14 Opinião
AÇORIANO ORIENTAL TERÇA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2021
Foi há 30 anos... ... a primeira e até agora única os jornalistas no avião em que Visita Papal aos Açores. Foi regressava de uma visita ao um acontecimento deveras Vaticano, dizendo que o Papa histórico e como tal merece viria aos Açores e à Madeira e ser sempre lembrado! também a Portugal, logo perO convite ao Papa João cebendo ter cometido uma POLÍTICA Paulo II foi formulado logo “gaffe”, aliás relativamente coJOÃO BOSCO em 1978, pouco tempo depois mum. MOTA AMARAL da sua eleição, quando atra11 de Maio calhou, nesse vessou os céus das nossas ano de 1991, na semana seIlhas, voando para o Contiguinte às Festas do Senhor nente Americano. Através do Centro Santo Cristo dos Milagres, tal como de Controle do Tráfego Aéreo de Santa acontece no ano em curso. Aos prepaMaria enviei uma mensagem de saurativos tradicionais das Festas houve dação, na qualidade de Presidente do que adicionar os da Visita Papal. AsGoverno e em nome do Povo Açoriasente que o encontro com o Papa teria no, sugerindo uma paragem entre nós lugar, em Ponta Delgada, no Campo em alguma próxima viagem transade São Francisco, o Governo Regional tlântica. Recebi pouco depois um teleencarregou-se das obras de adaptação grama de agradecimento, subscrito do espaço a tal destinado, que se espelo Cardeal Secretário de Estado, tendia pela Avenida Marginal, de sem indicar qualquer compromisso modo a abrigar o maior número possíquanto à visita. vel de pessoas. Houve custos, naturalNos meus seguintes encontros com mente, criticados pelos “suspeitos do o Papa, em Roma, em 1980 e em 1983, costume”... Mas o certo é que o cenário e em Lisboa, quando veio a Fátima ou ficou digno e belo, conforme reconhepassou no Aeroporto em caminho ceu o próprio Presidente da Repúblipara a América do Sul, sempre o conca, vindo de Lisboa expressamente vite foi lembrado; mas entretanto os para acompanhar a estadia do Papa anos iam passando... também nesta parcela do território Finalmente, soou a nossa hora, nacional. Nesse tempos não se falava quando João Paulo II, que entretanto ainda de “ continuidade territorial”, tinha já corrido meio Mundo, resolveu mas a ideia era a mesma. voltar a Portugal, no décimo aniversáPor sinal, na véspera da chegada do rio do atentado que quase lhe custou a Papa, houve um desaguisado nas Lavida e do qual veio a escapar, segundo ges, à chegada do Presidente da Repúdeclarou, por milagre de Nossa Seblica. Era já noite e, quando nos dirinhora de Fátima. gíamos para a pista para Julgo não estar enganado ao referir cumprimentar o ilustre viajante, foque a notícia foi divulgada pelo então mos barrados na porta, por onde se Primeiro Ministro, em conversa com esgueirara o Ministro da República, o
Presidente da Assembleia Legislativa, José Guilherme Reis Leite, e eu, pelo Comandante da Base Aérea, cujo nome nem recordo, invocando ordens superiores. Claro que forçámos a passagem, revogando com vigor tão despropositados intentos, que nunca tratei de apurar quem seria o inspirador deles, como se fosse pensável sequer que uma Alta Entidade do Estado Português pusesse os pés na Região Autónoma dos Açores sem ser recebido pelos legítimos representantes do Povo Açoriano. Na manhã seguinte chegou o Papa à Terceira, com a sua comitiva. Celebrou Missa campal em Angra do Heroísmo, num espaço adaptado para o efeito. No altar brilhava o enorme crucifixo do Divino Imperador, trazido do antigo Convento de São Gonçalo, com o Cristo coroado de uma coroa de ouro e com o ceptro na mão direita, uma das mais significativas imagens das devoções dos Açorianos. Os avisos policiais sobre as cautelas a respeitar dissuadiram muita gente de se deslocar à cidade, o que foi pena. Da parte da tarde, veio para São Miguel e foi recebido carinhosamente pela multidão que se juntara no Campo de São Francisco e zona envolvente. A imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no seu andor florido, tinha sido trazida do Convento da Esperança, numa excepção compreensível ao seu recato tradicional. Em frente puseram o coxim de seda, bordado para quando cá veio o Rei Dom Carlos, mas o Papa ajoelhou-se no chão e esteve rezando, no meio de um grande silêncio,
