Carbono Uomo #20

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CARBONO uomo

GABRIEL LEONE Estrelando em Hollywood, recém-casado e intérprete de Ayrton Senna nas telinhas, o ator vive sua mais plena ascensão

MOTOR PARA TODOS De ofcinas de restauração de carros antigos à descoberta de uma gasolina sintética UVA A cena quente do vinho nacional

LITERATURA ANTIRRACISTA Uma seleção de escritores contemporâneos que abordam a história e a cultura negras

VIAGEM Córsega a bordo de uma van e os melhores pontos de mergulho no Egito PÁGINAS AMARELAS Culinária mexicana, jardinagem japonesa, spas médicos e outras tendências para fcar de olho

Nº 20R$ 35,00 CARBONO Nº 20

QUANTOS ANOS LEVAM PARA CONSTRUIR SUA RIMOWA?

Poderíamos dizer que são necessários todos os nossos 126 anos de história.

Além, dos muitos anos de experiência da nossa equipe de engenharia alemã, concretizada pelos nossos artesãos sob a filosofia do Ingenieurskunst: a arte da engenharia.

Na verdade, isso é apenas o começo da jornada.

Porque quando uma mala deixa a nossa fábrica, ela continua em transformação – por você. Sendo construída por suas viagens juntas, através de cada arranhão, colisão, adesivo e até mesmo reparo, graças à nossa Garantia Vitalícia.

O único limite de quanto tempo leva para construir sua mala é até onde você deseja ir.

PROJETADA PARA A VIDA.

Visite rimowa.com/br/pt/information-faq Política Garantia Vitalícia.

Mais de 400 destinos pelo mundo, incluíndo: Europa, Caribe, Alasca e Ásia. Frota premiada de 19 navios. Saídas disponíveis até 2026.

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Oceanwalk Speedway Indulge Outdoor Lounge The Haven Sundeck Infinity Beach The Rush

Arte como parte do cotidiano.

Ornare, reconhecida marca internacional de mobiliário sob medida de alto padrão, aprofunda sua conexão com o mundo das artes com um projeto ousado: "Art All Around". Em parceria com a especialista em arte Marina Conde, as fagships da marca em Milão e São Paulo, foram transformadas em vibrantes galerias, onde a arte e o design caminham juntos e proporcionam uma experiência única para clientes e visitantes.

Ornare sempre teve uma história intimamente ligada ao mundo da arte. Ao longo dos seus 37 anos, a marca tem participado e organizado diversas iniciativas, mas com "Art All Around" essa relação alcança um novo patamar. O projeto reúne diversas obras de artistas brasileiros e internacionais, transformando os showrooms não apenas em um espaço de exibição de mobiliário, mas palco para a diversidade e a criatividade artística contemporânea.

Lançamento internacional e expansão. "Art All Around" fez sua estreia na fagship store da Ornare em Milão, na Itália, inaugurada em abril deste ano durante a Semana de Design. O evento marcou o início de uma jornada que levará o projeto a outros showrooms da marca no Brasil, Estados Unidos e Dubai. Esther Schatan, sócia-fundadora da Ornare, destaca: “Art All Around" não é apenas uma exposição; é um convite à imersão, um convite para explorar a interseção entre o nosso design e a arte contemporânea. Através dessa iniciativa, a Ornare transforma seus espaços em experiências vivas e pulsantes, onde cada visitante é convidado a apreciar, refetir e se inspirar”.

Visite os showrooms e conheça as obras de arte que estarão em exposição na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1101, e em Milão, na Via Manzoni, 30.

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Gota de Mar

Era água corrente.

Gota de chuva, de rio, de riacho.

Desaguou na lagoa.

Diacho!

“Aqui é de boa.

Eu acho…”

Disse a água parada.

Mas a gota queria ser mar.

Viu o menino entrando no lago.

“É a minha chance!”

Pensou, faceira.

Fitou de relance.

E nadou ligeira.

“Até que eu alcance...

Aquela beira.”

E lá chegou.

Gota guerreira.

Grudou no pé do guri.

“Vai, me leva daqui.

É para a praia que eu quero ir!”

Porém, naquele dia

O garoto não queria surfe.

Nem mergulho, nem anzol.

Não queria prata, não queria ouro.

Estava pra bronze.

Foi fritar no Sol.

A gota, asfixiada, se agarrava.

Mas ao calor não resistiu.

Virou vapor.

E lá do céu a outrora gota chorou.

Lacrimou tanto que deu temporal.

Um aguaceiro no litoral.

E da nuvem escura

A agora gota pulou.

O salto da cura

Que tanto sonhou.

“Seria loucura?”

Elucubrou.

“Mas a essa altura...” Assimilou.

Chuá Chuá Tchibum!

Do cotidiano Cartesiano

A um plano

Deveras mundano.

Do desengano

Ao tão soberano.

A gota se fez.

Se fez oceano.

Mesmo se o mundo te magoa

Ou quando trata de te alegrar.

Existir é lagoa.

Viver é alto-mar.

Lili Carneiro Publisher

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REDAÇÃO EDITORA CARBONO

PUBLISHER

Lili Carneiro lili@editoracarbono.com.br

DIRETOR EXECUTIVO E DE LIFESTYLE Fábio Justos fabio.justos@editoracarbono.com.br

DIRETORA DE ARTE

Mona Conectada

EDITORA CONVIDADA

Adriana Nazarian

PRODUÇÃO

Bianca Nunes revistas@editoracarbono.com.br

REVISÃO

Paulo Vinicio de Brito

TRATAMENTO DE IMAGENS

Cláudia Fidelis

COMERCIAL E BACK OFFICE

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO E NEGÓCIOS publicidade@editoracarbono.com.br

EXECUTIVA DE CONTAS

Simone Puglisi comercial@editoracarbono.com.br

FINANCEIRO

Valquiria Vilela financeiro@editoracarbono.com.br

ADMINISTRATIVO atendimento@editoracarbono.com.br

COLABORADORES

André Passos

Artur Tavares

Bel Diniz

Bruno Geraldi

Bruno Werneck

Carlos Henrique de Souza

Carlos Macedo

Catarina Ribeiro

César Dutra

Cintia Oliveira

Enrique Díaz

Fabiana Kocubey

Fernando Pedroso

Fernando Satt

Flávio Teperman

Giancarlo Zorzin

Ike Levy

Isabel de Barros

Izabella Camara

João Bertholini

Jorge Bispo

Julie Montgomery

Leo Feltran

Livia Ribeiro

Luisa Alcantara e Silva

Manuela Stelzer

Marcelo Fernandes

Marcelo Tripoli

Mariana Marinho

Mario Mele

Mônica Ramalho

Nani Rodrigues

Natália Albertoni

Nubra Fasari

Pablo Caldeira

Pedro Arieta

Pedro Dimitrow

Rafael Martins

CONCEPÇÃO EDITORIAL

FOTOGRAFIA André Passos

Rafael Tonon

Rebeca Martinez

Renato Calixto

Renato Parada

Rodolfo Regini

Rodrigo Bernardo

Rodrigo Mora

Rogério Albuquerque

Studio Tertúlia

Tati Frasson

Thiago Ferraz

Tuca Reinés

Victor Affaro

Victor Schwaner

Wilkie B.

EDITORA CARBONO

Av. Rebouças, 3575

Jardim Paulistano

05401-400, São Paulo, SP

CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Stilgraf

CIRCULAÇÃO

Nacional

DISTRIBUIÇÃO, BANCAS E MAILING

Black and White, Dinap e SMLog distribuicao@editoracarbono.com.br

EDIÇÃO DE MODA Thiago Ferraz

GROOMING

Rodrigo Bernardo

GABRIEL LEONE USA

Louis Vuitton, Tiffany & Co. e Rolex

AGRADECIMENTO

Galeria Idea!Zarvos

Carbono Uomo é uma publicação da Editora Carbono | CNPJ 46.719.006/0001-14

A Editora Carbono não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome de Carbono Uomo ou retirar qualquer tipo de material para produção de editorial caso não tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por um integrante que conste do expediente.

20 • CAPA
@CARBONOEDITORA
Expediente

VIAGENS

102. Córsega — 106. Portugal

112. Egito — 118. Lapônia

A SEGUIR:

32. CURTAS

Radar ligado

40. MEU BAIRRO

Renato Calixto

44. ENTREVISTA I

Amit Goswami

48. MEU ESTILO I

Guilherme Haji

50. LIVROS

Enrique Díaz

54. PERFIL

Gabriel Leone

70. MINDS I Mestre Ivamar

72. MEU ESTILO II

Iquinho Facchini

74. ENTREVISTA II

Alberto Lenz e Aref Farkouh

78. MÚSICA

Arthur Endo

80. MINDS II

Daniel Gorin

82. CARROS

Oficinas de restauração

86. LITERATURA

Antirracismo • Nº 20 •

88. ECONOMIA

Vinhos nacionais

92. MOTOR Gasolina sintética

94. MINDS III

João Mellão e Marcos Amaro

96. COMPORTAMENTO Grandes famílias

120. NEGÓCIOS

Inovação digital

122. PENSATA

Pressão masculina

124. CARBONO ZERO

Um panorama sustentável

131. PÁGINAS AMARELAS

Guia de tendências Carbono

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CURTAS

Confira as boas-novas da estação: moda, música, gastronomia, arte, turismo e outras opções de compras inteligentes

MAXIMALISTA

Uma campanha icônica comemora um aniversário especial: o da caneta mais famosa do mundo! A Meisterstück, da Montblanc, que completa 100 anos. Seu nome, que vem do alemão e significa obra-prima, já diz muito. Considerado o instrumento de escrita mais emblemático do século, Meisterstück recebeu de presente um comercial escrito e dirigido por Wes Anderson, que também atua no filme (foto acima), ao lado dos atores Rupert Friend e Jason Schwartzman. O curta é superfun e tem a estética excêntrica já conhecida de Wes Anderson, que, aliás, pode ser vista também no modelo desenhado pelo próprio para a Montblanc, o Wes Anderson The Schreiberling 1969, com tiragem limitada a 1969 unidades (ano de nascimento do cineasta). Como o filme nos lembra, há uma alegria inegável no ato de escrever. Se for com uma Montblanc, então, torna-se um ato a ser reverenciado. @montblanc

SPOTIFY

Emocionante a nova música de Halsey, cantora estadunidense com quatro prêmios Billboard e duas indicações ao Grammy. O single The End fala do processo que ela enfrenta contra uma doença autoimune. “If you knew it was the end of the world, would you like to stay a while?” @iamhalsey

PERFECTION IS NOT NEEDED WHEN YOU ARE EXPRESSING YOUR TRUTH YUMI SAKUGAWA

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CURTAS
Carbono Uomo

COM SABOR, COM AMOR

Junho foi o mês oficial dos apaixonados de plantão e a Le Creuset bem sabe que cozinhar a dois pode ser um momento mais do que especial. Pensando nisso, a marca lançou duas cores, navy e rhone, para suas peças. Tome nota: com detalhes metálicos e acabamento fosco, o tom de azul só poderá ser encontrado no e-commerce @lecreusetbrasil.

FELIZES PARA SEMPRE

O que seria das viagens não fossem as lembranças que trazemos delas? A nova campanha da Rimowa, batizada de Engineered for Life, flerta um pouco com essa ideia e caiu nas nossas graças desde que foi lançada. Isso porque a ideia é mostrar o trajeto das bagagens desde sua histórica fábrica em Cologne, quando passam pelas mãos experientes dos artesãos da maison, até os viajantes. Por serem itens de extrema qualidade são também peças que os acompanham nas suas mais diversas jornadas, colecionando amassados, arranhões e adesivos, além das melhores histórias e lembranças. Mais do que malas, são companheiras para toda a vida. @rimowa

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| Carbono Uomo
CURTAS

HORÓSCOPO

O designer de joias Ara Vartanian se uniu ao Estúdio Orth, escritório de design de mobiliário e interiores de Sebastien Orth, e, juntos, desenvolveram o escapulário Talismã. A peça, que homenageia os quatro elementos, carrega miçangas de ônix e pingentes de diamante, esmeralda, turmalina paraíba e rubelita. Na parte de trás, uma plaquinha de ouro com os signos do zodíaco. Charmoso! @ara_vartanian

TEM QUE IR

Lembra do Barouche, o bar que movimentava o Largo do Arouche há alguns anos? Pois eis que ele voltou, agora em um simpático ponto da Vila Madalena (vizinho do Shihoma) e com um formato que mistura drinques, comidinhas e bons livros. Embalado por uma trilha sonora que aposta no melhor do jazz, o espaço é daqueles feitos para se aproveitar sem pressa, enquanto se compartilham boas conversas e, claro, as delícias do enxuto, porém certeiro cardápio criado pelo chef Rodrigo Felicio (ex-Capivara) –adoramos o carpaccio! Outro destaque são os coquetéis, de Danilo Nakamura. Ah! A seleção de livros infantis é tão boa que dá para ir a dois, mas também em um fim de tarde animado com as crianças. @barouche.sp

DO BESPOKE À TIRAGEM LIMITADA

Referência no segmento sob medida, o alfaiate Alexandre Won lança uma linha com produtos prêt-à-porter (no sentido mais fino da expressão). A Alfaiataria 706, que tem o ator Chay Suede como rosto, chega para agilizar o processo da alfaiataria tradicional, que pode demandar alguns meses de produção. A coleção conta com peças de tiragens limitadíssimas, como camisas, calças, blazers, trench coats e costumes de linho. O ateliê da marca, inspirado em um loft londrino, que antes só atendia sob agendamento, agora funciona no formato portas abertas. @wonalexandre

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INVESTIMENTO ELÉTRICO

Presidente da Volvo, Marcelo Godoy conta que a marca já gastou R$ 90 milhões em carregadores e que o Brasil pode liderar corrida pela descarbonização

Por Fernando Pedroso

O então diretor financeiro da Volvo, Marcelo Godoy, assumiu a empresa da montadora no Brasil em dezembro do ano passado, em um momento de mudança revolucionária não só na marca, mas no mercado automotivo todo. Enquanto os carros a gasolina vão saindo de cena, a eletrificação vem tomando conta dos últimos lançamentos.

No caso da Volvo, a questão dos carros híbridos e elétricos é ainda mais presente. A marca já não vende mais modelos a combustão no Brasil e tem como meta vender automóveis movidos somente a eletricidade até 2030.

O principal passo para isso foi dado recentemente com o lançamento do EX30, um SUV compacto que assumiu o posto de carro de luxo elétrico mais barato do Brasil, com preços partindo de R$ 229.950 e chegando até os R$ 293.950 em sua versão top de linha.

O modelo tem um motor traseiro de 272 cv de potência e 35 kgfm de torque capaz de levá-lo aos 100 km/h em 5,7 segundos na opção mais barata e 5,3 segundos nas mais caras. A velocidade é limitada aos 180 km/h.

Com uma carga cheia, o EX30 pode rodar 250 km na versão mais barata, que tem uma bateria de lítio-ferro-fosfato (LFP) de 51 kWh, e 338 km nas mais caras, que são equipadas com bateria de níquel-cobalto-manganês (NMC) de 69 kWh.

Para falar sobre o lançamento e de como a Volvo enxerga o futuro da eletrificação no Brasil, Carbono Uomo teve um bate-papo com Godoy, que falou sobre a importância do SUV compacto, mas de como a essência da marca será mantida nos próximos anos:

Carbono Uomo

Temos agora o lançamento do EX30, o carro de luxo mais barato no Brasil hoje. E a imagem da Volvo é essa, de uma marca de luxo. Vocês acham que o EX30 muda alguma coisa nesse sentido?

Marcelo Godoy • Não, pelo contrário! Com esse carro a gente consegue atingir um público maior, levando um carro de luxo, um carro premium, a mais pessoas, a um mercado que abrange muito mais. É oportunidade de conversão de cliente, tratamento do cliente. Então não. E é o que você falou, talvez seja o carro premium mais barato, melhor custo-benefício. E ele vem muito bem posicionado para compor com o nosso portfólio de produtos atual. Temos um caminho brilhante para esse carro.

Carbono Uomo

E os próximos lançamentos vão ser nessa linha? Vocês pretendem manter o foco no custo-benefício?

Marcelo Godoy • Não. Agora estamos lançando o EX30, uma linha de entrada dentro da Volvo. Em breve, a gente lança o EX90, nosso topo de gama. Provavelmente o produto mais premium e luxuoso que colocamos no mercado nos últimos anos. Isso mostra que o posicionamento da marca se mantém intacto.

Carbono Uomo

A Volvo pretende ser uma marca 100% elétrica?

Marcelo Godoy • Buscamos a conversão para 100% elétrico, mas entendemos o papel dos híbridos, como os XC60 e XC90 híbridos. Eles compõem muito bem o nosso portfólio e, no final do dia, é um carro que, se você consegue rodar 100% com ele em carregamento, também cumpre um papel importante em termos de descarbonização.

Carbono Uomo

Há espaço para uma marca 100% elétrica no Brasil?

Marcelo Godoy • Sim. O brasileiro gosta muito de carro, de produtos novos. O Brasil é um país com, talvez, a energia mais limpa do mundo e, por consequência, barata. Temos capacidade, não só pela Volvo, mas por outras empresas, de liderar essa corrida pela descarbonização.

Carbono Uomo

E hoje qual o desafio para lançar elétricos no Brasil?

Marcelo Godoy • Alguns anos atrás, o primeiro gargalo de compra era o preço. Um carro elétrico era muito mais caro que um a combustão. Hoje, a gente está lançando um modelo elétrico premium super acessível. Então essa barreira já foi quebrada. Um ponto que está super em discussão hoje é a questão de infraestrutura de carregadores. E, nesse

34 CURTAS | Carbono Uomo Fotos divulgação

sentido, a Volvo faz o investimento em carregadores, tanto de conveniência em shopping, quanto os de estrada. Para mim, tem uma questão que é a desmistificação de pontos que não são de conhecimento do grande público. A bateria, o valor residual de revenda... A situação não é tão dramática quanto é colocado. Então cabe às empresas que querem liderar esse segmento, disseminar melhor as informações. Desta forma, o cliente vai vir para a tecnologia.

Carbono Uomo

Quanto a Volvo já investiu em estrutura no Brasil?

Marcelo Godoy • Só em carregador de carga rápida, R$ 70 milhões, fora os de conveniência, que somam mais R$ 20 milhões. Esses R$ 90 milhões totais são mais do que todo o investimento da história da Volvo no Brasil, em coisas que não sejam para venda de carro. E essa nossa metodologia de colocar carregador na rua foi um case global, que só o Brasil tem. A matriz entendeu que somos um país realmente diferenciado na eletrificação.

CONCEITO

“Somos um país realmente diferenciado
na eletrificação”

Carbono Uomo

E o peso dos impostos para elétricos importados, como que está atingindo vocês?

Marcelo Godoy • A gente já vem monitorando, mapeando desde o ano passado, um possível aumento de imposto. E a nossa estratégia no começo do ano foi muito clara: a Volvo repassaria um aumento de imposto único desse ano para os clientes, no começo do ano. E, ao longo do ano, não repassaria mais nenhum aumento do imposto, apesar de agora em julho a cota sair de 10% para 18%. A gente fez ali uma composição de preços e já deu o aumento, então, na Volvo, isso é assunto do passado. Para 2025, com mais elevações de juros, vamos entender como iremos nos colocar no mercado. Algum ajuste adicional de preço, redução de custos, aumento de eficiência, qualquer coisa nesse sentido.

@volvocarbr

A IWC Schaffhausen desenvolveu uma tecnologia própria, ainda em fase experimental, de cerâmica luminosa chamada Ceralume®. A técnica permite produzir relógios que emitem uma bela luz azulada e brilhante. A inovação é conquistada pela mistura de pós cerâmicos com pigmentos Super-LumiNova®, um material que atua como uma bateria para armazenar energia. Ansiosos! @iwcwatches

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CURTAS | Carbono Uomo

PULSO HOTEL POR ARTHUR CASAS

Com projeto contemporâneo e gastronomia by Charlô, o novo endereço se torna referência em São Paulo não apenas entre os hóspedes

A cidade de São Paulo acaba de ganhar uma nova bandeira dedicada à hotelaria de luxo. O recém-inaugurado Pulso Hotel, na Faria Lima, conta com 52 apartamentos, gastronomia desenvolvida por Charlô, projeto arquitetônico e de interiores elaborado pelo Studio Arthur Casas e também com uma torre residencial de 66 unidades. Cada suíte do hotel tem um design diferente e uma curadoria única de obras de arte feita por Guilherme Wisnik. O Pulso se tornou um ponto de visitação também dos paulistanos não-hóspedes, que buscam por boas vivências artísticas, musicais, gastronômicas e de design. Assinando seu terceiro hotel em solo brasileiro – são seus os projetos do Emiliano São Paulo e Rio –, Arthur Casas compartilha com Carbono Uomo um pouco dessa experiência. @pulsohotel | @studio.arthurcasas

Carbono Uomo

Como você enxerga a oportunidade de projetar um hotel, e, conjuntamente, colaborar na criação da marca?

Arthur Casas • Acredito que criar uma marca de hotel é uma colaboração que requer o esforço e o talento de muitos indivíduos, incluindo o proprietário e o arquiteto. Nos dias de hoje, a conexão entre hotelaria e Real Estate faz todo o sentido, pois podem ser complementares: o hotel Pulso agrega valor ao empreendimento imobiliário Praça Henrique Monteiro, onde está localizado, e, por sua vez, o empreendimento residencial viabiliza o hotel.

Carbono Uomo

Como é projetar um empreendimento em todas as suas escalas (arquitetura, interiores, residencial, restaurantes), ainda mais considerando que o edifício residencial Praça Henrique Monteiro, que faz parte do complexo onde o Pulso está inserido, é o seu próximo lar?

Arthur Casas • Essa mudança não se resume apenas a trocar de residência, é uma transição de estilo de vida. Esse imóvel representa o cenário perfeito para os meus próximos 30 anos. Para mim, é essencial poder projetar tanto o núcleo quanto a estrutura básica. Aprendi a apreciar a arte de desenhar não apenas o edifício em si, mas também cada detalhe, desde uma simples cadeira. Essa é a minha abordagem única de trabalho.

Carbono Uomo

Quais são os maiores destaques no quesito mobiliário e decoração no projeto?

Arthur Casas • O mobiliário foi cuidadosamente escolhido para compor os ambientes, incluindo uma seleção meticulosa de peças raras e antigas encontradas em antiquários e na feira do Bixiga. Esses itens conferem personalidade única aos quartos, proporcionando uma experiência diferenciada a cada estada. Além disso, alguns móveis foram projetados por mim, como as mesas de centro Tiles, Amorfa e Rectangular, a mesa Xamã, o banco Maleiro e as luminárias Grampo e Belly. Entre os clássicos do design, selecionamos peças como as poltronas Paraty, de Sérgio Rodrigues; Ondine, de Zalszupin; Astúrias, de Carlos Motta; e Reversível, de Martin Eisler.

36 CURTAS | Carbono Uomo

INTENSO

Notas vibrantes de toranja vermelha, lima, maçã e canela, com toques de tomilho vermelho e gerânio e uma base profunda e envolvente de couro, patchouli e cedro. Deu para sentir? É o Hugo Intense Masculino Eau de Parfum, o novo, e ótimo, perfume de Hugo Boss. @boss

UM GIRO NA ITÁLIA

Novidade no complexo gastronômico mais italiano de São Paulo! O recém-inaugurado Giro Ristobar, no térreo do Eataly, é a nova empreitada do restaurateur mineiro Felipe Santiago – do japonês Udon e da Pizzaria Olegário, em Belo Horizonte. O ambiente é divertido e agradável. Do menu, assinado por ninguém menos que o premiado chef Salvatore Loi, pinçamos o Tartar de Filet Mignon: minissanduíches com crudo de filet, pistache e manteiga queimada. @giroristobar

CONFIA

O restaurante Su, em Higienópolis, acaba de lançar seu Omakase, um conceito tipicamente japonês que significa: confiar ao chef. Trata-se de uma experiência em um balcão de 11 lugares – o lugar é lindo, diga-se de passagem – servida em 15 deliciosas etapas. Todos os pratos e sushis são preparados ali, na frente do cliente. É preciso se entregar completamente à criatividade do chef, que personaliza e prepara as refeições de acordo com o mood e os ingredientes da vez. Vale a pena! @restaurante.su

AS PALAVRAS

SALVARAM-ME SEMPRE

DA TRISTEZA

TRUMAN CAPOTE

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LÁ NO ALTO

Mais uma boa-nova da Idea!Zarvos, incorporadora que vem mudando o skyline de São Paulo todinho. O OSCAR 2525 é o primeiro projeto dos arquitetos Guilherme Bravin e Marcus Vinicius Damon, à frente do Estúdio Módulo, para o grupo e já nasce surpreendendo a todos por conta de sua localização. O número 2.525 da Rua Oscar Freire, próximo à estação Sumaré do Metrô, é um terreno alto e, portanto, tem ares de mirante. “Queríamos um prédio impactante e por isso convidamos o Estúdio Módulo, que faz parte de uma nova geração de arquitetos que assinam nossos projetos”, contextualiza Otavio Zarvos, sócio-fundador da Idea!Zarvos. São 36 andares, com unidades que vão de 86 m² a 184 m², além das duas coberturas dúplex, e uma área de lazer com academia, quadra, espaço pet, salão de festas com cozinha de apoio, espaço infantil e piscina. Para coroar, terá duas entradas diferentes de fachadas ativas, com lojas diversas. @ideazarvos

CUIDE-SE: SAÚDE À BEIRA-MAR

O renomado Exclusive Resort Ponta dos Ganchos lançou duas novidades para os hóspedes que buscam uma experiência ainda mais completa durante a estada. Primeiro, o Menu Re-Energize, criado para proporcionar uma vivência gastronômica que nutra e revitalize o corpo. Os novos cardápios são: Detox, Anti-inflamatório e Vitalidade, concebidos para otimizar a capacidade natural do corpo de desinflamar, desintoxicar e promover um resgate da vitalidade. Além disso, o SPA by Sisley Paris acaba de divulgar os novos tratamentos capilares by Sisley, com experiências únicas de beleza em meio ao ambiente paradisíaco do Ponta dos Ganchos, cercado de natureza e pelo som das ondas do mar. @pontadosganchos – Por Julie Montgomery

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Fotos
Fabiana Kocubey, Pedro Dimitrow e divulgação

TODOS A BORDO

O interesse pelas jornadas de navio só cresce, especialmente aqueles que aliam conforto e privacidade a bordo, mas também experiências fora da curva a cada parada. Tanto é que a Norwegian Cruise Line tem investido cada vez mais em produtos premium. Entre as novidades estamos de olho no Aqua, navio que promete chegar em 2025 com mais espaço – suítes de dois andares estão nos planos – e spa ao ar livre. Outro destaque é a área de lazer, que terá um híbrido entre montanha-russa e toboágua no mar, além de um complexo esportivo digital que vira boate à noite. Tudo isso com viés sustentável, ponto forte da Norwegian. @norwegianbrasil

SÓ SEU

A Four Seasons Private Experience – viagens em jato privativo para os destinos mais fascinantes do mundo – apresenta novos itinerários. São experiências gastronômicas, de bem-estar, slow-travel, aventura ou contemplação, todas personalizadas e sempre a bordo do private jet do grupo hoteleiro. Já pensou uma aventura de volta ao mundo pelos Patrimônios Mundiais da UNESCO, com paradas na Ilha de Páscoa, em Bora Bora, na Grande Barreira de Corais, em Bangkok, em Amã, na Cidade Perdida de Petra, na Taormina e em Madri, em seu próprio avião particular? @fourseasons

SU MISURA EM GOIÁS

A Ornare, marca mais badalada de mobiliário sob medida do País, se juntou à incorporadora goiana O.M. em um lançamento inovador de moradia de alto padrão. O empreendimento residencial Autoria by Ornare, a ser lançado nos próximos meses, está no exclusivo Setor Marista, a região mais valorizada da capital goiana e conta com 140 moradias verticais. A estética é toda Ornare, incluindo design sob medida com direito até a eletrodomésticos exclusivos para os moradores. Vale lembrar que a Ornare possui presença global, com mais de dez showrooms espalhados mundo afora e uma flagship recém-aberta em Milão. @ornare_official

39 CURTAS | Carbono Uomo

MEU BAIRRO

Urbanismo | RENATO CALIXTO
Renato Calixto, restaurateur e relações-públicas especializado em gastronomia
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Com um clima old school e endereços gastronômicos que fogem da rota mais óbvia, o bairro Santa Cecília ocupa um lugar especial no coração paulistano do restaurateur Renato Calixto

Por Renato Calixto, em depoimento a Adriana Nazarian

“Nasci em Goiânia, mas morei em São Paulo durante muitos anos, onde construí minha carreira como relações-públicas com foco em gastronomia. E, apesar de ter voltado para a minha cidade natal depois da pandemia, todos os meses, religiosamente, visito São Paulo durante as minhas folgas. Acho importante para seguir antenado com o que acontece, já que, em Goiânia, toco, junto com a minha mãe, dois negócios na área gastronômica. E até por isso mantenho meu apartamento paulistano.

