Atlântico Expresso Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 2 de Novembro de 2020 - Ano: XXXII - N.º 17879 - Preço: 0,90 Euros - Semanário
Nota de Abertura
Memória e Resistência Eleições, hipóteses, conjecturas e especulações? Tudo caberia aqui, nesta Nota de Abertura. Mas acrescentar o quê, se tanto já foi dito dos mais diversos quadrantes? O engano maior que ouvimos nos momentos pós-eleitorais foi a frase segundo a qual “desengane-se quem pensa que as eleições foram um julgamento do Governo”. Claro que foram, como agora vai começar o julgamento imediato de todas as decisões, seja de quem for, e que se vão reflectir no próximo acto eleitoral, venha ele pelo calendário ou seja ditado pelas circunstâncias que alguns agora possam criar. Mas hoje, dia 2 de Novembro, permitam-nos não falar de política, mas sim de identidade e resistência. A Igreja Católica e, no fundo, toda a comunidade, em vários países, celebra a memória dos seus, consubstanciada no culto dos mortos, associada à glória dos Santos que ontem foi comemorada. Pelos mais diversos motivos, há quem queira reduzir o fenómeno religioso a uma questão meramente pessoal, sem reflexos na sociedade, sob os auspícios de um laicismo – não confundir com laicidade – que pretende destruir e demolir a civilização cristã, em nome de diversos fundamentalismos, de que o islâmico é apenas a ponta do iceberg. Na Catedral de Nice, em França, mais mortes! No Chile, sucedem-se os templos incendiados. Fresco está o atentado em igreja no Texas e tantos outros. Não podemos pensar que tudo isto é longe, porque os reflexos são universais e tudo o que se esperava é que tantos erros e crimes passados, contando os da própria Igreja, servissem de lição. Estes mortos inocentes, vítimas de vinganças sedentas, são os que, neste dia 2 de Novembro devem estar na linha da frente da nossa homenagem, na saudade de quem os chora. Com eles vai morrendo a civilização que conhecemos e vai nascendo o globalismo selvagem que nos devora. Mas neste ano, este dia 2 de Novembro, para milhares e milhares de pessoas é também dia de chorar os mortos desta pandemia, tantos que foram sepultados, ou simplesmente enterrados sem um adeus, sem uma homenagem e sem que as famílias sentissem o consolo de presenças amigas e solidárias. Estes também são os mortos a recordar hoje, ao lado que outros que morreram ingloriamente de outras doenças porque os Serviços de Saúde paralisados, ou os medos instalados, fizeram com que não tivessem o devido acompanhamento. As estatísticas podem falar e valer muito, mas na morte há pessoas e não números. Neste dia 2 de Novembro, embora antecipando para o dia de ontem a sua memória, há um livro aberto em páginas de lições que urge aproveitar e que ali falam no silêncio respeitoso ou na lágrima derramada com saudade. Quantas dores e sacrifícios, quantos entusiasmos e vontade de viver, quanto amor ali se mistura num pedaço de terra sem tempo porque acolhe quem deixou de fazer parte do tempo. Fazer memória do passado é ganhar coragem para olhar o presente, porque o presente é legado que nos compete apenas administrar e que ficará para que outros possam fazer memória vindoura de nós. Do passado nos falam monumentos e tradições, casas e ruas, árvores e pedras, músicas e literatura, trabalhos e empresas. Mas este passado que encontramos em todo o lado tem alma e tem chama que neste dia 2 de Novembro merece ser exaltado. Escrevia Agostinho de Hipona, por volta do ano quatrocentos da nossa era, que “ritos e pompas funerárias mais são consolo para os vivos do que refrigério para os mortos”. Pode a morte ser um grande negócio, mas ninguém vende nem compra a coisa mais sagrada que nestes dias se pode ter: a terna lembrança dos nossos, que não estão ao nosso lado mas que vivem dentro do nosso coração e dão força à nossa vida de cada dia. E a melhor forma de resistência nos dias de hoje é viver e afirmar as tradições que nos marcam e identificam! Santos Narciso
Alga com elevado teor de proteínas e fibras
Consumir ‘erva patinha’ pode reduzir o número de acidentes cardiovasculares
Os investigadores sobre a ‘erva patinha’ Ana Neto, José Baptista e Lisete Paiva págs. 2,3
Psicóloga Clínica Carolina Ferreira
“A deficiência deu-me a oportunidade de construir um kit de resiliência que me desafia constantemente a dar o meu melhor” Sendo cada vez mais conhecida pela relação que estabelece com os outros, Carolina garante que “a construção de uma marca pessoal é um processo extremamente exigente que nos obriga a olhar para dentro para observar a mudança lá fora”. A psicóloga afirma, ainda, que “beneficiar de consultas de psicologia é tão importante como ter seguimento por um médico de família, por um dentista ou qualquer outro profissional de págs. 6 e 7 saúde”, principalmente no momento actual.
Hoje é Dia de Finados
Vítimas açorianas da pandemia vão ser lembradas na Sé de Angra pág. 10
Exposição solidária da Associação Seniores São Miguel pág. 4