Carbono Uomo #23

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CARBONO uomo

NICOLAS PRATTES Encarando novos desafos, o ator abre o coração sobre carreira, amores e o preço da exposição

NANDO REIS Entre memórias e acordes, o cantor refete sobre o tempo e o futuro

RICHARD GERE O galã atemporal fala sobre sucesso, ativismo e revela para Carbono os bastidores de sua trajetória

PESCA Um almanaque sobre o esporte que não para de crescer no País. Com relatos, dicas e histórias de especialistas

RELÓGIOS Fomos para Genebra e desbravamos a nova tendência dos relógios coloridos. Para ousar, sem medo

VEM AÍ Vida of-line, moda esportiva e futuro minimalista. Será que pega?

Timeless Collection: beleza atemporal, presença essencial

A Timeless Collection se afrma como uma das manifestações mais refnadas da elegância no design contemporâneo. Fiel a uma estética que transcende modismos, a linha foi concebida para atravessar gerações, onde a precisão construtiva e a nobreza dos materiais falam mais alto que os excessos. São atributos que refetem, com precisão, o DNA Ornare.

Nos principais showrooms da marca, no Brasil e no exterior, a coleção revela sua força em ambientes cuidadosamente desenhados, onde composições exploram uma paleta sofsticada de acabamentos, proporções bem resolvidas e texturas que convidam ao toque. Em movimento contínuo de expansão internacional, Timeless se adapta com a diferentes contextos culturais e estilos de vida, reafrmando seu caráter universal.

O primeiro projeto residencial a incorporar a coleção foi assinado pelo arquiteto Marcelo Rosset, que soube traduzir a essência da linha em uma suíte integrada. Ao unir dois dormitórios em um único ambiente, o projeto dissolveu limites tradicionais e criou uma espacialidade contínua, onde os closets Timeless, com portas compostas por brises verticais em madeira maciça, assumem papel compositivo na arquitetura, conferindo unidade visual e uma elegância quase silenciosa.

“A solução adotada foi centralizar a cama, com os armários se distribuindo ao redor, quase como uma moldura funcional”, explica Rosset. “A coleção Timeless foi escolhida por sua sobriedade: o acabamento com painéis verticais proporciona um efeito de continuidade visual, em que não se percebe o início ou fm das portas. Isso nos permitiu criar um espaço sofsticado, funcional e visualmente leve.”

O uso de portas ventiladas em madeira maciça, em um tom profundo de marrom, cria um jogo sutil de luz e sombra que adiciona profundidade à ambientação. A solução integra o mobiliário à arquitetura, reforçando o conceito de uma funcionalidade que se revela com delicadeza.

A Timeless Collection é uma plataforma conceitual que se desdobra em diferentes peças, closets, cozinhas, penteadeiras, bares, mesas de trabalho e ilhas unifcadas por uma linguagem visual coesa e atenta ao gesto. Cada peça é concebida com atenção minuciosa aos materiais, proporções e acabamentos, oferecendo vastas possibilidades de personalização em cores exclusivas, couros, tecidos e vidros que se articulam em composições que refetem o estilo de vida de quem as escolhe.

Soluções que atravessam o cotidiano

Timeless Kitchen apresenta uma estética marcada pelas portas ventiladas que alternam cheios e vazios, conferindo dinamismo ao ambiente. Sua tecnologia de fabricação garante durabilidade e desempenho elevados, traduzindo a sofsticação também na funcionalidade cotidiana.

Timeless Beauty transforma o ritual do autocuidado em uma experiência estética. Com detalhes artesanais e revestimentos em couro, a peça é desenhada para acolher, com ergonomia, luz precisa e acabamento primoroso, em um momento que celebra o encontro com seu próprio tempo.

Timeless Bar traduz a elegância da convivência em sua forma mais sublime. Sua estrutura em madeira e divisórias em vidro ou metal permite variações de uso e composição. Seus veios ocultam ou revelam o interior, enquanto a iluminação interna valoriza cada objeto exposto.

Timeless Edge Desk, assinado por Fabio Stal, é um mobiliário de vocação escultural. Com estrutura em aço carbono e tampo em madeira, a escrivaninha equilibra solidez e leveza visual. Suas soluções funcionais, como passagens ocultas para cabos e acessórios modulares, se somam ao desenho preciso, tornando-a uma peça ideal para espaços de trabalho sem renunciar a sua elegância.

Timeless Island é uma vitrine central concebida como peça cenográfca. Estruturada em vidro e madeira, sua iluminação em LED, acionada por sensores, percorre a peça verticalmente, destacando objetos expostos que transformam o mobiliário como item de admiração e de narrativas pessoais.

Design como permanência

Ao propor uma estética que resiste ao tempo, e o valoriza, a Timeless Collection reafrma a convicção de que o design pode transcender sua função e se tornar linguagem. Em vez de seguir os ciclos passageiros das tendências, a coleção propõe uma arquitetura do cotidiano ancorada na permanência, uma ode ao essencial, à beleza da forma contida, da matéria nobre e do tempo bem vivido

Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1101 ornare.com.br

CHEGA AO BRASIL A CUVÉE DE PRESTÍGIO

DOM RUINART 2013

Ruinart, a mais antiga casa de champagne do mundo, lança sua cuvée de prestígio no Brasil, revelando a quintessência do Blanc de Blancs

A Ruinart, Maison de champagne mais antiga do mundo, traz ao Brasil sua cuvée de prestígio Dom Ruinart Blanc de Blancs 2013 – um verdadeiro ícone da vinificação da marca. Elaborado exclusivamente com uvas Chardonnay provenientes de Grands e Premiers Crus da região de Champagne, esse rótulo simboliza a pureza e a sofisticação do estilo Blanc de Blancs, sendo produzido apenas em safras excepcionais. O ano de 2013 foi particularmente desafiador, com clima frio e chuvoso no inverno e na primavera, o que resultou em um florescimento tardio. Ainda assim, o verão proporcionou uma maturação ideal das uvas e a colheita, iniciada em 30 de setembro, garantiu frutos de altíssima qualidade.

Com mais de uma década de envelhecimento nas históricas crayères da Ruinart em Reims, o Dom Ruinart 2013 apresenta tonalidade dourada intensa, com reflexos prateados, revelando aromas frescos de frutas secas, notas tostadas e cítricas de grapefruit, limão-siciliano e bergamota. Na boca, mostra precisão e elegância, com acidez vibrante e final longo, marcado por nuances de pimenta-branca e Sil Timur. Para uma experiência completa, a Maison recomenda servir entre 10°C e 12°C em taças de vinho branco, ressaltando seus aromas e estrutura.

A produção dessa cuvée é marcada por um savoir-faire artesanal raro, com processos manuais como o remuage e o dégorgement, que garantem a limpidez e a integridade do vinho. Cada garrafa é rotulada manualmente e apresentada em um estojo exclusivo, o “étui crayères”, feito com papel reciclável e design que remete às paredes de giz das adegas da Maison — unindo inovação, sustentabilidade e sofisticação.

A chegada do Dom Ruinart 2013 reforça o crescente interesse do público brasileiro por champagnes raros e de prestígio. Segundo Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil, “disponibilizar essa cuvée no mercado nacional é uma conquista que celebra o alto nível da enologia artesanal francesa”. O rótulo já pode ser encontrado nos melhores empórios e lojas especializadas do País.

“Disponibilizar essa cuvée no mercado nacional é uma conquista que celebra o alto nível da enologia artesanal francesa”
Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil

São histórias como a de Ahmed que nos inspiram a seguir, mesmo diante das dificuldades que encontramos em crises humanitárias.

Após ser vítima de uma explosão de bomba no Iêmen, ele recebeu os cuidados de que precisava e recuperou a esperança.

parou para

pensar: quais são os motivos que movem você em direção ao mundo que deseja?

Precisamos do seu apoio para continuar nessa jornada! Acesse msf.org.br e saiba mais.

Entre as gotas

Um dia você acorda – e está vivo.

Vivo!

Escuta a chuva lá fora e sente frio.

Sente tudo.

Mas está triste...

Sente vontade de estar morto.

Outro dia você acorda – e está morto.

Morto!

Não escuta a chuva lá fora nem sente frio.

Não sente mais nada.

E está triste...

Sente vontade de estar vivo.

De estar vivo.

De ser vivo.

De ser ser vivo.

Na mesma casa onde pulsa a tristeza, mora a felicidade.

Elas se revezam nos cômodos do coração.

Mas a tristeza é marcha lenta e pesada.

E a alegria, voo leve e macio.

Que tal se deixar flutuar?

A vida não espera a chuva passar.

É entre as gotas que ela dança.

Primeiras Palavras

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120. VIAGEM Peru

A SEGUIR:

30. CURTAS Dicas quentes Carbono

46. MEU BAIRRO Gui Paganini

50. ENTREVISTA Richard Gere

54. LIVROS Hugo França

58. PERFIL Nicolas Prattes

78. MINDS I Dino Altmann

80. MEU ESTILO I José Ricardo Basiches

82. ENTREVISTA Nando Reis

88. TENDÊNCIA Relógios coloridos

94. ALMANAQUE Pesca esportiva

102. MINDS II Henrique Dantas

104. MEU ESTILO II Alexandre Won

106. MODA ESPORTIVA Streetwear

110. COMPORTAMENTO Vida minimalista

114. MINDS III Lucas Albuquerque

116. FUTURO Novas regras

124. PENSATA Espontaneidade

126. CARBONO ZERO Um panorama sustentável

131. PÁGINAS AMARELAS

Guia de tendências Carbono

Retrato Nicolas Prattes, Pedro Arieta; surfe no Peru, Pedro Corulla; paisagem, Annie Spratt/Unsplash e Patagônia, divulgação

T S O C O S

CURTAS

Pitadas gastronômicas, hotéis mundo afora e o melhor da arte e do design, além de música e motor. Bem-vindo ao universo Carbono

ÍCONES

A Rimowa e a gigante do design Vitra lançam a colaboração RIMOWA Vitra 2025, com dois itens de alumínio em edição limitada: o Aluminium Stool (banquinho com rodinhas, estofado e com compartimentos internos) e a Aluminium Toolbox (releitura da icônica caixa de ferramentas da Vitra, agora de alumínio). A coleção, que une os designs funcional e artesanal das duas marcas, chega em cores e quantidades limitadas. @rimowa | @vitra

OVER THE SEA

O Grupo Okean, fabricante de iates e único licenciado pela italiana Ferretti para produzir barcos da icônica marca fora da Itália, anunciou o lançamento do megaiate de luxo Ferretti 1000. Com 100 pés, trata-se da maior embarcação de fibra fabricada em série no Brasil, no estaleiro do Grupo, em Itajaí, Santa Catarina. Com design assinado por Filippo Salvetti, o modelo combina luxo e inovação, incluindo cinco suítes, amplas áreas de convivência, varanda para o mar e soluções exclusivas, como flybridge com acesso direto à proa. @okeanyachts | @ferrettigroup

CURTAS | Carbono Uomo

DOS PÉS À CABEÇA

Com uma estratégia muito bem-sucedida em solo brasileiro, Alvaro Gutierrez, country manager do Grupo Oniverse, fala sobre os planos de expansão, os diferenciais das marcas para o nosso público e outras particularidades que fortalecem cada vez mais a presença do conglomerado por aqui

“O Brasil conta com uma grande diversidade de biotipos. E por isso temos o compromisso de nos adaptarmos a essa demanda, oferecendo mais opções de tamanhos para diversos tipos de peças”

Carbono Uomo

Como você avalia o momento atual da marca no Brasil?

Alvaro Gutierrez

Alcançamos a maturidade e uma expansão consolidada. Após um período inicial de investimento e construção de marca, atingimos um patamar de reconhecimento e presença robusta, especialmente com nossas principais bandeiras no País: Calzedonia, Intimissimi e Intimissimi Uomo. Hoje, estamos presentes em pontos estratégicos, como os principais shoppings do Brasil, consolidando nossa imagem como marcas premium. Já somos bem conhecidos pela consumidora brasileira que busca qualidade e design europeu: a Intimissimi se destaca com roupas íntimas, homewear, loungewear e malhas atemporais, que podem ser adaptadas ao look do dia a dia em diversas ocasiões. Já em Intimissimi Uomo, trazemos toda a expertise da Intimissimi para o mercado masculino, com peças que vão desde moda íntima, meias, pijamas, até camisas e calças de diversos tecidos, do estilo clássico ao moderno. E a Calzedonia é reconhecida por seu know-how em meias, meias-calças, calças e moda praia.

Carbono Uomo

Qual o grande diferencial que a marca oferece para o público brasileiro?

Alvaro Gutierrez

A qualidade dos nossos produtos — como a seda da Intimissimi, o cashmere 100% e os fios tecnológicos da Calzedonia — é um diferencial tangível para um público que valoriza durabilidade e caimento. Outro diferencial importante é a nossa especialização: a Calzedonia é a “casa das meias” e a Intimissimi Donna e a Uomo são “especialistas em roupas íntimas”. Essa especialização cria uma percepção de autoridade e confiança, permitindo ao cliente saber que encontrará maior variedade,

melhor tecnologia e qualidade de tecidos dentro de cada segmento.

Carbono Uomo

O mercado brasileiro exige alguma adaptação e tem alguma especificidade interessante que possa ser mencionada?

Alvaro Gutierrez

Cada mercado possui suas particularidades, e o brasileiro exige adaptações importantes. É fundamental que as coleções tenham cortes e modelagens para agradar ao corpo e ao gosto do consumidor local. O País também conta com uma grande diversidade de biotipos. E por isso temos o compromisso de nos adaptarmos a essa demanda, oferecendo mais opções de tamanhos para diversos tipos de peças. Entre nossas recentes campanhas, temos a “T-shirt Week”, na qual trazemos uma variedade de tecidos, e a “boxer para todos”, promovendo a cueca perfeita para cada corpo masculino.

@fasano #fasano www.fasano.com.br

SÃO PAULO
Rua Iguatemi, S/N– Itaim Bibi
Shopping Cidade Jardim – Av. Magalhães de Castro, 12.000 – 3º piso
Catarina Fashion Outlet – Rod. Castello Branco, km 60

TRADIÇÃO E INOVAÇÃO

O universo das bebidas premium está cada vez mais em alta no Brasil. Conversamos com Bruna Soares, brand group manager da Moët Hennessy, para saber detalhes sobre a tendência, assim como os desejos que chegam com a nova geração de consumidores

Carbono Uomo

Como você enxerga o momento atual do mercado de destilados premium no Brasil e no mundo?

Bruna Soares

É um mercado com grande representatividade nos lares e nos momentos de socialização. No Brasil, o setor de vinhos e destilados premium é liderado pela categoria de whiskies – 35% de todo o volume vendido. E cresceu em comparação a 2024, assim como a vodka e o cognac. Nós enxergamos uma oportunidade de fortalecer marcas do portfólio que, apesar de pequenas, demonstram grande potencial e estamos atentos aos novos hábitos de consumo.

Carbono Uomo

Como a Moët Hennessy equilibra tradição e inovação?

Bruna Soares

A Moët Hennessy tem marcas centenárias, como a Hennessy, de 1765. Elas transmitem seu savoir-faire de geração em geração, garantindo o nosso compromisso com a qualidade. Junto a isso, o mercado de vinhos e destilados é muito dinâmico. As novas gerações chegam com necessidades diferentes e é necessário quebrar paradigmas para atendê-las. O setor de luxo é um dos responsáveis por estabelecer tendências, exigindo sempre um olhar atual, orientado ao consumidor. Isso permite que nossas marcas sigam relevantes, inclusive para novos públicos.

Carbono Uomo

O que o consumidor espera das bebidas da LVMH?

Bruna Soares

Mais do que uma bebida de boa qualidade – e nesse quesito temos produtos excepcionais. Ele tem escassez de tempo e atenção seletiva, portanto valoriza vivências que agreguem. Damos muita atenção à curadoria das experiências que oferecemos para proporcionar ocasiões memoráveis, como as recepções nas nossas maisons de Champagne.

Carbono Uomo

Quais as estratégias para se conectar com um público mais jovem?

Bruna Soares

Um exemplo é o movimento adotado pelo Cognac Hennessy, marca reconhecida mundialmente por sua qualidade e sua tradição, mas também por sua versatilidade. Em 2025, pela primeira vez no Brasil, lançamos uma edição limitada de Hennessy V.S em colaboração com a NBA (National Basketball Association), abrindo novos horizontes, com excelente aceitação do público mais jovem – o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de basquete no mundo.

Carbono Uomo

Existem outras campanhas no Brasil que você destacaria como exemplo do posicionamento da LVMH?

Bruna Soares

O lançamento do whisky Glenmorangie Signet. Seu processo de produção, com cevada maltada “chocolate” de alta torra, consolida o País na rota dos apreciadores de destilados premium. Em 2024, também recebemos a Belvedere 10, primeira vodka de luxo do mercado. A novidade ganhou uma festa no Copacabana Palace e seu estoque foi esgotado. Trouxemos uma segunda leva, reafirmando o interesse por produtos dignos de colecionador.

ESTILO MÁXIMO

A Louis Vuitton apresentou sua coleção masculina 2026 de Pharrell Williams, que será lançada em dois capítulos a partir de outubro deste ano. A primeira etapa, inspirada no interior da Inglaterra, mistura o estilo clássico do campo com o dândi urbano. Já a segunda dá destaque ao novo padrão Monogram Surplus, que une camuflagem e tradição em peças, calçados, bolsas e até acessórios, como barracas e cadeiras, refletindo a filosofia global e criativa da linha LVERS. @louisvuitton

MOCHA VIBRANTE

O premiado Glenmorangie Signet, single malt da LVMH, chega ao Brasil pela primeira vez. Criado pelo renomado bioquímico Dr. Bill Lumsden, o whisky é pioneiro no uso da rara cevada maltada “chocolate” e combina notas marcantes de café, chocolate amargo e especiarias. Maturada em barris selecionados e premiada internacionalmente, a edição está à venda por R$ 2.200 no site da marca e nos principais varejos e bares do País. @glenmorangie

VOLUMETRIAS

André Dutra Pereira, criador do estúdio de arquitetura e design Dutra Pêra, tem desenvolvido trabalhos de artes plásticas e surpreendido. Movido pela necessidade de uma expressão mais livre do que a arquitetura lhe permitia, mergulhou nas telas, imprimindo materialidades densas e dinâmicas visuais que exploram cores, emoções e texturas. O resultado é uma obra orgânica, vibrante e volumosa, feita de gestos amplos e camadas táteis que criam uma envolvente experiência sensorial. @andredutrapereira | @dutrapera

CURADORIA DE PONTA

O Grupo Fasano inaugura o novo espaço Selezione Fasano no Shops Jardins, com curadoria de mais de 90 itens. A loja reúne produtos italianos de importação própria e delícias nacionais de pequenos produtores brasileiros. Com atendimento personalizado, cestas presenteáveis e pães frescos da panetteria do Hotel Fasano, o espaço resgata as origens da marca e reforça sua vocação para a excelência gastronômica. @selezionefasano

CURTAS

SANTUÁRIO

O icônico hotel Rosa Alpina, nas Dolomitas italianas, renasce como Aman Rosa Alpina, combinando o legado da família Pizzinini com o luxo e a filosofia de bem-estar da marca Aman. Após uma ampla renovação assinada por Jean-Michel Gathy, o hotel acaba de ser inaugurado com novos quartos, suítes, experiências gastronômicas e um spa completíssimo. Com reservas já abertas, a nova fase da propriedade promete hospitalidade refinada e contato genuíno com a natureza em todas as estações do ano. @aman

PUREZA GELADA

Quem conhece a Marie Marie Bakery sabe que o trabalho das irmãs Maria Daniela e Maria Gabriela Meneghini é impecável na seara da panificação e da confeitaria. Agora, a dupla mergulha no universo dos gelatos e cria a Marie Glace. As fundadoras convidaram o chef espanhol Javier Guillén, ex-El Bulli, para criar alguns sabores. Pense em delícias como: croissant e mexerica com cachaça... tudo sem polióis, conservantes ou estabilizantes artificiais. @_marieglace

DAS MÃOS PARA OS PÉS

A Unfold é uma colaboração entre a marca de moda autoral do multiartista Jay Boggo, a J.BOGGO+, e a manufatura de calçados artesanal Selo, de Sandra Mello. A coleção cápsula inaugural – que propõe o calçado como extensão estética e sensorial do vestir – traz quatro modelos atemporais, de gênero livre, feitos à mão e de couro natural, unindo design com propósito e conforto. A parceria conecta os princípios do acabamento tailor-made à produção artesanal em pequena escala. @jayboggo

ALÉM DO CORTE

A Refine Grooming Concept inaugurou um espaço no Itaim Bibi, em São Paulo, que propõe um conceito de barbearia clássica com foco em autocuidado e convivência masculina. Idealizado por Giulliano Talasqui, barbeiro e visagista, a novidade oferece experiências baseadas no visagismo, indo além do corte e da barba. Os serviços – massagens, tratamentos estéticos e até um bar de coquetelaria – valorizam a identidade do homem moderno. @refine.concept

RECLAMONA

Em nova temporada, o ótimo podcast Paulada , da produtora de TV e cinema Paula Garcia, aborda temas como solidão, positividade tóxica e relacionamentos difíceis. O programa semanal abre espaço para os convidados – como Marina Person e Chico Felitti – reclamarem à vontade das agruras da vida adulta. Tudo de forma leve e bemhumorada. @pauladpgarcia

LUXO NAS ALTURAS

A Delta Air Lines expandiu sua parceria com a Missoni para elevar o nível da experiência na cabine premium Delta One. A novidade inclui um jogo de cama com design exclusivo no característico zigue-zague da marca italiana, kit de amenidades com meia e máscara com acabamento coordenado com o nécessaire e produtos de skincare Grown Alchemist, além de um travesseiro de espuma viscoelástica para voos longos. Os itens refletem a estética da Missoni e foram pensados para oferecer aos passageiros uma excelente experiência de sono a bordo. @delta

O mundo artsy está sempre no nosso radar e entre as descobertas da vez estão as telas e murais de Gui Mancini. O artista, que começou a carreira como designer de joias, utiliza uma combinação de sprays e tintas acrílicas em produções lúdicas e repletas de personalidade. Entre suas inspirações estão o cotidiano urbano – e os personagens que nele habitam – e os biomas brasileiros, em especial a Mata Atlântica. Destaque para o painel Respiro Tropical, criado com exclusividade para uma das mais recentes edições da Casa Cor. @gui_mancini

CURTAS

Chi mangia bene, vive bene

VA BENE, OSTERIA SARDEGNA

A dolce vita da Sardenha é a inspiração do Osteria e Caffè Sardegna, restaurante recém-inaugurado nos Jardins e que já entrou na nossa lista de favoritos

Um pedacinho de um canto especial da Itália no coração dos Jardins. É essa a sensação que temos ao entrar no Osteria e Caffè Sardegna, recém-inaugurada na charmosa Rua Haddock Lobo, mais precisamente em um simpático terraço do Shops Jardins. Pudera: a casa é inspirada no clima deliciosamente despretensioso da Sardenha e o resultado é um lugar para se desfrutar sem pressa, um verdadeiro respiro em pleno burburinho paulistano. Por conta desse mood, bastou pouco mais de um mês para que a casa comandada por Lucas Albuquerque

(Sardegna e Roi Mediterranée), Eduarda e Fabio Dupin (Posì Mozza & Mare, Bar Magnólia, Spicy Fish, Roi Mediterranée) se tornasse disputada. Apaixonado por uma Sardenha que vai muito além dos clichês há longa data, Lucas explica como transformou suas memórias afetivas em um dos endereços mais agradáveis de São Paulo: “Meu contato com a região se deu pela simplicidade, pelo silêncio, por aquilo que a Sardenha tem de mais profundo”. Outro ponto alto é o chef executivo no comando: Simone Manfrin, italiano de Badia Polesine, que há mais

Fotos
Gabriel Carvalho
Os sócios Fabio e Lucas Albuquerque ladeiam o chef Simone Manfrin
CURTAS | Carbono Uomo

de três décadas se dedica à culinária de seu país – entre seus feitos, vale destacar a experiência de cozinhar, pessoalmente, para o Papa João Paulo II no Vaticano.

Na Osteria e Caffè Sardegna, suas criações são baseadas em três pilares: culinária sarda, que evoca a ligação da ilha com peixes e frutos do mar; a cozinha criativa e sua valorização dos ingredientes frescos e artesanais; e os clássicos que tanto caem bem quando pensamos na culinária italiana. Espere, portanto, por receitas que vão desde o amatriciana di mare, carro-chefe feito com tomate San Marzano, pancetta crocante, polvo, camarão, peixe e lula; o zucchine fritte; e a cotoletta alla milanese. Para adoçar, que tal a Seadas, uma sobremesa típica, que leva massa folhada recheada com creme de ricotta e pecorino, e mel de flor de laranjeira? Mais uma vez, o mix diz muito sobre a inspiração

na Sardenha, um dos poucos destinos na lista das blue zones, regiões conhecidas pela alta qualidade e pela expectativa de vida.

