Guias de Umbanda - Nível 1 - Marcos Nascimento

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C.E.D.E.M TRABALHO DE ADMISSÃO E GRAU - NÍVEL 1 - BÁSICO

MARCOS

GUIAS DE UMBANDA E SUAS LINHAS DE TRABALHO

SÃO PAULO-SP 2019


MARCOS SANTOS DO NASCIMENTO JUNIOR

GUIAS DE UMBANDA E SUAS LINHAS DE TRABALHO

Este é um trabalho de elevação de grau referente ao nível 1 e tem como finalidade aprofundar os estudos dentro dos diferentes temas tratados dentro do CEDEM e desta forma, evoluir e aprimorar diferentes pontos de vista em relação aos assuntos aqui tratados. Orientador: Douglas Vieira

SÃO PAULO-SP 2019


Dedico este trabalho primeiro a EXU que nunca me abandona e me faz evoluir mais e mais a cada dia e depois a toda a diretoria do CEDEM (tanto material quanto espiritual) que está sempre empenhada em nos aconselhar.

SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO

3

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4

1.2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

4

2. DESENVOLVIMENTO

5

1.1. GUIAS DE LEI

5

1.2.

A

DIFERENÇA

BÁSICA

ENTRE

ORIXÁS,

GUIAS,

ENTIDADES

AUXILIADORAS, EGUNS, QUIUMBAS E SOFREDORES

5

1.3. CAMPOS DE ATUAÇÃO, LINHAS DE TRABALHO E FALANGES

7

1.3.1 LINHAS DE TRABALHO E CAMPOS DE ATUAÇÃO

8

1.3.2 FALANGES E HIERARQUIAS

9

1.4. ARQUÉTIPOS, MATERIAIS DE TRABALHO, CORES E ORNAMENTOS 10 3. CONCLUSÃO

11

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LINKS

12

1. INTRODUÇÃO Iniciar um estudo a respeito de um fundamento religioso (tratando-se do projeto em questão, um fundamento de Umbanda) envolve sempre alguns exercícios: O entendimento definitivo sobre a forma como cada diretriz da religião é tratado em cada terreiro e centro de estudos, que difere de um lugar para o outro, e


uma visão bem aprofundada e analítica do próprio entendimento perante cada assunto (sempre questionando-se e buscando aprimorar esse entendimento). Fundamento é o conjunto de regras básicas de organização e funcionamento de uma instituição, estabelecimento, esporte etc. (FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE - Dicionário google).

Ou seja, os pontos expressados a seguir são determinados por uma diretriz pré estabelecida na instituição de ensino em questão, o CEDEM.

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O projeto irá tratar de Guias de Umbanda e suas linhas de trabalho. (...) Na verdade, os guias são sobretudo os falangeiros (ou seja, que fazem parte das falanges das entidades), e estes incorporam os médiuns durante os cultos de Umbanda. Estes guias, em sua grande maioria, são espíritos de antepassados que se encontram nas portas do plano espiritual ou dentro dele. Podem ser da família do médium ou da pessoa revisitada.

Ou simplesmente um ser de luz que se aproximou para trabalhar com aquele médium a fim de auxiliar em sua evolução material, pessoal e espiritual. Eles nos ajudam a entender os mistérios da vida e a se aprofundar na Umbanda, como forma de vida e de destino. Eles – literalmente – nos guiam através da religião, nos ajudando numa evolução e desenvolvimento espirituais (Texto introdutório retirado do site http://www.wemystic.com.br/artigos/umbanda-que-sao-guias/).

1.2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA Inicialmente, esse estudo irá esclarecer as diferentes linhas de trabalho e algumas das nomenclaturas que acompanham esse termo como: falange, mistério e campo de atuação. Também trará de forma clara quais os aspectos considerado por eles mandatórios (como arquétipos e sotaques) e não mandatórios (como quais fumos e bebidas utilizam, danças e elementos de trabalho). Também buscará esclarecer algumas diferenças entre Sofredores, quiumbas, Eguns, guias de trabalho e Orixás.


2. DESENVOLVIMENTO 1.1. GUIAS DE LEI Ao

falar

de

um

"Guia

de

lei",

o

autor

Manoel

Lopes,

no

site

blog.mataverde.org diz: foi designado a estes espíritos a função de tomarem conta da Casa de Oxalá, ou seja, tomarem conta do Terreiro de Umbanda, da Lei de Umbanda.