Ao contrário da maioria das pessoas, eu busco São Paulo nos meus momentos de descanso e lazer. Aproveito para acordar mais tarde e fazer o que sempre gostei: caminhar e visitar restaurantes. Quando ainda morava na cidade, em uma época em que pouco se falava além de Jardins, Itaim e Pinheiros, descobri o bairro Santa Cecília quando tentava fugir da cena mais óbvia e me encantei. Comecei a andar por ali atraído pela chef Talitha de Barros, que foi uma espécie de precursora da região quando abriu o seu Conceição

Discos. Já gostava da comida dela, conheci o lugar e nunca mais parei de circular naquelas ruas. É claro que, atualmente, o bairro está em ebulição, com diversos endereços sendo abertos a todo instante, mas ainda preserva sua essência, seu estilo mais residencial e com construções antigas que adoro. Por ser uma vizinhança menos procurada, consegue manter essa arquitetura mais old school, com menos interferências. Não vemos tanto as fachadas ultramodernas que dominaram as esquinas paulistanas, há uma característica mais genuína que muito me agrada.

Frequento Santa Cecília nos mais diversos momentos: de dia, posso sair caminhando e fazer paradas estratégicas em cafés, lojas e outros serviços. À noite, aproveito para ir a um restaurante – intercalo meus favoritos com novidades – e tomar um drink de saideira em algum bar bacana. Não é um bairro muito grande, então consigo ir de um canto a outro com tranquilidade. Para mim, caminhar é a melhor maneira de conhecer uma região da cidade tão especial quanto essa.”

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Urbanismo | SANTA CECÍLIA Retrato divulgação

01

CONCEIÇÃO DISCOS

“A chef Talitha Barros foi a responsável pelas minhas primeiras andanças em Santa Cecília. O Conceição Discos é um lugar sem firula e que tem a alma dela: você se senta – pode até ser na calçada – e a vê cozinhando seus pães de queijo recheados e panelaços de arrozes, todos muito saborosos.”

R. Imac. Conceição, 151 @conceicaodiscos

santa cecília

02

KOYA 88

“Um bar/restaurante com influências asiáticas, comandado pelos Thiagos – um na cozinha e outro no bar. Sanduíches de barriga de porco, sashimis e dumplings compõem o menu divertido e despretensioso. Um lugar para compartilhar pratos saborosos, enquanto provamos drinks interessantes.”

R. Jesuíno Pascoal, 21 | @koya88

03

PARADISO CASA E COMIDA

“A marca do Studio Bergamin, projeto mais recente do bairro, mescla uma loja de decoração com um café/restaurante. Tem influência asiática na cozinha e peças bem legais à venda. Sugiro para almoçar ou tomar um café no final do dia, antes ou depois de uma caminhada.”

R. Barão de Tatuí, 339 | @paradisocasaecomida

42
Urbanismo | RENATO CALIXTO

sete acertos

RUA BARÃO DE TATUÍ

“Essa rua concentra diversos negócios de alimentação. Tem restaurante, como o Borgo Mooca (nota ao lado), mas também lugares para tomar café da manhã, caso do Mug SP (@mug.sp), ou só para passar e comprar um pão, como a Pan Paderia (@pan_paderia).”

04 05 06 07

DOGMA SANTA CECÍLIA

“É o tasting room da cervejaria Dogma, superpremiada. Legal para se sentar ao balcão e experimentar os diversos estilos da bebida. Excelente programa para um final de tarde ou nos finais de semana.”

R. Fortunato, 236 | @dogmasantacecilia

BORGO MOOCA

“Cozinha italiana criativa e, às vezes, provocativa, com uma série de combinações não usuais. No piso de baixo, foi aberto um bar de cocktails chamado Barco Mooca, perfeito para o drink de saideira depois de um jantar.”

R. Barão de Tatuí, 302 | @borgomooca

BAR MOELA

“Simples e descontraído, trouxe boa notoriedade ao bairro. Escolha seu drink e peça alguma das saborosas frituras de lá, como as croquetas, o quiabo empanado e o bolinho de arroz de moela.”

R. Canuto do Val, 136 | @barmoela

43 Fotos Fernando Satt e divulgação Urbanismo | SANTA CECÍLIA

Físico da alma

Entrevista | AMIT GOSWAMI
Amit, integrando ciência e espiritualidade
Guru da física quântica, Amit Goswami acredita em uma sabedoria que mistura espiritualidade e ciência em prol de uma vida mais equilibrada

Ele estuda e escreve sobre autoconsciência do universo, física da alma, criatividade quântica e outros temas que parecem transitar entre duas áreas antagônicas. Mas, para o estadunidense Amit Goswami, a combinação tem potencial: “As tradições da sabedoria espiritual nos deram a primeira ciência da consciência, que foi redescoberta pela física quântica. Foi assim que me interessei em unir ciência e espiritualidade”.

Conferencista, pesquisador e professor emérito do departamento de Física da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, Goswami, que também é Ph.D em física

quântica, vê seus estudos como um caminho para reduzir os efeitos nocivos de um mundo tomado pela sobrecarga de informações, pelo excesso de telas, pelo burnout e pela inteligência artificial. “A busca das pessoas por significado e propósito não pode mais ser ignorada. Isso se dá por meio da ciência e da espiritualidade, especialmente na versão integrada que a física quântica nos oferece.”

No bate-papo a seguir, que aconteceu na pausa de uma conferência de Amit na Índia, o pesquisador nos explica os benefícios de unir esses dois universos. Confira os destaques.

Carbono Uomo

Que respostas o senhor, um teórico absoluto, pesquisador e professor de física quântica, buscou nos domínios não científicos da espiritualidade?

Amit Goswami

A espiritualidade, especialmente a das tradições de sabedoria espiritual, nos deu a primeira ciência da consciência, cujas respostas foram redescobertas na física quântica. Foi assim que me interessei em unir ciência e espiritualidade.

Carbono Uomo

Você também escreveu artigos sobre economia, medicina e psicologia. Como sua formação em física quântica lhe ajudou a pensar sobre esses tópicos?

Amit Goswami

A psicologia, por exemplo, é uma surpresa. Ela se desenvolveu sem levar em conta a consciência humana de forma adequada. Embora conceitos como o inconsciente tenham sido, até certo ponto, descobertos na psicologia, a ideia de consciência não foi incorporada adequadamente, exceto na psicologia transpessoal, que veio muito mais tarde. Nela adotou-se uma teoria que não estabelece uma conexão entre cérebro e consciência. Mas, para os cientistas, cérebro e consciência devem, obviamente, estar envolvidos. Por isso fiquei interessado em encontrar a teoria da manifestação da consciência no cérebro

e, acidentalmente, isso levou à solução da teoria da medição quântica. Depois da psicologia, foi apenas um pequeno passo para entrar na medicina. Com a economia foi diferente – sou grato ao filósofo e economista Adam Smith, que já havia introduzido a ideia de que o capitalismo não poderia ser construído sem que a ética fosse levada em conta. E a ética era a conexão com a consciência que eu estava procurando: da maneira como a física quântica entende a consciência, ela é fundamentalmente humana e, assim, ética. Essa ideia, de que a ética é parte essencial do capitalismo, poderia ser reforçada com a economia quântica.

Carbono Uomo

Quais são os riscos de relacionar ciência e espiritualidade? Que desafios precisamos superar? A ciência não cai num lugar menos rigoroso de falácias?

Amit Goswami

Em meu trabalho, já mostrei que há um enorme ganho na integração da ciência e da espiritualidade. E isso é científico. Não há como fugir. É o que é. Não estamos fazendo assim porque se trata de uma especulação e, portanto, tem um custo-benefício. Não é isso. Faz parte da lei universal que seja assim. A consciência é a base do ser e devemos construir nossa ciência sobre essa base. A física quântica nos diz isso de forma bastante clara.

Entrevista | AMIT GOSWAMI 45

Carbono Uomo

Para você, espiritualidade e religião são coisas diferentes?

Amit Goswami

Sim. A espiritualidade é baseada na metafísica universal de que a consciência é a base do ser. Entre as religiões há um ramo esotérico que apoia essa ideia, enquanto, nas exotéricas, muitos dogmas são introduzidos e eles não têm lugar na abordagem científica. Isso fica muito claro na forma como as tradições de sabedoria não sustentam nenhum dogma, enquanto as religiões transformaram em dogma algumas de suas teorias, com base em informações incompletas, há milhares de anos. Um exemplo disso é o dogma do Gênesis bíblico, o Livro do Gênesis, que não permite que muitos fiéis sequer aceitem a ideia da evolução, que é muito, muito científica e espiritual.

Carbono Uomo

Recentemente, no podcast Inteligência Limitada, você disse que a física quântica poderia nos ajudar a alcançar a paz mundial. Poderia explicar melhor essa ideia? Como o conhecimento que você propõe pode nos ajudar a atingir um futuro mais promissor?

Amit Goswami

A física quântica nos ajuda, sim, a alcançar a paz mundial, mas é claro que a natureza humana deve ser considerada. Os passos para isso ainda não estão muito bem definidos. O que está evidente é nossa potencialidade em fazer mudanças radicais. A humanidade como espécie ocasionou transformações extremas no passado, como nossa própria domesticação, e podemos nos domesticar novamente a ponto de nos tornarmos totalmente pacíficos, por exemplo. A agressividade pode ser interrompida. Mas isso é resultado da transformação humana em um grau que só pode ser imaginado se pudermos ir além desta era racional atual, cheia de aberrações. Temos de chegar ao estágio que o guru Aurobindo chamou de “mente intuitiva”, para alcançarmos um mundo pacífico.

Carbono Uomo

Como nossa consciência e o universo se comunicam?

Amit Goswami

O universo existe como possibilidades dentro da consciência. A consciência transforma essas possibilidades em eventos reais com a intermediação dos seres vivos sencientes. É assim que funciona.

Carbono Uomo

Como sua abordagem ao estudo da física quântica lhe ajuda a pensar sobre a maneira como vivemos, nossas atitudes e nossos valores?

Amit Goswami

A física quântica nos permite desenvolver uma ciência de todos os nossos cinco corpos. O físico; o vital, que é a fonte de nossos sentimentos; o mental, nossos pensamentos; o intuitivo, como nos conectamos à consciência e aos arquétipos e obtemos um propósito para nossa vida; e o self, que é a incorporação da consciência em nós mesmos. A física quântica nos leva naturalmente a essa ciência. E, portanto, a maneira como nos comportamos, quais são nossos valores, quais atitudes devemos ter, tudo decorre da física quântica e na primazia da consciência.

Carbono Uomo

Como você vê o trabalho atualmente? Existe a necessidade de olhar para o funcionário como um todo ou as empresas estão mais preocupadas com os lucros?

Amit Goswami

Essa é uma questão muito importante. Não há razão para categorizar o trabalho como algo que fazemos apenas para ganhar dinheiro. A era em que lutávamos pela sobrevivência praticamente acabou em muitas partes do mundo. Pelo menos nessas regiões os seres humanos precisam prestar atenção às necessidades mais elevadas e os empregos devem ser parte dessa satisfação. Os trabalhos profissionais originaram-se da ideia de explorar os arquétipos no passado. Sendo esse o caso, as empresas certamente devem considerá-los algo significativo, cheio de propósito. Isso está acontecendo, até certo ponto, sob a pressão do movimento ambientalista, já que para recuperar o meio ambiente será necessário sintonizar nossas profissões com os arquétipos. Mas é preciso mais do que isso. Felizmente, o que está acontecendo no programa de IA (Inteligência Artificial) é muito profundo. Tudo o que a racionalidade humana poderia realizar agora pode ser feito por esses serviços. Isso abre a humanidade para uma nova maneira de se orientar e, automaticamente, as intuições e os arquétipos vão retornar. As empresas que se adaptarem a esse futuro a partir de agora estarão em melhor situação. Já estamos trabalhando com algumas marcas para iniciar um programa de espiritualização, ou quantumização dos negócios.

46
Entrevista | AMIT GOSWAMI

Carbono Uomo

O que você considera essencial hoje, em tempos de tanta sobrecarga de informações, para que as pessoas tenham uma mente sadia? Seja por meio da ciência, da espiritualidade ou da mistura vital na qual você acredita.

Amit Goswami

A sobrecarga de informações obviamente está afetando a inteligência das pessoas. Isso não é uma declaração minha, é o consenso da mídia em geral. A busca das pessoas por significado e propósito não pode mais ser ignorada. Obviamente, para se ter uma mente sadia, essa é a direção que as pessoas devem seguir: explorar o significado e o propósito de suas vidas. E é claro que isso se dá por meio da ciência e da espiritualidade, especialmente na versão integrada que a física quântica nos oferece.

Carbono Uomo

Como você vê o excesso de telas hoje? O que você recomenda para manter a mente e a consciência equilibradas?

Amit Goswami

É complicado porque muitos dos empregos que as pessoas têm hoje em dia, inclusive o meu, tornam inevitável o uso da tela por muito mais tempo do que deveríamos. Portanto, é muito difícil encontrar uma resposta. Alguns hábitos precisam ser desenvolvidos, como levantar a cada hora, caminhar, meditar. O que me ajuda e o que sugiro aos meus associados e alunos é desenvolver uma

“Quando nos sentimos contraídos, certamente devemos nos levantar e nos expandir novamente, e depois voltar ao trabalho”

capacidade positiva geral: de se expandir e viver em uma consciência expandida. Se fizermos isso nunca ficaremos tão concentrados a ponto de começarmos a nos contrair. Esse é o sinal de alerta. Quando nos sentimos contraídos, certamente devemos nos levantar e nos expandir novamente, e depois voltar ao trabalho. Se seguirmos esse procedimento, o perigo para a saúde decorrente de nosso apego à tela não será tão desastroso.

Carbono Uomo

Depois da pandemia, você acha que a nossa espiritualidade sofreu mudanças?

Amit Goswami

Ainda é muito cedo para avaliar o efeito geral da pandemia. Certamente alguns comportamentos mudaram e especialmente os jovens parecem estar mais desiludidos em relação ao futuro. Mas isso pode não ser tão ruim. A pandemia nos lembrou dos perigos de lidarmos com a natureza com conhecimento e filosofia incompletos, mas, é claro, provavelmente nunca saberemos o seu alcance real. Vamos ver se a integração da ciência e da espiritualidade pode apontar novas direções para a nossa sociedade, para que ela se torne melhor do que a versão materialista de hoje, cheia de polarização, de desastres que nos ameaçam e que já produziu condições de crise. Se a pandemia chamou a atenção das pessoas para isso e trouxe alguma desilusão sobre a cultura materialista, isso é positivo.

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Entrevista | AMIT GOSWAMI

1

Identidade

“Tenho um estilo clássico e minhas roupas refletem isso. Uso muito branco, marinho, preto e cru. No dia a dia, gosto de vestir jeans, camiseta e um tênis bem confortável. Nos finais de semana, uma camisa ou polo, jeans ou calça de sarja, com tênis ou boat shoes.”

2

Elástico

“Priorizo conforto e elegância. Procuro roupas que se ajustam bem ao corpo, mas também às atividades da minha rotina.”

3

Simbiose

“Sou formado em Arquitetura e Design de Interiores e hoje comando a Haji Essentials, minha marca especializada em fragrâncias. Para mim, são coisas interligadas. Se antes eu projetava o refúgio do meu cliente, hoje eu projeto uma essência que oferece bemestar nesse refúgio.”

MEU ESTILO

FUNDADOR DA HAJI ESSENTIALS (@HAJI.ESSENTIALS)

4

Termômetro

“Em casa, escolho as fragrâncias de acordo com o clima. Quando está quente, vou de cítricas e florais como a de Bergamot & Lime. Nos dias mais frios, opto por cheiros que abraçam até a alma, caso do Pumpkin & Nutmeg. E a minha essência preferida, para qualquer temperatura, é a Tomato Leaf & Geranium.”

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GUILHERME HAJI

Nariz

“Minhas inspirações no mundo da perfumaria vêm das marcas inglesas Penhaligon’s e House of Creed e da francesa Diptyque. Também acompanho o trabalho dos perfumistas Olivia Giacobetti, Patricia de Nicolaï e Alberto Morillas.”

6

Chez moi

“Sou muito caseiro e adoro ficar no meu apartamento com a minha cachorra Lupita. Dedicome a deixar a casa arrumada e cheirosa.”

5

Sempre juntos

“Eu sou apaixonado por perfumes. Atualmente tenho usado dia e noite uma fragrância que estou criando para a Haji. Relógios são outra paixão, desde que sou pequeno.”

Teletransporte

“Tudo me inspira na hora de criar uma essência. Pode ser uma sobremesa, uma planta, uma flor. Algumas das minhas criações vêm da minha infância ou de épocas que me marcaram. A de Gardênia & Coconut, por exemplo, me remete aos verões que passei em Beirute. Sabe aquele cheirinho de bronzeador?”

7

Espaço aberto

“Nunca fui um leitor muito assíduo, mas tenho lido mais e adorado. Meus livros do momento

são A Boa Sorte, da espanhola Rosa Montero, e Merci pour ce Moment, da jornalista e autora francesa Valérie Trierweiler.”

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Fotos João Bertholini

EM EXPANSÃO

A leitura, assim como os livros, sempre esteve muito presente na minha vida. Meu pai e minha mãe tiveram uma longa trajetória acadêmica, especificamente no campo das letras. Ela, além de lecionar tradução, foi diretora do Departamento de Letras da PUC.

Minha memória de infância é praticamente inexistente, mas me lembro muito de Monteiro Lobato: foi um mundo que habitei e por onde passei bastante. Títulos como A Chave do Tamanho e A Reforma da Natureza ativaram em mim o ato da imaginação. Mas, ainda assim, nunca me considerei um superleitor.

Só passei a ler com mais frequência depois da minha graduação e do meu mestrado, ambos tardios, justamente em Letras. Hoje em dia, leio sempre, mas não muitas horas. Quando estou trabalhando menos, a frequência aumenta, até porque a minha profissão já requer muito essa prática. A leitura ajuda o ator a criar campos expansivos, espaço para o imaginário. Nós nos relacionamos com narrativas variadas, personagens, seus jeitos e contradições, modos de discurso. Então é um exercício permanente de observação – tanto de personagens, tramas e estilos, quanto do meu estado como leitor – perceber aquilo que me afeta.

Enrique Díaz não é só ator e diretor dos mais consagrados. O peruano naturalizado no Brasil é mestre em Letras e faz dos livros uma forma de expandir seu imaginário e seu processo criativo. “Cada obra é uma surpresa, uma presença, um caminho que se abre, um convite” presença, um caminho que se abre, um convite. Depois, tem a questão do estilo, de como o texto se apresenta, qual a maneira que o/a autor/autora se coloca, que voz é essa que comparece. Às vezes, preciso de algo diferente do que acabei de ler. Em determinados momentos, quero uma voz de algum outro canto, de outra experiência, cultura. E, às vezes, busco o conhecido, o estilo de alguém que gosto e escolho revisitar. Há momentos, inclusive, que estou com mais de um livro ao mesmo tempo. Gosto muito da ideia da “leitura levantando a cabeça”, ou algo assim. É uma colocação de Roland Barthes sobre os acessos que vão sendo criados a partir desse hábito e que nos fazem levantar a cabeça para localizar algo e refletir sobre aquilo; elementos da nossa própria experiência, ativados por um texto. Às vezes, leio um livro superlentamente porque fico fazendo esse movimento. Adoro essa sensação.

Hoje, quando escolho uma obra nova, busco primeiro o desconhecido. Cada livro é uma surpresa, uma

E a leitura me inspira. Talvez o fato de não prover os estímulos visuais e sonoros de maneira direta faça com que os músculos da imaginação fiquem muito vivos e isso, por si só, é um estímulo para a criação. Por tudo isso, tenho sempre um livro comigo. Em alguns momentos, posto sobre meus escolhidos nas redes sociais (@enriquediazbrsil), pois acho bacana lembrar as pessoas do poder e da maravilha desse universo.

50 Livros | ENRIQUE DÍAZ
Retrato Catarina Ribeiro Enrique Díaz, ator, diretor e produtor
52 Fotos divulgação Livros | ENRIQUE DÍAZ

A CHAVE DO TAMANHO

Monteiro Lobato | FTD Educação

Esse livro representa uma lembrança extremamente poderosa para mim. Lembro-me de ter lido umas sete vezes!

Aquela aventura da escala transformada de maneira mágica, produzindo situações inusitadas e provocando o imaginário, isso foi uma coisa que nunca me deixou.

KAFKA

À BEIRA-MAR

Haruki Murakami | Alfaguara

Gosto de muitos livros do Murakami, mas esse me marcou por ter me pegado pela mão e me levado para um passeio, um delírio. Também tive muito prazer e devaneio com 1Q84, uma obra feita de três histórias que acho fascinantes.

REPARAÇÃO

Ian McEwan | Companhia das Letras

Livro delicioso, com uma estrutura narrativa interessante e convidativa, detalhamento rico de personagens e relações. Variações de pontos de vista instigantes e uma história que constrói um corpo para afetar a própria história.

O PESO DO PÁSSARO MORTO

Aline Bei | Nós

Esse livro e Uma Breve Coreografia do Adeus são escritas muito potentes da mesma autora. São obras em prosa, mas profundamente poéticas, com sentimentos que se concretizam na leitura e nos levam para dentro de seu universo. Belos no estilo, no percurso dos personagens e nos universos que ela retrata. Cativante.

QUANDO DEIXAMOS DE ENTENDER O MUNDO

Benjamín Labatut | Todavia

Benjamín Labatut e suas histórias incríveis de físicos matemáticos, desejos de controle e lógica, poesia com filosofia da ciência. Uma personalidade muito singular por conta dessa mistura de informações histórico-científicas e também de doses de loucura.

ORLANDO

Uma viagem tão grande e prazerosa de forma, modo, escrita, tema, trânsito, passeio, história. Com esse livro tenho uma impressão delirante, sensacional e imersiva de alguma maneira. Orlando é uma coisa!

A PAIXÃO SEGUNDO GH UM SÁBIO NÃO TEM IDEIA DE VERDADE

François Jullien | Martins Fontes

Esse livro fricciona a filosofia ocidental e a sabedoria oriental, provocando certo nó na nossa maneira de entender o mundo por intermédio de outro oriental: os textos da China antiga. Profundamente poético e bastante libertador.

Clarice Lispector | Rocco

Toda a obra de Clarice é muito marcante, sobretudo essa, em função da peça que eu tive o privilégio de encenar com a atriz Mariana Lima, a partir de uma adaptação do diretor Fauzi Arap. Clarice é meio insuperável em muitos sentidos.

CONTOS DE TCHEKHOV HISTÓRIAS

Anton Tchekhov | Nova Fronteira

DE CRONÓPIOS E DE FAMAS

Julio Cortázar | Debolsillo

Sándor Márai | Companhia das Letras

Um dos vários livros que recomendo desse escritor tão especial. Húngaro, Sándor tem uma escrita muito sofisticada, não só na forma, mas também na humanidade que imprime em sua obra. As situações costumam trazer algo encoberto, um não falado ou um ressentimento, que demora a vir à tona. É muito fascinante.

A MAIS RECÔNDITA MEMÓRIA DOS HOMENS

Mohamed Mbougar Sarr | Fósforo Tchekhov olhava para seus personagens de forma singular. Não lhe escapavam o patético e os esforços demasiadamente humanos. Tinha distanciamento e proximidade. Não gostava do sensacionalismo. Os pontos de vista pessoais de seus personagens comparecem como toda sua poesia e fragilidade, denotando uma profunda capacidade de análise e grande amor pelo que é humano.