Por fim, o décor é cheio de bossa e inclui estampas criadas pelo sócio Lucas Albuquerque, que também é diretor-criativo da marca Sardegna. Seja para ler o jornal enquanto se toma um café, ou almoçar com direito a taça de Chianti e burrata fresca de excelência, a novidade é um convite para desfrutar la dolce vita com sabor e autenticidade.

Rua Haddock Lobo, 1626 - Cerqueira César @sardegnaosteriacaffe

Acima, Fritti della Costa Sarda, Tartar de Atum e Lasagna

“O PROBLEMA REAL É QUE NÃO HÁ LUGAR

PRA NINGUÉM EM LUGAR NENHUM”

FRASE DO LIVRO FLORES PARA ALGERNON , DE DANIEL KEYES

CONTRASTE ATEMPORAL

O diretor criativo Anthony Vaccarello convidou os atores Aaron Taylor-Johnson e Christopher Walken para protagonizar a campanha masculina 2025 da Saint Laurent Sob direção de Glen Luchford, o curta-metragem e as imagens em preto e branco exploram o diálogo entre o fervor impetuoso da juventude e a sabedoria tranquila da experiência. Tudo com a estética cinematográfica e refinada que define o universo da marca. @ysl

DE COR NOVA

A fábrica da BMW em Araquari (SC) celebra a produção de 45 mil unidades do Série 3, símbolo da marca e primeiro modelo montado localmente desde 2014. Para marcar o feito, a BMW lança a recente cor metálica Arctic Race Blue, disponível na linha 2026. Produzido nas versões 320i GP, Sport GP e M Sport, o sedã premium mantém o motor 2.0 TwinPower Turbo de 184 cv e acelera de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos. A planta catarinense, maior da América do Sul voltada a carros premium, também fabrica os modelos X1, X4 e o híbrido plug-in X5. @bmwdobrasil

QG MUSICAL

Nem todo mundo sabe, mas o apreço de Francis Ford Coppola pela arte não fica só no cinema: seu pai era flautista, compositor e autor de trilhas, como a de O Poderoso Chefão. E o cineasta herdou o gosto pela música a ponto de inaugurar um estúdio em seu hotel de Belize, o Turtle Inn. A poucos passos do mar, a novidade, batizada de Placencia Sound Studio, foi pensada para atender músicos que queiram gravar e se reconectar com a prática. Tudo isso com equipamentos de ponta e técnicos gabaritados. @turtleinn

PELAS LENTES DO DESERTO

Que o cenário do Deserto do Atacama é inspirador para qualquer viajante interessado por fotografia você já sabe. Agora imagine desbravá-lo ao lado de Bob Wolfenson. Entre os dias 15 e 20 de novembro, o fotógrafo brasileiro conduzirá uma expedição fotográfica nas paisagens mágicas do destino, com direito a workshops e saídas guiadas em busca de melhores ângulos, luzes e personagens. @auroraeco

AUMENTE O SOM

Os fãs de música têm mais um motivo para se hospedar no Il Sereno, hotel incrível no Lago di Como. O endereço ganhou uma suíte audível. Desenhada por Patricia Urquiola, a novidade tem sistema de áudio analógico de alto nível – caixas Klipsch La Scala, amplificadores McIntosh MC275 e vitrola Thorens. A inspiração? As casas japonesas de jazz-kissa do Japão, bares ou cafés pensados para se apreciar música de qualidade. @ilsereno

PATRONA DAS ARTES

A Bvlgari é a nova patrocinadora da Pinacoteca de São Paulo, apoiando pelos próximos três anos o Centro de Conservação e Restauro e as exposições de 2025. A parceria reforça o compromisso da maison com a preservação do patrimônio artístico brasileiro e inclui ações como workshops com especialistas italianos. Essa é a maior iniciativa cultural da marca no Brasil até hoje, alinhando-se à sua tradição global de apoio às artes e ao mecenato por meio da recém-criada Fondazione Bvlgari. @bvlgari

EDUCAÇÃO SEM FRONTEIRAS

O Institut auf dem Rosenberg, em St. Gallen, foi eleito o melhor internato do mundo pela Premium Switzerland, após análise de mais de 200 instituições. Com 135 anos de história, a escola suíça se destaca por sua educação internacional inovadora, sua excelência acadêmica e sua abordagem holística, preparando alunos de 57 países para os desafios globais por meio do currículo RIC® e de programas de desenvolvimento criativo, empreendedor e humano. @instrosenberg

CONEXÃO, TEMPO E LUGAR

Comemorando 50 anos de carreira, Paulo Jacobsen é referência na criação de residências que dialogam com a paisagem. Ao lado de seu filho, Bernardo Jacobsen, lidera a Jacobsen Arquitetura — um escritório que desenvolve projetos marcados pela leveza estrutural, pelo uso de materiais naturais e pela profunda integração com o entorno. A atuação internacional, que ganhou força nos últimos anos, inclui projetos nos Estados Unidos, nos Emirados Árabes, na Malásia e na Europa, a partir de suas bases no Rio de Janeiro, em São Paulo e Lisboa. Com uma arquitetura que valoriza luz, proporção e sustentabilidade, a Jacobsen mantém sua essência atemporal e segue inovando e expandindo seus horizontes. @jacobsenarquitetura

HERANÇA MARÍTIMA

A Panerai renova sua parceria com a equipe de vela Luna Rossa para a 38ª America’s Cup, que será disputada em 2027, pela primeira vez na Itália, em Nápoles. Em celebração, lança dois modelos Luminor inspirados no espírito náutico e no desempenho técnico da equipe: o Luminor Chrono Flyback Luna Rossa PAM01654, de titânio e edição limitada com cronógrafo flyback, e o Luminor Luna Rossa PAM01653, de aço inoxidável e com movimento manual. @panerai

ELEGÂNCIA AUTOMOTIVA

Para comemorar os 40 anos da Porsche Itália, a marca une forças com a Ferragamo e lança duas edições exclusivas dos modelos 911 Carrera 4 GTS e Taycan 4S. Os carros ganham acabamento especial na cor “Blusogno”, um azul intenso com reflexos violeta, já usado pela Ferragamo em suas coleções. A collab reflete a união entre a engenharia alemã e a elegância italiana, com atenção a todos os detalhes. E, mais do que design, a parceria homenageia o espírito visionário de Salvatore Ferragamo e Ferry Porsche: dois sonhadores que transformaram seus legados em ícones globais. @porsche | @ferragamo

MEU BAIRRO

Gui Paganini, fotógrafo
Retrato
Gui Paganini

Entre idas e vindas, o fotógrafo Gui Paganini sempre frequentou e admirou Higienópolis. Há poucos anos, voltou a fincar os pés no bairro e segue aproveitando o lifestyle que permite uma vida mais gentil em plena São Paulo

Por Gui Paganini, em depoimento a Adriana Nazarian

Minha história com Higienópolis começa ainda na década de 1970, época em que estudei no Rio Branco e já circulava no bairro. Era totalmente diferente, claro, sem shopping, padarias e tantos outros serviços que vemos hoje.

Em 2001, voltei a frequentar a região quando fui morar no edifício Prudência, onde fiquei por três anos. Depois, acabei me mudando para uma casa no bairro Cidade Jardim e, há dois anos, estou novamente em Higienópolis. Tenho dividido meu tempo entre São Paulo e o interior, então voltou a fazer sentido ter um apartamento menor na cidade, e não tive dúvidas na hora de escolher onde viver nessa nova etapa.

Fazia mais de 20 anos que eu não morava nessa região e, apesar das mudanças, pude ver como é uma área que conseguiu se preservar.

Boa parte dos terrenos já foi ocupada, então não há tanto a ser feito. Higienópolis é diferente de bairros como os Jardins, que acabaram muito descaracterizados, por isso gosto tanto daqui.

Admiro muito essa cara residencial, com prédios lindos e antigos, algo que quase não vemos em nenhum outro lugar. Tanto é que escolhi morar no Celina, um prédio bem retrozinho, dos anos 1940.

Adoro estar em um lugar em que consigo resolver tudo a pé, é algo que sempre fiz questão. E, atualmente, com o shopping, isso é ainda mais possível: há teatro, cinema, restaurantes, e até academia eu faço lá. Nessa minha nova “temporada” em Higienópolis, também percebi um crescimento muito grande de endereços gastronômicos mais autorais, como a padaria artesanal Fabrique, que eu adoro.

Também gosto de caminhar sem pressa no bairro com o meu cachorro – há muitos deles por aqui –, passeando na Praça Buenos Aires e adjacências. É uma vizinhança muito agradável de se morar, tanto é que há muitos idosos. Já disse para minha mãe, inclusive, que ela precisa vir morar para esses lados.

higienópolis

02

FABRIQUE

“Um dos grandes sucessos do bairro, a padaria tem diversos pães de fermentação natural deliciosos. Dá vontade de levar todos, mas gosto especialmente do miche, feito com três farinhas: trigo moído na pedra, integral e de centeio.”

@fabriquepaes

01

JARDIM DE NAPOLI

“Desde 1949, essa tradicional cantina italiana é sinônimo de boa gastronomia. O difícil é variar o cardápio: sempre acabo no polpetone, que é delicioso!”

@jardimdenapoli

03

FAAP

“É muito gostoso ter um lugar como a FAAP perto de casa, já que há sempre boas peças de teatro e exposições incríveis.”

@nafaap

sete acertos

KEZ PADARIA

“De origem judaica, essa padaria faz delícias como bagels – são diversas coberturas – e burekas.”

@kezpadaria

LOJA MOD

05 06 07 04 CARLOTA

“Com uma curadoria superbacana de itens para a casa, essa loja na Praça Buenos Aires é ótima.

As opções são diversas e há todo tipo de preço. Vou muito quando preciso comprar um presente.”

@lojamod

“Adoro a comida da chef Carla Pernambuco, com sabores brasileiríssimos e pitadas contemporâneas. O bobó de camarão dela é meu prato favorito.”

@carlapernambucocarlota

PRAÇA BUENOS AIRES

“Um respiro na cidade e um lugar que faz parte do meu dia a dia e de todos que moram no bairro. Gosto de levar meu cachorro lá e observar os locais usando a praça.”

Um homem eterno

Richard Gere, ator

Carismático e atento às causas sociais, Richard Gere voltou aos cinemas vivendo um paciente terminal em Oh, Canada , mais um filme marcante em sua carreira repleta de sucessos

O tempo passa e Richard Gere continua esbanjando carisma dentro e fora das telas. Os tais cabelos brancos, sua marca registrada há várias décadas, continuam atraindo um público cativo. Desde os anos 1980, quando brilhava em filmes como Gigolô Americano (1980) e A Força do Destino (1982), Gere manteve seu status de galã intacto. Mas foi como o milionário Edward Lewis de Uma Linda Mulher (1990), ao lado de Julia Roberts, que o ator se tornou um ícone do cinema romântico. Mesmo com o sucesso nos chamados “filmes água com açúcar”, Richard Gere nunca se acomodou. Trabalhou com grandes nomes da sétima arte, como o cineasta japonês Akira Kurosawa (Rapsódia em Agosto, de 1991) e o diretor americano Todd Haynes (Não Estou Lá, de 2006), além de ser um dos destaques do musical Chicago, de Rob Marshall, vencedor do Oscar de melhor filme em 2003, e que rendeu a ele o Globo de Ouro de melhor ator de comédia/musical.

Em seu filme mais recente – Oh, Canada, que estreou em

junho no Brasil –, ele interpreta Leonard Fife, famoso documentarista que descobre um câncer terminal. Quando concorda em dar uma última entrevista, ele embarca em uma jornada sobre seu passado, revelando falhas pessoais e conflitos morais. O longa, que tem ainda Uma Thurman e Jacob Elordi no elenco, marca o reencontro com o cineasta Paul Schrader, que o dirigiu em Gigolô Americano Na vida pessoal, Richard Gere namorou a artista plástica brasileira Sylvia Martins, com quem viveu no início dos anos 1980. Nesta época ele teria vindo ao Brasil, mas precisamente a Porto Alegre e Bagé – cidade natal de Sylvia. Também foi casado com a modelo Cindy Crawford nos anos 1990 e, atualmente, vive em Madri com a publicitária espanhola Alejandra Silva. Aos 75 anos, além de ser um dos artistas mais populares do cinema, é uma das estrelas de Hollywood mais comprometidas com temas como os direitos humanos e dos animais. Nesta entrevista à Carbono Uomo, o ator fala de sua carreira, relembra atuações marcantes e comenta sua dedicação às causas sociais.

Carbono Uomo

Cinzas do Paraíso ( Days of Heaven ), de Terrence Malick, foi o primeiro filme em que você foi protagonista, em 1978. O que pode dizer dessa época em que começava no cinema?

Richard Gere

Eu não vejo Days of Heaven há 34 anos. Eu tinha 26 anos, era um pouco mais velho que meu filho Homer, que acabou de começar sua carreira de ator. Malick queria usar principalmente luz natural, era muito expressionista, e Néstor Almendros, o diretor de fotografia, era um gênio.

Carbono Uomo

Você acreditava naquele momento que teria uma carreira promissora como ator?

Richard Gere

Vim do teatro e tinha muito orgulho de trabalhar nessa área. Eu esnobava as pessoas ricas que fazem filmes, então me tornei uma delas [risos].

Carbono Uomo

E como ficou o teatro na sua vida desde então?

Richard Gere

Adoro o teatro, estar com outras pessoas e trabalhar em um projeto. É incrível como nossas mentes criam histórias nas quais acreditamos cegamente. Essa capacidade de criar universos me fascina muito. Sempre tentei colaborar com os outros, ciente do fato de que são necessárias muitas pessoas para criar algo bonito, no teatro ou no cinema.

Carbono Uomo

Você já era um ator de sucesso quando fez Uma Linda Mulher . Como o filme mudou sua carreira?

Richard Gere

Começou como um filme muito pequeno. Não acreditávamos que alguém prestaria atenção. As filmagens foram divertidas, a equipe se relacionava muito bem.

“Os artistas são as pessoas em quem a população pode confiar, não os políticos”

Carbono Uomo

E até hoje é “o filme favorito” da vida de muitas pessoas.

Richard Gere

É verdade. E eu estava interpretando um personagem que não estava muito bem delineado. Era apenas um belo terno e um belo corte de cabelo. Um dia, o Garry Marshall [diretor] me perguntou o que eu fazia no hotel tarde da noite. Respondi que sofro de jet lag e fico acordado a madrugada toda, então costumo ir ao bar do hotel procurar um piano para tocar. Foi dessa conversa que surgiu a cena que ficou famosa, é um take improvisado: o Garry me pediu para interpretar algo melancólico que mostrasse o interior do meu personagem para que a personagem da Julia pudesse vê-lo com olhos completamente diferentes.

Carbono Uomo

Há muitas especulações de uma continuação do filme.

Richard Gere

Sou muito orgulhoso do longa e do processo que fizemos para criá-lo. E não apenas orgulhoso. Sou grato, porque ele me permitiu fazer muitas outras coisas também. Mas, para uma continuação, precisamos de um roteiro sólido. Só assim toparia retornar.

Carbono Uomo

Você fez Gigolô Americano , dirigido pelo Paul Schrader, em 1980. E filmou novamente com ele seu mais recente longa, Oh, Canadá . Como foi esse reencontro?

Richard Gere

Muitos anos transcorreram e não tenho muitas lembranças dessa experiência, exceto pelo espírito de equipe. Éramos todos muito jovens: Paul Schrader, Nando Scarfiotti, eu e, claro, Lauren

Hutton. Lembro-me da felicidade de embarcar nessa aventura, de fazer um filme muito diferente daqueles que estavam em voga na época em Los Angeles, mesmo que ainda seja uma trama de gênero, um “mistério de assassinato”. Eu tinha muita experiência teatral e me senti confortável. Paul havia escrito o roteiro de Taxi Driver e de Touro Indomável e dirigido alguns títulos. Lembro-me daquele entusiasmo juvenil muito positivo.

Carbono Uomo

E como foi interpretar um personagem à beira da morte em Oh, Canadá ?

Richard Gere

O personagem foi muito bem escrito e conversei com Paul Schrader por um longo tempo antes de começarmos a filmar. Eu havia perdido meu pai recentemente e, de alguma forma, isso alimentou minha interpretação.

Carbono Uomo

O filme aborda várias fases da vida mental do seu personagem. O quanto isso exigiu mental e fisicamente de você?

Richard Gere

Tenho 75 anos e estou com boa saúde. Levei alguns meses para me colocar no lugar de um paciente terminal de 85 anos, para entender como fazer o truque, por exemplo, tornando-me praticamente careca. Ao mesmo tempo, no filme, também tenho que rejuvenescer, voltar aos meus 40 anos. São diferentes estados mentais que pertencem à vida. Foi uma ótima experiência. É o meu trabalho como ator, eu treinei para interpretar papéis diferentes e venho fazendo isso há muito tempo. Mas, confesso, foi assustador me ver mais velho! [risos]

Carbono Uomo

Você é um dos artistas mais ativos quando se trata de assuntos que envolvam política, guerras, direitos humanos. Como é o ativismo no seu dia a dia?

Richard Gere

Acredito que em todo o mundo os artistas ainda estão muito comprometidos com a linha de frente da reflexão sobre a realidade. Faz parte da nossa responsabilidade, ainda mais se forem artistas bem conhecidos. Precisamos estar preparados sobre as causas que queremos defender e encontrar coragem para falar. Se considerarmos todas as mudanças no mundo, desde o colapso da União Soviética até as revoluções que ocorreram nos países asiáticos, o conselho que eu daria às pessoas é: ouçam poetas, escritores, músicos, mas também diretores

e atores. São eles que se preocupam com a cultura de um povo. Os artistas são as pessoas em quem a população pode confiar, não os políticos.

Carbono Uomo

E em suas lutas por tantas causas, o que poderia deixar de mensagem para os seus fãs?

Richard Gere

O mundo enlouqueceu, é uma crise da alma. E o autoritarismo não é exclusivo dos Estados Unidos, está presente em todos os lugares. Temos que estar vigilantes e alertas, precisamos ser enérgicos e corajosos! E um pouco de bondade para com o outro seria suficiente, o que inclui também bondade com os animais.

4. Em Oh, Canada, o ator atua com Uma Thurman, novamente dirigido por Paul Schrader
1. Gigolô Americano (1980), o primeiro filme do ator com o diretor Paul Schrader
2. Days of Heaven (1978) marca o primeiro protagonista de Richard
3. Com Julia Roberts em Uma Linda Mulher (1990), um clássico em sua carreira

A VIDA É UMA ARTE

O gosto pela leitura, que começou ainda na adolescência, desempenhou diferentes papéis na vida de Hugo França. Acima de tudo, despertou sua paixão pela arte como um todo

Minha relação maior com os livros começou no início da adolescência, por volta dos 13 anos, sob influência de um professor e também de um amigo. Mais tarde, no início dos anos 1970, um período muito importante da minha formação, o interesse pelo assunto acabou despertando também o meu entusiasmo pelo cinema. Foram anos difíceis em função da ditadura, que dificultava o nosso acesso tanto às obras literárias quanto aos filmes. Mas, por outro lado, esse momento de grande repressão cultural nos estimulava a buscar alternativas ao que era censurado, aguçando nossa curiosidade em torno desses títulos proibidos. Um exemplo bem interessante disso foi O Último Tango em Paris. Apesar de censurado, era possível conseguir o livro escrito por Robert Alley por meio de um mercado paralelo, que driblava as proibições. Já para assistir ao filme dirigido por Bernardo Bertolucci, nós viajávamos para Buenos Aires, o que era muito divertido.

Nasci em Porto Alegre e sempre tive um interesse maior por escritores brasileiros, em especial gaúchos, pois no Rio Grande do Sul temos uma educação muito voltada para a cultura local. Ler Érico Veríssimo era praticamente uma regra e ele acabou sendo fundamental para a minha formação como leitor. Outro autor que me marcou muito foi o Moacyr Scliar. E, como clássico brasileiro, acho Machado de Assis

genial, responsável por me dar os fundamentos mais importantes da literatura brasileira.

No final dos anos 1970, quando estava na faculdade de Engenharia, comecei a ler a obra de Fernando Pessoa: me emocionei e me tornei um grande fã desse poeta maior da língua portuguesa. Apesar de ter me formado engenheiro, abandonei a carreira pois achava que a profissão atrapalhava minhas pretensões culturais e intelectuais. Foi nesse momento, no início da década de 1980, que fui morar em Trancoso, numa espécie de autoexílio: o Brasil continuava vivendo uma fase muito ruim e eu buscava um lugar tranquilo junto à natureza. O acesso aos meios de comunicação era bastante restrito, então o destino baiano nos fazia viver isolados do que acontecia no mundo. Isso me levou a ler bastante. Li de tudo, desde revista em quadrinhos – adorava Asterix e As Aventuras de Tintim –, até Aldous Huxley, Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Eduardo Galeano, Charles Bukowski, apenas para citar alguns.

Hoje, gosto de ler sobre arte moderna e contemporânea. Tenho uma grande biblioteca sobre arte, fotografia, escultura e design. Adoro textos escritos por curadores de arte. E agora vivo uma expectativa muito grande em torno do livro que a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro está terminando sobre o meu trabalho.

Retrato Tomas Vianna
Hugo França, artista, escultor e designer

CEM ANOS DE SOLIDÃO

Gabriel García Márquez | Editora Record

Uma história que me marcou muito pela semelhança da cidade fictícia de Macondo, cenário da trama, com a Trancoso dos anos 1980.

1984

George Orwell | Companhia das Letras

Sempre penso sobre como a similaridade desse clássico com os tempos atuais é algo impressionante.

O JOGO DA AMARELINHA A VIDA SECRETA DAS PLANTAS

Peter Tompkins e Christopher Bird Editora Expressão e Cultura

A estratégia de sobrevivência das plantas, a inteligência de cada espécie e a comunicação entre elas são pontos surpreendentes e inimagináveis tratados no livro.

TENDA DOS MILAGRES

Jorge Amado | Companhia das Letras

A história do escritor fictício

Pedro Archanjo é marcante e levanta uma importante reflexão sobre o racismo no Brasil.

Julio Cortázar | Companhia das Letras

Com certeza um dos livros mais incríveis que já li. A atmosfera em que o autor envolve a cidade de Paris nessa história sobre o romance entre um intelectual argentino no exílio e uma uruguaia é comovente.

PEQUENA COREOGRAFIA DO ADEUS

Aline Bei | Companhia das Letras

Com uma habilidade narrativa incrível, a autora provoca uma reflexão sobre como a experiência entre pais e filhos molda a identidade de cada um. É uma obra tocante e profundamente emocional.

A GUERRA NO BOM FIM

Moacyr Scliar | L&PM

A obra trata da Revolução Farroupilha de uma maneira peculiar, também mergulhando nas nuances da vida cotidiana durante esse período tumultuado. O autor usa o humor e a ironia, marcas de seu estilo.

FELIZ ANO NOVO

Rubem Fonseca | Nova Fronteira

Extremamente provocativa, essa coletânea de contos aborda a violência, a solidão e a complexidade das relações humanas no espectro urbano. Fonseca é um mestre contando histórias.

A METAMORFOSE

Franz Kafka | Companhia das Letras

Uma obra impactante, que me levou a pensar muito sobre a desumanidade na sociedade moderna. Kafka é simplesmente genial!

DOM CASMURRO

Considero a escrita de Machado de Assis extremamente rica e atenta aos detalhes. A narrativa acontece como se ele estivesse pintando um quadro. Uma das principais obras da literatura brasileira.

LEITE DERRAMADO

Chico Buarque | Companhia das Letras

Desafia o leitor a refletir sobre suas próprias memórias e sobre a complexidade das relações humanas, além de oferecer uma crítica sutil à sociedade e à história do Brasil.

CARTERO

Charles Bukowski | Anagrama

Houve um momento na minha vida, nos anos 1970, que descobri Bukowski e li quase tudo dele. A experiência de vida e o estilo cru que o autor coloca em seus textos me impressionam.