1.2. A DIFERENÇA BÁSICA ENTRE ORIXÁS, GUIAS, ENTIDADES AUXILIADORAS, EGUNS, QUIUMBAS E SOFREDORES

Para muitos, a diferença entre um espírito e outro ainda não é clara. Afinal, todo sofredor também é um Egun? E os Guias, se tem o mesmo nome, é o mesmo espírito? Frequentadores antigos de terreiros ainda chamam todos aqueles que incorporam nos médiuns, de Orixás. O que por sinal é muito comum. Os espíritos mais falados por leigos e estudiosos do assunto, são os sofredores. Espíritos desencarnados que podem já ter entendido ou não o desencarne e o motivo pelo qual isso ocorreu e que vagam pelo plano espiritual em busca do que há no plano material, sem aceitar a morte ou o que deixou para trás. No intervalo das existências corporais o Espírito torna a entrar no mundo espiritual, onde é feliz ou desgraçado, segundo o bem ou o mal que fez. O estado espiritual é o estado normal do Espírito – e deverá ser o definitivo – pois o corpo espiritual não morre. O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual, sobretudo, que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação. (AllanKardec – O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. III, item 10.)

Esses seres que permanecem num estado de espiríto de frequência baixa vagam pelo astral em busca de luz e entendimento. São espíritos que não necessariamente querem prejudicar alguém, mas permanecem num constante estado de "parasitas" de energia de outros seres encarnados ou desencarnados.


Eguns e quiumbas estão bem próximos do exemplo anterior, com pequenas diferenças. Eles podem ser sofredores como também podem ser somente espíritos que atuam fora da lei, alimentando-se de energias que lhe são oferecidas e da luz de outros seres encarnados ou não. Em muitos barracões de candomblé, entidades como Pretos velhos e Boiadeiros (entre outras), também são consideradas Eguns, pois o termo de modo geral refere-se a um ser desencarnado, independente da sua condição. Egum (do ioruba egun) é um termo das religiões de matriz africana que designa a alma ou espírito de qualquer pessoa falecida, iniciada ou não. Nesse ponto, difere da palavra egungum, que se refere a espíritos de homens importantes iniciados nessas religiões. O termo "egum" é mais abrangente, pode se referir tanto a um espírito considerado "evoluído", "de luz", como a um espírito de um parente, ou a um espírito desorientado obsessor que precisa ser afastado, por exemplo.(wikipedia)

Um guia, na Umbanda, é aquele espírito desencarnado que já pasosu por todo um processo de entendimento e por uma escolha ou determinação do astral, foi designado por uma força natural chamada Orixá (a qual será falada mais para frente) para trabalhar perante a lei da Umbanda, dos homens e de Deus ou Orunmilá sob a condição de buscar a própria evolução e daqueles a qual aconselha. Em um breve resumo, guias que trabalham, por exemplo, na força de Ogum (Orixá do metal, dos caminhos e da agricultura), costumam auxiliar em assuntos relacionados a prosperidade e caminhos a serem seguidos. Além dos guias de lei, há em algumas vertentes, entidades auxiliadoras e mentores espirituais. Esses são mais comuns em centros kardecistas. São muitas vezes médicos, jornalistas, psicólogos e outros seres que quando encarnados tinham funções de extrema importância e que quando foram para "o lado de lá" continuaram sua jornada auxiliando aqueles que ficaram. Quanto aos Orixás, em religiões de matriz Africana, acredita-se que: (...) Os Orixás foram os primeiros seres que habitaram a Terra (...). Após a sua passagem pela Terra, os Orixás recolheram-se em Orum, de onde têm como função auxiliar os seus semelhantes na Terra – a humanidade – em busca da evolução e da comunhão universal. Para assistir aos desencarnados, os Orixás contam com o auxílio dos seus Servidores (cadeia de espíritos de luz em diferentes estágios de evolução, entre os quais estão Exús, Pombo-giras, Erês e Caboclos). (Texto retirado do site lifestyle.sapo.pt e escrito pelo pai Pedro de Ogum)


A citação anterior trata-se de um ita, uma mitologia Africana antiga. Atualmente na Umbanda, eles são tratados como forças naturais e são representados por diferentes elementos e aspectos da natureza e dos costumes sociais humanos, como as matas (Oxóssi), o mar (Yemanja), os cemitério, igrejas e campos santos (Obaluayê), as estradas (Ogum e Exu), as cachoeiras, rios e outros focos de água doce (Oxum) as pedreiras (Xangô) e os fortes ventos e tempestades (Iansã) além de muitos outros. Falando de guias e espíritos incorporantes, os Orixás possuem suas personificações e arquétipos e também incorporam uma pequena parcela da sua força em alguns médiuns os quais sua natureza os rege (assunto que será tratado em outro momento).