Quando era novo, habitei muito o universo de Julio Cortázar. De certa forma, histórias como essa serviram de contexto para uma das minhas primeiras criações como diretor de teatro, a peça A Bao a Qu Algo de inventivo, infantil, surrealista e um pouco fofo, escrito por esse homem muito grande. Esse livro ocupa um ponto forte em minha memória.

Minha leitura mais recente. Um escritor senegalês jovem que levanta diversas questões, incluindo uma sobre a presença de um autor africano na França e a ilusão da centralidade europeia no contexto do mundo literário. Ele se expande por muitos espaços a partir desse e de outros debates presentes na obra.

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Virginia Woolf | Schwarcz
Livros | ENRIQUE DÍAZ

OLHO NO OLHO

Cool e focado, Gabriel Leone é a melhor personificação de uma moda jovem, fresh e elegante, que mistura bons clássicos com peças repletas de personalidade

Fotos André Passos

Direção de arte Mona Conectada

Edição de moda Thiago Ferraz

Grooming Rodrigo Bernardo/CAPAMGT

Agradecimento Galeria Idea!Zarvos

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FULL LOOK LOUIS VUITTON GARGANTILHA TIFFANY & CO. RELÓGIO ROLEX
Perfil | GABRIEL LEONE
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NESTA PÁGINA JAQUETA BRIONI • MOLETOM LACOSTE CAMISA TOMMY HILFIGER • CALÇA HUGO BOSS
NA PÁGINA ANTERIOR FULL LOOK GUCCI • RELÓGIO TUDOR GARGANTILHA TIFFANY & CO.
BOLSA MONTBLANC • RELÓGIO TAG HEUER
Perfil | GABRIEL LEONE 58
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NESTA PÁGINA FULL LOOK BURBERRY • GARGANTILHA TIFFANY & CO. NA PÁGINA ANTERIOR JAQUETA BRIONI • MOLETOM LACOSTE CAMISA TOMMY HILFIGER • CALÇA HUGO BOSS BOLSA MONTBLANC • ANÉIS TIFFANY & CO.
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FULL LOOK FENDI • RELÓGIO TAG HEUER • BRACELETE BULGARI CORRENTE BULGARI • SAPATOS OFF-WHITE NA FARFETCH
Perfil | GABRIEL LEONE 62
NESTA PÁGINA CAMISA E POLO POLO RALPH LAUREN GARGANTILHA TIFFANY & CO. NA PÁGINA AO LADO JAQUETA ARAMIS • MOLETOM TOMMY HILFIGER CAMISA BRIONI • CALÇA DOD ALFAIATARIA ÓCULOS RAY-BAN LUXOTTICA • RELÓGIO TAG HEUER LOAFERS CHRISTIAN LOUBOUTIN
Produção executiva Bianca Nunes, assistente de moda Izabella Camara

GABRIEL LEONE CONFIANTE E VISCERAL

Prestes a viver o protagonista da adaptação de Barba Ensopada de Sangue e o piloto Ayrton Senna em série com estreia mundial, o ator carioca compartilha suas conquistas recentes e ambições futuras

Por Artur Tavares Fotos André Passos CAMISETA BARTHELEMY • CAMISA INTIMISSIMI UOMO JAQUETA DEUS EX-MACHINA • CALÇA DOD ALFAIATARIA RELÓGIO TAG HEUER
“O que me faz feliz é estar em projetos, fazendo personagens que me desafiem, contracenar com artistas que me instiguem, conviver com equipes técnicas que saciem minhas curiosidades”

A manhã está bem gelada e Gabriel Leone não se importa de deitar em um jardim de capins em plena floração da Galeria Idea!Zarvos, em São Paulo. O matagal é enorme, mais ou menos da altura do próprio ator carioca. Com olhar de galã atemporal, imponente e sedutor, ali naquele cenário etéreo, Gabriel não percebe quando levamos uma “bronca” pela escolha do lugar para o clique. Enquanto caímos na risada, ele simplesmente está lá, entregando o seu melhor.

No dia que Gabriel Leone passou com a nossa equipe para fazer estas fotos e esta reportagem, ele não olhou o celular. Não conversou muito, mas, quando o fez, foi bem simpático. Mesmo vindo de uma ponte aérea e enfrentando o trânsito paulistano logo de manhã, fotografando sem mesmo tirar uns minutinhos para se sentar, o ator não demonstrou cansaço. Pelo contrário. Continuou focado.

Há pelo menos uma década, seu nome é sinônimo de talento entre a nova geração de atores brasileiros. Depois de aparecer como o vilão da temporada 2013 de Malhação, Gabriel foi escolhido em 2015 para entrar no elenco da série Verdades Secretas. Dali em diante, seu crescimento profissional foi meteórico. Protagonizou Velho Chico, novela que serviu para mudar para melhor o padrão dos folhetins da Globo, e também Onde Nascem os Fortes. Para Gabriel, foi o momento da virada: “A partir dali, deu para correr atrás do que me faz feliz. Que é estar envolvido em projetos, fazendo personagens que me desafiem, contracenando com artistas que me instiguem, convivendo com equipes técnicas que saciem minhas curiosidades.”

Com o espírito de “aprender e colaborar”, o ator viveu no cinema, junto com Alice Braga, a história de Eduardo e Mônica, adaptação da música da banda Legião Urbana.

Chamou a atenção da gigante Amazon Prime Video, que o convidou para o papel de Pedro Dom, do seriado Dom. A primeira produção brasileira do streaming ajudou Gabriel a conseguir a atenção do diretor Michael Mann (O Último dos Moicanos). Impressionado com sua atuação no seriado, exibido em todo o mundo, o estadunidense o convidou para o papel de Alfonso de Portago, personagem importante na história de Ferrari, lançado em 2023.

Se Hollywood parecia o limite, agora, prestes a completar 31 anos, o ator vive um desafio que pode ser muito maior do que chegar à terra do Tio Sam: interpretar Ayrton Senna em uma série da Netflix, neste ano em que se relembram os 30 anos do acidente nas curvas de Ímola. “Ele é um dos maiores ídolos brasileiros, talvez o maior. As pessoas ainda têm carinho e admiração por ele. Até o têm como exemplo. É uma responsabilidade muito grande e, ao mesmo tempo, uma honra, enquanto brasileiro, enquanto ator, poder contar essa história de forma mais profunda”, diz.

VOANDO BAIXO

Jogador de polo aquático na adolescência, Gabriel Leone nunca foi ligado à velocidade. Nasceu em julho de 1993, dez meses antes de o País entrar de luto com a perda de Senna. Conseguir dois papéis diferentes em produções que giram em torno da Fórmula 1 foi somente uma boa coincidência. Enquanto o interesse pelo esporte segue aumentando, para ele, estar em Ferrari serviu como uma chance de mostrar ao mundo a capacidade de sua atuação. “Trazer realismo para as cenas é uma característica dos filmes de Michael Mann. Em Ferrari, dá para ver que sou eu dirigindo em várias cenas. Eu entro no carro com a câmera me acompanhando, e sigo sem que haja corte.”

Durante o tempo que passou na Itália para as gravações do longa,

Gabriel praticou pilotagem pelo menos três vezes na semana, dando atenção detalhada para como entrar e sair do carro, colocar capacete e tirar as luvas. Quando contou para os stunt drivers (dublês de pilotagem) da produção que viveria Ayrton Senna, aprendeu com eles uma manobra eternizada pelo brasileiro.

“Eles chamam a técnica de bleep. Antes das curvas, conforme o piloto reduzia as marchas, ele dava um totozinho no acelerador, para manter o giro do motor alto e ganhar alguns segundos. Sonoramente, você até o escutava chegando à curva, freando e fazendo esse bleep. Só que, para conseguir isso, você usa o mesmo pé do freio. Você freia com o dedão do pé e, com o mindinho, com a beirada, você dá esse totozinho no acelerador. Parecia impossível, mas pratiquei muito e aprendi.”

O trabalho foi recompensado e a performance de Gabriel Leone em Ferrari, que teve estreia no Festival de Veneza, conquistou a crítica internacional. A revista Variety, por exemplo, chamou sua atuação de “confiante”, enquanto o jornal The New York Times ressaltou as cenas na pista como uma “intimidade visceral”. Sem muito tempo para desfrutar do reconhecimento, Gabriel voou da Europa, depois de sua temporada de festivais de cinema, para o Chile, onde ficaria por quase oito meses imerso na vida de Ayrton Senna. Das lições que aprendeu nas réplicas de Ferrari montadas em chassi Caterham, pôde levar pouco para o novo set de filmagem. “Também construíram réplicas dos carros, mas eram enormes. Havia um risco grande, pouco tempo para essa preparação, e nem era a ideia. Então, são dublês pilotando na série.”

Senna, que estreia no final do ano, conta em seis episódios a breve vida do piloto brasileiro. “Estamos nos aprofundando em detalhes, questões que as pessoas talvez não conhecessem. Vamos falar principalmente da formação dele, sua construção até ser campeão.”

Entrevista | GABRIEL LEONE
67 Entrevista | GABRIEL LEONE
JAQUETA ARAMIS • MOLETOM TOMMY HILFIGER CAMISA BRIONI • CALÇA DOD ALFAIATARIA ÓCULOS RAY-BAN LUXOTTICA

As fotos do projeto que já foram divulgadas para a imprensa e para o público mostram Gabriel em uma semelhança incrível com Ayrton. “Foi um processo de imersão muito grande. Desde o início, eu, obviamente, evitei a imitação ou a caricatura. Mas a imagem do Senna é forte e marcante. As pessoas têm lembranças da fisicalidade dele, da voz dele, da energia dele, do olhar dele. Isso tudo precisava estar muito bem construído e, ao mesmo tempo, conectado com a minha verdade, para que ficasse bem na tela”, conta.

PARA TODO O MUNDO VER

Gabriel Leone faz parte de uma nova geração de brasileiros que estão desembarcando no cinema internacional. No ano passado, Sophie Charlotte esteve em O Assassino, de David Fincher, e Bruna Marquezine, em Besouro Azul

“Essa movimentação é fruto de um novo mercado, que entende a importância de se ter mais diversidade, mesmo que seja por pressão social”, diz.

O ator afirma que séries como Dom e Senna, que têm estreias simultâneas em todo o mundo, dão uma visibilidade inédita para atores que estão fora de Hollywood. “Acho que tem a ver com o streaming, a possibilidade de você ter um alcance do teu trabalho é gigantesca, sem fronteiras. E tudo com acessibilidade, facilidade de alcançar, assistir de novo, em dispositivos diferentes.” Ele ressalta a presença de um segundo fator que ajuda na decolagem: “A internet encurta distâncias. O streaming faz parte disso, é claro, mas são as redes sociais que lhe projetam de alguma forma, que eventualmente viram um portfólio seu”.

Para Gabriel, o aumento de brasileiros e outros estrangeiros no chamado cinema mainstream tem um

“Foi um processo de imersão muito grande. Eu, obviamente, evitei a imitação ou a caricatura, mas a imagem do Senna é muito forte”

FULL LOOK LOUIS VUITTON

GARGANTILHA TIFFANY & CO.

RELÓGIO ROLEX

NA PÁGINA AO LADO

FULL LOOK GUCCI

GARGANTILHA TIFFANY & CO.

impacto positivo também na percepção das produções feitas aqui no País. “Acho que a indústria ainda opera um pouco nos rótulos, colocando o cinema internacional em caixinhas, cada uma em seu gênero. O Brasil é diverso para caramba. A nossa literatura é maravilhosa, nossa cultura é das mais ricas. Então, não existe uma única forma de você retratar qualquer tipo de história”, diz, apontando para exemplos recentes de filmes chilenos, argentinos, mexicanos e coreanos que concorreram ou venceram o Oscar como ideias. “Cabe a nós botarmos a mão na massa para girar essa chave.”

POR TRÁS DAS CÂMERAS

O jeito discreto de Gabriel se revela ainda mais quando começa a falar (pouco) de sua vida pessoal. Ele cuida das suas próprias redes sociais e faz

68 Entrevista | GABRIEL LEONE

GABRIEL INDICA

Além de ser dono de uma coleção invejável de discos de vinil – são mais de 3 mil deles, principalmente de jazz, MPB e rock –, Gabriel Leone também é um ávido consumidor de literatura, cinema e televisão. Essas são algumas das coisas que fizeram a cabeça do ator nos últimos tempos

X-MEN ‘97

É uma nostalgia muito grande, foi a primeira série animada a que assisti e que era espetacular. A produção original saiu em 1992 e durou cinco temporadas. Então, agora, X-Men ‘97 começa naquele ponto em que parou. Eles mantiveram a animação 2D, os uniformes, absolutamente tudo. Você se sente vendo aquele desenho, só que com uma qualidade de imagem e produção atuais. São roteiros adultos. Mesmo com episódios curtos, de 30 minutos, falam sobre preconceito contra uma raça, um povo que é massacrado. Que chega a sofrer genocídio. São reflexões interessantíssimas, totalmente atuais. Tem episódios que terminei de queixo caído.

THE NIGHT OF Gosto de indicar The Night Of porque acho que nem todo mundo viu. A HBO lançou em 2016, antes do Riz Ahmed fazer The Sound of Metal. É uma série espetacular, de seis episódios, vai direto ao ponto. Ainda tem o John Turturro no elenco. Fantástica!

GUERRA CIVIL

Assisti ao Civil War na première em Los Angeles. Baita filme, com nosso Wagner Moura, meu irmão, arrebentando. É um longa importante, muito político. Aquele tipo de produção da qual você sai absolutamente impactado. E que não tem um “A” para se falar mal. Está tudo no lugar, redondo, de bom gosto. E ver no cinema é uma experiência muito única.

LIAM GALLAGHER

JOHN SQUIRE

Sou fã de rock‘n’roll. Há poucos meses saiu esse clássico instantâneo, um disco do Liam Gallagher, do Oasis, com o John Squier, do Stone Roses. É muito bom. Um álbum rock‘n’roll franco. Você escuta o Oasis de um lado, mas a guitarra é do Stone Roses.

postagens pontuais, preferindo falar dos seus trabalhos ou então dar indicações de filmes, livros e músicas, alguns de seus hobbies. “Eu não tenho muita paciência. Sinto dificuldade em virar a câmera para mim”, afirma. “Tem gente que faz isso brilhantemente, compartilha experiências pessoais, inspira outras pessoas. Eu super respeito, só não gosto de fazer com a minha vida pessoal. Ela diz respeito à minha família, à Carla e a mim, entende?”

Gabriel conheceu a atriz Carla Salle em 2016 e estão juntos desde então. Enquanto o ator gravava Senna, no Uruguai, Carla filmava no Nordeste. Eles ficaram juntos durante a produção de Ferrari, na Itália, mas ela não o acompanhou na temporada de festivais. Quando as agendas calham, eles se encontram no Rio. “É da nossa profissão e é assim desde que nos conhecemos. Encontramos nossos jeitos de estarmos

juntos e de nos mantermos conectados acima de tudo”, diz. “Nós temos um processo de muita admiração um pelo outro e também suporte artístico, uma colaboração e uma torcida. São sentimentos muito bonitos, que nos impulsionam a seguir juntos.” Embora fale com ternura genuína do relacionamento, desvia das perguntas sobre filhos e futuro. “Temos nossos projetos e sonhos, mas estamos tranquilos, caminhando conforme as oportunidades aparecem. Este é um dos momentos mais felizes e conectados da nossa relação.” Cinco dias depois desta entrevista, eles se casaram em uma cerimônia intimista no Rio de Janeiro. De férias desde o fim das gravações de Senna e do filme Barba Ensopada de Sangue, adaptação do romance de Daniel Galera, feita por Aly Muritiba, Gabriel tem um tempo merecido para descansar e curtir sua lua de mel.

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Mestre Ivamar Carbono Minds
“Com as pessoas tão imersas nos celulares, é preciso dizer verdades e fazê-las sentir de forma real”

Com uma vida dedicada ao movimento negro, Mestre Ivamar chegou à televisão para comunicar sobre sua luta de uma maneira diferente

No ano passado, chamou a atenção da crítica e da audiência a participação de um estreante um tanto incomum no universo das novelas brasileiras. Aos 65 anos, Mestre Ivamar fazia sua primeira aparição em Amor Perfeito, folhetim da TV Globo, como Popó, o porteiro do Grande Hotel Budapeste. Um viúvo que não se casou depois de perder a esposa, mas que reencontra o amor na melhor idade ao conhecer a professora Celeste (interpretada por Cyda Moreno).

Até se tornar Mestre, o paulistano Ivamar dos Santos percorreu uma longa trajetória. Nos anos 1970, esteve envolvido com a formação do Movimento Negro Unificado. Durante o período, atuou junto com grupos de teatro e de educação. No final da década, em 1979, foi para Angola, na esteira da morte de Agostinho Neto, primeiro presidente do país após a Independência.

Quando retornou ao Brasil, não foi para sua terra natal, São Paulo, mas sim para Macapá, onde há 20 anos trabalha com o coletivo de arte e educação Amazonizando, com práticas e saberes quilombolas em prol da preservação da floresta e dos povos originários, indígenas ou não, que ali vivem. Hoje, viaja o País com seus colegas apresentando o projeto.

Nesta conversa, Mestre Ivamar destaca a relevância da novela que, pela primeira vez, contou com um elenco 50% negro na televisão brasileira, fala sobre o que aprendeu e o que ensinou enquanto esteve em estúdio e relembra a importância de seu trabalho.

PRESENÇA “A participação do negro na dramaturgia é uma questão muito séria. É algo pelo que lutamos desde os anos 1970, com reflexões que levamos para as escolas, as comunidades, as reuniões particulares que fazemos para discutir o papel do negro na televisão. Isso foi assunto de um amplo debate e grandes atores e atrizes contribuíram muito para essa discussão.”

PASSO A PASSO “É realmente um avanço chegar a ter esse espaço coletivo em uma novela da Globo. Porque a nossa representatividade está de fato em evidência hoje, mas sempre é questionada. Isso porque estamos

discutindo de forma mais profunda. Quando se leva para a TV a cultura da Congada, quando meu personagem tem uma relação amorosa com a professora, é uma grande quebra de paradigma! Porque minha mãe trabalhava de lavadeira e, ao chegar a nossa casa e assistir à televisão, continuava sendo a lavadeira.”

MENSAGEIRO “No Amapá, tenho uma missão que venho exercendo há 20 anos: manter as árvores em pé. E também trabalho para dar voz às comunidades quilombolas, às comunidades indígenas, para dizer o que realmente precisam ali.”

VIDA DE VERDADE O Amazonizando, coletivo de identidade negra formado por artistas e pesquisadores, se preocupa em trazer a cultura da região Norte para quem se coloca sempre em primeiro lugar. Pessoas que ignoram o significado e, muitas vezes, permanecem naquela coisa de sonho. Tentamos desconstruir alguns conceitos que seguem em seu imaginário, como a ideia de que as ruas ainda são povoadas por jacarés.”

INTERCÂMBIO “Os gringos se interessam, ouvem o que nós temos a dizer e então compram grandes áreas de terra, são capitalistas. E nós, brasileiros, só olhamos eles chegarem, enquanto ficamos aqui julgando o povo amazônico como besta, caipira, que anda com jacarés. Nem sabem o que a palavra indígena significa!”

DENTRO DE CASA “Temos convites para levar nosso trabalho para diversos lugares, como Espanha, França e Alemanha, mas apostamos em continuar aqui. É preciso haver um olhar cuidadoso com o Brasil. A verdade é que, se não resolvermos dentro de casa nossas questões, a solução não virá correndo lá de fora.”

CONEXÃO REAL “Com as pessoas tão imersas nos celulares o tempo todo, é preciso dizer verdades e fazê-las sentir de forma real. É a única maneira de trazê-las de volta, chacoalhar. Por meio de formas poéticas afetuosas, respeitosas e abertas à mudança, sempre.”

43 MESTRE IVAMAR

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Em ação

“Para mim, conforto é tudo. Não gosto de me sentir sufocado ou de roupas que limitem meus movimentos. Jeans e camiseta preta sempre funcionam. O básico bem vestido.”

2

Ficção ou realidade

“Acho bacana o estilo do personagem Bobby Axelrod, interpretado pelo ator Damian Lewis, na série Billions.”

3

Oficial

“Uso bastante tênis. Desde modelos esportivos até os sapatênis. Gosto da On Cloud e da New Balance e também de descobrir novas marcas.”

MEU ESTILO

IQUINHO FACCHINI EMPRESÁRIO

4

Tela cheia

“Admiro quadros abstratos e coloridos, pois trazem vida para a casa. Prefiro a arte moderna e surrealista, pela originalidade e pela capacidade de despertar a imaginação. A obra que fica em cima do meu bar tem um significado especial: ganhei de noivado da minha sogra.”

De pai para filho

“Meu pai sempre adorou relógios e herdei dele essa paixão. Comecei minha coleção aos 16 anos e gosto especialmente do estilo aviador. Um modelo que também me marcou foi o Rolex que me dei de presente quando completei 30 anos.”

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5

Onipresente

“Tenho três escapulários e uso algum deles todos os dias desde a minha adolescência. Sintome mais protegido com eles.”

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Mantra

“Esporte é fundamental para mim e acaba influenciando meu estilo. Alivia tensões, oxigena a nossa cabeça! Já pratiquei quase todos e adoro wakeboard, kitesurf, tênis, surf, natação, motocross e snowboard.”

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Lente

“Geralmente uso óculos marrons e com lentes mais claras, mas a verdade é que na hora de sair acabo pegando sempre o primeiro que vejo pela frente.”

220 Volts “Tenho cinco empresas e dois filhos e é uma loucura equilibrar a rotina. Mas levo no meu dia a dia uma frase que meu avô dizia: ‘Sempre peça algo para alguém ocupado, pois quem não faz nada não tem tempo’. Ela me incentiva a ir atrás das coisas: sou superativo com tudo o que me disponho a fazer e adoro o que faço.”

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Fotos João Bertholini e divulgação

Uma viagem no tempo

Alberto Lenz e Aref Farkouh, sócios do Hotel Toriba de Campos do Jordão, contam como resgataram o glamour dos anos dourados da Serra da Mantiqueira

Entrevista | ALBERTO LENZ E AREF FARKOUH
Fotos Tuca Reinés Alberto Lenz Aref Farkouh

Já é sabido que Campos do Jordão despontou oficialmente no final do século 19 como um reduto de climatoterapia, terapia para tuberculose que, à época, era responsável por 70% das mortes por doenças infecciosas no Brasil. Eis que, na década de 1970, com a inclusão da vacina no calendário brasileiro, os casos, felizmente, rarearam. Encantados com seu clima fresco, suas vistas exuberantes, suas montanhas e seus jardins, os parentes dos doentes, médicos e enfermeiros ou até mesmo alguns idosos, após curados, continuavam frequentando a cidade, daí a turismo. E, aos poucos, foram surgindo por lá atrações culturais, exposições de artes plásticas, mostras de arte brasileira da época pré-modernista e apresentações de música erudita. Ergueram-se então belas construções, como palácios, teatros e até uma famosa concha acústica. A arquitetura com inspirações alpinas e a ótima infraestrutura para lazer também contribuíram. Foi assim que, de repente,

aconteceu o Fenômeno Campos do Jordão . E, entre as décadas de 1970 e 1990, o local transformou-se no maior reduto de “chiques e famosos” do inverno brasileiro. Em seus momentos áureos, a Suíça brasileira, como ficara conhecido o município, chegou a hospedar em seus cinco estrelas nomes como Chico Anísio e Roberto Carlos. De lá para cá o destino se popularizou e, dizem, tinha perdido espaço para outras regiões serranas do País. É aí que entram na história Alberto Lenz e Aref Farkouh, a dupla que foi capaz de resgatar, em época pós-pandemia, os anos dourados de Campos do Jordão. Diretores do Hotel Toriba, um clássico na história do turismo da Mantiqueira, Lenz é neto de Luiz Dumont Villares, fundador, em 1943, do empreendimento, e Farkouh é seu sócio há dez anos. Os empresários revelam aqui quais foram os passos para o ressurgimento da cidade nos roteiros de inverno de prestigiosos viajantes brasileiros e internacionais.

Carbono Uomo

Como o Hotel Toriba se insere na sua história?

ALBERTO LENZ

O Toriba sempre foi uma extensão da minha casa. Desde que sou criança! Frequentávamos todos os dias quando vínhamos a pé da Fazenda Toriba, que era de meu bisavô Ernesto Diederichsen. Após ter cursado Hotelaria no Senac; TC3 College, RIT University e Cornell University, em Nova York, assumir a gestão do hotel foi um processo natural.

Carbono Uomo

Como você entrou, em 2014, no quadro societário do Toriba?

AREF FARKOUH

Fui hóspede do Toriba por muitos anos, e depois vizinho, quando comprei o sítio Siriúba. Então soube que parte da família proprietária queria sair do negócio. Sou arquiteto, construtor e viajante, tornar-me sócio foi uma decisão espontânea.

Carbono Uomo

Sabemos que Campos teve seus anos dourados e depois se popularizou, perdendo um pouco do seu glamour. Como vocês mantiveram o Toriba acima dessas oscilações?

AREF FARKOUH

Não apenas “mantivemos”. Na verdade, estamos

investindo pesado em melhorias, ampliações, novos serviços e instalações, gastronomia e atrações musicais para nos tornarmos um destino independente do mercado de turismo de Campos. Nós nos transformamos num hotel único, onde as famílias vêm geração após geração, e cada vez gostando mais.

Carbono Uomo

Carbono esteve recentemente no Toriba e pudemos mesmo notar que vocês estão transformando o hotel em um destino. Não é mais preciso sair do complexo para comer bem ou conhecer lugares bonitos...

AREF FARKOUH

É exatamente essa a nossa ideia. Somos um resort de luxo, onde nossos hóspedes devem chegar, guardar o carro e passar uns dias usufruindo da melhor natureza da serra. Há variedade de restaurantes e passeios e a melhor música que se é possível escutar.

ALBERTO LENZ

Sempre incentivamos, claro, que conheçam mais lugares dessa maravilhosa região para que tenham experiências mais completas e voltem mais vezes. Mas com a nossa estrutura, os hóspedes podem, tranquilamente, ficar somente no hotel.

Carbono Uomo

Quais são as novidades que integram o complexo Toriba?

Entrevista | ALBERTO LENZ E AREF FARKOUH 75

AREF FARKOUH

De tudo um pouco: novos chalés mais integrados à natureza; a Suíte Expresso, que fica em um vagão ferroviário inspirado no Orient Express; o Parque Bambuí, com três lagos, uma maria-fumaça secular em operação e o restaurante Casa Bambuí, em parceria com a chef Anouk Migotto; outros oito restaurantes; tabacaria; nova academia integrada às quadras de tênis e beach tennis; escola de culinária; minimundo; aventuras a pé e a cavalo; circuito de bike e ainda mais.