Machado de Assis | Livraria Garnier

COM FRESCOR

Cores clássicas, shapes contemporâneos e pitadas de ousadia marcam este ensaio de inverno com Nicolas Prattes, que é elegância pura

Fotos Pedro Arieta

Edição de moda Cuca Elias

Grooming Robert Estevão Agradecimento Restaurante Seen | Hotel Tivoli

BLAZER E CALÇA ORIBA • CAMISETA INTIMISSIMI UOMO RELÓGIO MONTBLANC • BOLSA RIMOWA

Moda | NICOLAS PRATTES
BLAZER E CALÇA ORIBA • CAMISETA INTIMISSIMI UOMO • RELÓGIO MONTBLANC
BOLSA RIMOWA • SAPATOS ZEGNA
POLO E CALÇA À LA GARÇONNE
POLO E CALÇA À LA GARÇONNE • ANÉIS GUERREIRO
BLAZER, TRICOT
CAMISA E CALÇA LOUIS VUITTON • RELÓGIO OMEGA • ANÉIS GUERREIRO • SAPATOS CNS
TRICOT E CALÇA EMPORIO ARMANI
JAQUETA E CALÇA
GARÇONNE
BLAZER E CALÇA ZEGNA • BLUSA INTIMISSIMI UOMO • RELÓGIO MONTBLANC
ANÉIS GUERREIRO • BOLSA RIMOWA
Produção executiva Bianca Nunes; assistente de fotografia Marina Toledo; assistente de moda
Bia de Mello e camareira
Toty
TRICOT E CALÇA EMPORIO ARMANI • RELÓGIO OMEGA

UM HOMEM ATENTO

Em tempos em que muitos buscam a sua voz, Nicolas Prattes já sabe o que quer dizer – e com a clareza de quem parece ter vivido mais anos do que carrega. Nesta entrevista, ele traz sua visão sobre temas como carreira, família, casamento, futuro e construção da masculinidade

Estamos em um papo informal sobre idade nos bastidores deste ensaio fotográfico. E é por aí que começa a conversa com Nicolas Prattes. Brincamos que é difícil acreditar que alguém com 28 anos como ele, se fizesse a conta à risca, já poderia cumprir o sonho de vida do trabalhador em apenas dez anos. Pois é o caso de Nicolas, que estreou na TV quando tinha apenas dois, na novela Terra Nostra, interpretando o personagem Francesquinho, filho perdido dos protagonistas Juliana (Ana Paula Arósio) e Matteo (Thiago Lacerda). O ator ri: “Imagina só me aposentar com 38 anos?!” E lembra que, depois dessa primeira experiência no set, teve um “gap de carreira”, pois decidiu que queria ser uma “criança normal”. “Eu não estava mais a fim de tirar fotos com ninguém. Então resolvi ser jogador de futebol”, diz, arrancando gargalhadas de todos à volta.

A verdade é que o fruto não cai longe do pé, como ele mesmo lembra. Nicolas nasceu quando a mãe, Giselle Prattes, tinha 18 anos e se descobria na carreira de atriz. “Eu devia ter menos de um ano de idade e já frequentava a coxia do teatro. Lembro-me de ver a minha mãe no camarim, ensaiando… Esse ambiente fez parte de quem eu sou desde que vim parar nesse mundo”, conta ele. Recorda-se de quando Giselle interpretou a personagem infantil Cinderela no teatro e que ele ficava incomodado com o fato de as crianças quererem tirar foto com ela. “Como assim, a mãe era minha, né? Eu ficava grudado nela, saía nas fotos junto e com a cara fechada. E ainda fazia questão de contar pra todo mundo que ela não era a Cinderela de verdade”, diverte-se. Mesmo tendo motivos para desviar do caminho, incluindo uma quase carreira no futebol profissional, não

teve jeito: com 13 anos, ele resolveu seguir os passos da mãe, que, depois de ter dado uma pausa para estudar Psicologia, também retomava à carreira de atriz. “Eu a observava e falava: acho que eu vou me interessar por isso aí, hein?”, conta. Começou, então, a fazer cursos e foi pegando gosto. Entrou no Tablado, foi estudar na New York Film Academy, participou de musicais e se jogou nas baterias de testes para novelas. Em 2015, no dia de seu aniversário de 18 anos, recebeu o sim para o primeiro protagonista: Rodrigo, de Malhação. Desde então, Nicolas foi emendando um trabalho no outro, principalmente entre TV e cinema, em um ritmo que só mesmo fôlego de atleta para dar conta – e ele tem, corredor e maratonista que é. Só de 2023 a 2025, foram três produções para streaming e TV em sequência, Todas as Flores, Fuzuê e Mania de Você

“Temos uma parceria de admiração mútua. A Sabrina me dá uma força que eu nunca senti na vida, de alguém que acredita nos meus sonhos tanto quanto eu”

Por seu trabalho já recebeu mais de 20 indicações, incluindo prêmios nacionais e internacionais – entre os quais, venceu na categoria Melhor Ator no Montreal Independent Film Festival, e no Roma Short Film Festival pelo curta-metragem Flush, que ele mesmo produziu. “Eu gosto desse movimento de você fazer e não só esperar. O Fagundes [Antônio Fagundes, ator] é assim. Está na novela, mas faz a peça dele ao mesmo tempo. O Denzel Washington, então, nem se fala, né?”, diz.

Os dois atores, por sinal, ao lado de nomes como José Wilker, Tony Ramos e Tarcísio Meira, são algumas das referências de Nicolas. Com Tarcísio ele conta que aprendeu a não dar tanta importância para o rótulo de galã. Seria difícil que escapasse do clichê, com sua beleza apolínea de 1,82 m, seus olhos verdes e seu jeitão de bom moço. “Desde que o mundo é mundo isso existe e as pessoas sempre vão achar alguma coisa. Hoje eu entendo que não é um rótulo que vai te diminuir. E devo esse entendimento ao Tarcisão, porque ele dizia que, apesar de ter ouvido essa história de galã a vida toda, nunca precisou acreditar no rótulo. Passei a adotar essa filosofia.”

Dos sonhos profissionais, um que está prestes a se concretizar é uma cinebiografia. Ele será o protagonista da história inspirada nas aventuras reais de Jesse Koz, um influenciador que rodou as Américas em um Fusca na companhia de seu cachorro, Shurastey (nome inspirado na música Should I Stay or Should I Go, da banda britânica The Clash). A dupla seguiu um roteiro de viagem saindo de Ushuaia, no extremo Sul da Argentina, até o estado do Alasca, nos Estados Unidos,

em um projeto chamado Shurastey or Shuraigow?. Depois de passarem por 17 países e conquistarem mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, o brasileiro e seu cachorro morreram em um trágico acidente de trânsito, em maio de 2022. O longa é dirigido por Afonso Poyart e produzido pela Paris Filmes. “Eu já era seguidor do Koz e sempre fui apaixonado por cachorro. Fiquei muito triste quando soube da morte deles. Um dia acordei e falei: ‘será que ninguém vai fazer esse filme? Não é possível, é muita história para contar”, diz. Seis meses depois, em uma quase profecia, o ator soube que o longa seria produzido. E conta que ficou pensando: “tomara que me chamem, tomara que me chamem”. “Não mandei mensagem, nem falei com ninguém, mas coloquei tanta intenção naquilo que um dia meu telefone tocou”, diz.

Atualmente em fase de preparação, Minha Vida com Shurastey deve ser rodado até o fim do ano nos mesmos lugares pelos quais a dupla passou. E, detalhe: o próprio Golden Retriever de Nicolas, um de seus cinco cachorros, fará uma participação como um dos cães que interpretam Shurastey. Vida e arte se misturando no caminho do ator, mais uma vez.

QUEM CASA, QUER CASA

Estamos no último andar do hotel Tivoli, no bairro Jardins, em um dos dias mais gelados do inverno em São Paulo, que se tornou a morada de Nicolas depois de seu casamento com a apresentadora Sabrina Sato, em janeiro deste ano. Carioca da gema, ele conta que, apesar de estar sempre na ponte aérea, se adaptou bem à cidade

e à nova vida, em um ritmo muito natural. Já tem até aqueles “5 minutos” de querer voltar para casa quando está em um trabalho fora. “Fico daquele jeito: que horas eu volto? Quero minha casa, quero estar com elas [a mulher e a enteada, Zoe]!”, conta.

Os olhos expressivos de Nicolas ficam marejados ao falar da parceira. Conta que conheceu Zoe 16 horas depois de conhecer Sabrina. E logo em seguida já estava tomando café da manhã com a sogra, Dona Kika, e a cunhada, Karina. “Sabe uma relação em que você não faz esforço? Não dá pra colocar muito em palavras, só realmente experienciando. Temos uma parceria de admiração mútua. Às vezes eu fico olhando para a Sá e pensando: ‘cara, ela realmente tem uma coisa que é só dela’. A Sabrina me dá uma força que eu nunca senti na vida, de alguém que acredita nos meus sonhos tanto quanto eu”, revela.

Uma paixão arrebatadora que também já passou suas provações, como uma perda gestacional recente, meses antes do casamento (no início do namoro, a apresentadora já havia sofrido um aborto espontâneo). Nicolas conta que eles resolveram encarar a situação e que essa escolha só os fortaleceu. “Vivemos da nossa forma, do jeito que a gente achava mais digno e honrando os nossos sentimentos. Além de nos fortalecer como seres humanos, crescemos como casal. Só nós dois vivemos isso. Então, eu acho que o caminho é se ouvir, falar, entender o que está acontecendo dentro da gente e não achar que duas semanas depois está tudo bem. A gente fala que nós somos pais. Nós ouvimos um coração, demos nome. Dá para fingir que não?

Não, porque veio. Veio para a gente. Então, dar nome ao que aconteceu ajuda a organizar as emoções. Seguimos elaborando os sentimentos, com planos para o futuro, mas com muita calma”, reflete.

Com maturidade atípica para a idade, Nicolas também fala sobre ter assumido o papel de padrasto. Roteiros da vida que se repetem, da mesma forma que aconteceu com ele. “A Zoe já me abraçou logo de início, e olha que ela não é uma criança que confia em qualquer pessoa. Foi muito espontâneo. Coincidentemente, ela tem a mesma idade que eu tinha quando conheci o meu padrasto [o empresário Edson Bregolato]. E me lembro bem de como falava para ele: ‘Você não vai casar com a minha mãe, não? (risos). Temos uma relação de pai e filho. Então, eu estou vivendo o que um dia já vivi. Às vezes acho que fui preparado para isso”, diz, pensativo.

O pai biológico de Nicolas, o também empresário Felipe Pires, sempre esteve presente na vida do ator. E, cada um a seu modo (pai e padastro) contribuiu na formação de sua personalidade. “Eles são pessoas muito diferentes, mas foram os pais mais amorosos do mundo. Prestavam atenção no que eu tinha para dizer, nas minhas emoções. Eu nunca ouvi um ‘para de chorar’, e sei o quanto isso é raro. Sei o quanto foi estruturante na minha vida. Tudo o que eu sou hoje e represento para a minha família é também o que eu quero representar para a família que estou construindo”, diz ele, que faz questão de ressaltar ainda a influência das mulheres em sua vida – além da mãe, Nicolas tem três irmãs, Giulia Pires, 20 anos, e Nina Pires, 13 anos, por parte de pai, e Maria Fernanda, 17 anos,

do atual casamento da mãe. Olhares gentis que trouxeram um peso importante para seu entendimento sobre a masculinidade. “Acho que não tem mais espaço para o modelo antigo do masculino. Você não vai conseguir mais nada na força. O homem de hoje vem do que a sociedade está querendo para ela: mais conexões reais, mais profundidade… Então, não tem alternativa, a não ser aprender a ser homem de uma forma diferente.”

Profundidade, para ele, é algo que se conquista com autoconhecimento. Acredita que, na prática, isso significa também mostrar-se vulnerável e não reprimir os sentimentos. “Faço terapia há mais de 20 anos. Foi o que me ajudou

a ter mais autoconhecimento e é para esse lugar que eu sempre vou. Acho que muitas vezes o que desestabiliza a gente é o medo. Então, eu me permito ser vulnerável, assumir os meus medos. Quando você passa por esses sentimentos, começa a entendê-los e fica mais com o pé no chão. Minha avó tinha um quadro na porta da casa dela, já todo mofado, que dizia: ‘mantenha a conversa limpa’. De alguma forma, aquilo sempre martelou na minha cabeça. Então, acho que essa consciência de estar tranquilo com quem você é vem um pouco daí. A gente precisa saber quem é, ou pelo menos quem não quer ser, para tomar as decisões certas. Nós somos aquilo que vivemos”, finaliza.

Dino Altmann

Carbono Minds
“Hoje entende-se que existe uma capacidade inata desde a infância, mas precisa ser lapidada. Se não se preparar, só vai andar para trás”

Diretor médico do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, Dino Altmann acompanha, há mais de 20 anos, as mudanças e evoluções nas provas de velocidade mais concorridas do mundo

O brasileiro Dino Altmann é uma das maiores autoridades médicas do automobilismo mundial. Diretor médico do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 há mais de 20 anos, presidente da Comissão Nacional de Medicina da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), membro da Comissão Médica da FIA e do grupo de especialistas da Faculdade de Medicina do Instituto FIA, ajudou a desenvolver evoluções importantes nos protocolos de segurança e salvamento nas categorias mais disputadas da velocidade nas últimas três décadas. Com uma história que se confunde com a própria evolução das corridas – Altmann frequentava desde adolescente o Autódromo de Interlagos junto com um amigo que era filho de Mauro Salles, então presidente da CBA –, o médico viu florescer a Fórmula 1 no Brasil. Já formado, começou a trabalhar na categoria, ao mesmo tempo que passou a atuar na implantação de protocolos em competições nacionais, como Stock Car e Porsche Cup. Na Federação Internacional de Automobilismo, pôde trabalhar ao lado do lendário neurocientista britânico Sid Watkins, que revolucionou o atendimento médico e a segurança no campeonato de velocidade mais querido do mundo a partir das mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger. A seguir, Altmann fala sobre a rotina nos autódromos e o retorno do MotoGP ao Brasil em 2026.

MOTO X CARRO “Fui a Le Mans para assistir à prova do MotoGP e entender melhor seu serviço médico. Trauma é trauma, mas existem particularidades que precisam ser entendidas para se fazer um bom trabalho. Na moto, ao ver a queda, a equipe médica pode predizer as lesões com mais facilidade, pois enxerga indícios do que aconteceu. Nos carros – abertos ou fechados –, só sabemos se o piloto bateu ou não a cabeça. E precisamos de muito mais gente no MotoGP. O sujeito cai, você precisa tirá-lo da pista.”

REFERÊNCIA “Sid Watkins reorganizou os métodos de atendimento médico nas provas, baseado no que era feito em traumas de guerras, com um primeiro serviço no local do acidente – para estabilização do ferido – e depois a transferência de helicóptero para um centro especializado. As pistas ficavam longe da cidade. Ele conseguiu um caminhão-ambulância para as corridas de Fórmula 1, que passou a ir para todos os lugares como um centro médico. Com o tempo, tornou-se obrigatório que cada autódromo tivesse o seu centro médico.”

EVOLUÇÕES “Participei de muitas inovações do automobilismo e entendi que é preciso prevenir lesões porque acidentes são inerentes, mas dependem de três fatores: segurança do automóvel; equipamento; e segurança de pista.”

ESCUDO “O carro é como uma bola de energia. Quanto mais energia se dissipar num acidente, menos chegará ao piloto. Então, a célula de sobrevivência do piloto precisa ser resistente e, ao mesmo tempo, ter acolchoamento para diminuir qualquer força em seu corpo. O halo (estrutura de segurança em forma de arco) foi criado porque melhoramos tanto a segurança dos monopostos que ninguém mais morria em acidentes comuns, apenas por peças soltas, ou outros impactos na cabeça. Para testá-lo, atiramos rodas e outras coisas no halo em velocidades iguais às da Fórmula 1, além de simulações de acidentes ocorridos em anos anteriores, como a mola que atingiu a cabeça do Felipe Massa.”

MINHA NADA MOLE VIDA “Veja o James Hunt, era um playboy! Kimi Räikkönen, bebia demais. Mas grandes modificações vieram com Ayrton Senna, que tinha um preparo físico muito melhor. Depois, Michael Schumacher deu um passo além do condicionamento: ele buscou o espírito de equipe e montou um time para ter a melhor condição.”

NOVA GERAÇÃO “Hoje entende-se que existe um talento e uma capacidade inata desde a infância, mas precisam ser lapidados. Se não se preparar, só vai andar para trás. São necessários preparo físico, alimentação, sono. Saber trabalhar em equipe e ter um coach para orientar na parte psicológica – não é algo que desenvolvemos sozinhos.”

DOIS EM UM ”O autódromo de Goiânia foi concebido para corridas de moto. E o Governo do Estado está fazendo uma reforma monstruosa para adaptá-lo às novas necessidades. Duas grandes federações internacionais estão trabalhando para que uma mesma sede possa receber o automobilismo e o motociclismo.”

RALLY ”É o calcanhar de Aquiles em termos de lesões no automobilismo. Não tem como oferecer condições ideais para um circuito: há árvores, postes, barrancos. Hoje, o maior número de mortes de pilotos acontece nessa categoria.”

Exclusividade

Meu estilo é totalmente autoral. Gosto de criar peças, customizar, pintar, desenhar... Quando não faço eu mesmo, vou atrás de roupas bem específicas – daquelas que você só acha garimpando. Nada de grife, tudo bem alternativo e com personalidade. Gosto do processo de vasculhar até encontrar algo único.

Fez fama

Os moletons pintados são minhas experiências mais recentes em tecido. Sempre fui do lápis, papel e caneta, mas agora estou me aventurando com pincéis e tinta de tecido. O resultado tem me surpreendido e empolgado muito. Já fiz alguns, a galera curte e rola uma curiosidade enorme. Muita gente me procura querendo um.

MEU ESTILO

JOSÉ RICARDO BASICHES

ARQUITETO E ARTISTA 2

Maior expressão

O caderno de esboços é meu grande parceiro. Estou no décimo já. Quando termino um, começo outro. Eles são uma marca muito forte minha – um registro contínuo de minhas invenções, criações e da evolução do meu processo, tanto na arquitetura quanto na arte. Dá para sentir essa evolução ao folhear: o traço vai se soltando, as ideias mudando, tudo ganha forma. São páginas da minha rotina, da minha vida e da minha essência.

Fotos João Bertholini

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Play time

Essa raquete é um dos meus xodós. Jogo muito frescobol na praia, participo de campeonatos e tenho personalizado minhas raquetes. Essa é a que uso nos fins de semana. Tem história, estilo e identidade.

Lá atrás

Esse hipopótamo foi a primeira obra de arte que comprei na vida. Ainda era estudante. Bati o olho e me identifiquei na hora. É uma escultura de acrílico maciço. Na época, juntei um dinheiro para comprar e foi supermarcante. Ele continua comigo até hoje, firme e forte.

A arquitetura do meu apartamento tem um clima de galeria. Sempre quis explorar ao máximo a luz natural, deixar o concreto aparente e transformar o espaço em um cenário artístico. Cada cantinho me inspira, entro e sempre tem algo novo que me provoca ideias, como se o lugar me convidasse a criar.

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Fora do caos

A decoração também é autoral. Curto colecionar objetos, sou bem apegado – acumulador confesso. Não jogo nada fora. Tudo fica por ali, à vista, e quando menos espero, algo me inspira. É uma bagunça organizada, cheia de significado. É onde me encontro e as ideias simplesmente surgem.

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Olhar esteta

Relógios são a minha marca registrada. Mas nada de peças caras ou luxuosas – minha vibe é vintage, colorida, de plástico. Brinco que parecem relógios de criança. Esse aqui, por exemplo, era do meu pai. Guardei por anos. Sempre achei o design incrível, uma peça linda. Mas demorei para conseguir consertar. Até que encontrei uma relojoaria que deu conta. No dia que fui buscá-lo, vi essa pulseira rosa na vitrine e troquei na hora. Virou uma releitura divertida de uma relíquia.

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Cientista maluco

Quase todas as obras que tenho em casa são minhas. O apartamento virou meu laboratório criativo: é onde experimento, onde produzo arte e, pouco a pouco, vou preenchendo os espaços com essas criações.

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Há arte em tudo que eu vejo

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Lifestyle

E tem também o skate, mais um hobby que me acompanha. Durante a semana, costumo andar à noite no Parque Ibirapuera. Ganhei esse modelo old school e customizei com um fundo preto e uma escrita minha, no meu estilo, com os meus traços. Levo minha estética para tudo que toco.

O tênis também virou tela para uma das minhas experiências com canetas permanentes. Customizei o logo da Nike com rosa, uma cor que adoro. Gosto de ter peças únicas, coisas que não encontro em outro lugar. Essa é a minha pegada: rabiscar, desenhar, colorir… E ir construindo uma identidade.

Casa viva

A música como religião

Nando Reis, cantor e compositor
Aos 62 anos, Nando Reis está mais ativo – e sincero – do que nunca. Ciente de suas imperfeições, o cantor e compositor segue usando a música como um lugar de pertencimento e transgressão

Nando Reis descobriu ser míope aos sete anos de idade. Conviveu e sofreu também com um descolamento de retina e, desde então, o seu grau avançou muito. Atingiu a casa dos 17. Mais adiante, durante a caminhada, deu de frente com uma catarata, corrigida por uma cirurgia. Até que fez uso de lente com cristalino e, finalmente, reparou a miopia. “Sem óculos já não tenho mais problema algum”, afirma. Sincero desde sempre, não é um sujeito de traços harmônicos, belo, como ele já disse. Não se destacava nesse lugar. Artisticamente, porém, enxerga a léguas de distância já faz tempo. Prova disso é que, aos 62 anos, o titã de madeixas ruivas está para lá de (cri)ativo.

Na contramão do mercado fonográfico, Nando disponibilizou quatro álbuns de vinil num box especial, em setembro passado. E, na sequência, os lançou de modo separado e, gradualmente, em formato digital. “Neles, sou eu multiplicado por mim, somado a todos que estão ao meu redor.”

Essa foi a estratégia do compositor e cantor paulistano para marcar o seu retorno ao trabalho autoral depois de Jardim Pomar, de 2016, e após encerrar a turnê Titãs Encontro, iniciada em 2023. “Finalmente lancei um projeto robusto com 30 músicas inéditas. Todas as canções foram trazidas para o meu momento atual, não somente em relação à sonoridade, mas também à minha pessoa.”

Carbono Uomo

Quem é você aos 62 anos, Nando?

Nando Reis

O tempo age. Eu tô com 62, mas sempre me cuidei. E agora sou mais rigoroso. Treino, faço pilates, durmo bem, sou uma pessoa disciplinada. Mesmo nos momentos mais extravagantes eu tinha um comprometimento com o trabalho muito sério e com disposição. A minha vitalidade, hoje, é melhor do que aquela que eu desfrutava dez anos atrás. Mudou o parâmetro.

Carbono Uomo

Você tem 40 anos de carreira, está vívido, pulsante, criativo. O Gil está com 83 anos e segue em frente. Como você preserva os neurônios e o corpo?

Nando foi fundamental também – mesmo quando esteve distante do estúdio – no retorno dos Titãs, em 2023, para celebrar os 40 anos de aniversário do grupo paulistano. “Eu fui um dos entusiastas e articuladores da reunião”, afirma. Filho do engenheiro José Carlos e da fonoaudióloga Cecília, o artista estava há 22 anos distante do contrabaixo e superestimou a capacidade de tocá-lo durante a turnê. A constatação o fez voltar a estudar o instrumento e o resultado não poderia ser melhor: “Certamente eu toquei o baixo bem melhor naquela turnê, em comparação a como eu tocava antes”.

Envolto nessa união, Nando não se esqueceu de quem correu ao lado dele na banda e não esteve ali em carne e osso. “Foi com esses sete amigos (Marcelo Fromer presente!) que inventei esse negócio que é o pilar da minha vida”, escreveu Nando em uma publicação feita no seu Instagram sublinhando o amigo e guitarrista de banda que faleceu em 2001. “A prevalência daquilo que é amoroso prevalece sobre questiúnculas.” Formada por amigos de escola, a banda Titãs fez o seu primeiro show há 42 anos no Sesc Pompeia, em São Paulo. E, a partir daquele dia, reforçou Nando, “a minha vida tomou um rumo que, por mais que fosse desejado, eu jamais poderia imaginar o que viria a acontecer.”

Nando Reis

Boa pergunta. Considero o primeiro show dos Titãs o início da minha carreira. Vou fazer 43 anos de profissão, embora eu tenha subido no palco com a minha primeira banda e vencido um festival com uma canção minha, aos 19 anos, em 1979. Ou seja, eu estou lidando com isso há muito, muito, muito tempo! Bom, faz nove anos que parei de beber álcool e usar qualquer tipo de substância. Para me preservar, cuidar das minhas relações, da saúde mental. Eu sou um sujeito intenso. A minha relação com esses dois agentes foi muito nociva. Essa decisão tem a ver com a preservação, a conservação e o restabelecimento de uma vitalidade que estava comprometida.

Carbono Uomo

Os Titãs andam sozinhos?