1.3. CAMPOS DE ATUAÇÃO, LINHAS DE TRABALHO E FALANGES

Falar sobre linhas de trabalho e campos de atuação é sempre a parte mais delicada ao falar sobre Guias de Umbanda. No CEDEM as linhas contempladas são: na esquerda (modo popular de falar sobre as entidades relacionadas ao negativo de algumas linhas e forças. Mais pra frente o texto irá aprofundar no assunto) Exu, Pombo-Gira, Exu-Mirim, Pombo-giramirim e Malandro. Na direita, Preto-velho, Caboclo, Curumin, Baiano, Boiadeiro, Erê, Cigano e Marinheiro. As entidades que trabalham na lei de Umbanda e numa linha de trabalho específica, respondem energeticamente a uma força natural, ou seja, a um Orixá.

1.3.1 LINHAS DE TRABALHO E CAMPOS DE ATUAÇÃO

Quando fala-se em linhas de trabalho, fala-se em qual o campo de atuação e força daquele guia. Um Caboclo de Ogum, é uma entidade designada pelo astral a


trabalhar na linha de Oxóssi (por ser Caboclo, todos vem pela força de Oxóssi) num campo de força de Ogum (porque o exemplo trata de um exemplo com Ogum), atuando em problemas e questões como as estradas e caminhos da vida. Outro exemplo é um Exu Tranca-Ruas das Almas: Exu = na força do orixá Exu, Tranca Ruas = normalmente está na força de Ogum, por isso traz no nome uma relação com ruas, caminhos e trilhas. Das almas = Obaluaye (ou na negativa de Oxalá) por ser o Orixá ligado ao campo de força das almas como cemitérios, cruzeiros e igrejas. Vale lembrar que nem todo filho de Ogum, terá um Tranca Ruas ou qualquer outro Exu ou guia que venha pela força de Ogum trabalhando ao seu lado. Os campos de atuação são onde aquela entidade busca sua força e trabalha seus mistérios. Existem caboclos de mata fechada, mata aberta, beira do mar. Exus de porta de cemitério, cruzeiro, encruzilhada e por aí vai. Cada campo traz uma energia que fortalece e abriga determinadas entidades para que elas concentrem todo o aprendizado que aquela força traz com ela e possa distribuir seu conhecimento aos que buscam. Entidades de esquerda, como mencionado anteriormente, trabalham na negativa de algumas forças. O Exu ventania, por exemplo, é um guia de esquerda que vem na negativa de Xangô, ou seja, na força de Iansâ (tema para outro momento). Até aqui é importante entender que o que difere direita e esquerda é a negativa dos pontos de força com o intuito de trabalhar o equilíbrio de todas as energias, mas ainda não é necessário aprofundar tanto no assunto.

1.3.2 FALANGES E HIERARQUIAS

Muitos com certeza já ouviram por exemplo o nome de uma falange de Pombas-Gira chamada Maria-Padilha. No astral alguns guias, principalmente de falanges mais antigas como a citada, trazem consigo outras falanges, como a da Maria-Quitéria

ou

Maria-Mulambo.

É

comum

uma

falange

"responder"


hierarquicamente a outras. O motivo pelo qual isso acontece, é quase uma "substituição de obrigações e deveres" (relacione falange com tropas, por mais distante que o termo possa ser, para melhorar o entendimento e entenda que quando uma tropa cumpre uma missão, outras assumem o posto). Aos poucos alguns nomes vão desaparecendo dos terreiros de Umbanda e novas falanges são trazidas, com novos desafios e obrigações e sempre obedecendo de alguma forma as necessidades que sua linha de trabalho exige. É importante saber que não existe um de cada ou uma história só para todos os Caboclos Rompe-matas, Pretos-Velhos Pai Joaquim e Baianos Severino. Cada um foi um ser quando encarnado, que desencarnou, vagou pelo astral, buscou evolução e conhecimento e recebeu a dádiva de poder servir a bandeira de Oxalá e ajudar muita gente em seu desenvolvimento, sendo colocado em uma falange de acordo com sua necessidade evolutiva e com a sua missao e com um nome relacionado a sua falange. Alguns Guias "montam" sua própria falange de espíritos. Um espírito levado por exemplo por um Exu sete facadas de um estado de sofredor ou que estava vagando para um estado de serventia e trabalho, passa a carregar o nome de Sete Facadas.