Carbono Uomo

Quais são as ações em prol da sustentabilidade que vocês promovem no Toriba?

AREF FARKOUH

Com a criação do Projeto Toriba Ambiental possibilitamos diversas ações, como a preservação de 250 hectares de floresta (2,5 milhões de m2), estação de tratamento de esgotos, reciclagem de lixo e novas construções sem ocupação do solo.

ALBERTO LENZ

Além do aquecimento de água e ambientes via

sistema de biomassa, um recurso renovável – a energia vem da queima de matéria orgânica – e muito menos nocivo do que os meios tradicionais. Em alguns casos é possível, inclusive, resultar em captura de carbono.

Carbono Uomo

Quais locais, fora do Toriba, indicam conhecer em Campos do Jordão?

AREF FARKOUH

O PECJ, Parque Estadual de Campos do Jordão; o Museu Felícia Leirner; o Palácio do Governo; os Parques Tarundu e Amantikir; e o Pico do Diamante.

ALBERTO LENZ

Sugiro também visitar alguns restaurantes da ótima gastronomia local e minha loja de vinhos, a Villa Vino.

Carbono Uomo

Conte-nos a história mais curiosa que já viveu no Toriba.

ALBERTO LENZ

Quando estávamos reformando a cozinha central do hotel, em 1995, acidentalmente um pedreiro fez um

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Entrevista | ALBERTO LENZ E AREF FARKOUH
LENZ E AREF FARKOUH
“Estamos investindo pesado para nos tornarmos um destino independente de Campos do Jordão”

buraco no piso e achou um tesouro cheio de pratarias! Fomos descobrir, posteriormente, que se tratava de um antigo depósito de louças.

Carbono Uomo

Artistas, políticos, celebridades estão sempre presentes no Toriba. Algum segredo para fidelizar esse público influente?

ALBERTO LENZ

Manter o DNA e o padrão de qualidade em constantes melhorias.

AREF FARKOUH

Oferecer o melhor, com alma!

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Entrevista | ALBERTO

VIOLÃO SEM FRONTEIRAS

Dominando a arte de tocar o instrumento mais popular do Brasil, o jovem Arthur Endo acaba de lançar um álbum que celebra a união das músicas da América Latina

Arthur Endo corre os dedos nas seis cordas do seu violão com a tranquilidade de quem domina o que está fazendo. Ele interpreta Assum Preto, clássico do baião composto por Luiz Gonzaga nos anos 1950, e, na maior parte do tempo, está tocando de olhos fechados, como se fosse mais um ouvinte de si próprio do que o único artista no palco. Acompanhamento, solo, ritmo, harmonia. Está tudo ali, fluindo com extrema precisão e leveza.

Mesmo sendo um violonista popular, Arthur reproduz técnicas complicadas do violão clássico, extraindo diferentes timbres entre o toque aveludado de um João Gilberto e o rasqueado metálico do violão flamenco de um Paco de Lucia. “Na verdade, comecei na guitarra, tocando Led Zeppelin, em uma banda do colégio”, despista. No violão, a técnica apurada não é exibicionismo: qualquer um que também fechar os olhos poderá compreender a beleza de suas ideias musicais. “Minha formação é o violão solo, cujas referências no Brasil são Raphael Rabello, Baden Powell, Garoto, Ulisses Rocha, Dilermando Reis, Yamandu Costa”, enumera. “Da mesma forma que eles, eu pretendo levar a qualidade interpretativa para a música popular, mas focado na composição e no arranjo, e não naquela fidelidade à partitura que o público da música clássica está acostumado.”

Talvez Raphael Rabello (1962-1995), um dos melhores violonistas de todos os tempos, concordasse que Arthur Endo – 27 anos, natural de São Paulo, descendente de japoneses e estilo “samurai”, com cabelos longos e bigode – seja a mais nova esperança de renovação do violão no País, assim como Baden (1937-2000) um dia já falou sobre Rabello.

É que, além da criatividade pulsante, seja como compositor ou arranjador, Arthur carrega nas veias sangue 100% brasileiro.

Em seu álbum de estreia, cujo nome – não por acaso – é Narrativas de um Brasil (2019), ele interpreta compositores de diferentes gerações, como Ernesto Nazareth, Cartola, Tom Jobim e Guinga. E até temas como Modinha e Consolação, que já foram tocados à exaustão por outros grandes violonistas, soam como inéditos. De certa forma, são. “Eu sempre me arrisco muito musicalmente”, explica Arthur. “Até sentir que uma música está pronta para ser levada ao palco, faço testes e busco me conectar cada vez mais a ela. Não apenas visando a algo inovador, mas para crescer como músico e imprimir uma marca.” Uma de suas evoluções foi parar de pensar no que os outros músicos poderiam achar sobre suas interpretações e apenas seguir a própria intuição.

HISTÓRIAS PARA TOCAR

Recentemente, Arthur decidiu incluir a releitura de Samba De Uma Nota Só na turnê de seu novo disco, Fronteira, lançado em maio e que já é um divisor de águas em sua carreira. Nele Arthur contou com a produção de ninguém menos do que Yamandu Costa, outro violonista que não enxerga barreiras na música. “Foi um trabalho em que o preparei para as interpretações, faceta à qual não estou acostumado, mas que foi gratificante”, diz Yamandu. O curioso é que o convite para produzir Fronteira partiu do próprio Yamandu, que se admirou com Arthur ao vê-lo tocar.

Foto divulgação
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Carbono

Com Yamandu, Arthur interpreta Paraguayta, que o ídolo compôs durante uma viagem a Assunção. Além dessa parceria inédita, Fronteira mostra a vontade de Arthur de se aproximar dos nossos vizinhos latinos. O disco é resultado de uma viagem de seis meses que ele fez na América do Sul, quando pode conhecer e mergulhar em outras culturas. “Logo depois da pandemia, me dei conta de que precisava me colocar em situações que não fossem dentro de um apartamento em São Paulo. Um artista tem que ter histórias novas para contar”, justifica. Argentina, Chile e Colômbia fizeram parte do itinerário. Nesses países, conheceu músicos dos mais diferentes níveis de popularidade. Na Argentina, por exemplo, entrevistou desde o jovem Eduardo, que toca Piazzolla na rua como ganha-pão, até Juan Falu, o grande violonista daquele país. Depois da imersão, decidiu gravar o

tango Bar Billares, do folclorista Cuchi Leguizamón (19172000). “É engraçado, porque o tango e a música folclórica são gêneros completamente opostos por lá. Então, é como se o Cartola tivesse composto um forró”, exemplifica. Prestes a entrar no estúdio, Yamandu o ajudou a absorver a pulsação e as minúcias do tango, regendo e falando para ele sentir a música, mesmo que as notas ainda não soassem tão limpas.

Fronteira é metade autoral e metade releituras. O nome tem uma explicação: cruzando de um país para outro, Arthur percebeu que as fronteiras não apenas dividem, mas também carregam um pouco dos dois lados. Nesse caso, seu violão se tornou uma ponte, ou, como ele mesmo diz, “uma pequena jangada”, que nos leva a novidades e ao mesmo tempo estreita certas expressões culturais que são tão similares em toda a América Latina.

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Daniel Gorin Carbono Minds
“O que nos torna únicos é que resistimos, não fomos comprados, seguimos sendo uma empresa hoteleira familiar”

À frente do hotel Arpoador – e outras empresas do grupo de mesmo nome –, o carioquíssimo

Daniel Gorin é o exemplo da importância de saber se reinventar sem perder a essência

É difícil não cair no clichê de chamar Daniel Gorin de menino do Rio. Nascido e criado na cidade, suas memórias de infância são de passar o recreio da escola na praia, catar tatuí na areia e tomar suco de laranja comendo misto quente no hotel Arpoador, dos seus avós, Manoel e Rachel Strosberg. Mais da gema impossível. O que de certa forma é engraçado porque o hoje gerente-geral do Grupo Arpoador, que comanda o renovado hotel Arpoador e seu restaurante Arp, além do hotel Ipanema Inn e seu Quitéria Café, tem pinta de gringo. E ele sabe. “Eu chego à praia e já vem gente oferecendo coisas em inglês: ‘chair?’”, conta, rindo.

Aos 42 anos, e comemorando 50 do hotel Arpoador, Daniel traz para o grupo frescor e autenticidade, além de um olhar para o futuro. Isso porque ele não se imaginava trabalhando em família, nem tampouco à frente de uma empresa de 180 funcionários. Formado em publicidade na PUC-Rio, ele estudou História da Arte em Londres e seguiu para a fotografia, área em que trabalhou por seis anos ao lado do renomado Mario Testino.

O gosto pelas artes visuais também tem lá seu histórico familiar, já que sua avó Rachel era artista e chegou a expor na Bienal de São Paulo. Assim como ela, Daniel virou hoteleiro meio ao acaso, quando voltou ao Brasil, depois de uma temporada em Londres, em 2011. Hoje, além dele, a empresa tem como diretores seu irmão, Marcelo Gorin, a mãe, Miriam Gorin, e Rubens Strosberg, seu tio, responsáveis por atualizar o endereço do Arpoador em 2019. “Orgulho-me de ter tomado essa decisão, de estar aqui, de ter renovado o projeto e mantido a vibe de um hotel à beira-mar. É sobre isso: a cidade e o mar”, diz. A seguir, suas reflexões sobre o negócio.

SÓ TEM AQUI “O Rio tem esse equilíbrio entre cidade e natureza e internamente esse equilíbrio também tem que existir. O Arpoador é um convite para pessoas do Brasil e do mundo entenderem a potência carioca. É testemunha ocular da cultura praiana do Rio. Essa praia, que fica entre dois bairros icônicos, Ipanema e Copacabana, tem muita história e cultura, é berço da contracultura do Rio.”

FAMÍLIA Ê, FAMÍLIA AH “O que nos torna únicos é que resistimos, não fomos comprados, seguimos como uma empresa familiar, que está na terceira geração. E trabalhar

em família, apesar de nunca ter sido o que imaginei, é incrível. É um arranjo complicado que, quando dá certo, fica maravilhoso. Temos um consultor de empresas familiares que nos ajuda na organização. Ele é também mediador, mas ainda não precisamos. A gente se entende bem.”

SUSTENTABILIDADE EM DIA “Comemoramos 50 anos do hotel Arpoador já pensando nos próximos 50. Apoiamos um projeto relacionado à educação marinha, e, há cinco anos, começamos a olhar para dentro. Duas empresas fazem a coleta responsável do nosso lixo: uma leva para cooperativas de reciclagem e a outra retira os resíduos compostáveis e nos devolve em adubo – usamos nas floreiras dos hotéis e doamos o excedente para os colaboradores. Também fazemos treinamentos de sustentabilidade com as equipes e já vemos os processos incorporados à empresa.”

DNA “Nosso público é 70 % internacional. Os restaurantes, tanto do Arpoador quanto de Ipanema, são abertos ao público e a ideia é que os hotéis sejam portos seguros na nossa cidade. Não é preciso estar hospedado para frequentar as aulas de ioga ou futevôlei (mediante uma mensalidade), tomar café da manhã, almoçar, jantar. E a verdade é que o grande movimento é de quem não está. De maneira geral, nosso público tem interesses em comum: são pessoas preocupadas com saúde, meio ambiente e consumo.”

MAPA-MÚNDI “Tem o Rio e tem Londres, cidade em que morei e da qual gosto muito. E daí tem o conhecer novos lugares, que amo. Na pandemia, passei a viajar mais pelo Brasil e fiquei encantado. Fui para Lençóis Maranhenses, Fernando de Noronha, Boipeba, na Bahia, Minas Gerais. Uma imersão que me fez concluir que o nosso país é abençoado e tem um enorme potencial de turismo sustentável.”

FLÂNEUR “Tenho tranquilidade e, com isso, fui trilhando uma jornada de autoconhecimento. Faço análise, já fui da cabala, gosto de linhagens hinduístas, mas o que ganhou corpo recentemente e me ajudou muito foi a CNV (Comunicação Não-Violenta). E levei o conceito para o trabalho nos treinamentos com gestores. Ainda tenho vontade de retomar algum projeto no campo das artes. Quem sabe no Centro do Rio.”

43 DANIEL GORIN

FÁBRICA DOS SONHOS

A procura por carros clássicos aumenta e as oficinas de restauração de modelos antigos despontam como uma tendência que veio para ficar

Se você acompanha as notícias sobre o universo dos carros, certamente leu sobre a quebra de recordes dos modelos mais caros do mundo. Ferrari, Mercedes e Bugatti são as marcas mais citadas, com uma coincidência: despontam com veículos clássicos e raros.

A tendência fez girar o mercado de peças e restauração e também o aprimoramento das oficinas que restabelecem esses modelos ao seu estado original, como se fosse zero quilômetro. Um bom exemplo é a Ponto 40 Classic Car Restoration (@ponto40classic), de Curitiba, criada para ser uma referência no segmento.

A demanda por carros antigos em bom estado não se restringe apenas à compra e venda. A procura por serviços de restauração cresceu exponencialmente, impulsionando oficinas especializadas. Esses estabelecimentos investem em técnicas e equipamentos de ponta, além de contar com

mão de obra qualificada, para atender a um público exigente que busca reviver a nostalgia sobre rodas.

A Ponto 40 ganhou fama em todo o Brasil não só por ter um vídeo viralizado no YouTube, que mostra seu dia a dia em detalhes, mas também pela qualidade do trabalho. E logo na entrada isso fica claro: chama a atenção a limpeza e a organização, com setores divididos em salas. Ferramentaria, estoque de parafusos e usinagem para fabricação de cerca de 95% das peças usadas por eles, por exemplo, ficam separados.

Do outro lado disso tudo, cada carro ocupa uma posição própria, com um painel com referências fotográficas para ajudar os reparadores na missão de deixá-los exatamente como devem ficar. “A nossa expertise é a restauração completa dos veículos e focamos em fazer a maior parte dos serviços, terceirizando o mínimo possível”, conta Paulo Henrique Carvalho,

do departamento de projeto, design e marketing da Ponto 40.

O objetivo da empresa, como Paulo conta, não é fazer carros novos, mas sim restaurar esses veículos de maneira impecável e minuciosa. Entre os projetos da oficina estão modelos raríssimos, como uma Ferrari Daytona, que chegou ao Brasil 0 km, e um Ford T 1923 – ou seja, tem 101 anos –, e que pertence ao dono da Ponto 40, Mauro Bergamini. Foi feita também a restauração de um Packard 1927, que chegou à oficina sem pintura e peças como faróis e vidros.

Os nacionais não ficam de fora. A empresa trabalha em um Volkswagen SP2 e uma Kombi picape, além de diversos Jeeps e Willys, alguns da própria coleção de Bergamini. Como se nota, o campo da restauração é amplo – já há quem faça o mesmo com ônibus – e tem tudo para conquistar cada vez mais adeptos.

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Fotos divulgação Motor | OFICINAS DE RESTAURAÇÃO

Essas oficinas investem em técnicas e equipamentos de ponta, além de contar com mão de obra qualificada, para atender um público exigente que busca reviver a nostalgia sobre rodas

83 Motor | OFICINAS DE RESTAURAÇÃO
Alguns dos carros restaurados pela Ponto 40 Classic e detalhes dos serviços da oficina de Curitiba, referência na área

PEÇA POR PEÇA

Conheça outras oficinas que apostam no movimento da restauração

PREMIUM GARAGE

Localizada em São Paulo, a Premium Garage tem uma lista de restauração ampla e eclética. Há desde um ônibus Chevrolet de 1962 até modelos clássicos como uma Ferrari 308 GTB e um Rolls-Royce Silver Wrath II 1977. @premiumgaragebrasil

GALPIN AUTO SPORTS

BATISTINHA GARAGE

Fernando Baptista, o Batistinha, ganhou fama no mundo dos carros antigos por customizar esportivos, em especial o Ford Mustang. A sua réplica do Ford Mustang Eleanor, do filme 60 Segundos, estrelado por Nicolas Cage, por exemplo, é até hoje seu cartão de visitas. Sua oficina também faz restauração de clássicos, construção de peças e manutenção. @batistinhaoficial

FORZA RESTAURAÇÃO

A oficina ganhou fama ao aparecer no programa Top das Garagens, no canal Discovery Turbo. E eles fazem de tudo: restauração original, restomod — usar mecânica moderna em carros antigos — e hot rods, movimento que modifica modelos antigos para transformá-los em carros de corrida. @galpinautosports

A empresa, que fica em Teresópolis, tem em seu portfólio a restauração de vários carros nacionais. São Fuscas e Jeeps, picapes antigas e até caminhões. O estabelecimento também se ocupa de fazer a tapeçaria dos bancos no padrão original, além de fabricar peças que não são mais encontradas no mercado. @forzarestauracao

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Motor | OFICINAS DE RESTAURAÇÃO

SIGA O MESTRE

Para os entusiastas do assunto, uma lista de programas e séries que mostram como remodelar carros de outros tempos

AGBADOLATO YOUTUBE

COUNTING CARS (LOUCOS POR CARROS)

HISTORY CHANNEL

O apresentador Danny Koker, mais conhecido como Count, restaura motocicletas e carros clássicos em sua oficina Count’s Kustoms, em Las Vegas. O serviço nem sempre é feito para deixar o carro original.

O colecionador de Dodges Alexandre Badolato mostra em seu canal vários passos de restauração que vão além dos carros

FAST N’ LOUD (DUPLA DO BARULHO)

DISCOVERY

Richard Rawlings e o mecânico Aaron Kaufmann levam carros antigos para a Gas Monkey Garage, no Texas, onde são restaurados. Com 16 temporadas, a atração mostra todos os passos para conduzir os veículos à venda com lucro.

CAR MASTERS: RUST TO RICHES (MIDAS DO FERRO-VELHO)

NETFLIX

A equipe da Gotham Garage transforma e negocia uma eclética coleção de veículos. Aqui a originalidade passa longe e o foco é nos hot rods.

O MUNDO SOBRE RODAS

PRIME VIDEO E DISCOVERY +

Apresentado pelo britânico Mike Brewer, o programa mostra a compra de um carro antigo, sua restauração e depois a venda com lucro. A série já está em sua 18ª temporada.

VICE GRIP GARAGE

YOUTUBE

O pessoal da Vice Grip Garage apresenta o resgate de carros, motos, caminhões e até tratores que vão de abandonados a íntegros.

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da marca, como Chevrolet Monza e Ford Maverick.
Motor | OFICINAS DE RESTAURAÇÃO

O ATIVISMO DA LETRA

Ler autores negros pode ser uma forma poderosa de transformação tanto pessoal como social. Para inspirar a atitude antirracista, selecionamos escritores contemporâneos e suas principais obras

Não é de agora que o movimento antirracista ganha força no Brasil e no mundo. Mas hoje se fala muito sobre o tema nas mais diversas áreas. E entre os espaços que ajudam a promover o entendimento de conceitos como racismo estrutural e branquitude, além de promover mudanças significativas no dia a dia, está a literatura. Ler autores negros é um jeito de apoiar o movimento, assim como ler realidades diversas ajuda a se tornar solidário com a luta dos negros. Como já bem disse Paulo Scott, autor de Marrom e Amarelo, que fala de colorismo, pertencimento e violência, a “literatura é uma lente poderosa para enfrentar o racismo”. Para a historiadora e pesquisadora com foco em questões étnico-raciais Bergman de Paula Pereira, os livros de autores negros trazem a possibilidade de conversas sobre a luta contra o racismo, mas também mostram e reavivam a trajetória de resistência dos povos afro-indígenas, que mantêm vivas suas culturas, seus modos de vida, seus costumes, suas linguagens e crenças. “Não existe uma única forma de ser e estar no mundo. É importante nos apropriarmos de

instrumentos que nos permitem ver essas múltiplas maneiras, e a literatura é um desses espaços”, diz ela, que enfatiza a importância dos livros como forma de articular e mobilizar pensamentos. “De alguma maneira, a literatura negra está denunciando e anunciando a sua presença de ser e estar no mundo.”

O assunto está tão em alta que chegou até a passarela do samba este ano. No último Carnaval, a Portela apresentou um enredo baseado no romance Um Defeito de Cor, da escritora Ana Maria Gonçalves, lançado em 2006. Ovacionado na Sapucaí, o livro conta a história da luta preta no Brasil por meio de uma figura feminina que, em busca do filho perdido, enfrenta desafios inimagináveis para viver e preservar suas raízes. Depois do desfile, teve, inclusive, seu estoque esgotado. Mais um dado que ajuda a mostrar a relevância desse tema no momento. Ler autores negros é preciso e incentivar esse movimento é uma forma de transformações pessoal e social. A seguir, listamos escritores contemporâneos e seus principais livros para inspirar:

ITAMAR VIEIRA JUNIOR O escritor e geógrafo baiano é autor do pop Torto Arado. Pop porque ganhou os prêmios literários brasileiros Jabuti e Oceanos, e os internacionais LeYa, de Portugal, e Montluc Résistance et Liberté, da França. Vendeu mais de 700 mil cópias – número altíssimo para livros –, teve versões em 24 países e vai virar série da HBO, dirigida pelo brasileiro Heitor Dhalia. Fato é que o romance lançado em 2019 fala muito sobre a relação de servidão entre patrão e trabalhador, uma realidade ainda presente no País, que remonta a um passado escravagista. A inspiração de Itamar, ele diz, é de certa forma “uma busca por sua própria história, a história de seus ancestrais”. Uma leitura encantada e encantadora para todos. @itamarvieirajr

CONCEIÇÃO EVARISTO A escritora mineira brilhou na mais recente edição da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), tem seis livros publicados, um prêmio Jabuti para chamar de seu e, este ano, assumiu uma das cadeiras da Academia Mineira de Letras. Conceição é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea e grande voz que representa mulheres negras no País. Com 77 anos, começou a escrever depois dos 40 e teve seu primeiro romance, Ponciá Vivêncio, publicado aos 57. Em 2014 lançou o livro de contos Olhos d’Água, um dos mais sensíveis e ideais para quem quer começar a enxergar narrativas diversas. “A questão do negro não é para o negro resolver, é para a nação brasileira.” @conceicaoevaristooficial

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Literatura | ANTIRRACISMO
Fotos Carlos Macedo, Flávio Teperman, Mônica Ramalho, Renato Parada e divulgação

EU VIM DE LÁ Importante lembrar-se de que, se estamos discutindo o racismo, incentivando a leitura de autores negros e falando sobre os escritores que tratam do tema atualmente, é porque esse espaço já foi aberto. “Ao longo da história, esse caminho foi sendo pavimentado a várias mãos e pés, e é por isso que estamos aqui hoje”, lembra Bergman, que cita autoras mais antigas e de extrema relevância. São elas: Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis, Sueli Carneiro, Maya Angelou, Bell Hooks, Alice Walker, Chimamanda Ngozi Adichie, entre outras escritoras.

JEFERSON TENÓRIO O professor, pesquisador e escritor carioca radicado no Rio Grande do Sul é nome bastante falado ultimamente. Seu romance O Avesso da Pele, vencedor do prêmio Jabuti, fala sobre identidade, negritude e violência e vem, desde seu lançamento, em 2021, causando barulho. É adorado, mas também virou alvo de censura desde que, em 2022, foi incluído no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), podendo ser indicado por professores a jovens acima de 15 anos. A proibição mais recente do livro em três estados do Brasil teve como efeito o aumento de sua venda. Engajado com as discussões raciais no Brasil, Jeferson é nome para se acompanhar sempre. @jeferson.tenorio.9

DJAMILA

RIBEIRO A mestra em filosofia, feminista e escritora conseguiu espalhar a causa dos negros quase de forma didática. Tanto é que Conceição Evaristo a citou como um dos nomes da cultura negra que tem causado uma evolução. Afinal, Djamila atingiu, a partir de seu texto palatável, brancos e negros. Em 2019, lançou seu mais notável projeto: Pequeno Manual Antirracista, um pequeno livro – apenas no formato – que trata de negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Vale ler também Quem tem Medo do Feminismo Negro @djamilaribeiro1

DESDE SEMPRE Os pequenos também podem ser antirracistas e ler livros de autores negros, assim como aqueles em que o personagem principal é negro. “Uma literatura que traz reconhecimento logo na formação da criança é muito potente, pois pensa na singularidade de cada ser, permitindo a produção de autoconhecimento, de conhecimento das suas famílias, suas comunidades, seus costumes, suas linguagens”, diz Bergman. E título bom é o que não falta, já que, desde 2003, com a inclusão do estudo das culturas afro-brasileiras no currículo escolar do País, a produção de histórias com essa temática só aumenta. Abaixo, dez livros para serem lidos com as crianças:

Amoras, Emicida — Sinto o que Sinto, Lázaro Ramos — O Mundo no Black Power de Tayó, Kiusam de Oliveira — Meu Avô Africano, Carmem Lucia Campos — Obax, André Neves — O Pequeno Príncipe Preto, Rodrigo França — De Passinho em Passinho, Otávio Júnior — Afrofuturo: Ancestral do Amanhã, Henrique André — Minha Mãe é Negra Sim!, Patrícia Santana — O Menino Marrom, Ziraldo

Economia | VINHOS NACIONAIS

NOSSA TERRA,

Em uma nova onda da produção nacional de vinho, lugares como o Cerrado e o Sul de Minas surgem como regiões produtoras com foco no aumento do consumo interno

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Vinhos brasileiros de

qualidade
aparecer em lugares

começam a

improváveis, como o Cerrado e Minas Gerais

De onde vem o vinho que você consome? Tradicionalmente, o mercado brasileiro é abastecido pela Argentina e pelo Chile, dois países vizinhos, e também por outros do Velho Mundo. Por isso, rótulos escritos em francês, alemão ou italiano são comuns na nossa vida.

Mas se a língua portuguesa, até pouco tempo, estava reservada às garrafas que vinham da terrinha, há alguns anos o consumidor nacional passou a provar boas iniciativas que chegam do Sul e também de regiões do interior paulista. E, agora, o vinho brasileiro de qualidade começa a aparecer em lugares improváveis, como o Cerrado e Minas Gerais. De acordo com a Embrapa, hoje o Brasil produz uvas em 78 mil hectares de seu território. De 1,5 milhão de toneladas colhidas anualmente, metade da safra torna-se vinho, a outra, suco. Apenas 7% desse total viram vinhos finos. “Mesmo com um consumo médio individual de apenas dois litros por ano no País, a produção nacional já não é suficiente para dar conta do mercado interno”, diz Benoit Mathurin, chef dos restaurantes paulistanos Esther, Iaiá Cave à Manger e Urus, e o francês que mais entende do assunto por aqui.

