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Ribeira Grande
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sempre prontos a aprender e a ouvir os romeiros estão na sua caminhada
Os romeiros estão de regresso às estradas de São Miguel. Depois da interrupção por causa da pandemia, já saíram os primeiros ranchos de romeiros, não sem que antes tivesse sido realizada toda a preparação espiritual, mas também logística, que tem ficado à responsabilidade do Movimento de Romeiros de São Miguel.
O Movimento de Romeiros de São Miguel estima que existem cerca de 2.700 irmãos romeiros, que de forma fiel cumprem com a particular missão de caminharem pelas estradas da ilha de São Miguel, nas semanas que antecedem a Páscoa.
O regresso dos ranchos de romeiros é, este ano, ainda mais emotivo. Após uma paragem forçada devido à Covid-19, cerca de 53 ranchos estão a caminho da sua missão.
Nuno Arruda é romeiro há cinco anos. É um dos rostos que se incorporará, este ano, num dos maiores ranchos de romeiros da ilha de São Miguel. Vive na Vila de Rabo de Peixe, e é, com este grupo, que fará a sua caminhada, apesar de que esta será apenas “a sua segunda participação na romaria. Como residente da Vila de Rabo de Peixe, vou no rancho da mesma.”
Questionado sobre as suas verdadeiras e profundas vontade e intenções em participar numa romaria, Nuno Arruda explica, deste modo: “O que mais me motivou foi a fé, também a curiosidade de pertencer
ao maior rancho da ilha e observar a generosidade do povo.”
É certo que, para lá disso, a experiência da família próxima acaba por ser um ponto extra que impulsiona alguns irmãos romeiros a iniciarem a sua caminhada. “O meu tio faz parte dos irmãos romeiros há muitos anos e até recentemente foi eleito como mestre do rancho. Um dos meus três irmãos também já teve a oportunidade de participar neste ato de fé.
A paixão, o respeito, a tremenda fé e entrega que cada um dos irmãos demonstra em todo o percurso é motivacional. A generosidade e a preocupação, notórias uns pelos outros, é algo admirável. Somos uma família e cada irmão romeiro novo que entra é sempre bem vindo!
Estamos sempre prontos a aprender e, sobretudo, ouvir. Ouvir a responsabilidade, ouvir a palavra do irmão romeiro e, ainda mais importante, ouvir a palavra de Deus.
Durante a pandemia as romarias ficaram pendentes e, como tal, ficou a faltar a cada um de nós algo.
Como a entrega espiritual, a convivência.
Falta de fé nunca será, porque há muitas outras maneiras de a termos e de comunicar com Deus.”
Além de todo o trabalho espiritual e de união presente em cada rancho, cada romeiro prepara-se fisicamente conforme a sua intenção, disponibilidade de tempo e para Nuno Arruda isso inclui muitas caminhadas prévias. “A maneira como me preparo fisicamente para a romaria é fazendo caminhadas, de forma a poder estar mais bem preparado fisicamente.”
A vivência de Nuno Arruda é pessoal, é certo, mas, na essência, é comungada, um pouco por idêntico, com todos os demais romeiros que se desapegam de todos os bens materiais, para, durante uma semana de intensa caminhada, se valerem da sua introspeção e fé.
Tal como Nuno Arrdua, Luís Moniz segue na mesma caminhada. A sua primeira romaria remonta a 2006, depois dos primeiros anos, assegurou, em 2014, o papel de Contramestre.
“A primeira vez que participei nas Peregrinações Quaresmais de São Miguel foi em 2006 no Rancho de Romeiros de São Sebastião da freguesia da Matriz de Ponta Delgada. Mas, durante os quatro anos seguintes saí de Romeiro no Rancho de Peregrinos de Nossa Senhora dos Remédios da Lagoa onde fui especialmente bem acolhido e tenho as melhores recordações.