Nando Reis

“A graça nas pessoas é o mistério que elas despertam. Agrada-me estar à margem do que é senso comum”

Lógico. Tanto que estão vivos, produzindo, fazendo shows, enfrentando as dificuldades, como a doença do Bellotto (câncer de pâncreas). A minha relação com a banda, apesar da minha saída, é de amor. Eu me sinto ainda muito próximo. Nós nos juntamos, em 2023, para uma turnê e foi muito bom em todos os aspectos. Bateu muito forte. Se havia algumas arestas, elas foram desfeitas porque isso é irrelevante em comparação com os vínculos daquilo que criamos e produzimos. Os shows fizeram com que eu me reaproximasse dos meus amigos, do repertório e do contrabaixo. E isso é tudo!

Carbono Uomo

Como surgiu a ideia do álbum quádruplo, Uma , Estrela , Misteriosa e Revelará o Segredo , que você lançou, em setembro do ano passado?

Nando Reis

Finalmente lancei um trabalho com músicas inéditas. É um projeto robusto, com 30 músicas. Eu sou um artista independente, um compositor que se permitiu chegar aqui como artista. É onde consigo organizar o meu pensamento, expressar e realizar. Esses discos têm uma coisa muito interessante, porque as músicas são de diferentes épocas, de 1988 a 2024, mas, ao mesmo tempo, não se trata de uma compilação. Todas as canções foram trazidas para o meu momento atual, não só em relação à sonoridade, mas também à minha pessoa e à minha mente.

Carbono Uomo

Os seus cabelos continuam os mesmos, ruivos.

Nando Reis

Sempre gostei da cor do meu cabelo, faz parte da minha identidade. Ainda que não tenha imediatamente acima de mim nem tios, nem bisavós, nem mesmo bisavôs ruivos. Aí me apeguei ao fato de ser ruivo como uma característica bela. Na escola sempre houve aqueles apelidos, como arroto de Crush, água de salsicha, enfim, um bullyngzinho chato. Agora tenho uma filha que é ruiva. Então, até ela nascer, havia uma escassez de ruivos no meu entorno.

Carbono Uomo

Já ouvi muita gente, mulheres principalmente, dizer que o seu cabelo ruivo e cacheado é um charme só.

Nando Reis

Eu sou músico. A música é uma forma de sedução, né? Trata-se de se organizar ao ponto que você seja uma pessoa interessante e não necessariamente pelo aspecto físico. A graça nas pessoas é justamente o mistério que elas despertam. Não ser um padrão de beleza e não ter um cabelo comum fazem parte do que me torna forte, único. Agrada-me estar à margem do que é senso comum.

Carbono Uomo

Poderia falar um pouco da sua família?

Nando Reis

Sou paulistano. Nasci em 1963. O meu pai era engenheiro. E a minha mãe fez fonoaudiologia pelo fato de o meu irmão Zeco ser deficiente auditivo. Sou cinco anos mais novo do que ele. E a minha irmã Maria Luiza, a Lulu, teve meningite, encefalite e paralisia cerebral. Esse evento marcou a família. Eu tinha três anos na época. Cresci com dois irmãos que eram PcD (pessoa com deficiência), mas eu não compreendia aquilo. Eram características deles. O meu irmão estudou em escola regular. A Lulu fez muita terapia, frequentava escola especializada, mas nunca foi escondida ou excluída. Essa relação me expôs a essa dificuldade, a esse incômodo que a pessoa PcD causa nos indivíduos que não sabem como lidar, muitas vezes, por não terem a familiaridade. É difícil mesmo. Depois que a minha mãe morreu, o meu pai se casou e a Lulu sofreu porque a minha mãe era o pilar. Eu sou o que eu sou por causa do ambiente em que vivi.

Carbono Uomo

O Zeco sempre se virou bem?

Nando Reis

Zeco morava sozinho, trabalhava. Ele sempre foi incrível. A força dele para enfrentar todas essas dificuldades da comunicação. Por outro lado, ele

também tem uma perda auditiva muito grande. É assim: por mais próximos que estejamos, sempre há... Enfim, eu me preocupo com eles. Eu me preocupo com as pessoas que eu amo e torço para que sempre estejam bem.

Carbono Uomo

A música surgiu no meio desse turbilhão?

Nando Reis

Antes. Não sabia o que era um turbilhão. Era um ambiente da casa, uma vida feliz, comum. A gente tinha instrumento em casa, cantava. A música estava presente antes mesmo de eu saber o que ela era. Fazia parte da atmosfera. Passei a ouvir músicas e aprendi a tocar violão aos sete anos. Rapidamente, fiz desse instrumento um companheiro. Fui muito apaixonado, vivia com ele na mão. Embora também gostasse de desenhar e escrever. E ficava muito tempo sozinho em casa. Eu adorava me entreter com esses elementos: tocar, escrever e desenhar.

Carbono Uomo

Quantas vezes você se casou?

Nando Reis

Eu me casei com a Vânia. A minha relação com ela é de um vínculo muito forte. Nós nos conhecemos quando ela tinha 15 anos. Ela é mãe de quatro filhos meus. E uma mulher com quem falo todos

os dias e quem mais me amparou. De fato, ela é o grande amor da minha vida. Vivi crises com ela, todas as experiências. O nome disso é muito mais do que casamento.

Carbono Uomo

É o que?

Nando Reis

Aliança. A minha relação com a Vânia se construiu em todos os momentos e também nas separações. Mas nunca deixei de falar com ela. A compreensão da nossa relação se deu por aquilo que as pessoas creem que seja o fim da relação. Esse pensamento banal de ‘casou, separou, não serve’. Eu vejo padrão por aí. E eu não gosto de padrão. Por isso não gosto dessa porra de ‘família padrão’. Isso tá muito claro nas músicas que fiz. Caretice, “família Doriana” não cabe aqui. Mas respeito todas as outras formas. Já que a minha própria, desde a minha criação, é única. Isso é a base do meu pensamento. E eu sou mais cristão do que muitos católicos, embora eu seja ateu.

Carbono Uomo

Acredita que demorou a emplacar projetos paralelos ao Titãs?

Nando Reis

Os Titãs já eram uma via de oito pistas. Muitos vínculos distintos. E, dentro da minha própria história

com os Titãs, eu fui identificando qual era o meu lugar, buscando o meu campo de expansão. Passei a compor bastante e ali eu não tinha como escoar. Sempre tive curiosidade sobre o processo de criação de outras pessoas. E a agenda do Titãs acabou ficando limitadora. A minha carreira solo deixou de ser um projeto paralelo e se tornou principal.

Carbono Uomo

E como se sentiu?

Nando Reis

Continua sendo uma tarefa árdua. Não existe o momento em que você esteja garantido. Eu trabalho muito, todos os dias, exaustivamente. Mas amo o que faço. E sei que sou um privilegiado. Porque é uma sorte para quem escolhe, gosta de música e consegue se manter, como eu faço com o suor do meu trabalho, criando cinco filhos e sem contar com subsídio.

Carbono Uomo

A saída do Arnaldo Antunes dos Titãs fez vocês também olharem para outras possibilidades?

Nando Reis

A gente percebia que o Arnaldo conseguiu um destaque. Mas isso não me incomodava. Parecia que tudo o que tinha nos Titãs era do Arnaldo. E ele sempre teve participação grande, é verdade. Mas o resultado era coletivo. A saída dele trouxe, de fato, um abalo. Ficou claro de vez que nada é eterno. A gente brincava que quem saísse iria carregar a maldição do ex-Titãs. Eu vivi isso quando saí, dez anos depois. Nesses desligamentos não tem como não acontecer um atrito, porque, de certa forma, a gente está dizendo não. Mas a saída do Arnaldo foi como se o sonho acabasse.

Carbono Uomo

Como é exercer o papel de pai longe dos holofotes?

Nando Reis

A Vânia me conhece antes da minha carreira profissional. Nunca me enxergou como um pop star Os meus filhos nasceram quando eu já era músico. As características da minha profissão deram a eles uma noção peculiar da convivência comigo. Eu ficava fora de casa nos finais de semana, mas os levava para a escola. Eu gosto da vida prosaica. Tenho cada vez mais interesse nesse lugar. Eu sou

conhecido como Nando Reis, subo no palco como uma figura pública. Mas não vou à padaria desfilando como Nando Reis. Eu não reparo se pessoas estão olhando para mim. Não me levo tão a sério nesse sentido, como se eu fosse uma entidade. Eu tenho um trabalho de qualidade e pessoas gostam. Sou exposto até demais. A notoriedade mais atrapalha do que o contrário. Eu sou um trabalhador. Cada um dos meus filhos desenvolveu seus escudos de proteção. Não gostam, acham um saco serem expostos. Os ataques, a inveja, as pessoas que se aproveitam dos meus filhos para chegar a mim. Até mesmo o Sebastião, que é músico, sofre. Os olhares para ele são para o pai dele, o Nando. É um saco! E eu não me acho um bom pai. Amo os meus filhos, mas fiz um monte de bobagem. E eu os admiro. Filho é para a vida toda. É uma delícia, mas também tem a preocupação.

Carbono Uomo

Há alguém para quem você gostaria de compor como fez com a Cássia Eller?

Nando Reis

Curiosa essa pergunta. Claro que há. Eu sou compositor. Compor para outro artista é reconhecimento. Mas, cara, tantas coisas aconteceram na minha vida por uma conjunção de fatores que misturam o inesperado, a busca... Eu prefiro falar da parceria que fiz com o Gil, fiz música para a Gal Costa, acabei de fazer músicas com a Alaíde Costa, com o Erasmo Carlos, gravei um disco de músicas do Roberto (Carlos). Eu olho mais para o que me falta. E, nesse sentido, eu... a Maria Bethânia poderia gravar uma música minha (risos). Enquanto não, sigamos (risos).

Carbono Uomo

A sua parceria com a Cássia Eller é tão marcante e viva ainda que eu gostaria de saber qual lembrança dela pulsa em suas entranhas.

Nando Reis

Eu guardo a gravação do Luau, na Costa do Sauípe. A gente ficou lá dois dias e me lembro que depois da apresentação, sentados de frente para o mar, eu falei: “Nós vamos fazer mais um disco – seria o terceiro. E depois você vai procurar outras pessoas, porque você é muito grande, precisa expandir, fazer coisas enormes, diferentes”. Ela era uma mulher gigante, rica. E aí ela morreu. E depois eu fiz o disco póstumo.

“Com a música consegui me inserir no mundo, ela me salvou. Ouvir música, para mim, é como rezar”

Carbono Uomo

Como seguiu em frente após a morte dela e do músico Marcelo Fromer?

Nando Reis

Não sei. A gente tem de sobreviver, né? Relaciono muito a minha saída dos Titãs a esses dois eventos. O golpe de uma morte tão precoce de alguém com quem estava intimamente ligado, produzindo, foi um alerta de que nada estava garantido. Foi muito difícil gravar um disco sem o Marcelo. Isso me custou muito, eu não quis seguir. E a morte da Cássia jogou uma luz sobre mim de um modo inesperado. Eu comecei a ser visto como aquele que estava junto com a Cássia. De certa maneira, todo luto, toda dor, passa a ser a alegria da memória. Eu olho e penso que vivi com duas pessoas maravilhosas. Conheço o Marcelo desde os 14 anos. A Cássia fez o que era o meu sonho. Desde que entrei nessa profissão, tudo o que eu queria era ser um compositor por trás de uma cantora que cantasse jazz. O acústico foi o ápice daquilo que, para mim, é a realização. Se eu tivesse morrido – e não a Cássia –, eu teria dito que fiz o que mais sonhava.

Carbono Uomo

De certa forma, esse sonho segue, não?

Nando Reis

Sim. Toda vez que eu subo no palco e canto All Star eu a homenageio. Eu disse à Cássia tudo o que eu sentia por ela. E isso está eternizado em uma música. Tenho a consciência tranquila de que a Cássia sabe que eu não deixei de falar nenhuma palavra que precisava dizer a ela.

Carbono Uomo

Você segue alguma religião?

Nando Reis

Eu acredito no milagre da vida. Porque eu estou vivo. E é um milagre eu estar vivo considerando as loucuras que eu fiz. Foi um milagre eu deixar de beber considerando o alto grau de dependência que eu tinha. A vida é um milagre. A minha relação com a vida é de espiritualidade e fé. Eu me considero uma boa pessoa. Se tiver Deus, eu tenho certeza de que vou para o céu (risos). Porque não é possível outra via. Sou um homem honesto. Falho, claro, não sou perfeito. Mas eu cuido do planeta, dos meus, não fiz maldade com ninguém. Tô em paz comigo.

Carbono Uomo

Qual é o poder da música?

Nando Reis

Dispersão dos meus sentimentos. Com a música consegui me inserir no mundo. Ela me salvou. É o meu lugar no mundo, a minha função, profissão. Viver não é sobre viver. É um vício que é cruel. O mundo é tão desigual, injusto, que a maioria tem de sobreviver. A música ajuda a transcender a crueza da realidade. Ouvir música, para mim, é como rezar.

TEMPO DE COR

O vermelho e suas variantes dominam as últimas tendências da relojoaria de luxo. Conferimos a mais recente edição do salão Watches and Wonders e contamos a seguir mais sobre esse e outros caminhos

Ainda que a aceleração do mercado global de moda não tenha impactado o ritmo de produção da relojoaria de luxo, é certo que as manufaturas tentam acompanhar minimamente algumas das tendências das passarelas. A indústria começou a ficar atenta aos códigos da moda e sua célere transformação. Algumas chegaram a lançar mão de pulseiras intercambiáveis, de olho na volatilidade do gosto de sua clientela, em especial os recém-chegados millennials e, agora, as gerações Z e Alfa.

Até três anos atrás, mostradores e biséis verdes e azuis estavam reinando entre as alternativas aos clássicos dials pretos, dourados ou prateados. Nos últimos dois anos, no

entanto, variações sobre o tema vermelho entraram para a costumeiramente conservadora indústria relojoeira high end. Lançamentos recentes da Rolex (vermelho ombré, no Datejust) e da Tudor (burgundy, no Tudor Black Bay 58) mostram a força da cor mais quente desta temporada. Na Montblanc, vale lembrar, ela já havia aparecido no ano passado no modelo Minerva Star Legacy (2024), um item de colecionador.

Este é apenas um dos exemplos que pudemos conferir de perto na mais recente edição do Watches and Wonders, em Genebra, o mais importante salão de relojoaria de luxo e alta relojoaria do planeta. A seguir, mostramos as apostas das marcas que têm mudado o tom das conversas.

Uma homenagem à célebre história da marca na Fórmula 1, o relógio Monaco Split-Seconds Chronograph apresenta uma caixa de cerâmica branca que dispensa o tradicional recipiente interno metálico. Um mostrador vermelho translúcido revela a mecânica abaixo, enquanto os contadores do cronógrafo – com acabamento em textura semelhante ao asfalto, marcações em grade branca e amarela e tipografia oficial da F1 – mostram a famosa frase do comentarista britânico de F1, David Croft: “Luzes apagadas e lá vamos nós”.

Inteiramente bordeaux, na luneta e no mostrador, o modelo Black Bay 58 (foto na página anterior) traz uma nova pulseira de cinco elos com fecho “T-fit” – também disponível nas versões de pulseira de aço inoxidável de três elos com rebites ou de borracha. Ainda na Tudor, encheu os olhos o modelo Black Bay Chrono Flamingo Blue, com um mostrador côncavo de tom turquesa, considerado “primo” de um relógio anterior com dial pink

TAG HEUER
TUDOR

ROLEX

O Land-Dweller era o modelo mais esperado deste ano, mas foram as variações dos Oyster Perpetual que tiraram o sono do público, com mostradores laqueados em tons pastel – batizados como lavender, bege e pistacchio –, e acabamento fosco. Já o Datejust 31 (ao lado) seguiu o clamor das passarelas com um dial red ombré, segundo descrição da marca, uma “transição sutil entre o fogo no centro e uma escuridão profunda na borda – um claro-escuro realçado pelos diamantes brilhantes cravejados na moldura e no mostrador”.

IWC

Na marca suíça, o grande destaque foi uma edição especial do Ingenieur Automático 40 com mostrador verde. Limitado a 1.000 peças, o relógio é inspirado no modelo usado pelo personagem Sonny Hayes (Brad Pitt), de F1® THE MOVIE, filme da Apple recém-lançado. Nele, o veterano piloto de corrida ostenta uma versão personalizada do Ingenieur SL Referência 1832, com mostrador em sua cor verde característica.

A marca celebrou os 20 anos de seu emblemático modelo Big Bang com uma miríade de cores com os relógios Masther of Sapphire. Desde o primeiro Big Bang de safira em 2016, e a primeira caixa de safira colorida, no ano seguinte, a Hublot tem como missão explorar a gema e suas muitas formas potenciais. São cinco exemplares do Big Bang MECA-10, cada um em uma caixa de safira ou SAXEM diferente: transparente, safira azul-água, safira azul-escura, safira roxa e SAXEM amarelo-neon. As cinco peças do conjunto também trazem uma pulseira transparente que combina perfeitamente com a cor da caixa.

Inspirada na action painting, do artista plástico norte-americano Jackson Pollock (1912-1956), famoso por sua pintura por gotejamento, a Chanel criou um item para colecionador nenhum botar defeito. Um não, cinco! A J12 BOX “DRIPPING ART” é uma edição limitada de cinco peças. A fim de reproduzir as gotas de esmalte Grand Feu nos mostradores de cerâmica, foram realizados 100 testes de cor. Como resultado, um processo altamente preciso de aplicação de esmalte em cerâmica, que demandou 200 horas de pesquisa.

HUBLOT
CHANEL

MONTBLANC

Um dos destaques da maison alemã é a edição limitada do 1858 Geosphere 0 Oxygen Chronograph, homenagem ao 80º aniversário do alpinista Reinhold Messner. Como inspiração, as geleiras vermelhas encontradas na Antártica – o mostrador vermelho traz a textura desse gelo glacial com sua rede interligada de cristais congelados há milênios. Vale citar também a linha Iced Sea com uma caixa menor, de 38 mm, e novas cores de mostradores com padrão glacial – inspirados no gelo do Mer de Glace, no maciço Mont-Blanc – e tecnologia Zero Oxigênio. Esta é a primeira vez que um exemplar Montblanc Iced Sea é criado na cor branca pura.

Dentro de sua Collection Privé, a marca francesa trouxe de volta os Tank à Guichets, lançados originalmente em 1928. Os modelos foram considerados os mais inovadores e incomuns já feitos. O estilo era decididamente futurista (pelo menos naquela época) e profundamente enraizado na era art déco. A parte superior revelava as horas por meio de duas pequenas aberturas, uma para as horas, às 12 horas – com mecanismo de hora saltante – e uma arqueada, semicircular, para os minutos, às 6 horas. As versões? Pulseira de couro de jacaré com fivela combinando com o material da caixa, em preto (platina – limitada); bordô (com platina), verde (ouro) ou cinza-escuro (ouro rosa).

Pertencente ao Grupo Swatch, a marca Longines volta ao Brasil após um hiato. E os mostradores coloridos estão entre as apostas que chegam ao País. Eles são a marca registrada da linha Legend Diver, com relógios de mergulho lançados originalmente em 1959. O preferido da Carbono Uomo é a versão singular com mostrador na cor terracota.

LONGINES
CARTIER

Histórias de pescador

Com cada vez mais adeptos no Brasil, a pesca esportiva

nos ensina resiliência e nos coloca no tão escasso e necessário contato com a natureza. Neste almanaque, reunimos curiosidades, histórias e dicas em torno do tema

No livro O Velho e o Mar, o escritor Ernest Hemingway conta sobre Santiago, pescador que parte sozinho para o alto-mar. Depois de 84 dias sem fisgar nenhum peixe, ele finalmente apanha um marlim gigante, com quem luta até conseguir colocá-lo em seu barco. A obra fala sobre solidão, esperança, coragem e perseverança e, embora fictícia, mostra muito dos sentimentos vividos por quem pratica a pesca esportiva, atividade que não para de crescer no Brasil.

Segundo o Ministério do Turismo, estima-se que mais de 6 milhões de pessoas pesquem por esporte no País. Mas o que é a pesca esportiva? É a modalidade em que o pescador solta sua presa. Por aqui, esse público tem à disposição 8.500 quilômetros de litoral e 35

mil quilômetros de vias navegáveis internas.

Um dos apaixonados pela pesca esportiva é o fotógrafo carioca Rodrigo Zorzi, 44 anos (@zorzipesca). Sua primeira lembrança é de quando tinha 12 anos e o vizinho da casa na praia de Itanhaém, em São Paulo, o convidou para pescar. “Gostei tanto que pedi para parar de fazer hipismo porque só queria pescar”, relembra. A paixão – e a insistência com os pais – foi tanta que a família acabou comprando um barco.

Ele até tentou ser dentista, mas, com gosto pela fotografia, acabou sendo chamado para trabalhar em uma revista de pesca, pela qual viajou para lugares como Amazônia, Pantanal, Patagônia e Alasca.

O fotógrafo Rodrigo Zorzi com um salmão pescado no rio Kenai, no Alasca

“Você precisa se concentrar na maré, na temperatura da água, na movimentação dos peixes. É você com você ali”

Christopher Ananiadis, quiropraxista

Christopher Ananiadis em dois momentos de glória: com um giant trevally em Moçambique (ao lado) e com uma caranha fisgada no Panamá

Hoje, ele pesca de uma a duas vezes por mês, e já levou a filha para esse universo. Tenta ensinar para ela algumas lições que aprendeu. Como Santiago de O Velho e o Mar, ele se considera uma pessoa resiliente. “A cada 100 pescarias, você acerta dez. Temos que aprender a lidar com a frustração, o que acaba sendo algo muito positivo”, diz.

CAUSOS E LIÇÕES DAS ÁGUAS

Outra lição que os pescadores aprendem e fazem questão de dividir é a importância da pesca esportiva para o ecossistema. “É muito melhor para um destino ter os peixes para atrair os turistas do que acabar com os animais”, diz Leonardo Azevedo, dono do Araguaia Lodge (@araguaia_lodge), que oferece turismo de pesca no rio Araguaia, no Tocantins, em uma área de transição de três biomas (Pantanal, Cerrado e Amazônia).

Leonardo atende pescadores – e aprendizes da prática – em busca de peixes de diferentes tamanhos,

“A cada 100 pescarias, você acerta dez. Temos que aprender a lidar com a frustração, o que acaba sendo muito positivo”
Rodrigo Zorzi, fotógrafo

entre piranhas, surubins e tucunarés. Trabalhando com turismo desde 2000, ele começou a focar nas experiências de pesca esportiva entre 2020 e 2021. De lá para cá, viu seu negócio se expandir. “Na pesca, se você tratar o cliente bem, ele vai voltar, vai querer pescar com você de novo.”

Para o sul-africano Christopher Ananiadis, quiropraxista (@quirocentersp) que vive no Brasil, pescar é uma forma de se desconectar das preocupações do dia a dia. Ele pratica caça amadora, atividade que se enquadra na pesca amadora – a que mata o peixe (dentro da lei) –, mas, como na esportiva, esquece os problemas quando está no mar. “Você precisa se concentrar na maré, na temperatura da água, na movimentação dos peixes… É você com você ali”, afirma.

Christopher é tão ligado à pesca que foi ela que o trouxe para viver no Brasil. Conheceu pescadores e destinos e acabou se mudando para cá. Por essas e outras, mais do que um hobby, pescar tem se transformado cada vez mais em uma verdadeira filosofia de vida.

Acima, Leonardo Azevedo em algumas pescarias, incluindo a ocasião em que fisgou um tucunaré, no rio Araguaia. Ao lado, Rodrigo Zorzi com um piraíba, no rio Negro – peixe que pode atingir até 200 quilos –, e com um tarpon no rio Sergipe

BEM-VINDO AO CLUBE

Deu vontade de aderir à onda? Ou já é fã do assunto e quer fazer uma imersão? Então fique de olho na Bogo Fishing. Focada em oferecer experiências de pesca esportiva, a empresa foi criada pelo ex-publicitário e empresário Felipe Bogomoltz e por sua mulher, depois que ele decidiu se dedicar à prática que sempre gostou – a primeira vez que saiu em busca de um peixe foi aos três anos, levado pelo avô, no Litoral Norte de São Paulo. Em 2023, Felipe e a parceira fecharam a marca de roupas que tinham e se mudaram para Paraty. “Uma das minhas vontades era levar uma vida em que pudesse pescar mais”, conta. Hoje, quem tiver sorte e técnica pode buscar robalos e peixes-espada nos passeios com Felipe, que também ensina a atividade. @bogo.fishing

“Uma das minhas grandes vontades era levar uma vida em que pudesse pescar mais”

Felipe Bogomoltz – na foto, ele aparece ao lado de sua esposa, Patricia, com robalos-flecha pescados na Flórida

FISGOU!