Recentemente, Mathurin mudou a carta do Esther e passou a oferecer apenas rótulos brasileiros. Desde então, não para de receber ligações e garrafas de outros produtores nacionais: “Os novos vinhateiros brasileiros estão no momento de entender que uva se adapta a cada terroir. No Rio Grande do Sul tudo está crescendo, não

tem problema, mas em Minas Gerais e Bahia, esses lugares onde está acontecendo a dupla poda, ainda estão entendendo. Há muito Syrah, Cabernet e alguns vinhos brancos também.”

UM SALTO

A dupla poda foi a responsável, na última década, por elevar a qualidade da produção brasileira e levar as parreiras para todo o território nacional. Por meio da técnica, a colheita das uvas é atrasada para o inverno, quando não há chuva. A amplitude térmica do período, com dias quentes e noites frias, garante que as frutas tenham mais açúcares e por isso se tornem vinhos melhores. Não apenas melhores como também mais potentes. Caso das garrafas da vinícola Maria Maria, localizada na região de Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais. No topo de sua linha, o Gaia Gran Reserva Syrah alcança uma graduação alcoólica superior aos 15%. A razão é o solo superfértil, próprio para o cultivo de café. “Nós estamos em uma região de latossolo vermelho, característico daqui. Muitas vezes as pessoas têm a ilusão de que a uva precisa de solo mais pobre, com fertilidade natural mais baixa, mas conseguimos provar o contrário: um solo com maior fertilidade natural também pode proporcionar vinhos com qualidade”, explica Eduardo Junqueira Nogueira Neto, diretor da Maria Maria.

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Economia | VINHOS NACIONAIS
A variedade da Maria Maria, vinícola no Sul de Minas Gerais O chef francês Benoit Mathurin

Por lá, o cultivo começou em 2009 e as primeiras garrafas chegaram ao mercado em 2015. Desde então, o foco tem sido nas uvas Syrah e Cabernet Sauvignon. Além de café, a família de Eduardo Junqueira também cultiva cereais – outra tendência atual na região mineira. Os cinco hectares de área dedicada às uvas tornaram-se 21 e, em breve, os produtores devem disponibilizar mais 12 hectares.

Apesar da expansão, não estranhe caso nunca tenha ouvido falar na Maria Maria: “Estamos mais focados no B2B. Apesar de termos venda para pessoas físicas, trabalhamos bastante com distribuição em Belo Horizonte e Tiradentes e, agora, estamos entrando um pouco no estado de São Paulo”, diz Eduardo.

O SOLO É O LIMITE

Na cidade de Rianápolis, no interior de Goiás, as vinícolas Monte Castelo e São Patrício apresentam perfis parecidos. A primeira foi fundada por Carolina Martin e seu esposo, Ricardo, e a segunda, pelo pai dela, Nilton Santana, na propriedade vizinha. Por lá, a grande estrela também é o Syrah, embora haja maior diversificação: “Produzimos varietais de Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc. E temos pequenas parcelas de Merlot, Petit Verdot, Cabernet Franc, Tempranillo, Chenin Blanc, e Marselan”, explica a empresária. Entre seus bons rótulos estão o jovem Cauré, os potentes Talha-mar, Albhus e Udu de Coroa Azul.

Donos de gado leiteiro do Cerrado, os Martin passaram a se interessar pela produção de vinhos em 2015, quando descobriram a técnica da dupla poda. “Compramos algumas mudas e começamos um experimento. Foram alguns anos batendo cabeça, fazendo por nossa conta, até que, em 2018, viajamos para a região da Mantiqueira e conhecemos o nosso enólogo”, diz Carolina. A família foi a segunda no estado a se interessar pelo cultivo de uvas – hoje, são 26 projetos espalhados em Goiás.

Cada uma das vinícolas tem seis hectares e meio plantados e este ano é o primeiro em que toda a extensão entrará em produção. Até então, as três primeiras safras da Monte Castelo e da São Patrício eram menores, mas já abasteciam boa parcela do mercado: “No primeiro ano,

busquei muitas lojas especializadas em vinhos brasileiros. Hoje já estamos em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília e Rio Grande do Sul”, diz Carolina.

Em Rianápolis e em todo o estado goiano, as vinícolas que estão surgindo seguem uma tendência de abrir negócios ligados ao enoturismo. A São Patrício, por exemplo, inaugurou há pouco um espaço para receber grupos duas vezes por mês. “O Cerrado goiano vai passar pelo mesmo caminho de regiões como a Mantiqueira e o Nordeste. Em cerca de uma década teremos regiões reconhecidas pela Embrapa. É um caminho sem volta”, afirma a empresária.

Na Maria Maria, as visitas também ocorrem aos sábados, em grupos de até 20 pessoas. Por lá se discute a criação de uma nova Indicação Geográfica, ou Denominação de Origem, que dê conta do movimento que está surgindo. “Estamos no processo de criar a primeira IG dos vinhos aqui no Sul de Minas e então partir para um segundo passo, uma DO, que pudesse caracterizar o solo, o clima e tudo mais. São questões geográficas e também questões históricas referentes à produção de uva e vinho”, diz Eduardo. Embora esses e outros novos projetos brasileiros tenham semelhanças em relação às uvas escolhidas para o cultivo – principalmente Syrah e Sauvignon Blanc – e também pela dupla poda, os caminhos tomados pela Maria Maria e pela dupla de Goiás mostram que esse novo mercado está crescendo de maneira heterogênea e diversificada. Ainda bem. “Estamos tentando aumentar a quantidade de vinho rosé produzido. Hoje temos o dilema de usar a uva Syrah ou para o vinho tinto, e assim ganhar com valor agregado, ou com rosé, que traz um retorno financeiro mais rápido. Percebemos uma tendência mundial de consumo de produtos menos alcoólicos, o rosé em especial”, explica Carolina. O empresário mineiro diverge: “No mundo do vinho, tudo é cíclico. Tem ano que as pessoas preferem os rosés mais clarinhos, em outros, os de cores mais fortes. Agora é uma época de menos barrica e intervenção, mas penso que temos que explorar ao máximo o terroir, o potencial que temos. No meu caso, é um terroir que me permite fazer vinhos mais concentrados, encorpados, de guarda. Pelo menos em uma parte das minhas terras tento explorar essa particularidade ao máximo. Não me limito muito a tendências de mercado, apesar de saber que elas existem.”

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Economia | VINHOS NACIONAIS
O Syrah é o destaque da São Patrício, que tem seus vinhedos no interior de Goiás Negócios ligados ao enoturismo começam a despontar – aqui, o centro de visitantes da São Patrício

COM VISTA DA CHAPADA

Na Bahia, a UVVA vem chamando a atenção por elevar a qualidade da produção nacional. A vinícola fica no Mucugê, a 1.150m acima do nível do mar, e, apesar do clima quente, tem a amplitude térmica ideal para o desenvolvimento dos açúcares nos frutos.

Tudo começou com uma empresa familiar, que se estabeleceu ali para cultivar batatas, mas acabou diversificando – o café Latitude 13 também é deles. A UVVA nasceu em 2012 e as primeiras garrafas chegaram ao mercado em 2022. “Os mais experientes dizem que, ‘no mundo do vinho, tudo se supera após os 100 primeiros anos’. Um projeto vitivinícola tem seus benefícios em longo prazo. Os dez anos que levamos para apresentar a primeira safra da UVVA foram cruciais. Não teríamos sido justos com o terroir se o tivéssemos feito antes”, explica Fabiano Borré, fundador do projeto.

Empolgada com a dupla poda, a família Borré dedicou inicialmente dois hectares de suas terras para os primeiros cultivos. Hoje são mais de 50 hectares, sendo quase 20% destinados aos vinhos brancos e espumantes, e o restante para tintos. Com um portfólio variado, a UVVA oferece passeios nos vinhedos e degustação. “Temos notado um brasileiro cada vez mais consciente e menos preconceituoso. Romper os paradigmas existentes é um desafio de toda a cadeia do vinho brasileiro. Educação e conhecimento são algumas das chaves do processo”, finaliza.

AFINAL, O QUE É A DUPLA PODA?

Nosso verão é chuvoso e apresenta temperaturas elevadas mesmo durante a noite, o que faz com que frutos como a azeitona e a uva não amadureçam bem nessa estação. Se até hoje não há dupla poda para as oliveiras que produzem o azeite em território nacional, foi essa técnica que possibilitou a fabricação de vinhos finos em regiões distintas do Brasil.

Desenvolvida pelo pesquisador Murillo de Albuquerque Regina no início de 2000, quando retornava de um doutorado em enologia na França, a técnica consiste em atrasar o ciclo da planta por meio da poda. Em vez de apenas uma poda, que acontece no período de dormência, depois da colheita, há uma segunda, no final do verão, que é responsável por impedir a floração da videira.

É na floração e, subsequentemente, na frutificação que a videira puxa mais nutrientes do solo. Se há mais chuva então a lixiviação acaba diluindo os minerais e outros componentes e é a água que vai para os frutos.

Com a poda feita, os frutos então começam a surgir entre o outono e o inverno, quando os dias ainda são quentes e ensolarados, mas faz frio à noite. Essa

condição é essencial para a fixação de açúcares, que vão fortalecer os frutos para suportar a variação climática. Claro que há outras condições para a produção de um bom vinho, como o tipo de solo e quais nutrientes estão disponíveis, o próprio manejo das plantações, o trabalho dos enólogos e agricultores, mas o principal ainda é a adaptação à natureza. “O Brasil é o único país que conheço a fazer dupla poda. Para um francês entender isso é uma loucura”, diz, se divertindo, Benoit Mathurin.

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Economia | VINHOS NACIONAIS Fotos Rafael Martins e divulgação
A vinícola Uvva, com vista dos vales da Chapada Diamantina

POÇÃO MÁGICA

Na corrida mundial pela descarbonização, uma gasolina sintética vinda do Chile e o etanol brasileiro despontam como alternativas para salvar carros a combustão na era da mobilidade elétrica

Em sentido horário, a partir da foto mais à esquerda: uma das plataformas da Stellantis, que combina motor flex a conjunto elétrico; a turbina eólica com 150 metros de altura; outro ângulo de Haru Oni, em Punta Arenas: 270 dias anuais de ventos fortes

O complexo industrial no Chile produz 130 mil litros de gasolina sintética por ano. A ideia é chegar em 550 milhões até o fim da década

Quando praticamente todas as fabricantes já haviam dado a extrema-unção para motores a combustão e ressuscitado o carro elétrico como herói da mobilidade terrestre, vem a Porsche e inventa uma gasolina sintética que pode salvar mais de 1,3 bilhão de veículos e mudar o jogo novamente.

A poção mágica não fica em uma jazida de petróleo na Venezuela ou na Arábia Saudita, mas em Punta Arenas, no Sul do Chile. É que lá venta muito e vento é um componente fundamental na produção do chamado eFuel. Ali, uma turbina eólica opera, em sua capacidade máxima, 270 dias por ano

– na Alemanha, terra da Porsche, são apenas 66 dias anuais de ventos fortes. Por isso, o complexo industrial, que recebera mais de US$ 100 milhões em investimentos, foi batizado de Haru Oni, no dialeto local, ou terra dos ventos, em português.

O primeiro passo do processo é a eletrólise para produção de hidrogênio, o que requer grande quantidade de energia. Como a ventania em Punta Arenas oferece energia praticamente inesgotável, o hidrogênio pode ser gerado de forma mais sustentável e acessível. A segunda parte consiste em extrair dióxido de carbono do ar. Um

sistema de síntese então liga o hidrogênio e o CO2 para criar metanol e, voilà, está pronta a gasolina sintética. “Para desacelerar o aquecimento global, é essencial reduzir as emissões e remover o CO2 da atmosfera. Ao mesmo tempo, precisamos de CO2 como matéria-prima em muitos processos de produção. Por que não combinar os dois?”, explica Michael Steiner, membro do Conselho Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Porsche AG.

De acordo com a empresa, quando a disponibilidade do eFuel atingir um determinado nível, a combustão não liberará mais CO2 do que o extraído Fotos divulgação

Motor | GASOLINA SINTÉTICA
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do ar ambiente durante o processo de produção, o que acabaria por fechar o ciclo. “O potencial dos combustíveis sintéticos é enorme. Existem atualmente mais de 1,3 bilhão de veículos com motores a combustão em todo o mundo. E, de acordo com as previsões, esse número não irá cair significativamente nos próximos 15 anos, apesar do aumento da eletromobilidade.

Muitos deles estarão nas estradas nas próximas décadas e os eFuels oferecem aos proprietários dos carros existentes uma alternativa quase neutra em carbono”, complementa Steiner.

Inaugurada em dezembro de 2022, a instalação Haru Oni produz anualmente cerca de 130 mil litros do combustível, por enquanto, utilizados pela Porsche em competições e eventos internos. Até o fim da década, a estimativa é chegar a 550 milhões de litros.

Brasil tem solução própria para a descarbonização

É consenso na busca pela descarbonização que cada mercado vai adotar o tipo de solução mais conveniente, seguindo questões econômicas, tecnológicas e de infraestrutura. O carro elétrico é uma solução. A gasolina sintética, outra. No Brasil, o etanol associado a um conjunto híbrido desponta como alternativa mais adequada. Um estudo recente da Stellantis (conglomerado constituído em janeiro de 2021 a partir da fusão da Fiat Chrysler Automobiles com a PSA Peugeot Citroën) revelou que um veículo abastecido com etanol no Brasil emite 25,79 kg de CO2 após percorrer 240,49 quilômetros, enquanto um 100% elétrico baseado na Europa despeja 30,41 kg.

Isso considerando o conceito “do poço à roda”, em que são contabilizadas as emissões também no processo de fabricação do veículo, e não apenas o que sai do escapamento. “Da frota circulante de aproximadamente 42 milhões de veículos, cerca de 10 milhões rodam com etanol. Logo, se o etanol tem quase o mesmo nível de emissões do carro a bateria, isso significa que temos o equivalente a 10 milhões de carros elétricos circulando no Brasil. Qual país no mundo concentra essa frota de elétricos? A da China conta com 6 milhões”, argumenta João Irineu, vice-presidente de Compliance de Produto da Stellantis para a América do Sul. Praticamente todas as montadoras instaladas no Brasil estão na corrida pelo híbrido flex nacional, incentivado pelo Governo Federal. No lançamento oficial da fábrica da Great Wall Motor (GWM), em Iracemápolis (SP), no ano passado, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin declarou que o híbrido flex é um dos grandes trunfos do País rumo à descarbonização. “Você vai unir o etanol, uma energia limpa, verde, renovável; ao elétrico. Num país continental como o Brasil, é uma belíssima alternativa, que preserva o meio ambiente”, avaliou Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Na ocasião, a marca chinesa confirmou que um dos seus futuros lançamentos, a picape Poer, será híbrida e flex.

Segundo a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), a matriz energética brasileira conta com 80% de energias renováveis – no resto do mundo, a taxa é de 27%. O carro a etanol só perde para um 100% elétrico alimentado por energia brasileira.

FÁBRICA

Fique por dentro da produção da gasolina sintética

1. A turbina eólica Siemens Gamesa tem capacidade de 3,4 MW e altura total de 150 metros. As pás contam com 65 metros de comprimento e a torre, 84 metros de altura. Ventos fortes e constantes fazem da região um dos melhores locais do mundo para produção de hidrogênio e derivados. Com 74%, a taxa de utilização da turbina eólica no Chile é quatro vezes maior do que na Alemanha, que tem 18%, devido às condições geográficas e meteorológicas.

2. O metanol bruto é destilado para reduzir o teor de água de 36% para 4%. O metanol refinado entra no reator de leito fluidizado, onde as reações de desidratação unem os átomos de carbono do metanol para formar cadeias de hidrocarbonetos mais longas, conhecidas como gasolina bruta. A gasolina passa por um processo de estabilização e fracionamento até a obtenção do produto final: uma gasolina de 93 octanas, quimicamente equivalente à gasolina convencional.

3. Um tanque armazena água não processada. Apenas 280 l/h de água são consumidos no processo de eletrólise.

4. O eletrolisador utiliza a energia renovável produzida pela turbina eólica para dividir as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio. Esse processo é denominado eletrólise.

Desde que os carros flex foram lançados, em 2003, o uso de etanol evitou a emissão de mais 620 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, segundo cálculos da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

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Engenheiro da Porsche segura frasco com gasolina sintética; galão da HIF, parceira da Porsche no projeto deste combustível, ao lado do primeiro 911 a usar a alternativa

COO AMARO AVIATION

Marcos Amaro

CEO AMARO AVIATION

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João Mellão Carbono Minds
“Presidentes de grandes companhias utilizam as nossas máquinas para poder viabilizar o crescimento econômico do País”

A Amaro Aviation, fundada pelos amigos Marcos Amaro e João Mellão, aproveitou o gap da pandemia para se firmar como uma das grandes apostas da aviação executiva nacional

Uma amizade e um sonho: ter uma companhia aérea e manter o legado do pai. Este foi o embrião da Amaro Aviation, empresa de aviação executiva nacional que tem como mentor Marcos Amaro, filho do comandante Rolim Amaro, fundador da Tam. A amizade é com João Mellão e vem desde os tempos do colégio. “A empresa nasceu como fruto da nossa relação. De amizade e sociedade. Tenho a sorte de ter um amigo também como sócio”, conta Amaro. Para João Mellão, o convite não foi uma surpresa. A dupla já tinha trabalhado junto, inclusive em seus tempos de Óticas Carol. “Eu sabia desse sonho. O Marcos tem isso no DNA dele, né? E na pandemia ele me ligou com a ideia de montar a empresa. O convite foi muito gratificante. Eu falei: ‘Claro, vamos desenhar isso juntos’”.

O nascimento da Amaro em tempos de coronavírus acabou sendo uma janela de oportunidades. Com a aviação comercial estacionada, a executiva despontou como um transporte mais seguro. “Foi um momento oportuno do ponto de vista estratégico. Estava tudo parado e ganhamos uma vantagem competitiva. E depois conseguimos nos posicionar muito rápido em um segmento que tinha acabado de ser regulado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) com o serviço de aeronave compartilhada.”

Hoje, além do Brasil, a Amaro faz rotas para países vizinhos, Caribe e até para os EUA. Sua frota tem aviões Pilatus, Embraer e helicópteros. A empresa também está começando a administrar aviões particulares, cuidando de detalhes como seguro e pilotos para quem prefere tercerizá-los. Recentemente, a companhia ainda obteve licença de táxi aéreo. “Criamos o FlyPass, uma espécie de cartão de horas. O cliente paga antecipadamente e usa quando desejar para alugar aviões executivos”, explicou Mellão. A seguir, ele e Amaro falam sobre essa e outras estratégias.

SOMA “O nosso negócio tem uma peculiaridade por conta da propriedade compartilhada, em que se compra cotas da aeronave para usá-la pela parte do tempo que lhe cabe. Mostramos que, no fundo, pode ser inteligente não ter um avião. O cliente consegue gastar muito menos. Trabalhar esse aspecto cultural para mostrar a importância dessa escolha é uma das nossas lutas.” – Marcos Amaro

DE NORTE A SUL “Nós já atendíamos os clientes de voos mais longos com jatinho e turboélice e percebemos a necessidade de ter helicópteros. Pode ser usado quando há o desejo de fazer um trajeto mais curto, incluindo sair da Faria Lima e ir a uma reunião na Paulista. Queríamos atender nosso público todo. E faltava também começar a trabalhar com as aeronaves rotativas. Seremos o cliente-lançador do modelo Leonardo AW09 no Brasil.” – Marcos Amaro

CHÃO DE TERRA “Com a Amaro, introduzimos várias questões relacionadas à sustentabilidade. Fomos uma das empresas pioneiras a trazer, por exemplo, a questão da redução do carbono, no ano passado, durante a Labace, feira anual de aviação. Fazemos uma doação mensal para uma ONG chamada Black Jaguar com o intuito de plantar árvores e, assim, contribuir com a redução do CO2 na atmosfera. Iniciamos esse conceito de compensar uma parte do nosso combustível no mercado de aviação executiva aqui no Brasil.” – João Mellão

BATIDA PERFEITA “Temos um contrato com o governo do estado de São Paulo, em que, ao menos uma vez por mês, cedemos uma de nossas aeronaves para o transporte de doação de órgãos. Às vezes, por exemplo, o coração de uma pessoa que está no Rio de Janeiro pode salvar a vida de alguém internado no Incor, em São Paulo. Mas isso não aconteceria se o trecho fosse feito de carro. Já conseguimos realizar oito operações dessas.” – João Mellão

O CÉU É O LIMITE “O Brasil é um país enorme, com mais de 1.000 aeroportos, mas menos de 200 deles são atendidos pela aviação comercial. E as maiores empresas têm plantas em diferentes estados e precisam que seus executivos deliberem de forma eficiente. Vivemos em um país continental, em que nossos aviões são usados como uma ferramenta de trabalho. A aviação executiva oferece acesso a destinos distintos, diferentemente da comercial. Presidentes de grandes companhias de energia, mineração e agronegócio utilizam as nossas máquinas para poder viabilizar o crescimento econômico do País.” – Marcos Amaro

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Na contramão de uma tendência mundial, essas famílias de muitos filhos mostram as delícias –e os desafios – de viver em grupos numerosos

Buscar um filho na escola, pegar o outro na natação, levar o terceiro ao dentista e lembrar-se de dar mamadeira para o caçula. Tudo isso sem deixar de organizar as compras, as roupas e os muitos etcéteras que envolvem a rotina familiar. É esse o dia a dia de pais e mães de famílias numerosas, como o de Andrea Calseverini de Toledo, que, aos 48 anos, é mãe de 11 (veja mais no @maedos11).

A escolha é algo cada vez menos comum, como comprova o Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento mais

recente, de 2022, a média de moradores por domicílio era de 2,79 pessoas, 15% menor do que o estudo anterior, de 2010, quando o registro foi de 3,31. Se voltarmos ainda mais no tempo, em 1906, o número de moradores por domicílio no Rio de Janeiro chegava a 9,62.

Mas quem, assim como Andrea, segue na contramão dessa tendência do encolhimento, garante que não há nada igual. A seguir, reunimos histórias divertidas e inspiradoras para os leitores que não resistem a uma mesa cheia, uma bagunça das boas e aventuras sem fim.

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Comportamento | GRANDES FAMÍLIAS A família de Clodyne, quase completa, em uma das muitas viagens que costumam fazer para aproveitar a convivência

Mãe, professora, viajante e muito mais

Dezessete anos separam os filhos mais velho e mais novo de Clodyne Teixeira Seidel, 44 anos. A primogênita, Michelly, tem 22 e o caçula, Luke, 5. Entre eles há nove irmãos. Ter 11 filhos não era o plano inicial dela e de James, seu marido, mas foi acontecendo. “Tivemos o terceiro, o quarto e achamos que estava bom. Como cristãos, no entanto, consideramos que filhos são uma bênção e acabamos aumentando os planos”, conta a brasileira, que vive nos Estados Unidos desde os 17 anos.

Clodyne logo se encontrou no papel de mãe e, para equilibrar o tempo entre lições e trocas de fralda, tornou-se adepta do homeschooling. Recentemente, o marido passou a ficar mais em casa, o que também permitiu a ela brechas para sair com amigas e fazer outras atividades.

Para Clodyne, um ponto importante é não generalizar as crianças. “Dou atenção individual a cada um, porque são 11 personalidades diferentes”, diz ela, que recentemente viu duas das filhas mais velhas sairem de casa para se casar. E outro fator do qual ela e sua trupe não abrem mão é viajar. “Adoramos conhecer novos lugares, ir atrás do eclipse lunar, acampar. Qualquer motivo é desculpa para passear.”

Como nossos pais

Se uma mãe e um pai com dois ou três filhos já confundem a idade deles, para o empresário Antonio Biselli, 57 anos, é o fato de ser engenheiro que o ajuda a saber quantos anos tem cada um dos seus oito herdeiros. “Faço uma conta rápida aqui”, afirma, dizendo que o mais velho tem 33 e o mais novo, 13.

Formar uma família numerosa foi algo natural para quem possui oito irmãos, como Antonio, mas para a advogada Andrea, sua esposa, a vontade veio aos poucos, depois de conhecê-lo – ela tem três irmãs. Segundo Antonio, difícil são dois filhos; do terceiro em diante é fácil. “Compartilhar as tarefas entre todos vira algo natural”, afirma. Mas ele faz questão de dizer que quem comanda o dia a dia é mesmo Andrea, a “mestra da organização”. Com a ajuda da mãe, ela voltou a trabalhar quando o quarto filho tinha dois anos e sempre conseguiu cuidar da rotina.

A rotina, vale dizer, inclui o consumo de dez quilos de arroz por mês. Isso porque os dois mais velhos, que já não moram mais com os pais, aparecem com frequência para almoçar. Outro ponto de encontro são as viagens – o Réveillon, por exemplo, reuniu, além da família de dez, companheiros de alguns. Mas, quando o assunto é viagem, o casal também faz questão de manter a tradição de, uma vez por ano, embarcar sem “crianças” para algum lugar. “Parte do sucesso da nossa família se deve a esse tempo em que nós dois ficamos sozinhos”, finaliza Antonio.

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Parte da trupe de Clodyne em mais uma aventura –eles adoram acampar e conhecer novos lugares A família completa de Andrea e Antonio, em dois momentos: almoços e viagens costumam ser oportunidades de reunir a turma toda

Time de futebol

“Eu entendi que não podemos olhar os filhos como gastos. Eles são pedras preciosas.” Foi pensando assim que a empresária e orientadora familiar Andrea Calseverini de Toledo, 48 anos, teve 11 filhos com o marido, Fábio. “Brinco que temos um time de futebol.” A mais velha, Ana Carolina, tem 32 anos e o mais novo, Álvaro, 7.