Depois em 2013, regressei ao meu primeiro Rancho
de São Sebastião e no ano seguinte assumi o cargo de Contramestre.”
Na memória está bem viva a sua primeira participação enquanto Irmão Romeiro.
“Recordo perfeitamente e nunca mais vou esquecer a minha primeira vez que participei nas Peregrinações Quaresmais apenas pela aventura e curiosidade. Mas, logo no primeiro dia fiquei apaixonado pela Romaria e ainda hoje acho que foi a experiência mais extraordinária que vivenciei na minha vida.
Sem antecedente histórico na família, Luis Moniz confere que já pôde envolver os seus mais próximos neste espírito ímpar.
“Relativamente às Romarias, não havia histórico familiar nenhum. Porém, fiz a história e envolvi os parentes mais próximos quer emocionalmente quer na estrada a participar em saídas ou entradas dos Ranchos e em outros eventos.”
Quando o questionamos das impressões mais fortes que lhe apraz referir das romarias e ao espírito de grupo, bem como ao que mais o comove por altura da caminhada, Luis Moniz traça-nos os sentimentos.
“O que mais me impressiona é a fé dos Irmãos que envolvem as suas famílias acolhedoras e apoiantes dos Peregrinos Quaresmais da Ilha do Arcanjo São Miguel.
O mais complexo é o facto de crianças e velhos caminharem durante dez horas por dia ou mais, na ilha de “sobe e desce”, debaixo de fortes tempestades. Em algumas Romarias que participei experienciei forte temporal todos os dias da semana. O mais comovente para mim é vivenciar a emoção e a coragem de homens e crianças que abandonam tudo para participarem nas suas Romarias e cada Irmão com o seu motivo.
Há um sentimento de fraternidade e de solidariedade entre os Irmãos Peregrinos que cria uma emoção coletiva arrepiante.
No que diz respeito às idades dos Irmãos Peregrinos, acho que os mais novos aumentam a coragem dos mais idosos e os mais velhos transmitem ensinamentos e uma sensação de segurança às crianças em Peregrinação.
Gostava de referir que nos Remédios da Lagoa vi uma criança diariamente a chorar e a pedir ao Mestre para participar nas Romarias porque os pais não concordavam nem os regulamentos permitiam. Essa criança de nove anos acabou por sair de Romeiro e foi um exemplo de alegria e de saber cantar os cânticos melhor do que muitos Romeiros antigos. Simplesmente, emocionante.”
O regresso às estradas da ilha de São Miguel é vivido intensamente, depois da interrupção das Romarias fruto da pandemia da Covid 19, que também não deixou indiferente o pensamento e o coração de quem se viu forçado a parar, pelo menos na forma mais tradicional.
“Há sempre um sentimento de tristeza quando estamos impedidos de vivenciar a nossa paixão irracional e dolorosa, aliás como todas as paixões.
Mas, sempre partilhei a minha opinião no sentido de que podemos alcançar outros níveis de consciência cristão mesmo fechados em casa. Ou seja, a aplicação prática do cristianismo e o encontro com Jesus só acontece dentro de cada um de nós e é apenas uma questão de decisão. Já agora, esta decisão pode acontecer em qualquer momento e lugar mas exige a coragem e a disponibilidade para a verdadeira mudança de atitude na vida.”
Luis Moniz está habituado a caminhar, fá-lo todos os dias do ano, quer faça chuva ou sol. A adaptação para este período específico não é, por isso, pelo menos fisicamente, acompanhado de mais atividade física. E quanto ao Espiritual!? Luis Moniz aponta a sua experiência e visão.
“Ora bem. No meu caso, faço caminhadas diárias durante todo o ano até debaixo de chuva para não perder a audácia e para ajudar a manter a saúde. Mas, há Irmãos que apenas começam a fazer uma preparação física algumas semanas antes da Quaresma e há outros que não fazem qualquer tipo de preparação e no fim regressamos todos ao mesmo tempo à nossa Igreja.