que se abateu sobre todos, manifestamente impressionado, como de resto ele próprio veio a revelar, pelo olhar penetrante, ao mesmo tempo magoado e sereno, do Ícone que há séculos nos acompanha e protege. Quando o Papa se foi embora, de regresso a Lisboa, donde no dia seguinte de manhã haveria de partir rumo ao Funchal e à tarde finalmente para Fátima, o andor do Senhor Santo Cristo, aos ombros dos seus habituais portadores, foi recolhido, no meio dos aplausos da multidão, que não arredara pé, esperando por essa derradeira homenagem. Ainda passei no Campo, depois da partida do avião, mas já encontrei pouca gente, ainda assim saboreando, tranquilamente, as impressões inesquecíveis de um dia memorável, que passara tão depressa. Ƈ
no carrossel, observar uma pessoa a carregar círios representativos do seu grau de sofrimento. Como forma de atenuar o vazio da ausência destas festas, tente cultivar a gratidão. Uma das maneiras mais eficazes de o fazer é a estabelecer uma prática escrita onde regista as bênçãos que reconhece ter ao longo deste ano. Esta estratégia torna as pessoas mais felizes. Ao estarmos gratos estamos a reconhecer que existe uma fonte de bondade nas nossas vidas. Ao escrever ampliamos e expandimos a consciência destas Fontes de bondade. Dedicar um tempo, a evocar memórias de gratidão relacionadas com acontecimentos que podem ser mundanos ou banais, ou com os seus atributos pessoais, ou ainda com pessoas importantes para si na sua vida, dá-lhe o potencial para estruturar e firmar a gratidão com tema de vida e ao mesmo tempo nutrindo uma postu-
ra fundamental de vida cujo impulso é decididamente afirmativo. Que o povo açoriano mantenha a sua profunda abundância espiritual. Haja saúde. Ƈ www.carolinaferreira.com
(Por convicção pessoal, o Autor não respeita o assim chamado Acordo Ortográfico.)
O Barulho do Silêncio Passado mais de um ano de ros como os que vivemos, pandemia, o silêncio do permite-nos recolher para o movimento das nossas gennosso interior e refletir tes torna-se ensurdecedor. acerca do nosso propósito Estamos saudosos dos abrade vida. Que pessoas quereços apertados, dos convívios mos nos ver rodeados, que SOCIEDADE regados de afetos. Este final aflições queremos superar e CAROLINA de semana, Ponta Delgada que objetivos alcançar. A FERREIRA PSICÓLOGA estaria num alvoroço para espiritualidade faz-nos CLÍNICA as Festas do Senhor Santo mergulhar na nossa essênCristo dos Milagres que volcia, trazendo à superfície o tam a estar silenciadas. que realmente é valioso. Independentemente da nossa reVolta a ficar marcado o vazio ligião a fé é algo que nos une e motienorme que as Festas do Senhor va a sermos melhores pessoas. ToSanto Cristo dos Milagres deixam. dos nós precisamos de comunidades Queremos voltar a encher os olhos que alimentam a nossa fé. Todos com a beleza das luzes que nos iluprecisamos de ter fé em algo. Sem fé minavam num novo ciclo. A ter não há esperança. Há um ditado inconvívios nas barraquinhas, onde se diano que nos diz: “Nós não somos brindava à amizade. A sentir o cheiseres humanos tendo uma expero a pipocas e o sabor a galinhos de riência espiritual. Somos seres espiaçúcar à volta do Campo de São rituais tendo uma experiência huFrancisco. A ouvir o som da banda mana.” filarmónica que toca o Hino do SeA espiritualidade em tempos dunhor, as gargalhadas das crianças
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