Parece exagero, mas não é. A pesca esportiva envolve números relevantes

6 MILHÕES

é o número aproximado de praticantes no País, segundo o Ministério do Turismo

R$ 1 BILHÃO

é o valor que o setor movimenta anualmente no Brasil

R$ 200 MILHÕES

é aproximadamente o que o setor faz circular por temporada no Amazonas, segundo a Amazonastur

US$ 24 BILHÕES

é o o valor movimentado nos Estados Unidos

229

torneios de pesca amadora e esportiva foram realizados entre 2023 e 2024 no Brasil

SEM TORMENTA

Um miniglossário da pescaria

DEFESO – Período em que a pesca de determinada espécie é proibida, normalmente durante sua reprodução.

FLY – Pesca com isca artificial que tem como diferencial o arremesso da linha. Dispensa o uso de carretilha e molinete.

JIGG – Anzol de isca artificial com chumbo, cerdas ou penas. Pode ser chamado de boneca ou peninha.

MOLINETE – Equipamento que tem a função de tracionar a linha.

PIRACEMA – Época do ano em que os peixes migram para se reproduzir.

PLUG – Isca com formato copiando peixinhos ou crustáceos.

SPINNER – Isca artificial que, quando jogada na água, gira.

TUDO ZEN

Dicas para uma pescaria tranquila (como todo pescador quer) por quem entende dessas águas

“Você precisa da licença de pescador esportivo, obtida no site gov.br. É bem fácil de conseguir. Basta fazer a inscrição pelo portal e pagar uma taxa anual (R$ 20, na categoria desembarcada, e R$ 60, na embarcada)”

Leonardo Azevedo, do Araguaia Lodge

“A pesca nos ensina a ter resiliência e a saber lidar com a frustração. Algo que levamos para nossa vida fora d’água”

Rodrigo Zorzi, fotógrafo e praticante

“Procure entrar para um grupo de pescaria. Aproximar-se de outros pescadores é importante para aprender, inclusive para participar de atividades de pesca”

“Invista em um bom material. Há carretilhas que não duram três pescarias. Então, é sempre bom comprar produtos de boa qualidade”

Felipe Bogomoltz, da Bogo Fishing

Você sabia que o Brasil é reconhecido entre os pescadores pela grande variedade de tucunarés? São cerca de 15 espécies desse peixe carnívoro, que pode ser encontrado em rios como o Amazonas, o Tocantins, o Araguaia e o Paraná, atraindo milhares de entusiastas do assunto.

PODE OU NÃO PODE?

Algumas regras e proibições impostas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura

• É permitido o transporte de até dez quilos (de peixe) e mais um exemplar na pesca em águas continentais e estuarinas.

• É permitido o transporte de até 15 quilos e mais um exemplar na pesca em águas marinhas.

• Não é permitido o uso de aparelhos de respiração artificial durante a prática da pesca subaquática.

• Não é permitido usar espécies aquáticas de uso ornamental como iscas.

• Não é permitido transportar pescado em condições que dificultem sua inspeção e fiscalização, como na forma de postas.

Outros tipos populares de pesca, além da esportiva

OCEÂNICA

Realizada em alto-mar, com barcos e lanchas com motores potentes. Opção para quem quer fisgar peixes de bico, os peixes-agulha.

NA PRAIA

Quem nunca viu pescadores em pé, na beira do mar, às vezes com água até a barriga, com longas varas? Essa modalidade também é chamada de pesca pé na areia.

SUBMARINA

Conhecida também como pesca subaquática ou caça submarina, é feita em mergulho livre, sem equipamento de respiração. O pescador pode usar arpões ou arbaletes.

FLUVIAL

Prática comum na pesca esportiva, é feita em rios, riachos e lagos. Boa oportunidade para quem está começando, já que pode ser feita por pescadores de todos os níveis.

A pesca é uma arte e, como tal, aparece em filmes, livros e outras obras. A seguir, veja títulos em que a atividade tem lugar de destaque

MAR MORTO | 1936

Neste romance, o escritor

Jorge Amado mergulha no universo dos pescadores baianos ao contar a história de Guma e sua amada, Lívia. O livro mostra a dureza da vida desses profissionais, com naufrágios e mortes presentes.

MEU AMIGO PINGUIM | 2024

Baseado em uma história real ocorrida no Rio de Janeiro, o filme narra a história de um pescador solitário que resgata um pinguim após um derramamento de óleo.

Tem Jean Reno no elenco.

NADA É PARA SEMPRE 1992

Dirigido por Robert Redford e com Brad Pitt no elenco, o filme é baseado em obra autobiográfica de Norman Maclean. Mostra a trajetória de dois irmãos que cresceram pescando em Montana.

O VELHO E O MAR | 1958

Clássico da literatura escrito por Ernest Hemingway e publicado em 1952, o título ganhou versão para o cinema seis anos depois. O pescador Santiago parte para uma jornada em alto-mar, de solidão, confiança e esperança.

JOGANDO A LINHA | 2022

Um fuzileiro naval sofre um grave acidente no Afeganistão e, em estado de choque, volta aos Estados Unidos. Após tratamentos, conhece um veterano do Vietnã que o ensina a lidar com o trauma por meio da pesca.

O PESCADOR | 1925

Uma das mais importantes pintoras brasileiras, Tarsila do Amaral fez o quadro durante sua fase Pau-Brasil, quando usava a técnica do cubismo, que conheceu em Paris. A obra faz parte do acervo do Museu Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia.

BARCOS DE PESCA NA PRAIA NO SAINTESMARIES-DE-LA-MER | 1888

Óleo sobre tela em que Vincent Van Gogh utilizou elementos estilísticos de gravuras japonesas, como os barcos pintados de forma bidimensional e a ausência de sombras.

THE FISHERMAN SONG | 1973

Música da cantora folk Judy Collins, fala de um profissional que “parece contente em viver com o sol e a areia e uma rede cheia de peixes quando a maré mudar”.

Fotos
Austin Neill, Gene Gallin, Irving Marca, Jez Timms, Michael Worden e divulgação

PESQUE E RELAXE

Alguns destinos em que os entusiastas do tema gostam de fisgar seus peixes (ou pelo menos tentar)

Pantanal

Entre as bases para pesca está Corumbá, cidade no Mato Grosso do Sul. Dourado, pintado e curimbatá são alguns dos peixes abundantes por lá. Já no rio Araguaia é possível pescar surubim, pirarara e tucunaré, entre outras espécies.

Patagônia

Seus dois lados — argentino e chileno — são bastante procurados por pescadores. Em seus rios e lagos podem ser encontrados salmões Chinook e trutas.

Barcelos

A cidade amazonense é um dos principais destinos da pesca esportiva. Fica a cerca de uma hora de Manaus e atrai gente do mundo inteiro em busca dos famosos tucunarés.

MUITO ALÉM DO ANZOL

Os endereços favoritos dos pescadores na hora de ir às compras

SUGOI BIG FISH

Produtos nacionais e importados são encontrados nessa loja que nasceu com o nome de Big Fish em 1996. Possui seis endereços em São Paulo e versão on-line

@sugoipescaoficial

SHIMANO

A multinacional japonesa é referência na área da pesca. O site oferece, além de varas, molinetes, ferramentas e peças de vestuário.

@shimanobrasilpesca

MARIPESCA

Fundada nos anos 1970, oferece cerca de 15 mil itens, entre nacionais e importados. O endereço físico, na capital paulista, fica no bairro da Liberdade.

@maripescabrasil

Henrique Dantas

Carbono Minds
“Dá para fazer negócios que melhoram o mundo – e são financeiramente viáveis. E dá para explicar isso aos filhos com orgulho”

Cofundador da Sanctu, startup de impacto, Henrique Dantas quer transformar a Amazônia – com floresta e dignidade para todos

O cofundador e COO da Sanctu (@sanctu.brasil), Henrique Dantas, teve uma infância incomum. Enquanto os amigos de São Paulo iam à Disneylândia nas férias, ele visitava a família materna no Pará — e passava seu tempo em meio a comunidades ribeirinhas, trabalhando em um barco-hospital da ONG dos tios. As sementes ali plantadas cresceram em abundância: hoje, aos 38 anos, Dantas está à frente da Sanctu, startup que planeja regenerar 5 milhões de hectares da Amazônia até 2035, em parceria com 50 mil famílias assentadas na região.

Antes, Henrique percorreu um longo caminho: estudou engenharia na USP, fez duplo diploma na Itália e MBA nos EUA. Trabalhou por uma década no Boston Consulting Group, onde se tornou diretor de clima e sustentabilidade. Lá, também ajudou a criar o Brazil Climate Summit, evento que conecta o Brasil a investidores globais na pauta ambiental. Ao lado de Fabiano Mendes, também cofundador, ele agora une o pragmatismo de grandes empresas a uma visão de mundo na qual o social e o ambiental não são acessórios, mas o próprio negócio. Descubra mais a seguir.

FLORESTA VIVA “Na Sanctu, o objetivo é aumentar em dez vezes a renda de famílias em assentamentos, regenerando a floresta, em vez de destruí-la. A gente leva crédito, assistência técnica, infraestrutura e acesso a mercados. Em vez de desmatar para pôr gado, eles produzem alimentos e madeira de manejo em áreas menores — com tecnologia, irrigação e rastreabilidade. Já são dez famílias com renda mensal de até R$ 15 mil. É uma revolução silenciosa.”

IMPACTO REAL “O BCG foi minha segunda faculdade. Trabalhei em vários países e setores, ajudando CEOs a resolverem problemas complexos. Mas faltava propósito. Quando virei pai, isso ficou mais urgente. Entendi que queria trabalhar com algo que melhorasse o mundo que vou deixar para os meus filhos. Focar em sustentabilidade me conectou com a minha história e me deu energia para empreender.”

YES WE CAN “O Brasil tem uma matriz elétrica renovável como nenhum outro país do G20, siderurgia verde, agricultura regenerativa e a maior floresta tropical do planeta. O mundo precisa de soluções climáticas, e o Brasil já possui muitas delas. Só que ninguém sabe. A gente criou o Brazil Climate Summit, em Nova York, para mudar isso.”

ESCUTA “A solução para a Amazônia não vem pronta da Faria Lima. A gente passou um ano ouvindo as famílias. Eles querem renda. O que falta é alternativa viável. Nossa proposta é gerar valor e floresta ao mesmo tempo. Mas ninguém faz isso sozinho. Empresa, ONG, governo, todos precisam andar de mãos dadas. São mundos que historicamente não se falam, mas têm muito a ganhar juntos.”

ESG E LUCRO “Sustentabilidade só escala se gerar retorno. Se você reduz custo e diminui o impacto ambiental, não tem desculpa. ESG não pode ser só planilha ou relatório para inglês ver. E não deve depender de um governo ou outro. O negócio tem que ser resiliente. Na Sanctu, a gente só ganha se a floresta ficar em pé e a família prosperar. Impacto e lucro vêm juntos.”

PRÉ-REQUISITO “Há dez anos, sustentabilidade era papo de área técnica. Hoje é tema de CEO. Ainda tem muito greenwashing, mas também lideranças comprometidas. Vejo mais empresas tratando impacto como estratégia, não como adendo. Isso me deixa otimista.”

ALÉM DO LIVRO “A Amazônia ensina que não existe solução única. É um território complexo, diverso, simbólico. Quem quiser empreender lá precisa de humildade, escuta e adaptação. Não adianta ter uma ideia genial que ignora a realidade. As soluções só funcionam quando construídas junto com seus moradores.”

REALISMO “Política é pêndulo. Vai para um lado, depois para outro. O importante é construir negócios que resistam a isso. A Sanctu não depende de governo, nem de crédito de carbono. A gente vende comida: açaí, cacau, cumaru. Produtos que têm mercado, qualquer que seja o cenário. Isso é o que me dá esperança: criar modelos em que impacto não seja uma aposta, mas o centro da estratégia.”

FAZER DIFERENTE “Hoje, há muito mais ferramentas como IA e sensoriamento remoto. Quem está começando pode usar tudo isso para construir algo grande. Falta coragem, preparo e disposição para escutar. Dá para fazer negócios que melhoram o mundo — e são financeiramente viáveis. E dá para explicar isso aos filhos com orgulho.”

1

Raio-X

Sou advogado de formação, mas atuo como administrador e alfaiate. Meu trabalho reflete minha vida, sempre guiada por rigor, estética e propósito. A marca Alexandre Won (@wonalexandre) é a tradução de um ofício comprometido com o tempo e com a verdade. Cada peça carrega técnica, elegância e intenção.

2

Com que roupa?

Considero meu estilo clássico, com uma leitura contemporânea. Acredito que o consumo de moda é um ato emocional, guiado pelo momento de vida. Escolhas pautadas em qualidade, história e identidade.

3

Coleção

Cada dedal guarda uma lembrança. Um foi presente do meu filho, em uma viagem ao Atacama. Dois vieram de um amigo artista, Eran Oliveira. Outro me acompanha desde o início da minha jornada como alfaiate. Todos carregam significados profundos para mim.

MEU ESTILO

ALEXANDRE WON

ADMINISTRADOR E ALFAIATE

4

Peça única

Essa bota foi feita sob medida, por Caio Torres, com couro de crocodilo australiano. Conforto surpreendente e acabamento impecável. Um trabalho artesanal raro, que exigiu muita paciência e excelência. Uma obra de arte!

Casa verde

Cuidar de plantas é, para mim, um ritual de presença. Observar o nascimento, o crescimento e o ciclo da natureza me traz paz, me desperta a percepção e renova a minha forma de ver o mundo.

Fotos João Bertholini

5 Acessórios

Adoro esse anel, criado pelo joalheiro japonês Creep especialmente para mim, e essas duas abotoaduras com histórias marcantes. Uma em forma de tesoura, presente de Rodrigo Lombardi, e outra com um besouro, obra de Juliana Poslednik. Consideroas peças com alma.

6

It’s time

Tenho alguns relógios datados de 1981, ano do meu nascimento, que conectam passado e presente. Um deles, o Oyster Quartz, inspirou um recente relançamento da Rolex.

7

No pain, no gain

O treino intenso é uma prática de equilíbrio. O corpo é tratado com disciplina e ciência. E, além do meu exercício diário, adoto recursos como soroterapia, icebath e ozônio com foco em longevidade e alta performance, tudo acompanhado pelo Dr. Theo Werbert, que consulto há mais de uma década.

Panela velha é que faz comida boa

Essa panela de barro foi comprada para preparar a feijoada do primeiro aniversário da minha filha.

O encontro virou tradição. Há 16 anos, amigos e familiares se reúnem ao redor dessa panela, que carrega afeto e boas memórias.

A tela do tigre, feita em seda ao longo de 15 anos por um artista coreano em Seul, foi um presente do meu pai. A obra transmite força com delicadeza e carrega o simbolismo da paciência e da tradição. Já a peça de Sandra Lapage, instalada na minha sala de jantar, é composta sobre papel japonês Kitakata, rasgado com lâmina e corroído por nanquim. Representa o inferno de forma cômica e crítica, com figuras demoníacas caricatas e uma carga visual intensa. Por fim, a fotografia de Gabriel Wickbold, que retrata uma menina diante do Elevador Lacerda, em Salvador, foi um presente do próprio artista, após saber do impacto que ela me causou ao vê-la em uma de suas exposições.

Artsy

O mood da Dior na temporada de outono-inverno da Paris Fashion Week, inspirado nas Olimpíadas

NOVAS REGRAS, OUTROS PASSOS

Da Chanel à SPFW, o streetwear não apenas invadiu o território da moda de luxo.

Ele reescreveu suas regras. Em 2025, o que era subcultura virou matriz de desejo

Por Caio Delcolli

Na passarela envidraçada da Dior, o logo da maison aparecia em listras diagonais que lembravam – de propósito – o branding da Adidas. A inspiração declarada eram as Olimpíadas de Paris, mas a mensagem para a temporada outono-inverno deste ano era outra: esporte e moda há tempos deixaram de ocupar lados opostos da quadra. Em Milão, Matthieu Blazy mostrou na Bottega Veneta, antes de migrar da marca para a Chanel, um verão 2025 com alfaiataria fluida, sandálias de sola grossa e peças inspiradas no cotidiano urbano. Enquanto isso, na São Paulo Fashion Week, a Misci apresentou calças cargo e moletons com recortes milimetricamente arquitetados — a cara do streetwear elevada à categoria de luxo tropical. O streetwear, como força cultural e estética, está no pódio das grandes tendências da moda de luxo. Ele deixou de ser apenas “influência” e é parte da gramática das coleções. Hoje, grandes maisons apostam em moletons com

corte de alfaiataria, tênis com pedrarias, calças oversized e collabs com marcas esportivas, como a parceria da Miu Miu com a Salomon. No cotidiano, celebridades como Timothée Chalamet e Zendaya adotaram o estilo como uniforme de aeroporto, coletivas de imprensa e tapete vermelho. Kaia Gerber, que desfilou recentemente pela Bottega Veneta, apareceu no festival de música Coachella com um look que misturava calça cargo, regata de seda e tênis Balenciaga.

Para a professora Juliana Lopes, da ESPM, o fenômeno marca a “transformação do ordinário em extraordinário”. “O luxo não sai de cena quando incorpora o streetwear Pelo contrário. Ele transforma o tênis em joia”, diz. Ela lembra que o conforto, associado à mobilidade da vida urbana, foi decisivo nesse movimento. Marcio Banfi, professor da Santa Marcelina, ressalta que o que está em jogo é o desejo de renovação simbólica. “Essas marcas

não estão descendo do salto, mas se aproximando de um público mais jovem”, analisa.

Já Maria Auxiliadora Leite Costa, professora do Centro Universitário Belas Artes, afirma que a moda de luxo leu nas entrelinhas da cultura sneakerhead e do lifestyle esportivo um código de futuro. “Esse movimento não veio só da estética. Surgiu de um comportamento. A busca por conforto se uniu à ideia de pertencimento. O streetwear foi entendido como linguagem de grupo”, diz. A frase se confirma quando se observa que o públi co-alvo dessas marcas inclui cada vez mais millennials e geração Z. Ou seja, pessoas que cresceram de tênis — e que agora querem usar versões assinadas por casas como Dior, Gucci e Louis Vuitton.

Antes do ovo, a galinha

Mas essa aproximação entre luxo e rua não começou agora. Ainda nos anos 2010, Virgil Abloh fez história com a Off-White ao fundir design gráfico e peças esportivas com o universo das grifes. O marco definitivo viria em 2017, quando a Louis Vuitton se uniu à Supreme — criando uma coleção icônica com mochilas, bombers e skates de couro monogramado. Karl Lagerfeld, por sua vez, montou um supermercado da Chanel, em 2014, para colocar tênis bordados com joias ao lado de

alfaces. Já Alessandro Michele, na Gucci, redesenhou a ideia de “roupa de brechó” como item de desejo. Todos pavimentaram o caminho para o que vemos hoje.

O que as marcas ganharam com isso? Para começo de conversa, novos públicos. Ao apostar no streetwear, a moda de luxo ampliou seu alcance sem comprometer sua aura. A estratégia, como explica Juliana Lopes, não foi diluir o luxo, mas reencenar seus códigos em outras bases. “As grifes continuam oferecendo exclusividade — só que agora por meio de peças antes vistas como banais.” Para Banfi, o ciclo é claro: a grife lança, a rua traduz e a grife responde de volta. “É o que eu chamo de ‘tendenciologia’. Essa troca é permanente”, diz. Na prática, a moda deixa de impor e passa a negociar com o desejo do presente.

A infusão do streetwear no luxo também reconfigurou o próprio entendimento de moda como fenômeno cultural. Afinal, ao incorporar o que era periférico, a indústria do prestígio consagrou o que antes líamos como marginal. A estética do moletom, do oversized e do tênis virou sinônimo de sofisticação. E mais: revelou o quanto o sistema da moda é cíclico e reativo. Como lembra Maria Auxiliadora, a moda “sempre busca novas histórias para contar” — e o streetwear, nesse momento, oferece narrativas de autenticidade, pertencimento e mobilidade.

Os desfiles da italiana Bottega Veneta e da brasileira Piet, que também flerta com o universo esportivo

MUITO ALÉM DO BEM-ESTAR

Tay Borges, estrategista em Imagem Pessoal, professora e autora do livro Strike a Pose reflete sobre o verdadeiro luxo atual – ter tempo para se movimentar – e sua influência na moda

O universo esportivo ganhou um upgrade de sofisticação nos últimos anos. A tendência do luxo fitness nasce da evolução do athleisure: tecidos tecnológicos e a queda da formalidade entraram no nosso dia a dia nos anos 1990–2000. E hoje a prática esportiva sofisticada é o novo símbolo de status — silencioso, mas eficaz. Em uma sociedade acelerada, exausta e produtivista, ter tempo para movimentar o corpo é símbolo de status — e luxo. Nesse cenário, grandes marcas enxergam uma oportunidade de inserção, aumentando a oferta de produtos e vivências. Enquanto a Celine investe em equipamentos fitness personalizados e a Hermès Fit celebra o “Exercise your style!”, o universo do luxo se mantém relevante e atualizado, traduzindo saúde e identidade em design e experiência.

O que antes era ostentação material virou expressão por meio do bem-estar — um movimento batizado de stealth wealth, ou riqueza silenciosa. Agora, os símbolos de status estão presentes nas roupas de academia, nos equipamentos de treino e até nos espaços físicos onde as atividades são executadas.

Das roupas esportivas aos acessórios de treino, o universo fitness domina. Em sentido horário, a partir da página anterior: dois looks e um espaço esportivo by Hermès Fit, Louis Vuitton versão ioga, acessórios deluxe da Celine e o estilo Prada de se jogar tênis

o futuro é minimalista?

Roupas básicas, ausência de rococós, paletas neutras, até cardápios mais enxutos. Será que o movimento em torno do menos é mais vai ditar cada vez mais as próximas tendências? E será que ele funciona em um país exuberante e tropicalíssimo como o nosso? Conversamos com especialistas para entender os caminhos do minimalismo

Foi-se o tempo em que looks eram estampados, casas tinham mais cor e a vida era mais cheia de balangandãs. Mas será que esse tempo se foi mesmo? A busca por ambientes – e vidas – mais clean tem crescido e são muitas as explicações por trás disso. Há quem queira um novo estilo de vida e busque ter e consumir menos. Há quem esteja apenas seguindo uma cartilha de comportamento dita aesthetic porque acredita que essa seja a receita para o sucesso. Para tantos outros, no entanto, esse movimento é sinal de tédio.

Aqui, é importante a diferenciação: do minimalismo como estilo de vida e como estética. Os dois se misturam, mas dá para ser minimalista nas escolhas, no dia a dia, nos valores, e ser maximalista dentro do guarda-roupa,

por exemplo. Ou seja, pensando em moda, seria: possuir poucas peças, todas úteis, ainda que cada uma tenha diferentes estampas, cores, texturas.

E um parêntese para um pouquinho de história: o minimalismo começa lá no movimento Bauhaus e ganha força na Nova York dos anos 1950, com artistas como Frank Stella, Donald Judd e Sol LeWitt, que propunham uma beleza mais simples e funcional – com o tempo, isso transborda para a música, a literatura e o modo de viver. Seja por praticidade ou estética, o minimalismo ganha força também como reação ao consumismo, ao acúmulo e ao desperdício.

Hoje, isso aparece em um dos quatro perfis de consumidores mapeados pelo escritório de tendências WGSN,

os “reducionistas”. De acordo com o relatório, esse grupo orienta seu comportamento de compras, entre outros fatores, pelo impacto no planeta. Preocupados com sua comunidade e o meio ambiente, vão comprar o que fizer sentido e preferem qualidade a quantidade.

Outra tendência apontada pelo escritório foi a “therapeutic laziness”. Nela a gente se joga na cama e é propositadamente inútil em nome do descanso e do autocuidado. Isso porque, em um mundo de “hipers” – hiperestimulação, conexão e ansiedade – , o que dá para ser menos desperta interesse. “Existe um prazer na desconexão, em dar-se o direito a não viver essa hiperestimulação, ainda que seja temporário”, comenta Bruno Pompeu, pesquisador e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da ECA-USP, também sócio-fundador da Casa Semio, que aplica semiótica em pesquisas de mercado.

Essa “modorra terapêutica”, o não fazer nada, muitas vezes pode incluir horas e mais horas perdidas em feeds infinitos e recheados de estímulos. É paradoxal, sim, mas: “Guarda em si justamente as contradições do nosso tempo”, explica Pompeu. “Não queremos fazer nada, com um porém: nada que seja da ordem do obrigatório, daquilo que é responsabilidade ou interesse de outro. Queremos tudo o que é para nós e que nos dá prazer.”