Naturalmente há uma preparação Espiritual antes das Peregrinações, mas cada vez mais existe um entendimento que aponta para a necessidade de uma preparação contínua durante todo o ano e já há muitos Ranchos que reúnem semanalmente para poderem manter vivo o espírito de Jesus.
Seja Bendita e Louvada a Sagrada Vida, Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
A ANP|WWF e a Sciaena organizaram no Faial um debate com caráter consciencioso e informativo sobre mineração em mar profundo nos Açores, contando com a presença de investigadores, ativistas, técnicos de políticas e membros de grupos parlamentares regionais.
A mineração em mar profundo destina-se a extrair minerais como cobre, cobalto, níquel ou manganês do fundo do mar, com maquinaria pesada a operar em condições muito adversas e arriscadas (elevada profundidade e sujeitas a grande pressão), destruindo localmente ecossistemas e perturbando outros a largas centenas de quilómetros em redor. Apesar do pouco conhecimento científico sobre estes habitats e os potenciais impactos desta atividade, sabe-se que se a indústria avançar, a intensidade e os métodos de mineração poderão destruir habitats completos, extinguir espécies e comprometer os serviços que eles nos proporcionam, prejudicando também as populações locais, principalmente as comunidades costeiras.
De acordo com a ANP|WWF e a Sciaena há preocupações em particular para com os Açores porque, referem, “a iniciar-se esta atividade em Portugal, um dos locais preferenciais alvo de exploração poderá ser a Região Autónoma dos Açores, internacionalmente reconhecida como um oásis para a vida marinha, sendo inclusivamente casa ou ponto de passagem de grandes migradores
oceânicos, muitos deles classificados, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), como Em Perigo ou Ameaçados, e cuja proteção ficará em risco.”
Na mesma demonstração de preocupação, somam-se já “apelos a uma moratória global sobre todas as atividades mineiras em mar profundo, liderados por Organizações Não-Governamentais locais e internacionais, líderes de comunidades, cientistas, governos e organizações pesqueiras, que consideram que a extração não deve avançar até que os riscos ambientais, sociais e económicos sejam compreendidos – e até que se explorem todas as alternativas aos minerais do mar profundo. Mas se Portugal depende de outros Estados para a implementação de uma moratória a nível europeu ou global, o mesmo não é verdade para as águas sob a sua jurisdição. Enquanto o Governo da República tarda em posicionar-se relativamente a este assunto, os Açores devem antecipar-se e aprovar uma moratória regional para, assim, proteger os seus mares.”
anp | WWF e a s ciaena alertam para mineração nos mares dos a çores
Embora tenham sido realizados progressos nas últimas décadas na UE, a violência e os estereótipos baseados no género permanecem. As mulheres continuam a ser vítimas de violência física e/ou sexual, a ganhar cerca de 16% menos que os homens e representam uma baixa percentagem (8%) dos cargos de presidente executivo de grandes empresas.
Para assinalar uma data que merece destaque, convidamos à participação nesta edição de duas mulheres, uma das quais faz parte, hoje, de elenco governativo (Câmara Municipal de Ponta Delgada), bem como de uma psicóloga (Carolina Ferreira), a quem foi solicitado que, dentro das suas experiências e atividades profissionais, abordassem o assunto Mulher.
“Felizmente que muitas mulheres já reconhecem em si próprias o papel de donas do seu destino, que assumem, com orgulho, a sua identidade. Sim, porque as Mulheres não são iguais aos Homens. Nem querem sê-lo, no género, porque são diferentes.
Pelas mutações sociais e culturais da História Moderna, as mulheres predominam em número no Mundo… nas universidades, no mercado de trabalho, assumindo funções que, à partida, seriam atribuídas a homens.
