos 40 anos, ainda que não apresente outras doenças oculares, é aconselhá-


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