à brasileira

“O futuro pode até ser minimalista, mas o futuro do Brasil, não”, afirma o antropólogo Michel Alcoforado, que apresenta o podcast É Tudo Culpa da Cultura, é autor do livro De Tédio Ninguém Morre e fundador do Grupo Consumoteca. Para ele, se estivéssemos trilhando um caminho mais minimalista, “Shein e Shopee não estariam lucrando tanto por aqui”. E explica: na sociedade brasileira, a percepção de posição hierárquica se dá por meio da transformação de dinheiro em objetos. “A gente compra bugiganga, adora rococó, quer o guarda-roupa lotado.”

Ter ou não certos itens é uma das marcas de distinção entre grupos e classes. Michel exemplifica, referindo-se às classes mais baixas: “Quando estão muito ocupadas, os ricos buscam e incentivam o ócio. Quando conseguem comprar um celular bom e ficam enfurnados nas redes, os ricos querem distância das telas. Quando começam a comprar adornos, os ricos querem ambientes minimalistas”.

Para o antropólogo, a grande complexidade do conceito de minimalismo, quando aplicado à realidade nacional, é entender o que é ter uma “vida simples”. Dependendo do CEP, a definição de simplicidade pode mudar bastante. “Minimalismo é quando a gente tem só aquilo que precisa, nada mais. Mas aí é que está: no Brasil, a gente precisa de muita coisa.”

na moda na arquitetura

A junção do pós-pandemia com as microtrends de TikTok minou a ousadia dos looks É o que acredita a stylist, pesquisadora e produtora de conteúdo Anna Boogie, que usa seu perfil para compartilhar reflexões sobre o comportamento de consumo hoje. Segundo ela, não queremos abrir mão do conforto e da praticidade e ainda seguir uma receita de sofisticação vendida por essas microtrends, como as “clean girls” — garotas que só usam paletas nude, superbásicas e padronizadas. “Mas, em se tratando do nosso país, com tantas cores e raízes tropicais, será que não estamos apenas copiando outros lugares e deixando de lado nossa autenticidade?”

A stylist gosta e incentiva os movimentos que vêm na contracorrente. “É o maximalismo e a rebeldia que nos lembram de não levar a moda tão a sério. É para se divertir, ser um escapismo, uma forma de expressão. Às vezes, a melhor tendência é não seguir nenhuma.”

Claro que minimalismo como mentalidade, como estilo de vida, é algo que Anna espera do futuro: guarda-roupas mais compactos e montados a partir de escolhas conscientes e sustentáveis. O que ela espera e luta para que não aconteça é um consumo desenfreado, dito minimalista e motivado por tendências — “porque está todo mundo usando”. “Comprar de forma consciente é muito diferente de apagar seu estilo, é entender o que realmente tem a ver com você.”

“A arquitetura deve suprir nossas necessidades”, coloca Amanda Ferber, arquiteta, fundadora e CEO do Architecture Hunter, plataforma de curadoria de arquitetura e design. Talvez seja essa a definição do minimalismo puro, pensamos. “E se supre necessidades humanas, será que o maximalismo nos ambientes não poderia funcionar como estimulador para uma sociedade tão deprimida?” Ferber explica que a ideia não é embasada por pesquisas, mas sim uma provocação para pensar “o que faz sentido para cada um e como a arquitetura pode, de fato, nos servir”.

Entusiasta do minimalismo, ela explica seu contexto de surgimento na arquitetura: não é exatamente um movimento, mas um estilo, uma linguagem, que ganhou força, sobretudo depois da Segunda Guerra, em um cenário de escassez de recursos, destruição urbana e necessidade urgente de reconstrução. Todos esses fatores levaram a projetos mais econômicos, sem ornamentos, focados em função e praticidade.

O conceito, entretanto, é facilmente desvirtuado. Entrar em uma casa toda trabalhada em paleta monocromática, com rigor geométrico, integrada à paisagem e sem adornos não significa que estejamos frente a frente com uma proposta minimalista. “Não dá para dizer que é minimalista se houve desperdício de materiais ou se o projeto não foi pensado por essa lógica funcional.”

menos é opção, não regra referências e reflexões sobre vestir

Moda com Propósito, de André Carvalhal (Companhia das Letras) | Um manifesto pelo criar e comprar com sabedoria. Consultor, professor e pensador da sustentabilidade aplicada às marcas, propõe um novo olhar para a moda, mais consciente e funcional.

@bianardiniii | Ela ressignifica a moda com um perfil nada minimalista: unhas decoradas, babados, texturas, acessórios extravagantes e muita cor. Não tem medo de criticar, misturar e refletir sobre o papel da moda em diferentes camadas sociais.

@vicmontanari versus @majutrindade | A portuguesa pende mais para a estética cayetana – inspirada no boho, preza por peças leves, soltas, estampadas – e a brasileira, para o minimalismo, variando entre jeans e tons neutros. Cada uma à sua maneira, escolhe o que faz sentido para o próprio guarda-roupa.

Misci | Em entrevista para a Vogue, o diretor criativo da Misci, Airon Martin, disse: “A ideia de que o Brasil precisa ser estampado gerou o efeito inverso em mim”. Sua coleção de dezembro do ano passado, por exemplo, foi batizada de “Culto A Si” e investiu em peças sem estampas e nada tropicais.

arquitetos para ficar de olho por Amanda Ferber, arquiteta e CEO do Architecture Hunter

Uma curadoria de escritórios e arquitetos nem-nem: não são essencialmente minimalistas, nem chegam ao status de maximalistas. Amanda aponta: “Têm personalidade e elegância, sabem trabalhar camadas e sobrepor informações”: Marina Linhares, Dado Castello Branco e DB Arquitetos (David Bastos).

Minimalismo arquitetônico elevado à décima potência: “O Osminin Studio é o escritório da russa Maria Osminina. São designs bem frios. Muitos detestam, mas eu amo.”

E um mais quente e aconchegante: “O arquiteto baiano Nildo José faz um minimalismo com bossa, como ele se define.”

restaurantes para conhecer em terras paulistanas

Ping Yang

Tailandês premiado e com uma única opção de receita doce. @pingyangsp

Alba

Apenas dez pratos no cardápio, entre entradas, pratos e sobremesa. @albasaopaulo

Tuju

Menu sazonal, com ingredientes da cozinha paulista que respeitam o ciclo de chuvas. @tuju_sp

na gastronomia

Cardápios mais curtos, com meia dúzia de itens bem pensados, cartas de drinks enxutas e uma única sobremesa cuidadosamente elaborada são sinais de um minimalismo gastronômico, que aposta em intenção no lugar de variedade. Em Copenhagen, o chef italiano Valerio Serino faz do Tèrra um reduto minimalista: menus sazonais, pratos com poucos ingredientes e de origem local. Já em Londres, o Tayer, um bar premiado, esbanja uma prateleira com licores feitos na casa e, no cardápio, traz drinks sem nome, só uma lista de componentes que vão no copo.

Menos, entretanto, pode ser só uma desculpa para cobrar mais. Em alguns casos, se desvirtuado, o minimalismo se transforma em performance: parece despretensioso, mas é altamente luxuoso e sofisticado e só reforça distinções. Porções são minúsculas, visualmente impecáveis e feitas com ingredientes caros, como polvo e trufa. A conta chega salgada e nada minimalista.

O ideal é que, na gastronomia, o minimalismo seja baseado em sazonalidade e na reflexão sobre o porquê de cada ingrediente estar ali. Sem buffets infinitos ou menus de 20 etapas.

Em São Paulo, o chef Gustavo Rozzino, nome por trás do Tontoni, No Bar e Tonton, vê uma busca pelo minimalismo nos restaurantes, mas atenta-se para que o menos não se transforme em mais do mesmo. “Em nome do muito simples, fica mais difícil inovar e podemos cair numa mesmice”, comenta, citando alguns ingredientes batidos na culinária dos quatro cantos do mundo, como o pistache e a burrata.

Em suas empreitadas, procura fazer diferente, mas sem abrir mão do essencial: ainda que com menos variedade, investe na qualidade e na versatilidade dos ingredientes – selecionados também para se desdobrarem em mais de uma receita –, além do cuidado com o modo de fazer. “O prato pode aparentar minimalismo, mas, para isso, foi preciso muito trabalho e gente envolvida.” Nos cardápios de Rozzino o direcionamento continua pelo básico que funciona: “Arroz, bife, batata e molho. Mas com muita dedicação e atenção em cada etapa, seja na escolha do filé-mignon ou no melhor jeito de fritar a batata”.

No dia a dia, dá para levar essa lógica para dentro de casa. Ir à cozinha com o que tem à mão, aproveitar os ingredientes por inteiro – da polpa à casca – e evitar o desperdício. São formas de colocar o minimalismo em prática. Afinal, um prato, apesar de não muito elaborado e com poucos elementos, se bem feito, pode sim dar conta do recado.

Lucas Albuquerque

Carbono Minds
“O verdadeiro valor está no que é feito com alma e permanece com sentido”

Fundador da marca Sardegna e dos restaurantes Roi Méditerranée e Osteria e Caffè Sardegna, o empresário Lucas Albuquerque dá a receita de sua trajetória de sucesso

Lucas Albuquerque aprendeu, desde muito cedo, que tudo o que tem alma e afeto reflete em significado e resultado. O pernambucano de 44 anos foi criado sob a força da cultura nordestina, dividindo a infância e a adolescência entre o Recife e o Piauí em intenso contato com a natureza, a energia criativa regional e os sabores da cozinha local. A alma empreendedora moldou sua personalidade, levando-o a criar novas marcas e projetos desde muito jovem. Incentivado pelos pais arquitetos e amantes do savoir-vivre, viajou o mundo com os olhos, o coração e o paladar abertos para o novo. E, entre muitas andanças e uma temporada de estudos em Barcelona, foi na Itália que encontrou a bússola que guiaria seus negócios. Foi responsável pela criação da Cerveja Proibida; da marca Barthelemy; e trouxe as marcas Lillet e Plymouth Gin para o Brasil. Além disso, criou a Riverside, a primeira premium mixer brasileira; o Gin Atlantis e o vinho Levence, um original Cote de Provence, produzido em Saint-Tropez. Formado em Publicidade, Lucas costuma dizer que leva consigo “as raízes do Nordeste e a leveza do Mediterrâneo”. E essa combinação inusitada pode ser vista em seus projetos: a grife masculina Sardegna e os restaurantes Roi Méditerranée, Osteria e Caffè Sardegna. A seguir, o empresário conta mais sobre sua trajetória.

OUSADIA E RESILIÊNCIA “Sempre fui movido pelo desejo de criar — não apenas negócios, mas experiências, projetos com uma missão. O empreendedorismo apareceu como um caminho para materializar ideias e gerar valor de forma autêntica. Tudo começou com pequenos passos, mas com a convicção de que cada escolha deve ser feita com intenção, coragem e serenidade. Empreender no Brasil é um exercício constante de presença, paciência e propósito. O maior segredo é não desistir, manter o foco no que importa, com sensibilidade, escuta e capacidade de adaptação.”

TI VOGLIO BENE “Lembro-me de passar temporadas em lugares como Saint-Tropez, Roma, Milão... Cada viagem deixava um rastro de sensações, perfumes, sabores. Mais tarde, já adulto, foi a Sardenha que me arrebatou de vez — com sua beleza bruta e aquele jeito de viver que é, ao mesmo tempo, simples e sofisticado. Ali nasceu uma

visão que hoje se traduz nas marcas que criei. Essa influência entrou na minha vida de forma quase intuitiva e se transformou em linguagem — nos cortes da Sardegna, na atmosfera da Osteria, na maneira como penso cada projeto.”

SLOW FASHION “A Sardegna nasceu como um manifesto contra a pressa do mundo e a homogeneização da moda masculina. Em uma viagem à Sardenha fui profundamente impactado pelo ritmo desacelerado da vida vivida por lá, pelo respeito ao tempo, aos gestos e aos materiais, o que despertou em mim o desejo de criar algo que unisse tradição, sofisticação e identidade — uma marca que fosse, acima de tudo, uma forma de viver. Essa visão encontrou força e forma ao lado da minha sócia, Ana Beatriz Harley.”

A EXCELÊNCIA NOS DETALHES “A proposta da marca é reinterpretar o verão europeu sob uma ótica brasileira — leve, natural, refinada. Trouxemos uma alfaiataria autoral, com tecidos nobres, modelagens precisas e um olhar contemporâneo, que conecta o clássico à liberdade tropical para o homem que prefere o silêncio ao exagero.”

COM TEMPERO “Minha relação com a gastronomia começou há mais de duas décadas, ainda em Recife, quando abri meu primeiro restaurante, o Riva. Ele acabou quebrando, mas foi um fracasso saboroso, daqueles que se tornam boas histórias à mesa e também aprendizado. Entre o Riva e meu retorno à gastronomia passaram quase 20 anos. Um tempo necessário para amadurecer. Foi então que nasceu o Roi Méditerranée, e a Osteria e Caffè Sardegna, ao lado dos meus sócios Eduarda e Fábio Dupin.”

A VIDA COMO ELA É “Gosto de acordar antes do sol, praticar esportes, me reconectar comigo. Depois, mergulho no trabalho. Faço questão de estar presente nas decisões-chave, mas sem perder a leveza. A rotina pode ser intensa, mas mantenho pausas e tempo para a família. Isso me dá clareza, equilíbrio e conexão com o que realmente importa. Aos finais de semana, adoro cozinhar, jogar golfe, ler sobre filosofia e viajar para lugares que me energizam. Meu hobby favorito é esse: viver com presença e transformar o cotidiano em algo especial.”

TE VEJO POR AÍ!

Em um mundo frenético e conectado, chamam a atenção caminhos que propõem experiências mais slow, analógicas – ou até mesmo sem celular algum –, e um estilo de vida mais presente. De olho no assunto, listamos alguns movimentos que nos tem feito parar – de teclar – e pensar

O cansaço das telas chegou para ficar e o retorno para uma vida analógica passa pela desconexão profunda nos momentos de lazer. Enquanto as pessoas voltam a perceber que o sol ainda é quente lá fora, as experiências de encontro já não são mais as mesmas do período anterior à pandemia. Os hábitos estão mais saudáveis, e o ritmo da vida noturna, mais lento. No espírito dessa nova era, alguns estabelecimentos já promovem experiências desconectadas ou mesmo uma proibição completa dos dispositivos móveis, que se tornaram extensões dos nossos corpos e mentes nas últimas décadas. “Houve um excesso de conectividade na pandemia, que acabou nos causando uma fadiga. Ficávamos o dia inteiro no Zoom, em reuniões, e os jovens, em games Fomos com muita sede ao pote, o copo encheu e as questões de saúde mental dispararam.

“As pessoas estão voltando a valorizar coisas prosaicas. Em NY, a febre do momento é uma festa de jogos de tabuleiro”
Andrea Janér, fundadora da Oxygen

Depois desse período, foi quase como uma acomodação, com mais preguiça social. Até hoje tem muita gente com essas sequelas”, explica Andrea Janér, fundadora da Oxygen, hub de tendências e curadoria de conteúdo. “Mas o livro Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt, e filmes como O Dilema das Redes, têm mudado a forma como encaramos as mídias sociais. O assunto foi para a mesa de jantar porque são obras que trazem estatísticas, fazem correlações diretas, como, por exemplo, no início do iPhone e do Instagram, quando houve picos de casos de suicídio.”

Janér viaja o mundo participando de conferências das mais diversas, do Fórum Econômico Mundial ao sempre hypado South by Southwest, e tanto lá quanto cá não se fala em outra coisa. “As pessoas estão voltando a valorizar coisas prosaicas. Veja o surgimento e a popularização de clubes de trabalhos manuais. Estamos nos reunindo para bordar, discutir livros, fazer cerâmica. Em Nova York, a febre do momento é uma festa de jogos de tabuleiro, na sexta à noite, no Brooklyn. Virou uma rave. As pessoas passam a noite toda jogando.” A seguir, algumas ideias que mostram mais sobre esses novos momentos e um bate-papo com uma especialista em futurismo. Para ler com atenção e refletir.

TENDÊNCIA OU MODISMO?

Autoridade quando o assunto é futurismo no Brasil, Daniela Klaiman é especialista em descobrir tendências e foi uma das primeiras a identificar essa busca por uma maior desconexão entre pesquisadores do País. A seguir, a CEO da empresa FutureFuture mostra seu olhar autêntico sobre as conexões do mundo digital e o efeito delas nas diferentes gerações

Carbono Uomo

Como você imagina o futuro? Haverá um equilíbrio melhor e um uso mais saudável do universo digital?

Daniela Klaiman

Acho que não temos muito como fugir da conexão, a não ser que acabe a energia no mundo. E aí, sem internet e luz, estaríamos desconectados, enfim. Acredito que ficar desconectado é uma microtrend As pessoas falam que querem se desconectar, mas na verdade estão superconectadas e buscando um pouco mais de convivência na vida real. Isso é uma modinha. Nossa vida inteira está no digital, na conexão, no celular. Depois, vai estar em outros formatos, quando o celular ficar ultrapassado. Mais IAs estão entrando em nossa rotina, mais assistentes pessoais, tecnologias que fazem pedidos por nós nas nossas próprias casas. No mundo da saúde também, os relógios estão conectados, os trackers de saúde, os wearables. Enfim, acho que vamos gostar dessa conexão, vai trazer bons benefícios.

Carbono Uomo

Existem populações mais desconectadas?

Daniela Klaiman

O Brasil e a Ásia são extremamente addicted em redes sociais. Nós e eles temos o maior número de influenciadores e de seguidores. Somos absolutamente malucos com essas coisas, e, já que estamos naturalmente mais conectados, também vamos sentir mais os excessos e nos desconectar menos. Por outro lado, há populações que naturalmente já são menos conectadas. Os europeus, por exemplo, são mais ligados a outros tipos de cultura, como a literatura, sair e ir ao parque; já fazem automaticamente mais programas off-line, não são tão loucos pelas redes sociais. Lá, vemos um maior número dessas “desconexões”. Também não sei se é uma grande novidade, não, porque acredito que seja uma coisa que já faça parte do comportamento dessas populações.

Carbono Uomo

Existem basicamente dois grupos de pessoas conectadas: aquelas que, como nós, eram analógicas na juventude e foram tomadas pelas novas tecnologias e quem é mais jovem e nunca viu o mundo desconectado. As aflições da hiperconectividade são diferentes entre esses dois grupos?

Daniela Klaiman

Sim. Quando olhamos para o grupo de pessoas até os millennials, há outra noção de velocidade de

mundo, de relacionamento, de pesos na informação e nas conexões com as pessoas. Nós conseguimos diferenciar o que é verdade do que não é. Eu consigo olhar para uma postagem de uma influenciadora e falar: “Nossa, está cheio de filtro, ela não é assim, isso não é de verdade.” Consigo fazer análises porque convivi muito com pessoas. Enquanto isso, as outras gerações têm uma dificuldade muito maior de identificar o que é ou não real, de entender realmente tudo o que está sendo postado. Eles acreditam, acham que aquilo é a vida como ela é. Não têm um filtro para entender que aquilo não é de verdade. Então, obviamente, isso afeta muito mais. Se a pessoa vai lá e posta uma foto muito magra, eles ficam mal. É essa irresponsabilidade que faz com que as pessoas estejam exatamente nesse momento de querer esses afastamentos, de estar sofrendo com o excesso de informação ou conectividade. E, aí sim, as gerações mais jovens sofrem mais porque elas não têm as camadas de realidade para dizer: “ah, isso não é verdade; essa pessoa que eu não conheço não me importa”.

POR UMA VIDA MAIS REAL

OLHAR PARA O CÉU

Demorou, mas as pessoas perceberam o quão incômoda e demodê é a necessidade de produzir conteúdo a toda hora: em casa, no carro, na academia, no bar, na piscina de um resort paradisíaco do outro lado do mundo. A ilha de Koh Samui, no Golfo da Tailândia, tem águas azuis cristalinas, praias de pedras e areia fina, palmeiras, veleiros e um dos hotéis Four Seasons mais inacreditáveis de toda a Ásia. Lá e em alguns outros estabelecimentos da rede mundo afora o sinal de internet só funciona na área comum. Rotinas de detox digital incluem uma breve meditação, exercícios de respiração e ioga ao acordar. À noite, há sessões de sound healing sob iluminação suave e exercícios para baixar a frequência da respiração. @fskohsamui

Menos tela, mais performance

Em 2024, um grupo de pesquisadores composto de cientistas da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade Federal de Pernambuco e do Instituto Universitário de Maia, em Portugal, realizou um estudo que mostrou o seguinte: o desempenho de quem vai à academia pode ser até 15% pior se houver uma exposição prolongada às redes sociais logo antes dos treinos. O motivo: fadiga mental.

EQUINOX FITNESS CLUB

A Equinox, academia que nasceu em Nova York nos anos 1990 e hoje tem mais de 300 spots espalhados mundo afora, está antenada com os estudos mais recentes desse universo. Para tentar aumentar a privacidade de seus clientes, a companhia já proibiu o uso de aparelhos celulares e câmeras nos vestiários e outras áreas privativas, como a de seus spas, além de áreas kids , piscinas e em todos os ambientes onde haja aulas, treinos e outras práticas em grupo. Quem consegue aderir? @equinox

CAFÉ SEM TELAS

Simpática livraria com delicioso café na Zona Oeste paulistana, a Bibla passou a pedir gentilmente para que seus clientes parassem de usar computadores no local. Por enquanto os celulares estão a salvo, mas é melhor tirá-los do bolso só se for para fazer registros das conversas com autores que frequentemente participam de eventos ali, ou para enviar fotos de indicações literárias para os amigos, combinado? @bibla.bibla

SEM SINAL

Mais ou menos na região central do Marrocos fica Tizkmoudine, um vilarejo com ruínas antigas onde está assentada uma população de berberes desde o século 14. De mesmo nome, o hotel Tizkmoudine é resultado da genialidade do francês Thierry Teyssier, que lançou uma empreitada de preservação junto do Global Heritage Fund e construiu uma experiência sem televisão, ar-condicionado e linhas de telefone. A eletricidade é escassa, gerada pelos painéis solares ao redor da propriedade, e serve principalmente para esquentar os chuveiros dos hóspedes. A cozinha, é claro, se dedica aos ingredientes locais, servidos de maneira primorosa e sem muitas invenções: berinjelas, queijo de cabra, favas, frutas cítricas, como laranja, além de azeitonas, são alguns dos produtos da região. @thememoryroad

Corrida e house music

Se os jogos de tabuleiros soam um pouco nerds demais, fique tranquilo: as boas e velhas raves de música eletrônica ainda existem, embora atualmente os DJs se apresentem cada vez mais nos domingos de manhã, em cafés descolados, para um público que trocou a bebida alcoólica e outras substâncias por deliciosos machás latte e croissants . A tendência conversa com outro movimento que só ganha força: o da corrida de rua. Como? A atividade física das mais democráticas, que exige só boa vontade e tênis, sempre reuniu milhares de pessoas. Nos finais de semana, impulsionados por aplicativos esportivos como Strava, atletas se reúnem em treinos coletivos e também em eventos sociais. Com isso, crescem os endereços especializados em brunches e comidinhas, que promovem momentos saudáveis e ainda põem a galera dançar.

HM CAFÉ

Em São Paulo, o HM Café do Edifício Renata se beneficia pela proximidade do Minhocão, um dos principais pontos de corrida do Centro, e sedia esporadicamente morning parties , ou coffee parties , em sua agradável área externa. A tendência é mais antiga, registrada em lugares como Londres, Nova York e Berlim desde 2013.

THE MUSHROOM COWBOY

Em Austin, no Texas, o coletivo The Mushroom Cowboy realiza festas matinais em cafés, brunches e eventos ao ar livre aos domingos. O grupo, que também trabalha com moda, faz uma curadoria musical dançante e solar, com DJs que passam por vertentes agradáveis da disco music , do house e do techno . @themushroomcowboy

Para quem é da noite

“As pessoas cansaram dos aplicativos de relacionamento e agora estão voltando a tentar conhecer gente das maneiras mais tradicionais, indo a bares ou a casas noturnas, embora a oferta da noite tenha diminuído bastante”, aponta Andrea Janér. Se nos últimos anos as portas de muitas casas noturnas se fecharam, clubes emblemáticos continuam abertos aqui e lá fora, e o número de festas e franquias internacionais que acontecem Brasil adentro comprova: a música eletrônica continua em alta. Mas os exemplos abaixo mostram que nem tudo está igual.

