Diário dos Açores - 9 Maio 21 - Escute a sua Tristeza

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ID: 92759706

09-05-2021

Meio: Imprensa

Pág: 17

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 21,00 x 11,63 cm²

Âmbito: Regional

Corte: 1 de 1

Escute a Sua Tristeza Carolina Ferreira*

A tristeza é uma emoção que todos nós sentimos, mas por vezes, tendemos a atropelála. Sentirmo-nos tristes é normal, saudável e adaptativo. É certo que quando nos sentimos tristes, a dor que acarreta é desconfortável. A tristeza traz até nós informações preciosas que nos poderão indicar a necessidade de nos recolhermos e de recebermos apoio dos outros bem como alerta-nos para que algo necessita de atenção. No entanto, é comum atropelarmos a nossa tristeza e a transformarmos num grande e luminoso sorriso, e quando nos perguntam “como estás?” Prontamente respondemos “está tudo bem”. A tristeza surge em momentos de perda, a rejeição de um amigo; a perda de admiração por outro; a perda da saúde; a perda de alguma parte do corpo ou função, por acidente ou doença; e, para alguns, a perda de um objeto precioso. O que costuma fazer quando está triste? Abraça a sua tristeza ou atropela-a, ignorando o que sente. Aceitar que fica triste, é

desconfortável, mas irá dissipar-se em breve, e não é a evitar nem a suprimir. É a deixar espaço para sentir e deixar ir. Deixo algumas dicas para escutar a sua tristeza: • Evite o evitamento, quanto mais evita a tristeza mais esta aumenta. A única forma de a diminuir é a enfrentá-la. • Parar para reconhecer o que está a sentir, poderá ser uma excelente maneira de o fazer e pergunte a si: Que sensações físicas a tristeza me traz? O que estou a pensar? Como me estou a sentir? E assim, em tempo real, terá a oportunidade de os legendar. •Procure focar-se no seu campo de ação e de responsabilidade, em detrimento do que não pode controlar, assim os seus níveis de autocontrolo tenderão a aumentar. • É fundamental ativar a sua rede de suporte para que não se sinta sozinho, permitindo aumentar o seu nível de flexibilidade. Com olhar curioso e bondoso, em conjun-

to, vamos etiquetar e legendar esta tristeza de forma mais adaptativa. Atualizando conteúdo, diferenciando o que traz um peso extra e decidindo do que vou abdicar para criar espaço disponível para colocar novas formas de pensar, sentir e agir. Formas mais funcionais e saudáveis. Fique bem pela sua saúde e a de todos os Açorianos. Um conselho da Direção Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses. *Psicóloga Clínica www.carolinaferreira.com


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