Cuidar da família foi algo que ela foi aprendendo aos poucos. Percebeu que é necessário haver rotina, mas não pode ser rígida demais para ninguém enlouquecer – adultos e crianças – e que a prioridade não é levar à escola com o uniforme passado. Mas a principal lição foi ver que cada filho é único. “Claro que eles vão dividir

O “time de futebol” de Andrea e do marido, Fábio, abrange as mais diferentes idades e fases – o mais velho tem 32 anos e o caçula, 7

“Tem

de tudo. Quem gosta de estudar e quem não. O esportista, o não esportista. O importante é respeitar as diferenças”

quarto, mas tem de tudo. Quem gosta de estudar e quem não. O esportista, o não esportista… O importante é respeitar as diferenças.”

Dos 11, cinco moram atualmente com o casal, que mantém na agenda uma reunião semanal, normalmente às segundas, para conversar sobre a casa. Na pauta, assuntos como lista de compras, idas ao dentista, festas e muito mais. “Começamos com os temas mais amenos e depois partimos para os mais difíceis. Assim evitamos começar uma discussão e não avançar em todas as questões.”

E quando se trata de grupos numerosos, surpresas acontecem: Andrea engravidou do 11º filho ao mesmo tempo que sua primogênita também engravidou. Hoje, o filho e o neto brincam como se fossem irmãos.

Sempre que possível, a trupe tenta concluir a árdua tarefa de se reunir por completo – três filhos do casal já vivem em outras cidades. E, como obviamente isso não acontece toda hora, Andrea liga diariamente para quem não está perto, para sentir o tom da voz e ter certeza de que estão bem. Uma mãe sendo… Mãe.

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Comportamento | GRANDES FAMÍLIAS
E se os momentos de correria existem, há ainda muito mais momentos de prazer

Amor – e planilhas – sem fim

Desde pequena, as amigas de Renata Merquior, filha única, ouviam ela dizer que, quando crescesse, teria uma família numerosa. Dito e feito: aos 40 anos, a empresária é mãe de quatro. De Maria, a caçula, de 4 anos, Renata engravidou quando ia colocar o DIU. “Não deu tempo. Ela veio no susto e se tornou um presente”, diz. O susto aconteceu por se dar conta de que teria mais uma criança em casa e o presente porque, depois de três meninos – o mais velho é João, com 14 anos –, finalmente ela seria mãe de uma menina. “Ter quatro é uma vida cara, tudo você multiplica por seis. Mas o amor também”, afirma. Além de custosa, é uma vida intensa e corrida. Com cada filho com uma agenda. Para não se perder, Renata faz uma planilha semanal de atividades e conta com ajuda para poder trabalhar – ela é sócia-fundadora do clube de beleza The Dry Club (@thedryclub) e da marca de moda The Club (theclub_eshop) –, mas faz questão de reservar momentos só com eles e o marido, o advogado Bruno. Em fases mais desafiadoras, como as férias escolares, ela tenta trabalhar mais de casa para conseguir cuidar de todos e recorre a auxílio extra das avós, que moram no Rio de Janeiro, onde ela e o marido nasceram. E se os momentos de correria existem, há ainda muito mais momentos de prazer. Entre eles, um compromisso que Renata faz questão de manter com todos: a viagem mãe e filho quando chega o aniversário de 10 anos. “É uma oportunidade para criarmos memórias só nossas.”

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Fotos divulgação
A escadinha de Renata e Bruno ficou completa com a chegada de Maria, a única menina entre os quatro filhos

UMA BRASILEIRA DE PRESENÇA INTERNACIONAL

Orgulhosamente brasileira, a GOL nasceu em 2001 com o propósito de Ser a Primeira para Todos, um intento que a empresa nunca perdeu de vista em seus 23 anos de história. Assim como interligar grandes capitais brasileiras e promover o acesso rápido a cidades do interior do Brasil, a expansão internacional é uma meta contínua. A companhia encurta distâncias e aproxima pessoas entre as suas 64 bases domésticas e 13 bases internacionais, incluindo seu mais novo destino em terras estrangeiras: Bogotá, na Colômbia, com decolagens tanto a partir do aeroporto de Guarulhos (GRU) quanto de Ezeiza (EZE), em Buenos Aires. De diferentes pontos do Brasil, a companhia alça voos para 12 destinos distribuídos em oito países das Américas. Na Argentina, ela aterrissa em Buenos Aires, Mendoza, 100

Córdoba e Rosário. Somam-se Assunção (Paraguai), Montevidéu (Uruguai), Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Punta Cana (República Dominicana), Miami e Orlando (Estados Unidos) e Paramaribo (Suriname) à mais recente capital da América do Sul contemplada, Bogotá – e sem ponto final, pois, em novembro e dezembro deste ano, a GOL iniciará operações exclusivas para, respectivamente, San José (Costa Rica) e Aruba.

Frio, calor ou temperança, não importa. Democrático, o leque climático de julho aguarda viajantes ávidos por construir novas (e eternas) memórias. A Companhia preparou uma malha internacional abrangente para o período e para o segundo semestre de 2024. Seguem os destaques:

Carbono Uomo + GOL
Assim como promover o acesso rápido a cidades do Brasil, a expansão internacional é uma

meta

contínua

DE BRASÍLIA E MANAUS

PARA OS ESTADOS UNIDOS

A comodidade de concluir a viagem para a Flórida no mesmo dia, em voos com saídas matinais, faz de Brasília, importante hub da GOL com voos regulares para Orlando e Miami, um clássico entre os amantes dos parques temáticos, das compras e dos lifestyles praiano e artsy. A capital federal é ponto de partida conveniente para os turistas do Centro-Oeste, do Norte, do Nordeste e até de capitais do Sudeste, que se conectam com rapidez no Distrito Federal rumo a uma das regiões mais aclamadas dos Estados Unidos. Durante a alta temporada, a Companhia retoma os voos diários de Brasília para Orlando e amplia de cinco para 11 as decolagens semanais entre a capital federal e Miami, que também voltará a receber voos sazonais diretos a partir de Manaus (MAO).

MAIS DE 220 DESTINOS INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS

A GOL atende a 12 destinos internacionais nas Américas com sua frota. Em parceria com outras dez grandes empresas aéreas, entre elas American Airlines, Avianca, Air France, KLM, Air Canada, Aerolíneas Argentinas, Copa e South African, estende sua presença a outros 216 destinos, atingindo 50 países em todo o mundo. As operações em parceria da GOL facilitam todo o processo da viagem e as conexões entre os destinos brasileiros e o exterior, assim como permitem a chegada de mais viajantes ao Brasil, contribuindo para que o turismo seja uma ferramenta de desenvolvimento social e econômico. As vendas são feitas pelos canais proprietários da GOL. E você, está com o passaporte em dia?

COLÔMBIA, EL PAÍS DE LA BELLEZA , É LOGO ALI

A colorida e musical Colômbia está mais laranja desde 1º de abril com a chegada da GOL. A boa notícia é que os quatro voos semanais diretos da Companhia entre Guarulhos (GRU) e Ezeiza (EZE) e a capital Bogotá (BOG) (foto à esquerda), hoje vigentes, vão se tornar diários em julho. Com um plus: a partir de outubro, a empresa disponibilizará voos para a capital colombiana também a partir de Brasília (BSB).

NORDESTE EM LIGAÇÃO DIRETA COM A ARGENTINA E A FLÓRIDA

Em 2023, a GOL liderou a oferta de voos internacionais do Nordeste para a Argentina, voando sem escalas o ano todo entre seis capitais – Salvador (SSA), Maceió (MCZ), Recife (REC), Fortaleza (FOR), Natal (NAT) e João Pessoa (JPA) – e Buenos Aires. Mas o que é bom sempre pode melhorar. Ressaltando a força do turismo nordestino, a GOL retomou em 27 de junho de 2024 a rota regular Fortaleza (FOR) - Orlando (MCO), operada até 2020. A Companhia está disponibilizando aos clientes da capital cearense e de todo o Nordeste uma saída semanal direta para a Capital Mundial da Diversão, na Flórida. Os viajantes também vão contar com mais voos para Miami (MIA) a partir de Fortaleza. Em 21 de junho, a capital do Ceará aumentou de uma para duas frequências semanais para Miami.

101 Carbono Uomo + GOL @voegoloficial

CÓRSEGA VIAGEM

Sur la route

Casada com um francês, a jornalista Natália Albertoni convida os leitores a conhecerem a Córsega a bordo da Preciosa, a van da família

Os meus sogros vivem a vida de aposentados que eu desejo ter quando chegar a minha vez. Viajam muito. Sozinhos ou com seus casais de amigos, deixam o Sul da França, onde nasceram e ainda moram, para observarem baleias e a Aurora Boreal ou apenas degustar ótimos vinhos portugueses. Nos últimos anos, eles avançaram pelas estradas europeias, principalmente, com a Califórnia, van e atual xodó da dupla. Por falta de inspiração, o veículo da Volkswagen ficou com o nome do modelo mesmo. É uma graça. Tem fogão de duas bocas, geladeira, pia, mesa, despensa e até um armário. Tudo mini, claro. E, para dormir, pode-se optar pelo quarto no “andar de cima”, que ganha forma graças ao teto retrátil.

1 – O visual paradisíaco da Plage d’Arone, a preferida de Natália no roteiro na Córsega

Em 2021, eu e o Romain, meu marido, pegamos emprestada a “Preciosa”, como decidimos nomeá-la. A nossa estreia na van teve como destino a Córsega, cenário de algumas das férias escolares dele. Considerando a geografia da Ilha da Beleza, a escolha foi ousada. Erguida sobre falésias de calcário e paredões de granito avermelhado, à Córsega é curvilínea e pontiaguda. Serpenteada por pistas estreitas de mão dupla, ela é ocupada por motoristas extremamente otimistas em relação ao espaço. Fechei os olhos em muitas ocasiões, devo dizer. É de fato uma rota para aventureiros. E é mesmo magnífica.

DIÁRIO DE BORDO Chegamos de ferry depois de uma travessia tranquila a partir de Toulon. A primeira parada foi em Saint Florent, com suas praias menos requisitadas e uma paisagem seca por causa da proximidade com o Deserto des

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Córsega

Agriates. Há trilhas de três dias na região, porém só queríamos ver o mar para decretar o início das férias. Fizemos uma caminhada curta e descansamos.

HORA EXTRA A primeira noite foi em Bodri, onde a areia branca reforça o contraste com o mar verde-água. No verão, o dia acaba às 22 horas, então deu para montar acampamento e assistir ao pôr do sol. Depois, com a infância no pensamento, Romain se preparou e serviu o jantar, sob as estrelas no nosso novo quintal.

MÁGICA Os “calanches” de Piana são patrimônio natural da humanidade. Com até 300 metros de altura, os paredões se

estendem por dois quilômetros e ganharam o apelido de fiorde do Mediterrâneo. O passeio de barquinho é disputado, mas vale. Os guias narram a formação da vila com alguma magia. No fim, fica a impressão de que as rochas emergiram das entranhas da terra com tanta vontade de ser outra coisa que assumiram a semelhança do que encontraram à vista. Por isso elas exibem toda uma horda de animais esculpidos em pedra: um pequeno elefante, um cachorro que observa a vista, um tubarão pronto para fisgar a presa fora d’água.

2 – Romain revivendo um roteiro da infância 3 – A Preciosa estacionada na Córsega 4 – Mar cristalino e areia branquinha marcam as praias da região

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Córsega, a ilha

Localizada entre a França, a Itália e a Sardenha, a cidade natal de Napoleão ocupa uma posição estratégica no Mediterrâneo. Foi alvo de disputas na rota do comércio e ocupada por diversos povos, como os genoveses. Possessão francesa desde 1769, foi considerada uma “coletividade territorial” em 2018, o que significa assumir funções departamentais e regionais. As influências italianas permanecem no sotaque cantado do dialeto. E o rastro do movimento separatista pode ser observado em mensagens –e marcas de bala – em placas na estrada.

COMUNIDADE Há uma atmosfera de camaradagem entre quem viaja de van. Dividem-se ferramentas para montar um toldo, mas também compartilham-se queijos, especiarias e histórias. No camping da Plage d’Arone, conhecemos Maria e Henri, da Dinamarca. O casal viaja com duas barracas, uma delas mais leve, para caminhadas nas montanhas. Passaram pelo menos sete verões na Córsega, onde percorrem a mítica GR20 todas as vezes de alguma forma (completa, só ao Norte ou só ao Sul). A trilha de 180 km cruza toda a ilha. Os amigos do casal perguntam com frequência e ironia se eles já não têm dinheiro suficiente para pagar um hotel. Henri responde que sim, claro, ele só não quer. “Pagar hotel é arrumar a solução para um problema, que é dormir.” Encontrar um jeito de sobreviver com o que se tem nas costas é uma experiência que eles não cansam de viver. E que diz muito sobre esse tipo de viagem.

SEM SIRI, COM LAGOSTA Do alto do vilarejo Girolata, o mar é o azul klein. A vegetação marítima que gosta de sol pode resistir em até 40 metros de profundidade. A água é tão

transparente que os raios chegam às profundezas. Em retribuição, as plantas criam manchas translúcidas e esverdeadas que podemos ver na beira das praias. Não há siris, mas lagostas, que antigamente eram a base da alimentação dos mais pobres. Era o consumo de carne o sinal de riqueza. E os vestígios desse passado estão nas charcuterias que povoam os vilarejos.

GRAND FINALE Disputada, como todo pedacinho da Córsega, antes pela localização estratégica e hoje pela vista, Bonifácio faz questão

5 e 6 – Cantinhos de charme no vilarejo de Piana 7 – Maria e Henri, casal da Dinamarca apaixonado pela vida na van

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“Com pistas estreitas de mão dupla, a Córsega tem motoristas otimistas em relação ao espaço. É uma rota para aventureiros. E é mesmo magnífica”

Onde ficar

Pozzo di Mastri

Se quiser uma pausa da van life, essa pousada rural criada em uma propriedade familiar em 1987 está localizada em Figari, entre Bonifácio, Porto-Vecchio e a montanha de Bavella. @pozzodimastri

Onde comer, petiscar e tomar um apéritif

Na vila de Algajola, Le Chariot é um estabelecimento familiar de bom gosto com pizzas ótimas. Escolha uma mesinha no terrace @restaurant_lechariot

O Proxi Luciani Frères, em Calaccucia, é um supermercado simples, mas vale para os fãs de carne. Experimente o Lonzo, embutido de porco.

Les Roches Bleues, nos Calanches de Piana, é um restaurante tradicional no topo de uma montanha. A vista é deslumbrante. Pare, nem que seja para uma tacinha de vinho.

@lesrochesbleues

Córsega

de resistir sobre uma imensa falésia de calcário. Nos passeios de barco, nota-se uma fenda no paredão que é, na verdade, uma escada de 187 degraus construída no século 15. A cidade medieval tem lojas, restaurantes e preciosidades históricas como a catedral de São João Batista. Seja qual for o roteiro, pare para apreciar a vista ou tomar um diabolo, refresco com limão, água com gás e xarope de fruta.

O restaurante Le Joséphine oferece pratos elaborados com ingredientes frescos de produtores locais. Do terraço é possível admirar as enseadas de Piana. Incrível. @le_josephine_piana

Le Casabianca fica na praia de Arone, uma das minhas preferidas. O cardápio privilegia pratos com peixes e frutos do mar, mas há também excelentes pizzas assadas no forno a lenha. @lecasabianca

Sete dicas práticas que aprendi morando numa van

1- O camping faz parte das férias. Isso inclui escolher o melhor lugar para estacionar, cozinhar e curtir a vista.

2- Amarrar um varal consiste em encontrar a melhor combinação de espaço, árvores e linhas. Tenha certeza de que está estável antes de pendurar algo valioso, como sua toalha (risos).

3- Cangas não só criam uma vibe, mas também funcionam como biombos para mais privacidade. E ainda barram o sol.

4- Ter um tapete na porta da van é muito útil porque uma coisa é certa: vai entrar sujeira na sua casinha. Confia.

5- Rede é vida, né? E pode ser gostoso para quando você se cansar do carro.

6- Leve bikes. É bem mais prático do que tirar a van daquela inclinação perfeita.

7- Tenha fontes de iluminação fora da van, como abajures a pilha. Alguns insetos adoram luz. Então imagine a festa se você focar nas internas.

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8 – Natália e Romain em uma das muitas paradas para apreciar o caminho 9 – O visual cênico de Bonifácio
Viagem | CÓRSEGA
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PORTUGAL VIAGEM

Portugal, UAU!

Com vista do Porto, o Centro Cultural WOW mostra como revitalizar uma região tida como abandonada, valorizando alguns dos grandes ativos de Portugal

10.994. É esse o meu peso em... rolhas de vinho! Sim, no WOW (World of Wine), espécie de quarteirão cultural com museus, restaurantes e escolas na região portuguesa do Porto, meus 51 quilos podem ser transformados nessa curiosa unidade de medida. Caro leitor, tenho certeza de que tal curiosidade sobre a minha pessoa é irrelevante para você, mas peço licença para usá-la, pois se trata de um ótimo exemplo de como o universo do vinho é explorado das mais diversas e

1 – Restauradas,

improváveis maneiras nesse projeto grandioso que tem turbinado o turismo da região desde sua inauguração, em 2020.

E, antes que você comece a ler esta reportagem com a sensação de que é preciso ser um enólogo para desfrutá-la, divido outra curiosidade sobre mim: adoro vinho e os bons momentos que a bebida pode oferecer, mas nunca me aprofundei no assunto e sempre preciso da ajuda de um especialista – até mesmo no supermercado – se quero ir além do meu querido Pinot Noir.

Dito isso, vamos à história. Desembarquei no Porto, mais precisamente no município de Vila Nova de Gaia, para

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as antigas caves de vinho do Porto de Vila Nova de Gaia deram vida ao Centro Cultural WOW
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A grande sacada foi entender que o destino não precisava de mais

viajantes, mas sim que os visitantes aumentassem sua temporada por lá

conhecer esse projeto ousado do The Fladgate Partnership, cujo objetivo é descomplicar o mundo do vinho. O grupo português é dono de marcas históricas de vinhos do Porto – Taylor’s, Croft e Fonseca – que, durante três séculos, eram produzidos nesse simpático município do outro lado do rio. Com o passar do tempo, novas tecnologias fizeram com que o processo pudesse ser concluído no Douro e sobrou a Gaia, uma série de cavas abandonadas. Surgiu, então, a questão: o que fazer com todo aquele espaço, que ainda tem a vantagem de contar com a vista mais linda do Porto? A grande sacada foi entender que o destino não precisava de mais viajantes, mas sim que os visitantes aumentassem sua temporada por lá. E a única forma de fazer isso era criando uma espécie de quarteirão cultural, com programas que justificassem essa extensão. “O WOW nasceu para dar uma nova vida a essas construções, por meio de experiências que falam sobre aquilo que Portugal faz de melhor”, conta Ana Maria Lourenço, gerente de relações públicas do WOW, sobre o investimento estimado em 110 milhões de euros.

A verdade é que, no WOW, o vinho pode até ser o fio condutor do passeio, mas a proposta vai além. “O projeto é um catalisador de toda a nossa zona. As 17

2 – A vista do Porto, um dos grandes atrativos de Gaia

3 – As paredes do WOW ganham projeções em noites especiais

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4 e 7 – Propostas lúdicas e interativas marcam o Planet Cork 5 – Uma das muitas raridades do The Bridge Collection 6 – Diversão garantida no Pink Palace 8 – A steakhouse 1828: pratos harmonizados com vinhos do Porto
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9 – Galeria de ilustrações no Museu do Vinho: para cada uva uma personalidade
“O WOW é um catalizador de toda a nossa zona. Não havia quem falasse do vinho de mesa ou que contasse a história dessa região tão rica”

Adrian Bridge, CEO do WOW

marcas de vinho do Porto que aqui estavam ofereciam a mesma coisa, mas não havia ninguém que falasse de vinho de mesa, nem quem contasse a história dessa região tão rica”, complementa Adrian Bridge, CEO da holding. São 55 mil metros quadrados, que incluem sete museus, 12 restaurantes e bares, uma escola de vinho e espaços para exposições e eventos. E o mais legal é que é você quem decide como e quanto explorá-lo: o acesso ao complexo é gratuito e há diversos combos de ingressos.

Eu, por exemplo, adorei mergulhar nos bastidores da bebida no Museu do Vinho e entender como, apesar de ser um país pequeno, Portugal é um microcosmo de diferentes climas, solos, altitudes e paisagens propícios às uvas. Sem grandes frescuras e “enochatices”, mas de uma maneira leve e, em grande parte, interativa. E, claro, a visita termina com uma breve prova, que já aguça os sentidos para as próximas experiências.

E foi no Planet Cork, o espaço dedicado à cortiça, que descobri curiosidades que vão muito além do meu peso, claro. O país é o maior produtor do material e é interessante entender como esse produto, 100% vegetal e sustentável, é usado nas rolhas de vinho, mas também em coisas tão distintas quanto uma prancha de surfe revolucionária, invenções aeroespaciais e efeitos visuais de Hollywood. Em um dos momentos lúdicos, “brinquei” de acertar rolhas no máximo de garrafas possíveis, em 30 segundos, sem quebrá-las.

Há ainda o Porto Region Across the Ages, museu dedicado à história da região do Porto, o Museu do Chocolate, e o The Bridge Collection, nada mais do que a coleção pessoal

de Adrian Bridge, com cerca de 2000 copos e alguns outros itens do universo da bebida. “Comecei com o objetivo de comprar copos romanos para oferecer vinho do Porto aos meus amigos, mas o medo de quebrá-los era grande e não deu certo”, ele me conta, assumindo que sua obsessão pelo tema é fora da curva. Entre os itens raros, uma taça de jade de nefrite branca, esculpida no Império Mogol.

Seja qual for a sua escolha, eu não deixaria de fora a visita ao Pink Palace, um museu pequenino e divertido dedicado ao mundo dos rosés. A linguagem, declaradamente inspirada em Wes Anderson, rende bons momentos – e fotos – e, a cada sala, prova-se uma variedade da bebida. Até mergulho na piscina de bolinhas eu dei. Então, garanto que o passeio é divertido mesmo para as crianças!

SÓ UMA(S) TACINHA(S)

Para quem prefere um passeio mais breve – acompanhado de algumas copas, claro –, minha dica certamente é visitar a Escola de Vinho, com certificação da WSET. Aqui, não se deixe intimidar pelo nome: para os menos conhecedores como eu, a experiência está mais para um wine bar despretensioso do que para uma aula propriamente dita. Logo de cara, achei o espaço um charme: fica em uma construção do século 19, onde funcionava o centro de visitas da Croft.

10 – No Museu do Vinho, a “enochatice” não tem vez 11 – Degustação em grupo na Wine School

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Viagem | PORTUGAL 10 11
“Cada vez mais o vinho é sobre experiência e nosso papel é desmitificá-lo ao máximo”

O projeto nasceu para treinar os colaboradores dos restaurantes do WOW – gostei de saber que, independentemente da função, todos eles passam por um treinamento de 16 horas – e, com o tempo, foi estendido ao público.

Há inúmeros cursos mais elaborados, mas, hoje, são as provas que têm o maior volume de venda da escola, justamente por cumprirem a missão de tratar o tema de forma descomplicada – elas podem ser walk-in e organizadas de acordo com as suas preferências. “Mesmo nos cursos mais técnicos, a maior parte do nosso público é de consumidores. Cada vez mais, o vinho é sobre experiência e nosso papel é desmistificá-lo ao máximo”, explica José Sá, diretor do espaço. Outro destaque são as provas realizadas em passeios de iate no Douro.

Depois de algumas taças, hora de escolher entre as muitas opções gastronômicas do WOW. Tem para todos os gostos e bolsos, mas adorei os pratos do mar português servidos no Golden Catch e não me esqueço do Mira Mira – reserve! –, focado na alta gastronomia de Ricardo Costa, chef que tem duas estrelas Michelin

Depois de tantas experiências, sentei-me na praça central do WOW para observar o movimento. É interessante ver como o lugar se tornou um ponto de encontro também dos locais, principalmente em dias de festas temáticas, como a junina. E, claro, aproveitei para admirar mais uma vez o skyline do Porto: quando as luzes se acendem, o cenário parece ficar ainda mais especial.

O visual me acompanha na volta ao hotel, a poucos passos dali: estava hospedada no The Yeatman, hotel vínico construído no alto de uma colina pelo The Fladgate Partnership, ainda em 2010, quando o grupo começou a pensar em uma revitalização da área (veja mais no box).

E, enquanto caminhava, refleti sobre o quão simpática é

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12 – Mira Mira: criatividade e explosão de sabores 13 – O chef Ricardo Costa em ação 12 13
José Sá, diretor da Escola de Vinhos do WOW

a ideia de se hospedar em Vila Nova de Gaia. Afinal, atravessei o Douro para descobrir endereços mais óbvios, como a Torre dos Clérigos, e outros nem tanto, caso do pequenino Museu do Vitral, que relembra as criações do Atelier Antunes em uma casa do século 18. Mas, na hora de dormir, pude contar com o clima tranquilo e silencioso da região do WOW. Em tempos de overtourism, penso que inverter a ordem seguida pela maioria dos viajantes pode, sim, ser interessante. De preferência com uma taça de vinho nas mãos e a vista de um Porto iluminado. Tim-tim!

Vinho, vinho, vinho!

Cinco motivos para se hospedar –ou ao menos visitar – o The Yeatman, o hotel vínico do mesmo grupo do WOW

A INSPIRAÇÃO Estamos falando de um hotel vínico e o conceito aparece em todos os detalhes. Na carta premiadíssima, claro, com destaque para a seleção dos melhores produtores nacionais, mas também na decoração. Cada quarto ganhou o nome de um produtor português e, em uma das suítes master, a cama lembra um tonel.

A VISTA Não à toa, o projeto foi pensado para enaltecer o grande trunfo do terreno no alto de uma colina: a vista do Porto. Da banheira das suítes ao Dicks Bar, é ela quem reina absoluta.

ARTE O hotel reúne pequenas coleções que são verdadeiras joias. Os temas são diversos e variam entre peças feitas de cortiça, mapas que contam a história de Portugal, artigos relacionados ao mundo das bebidas e outras raridades.

SPA Pense em um oásis de 2000 metros quadrados dedicado ao relaxamento. Além das massagens, que podem ser feitas com produtos baseados no vinho, há banho turco, saunas, haloterapia, entre outros espaços incríveis.

GASTRONOMIA Ricardo Costa (do Mira Mira, no WOW) é o nome por trás de toda a gastronomia do hotel, incluindo o The Restaurant, que lhe rendeu duas estrelas Michelin. Em destaque, a autêntica culinária portuguesa com toques mais contemporâneos.