ERRORR

Os irmãos gêmeos e DJs Ruback promovem a festa ERRORR (foto), que navega por diversas vertentes eletrônicas. Desde 2024, organizam eventos com no phone policy, uma experiência que começou em São Paulo e já foi repetida em outras cidades do País. @errorr_label

SIGNAL

Em Nova York, o clube Signal decretou neste ano que “a pista de dança continua sendo um dos raros espaços onde a conexão genuína ainda prospera, sem filtros. É um lugar onde o tempo é para ser vivenciado, não capturado, e onde a música é para ser sentida, não gravada. Entre, deixe-se levar e mantenha o clima agradável para todos”. Desde então, ninguém mais fez uma selfie por lá. @signalnyc

Surf trip em família

Ao lado dos filhos, o alfaiate Pedro Corulla embarcou rumo ao Peru para manter uma tradição anual: fazer uma viagem totalmente dedicada ao surf e viver momentos de muita conexão no mar

O surf é um elo muito forte entre mim e meus dois filhos: Cauli, de 37 anos, e Pedrinho, 28. Os dois cresceram dentro do mar – tenho vídeo deles pequeninos em Maresias – e, até hoje, é um ambiente que nos conecta. Temos tanta afinidade que não costumo dizer que surfo com meus filhos, mas com meus amigos.

Por isso, todos os anos, fazemos questão de embarcar em uma surf trip juntos e, recentemente, decidimos ir ao Peru para surfar uma esquerda icônica chamada Chicama – a mais longa do mundo!

É uma viagem totalmente dedicada ao esporte, pensamos no surf 24 horas por dia, todos os dias. Escolhemos nos hospedar no Chicama Boutique Hotel porque a localização é perfeita: pé na areia e em frente à famosa onda. O lugar reúne pessoas do mundo inteiro com o mesmo objetivo: pegar essa onda única e muito extensa – são cerca de três quilômetros quebrados ao longo de várias seções –, que cansa a perna. E tem um detalhe: depois que você surfa, precisa de um bote para voltar ao local de início porque a correnteza é surreal.

A rotina era muito gostosa. Você acompanha as previsões para programar as quedas. E fica ali, olhando o mar e esperando o momento de cair. Em geral, acordávamos cedo para surfar com o dia amanhecendo. As manhãs começam com uma neblina, mas logo surge aquele céu de brigadeiro. E não dá para explicar a sensação que é para um pai viver uma temporada de surf com os filhos: você passa por eles dropando a onda, os dois com os braços abertos dizendo: “Vai, pai, vai”. Só quem surfa pode entender e expressar a grandeza desse momento épico.

PAUSA PARA AQUECER

A água era de trincar os dentes de tão gelada. Então, na volta do surf, íamos para a hidro bem quente para contrapor o

A famosa onda de Chicama; Pedro com os filhos, Pedrinho (esquerda) e Cauli, na praia de Pascamayo; e o alfaiate e o primogênito, em Lima, se preparando para surfar no secret point local. Na página anterior, Cauli em ação

“Não dá para explicar a sensação que é para um pai surfar com os filhos. Só quem surfa pode entender e expressar a grandeza desse momento épico”

gelo. E o resto do dia era isso: eu e meus filhos descansando no hotel, “lagarteando” no sol para esquentar o esqueleto! Um tempo de qualidade, em que batíamos papo sobre a vida, jogávamos xadrez acompanhados de um bom vinho. E, claro, a gente passava boa parte recordando as performances do dia, enchendo aquele que tomou um caldo –os dois zombam de mim o tempo todo (risos). Sabe aquele mood Havaianas com meia e cachecol? É exatamente isso! Outro ponto gostoso foi a gastronomia. Meus filhos cozinham muito bem e gostam do tema. A comida do hotel era uma delícia, bem local, e a gente também aproveitou para provar um pouco dos sabores peruanos em outros lugares, principalmente em Lima, onde ficamos antes de Chicama. A temporada ainda rendeu uma história bacana de bastidores. Eu lesionei meu joelho antes de ir, mas não queria cancelar. E Deus é tão bom que colocou dois ortopedistas e surfistas fazendo o mesmo roteiro. Um deles é meu cliente e eles acabaram me orientando. Por isso consegui surfar. No fim, penso que não foi uma viagem, mas sim um presente.

UM SEGREDO

Uma dica imperdível é reservar alguns dias da viagem, antes ou depois de Chicama, para surfar nos arredores de Lima. Para isso, é imprescindível chamar o guia Clyde Villalobos, um peruano envolvido com o esporte há mais de 30 anos e referência no assunto. Ele nos levou a um lugar com uma onda secreta que só os locais vão – estávamos apenas nós quatro na água! Era um destino lindo e intocado, e fomos recepcionados no mar por mais de 20 golfinhos, um festival deles. Que experiência única! Tel: (51) 95622 7391

Peru

UMA DICA

A água no Peru é realmente muito gelada. Então estar com a roupa adequada, com a espessura certa, para surfar no frio, é imprescindível. Não deixe de levar uma botinha, porque, depois de uma hora no mar, o pé fica duro demais.

“Um tempo de qualidade, em que batíamos papo sobre a vida, jogávamos xadrez acompanhados de um bom vinho. No fim, penso que não foi uma viagem, mas sim um presente”

Na página anterior, cenas da rotina do trio de surfistas – do tuk-tuk em Puerto Malabrigo, ao descanso no hotel. Acima, a onda Chicama; pai e filhos no bote que leva ao outside devido à forte correnteza; e Pedro, no hotel, com vista da onda perfeita do Peru

Ser espontâneo é mais sobre construir relações profundas e sinceras do que agir sem pensar. Em um mundo com muitos DON’Ts, vale refletir sobre trazer de volta à rotina pequenos gestos de afeto

Por Isabel de Barros Arte Mona Conectada

Em uma das cenas do último filme de Almodóvar – contém spoiler –, O Quarto ao Lado, a atriz Julianne Moore cai no choro ao lado de um personal trainer na academia e se sente desamparada. Apesar de se identificar com sua angústia e de querer abraçá-la, o instrutor precisa seguir o manual de conduta do local. Proibido na cartilha, o toque poderia gerar ruído.

Simples, mas cheia de significados, a cena diz muito sobre a reflexão destas páginas. A palavra espontaneidade se refere à característica de algo que acontece de forma natural, sem planejamento, e também à originalidade e à simplicidade. Curiosamente, tudo o que buscamos alcançar nas redes sociais de um jeito nem tão orgânico assim. Mas, enquanto no mundo das telas lutamos para que isso aconteça, na vida real estamos cada vez mais cheios de regras e alertas que nos inibem constantemente.

A verdade é que o resultado de tantos DON’Ts, como o exemplificado por Almodóvar, só pode ser negativo. Pensamos tanto antes de fazer alguma coisa que, às vezes, o desejo, a empatia e até o carinho simplesmente vão embora. Para a empreendedora social Karen Kannan, pós-graduada em Inteligência Emocional pelo Instituto Albert Einstein, hoje tudo é previamente combinado, até mesmo o improviso. “Lutamos tanto pelo respeito aos espaços físico e emocional do outro, e comemoramos hoje o consentimento. Mas isso acabou condicionando a gente a planejar demais as interações.”

Não se trata de sugerir às pessoas que parem de refletir antes de falar ou agir, nem ultrapassem qualquer limite preestabelecido por alguém, mas sim de relembrar que a conexão verdadeira e real pode vir justamente daquele ímpeto.

Exemplos não faltam. Hoje, se você se lembra de alguém enquanto está lendo um livro ou andando na rua e pega o celular no impulso para ligar para essa pessoa, automaticamente pensa: “será que é melhor mandar uma mensagem antes para ver se ela pode falar?” Em outros casos, a vontade de dar um abraço afetuoso durante uma conversa com alguém pode ser substituída pelo pensamento “tudo bem eu abraçá-lo?” E, ainda, quando você pensa em gravar um áudio para uma pessoa contando aquele “causo” enorme, justamente para não perder os detalhes e o calor do momento, mas vem aquela voz na sua cabeça: “pode ser que ele não goste de áudio”.

São muitas pausas que, por si só, tiram o brilho e o tom genuíno de um desejo inicial. “A espontaneidade tem a ver com a vulnerabilidade e, hoje, temos muito medo de nos arriscarmos, de nos mostrarmos verdadeiramente para o outro, com nossas falhas e fraquezas”, diz Karen. A fala vai ao encontro do pensamento do psicanalista inglês Donald Winnicott, que dizia que o gesto espontâneo do bebê depende de um ambiente acolhedor e seguro.

Crianças em corpos adultos

O adulto também precisa se sentir confiante para simplesmente seguir sua vontade inerente. Ainda mais no mundo em que vivemos. “Estamos cada vez menos autênticos.

Isso porque a gente se comunica por meios que permitem filtro, edição, curadoria”, reflete Karen. E, assim, a espontaneidade tem virado qualidade quase extinta entre adultos. Como resultado, perde-se a autenticidade, a leveza e o afeto verdadeiro que vêm justamente daquele abraço fora de hora ou daquela ligação inesperada. E, como consequência, relações cada vez mais superficiais e descartáveis. Para a historiadora da arte brasileira radicada em Nova York, Gisela Gueiros, que lida com o público nas visitas guiadas que oferece, a presença, o interesse e a escuta ativa tornam o espontâneo possível. “Eu começo todos os meus tours falando que pode fotografar e filmar – só peço para não colocarem mensagem de áudio porque tira minha espontaneidade”, conta. “É incrível como a presença do outro é um terreno fértil para a espontaneidade brotar. Sinto que as pessoas verdadeiramente interessadas acabam sempre

“A espontaneidade tem a ver com vulnerabilidade e, hoje, temos muito medo de nos arriscarmos, de nos mostrarmos para o outro, com nossas falhas e fraquezas”

Karen Kanan, empreendedora social, pós-graduada em Inteligência Emocional

ganhando mais de mim, porque vamos a lugares mais profundos. Ao mesmo tempo, quando estou com pessoas que não querem estar ali, ou estão ao telefone, distraídas, acabo a visita exausta. Porque não teve troca”, diz. Esse modo de viver cada vez mais no individual, que é fruto da não espontaneidade, tem outros impactos importantes. Como a falta de confiança no outro, o medo constante de errar, o bloqueio da intuição e até o fim do desejo pelo intempestivo – que poderia ser tão positivo. “Quando vivemos essa nossa versão controlada não nos entregamos realmente e isso gera um efeito dominó como sociedade”, diz Karen. Gisela, como citado acima, costuma começar seus passeios artsy fazendo o exercício de se colocar aberta à espontaneidade do coletivo: ela diz que não existem perguntas bestas, permitindo que todos se sintam à vontade para interrompê-la. Um exemplo de que a busca por retomar essa qualidade precisa ser uma construção diária e de mão dupla com quem nos relacionamos. Como diz Karen: “Em um cenário global em que todo o mundo está buscando ser supereficiente e produtivo o tempo todo, a espontaneidade virou quase um ato de resistência”.

CARBONO ZERO

O BALANÇO DO MAR

Você já parou para pensar no que acontece com as redes de pesca deixadas no mar? Pois a Marulho é uma iniciativa de impacto socioambiental criada para dar uma nova finalidade a esse suposto lixo. Pelas mãos de caiçaras da região de Ilha Grande, elas se transformam em diversos produtos – bolsas, buchas, chapéus, luminárias –, que já ajudaram a salvar a vida de 1 milhão de animais marinhos. @marulhoeco

PARA SABER

DESDE ABRIL DESTE ANO, A COMPOSTAGEM SE TORNOU OBRIGATÓRIA EM NOVA YORK. MORADORES DA CIDADE PRECISAM SEPARAR SEUS RESÍDUOS ORGÂNICOS E DESCARTÁ-LOS EM LIXEIRAS MARRONS FORNECIDAS PELA PREFEITURA OU EM RECIPIENTES PRÓPRIOS.

DE OLHO NO FUTURO

Dica para seguir, refletir e colocar em prática. O @infanciasemexcesso é um movimento educativo que cuida da infância e do mundo. No perfil, dicas de leitura, oficinas e debates, sempre em prol de uma vida com mais afeto e presença ao lado dos pequenos.

TORCIDA

VEM DO JAPÃO UMA DAS PESQUISAS MAIS REVOLUCIONÁRIAS QUE ESTÃO SENDO FEITAS EM TORNO DO PLÁSTICO. COMO RESULTADO, UM TIPO DE MATERIAL QUE SE DISSOLVE NA ÁGUA SALGADA, DEIXANDO PARA TRÁS COMPONENTES QUE NÃO SÃO PREJUDICIAIS AO MEIO AMBIENTE. A VER...

DO TURISMO À CONSERVAÇÃO:

ARUBA E SEU MODELO INSPIRADOR DE ESG

Aruba , a pequena ilha no Caribe Holandês, conhecida como a Ilha da Felicidade, fica a apenas 25 quilômetros da Venezuela e integra as chamadas Ilhas ABC, junto com Bonaire e Curaçao. Disputadíssima quando o assunto é turismo, a ilha agrada tanto os que gostam de aventura, explorando trilhas ou percorrendo estradas acidentadas em um jipe, quanto os que preferem passar o dia de pernas para o ar em um resort de luxo, tentando a sorte nos cassinos. Mas Aruba é muito mais do que isso, e a Carbono Uomo esteve lá para conhecer um dos melhores programas ESG já implementados no Caribe. O país tem demonstrado um forte compromisso com o tema, como evidenciado pelo seu Relatório Anual de 2024, que destacou avanços em infraestrutura e excelência em ESG. O Programa de Acreditação de Carbono Aeroportuário (ACA) é um exemplo de como a ilha está focada em reduzir sua pegada de carbono. Uma vez em solo arubano, o diretor da Carbono , Fabio Justos, não só testemunhou esse trabalho como também participou ativamente, como

voluntário, de algumas ações implementadas, que são destaque internacionalmente, como a preservação do Parque Arikok, que foca na proteção da biodiversidade e das paisagens únicas da ilha, além de promover o ecoturismo sustentável. Os animais também são uma prioridade para as autoridades locais, e a Carbono teve a oportunidade de visitar o Donkey Sanctuary Aruba, localizado em Bringamosa. Esse santuário foi criado para acolher burros abandonados, muitos dos quais foram explorados no passado. No âmbito social, pudemos conferir a atuação da FPNC, uma organização sem fins lucrativos que funciona como um “banco de alimentos” desde 2009, atendendo mais de 350 famílias por meio do envio de cestas básicas, além de fornecer roupas, auxílio-moradia, acompanhamento escolar e médico, com a colaboração de voluntários. Aruba é um exemplo inspirador de como o turismo pode andar de mãos dadas com a sustentabilidade, mostrando que é possível harmonizar desenvolvimento econômico e responsabilidade social.

MEL DE TERROIR

Desde a infância, somos ensinados a temer as abelhas e suas ferroadas, mas raramente nos contam sobre suas diferenças, suas particularidades e sua fundamentalidade na preservação ambiental

Atualmente, existem mais de 20 mil espécies de abelhas catalogadas habitando os mais variados ecossistemas. Entre elas, aproximadamente 500 são meliponíneas (sem ferrão), sendo 300 espécies nativas do Brasil, que desempenham um papel crucial na polinização, influenciando direta ou indiretamente a produção de 80% de todos os alimentos ao redor do mundo, além de contribuir para a biodiversidade dos biomas brasileiros. Ao contrário das abelhas comuns, que se alimentam de qualquer fonte de açúcar, incluindo restos de alimentos, as nativas buscam seus nutrientes exclusivamente em flores e frutas de árvores da região.

Assim como o vinho e o café, o mel produzido por essas abelhas também é um tema de terroir, uma vez que a região onde o néctar é coletado impacta diretamente na cor, no sabor e no aroma do produto final. Considerada uma verdadeira joia na gastronomia, sua utilização se destaca em restaurantes renomados, como Evvai e Tuju, ambos com duas estrelas Michelin, em São Paulo. Entretanto, as propriedades dos meles vão além da culinária. Na medicina e na estética, seus benefícios são amplamente reconhecidos, oferecendo propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas, antifúngicas e antioxidantes.

Foi pensando nisso que a Guerlain firmou o compromisso de proteger a espécie há mais de dez anos. Seu Programa de Conservação Guerlain For Bees reúne mais de 15 parceiros e atividades globais. Além disso, iniciativas como o Women For Bees, capacitando mulheres para o empreendedorismo apícola, e o Bee School, que conscientiza a nova geração sobre a importância da proteção das abelhas, fazem parte do projeto, juntamente com a plataforma Bee Respect. As ações da marca já foram implementadas na França, Espanha, Itália, Japão, Ruanda e no final de 2024, chegaram na China. @guerlain

MUITO ALÉM DO SUCO

Os fãs da Loewe têm um motivo a mais para serem entusiastas da marca. Algumas roupas de sua mais recente coleção foram feitas com um tecido inovador, desenvolvido a partir de cascas de laranja que seriam descartadas. O material é produzido na Itália em colaboração com a Pyratex e a Orange Fiber. @loewe

SUSTENTABILIDADE

QUE INSPIRA

Carbono Uomo adora o Hotel DPNY, em Ilhabela. O estabelecimento adota práticas ESG desde antes de sua inauguração, com foco em sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança ética. Possui estação própria de tratamento de esgoto, uso de energia solar, compostagem e faz o descarte correto de resíduos. Investe na capacitação da comunidade local, apoia famílias carentes e mantém ações sociais contínuas, refletindo seu compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento da região. @dpnybeach

BRINDE ECO

Para brindar com a consciência em dia, a Telmont, maison de vinhos fundada em 1912, na França, deu mais um passo em sua missão sustentável. Depois de obter a certificação de agricultura orgânica, eliminar embalagens desnecessárias e adotar o uso de energia renovável, a marca criou uma garrafa de champanhe ultraleve, que emite menos C02 e é mais ecológica. Tim-tim! @champagnetelmont

BEM-ESTAR URBANO

A Hunter Douglas lança o Toldo Green®, primeira cobertura solar do mundo com tecido purificador de ar, desenvolvido pela Pureti, parceira da NASA. Com nanopartículas de dióxido de titânio, o tecido, ao ser exposto ao sol, transforma poluentes em ar limpo e água. A tecnologia oferece também função autolimpante e está disponível em sete cores. @hunterdouglas

Shasha/Unsplash, Studio d21, Tracy Keza, Vera Wijermars/Unsplash

PÁGINAS AMARELAS

Tendências para ficar de olho: um guia inteligente por Carbono Uomo

Eduardo Foz, fundador de um centro de zooterapia, indica outras iniciativas que lutam pelos animais

Programas para fazer em família Brasil adentro. Quem sugere é o palhaço e terapeuta da alegria Gilson Varetta

Especialistas em cerveja, Giba Tarantino e Bia Amorim recomendam bebidas e endereços para quem é fã do assunto

A arte de observar pássaros na natureza, o birdwatching, só cresce. Um apaixonado pelo tema revela os benefícios de aderir à prática

O beabá dos drones mais revolucionários da vez, por Leonardo Fontes, expert no assunto

O dj Simon Bomeisl monta uma lista de festas ao redor do mundo que vão muito além da boa música. Para dançar junto!

Dos hotéis aos museus, um compilado de novidades que têm movimentado Nova York. Afinal, a cidade que nunca dorme sempre vale uma visita! NEW YORK, NEW YORK

AGENDA Os shows e festivais que prometem movimentar o segundo semestre no Brasil ELES

Ilustração Mona Conectada

LAR DOCE LAR

Fundador do centro de zooterapia ZooFoz, o empresário e ativista Eduardo Foz indica iniciativas conceituadas em prol de diferentes espécies de animais

Apaixonado por animais há longa data, Eduardo Foz é o fundador da ZooFoz (@zoofoz), associação sem fins lucrativos inovadora, que promove a interação entre pessoas e animais com fins terapêuticos. Desde que a ideia ganhou corpo, em 2018, cães da raça border collie, rãs-touro e até uma mini-horse conhecida como Rebeca são as estrelas das sessões de terapia com crianças e jovens com necessidades especiais, realizadas em uma casa no Morumbi, em São Paulo. Sempre com o radar ligado no mundo animal, Eduardo indica a seguir endereços que têm como missão a preservação de espécies variadas. São iniciativas que dependem, vale lembrar, de doações para continuar realizando trabalhos fundamentais para o meio ambiente. Então que tal escolher uma delas para apoiar?

Os animais silvestres em situação vulnerável, vítimas de tráfico e maus-tratos, são o foco dessa iniciativa. Fundada em 2020, a organização também administra reservas privadas no Mato Grosso do Sul, em São Paulo e no Pará, sempre com o objetivo de conservar a fauna brasileira. Em alguns desses lugares, seus biólogos acolhem animais que não têm condições de voltar à natureza. @institutolibio

INSTITUTO LIBIO

Entre as iniciativas do local, gosto bastante do Projeto de Reprodução do pato mergulhão, uma das espécies aquáticas mais raras e ameaçadas do mundo – estima-se que só restem 250 deles. Já são dez anos do programa em parceria com o ICMBio, que recebeu ovos de coletas científicas de diferentes locais do Brasil. Só em 2020, conseguiram atingir o nascimento de 15 filhotes, um feito e tanto para o mergulhão. @zooparque.itatiba

INSTITUTO NEX NO EXTINCTION

Um projeto inovador dedicado às onças-pintadas – eles foram precursores na construção de um banco de dados de genética da espécie. Criado há 25 anos, o centro conservacionista abriga felinos – jaguatiricas e suçuaranas entram na lista – que sofreram danos como queimadas, tráfico e maus-tratos e hoje representam histórias de superação. @nex_noextinction

INSTITUTO ONÇA-PINTADA

Há mais de 20 anos, a organização sem fins lucrativos fundada pelos biólogos Anah Jácomo e Leandro Silveira realiza um trabalho pioneiro dedicado à preservação da onça-pintada em diferentes biomas brasileiros. São dois principais campos de atuação: pesquisa científica e conservação em ambientes naturais ou em criadouros. @instituto_onca_pintada

ZOO PARQUE ITATIBA

Ator, palhaço e terapeuta da alegria do Instituto do Coração, Gilson Varetta (@varettaoficial) sabe como ninguém a importância de fazer bons programas em família. Com a cabeça repleta de boas ideias – e o peito cheio de amor –, ele revela aqui alguns de seus lugares favoritos para se visitar ao lado de quem se gosta

São Paulo

CIRCO ESPACIAL

Um dos circos mais premiados do País celebra 40 anos com o espetáculo Spark, que emociona todas as gerações. Palhaços, mágicos, malabaristas, contorcionistas e muito mais entram em cena para garantir momentos inesquecíveis em família. @circospacialoficial

MUNDO

DAS CRIANÇAS

Esse parque público focado nas crianças tem inúmeros atrativos, que vão desde quadras esportivas até fontes de água, passando por casa na árvore e cápsula do tempo. Recomendo muito! @mundodascriancas.jundiai

PARQUE IBIRAPUERA

Por Gilson Varetta

O mundo das ciências é sempre fascinante quando estamos com crianças. E esse museu é uma viagem imperdível nesse universo – são diversas exposições interativas, com mais de 200 instalações. E ainda fica em um edifício histórico, o Palácio das Indústrias. @museucatavento

LIBERDADE

Para as crianças, andar na Liberdade é como entrar em um mundo encantado. Recomendo passear na feirinha que acontece nos finais de semana no bairro, um dos mais antigos de São Paulo, e visitar o Museu da Liberdade e o Centro Cultural da Liberdade.

A visita a um dos maiores parques urbanos do Brasil sempre rende, nem que seja apenas para caminhar, ir ao parquinho ou andar de bicicleta. Mas vale checar também as programações de seus museus e outros eventos culturais. @ibirapueraoficial

Visitar o CCBB, com sua ótima agenda cultural, é um convite para observar o Centro de São Paulo. Dá para emendar o programa com uma volta na Paulista, admirando suas construções modernistas. @ccbbsp

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
MUSEU CATAVENTO

FLORESTA DA TIJUCA

A maior floresta urbana do mundo tem trilhas e cachoeiras que rendem ótimas atividades e momentos ao ar livre. Boa dica para um dia em que o desejo seja ficar em contato com a natureza!

FORTE DUQUE DE CAXIAS

Além da linda vista do mar, esse forte faz parte da nossa história: construído na época do império, foi palco de importantes acontecimentos. De lá dá para se observarem diversos pontos da cidade, como o Cristo. Às terças-feiras, a visita é gratuita.

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

Vale ficar de olho no calendário para conferir as exposições, peças de teatro e até sessões de cinema: há sempre algo de bom a ser visto. @ccbbrj

PRAÇA DA LIBERDADE

Essa praça, um dos cartões-postais da cidade desde 1897, é ponto-chave de um roteiro cultural batizado de Circuito da Liberdade, com museus, monumentos e eventos culturais. Vá sem pressa! @pracadaliberdadebh

Rio de Janeiro

FEIRA DA GLÓRIA

Passeio delicioso aos domingos. A maior feira livre do Rio reúne artesanatos locais e comidas regionais. @feiradagloria

Belo Horizonte

PARQUE

DAS MANGABEIRAS

Com trilhas, mirantes e áreas de preservação que contemplam a Mata Atlântica e o Cerrado, esse parque é um lugar único na cidade.