Esta emancipação tem permitido que se encontrem soluções de conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar que,
não sendo perfeitas, trazem maior equilíbrio aos nossos diversos papéis sociais – de mães, mulheres trabalhadoras e mulheres por inteiro. O papel da mulher na sociedade deve ser mais interventivo e hoje já o é: Há mais mulheres a exercerem funções de topo nas empresas, nas organizações e na política. A meu ver, no caso, na política, a entrada da mulher para “altos cargos de decisão” não deverá cingir-se ao
sistema de quota de género, mas, sim, abranger o reconhecimento do mérito próprio alcançado. É esta a premissa da competência humana e técnica das mulheres que nos coloca em “cena” no mundo global do trabalho.
Considero que a Liderança no Feminino deve ser promotora da diferença, através da valorização das pessoas como chave para a sua autodeterminação.
Hoje, as mulheres, também, são líderes. Nos cargos públicos há quem diga que somos mais sensíveis. Aceito! Porque reconheço a importância do diálogo, em concertação com os vários atores sociais e com associações parceiras.
A sensibilidade feminina vista, muitas vezes, como fraqueza, é de facto uma força, porque nos impele, enquanto responsáveis em cargos públicos, a humanizar e a valorizar as pessoas nos processos de decisão.
Todos sabemos que nem sempre foi assim, que ainda não é bem assim e, que em alguns casos, por via da guerra e dos radicalismos, assistimos a retrocessos nos direitos alcançados pela mulher ao longo dos últimos 100 anos. Num mundo perfeito, em pleno século XXI, estaríamos hoje a assinalar o Dia Internacional da Mulher por referência ao passado. Mas, a verdade é que a consolidação do papel da mulher na sociedade atual ainda dura, neste mundo global.”
Cristina do Canto Tavares Vereadora Executiva da Câmara Municipal de Ponta Delgada
“Ser-se Mulher Empreendedora vai muito além de construir um negócio ou iniciar um projeto, tem acima de tudo que ver com um mindset empreendedor. Seres construtora de soluções em qualquer área da tua vida, e entenderes que terás de ter foco, seres dirigida para a ação e aprenderes a dar-te valor. Ser Mulher com deficiência Empreendedora é ser-se empreendedora ao cubo, desde muito cedo treina-se competências de arranjar soluções para problemas difíceis em que as crianças habitualmente não pensam, nem deviam ter
certas preocupações. Desde ao como brincar, ao mais tarde integrar com outros jovens. Quando saí da faculdade, já tinha um grande treino empreendedor na área pessoal, e na área profissional começava-se a falar deste tema. As mulheres com deficiência nunca estão associadas a empreendedorismo até porque a própria legislação não contempla a pessoa com deficiência como empresária, mas sempre como a contratada. Reduzindo ao papel de inativo. Como assim, uma pessoa com mulher com deficiência pode criar a sua empresa? Como assim, uma pessoa com mulher com deficiência pode criar um negócio? Como assim, uma pessoa com mulher com deficiência pode construir a sua independência? Seres empreendedora é, em primeiro lugar, construíres um sonho dentro de TI e quebrares com as barreiras que a sociedade construiu à tua volta, mas que inevitavelmente contaminam o teu interior. Teres a ousadia de seguires em frente e correres riscos independentemente das tuas circunstâncias. Por vezes, vais ter de o fazer em silêncio, porque os outros vão tentar derrubar-te da tua ideia. Mas enche o peito de ar e continua. Foca-te no teu objetivo. Ativa a tua criatividade e torna-te uma geradora de ideias e soluções com otimismo e persistência. A paixão pode ser o teu guia mas não te esqueças que és única e que te deves sentir assim em qualquer contexto que escolheres estar.”
Carolina Ferreira Psicóloga | Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde | Master Coach Profissionalda re G ião a reunirem-se em novo cd
O Museu Heavy Metal Açoriano (MHMA), iniciativa de divulgação e promoção do Heavy Metal que se faz pelas nove ilhas do arquipélago dos Açores, lançou, pelo terceiro ano consecutivo, o desafio aos músicos da região para mostrarem os seus trabalhos ao mundo, reunindo novos temas musicais num novo CD.