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14 – História e elegância nos corredores do hotel vínico The Yeatman 15 – Referências ao vinho estão em toda parte 16 – A vista do Porto reina absoluta no hotel 16 15 14
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EGITO VIAGEM

Nas profundezas do mar sem fim

Além de fotógrafo, Pedro Arieta é mergulhador profissional, com uma verdadeira obsessão pelo mar de um paraíso egípcio. Aqui, ele explica os encantos por trás do destino e das fotos que faz debaixo d’água

A primeira vez que fui para Dahab, no Egito, foi em 2004 e, desde então, nunca mais parei. Vou todos os anos e, na maioria das vezes, passo alguns meses nessa cidadezinha mágica às margens do Mar Vermelho. Eu já tinha mergulhado no Brasil, mas foi lá que realmente me encantei: fiz vários cursos – hoje sou dive master – e comecei a fotografar o que via na água.

É em Dahab que fica o famoso Blue Hole, eternizado pelo francês Jacques-Yves Cousteau como seu lugar favorito. Imagine um cilindro com mais de 100 metros de profundidade. É o mergulho em que mais morre gente no mundo. É realmente impressionante.

As pessoas falam que, quando você mergulha, os problemas ficam na superfície. Eu concordo. A atividade é muito terapêutica. O mergulho lhe faz uma pessoa melhor porque você se sente pequeno e quase insignificante diante daquela imensidão.

Dos praticantes de apneia aos banhistas, passando pelos peixes, o fundo do mar é uma eterna inspiração para Pedro

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Fotos Pedro Arieta

Logo no começo, percebi que Dahab não era um lugar registrado por muitos fotógrafos e isso acabou se tornando uma desculpa. Comecei a clicar as pessoas nadando, os turistas boiando, entre outras coisas. Foi nessa época também que passei a fotografar os mergulhadores que praticam apneia. Hospedo-me na mesma pousada absolutamente todas as vezes. Meu equipamento fica lá e o dono do dive center que frequento me considera um filho. Preciso voltar sempre, sigo com essa sensação. Teve um episódio, inclusive, em que eu estava no aeroporto e escutei o chamado para o meu voo de volta a Nova York, onde moro há muitos anos. Dei meia volta e retornei para Dahab. Não sei explicar, é um lugar especial. Brinco que existe um Dahab Hole que deixa as pessoas presas nesse paraíso egípcio ( risos ).

Cenas de Dahab. Destaque para a foto acima, da zona de proteção ambiental Ras Abu Galum, “o melhor mergulho da região”, diz Pedro. Para chegar ao local, onde moram apenas beduínos, só a pé, de camelo, ou de barco

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As cores e formas de Dahab, paraíso egípcio que serve de casa para o fotógrafo Pedro Arieta

A vida que pulsa no fundo do mar

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CHAMPANHE COM PAPAI NOEL

A convite da Krug (@krugchampagne), Marcelo Fernandes, empresário à frente do restaurante Kinoshita, embarcou em uma imersão nórdica que combinou champanhe, gastronomia e boas doses de aventura em cenários únicos

Todos os anos a Krug leva alguns de seus embaixadores para uma experiência fora da curva em algum canto especial do mundo. A ideia é combinar diferentes safras de seus champanhes, cultura e gastronomia de uma maneira única, exatamente como os produtos da maison fundada em 1843.

Escolher embaixadores emblemáticos é uma tradição da Krug, que tem ou já teve nomes como Roger Federer e Jay-Z no posto. E, desta vez, tive a honra de ser convidado como o único embaixador das Américas para viver uma verdadeira imersão em Estocolmo e na Lapônia, em busca da Aurora Boreal.

A viagem reuniu 80 pessoas de diferentes partes do globo, incluindo descendentes de Johann-Joseph Krug, como Remy Krug – atualmente, é a sexta geração da família que comanda a marca. Eu, que já tinha muita vontade de conhecer a região, adorei vivenciar dias intensos experimentando lugares, sabores e costumes. E o mais legal é que o grupo foi acompanhado por chefs que propunham combinações entre temperos e notas de Krug.

A viagem começou em Estocolmo, onde iniciamos a imersão no universo da maison, relembrando detalhes de sua história e de seu processo minucioso de produção, que inclui o método de

“Adorei vivenciar dias intensos experimentando lugares, sabores e costumes”
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Fotos
Experiência | KRUG
Marcelo Fernandes

fermentação em barris de carvalho, responsável pelo sabor de complexidade excepcional. À noite vivenciamos um jantar harmonizado que teve como palco a Catedral de Estocolmo. Como se não bastassem o cenário, a música e o cardápio harmonizado, o evento ainda contou com degustações dos raros Krug Clos du Mesnil 2006 e Krug Clos d’Ambonnay 2006, em Magnum.

De lá embarcamos em um voo exclusivo para a terra do Papai Noel. Na Lapônia nos hospedamos no Lapland Hotels Sky Ounasvaara Rovaniemium, um hotel cercado por vidro que ressaltava a beleza da natureza local.

Tivemos uma vivência verdadeiramente nórdica, com direito a corrida de trenó puxado por cães, que foi um dos pontos altos do roteiro. Antes de a

aventura começar, passamos por uma preparação com paramentos para andar no gelo e visitamos tendas onde aconteciam pequenos brindes. Depois os cães nos conduziram até o local do almoço. Pense em um espaço no meio da natureza, com bancos feitos de gelo. Os chefs executaram, com maestria, um cardápio que combinava especialidades locais com toques de rusticismo, caso do salmão selvagem e das carnes de caça, com diferentes safras de Krug. Difícil dizer qual momento achei mais inesquecível, pois a atenção aos detalhes era realmente surpreendente. Ir à Lapônia, brindar com o “papai Noel” e ter um almoço com uma atmosfera inóspita é algo raro e memorável. Infelizmente não consegui ver as luzes nórdicas, mas considero isso um incentivo para voltar – e brindar mais uma vez.

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Experiência | KRUG
Detalhes do jantar que aconteceu na Catedral de Estocolmo. Abaixo e na página anterior, alguns dos momentos vividos na Lapônia MARCELO FERNANDES é restaurateur, fundador do grupo Gastronomia MF (@gastronomiamf) que tem entre suas casas os restaurantes Kinoshita, Merceria do Francês e Foglia, entre outros.

ENTRE O HOJE E O AMANHÃ

Especialista em transformação digital, Marcelo Tripoli mostra que ser uma empresa ambidestra, que entrega resultado hoje sem matar o futuro, é uma questão de sobrevivência

Por Marcelo Tripoli (@marcelotripoli)

Nos últimos anos, a transformação digital virou muito mais do que um termo usado nas empresas para descrever uma tendência de mercado. Transformarse passou a ser uma necessidade para quem busca prosperar em um mundo cada vez mais conectado e digitalizado. A capacidade de levar inovação para todas as áreas de uma empresa e se adaptar rapidamente às mudanças globais não é apenas vantajosa, mas crucial para a sobrevivência em longo prazo.

E inovar vai muito além de adotar tecnologias digitais. Trazer inovação para o universo corporativo exige uma mudança fundamental na maneira de se operar cada tarefa no dia a dia. Isso inclui a implementação de novos modelos de negócios, o uso de análise de dados avançada para obter insights valiosos, a automação de processos, a integração de tecnologias emergentes, e por aí vai.

A inovação, motor por trás da transformação digital, impulsiona as empresas a repensarem continuamente seus produtos, serviços e processos, buscando maneiras de agregar valor aos clientes e se destacar da concorrência. Assim, essa capacidade tornou-se um diferencial competitivo crucial em um ambiente de negócios em constante mudança.

SEJA AMBIDESTRO

Um conceito fundamental nesse contexto é o da empresa ambidestra. Ele se refere àquela que

consegue equilibrar efetivamente duas atividades aparentemente diferentes: a tarefa do cotidiano, com o core do negócio, e o futuro da marca com inovação como principal objetivo.

O conceito de “organização ambidestra” não é algo novo e foi proposto por Charles O’Reilly e Michael Tushman em um artigo de 2004 intitulado The Ambidextrous Organization. O mesmo termo surge 20 anos depois na palestra da futuróloga Amy Webb, que acompanhei no SXSW deste ano. Amy foi uma das speakers mais populares do festival de inovação dos Estados Unidos e tive a chance de entrevistá-la para entender mais sobre como as empresas deveriam fazer para sobreviver ao futuro com tantas tendências emergindo simultaneamente.

Trabalhar o DNA de inovação é encorajar a busca por oportunidades e experimentação. Envolve a capacidade de explorar novos mercados, desenvolver novos produtos e adotar novas tecnologias. Por outro lado, viver o cotidiano da entrega do negócio envolve a otimização das operações, a maximização da eficiência e a exploração de modelos de negócios estabelecidos. É fundamental para manter a estabilidade e a lucratividade em curto prazo.

Uma empresa ambidestra é aquela que consegue, simultaneamente, explorar novas oportunidades e seus negócios existentes. Ela é capaz de inovar de forma contínua e sustentada, ao mesmo tempo que mantém um foco equilibrado na eficiência operacional.

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Negócios | INOVAÇÃO DIGITAL
Retrato divulgação

LONGO PRAZO

A capacidade de uma empresa de se tornar ambidestra está diretamente ligada à sua longevidade no mercado. Quem é capaz de inovar de forma consistente e adaptar-se rapidamente às mudanças do ambiente empresarial tem maior probabilidade de sobreviver e prosperar em longo prazo. Isso ocorre porque negócios ambidestros estão mais bem equipados para enfrentar desafios e turbulências, sejam eles disruptivos, como crises econômicas, ou graduais, caso das mudanças nas preferências do consumidor.

A pandemia, que acelerou muito a transformação digital no mundo corporativo, é a prova de que empresas assim têm uma maior capacidade de se posicionar em cenários diferentes. Elas tendem a ser mais ágeis e adaptáveis, o que lhes confere uma vantagem competitiva significativa sobre seus concorrentes.

Um grande exemplo disso é a Ambev, que há anos sobrevive e se mantém relevante. A companhia demonstra habilidade em manter sua posição competitiva no mercado ao adotar uma abordagem ambidestra, equilibrando a exploração de seu core business com a de novas oportunidades. Enquanto segue aprimorando suas operações tradicionais de produção e distribuição de bebidas, a Ambev investe em inovação e diversificação de produtos, além de expandir para outros segmentos, como bebidas não alcoólicas e categorias premium

Outro exemplo é o Google. Seu núcleo de negócios em publicidade on-line e serviços de pesquisa continua evoluindo, mas não faltam investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inéditas e produtos em áreas diversificadas, como inteligência artificial, saúde, automação e transporte autônomo. Com isso, a marca desbrava oportunidades de inovação e crescimento, mas mantém sua liderança em itens e serviços existentes.

E se quisermos trazer o conceito da empresa ambidestra para um exemplo aplicado no dia a dia, podemos citar a Globo. Ela segue como uma das principais redes de televisão e produtora de conteúdo no Brasil, transmitindo novela da forma mais clássica possível, e também investe em streaming e digitalização em busca de uma audiência diversificada e globalizada. Além disso, tem explorado oportunidades de expansão para além do entretenimento, como o setor de educação e eventos ao vivo.

O PAPEL DOS CISNES NEGROS

No entanto, mesmo as empresas mais ambidestras e inovadoras estão sujeitas a eventos inesperados. O conceito de “cisne negro”, cunhado por Nassim Nicholas Taleb, refere-se a acontecimentos altamente improváveis e imprevisíveis que têm consequências sérias e de longo alcance nos negócios.

Estamos falando de crises econômicas globais, desastres naturais, mudanças regulatórias inesperadas ou avanços tecnológicos disruptivos, entre outros fatores. Embora seja impossível

“Os negócios que equilibram a entrega do hoje e a inovação do amanhã têm maior probabilidade de alcançar longevidade”

prever ou evitar totalmente os cisnes negros, há como se preparar para eles construindo resiliência, flexibilidade e agilidade na estrutura e nas operações das empresas.

A transformação digital e a inovação são pilares fundamentais para o sucesso empresarial no mundo moderno. Os negócios que conseguem se tornar ambidestros, equilibrando a entrega do hoje e a inovação do amanhã, têm maior probabilidade de alcançar longevidade. E elas também devem estar preparadas para lidar com fatores imprevisíveis, que podem desafiar até mesmo estratégias bem-sucedidas. Em última análise, a capacidade de se adaptar e evoluir continuamente é essencial para prosperar em um ambiente em constante mudança.

MARCELO TRIPOLI Com mais de 25 de experiência em transformação digital, ele é sócio e CEO da Consultoria e Agência de impacto digital Zmes

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Canetinha mágica. Será?

Enquanto a febre do Ozempic entre as mulheres é muito falada, pouco se sabe sobre o uso desse medicamento também pelos homens, que sofrem em silêncio a pressão para estarem dentro dos padrões de beleza

Texto
Conectada

Quando o assunto é pressão estética, muito se fala sobre as mulheres, deixando de lado os homens. Com certeza elas sofrem mais tentando continuamente se encaixar em mil padrões, diga-se de passagem, irreais, mas é importante dizer: ELES também SENTEM. “Os homens não têm abertura social para sofrer por nada desde pequenos: não podem chorar, reclamar, se sentir inseguros quanto a seus corpos”, diz a especialista em nutrição e criadora de conteúdo Marina Nogueira, conhecida por seu @naocontocalorias. Ignorar esse fato, como a sociedade vem fazendo há tempos, é um grave descuido que, segundo a nutricionista comportamental Luiza Mattar, ou a Couve, do @oquehouvecomacouve, pode acarretar em sofrimento e vem causando doenças mentais e alimentares e casos de violência. Não à toa, tem-se visto um aumento significativo do números de crianças e adolescentes do sexo masculino com transtornos alimentares. “O homem sofre mais com compulsão alimentar do que com bulimia ou anorexia, por exemplo. E esse é um transtorno que tende a elevar o peso”, diz ela. Por esses motivos eles estão cada vez mais aderindo ao uso de remédios como o famoso Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida. Essa forma sintética do hormônio GLP-1 promove a saciedade e favorece a rápida perda de peso – mas, importante pontuar, tem indicação para tratamento da diabetes tipo 2. E o Brasil é um grande mercado: dados da consultoria IQVIA, especializada no setor de saúde, apontam que as vendas de semaglutida somam mais de R$ 3 bilhões ao ano no País. Segundo Luiza, o maior perigo é justamente o uso off-label, ou seja, fora da recomendação da bula, sem acompanhamento ou qualquer seriedade. Afinal, estamos falando de um remédio com efeitos colaterais, como enjoos, vômitos, fraqueza, desidratação, dores de cabeça, refluxo, cálculo biliar, entre outros sintomas.

E há também a preocupação de que o medicamento não tem estudo de longo prazo, nem tampouco se sabe o que acontece depois de dez anos de uso contínuo. “Se não mudar estilo de vida, não faz sentido tomá-lo, ou vai

tomar para sempre, mas sem saber quais são seus efeitos reais”, diz Luiza. Mas, afinal, por que tantos homens vêm fazendo uso desse medicamento?

LÁ NA INFÂNCIA

A exigência estética com o homem sempre existiu, menos intensa do que para mulheres, mas tão irreais quanto. Basta olhar os bonequinhos com os quais os meninos brincam quando crianças e entender do que estamos falando. Batman, Homem-Aranha, Hulk, Thor, Comandos em Ação… Todos magros, definidos e fortes, além de verdadeiros super-heróis. Ou seja, um padrão impossível de ser atendido, seja qual for o superpoder que se tenha.

“As pessoas não querem só o corpo, elas desejam o que aquele corpo tem: poder, dinheiro, carro, mulheres, fama”

Além de desejáveis, essas características viraram mais do que um corpo. Tornaram-se símbolos de masculinidade. Ou seja, quem não tem não é homem o suficiente. Podemos incluir na balança o fato de vivermos em uma sociedade gordofóbica que, segundo Marina, atribui a gordura a relaxamento, não se cuidar, falta de carácter, sujeira. E o que vemos hoje são homens, cada vez mais, se aproximando da realidade feminina presa aos padrões.

Pensata | COMPORTAMENTO
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De acordo com Marina, primeiro entra a questão da saúde com sua (falsa) narrativa de que toda pessoa gorda é doente. “As pessoas estão pensando em longevidade e ficam apavoradas porque associam a gordura com doença e doença com morte”, diz. E aqui vale um parêntese para os casos de obesidade, um problema de saúde pública, que nem sempre é tratado assim. O Ozempic pode custar de R$ 800 a R$1.200 por mês. Ou seja, é para poucos. “A obesidade está virando uma questão dos mais pobres. E isso pode e deve piorar as ações governamentais em geral. O que é um perigo”, pontua a nutricionista Luiza. Em segundo lugar na lista dos motivos que têm feito cada vez mais homens buscarem um ideal de corpo está o volume de referências que consumimos atualmente. O que antes só se via pontualmente, em revistas e novelas, hoje chega 24 horas pelas redes sociais e, no caso do sexo masculino, também pela pornografia, altamente consumida. “Antes o estímulo visual e comparativo era menor. Hoje o apelo do corpo sarado ali na sua cara o tempo todo é intenso. E isso torna muito mais fácil reforçar um padrão esperado.” E, por último, ela cita a falsa ideia de que o corpo “perfeito” traz muito além do que apenas um corpo. “As pessoas não querem só o corpo, elas desejam o que aquele corpo tem: poder, dinheiro, carros, mulheres, fama, muitas vezes.”

Não gostar de sua própria aparência é um grande aprisionamento. E quando se pensa em homens, isso está associado a fracasso. Por isso poucos assumem que fazem uso de medicamento para perder ou controlar peso. “Não falam porque estariam assinando um tratado de que são incompetentes, que não dão conta de emagrecer sozinhos ou de que estão com problemas. Enquanto a mulher já é vista como incompetente na nossa sociedade”, complementa Marina. Na sua linha de pensamento, além da pessoa magra ser vista como vitoriosa, o Ozempic funciona também como silenciador do sofrimento. “A pessoa que tem aquela constante sensação de fracasso de repente se vê perdendo peso e também perdendo esse sentimento. Então, para além de emagrecer, o medicamento faz parar o sofrimento.” E não é só de sofrimento que falamos: há quem relate menos vontade de fazer compras por impulso e também de cair na balada. Ainda não há estudos indicando serem reais ou não esses pontos, mas há relatos do tipo.

COMO, LOGO EXISTO

Fato é que remédios como Ozempic e outros do gênero têm mudado a forma de pensar o comer e a saúde, mas é preciso lembrar da necessidade de uma indicação médica e acompanhamento, muitas vezes feito de forma multidisciplinar. Luiza reforça que, ao usar o remédio, além da

“Uf...

Quem nos vê voando, pensa. Nem imagina...”

gordura, se perde massa magra. “É importante ressaltar que não é só tomar o Ozempic e pronto. Estudos mostram que os usuários que fazem atividade regular e mantêm uma dieta adequada perdem em média 15% de peso em um ano de tratamento”, diz.

A questão é que, no Brasil, o Ozempic virou um atalho para se chegar ao fim desejado. E, com isso, metade das pessoas voltam a ganhar peso depois de pararem seu uso. Outro ponto levantado é que a fórmula não cura, por exemplo, uma compulsão alimentar. “Ele pode impedir, como uma barreira física, a ingestão de tanto alimento, mas normalmente vemos que essa compulsão pode migrar para o consumo de álcool ou até para outros lugares”, exemplifica Luiza, que tem pacientes que tomam o remédio, mas não para perder uns quilinhos extras. “Quando o remédio ajuda uma pessoa a melhorar sua qualidade de vida, com doses pequenas e acertadas, considerando toda uma melhora de rotina e estilo de vida, ele é muito bom.” É o caso do paciente Francisco Pedro Arauto, 41 anos, que há três meses aderiu à medicação: “Mais do que diminuir meu apetite, o Ozempic tem funcionado como um motivador para mudar minha alimentação e levar um estilo de vida mais saudável”, ele conta.

O mais importante, portanto, é olhar para o ganho de peso de forma mais complexa, não como uma simples matemática calórica. É preciso entender o que se come, mas também o que se pensa sobre escolhas alimentares e imprevistos que aparecem no caminho. “É necessário avaliar quais as formas que levam você a se alimentar da maneira que o faz do que simplesmente montar uma dieta”, conta Luiza. No final das contas (calóricas ou não), de nada adianta a tal “canetinha” se a gente não souber se olhar com mais compaixão e empatia.

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CARBONO ZERO

Carbono Uomo volta com sua editoria dedicada a contar o que as marcas têm criado no sentido de práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, a tão falada – e importante – sigla ESG. De mordedor de cachorro natureba a roupas feitas de maçã, saiba o que anda movimentando os mercados brasileiro e global

POR
CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE

UMA FLORESTA

De tempos em tempos, a Rolex nos convida a olhar para personagens que estão ajudando a mudar a realidade ao seu redor a partir de iniciativas sustentáveis. São os laureados do prêmio Rolex de Empreendedorismo, parte da ação Perpetual Planet, criado para homenagear e contribuir com essas histórias tão marcantes quanto necessárias.

No nosso radar da vez está o biólogo peruano Constantino Aucca Chutas. Descendente de agricultores indígenas, ele está, há mais de 30 anos, atuando em prol do reflorestamento. Em 2000 fundou a ECOAN, associação pensada para proteger os ameaçados ecossistemas andinos do Peru que, desde então, plantou 4,5 milhões de árvores nativas, mobilizou mais de 60 comunidades e criou 16 áreas protegidas nos Andes peruanos. Anos depois, o projeto trabalhou com aldeões da Cordilheira Vilcanota, no Peru, para plantar 57.000 árvores nativas em um único dia, em uma iniciativa que acabou se tornando um festival anual, o Queuña Raymi.

E há ainda muita semente por vir: “Quero apresentar o nosso trabalho para o mundo. Com o Prêmio Rolex poderemos continuar compartilhando nossas iniciativas com pessoas em todo o planeta, inspirando-as a agir também”, conta Aucca. A ideia é usar o reconhecimento da Rolex para plantar e cultivar 3,5 milhões de árvores nativas em cinco países, mobilizando 30.000 famílias, além de apoiar o desenvolvimento de lideranças e programas de capacitação para mais de 20 líderes conservacionistas da região. Vida longa! @rolex

125 CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE

BOLSAS, POCHETES, LANCHEIRAS, CARTEIRAS, CACHEPÔS E MAIS UM SEM-FIM DE UTILITÁRIOS PARA ORGANIZAÇÃO E DECORAÇÃO, FEITOS DE UM MATERIAL SUSTENTÁVEL QUE PARECE UM PAPEL, MAS NÃO É! REVESTIDOS COM UMA ESPÉCIE DE NEOPRENE IMPERMEÁVEL E ULTRARRESISTENTE, OS PRODUTOS DA DOBRA

PODEM SER ENCOMENDADOS EM MAIS DE 3000 ESTAMPAS DIFERENTES. @QUERODOBRA.CC

ECODOG

Seu pet também merece um mundo melhor! A Zero Plastic Brasil desenvolveu o Bio Bone, um mordedor feito de ingredientes vegetais compostáveis – como bagaço de laranja e fibras de madeira –, com zero nylon, petróleo ou plástico, 80% menos carbono que os tradicionais e que se degrada em até seis meses. Hoje brinquedinho, amanhã adubo! @biobonebrazil

SAL DE SALVADOR

É de Salvador! Um laboratório de pesquisa, criação e desenvolvimento de produtos-experiência chamado Fevereiro.co, com loja recém-aberta no Horto Florestal. Por lá desenvolvem produtos artesanais, sem ingredientes de origem animal, livre de componentes tóxicos e elaboram projetos de marketing sensorial e olfativo. Um achado em sua linha própria de saboaria: sabonete em barra com propriedades cicatrizantes feito com sal marinho, óleo de dendê, açafrão-da-terra e alecrim. @fevereiro.co

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CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE
AMASSADINHO

AS PAREDES TÊM TECIDOS

Já pensou uma parede, uma mesa, móveis em geral ou revestimentos feitos de tijolos de tecido? Funciona assim: a equipe da Fab Brick , da francesa Clarisse Merlet, vai até sua casa ou escritório (só se você morar em Paris! Se não, há produtos já prontos no e-commerce da marca), recolhe todas as suas roupas, toalhas, lençóis e tecidos sem uso, faz um tratamento patenteado nas peças, picota tudo, depois comprime até virarem blocos coloridos e sólidos que podem ser usados na decoração ou em acabamentos. Quem já aderiu às paredes de pano? Galeries Lafayette, Levi’s e Le Bon Marché. @fab.brick

VOCÊ SABIA...

...Que as mulheres são mais afetadas pelo plástico do que os homens? Segundo pesquisas do Atlas do Plástico, os motivos são muitos. Vamos citar três deles:

• O corpo feminino acumula mais gordura, logo os produtos químicos tendem a se acumular mais nessas superfícies;

• A mulher tende a consumir mais produtos com embalagens plásticas, como maquiagens, cosméticos e produtos de beleza (aqui, vale ficar de olho na composição dessas embalagens!);

• Quem manuseia produtos de limpeza cheinhos de microplásticos e substâncias nocivas na sua casa, nos lugares que você frequenta ou no seu ambiente de trabalho? Essa vamos deixar para você responder e refletir...