MIRANTE DO MANGABEIRAS

O lugar mais gostoso para se admirar o pôr do sol de Belo Horizonte.

PARQUE MUNICIPAL AMÉRICO RENNÉ GIANNETTI

Adoro esse parque, que é um dos mais antigos da cidade e tem jardins, lago e áreas de lazer agradáveis.

Curitiba e arredores

Localizado em Ponta Grossa, esse sítio geológico nos transporta para o cenário de um filme de aventura. Tem arvorismo, trilhas e formações rochosas com milhões de anos. @parquevilavelha

PARQUE DO BARIGUI

Um refúgio delicioso na cidade para se ficar ao ar livre e observar a vida local. Eventos esportivos estão sempre acontecendo e há um parque de diversões. @parquebarigui

PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA

ARTE LÍQUIDA E PLURAL

Grandes entendedores e apreciadores de cervejas artesanais, Giba Tarantino e Bia Amorim indicam variedades para degustação, lugares para apreciá-las e até um livro que desperta nossa sensibilidade

“A cerveja tem o dom de reunir mundos. Ela pode nascer no tanque de um galpão grafitado na Zona Norte de São Paulo, cercada de música e amigos, ou atravessar oceanos em garrafas com leveduras que desafiam o tempo e os séculos europeus. É líquida, é plural. Une o paladar e o pensamento”, acredita Giba Tarantino. Presidente da Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal), ele fala com a

propriedade de quem começou importando rótulos icônicos quando nossas referências vinham de fora, ainda no início da revolução artesanal brasileira, e hoje tem sua própria fábrica, a Tarantino.

Para esta curadoria, Giba convidou Bia Amorim, sommelier de cervejas, escritora e pesquisadora, que enxerga a cerveja como uma linguagem sensorial e simbólica.

AS ESCOLHAS DO GIBA

Estilo: American IPA | ABV: 6,2%

A história da criação dessa cerveja é quase uma anedota cervejeira. A receita, inspirada na clássica e fácil de beber Punk IPA da Brewdog, teve seus próprios causos brasileiros e foi criada pelo famoso cervejeiro norte-americano Doug Odell. Ela representa o espírito colaborativo da cena artesanal e é a flagship da Tarantino. @tarantinocervejaria

Estilo: Juicy IPA | ABV: 7%

Uma das Juicy IPAs mais emblemáticas do País, com corpo aveludado e aromas tropicais, e muito saborosa. Estilo norte-americano recente, também conhecido como Hazy ou New England IPA, esta é a referência e o carro-chefe da Trilha, que se tornou símbolo de criatividade e consistência. @trilhacervejaria

Estilo: Gose sem álcool | ABV: 0%

Premiada com o ouro na World Beer Cup recentemente, essa Gose feita em Campinas por Davi Figueira mostra que cerveja sem álcool também pode ser ousada e famosa! Com toque salgado e fruta evidente, entrega sabor, leveza e diversão sem comprometer a moderação. A IPA deles é outra que vale a pena provar. @sim.cerveja

PARA APRENDER

Quem gosta do assunto pode fazer um curso de sommelier de cerveja. Há opções em todo o Brasil, de Norte a Sul, em diferentes escolas especializadas. Aprende-se muito sobre a bebida, como degustar, estilos e a cultura por trás dela, que nos ajuda a fazer melhores escolhas.

MIRACLE IPA – CERVEJARIA TARANTINO
MELONRISE – TRILHA CERVEJARIA
GOSE COM MELANCIA – SIM! CERVEJA 0%
Fotos Gonzalo Cuellar, Hugo Battaglion e divulgação

AS ESCOLHAS DA BIA

KAPIBARA – JAPAS CERVEJARIA

Estilo: Gose com melancia e gengibre | ABV: 4,4%

Quase uma irmã da escolha do Giba, mas com álcool leve. A Gose aqui brinca com o equilíbrio entre fruta, sal e o toque picante do gengibre. A Japas é uma cervejaria cigana com forte identidade visual e cultural e sabores sempre muito bem resolvidos. @japascervejaria

DUCHESSE DE BOURGOGNE – VERHAEGHE

Estilo: Flanders Red Ale | ABV: 6,5%

Cerveja complexa, ácida, maturada em barris de madeira, que traz um misto de doce e azedo, uma nota de balsâmico, e complexidade em camadas. É feita por uma cervejaria familiar na cidade de Vichte, Bélgica. Não é amor à primeira vista para todos, mas, com queijo de cabra, lascas de presunto cru ou uma fatia generosa de cheesecake, ela se revela. Um clássico que ensina o tempo da cerveja. @duchessedebourgognebeer

CORONA CERO – CORONA

Estilo: Lager sem álcool | ABV: 0,5%

Segue a tendência global das bebidas com baixo teor alcoólico. Leve, refrescante e amplamente distribuída, é uma porta de entrada para novos públicos e estilos de consumo mais conscientes. Tradição e futuro em uma só garrafa. @corona

PARA LER

Para a dupla, o livro Sob o Sol-jaguar , de Italo Calvino, ajuda a exercitar nosso sensorial a partir de três histórias diferentes. “Uma obra tão pequenina, mas que nos fala tanto dos prazeres dessas descobertas”, contam.

NO COPO

Três endereços onde se podem beber boas cervejas em São Paulo

LET’S BEER

Com uma ótima seleção de cervejas artesanais nacionais e importadas e um olhar atento para as novidades, o bar é uma boa pedida. Para acompanhar, pratos preparados em uma parrilla argentina e harmonizados com as bebidas. @letsbeer

EAP (EMPÓRIO ALTO DOS PINHEIROS)

São cerca de 600 rótulos de cerveja e 44 chopes nesse mix de bar e empório. Um espaço aconchegante e adorado (muitos lançamentos de cervejas acontecem por lá) pelos entusiastas de cervejas de qualidade. @eapsp

CASA LÚPULO

A proposta desse minibar é inusitada: combinar tarot e cerveja artesanal. Sem espaço para conservadores, tem seis torneiras de chope e rótulos artesanais e costuma reunir, nas palavras deles, amantes de literatura, cerveja e cachorros. @casalupulosp

OLHA PRO CÉU, MEU AMOR

Em tempos cada vez mais frenéticos, praticar a observação de aves oferece um respiro bem-vindo na natureza. Apaixonado pelo tema, o revisor Paulo Vinicio indica lugares para entrar na onda das passarinhadas

Na próxima vez que estiver buscando uma pausa na natureza, que tal trocar as telas do celular pelo céu? A ideia é aderir à atividade de observação de aves, mais conhecida como birdwatching, que tem crescido exponencialmente no Brasil. Afinal, nosso país é considerado um paraíso pelos praticantes: abriga cerca de 18% das espécies do planeta.

Além de relaxante, a prática incentiva a preservação ambiental e um turismo mais consciente e conectado com o mundo atual. A boa notícia é que não é preciso ir longe

A 50 km de distância da capital paulista, a região é cercada pela Mata Atlântica – um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo – e possui cerca de 450 espécies de aves registradas, entre elas o tiê-sangue e o urutau, além de pássaros ameaçados de extinção, caso da araponga e da choquinha-pequena. Todo mês, o biólogo e ornitólogo Miguel Magro realiza uma “passarinhada” de ativismo, em que é possível observar, em média, 100 espécies diferentes e também mamíferos e insetos raros. @miguelmagro

– uma praça, um parque e até um quintal servem –, nem tampouco possuir equipamentos sofisticadíssimos: com um binóculo simples, olhos e ouvidos atentos já é possível começar a “passarinhar”.

Para inspirar, listo abaixo alguns hotspots frequentados por biólogos, ornitólogos e meros admiradores do tema em busca de espécies endêmicas, migratórias e, muitas vezes, raras. Passarinhar é uma forma única de desacelerar e se encantar com a vida a nossa volta. Vamos nessa?

A cidadezinha no interior de São Paulo é o cenário da Fazenda Patizal, propriedade que abriga uma reserva natural privada e um importante projeto de preservação da Mata Atlântica. Imerso no verde, o local promove encontros mensais para observar aves, como a suindara (coruja-branca), o matracão, o chocão-carijó, o mergulhão-pequeno, além de mamíferos, como a ariranha. Funciona como hospedagem e no sistema de day use. @patizal_birdwatching

VILA DE PARANAPIACABA – SÃO CAETANO DO SUL
SANTA BRANCA – SÃO PAULO
Chifre-de-ouro
Tangará
Tesoura-do-brejo
Gavião-pomba

Cercada por uma cadeia de montanhas da Serra do Mar, essa cidade paranaense rende aventuras emocionantes para os passarinheiros. O acesso pode ser feito pela bucólica Estrada da Graciosa – que já é um passeio em si. Uma vez lá, vale acompanhar o ornitólogo Luciano Breves, um profundo conhecedor dessa rica avifauna, em caminhadas que revelam aves raras, caso do bicudinho-do-brejo, da saíra-sapucaia (endêmica da Mata Atlântica litorânea) e da maria-catarinense – espécies bastante ameaçadas. @lucianoamaralbreves

DELFIM MOREIRA – MINAS GERAIS

Encravado na Serra da Mantiqueira, o destino é marcado pela Mata Atlântica com florestas de altitude. Ou seja, sua beleza natural é riquíssima e aves não faltam para admirar. Espécies endêmicas e raras, como o pinto-do-mato e a tovaca-de-rabo-vermelho, além de uma infinidade de beija-flores, costumam aparecer nos passeios liderados pelo biólogo e ornitólogo Silvander Mendes. @silvandermendes

SÃO PAULO

Não é preciso se afastar de São Paulo para fazer uma imersão na natureza. No extremo Sul da cidade, nas regiões de Parelheiros e do Grajaú, estão os Parques Naturais Municipais Itaim, Jaceguava, Varginha e Bororé [estes dois últimos às margens da represa Billings], que abrigam biomas de Mata Atlântica e Cerrado, além de ambientes alagados. Em suas trilhas – leves e autoguiadas –, você pode encontrar uma infinidade de espécies, incluindo o gavião-pega-macaco, objeto de desejo dos amantes da avifauna.

CHAPADA DOS VEADEIROS – GOIÁS

Não são apenas os entusiastas de trilhas e cachoeiras que se apaixonam pela Chapada dos Veadeiros. O bioma do destino é o Cerrado, conhecido pela riquíssima biodiversidade, tornando o local um verdadeiro santuário para observação de aves. Aqui, a dica são os passeios promovidos pelo especialista Marcelo Lisita, que revelam surpresas como o ameaçado pato-mergulhão, o encantador chifre-de-ouro, o delicado galito, o colorido araçari-castanho, entre outras preciosidades. @birdingoias

O GRANDE DIA

Você sabia que existe um dia em que observadores de aves do mundo todo se reúnem para registrar o maior número de espécies possível em 24 horas? É o Global Big Day, evento mundial criado pelo Cornell Lab of Ornithology, uma unidade da Universidade de Cornell, Nova York, dedicada ao estudo das aves e de outros animais selvagens. A ação, que acontece anualmente no mês de maio, em comemoração ao Dia Mundial das Aves Migratórias, leva milhares de pessoas para parques, reservas, matas e afins. Na edição deste ano, o Brasil registrou 1.245 espécies, ficando na terceira posição global em diversidade, atrás apenas da Colômbia (1.563) e do Peru (1.402).

ANTONINA – PARANÁ
Pinto-do-mato
Surucuá-variado
Araçari-castanho
Tiê-sangue

LÁ DO ALTO

Especialista em drones e fundador da Droneland Brasil, Leonardo Fontes indica os modelos mais revolucionários da vez

O mercado de drones vive uma evolução acelerada, com modelos cada vez mais inteligentes, versáteis e acessíveis. Seja para uso recreativo, profissional ou industrial, os drones têm se tornado ferramentas indispensáveis em diversas áreas – da produção audiovisual à agricultura de precisão, da segurança à mobilidade urbana.

Ao pensarmos em tendências, acredito que o futuro deles esteja na automatização de tarefas, no uso de inteligência artificial para decisões em tempo real e na integração com outras tecnologias, como sensores LIDAR e softwares de análise. Ao mesmo tempo, cresce o público amador e criativo, impulsionando o mercado de drones compactos e acessíveis com qualidade profissional.

Pensando nesse mix, selecionei a seguir o que há de mais atual e promissor nesse universo voador: são oito modelos incríveis e disponíveis na loja Droneland Brasil (@dronelandbrasil).

O novo conceito de drone dobrável com tela embutida. Ideal para iniciantes e para quem busca praticidade máxima, pois traz controle integrado, voo assistido e excelente qualidade de vídeo. O design é moderno e funcional.

A nova aposta da marca DJI para voos imersivos com o Goggles N3. Combina diversão, interatividade e tecnologia de rastreamento de movimentos em um pacote acessível e inovador.

DJI FLIP
DJI NEO

DJI AVATA 2

Para quem busca adrenalina e imagens em primeira pessoa. Esse modelo une imersão, velocidade e qualidade de imagem e é ideal para gravações dinâmicas e cenas de ação. Com ele, uma nova linguagem visual ganha espaço.

DJI MATRICE 4T

A nova referência em missões táticas e operacionais. Com zoom híbrido de até 112 X, câmera térmica de alta definição e transmissão robusta, é a escolha indicada para segurança pública, busca, salvamento e inspeções críticas.

AIR 3S

O queridinho dos criadores de conteúdo apresenta o equilíbrio perfeito entre portabilidade e potência. Tem sensores duplos, câmera tele e wide de qualidade cinematográfica e autonomia surpreendente.

DJI MINI 3

Uma excelente porta de entrada no mundo dos drones. Fácil de pilotar, leve e com ótima autonomia, é indicado tanto para quem está começando quanto para criadores que buscam um equipamento confiável, com ótimo custo-benefício.

DJI MATRICE 350 RTK

Um verdadeiro titã da categoria industrial. Indicado para missões de mapeamento, inspeções e segurança, traz tecnologia RTK de alta precisão, câmeras intercambiáveis e resistência a condições extremas. Perfeito para operações exigentes.

DJI MINI 4 PRO

Compacto, leve e incrivelmente poderoso. Com sensores omnidirecionais, gravação 4K a 60 fps e rastreamento inteligente, é o drone perfeito para quem quer portabilidade sem abrir mão da tecnologia de ponta.

DJI

Embarque em uma volta ao mundo com o DJ Simon Bomeisl em busca de pistas onde a noite ganha vida

Por Simon Bomeisl

Amante da música eletrônica, Simon (@sbomeisl), também integrante do coletivo Bayetë, está sempre em busca de experiências que vão além do som para conectar pessoas, clima e cenário de forma única. E, desde 2016, o francês atua como DJ em diferentes contextos – de clubes a festivais – e locais.

Com tamanha bagagem, ele tem na ponta da língua a definição de uma festa memorável: “São lugares onde a música encontra identidade, pertencimento e celebração”. Para nossa sorte, Simon reúne a seguir os eventos que capturam essa essência no Brasil e no mundo, cada um com sua particularidade, formando uma rota afetiva de trocas e descobertas. “São pistas que dançam em sintonia com o entorno e deixam memórias gravadas em quem se permite viver a experiência por inteiro.” Impossível ler e não querer participar!

MOGA FESTIVAL – ESSAOUIRA, MARROCOS

Realizado em uma antiga usina elétrica, esse evento é um dos principais festivais boutique da Europa. Com uma programação que vai do indie ao eletrônico, arte contemporânea e gastronomia, oferece uma verdadeira imersão cultural no verão finlandês. @flowfestivalhelsinki

Realizado entre muralhas históricas e a brisa do Atlântico, o MOGA combina música eletrônica e herança cultural marroquina de forma única. O evento reúne artistas locais e internacionais em experiências que mesclam tradição marroquina, como a música Gnawa, com sonoridades eletrônicas e expressões artísticas diversas. Tradição e modernidade lado a lado e uma vibe única à beira-mar. @mogafestival

FLOW FESTIVAL – HELSINKI, FINLÂNDIA
@SBOMEISL | @BAYETE_FR

DOMPLY – RIO DE JANEIRO, BRASIL

Mais que uma festa, é uma celebração da música em pontos cariocas inusitados, como a mata de Laranjeiras, prédios históricos do Centro e a Vila Alexandrino, em Santa Teresa. Com uma curadoria musical refinada e atmosfera intimista, cada edição oferece uma experiência única, unindo música e arte ao ocupar novos espaços. As sonoridades passeiam por disco, música brasileira, reggae e eletrônica e celebram o rico legado musical do Rio de Janeiro. @domply

SUNDAY SUNDAY – CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO

Desde 2015, a Sunday Sunday vem redefinindo as tardes de domingo na Cidade do México. Como não é permitida a entrada com celulares, é preciso imaginar o visual: a festa acontece no rooftop de um prédio industrial, com vistas incríveis do pôr do sol e uma atmosfera acolhedora, que foge do clima dos clubes tradicionais. À medida que a noite cai, luzes verdes tomam conta do espaço, criando uma energia única. É domingo, mas ninguém quer ir embora. @sundaysundaymx

MAREH MUSIC FESTIVAL – BRASIL

O Mareh vai além de uma festa: é uma jornada. Em cenários paradisíacos do litoral do Nordeste brasileiro, como Boipeba ou o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, a música acompanha o nascer do sol, o som das marés e o ritmo do vento. A sensação é de total imersão – na natureza, no som e no coletivo. @marehmusic

LA PRAIRIE DU CANAL – PARIS, FRANÇA

Nos arredores de Paris, a La Prairie du Canal transforma uma fazenda urbana em uma pista de dança open-air, unindo música eletrônica, sustentabilidade e cultura local. O espaço é gerido pela associação La SAUGE, que promove a agricultura urbana como prática educativa e coletiva. Em meio a hortas, galinhas e estruturas ecológicas, o local recebe eventos ao ar livre durante os fins de semana, de abril a setembro. Celulares são proibidos! @prairieducanal

Laying

Isabelle Antena, Mark Kamins

Détends-toi

Stellla, Ed Longo

Adventures

Consentimento

Digital

Go

Não é todo dia que uma cidade completa quatro séculos de história. E, em 2025, Nova York – ícone urbano que mistura arte, ritmo e reinvenção – celebra seus 400 anos com tudo o que tem direito. Desde que foi fundada por colonos neerlandeses, em 1624/1625, como um humilde posto de comércio, a cidade evoluiu para se tornar uma das metrópoles mais influentes do planeta – e a mais populosa dos EUA. Para marcar a data, a Big Apple se enche de novas atrações, eventos e experiências que reforçam seu DNA plural, criativo e sempre à frente do tempo. Confira as novidades favoritas de Carbono Uomo. @nyctourism

Quer ver Nova York de um jeito nunca antes imaginado? Vá até o Top of the Rock, no 70º andar do Rockefeller Center, e suba no novíssimo Skylift – uma plataforma de vidro que se eleva suavemente acima do deck de observação. Durante cerca de quatro minutos, você estará a 274 metros de altura, com uma vista espetacular de 360 graus, totalmente desobstruída. Parece cena de filme. É emoção pura e garantia de memórias visuais inesquecíveis de Manhattan. @rockefellercenter | @topoftherocknyc Páginas

Assistir a um musical da Broadway é uma experiência que todo visitante precisa viver. E, agora, ficou ainda melhor – e mais inclusivo. O GalaPro é um aplicativo gratuito que oferece tradução e transcrição em tempo real dos espetáculos, direto no seu celular. A ferramenta é discreta, aceita em todos os teatros da Broadway e já oferece suporte em idiomas como português, espanhol, francês e japonês. Ideal para turistas ou para quem tem deficiência auditiva. Uma revolução silenciosa, mas poderosa. @bwaycollection | +broadwaycollection.com

APP GALAPRO
SKYLIFT

Recém-inaugurado no coração de Midtown Manhattan, o Tempo by Hilton Times Square é o primeiro hotel da nova marca de lifestyle do grupo Hilton, destinada a viajantes modernos. Localizado em um dos melhores pontos da cidade, no arranha-céu TSX Broadway, os quartos se debruçam (silenciosamente) sobre a esquina mais movimentada de NYC. A vista, pra lá de privilegiada, é emoldurada por design e mobiliário modernos. Com um suntuoso sky lobby bar & lounge, e quartos pensados para o conforto urbano, é o tipo de hotel que faz a estadia virar parte da viagem. Ideal para quem quer curtir Nova York com estilo na medida certa. @tempotimessquare

FRICK COLLECTION

Depois de vários anos de reforma – estimada em US$ 220 milhões – e aprimoramento de seu casarão icônico na Quinta Avenida, a Frick Collection foi reaberta ao público em abril deste ano. A importante instituição cultural teve suas galerias históricas restauradas e também foi criado um conjunto de salas no segundo andar da casa original da família Frick, permitindo aos visitantes conhecerem esses recintos pela primeira vez. A temporada inaugural conta com uma série de instalações e programas especiais, como festivais de música e uma exposição rara de desenhos de ícones das artes, como Degas, Goya, Ingres, Rubens e Whistler, raramente exibidos devido à sensibilidade à luz. @frickcollection

STONEWALL NATIONAL MONUMENT VISITOR CENTER

Outro espaço recém-inaugurado em Nova York é o Stonewall National Monument Visitor Center, em West Village, Manhattan. Aberto em 2024 e dedicado à história da comunidade LGBTQIAPN+, é o primeiro centro de visitantes a integrar o sistema de parques nacionais estadunidense, homenageando e explorando a história da Revolta de Stonewall de 1969. O espaço fica ao lado do histórico bar Stonewall Inn, onde um grupo da comunidade resistiu a uma batida policial, marcando o início de um movimento na luta por seus direitos. @stonewallvisctr

TEMPO BY HILTON TIMES SQUARE
Páginas

PARA EMBARCAR

O segundo semestre chegou com uma sucessão de shows e festivais incríveis já confirmados nas mais diversas cidades brasileiras. A seguir, um mapa do que acontece de mais importante, para você se programar

SETEMBRO

THE TOWN – SÃO PAULO

Green Day, Lauryn Hill e Iggy Pop são alguns dos nomes que se apresentarão nesse festival. Entre 6 e 14 de setembro, no Autódromo de Interlagos.

AMAZÔNIA PARA

SEMPRE – BELÉM

Os idealizadores do The Town e do Rock in Rio se juntam nesse festival em prol da floresta. Gabi

Amarantos, Ivete Sangalo, Mariah Carey e Joelma já estão confirmadas. Dias 17 e 20 de setembro, no Estádio Olímpico do Pará.

KENDRICK LAMAR – SÃO PAULO

O único show do rapper no Brasil acontece no Allianz Parque, no dia 30.

KATE PERRY – CURITIBA E BRASÍLIA

A cantora estadunidense faz dois shows no Brasil: dia 16, na Ligga Arena, em Curitiba, e dia 19, no Mané Garrincha, em Brasília.

Nomes de peso da música brasileira se reúnem nesse festival no Jockey Club carioca, nos dias 27 e 28 de setembro. Haverá Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Nelson Motta, Marisa Monte, Martinho da Vila, Alcione e muito mais.

EPICA – TURNÊ

Uma das maiores bandas de metal sinfônico do mundo, se apresenta de 6 a 14.

OUTUBRO

TOMORROWLAND – ITU

Alok, Vintage Culture, Armin van Buuren e outros nomes movimentam o maior festival de música eletrônica do mundo. De 10 a 12 de outubro, no Parque Maeda.

IMAGINE DRAGONS – BH, BRASÍLIA E SP

O pop rock da banda estadunidense promete lotar os estádios do Mineirão (dia 26), Mané Garrincha (dia 29) e Morumbi (31 de outubro e 1o de novembro).

NOVEMBRO

AFROPUNK – SALVADOR

O final de semana dos dias 8 e 9 será dedicado à música negra. Liniker, Baiana System e Péricles já estão confirmados no Parque das Exposições.

OASIS – SÃO PAULO

A turnê que marca o retorno da banda britânica terá dois shows no Estádio do Morumbi – dias 22 e 23 de novembro.

DUA LIPA – SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO

Os fãs da cantora já garantiram seus ingressos para os dois shows em solo nacional: no Estádio Morumbi no dia 15, e Engenhão, no dia 22.

DEZEMBRO

NAVIO TEMPO-REI – SANTOS

A icônica turnê de despedida de Gilberto Gil ganhará uma versão al mare, em um navio que parte do porto de Santos no dia 1o de dezembro. Além do cantor, a lista de convidados tem Nando Reis, Paralamas e Elba Ramalho.

DOCE MARAVILHA – RIO DE JANEIRO

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