Segundo o responsável pela iniciativa, Mário
Lino, “infelizmente, visto que estas bandas continuam sem convites para atuar nos palcos das nossas ilhas, só conseguem ver o seu trabalho reconhecido neste formato, em CD, ou na divulgação online”, sendo que “a luta continua e pelo terceiro ano consecutivo o projeto vai avante”.
O MHMA abre as portas a todos os músicos açorianos, adeptos do Heavy Metal a fim de participarem no “Azores & Metal Vol #3”. O envio dos trabalhos estima-se pode ocorrer até ao último dia do mês de junho.
O responsável diz que os músicos das nove ilhas, dentro do estilo musical, estão convidados
a enviar o seu trabalho para ser incluído no novo CD que deverá ser lançado em setembro ou outubro próximo, sendo que a participação é gratuita.
“Neste volume os participantes têm direito a incluir um tema que devem entregar até final de junho do presente ano. Findo este prazo e com base na quantidade de temas recebidos, será feita uma seleção de 17 temas, visto o espaço do CD ser limitado.”
Nas últimas duas edições apenas participaram projetos da ilha de São Miguel e da Terceira, mas a ambição da organização passa por descobrir novos talentos nas outras ilhas, o que “seria gratificante”, segundo Mário Lino.
m useu h eavy m etal a çori ano desa F ia projetos
O mesmo responsável acrescenta que os primeiros dois volumes “acabaram por chegar a muitas fontes de informação nacionais e internacionais, como revistas, rádios, websites e lojas, tornando-se um cartão de visita para
estas bandas e para projetos açorianos que estão escondidos nas suas garagens de ensaio. São para muitos a única forma de chegar aos fãs”.
Mário Lino Faria recorda que se a 1ª. edição foi o arrancar do zero, mas, ao merecer o interesse e adesão de ter 17 bandas/projectos, tal foi revelador do muito que há para mostrar dos trabalhos e artistas açorianos, de certo modo, explica, “foi um ‘abre olhos’ para todos e mostrar que temos valores, mas ocultos e sem oportunidades de exposição. No 2º. volume, tivemos a repetição de alguns e a afirmação de novos trabalhos. Surgiram muitos outros novos e até duas bandas que estavam há quase 10 anos “hibernando” fizeram questão de dar provas da sua existência. Importante referir que sempre participações de bandas/projetos de São Miguel e Terceira, mas neste próximo Volume #3, a minha ambição e desejo será o de descobrir talentos das restantes ilhas açorianas.”
Com capacidade para disponibilizar até 1.400 títulos, a biblioteca itinerante da Ribeira Grande já está a circular pelo concelho.
A biblioteca itinerante da Câmara Municipal da Ribeira Grande já está a circular pelo concelho, em breve a autarquia vai divulgar o calendário regular das localizações do novo espaço, que permite a requisição de livros para consulta e leitura.
Para já estão disponíveis 1.200 títulos, com uma oferta literária que passa por uma secção infanto-juvenil, mas que atravessa todas as faixas etárias e vários gostos literários, podendo-se encontrar títulos relacionados com História, Ciências, Geografia, Culinária, Saúde e Bem-Estar, entre outras temáticas.
À nossa redação a autarquia da Ribeira Grande refere que “a capacidade instalada da Biblioteca Sobre Rodas é de 1.200 livros. No
entanto, ainda se encontram em processo de catalogação cerca de 200 livros, pelo que a capacidade total rondará os 1.400 livros.”
De entre os mais variados livros, a biblioteca itinerante cumpre com a disponibilização de vários trabalhos açorianos, a título de exemplo existem obras da autoria de “Vitorino Nemésio, Pedro Almeida Maia, Isabel Soares de Albergaria, Manuel Ferreira, Gaspar Fructuoso, Mário Moura e Manuel Barbosa, os últimos autores ribeiragrandenses, entre muitos outros.”