1.4. ARQUÉTIPOS, ORNAMENTOS

MATERIAIS

DE

TRABALHO,

CORES

E

O Preto-velho Pai Antonio assim que incorporou pela primeira vez na Umbanda, em uma homem chamado Zélio Fernandino, na Tenda Espírita de Nossa Senhora (1908), deixou o médium com um arquétipo de um homem velho, esgueio, de fala mansa e assim que abriu a boca disse: deixei minha cachimba no alto da derrubada,

manda

moleque

buscar

(Nascimento

da

Umbanda,

1908

-

https://domtotal.com/noticia/1203691/2017/11/a-narrativa-mitica-do-surgimento-daumbanda/). É possível então notar todas as características visuais e auditivas que aquele Preto-Velho trouxe consigo. Era uma entidade determinada a convencer e se mostrar para que em troca os necessitados confiassem em sua palavra e, acima de tudo, o reconhecessem quando chegasse aquele recinto.


Atualmente, ao iniciar uma gira de Caboclo por exemplo, em poucos minutos é possível ver médiuns ajoelhando e alguns somente agachando e soltando um grito que pronuncia algo parecido com IÊ (alguns dizem ser a sílaba que significa Deus ou Tupã ou o ser maior, para outros, esse é um jeito de avisar aos caboclos em terra, que aquele Caboclo chegou e ao mesmo tempo remete ao arquétipo que aquela entidade traz para representar os índios que morreram em terras Brasileiras) além da posição das mãos e pernas e expressões faciais. Cada detalhe do momento da incorporação e da forma como a entidade age, traz com ela uma característica que confere uma identidade própria. Além dos hábitos e costumes há estalar de dedos, batidas de pés e mãos no chão e movimentos sincronizados que fazem parte não só de um repertório de identificação mas também de uma ritualística relacionada a mistérios. Pergunte a um Boiadeiro por que ele dança como se estivesse pulando um laço, a um Cigano por que mexe com as mãos em volta do seu rosto e a um caboclo por que bate o pé e estala os dedos (nem todos os guias dessas linhas de trabalho, seguem esses costumes). Cada um dará uma resposta diferente com o mesmo significado: eliminar larvas atrais, equilibrar as energias essenciais, alinhar os chacras e/ou limpar o corpo astral de energias mais densas (além de muitos outros motivos específicos). Cada movimento tem o seu significado, um mais profundo que outro. Existem terreiros onde os guias também se vestem com suas roupas preferidas, chapéus, lenços e outros adornos. No CEDEM, poucos itens são permitidos pelo guia chefe da casa (Salve a força do Pai Samambaia). O mais comum é o cigarro, charutos, bebidas, velas coloridas, pedras e adagas (além da pemba e ponto riscado que não compete a esse tema). Com a fumaça do fumo, a energia das pedras, as velas com as respectivas cores relacionadas a sua linha de trabalho e mistérios, o guia também encontra respaldo para o trabalho que está desenvolvendo com quem o procura. Há aqueles que falam que as entidades estão prolongando o sustento aos seus vícios quando ingerem álcool ou fumam, mas não é o que acredita-se no CEDEM.


3. CONCLUSÃO Conclui-se que todo e qualquer passo de uma entidade, isso inclui as cores de velas que usa, as bebidas que pede e suas manias e costumes, tem o seu significado e que existem diferentes formas de um espírito se aproximar da realidade dos encarnados e trabalhar em prol da evolução humana. Ou seja, na Umbanda, tudo tem um porquê. Não existem perguntas se respostas, a menos que quem questione não esteja apto a saber. Respeitar a forma como um guia incorpora no médium, com todos os seus movimentos muitas vezes estranhos aos olhos humanos, os fumos e elementos que costuma pedir, é respeitar uma história de 110 anos.


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LINKS ● https://umbandaeucurto.com/materias/textos/cores-de-guiasdos-orixas/ ● http://www.genuinaumbanda.com.br/ entidades_e_falanges.htm ● https://www.google.com/search? q=significado+de+fundamento&rlz=1C5CHFA_enBR827BR827 &oq=significado+de+fundamento&aqs=chrome..69i57j0l5.4474 j1j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8 ● http://www.blog.mataverde.org/exu-pagao-e-exu-de-lei/ ● https://www.google.com/search? q=entenda+mais+guias+de+umbanda+falange&rlz=1C5CHFA_ enBR827BR827&oq=entenda+mais+guias+de+umbanda+falan ge&aqs=chrome..69i57.5539j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8 ● https://lifestyle.sapo.pt/astral/praticas/cultos-a-natureza/ artigos/o-que-sao-os-orixas ● http://luzdoespiritismo.com/perguntas-e-respostas/pr-o-que-eo-estado-espiritual-para-o-espirito ● https://domtotal.com/noticia/1203691/2017/11/a-narrativamitica-do-surgimento-da-umbanda/


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