Para lá da oferta já disponível, a mesma fonte adianta que os serviços associados a esta nova biblioteca aceitam “doações de obras de particulares, mediante uma avaliação prévia
realizada de acordo com as necessidades do acervo literário. Para tal, bastará entrar em contato com a Biblioteca Municipal Daniel de Sá, através do endereço de e-mail bmdanieldesa@ cm-ribeiragrande.pt. ou do contato telefónico 296 470 752.”
Nos Açores, há outros projetos similares, por exemplo na cidade de Angra do Heroísmo
a biblioteca itinerante existe desde 2021, tendo sido um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo dos Açores no ano de 2019. A Biblioteca Sobre Rodas da Ribeira Grande é, também ela, resultado do Orçamento Participativo Jovem de 2021, uma proposta vencedora que teve como proponente Mónica Medeiros.
“TERRA DE BRUMA”
NovA Col E ção D A M ARCA P EDRAS D E l AvA
B y C ATAR i NA Alv ES
Escultora, formadora e artesã, Catarina Alves nasceu na freguesia de Candelária, e formou-se em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de lisboa. Desde então participou em exposições individuais e coletivas a nível regional, nacional e internacional.
Criadora da marca Pedras de Lava by Catarina Alves, apresenta este ano uma nova coleção de acessários femininos e masculinos, esculpidos manualmente, recorrendo à criptoméria e ao ignimbrito.
c riativa m agazine - c omo se compõe este novo projeto? e m que inspirações se baseou? d a ideia ao esboço, à produção … quanto tempo passou? o nde se poderá encontrar?
c atarina a lves - Esta nova coleção é composta por várias séries de pequena tiragem que irei desenvolvendo durante este ano, e é composta por colares, gargantilhas, pulseiras, anéis, brincos, alfinetes, pins e os botões de punho, esculpidos manualmente, com materiais endógenos – a criptoméria e o ignímbrito. Procuro na natureza a minha inspiração e, para esta coleção em particular, encontrei-a nas imagens aéreas das nossas ilhas, nas composições geométricas, mais ou menos regulares, dos terrenos separados por muros de pedra ou pelos “tapumes”. Esta ideia já me “perseguia” há algum tempo, e começou a ganhar forma com uma encomenda especial de uma neta para a sua avó, no início de 2022, com a criação da primeira gargantilha “Natura” de 9 fios, depois fui desenvolvendo a ideia e criando algumas peças e estudos e só no final de 2022 é que se tornou mais concreta. Esta
nova coleção estreou-se na Loja Azores in a Box numa exposição temporária, de seguida será também apresentada na loja Portugal Nice Things e na Loja La Bamba, em Ponta Delgada, além das lojas pretendo também promover a venda on-line, pois tem sido crescente o contacto pelas redes sociais. e ste e demais projetos são sempre a solo? Bem, não diria que são sempre. Trabalho sozinha na produção das peças, desde sempre, mas há projetos que procuro colaborações, por vezes outros artesãos, outras vezes a família também colabora, a minha mãe faz-me as saquinhas em tecido e o meu irmão mais velho ajuda com as caixas em madeira para os botões de punho. Além disso, após ter participado da formação SHAKE em 2021, tenho tido o acompanhamento da organização MOVE para o desenvolvimento da marca Pedras de Lava by Catarina Alves. O mesmo se aplica a outros projetos que tenho vindo a desenvolver nos últimos anos, onde procuro muitas vezes a colaboração de outros artistas, artesãos, especialistas noutras áreas. o que mais a entusiasma nos seus trabalhos de
joalharia artesanal?
Nos meus trabalhos de joalharia artesanal entusiasma-me o facto de poder criar simples acessórios explorando a minha criatividade e refletindo os meus ideais, através da simples valorização da matéria, de pedaço de madeira ou de pedra, permitindo a conectividade com a natureza e sentir que as pessoas que adquirem as minhas peças sentem esta conectividade. É extremamente gratificante receber o feedback de clientes e perceber que o meu trabalho é admirado e valorizado por pessoas que não conheço.
c omo é que tem sido a aceitação do mercado a todo o seu desempenho de artista, nas mais diferentes artes?
Nestes últimos anos sinto que tenho vindo a ter boa aceitação, sinto que ganhei um lugar no mercado, não só com a marca Pedras de Lava, mas também na escultura, ou até mesmo nos meus projetos de arte colaborativa e de sensibilização ambiental. e ntretanto falemos um pouquinho da marca pe dras de l ava. o que tem produzido; como se expandiu? Que materiais são privilegiados?
Muito bem, antes de mais gostava de referir que Pedras de Lava by Catarina Alves, é, finalmente, marca registada, foi um dos objetos alcançados no ano passado, onde contei com o apoio da MOVE. Comecei por criar essencialmente colares, brincos, anéis e pulseiras, atualmente também crio alfinetes/pins e os botões de punho. Nas primeiras produções, em 2009/10, trabalhava muito com o basalto, as pedras semipreciosas e arame, depois passei por uma fase dos maxi-colares onde explorei as técnicas das rendas e bordados regionais aplicando missangas e reutilizando pequenas peças, e as escamas de peixe também. Em 2018 introduzi o ignimbrito – uma rocha vulcânica endógena –depois de realizar os troféus da gala do desporto de Ponta Delgada onde esculpi uma coroa de louros nesta pedra, criei a coleção “Laurea”, a partir daí tirei mais partido da minha vertente de escultora, diria de designer de bijuteria de autor ou de “Joalharia” artesanal. Introduzi depois a reutilização das rolhas de cortiça, criando composições equilibradas com as peças moldadas na pedra e na cortiça. Em 2019, senti a necessidade de trabalhar a madeira,
inspirada nos vulcões surgiu-me essa ideia de associar os elementos da natureza ao sentido das minhas peças, nasce então a coleção “Ígenas – do fogo da lava” e agora “Terra de Bruma”. Além dos acessórios, comecei o ano com mais um produto – os amuletos – pequenas esculturas manuseáveis, associando assim a escultura à joalharia artesanal. Quanto aos materiais, privilegio os materiais não alergénicos, naturais e, acima de tudo, os materiais endógenos, como o ignimbrito e a criptoméria. m antém uma preocupação de sustentabilidade nos se us trabalhos e projetos?
Sim, procuro sempre produzir de forma consciente. No que toca a Pedras de Lava, não produzo grandes quantidades, a matéria-prima que utilizo é o aproveitamento de pedras
e madeiras das sobras de outros trabalhos, não utilizo plástico nas minhas embalagens e repensei também as etiquetas e cartões em papel. Nos restantes projetos também procuro sempre utilizar os materiais locais, além de que recentemente tenho explorado os materiais alternativos, como o plástico. Através deste, procuro sensibilizar para a questão da poluição ambiental.
Welcome center
Instalado no Museu do Tabaco da Maia, este centro interpretativo pretende promover o património das seis freguesias rurais que constituem a zona oriental da Ribeira Grande, desde a freguesia de Porto Formoso até à Lomba de São Pedro.
Uma pomposa maqueta permite ao visitante explorar pontos de interesse no território selecionado. À parte da interatividade do centro, fundamental e essencial na atualidade, existe também, um espaço expositivo que ostenta elementos identitários das freguesias deste território, tais como instrumentos das atividades rurais e piscatórias de outros tempos, artefactos associados a atividades artesanais e à indústria agroindustrial, bem como peças características das devoções religiosas. O espaço, ainda, é composto por uma loja onde os visitantes têm a oportunidade de adquirir peças de artesanato local.
texto e fotos: Sandra de Sousa Bairos
José F. Andrade
CM Nordeste