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NÃO É NOVIDADE QUE A GENTE ADORA AS CRIAÇÕES DA INTIMISSIMI PELO ESTILO, MAS TEM UM DETALHE DE BASTIDORES QUE NEM TODO MUNDO SABE. DOS PIJAMAS ÀS ECOBAGS, PASSANDO PELAS LINGERIES, AS PEÇAS COSTUMAM SER FEITAS COM TECIDOS PRODUZIDOS DE MANEIRA SUSTENTÁVEL. A SEDA, POR EXEMPLO, CHEGA DE FORNECEDORES CERTIFICADOS PELA BLUEDESIGN, ORGANIZAÇÃO QUE GARANTE A REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL EM TODA A CADEIA. JÁ A FIBRA BATIZADA DE MODAL VEM DA LENZING, QUE NÃO UTILIZA PRODUTOS QUÍMICOS NO PROCESSO. @INTIMISSIMIBRASILOFICIAL

EDITORA CARBONO APOIA MÉDICOS

SEM FRONTEIRAS

A Editora Carbono tornou-se, em 2024, Parceira Corporativa Ouro de Médicos Sem Fronteiras. A ONG, que oferece ajuda médica e humanitária para populações em situação de emergência – sejam conflitos armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição ou exclusão do acesso à saúde –, atua em mais de 70 países. São 68 mil profissionais envolvidos em mais de 500 projetos, todos (97,2%) financiados por doações. Atualmente no Brasil estão agindo em três frentes emergenciais: no Rio Grande do Sul; na Terra Indígena Yanomami, em Roraima; e em Portel, na Ilha do Marajó, no Pará. Há inúmeras formas de ajudar! Confira em @msf_brasil | +msf.org.br

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MUITO
CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE

MAÇÃ DO AMOR

Já vimos muitas iniciativas sustentáveis por aqui, mas roupa feita de maçã achamos que é a primeira vez. A japonesa Adam, com sede na planície de Tsugaru, desenvolveu uma espécie de tecido criado com bagaços da maçã Aomori, fruta muito popular no Japão. São folhas feitas de cascas, caules, sementes e miolos compactados que adquirem uma textura estruturada o suficiente para virarem bolsas e carteiras. Os dois itens são os primeiros do e-commerce recém-lançado, mas jaquetas, chapéus e acessórios já estão nos planos da marca. @adam_aomori_official

PÉ NO CHÃO

Carbono Uomo adora produtos nacionais. Veganos, então, nem se fala! E os tênis da Plana se encaixam nessas duas categorias. São calçados feitos à mão com 0% de origem animal, produzidos na única fábrica de sapatos 100% veganos do Brasil. Os modelos são barefoot – com solado fino e anatomia que não interfere no funcionamento das articulações e músculos dos pés, nem na postura do usuário – e prometem aquela sensação de liberdade, como se estivesse andando descalço. @planabarefoot

129 CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE

VOA, VOA, ABELHINHA

Quem vê as pequeninas abelhas voando pode não imaginar a importância que elas têm para a sobrevivência de diversas espécies do planeta. Afinal, as jardineiras da natureza são responsáveis pela polinização das plantas e 35% da produção mundial de alimentos dependem disso. Não à toa, há mais de dez anos, a Guerlain abraçou o compromisso de protegê-las por meio de diversas iniciativas espalhadas pelo mundo afora. E, para celebrar sua importância a marca fez uma releitura de dois de seus produtos icônicos. O óleo rejuvenescedor, criado com os mais poderosos itens apícolas, recebeu uma nova embalagem assinada pela dupla de ilustradores Oniriq. Já o pó Terracotta Light, no tom 03, ganhou uma edição linda com abelhas representadas no frasco. @guerlain

PELE DO FUTURO

UMA NOVA MARCA DE SKINCARE INFANTIL PARA DEIXAR DE LADO DE VEZ OS PRODUTOS CHEIOS DE SUBSTÂNCIAS NOCIVAS USADOS NOS BEBÊS E CRIANÇAS. A TOMORROW PEOPLE DESENVOLVEU FÓRMULAS 100% LIMPAS, SEGURAS E VEGANAS E, CLARO, NÃO TESTADAS EM ANIMAIS. SÃO SHAMPOOS, CREMES E SABONETES SUPERCHEIROSOS – COM FRAGRÂNCIAS DE BAUNILHA E BERGAMOTA –, EM EMBALAGENS PRA LÁ DE LINDAS! @TOMORROW.PEOPLE.BR

REVESTINDO

O estilista Rodrigo Trussardi, fundador da Mixed e da Super Suite 77, lançou um projeto de moda sustentável chamado Archives. Disponibilizando para venda exclusiva peças raríssimas adquiridas durante seus mais de 30 anos de trajetória, o designer busca reforçar a importância da economia circular. “Queria apresentar maneiras conscientes no vestir. Reaproveitar trajes antigos é uma opção ao alcance de todos”, conta. Além das roupas originais, algumas peças inspiradas também foram produzidas por Trussardi e são apresentadas em eventos itinerantes Brasil adentro. Fique de olho! @rodrigotrussardi

130 Fotos César Dutra e divulgação CARBONO ZERO | SUSTENTABILIDADE

PÁGINAS AMARELAS

Tendências para ficar de olho: um guia inteligente por Carbono Uomo

CRUNCH

Parte da nossa memória afetiva há décadas, o salgadinho mandiopan ganha cada vez mais espaço – e crocância –nos restaurantes

A culinária mexicana que vai muito além das receitas Tex-Mex finalmente está bem representada por aqui. Dos taquitos ao fine dining, indicamos onde prová-la

ESFERA

VERDE COM PIMENTA BÃO DEMAIS

Bem-vindo ao mundo das kokedamas, bolas de musgos que remetem a uma técnica japonesa milenar de plantio

Convidamos Livia Ribeiro, diretora criativa da marca de sapatos Louie, para montar um guia de estilo repleto de boas dicas. Para usar e abusar, do trabalho à festa!

Impulsionada pela repaginação do Mercado Novo, a região central é o atual corredor gastronômico de Belo Horizonte. Fomos conferir!

Apaixonado por motos desde criança, Ike Levy dá detalhes sobre seus modelos favoritos. De quebra, indica a estrada certa para acelerar com elas

O turismo focado na saúde está em alta. Para entender o hype, visitamos uma clínica na Suíça e ainda elegemos outros destinos em que é possível aderir à ideia VIAJAR PARA SE CUIDAR

OURO! Fatos e curiosidades sobre os Jogos Olímpicos de Paris

É
NA ESTRADA PÉ COM PÉ

Páginas amarelas

IMPOSSÍVEL COMER UM SÓ

Considerado o primeiro salgadinho do País, o mandiopan faz parte da memória afetiva de muitos brasileiros e se mantém em alta nos cardápios dos bares e restaurantes. Conheça a história desse aperitivo e veja onde prová-lo

Mais parece mágica. Basta mergulhar o mandiopan no óleo quente para que, em segundos, ele se expanda e se transforme em um salgadinho aerado e levíssimo. Embora o sabor não seja exatamente o seu ponto forte (nada que uma pitada de sal e outras especiarias não resolvam), graças à sua textura crocante, é impossível comer um só, como diria a propaganda daquele outro salgadinho famoso. E, para muitos brasileiros, o mandiopan tem um sabor nostálgico. “Quando era criança, a gente chamava de isopor chips”, relembra o chef Marco Aurélio Sena, que comanda o bar Tantin e o restaurante Ventre, ambos no bairro paulistano Pinheiros.

Também conhecido como pororoca, o mandiopan tem ganhado espaço em endereços gastronômicos, agora em versões mais artesanais – e saudáveis. Tanto é que a própria marca Mandiopã pretende investir em versões feitas na air fryer ou no micro-ondas. A seguir, mostramos boas dicas para aderir à onda e relembramos a história por trás desse crunch tão irresistível.

Quem conhece o bar, que integra o grupo Cia. Tradicional de Comércio, sabe que sua alma boêmia e o cardápio repleto de clássicos são imperdíveis. Então pode apostar que o mandiopan será sucesso garantido. Crocante e com as bordas rosadas, chega à mesa com um toque de za’atar, especiaria típica da cozinha libanesa. Para beliscar na companhia de um chope gelado ou de um dos coquetéis que fazem parte da carta de drinques do local. @barastor

ERA UMA VEZ

O mandiopan teria surgido na década de 1930 pelas mãos de um chef da estação ferroviária de Limeira, SP. Anos depois, a família Chiavone adquiriu a receita, à base de polvilho azedo e fubá, que, posteriormente, foi industrializada pela extinta empresa de alimentos Amaral. Com a falência, um de seus funcionários, Antônio Gumercindo, seguiu preparando o salgadinho para a clientela de Limeira (SP) e região, mas com o nome de mandiopoca. Em 2007, conseguiu obter o registro da marca Mandiopã e, hoje, são seus filhos que tocam o negócio. “É muito gratificante seguir com essa história. As pessoas associam o mandiopan a uma fase boa da vida”, conta Giane Gumercindo de Morais, filha de Antônio. Hoje é produzida cerca de uma tonelada do salgadinho por mês, inclusive para os Estados Unidos e alguns países da Europa.

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Fotos Bruno Geraldi, Leo Feltran, Nubra Fasari e Rodolfo Regini ASTOR – SP

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AKKAN – SP

Parte do grupo Nakka, o restaurante japonês tem como especialidade o grab hand roll. Trata-se de uma versão moderninha do temaki, na qual as folhas de alga crocantes e os recheios chegam à mesa separados – a ideia é montá-los na hora. O cardápio também reúne sugestões como a crispyoca is nice. A entrada inclui uma porção de mandiopan, que é acompanhada de salmão com molho cítrico e gergelim, tartar de atum com cebola roxa, cebolinha e jalapeño, ou da versão veggie, com tofu e cogumelos. @akkan_oficial

NOSSO – RJ

No gastrobar de Ipanema, no Rio de Janeiro, o mandiopan é preparado pelo próprio chef Bruno Katz, à base de polvilho. “Já fiz com tinta de lula, com milho e queijo grana padano e até com a água do kimchi (acelga fermentada típica da cozinha coreana). Mais do que trazer textura, eu vejo o ingrediente como um elemento que confere sabor aos pratos”, explica ele. A versão atual, criada com nori, acompanha o tirashi de atum com molho oriental à base de shoyu, mirim e molho de ostra. A dica é prová-lo no rooftop, com vista da Praça Nossa Senhora da Paz! @nossoipanema

TANTIN – SP

Colorido, o mandiopan do bar em Pinheiros é acompanhado da Carne de Onça, versão nacional do clássico steak tartare francês, elaborado com miolo de coxão mole picado na ponta da faca, além de mostarda escura, cebola ralada e conhaque. “A escolha combina com a nossa proposta de celebrar cada canto do Brasil”, conta o chef Marco Aurélio Sena. Detalhe: seu mandiopan vem de um fornecedor artesanal, é frito na hora do pedido e finalizado com flor de sal. @tantinbar

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ARRIBA, MÉXICO!

Para além das receitas Tex-Mex, a gastronomia do país nunca esteve tão bem representada no mundo — incluindo o Brasil, ainda bem!

ANTOJITOS MEXICANOS – PR

Como diz o nome, essa é uma casa para antojos mexicanos. Antojo, do espanhol, é aquele desejo específico de comer algo em especial. E aqui ele pode surgir em forma de pozole (uma sopa caprichada), de tostadas, de tamales ou, claro, de tacos. Há atoles e flautas, esquites (um milho servido com maionese, típica comida de rua) e outros pratos para provar que a cozinha mexicana é muito mais rica e diversa do que a maioria das casas consegue mostrar.

Av. Nossa Senhora Aparecida, 1220 - Seminário, Curitiba | @antojitosmexicanoscuritiba

Por muito tempo a gastronomia mexicana que se encontrava no Brasil (e em muitos países, diga-se) se reduzia geralmente a versões limitadas da chamada cozinha Tex-Mex, uma interpretação americana em receitas como nachos, quesadillas e enchiladas, muito diferentes do que se serve na autêntica comida do país. Trata-se de um gênero próprio, criado há mais de um século, que se tornou mais popular no mundo e nos distanciou de preparos mais tradicionais. Mas, graças a uma nova leva de chefs, a oferta de restaurantes mexicanos no Brasil (notadamente em suas maiores capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro) tem se aproximado cada vez mais do que de melhor se faz no México, seja em receitas, muitas delas menos dissipadas, seja em ingredientes, cada vez mais disponíveis também por aqui. A gastronomia mexicana — talvez a minha favorita entre todas — ganha o mundo, conquista mais prêmios (é dos países melhor representados em listas como os 50 Best) e, ainda bem, tem espaços também por aqui. A seguir, alguns dos meus restaurantes preferidos quando estou no Brasil.

TAQUERIA LA SABROSA – SP

A casa tem entre os sócios o mexicano Hugo Delgado, que comandou por anos o restaurante Obá e foi um dos pioneiros na (autêntica) cozinha mexicana em São Paulo. Agora em novo endereço, em Pinheiros, o cardápio segue inspirado em tacos clássicos mexicanos, como o de carnitas, que une carne de porco e guacamole, e o pollo de deserto, com peito de frango, pasta de feijão-preto, tomate e molho de jalapeño. Também há recheadas tostadas e, nos almoços, PF para matar todos os tipos de fome.

R. Francisco Leitão, 246 - Pinheiros @taquerialasabrosa

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134 Fotos Nani Rodrigues, Tati Frasson e divulgação

Comandado por um mexicano (Eduardo Ortiz) e uma brasileira (Luana Sabino), o Metzi mostrou que é possível fazer gastronomia mexicana autêntica com ares de fine dining, mas sem pretensões. Usando ingredientes legítimos, como pimentas, tomatillo (um fruto nativo mexicano) e até o nopal (o cacto amplamente usado em muitos estados mexicanos), o casal serve uma cozinha inventiva e sofisticada, que vai de lula à veracruzana ao delicioso buñuelo mexicano. O Metzi também está entre os melhores restaurantes da América Latina, segundo o 50 Best

R. João Moura, 861 - Pinheiros | @metzirestaurante

O casal à frente do Metzi decidiu também abrir em São Paulo uma taqueria que poderia estar numa esquina qualquer da Cidade do México. Mas que, para nossa sorte, fica ali na Vila Madalena. Com paredes de azulejos e clima de lanchonete de garagem (no melhor dos sentidos), as estrelas são os autênticos tacos: al pastor, com carne de porco assada em tronco (como um kebab) e abacaxi; chicharon, com pedaços de torresmo crocante; e até de mix de cogumelos defumados. Como o segredo dos tacos está no molho, há uma seleção deles feitos na casa e que chegam à mesa com capricho, assim como a tortilla autêntica.

R. Mourato Coelho, 1233 - Vila Madalena | @atzitaqueria

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METZI – SP ATZI – SP
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ADEUS AOS VASOS

Na kokedama, uma técnica japonesa milenar de cultivo, as plantas se alojam em bolas de musgo. Saiba mais sobre esse universo

Por Manuela Stelzer

Quem teve a necessidade de ficar em casa durante a pandemia enfrentou não só o medo de um vírus ainda pouco conhecido e a enxurrada de reuniões on-line , mas também o tédio. Para esse último, o melhor remédio era ocupar a mente e inventar atividades manuais para descansar os olhos de tanta tela.

E, entre os passatempos mais populares, a jardinagem foi destaque: segundo uma pesquisa da National Gardening Association, 18,3 milhões de norte-americanos passaram a praticar o hábito em 2021. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), indica um acréscimo de até 20% nos negócios relacionados a delivery e e-commerce de flores no primeiro ano da pandemia.

MUSGOS MIL

Está na dúvida de quais espécies vão bem em kokedamas? O professor Lincoln Galvão explica: “Existem kokedamas para todos os gostos”. Algumas, ele conta, se saem melhor com o musgo e o substrato, como é o caso das orquídeas e costelas-de-adão. Bromélias se desenvolvem bem e buquês de bougainville são ótimas opções para ambientes com pouca luz natural. Suculentas e begônias também são boas pedidas. Mas não importa qual escolha. Há esperança para os que já afogaram vasos no passado: “O risco de perder uma planta por acúmulo de água no pratinho não existe porque a kokedama drena todo o líquido. É uma forma mais prática de cultivo”.

E aí entram também as kokedamas. “Houve um aumento tanto na procura por kokedamas nas lojas físicas e on-line, como na busca por aprender a reproduzir o plantio em casa”, diz Lincoln Galvão, um dos professores da Escola Brasileira de Arte Floral, que tem lojas especializadas na técnica. “Parece que as pessoas começaram a olhar mais para dentro de casa, para o verde que faltava, e a kokedama é uma técnica diferente, mais lúdica e artística, bastante atraente nesse sentido.”

A seguir, o passo a passo para ter um arranjo, cuidados com rega, adubo e luminosidade, perfis para seguir e referências para decorar a casa com essas charmosas bolas de musgo.

ONDE COLOCAR

Suspensas em pratinhos, dentro de vasilhas de vidro ou em suportes altos – você escolhe a melhor forma de exibir suas bolas de musgo. A botanical artist Elza Megumi Iida (@elzaiida), por exemplo, apoia suas criações, feitas sob medida para o atelier de cerâmica Hideko Honma, em lascas de porcelana.

A ordem é usar e abusar desse tipo de plantio para deixar a casa mais verde e com uma aura contemplativa, como sugere a tradição japonesa. Para eles, as kokedamas são uma arte, fundamentada na técnica ancestral do Bonsai e reconhecida por sua simplicidade, tanto na realização como na manutenção.

COMO CUIDAR

Atente-se para três pontos simples: periodicidade da rega, luminosidade e adubação. Sobre a incidência da luz, é importante entender se a espécie é de sol pleno, as que precisam de pelo menos quatro horas de exposição; de meia sombra, as que preferem um sol mais brando, no início da manhã ou no fim da tarde; ou de luz difusa, aquelas que sobrevivem em ambientes com pouca ou nenhuma iluminação direta. Já as regas, no caso das kokedamas, são mais espaçadas porque acontecem por imersão: você mergulha a bola de musgo na água, deixa de cinco a dez minutos ali, retira e depois espera escorrer o excesso. “Varia de ambiente para ambiente, mas no geral a rega é feita semanalmente”, orienta Galvão. E, por fim, o adubo: “Pode ser borrifado nas folhas, sem exagerar, para não prejudicar o equilíbrio da planta, ou diluído na água da rega. Um ou outro é o suficiente”.

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Fotos divulgação

ALINE PENIDO – RJ

Se preferir o delivery, a agrônoma paisagista Aline Penido é uma boa dica. Além de vender as bolsas de musgo, ela também compartilha dicas e informações. @alineagropaisagismo

KOKEDAMA BH – BH

Com quatro endereços na cidade mineira, a marca tem uma série de espécies para quem deseja levar a técnica de plantio para casa. @kokedama_bh

KOKESAMPA – SP

Além da venda on-line, que promete entregar as plantas no mesmo dia, há um ponto físico: uma loja colaborativa numa fachada simpática em Pinheiros, que exibe arranjos diversos de kokedamas. @kokesampa

Tudo começou como um hobby entre mãe e filho. Hoje, além das plantas, eles vendem suportes para deixar kokedamas suspensas e em evidência. @kokedamaxique.xique

“The best time to plant a tree was 20 years ago. The second best time is now” Provérbio chinês

KOKEDAMAS RIO – RJ

Nos shoppings Nova América, Riosul e América Shopping, além da internet, a marca carioca começou na pandemia e hoje vende as mais variadas espécies, de asplênio crespa a pacová, passando por bambu da sorte e pata de elefante. @kokedamas_rio

DIY Quer mergulhar no mundo dos kokedamas? Indicamos perfis que ensinam a fazer e a cuidar

NUFIU Workshops virtuais – e presenciais, para quem é do Rio de Janeiro – com todos os segredos e detalhes para cuidar dos seus “não vasos”. | @nufiu_jardinagem / EL MUNDO DE MUSGO Vicky Fernandes, a cara por trás do perfil, já vendeu mais de seis mil kokedamas e oferece cursos, aulas e materiais diversos sobre o tema. | @elmundodemusgo / MINHAS PLANTAS Para quem procura um conhecimento mais geral antes de se especializar em kokedamas, vale ficar de olho na professora de jardinagem Carol Costa. Além das aulas, ela dá dicas e informações que ajudam a cuidar do seu perfil de jardim. Dê uma olhada no seu livro também: Minhas Plantas: Jardinagem para Todos (até quem mata cactos), da Companhia das Letras. | @minhasplantas

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KOKEDAMA XIQUE XIQUE – SP
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DIGA ME

COM O QUE ANDAS

Com uma curadoria afiada e sempre viajando o mundo em busca de tendências, Livia Ribeiro, founder e diretora criativa da marca de sapatos LOUIE (@louiesaopaulo), traz um mini guia de estilo para o homem Carbono

OXFORD

Hoje o oxford é considerado o sapato social masculino por excelência. Extremamente versátil e elegante, o modelo é o sapato oficial dos executivos e dos homens clássicos, que não dispensam a boa alfaiataria, já que imprime certo ar de formalidade. Em tom preto, ele é perfeito para calças e costumes mais escuros, como cinza, azul-marinho ou preto.

MOCASSIM

Fáceis de calçar e de combinar com looks casuais ou formais, os mocassins não dão margem para erro. O modelo, que também pode ser um loafer ou slipper, a depender do design e do uso, faz sucesso por aqui, provavelmente pelo DNA casual. Esse é o seu ponto forte, mas também um ponto de atenção na hora de montar um look

ALGUMAS DICAS :

• O ideal é calçá-los sem meias ou com as curtinhas invisíveis

• Se optar por usá-las, use modelos mais finos, da cor do sapato

• Evite meias grossas. Brancas, então, nem pensar!

• Para trabalhar, use com calça de alfaiataria; no lazer, combine com jeans ou calças chino

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O termo broguing faz referência à ornamentação de sapatos caracterizada por perfurações e recortes. Mas o motivo para enfeitar os calçados é algo muito ligado ao funcional. Original da região da Escócia e da Irlanda, o modelo surgiu como uma tentativa de tornar os sapatos masculinos mais preparados para o trabalho ao ar livre. E o diferencial acabou virando o charme principal do brogue. Versátil, vai bem com alfaiataria clara no trabalho. Se quiser quebrar as regras, combine com jeans escuro.

Nos anos 1990, esse sapato casual masculino era chamado de cacareco. Quem lembra? Aqui ele ganha personalidade com a camurça, os cadarços pretos contrastantes e o solado tratorado de borracha na cor natural. Tudo para melhorar produções casuais. Arrisque com jeans, mas também com calças chino, bermudas e calças de alfaiataria casual.

Com design clean, linhas minimalistas e elegância que resiste ao tempo, botas como o modelo Brera, da Louie, são daqueles básicos que precisamos no dia a dia. De camurça, ela diferencia os homens dos garotos que calçam tênis para tudo. Experimente com jeans ou calças chino em tons terrosos.

Inspiradas nos coturnos, mas muito mais versáteis e elegantes, botas como a Rillo, da Louie, são perfeitas para substituir os sapatos Derby e Oxford no trabalho, além de contribuírem para um visual moderno e urbano nas mais diferentes situações. Tudo com muito conforto, graças ao solado tratorado. Experimente com look total black

Ícone masculino, a bota Chelsea fica ainda mais interessante quando repaginada, como essa versão com sola de borracha. O resultado é perfeito para os momentos casuais e até mesmo os sociais. Se você costuma vestir alfaiataria para trabalhar, vai fazer a diferença. E também vale para fugir do óbvio ao usar com calça jeans.

Fotos Louie divulgação 139
BROGUE BOTA CANO BAIXO BOTA CANO ALTO BOTA CHELSEA DERBY

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CENTRO EM VISTA

A região central de Belo Horizonte passa por um movimento de reocupação, responsável por colocar cada vez mais bares e restaurantes no nosso radar

Por muitos anos a Galeria São Vicente foi conhecida como “o prédio das máquinas de costura”. Agora o edifício dos anos 1950, localizado no baixo centro de Belo Horizonte, tem outro codinome: novo corredor gastronômico da capital mineira. Isso porque a reestruturação do prédio, com varanda compartilhada e vista da Praça Raul Soares, faz parte de um recente movimento de reocupação da região central, que começou com iniciativas como a repaginação do Mercado Novo. “Trazer de volta ao centro espaços de convívio é convidar o cidadão a sair do próprio bairro e expandir sua noção de cidade e de comunidade. A vida no centro é, por definição, diversa”, comenta Vitor Velloso, sócio do bar Pirex, um dos primeiros a abrir as portas na Galeria, em 2022. Hoje uma variedade de espaços gastronômicos e lojas se instalaram ali, convidando a novas formas de olhar e habitar essa área da cidade. A seguir, você conhece alguns deles.

“Clássico é clássico e vice-versa.” O lema do bar vai direto ao ponto de sua vocação: servir coquetelaria clássica como prato principal. Um dos primogênitos dessa nova fase da Galeria, o Palito acompanhou de perto a recente movimentação da região: “A reocupação do centro ultrapassa os interesses individuais. Hoje é uma necessidade”, diz o bartender Túlio D’angelo Castro. O cardápio elaborado por Thiago Ceccotti é enxuto, mas não nega personalidade em coquetéis como Dry Martini, Negroni e Rabo de Galo. A ideia é escolher um drinque para chamar de seu e bebericar na varanda enquanto curte um som ao estilo good times com vista de edifícios emblemáticos da cidade, como o JK, projetado por Oscar Niemeyer.

@barpalito | Galeria São Vicente - Av. Amazonas, 1057

BOTELHA

Desde 2023 o bar especializado em vinho tira a bebida do pedestal e a coloca na mesa – ou, melhor, na sacada: a proposta das sócias Marina Rolim e Gabriela Saraiva é descomplicar o consumo do vinho e mostrar que ele vai bem em qualquer situação. A seleção dos rótulos valoriza pequenos produtores brasileiros e, claro, mineiros, como o Maria Maria (leia mais na pág. 88), produzido na região cafeeira do Sul do estado, e o espumante da Luiz Porto, vindo da cidade de Tiradentes. Mas também há opções de outros países, como o Pinot Grigio Acaia, da Itália. Para acompanhar, tábuas com queijos, castanhas e charcutarias.

@botelhabar | Galeria São Vicente - Av. Amazonas, 1057

BAIXARIA

Seguindo a onda de reocupar prédios tradicionais do centro, o bar opera no segundo andar do Edifício Central. A varanda é o ponto mais disputado da casa, que também aposta em discotecagem.

@baixariabh | Edifício Central - Av. dos Andradas, 367

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PALITO Fotos Bel Diniz, Bruno Werneck, Giancarlo Zorzin, Pablo Caldeira, Studio Tertúlia, Victor Schwaner, Wilkie B. e divulgação

PIREX

Homenageando a botecagem raiz, a casa aposta em petiscos de estufa, quentes e frios, exibidos em vitrines – “pirex” é justamente o nome do vasilhame metálico onde as comidas ficam. Conduzido pela dupla Caio Soter e Vitor Velloso, também sócios do restaurante Pacato, o local foi eleito pela revista Exame como um dos dez melhores bares do Brasil. Mais de 40 opções compõem o menu, também assinado por Isabela Rochinha, que traz receitas como vinagrete de lula, bolovo e jiló espalmado com babaganoush. Para beber, há clássicos da boemia mineira: cachaças, batidas e cerveja – sempre gelada. @barpirex | Galeria São Vicente - Av. Amazonas, 1057

FORNO DA SAUDADE

No histórico bairro Carlos Prates, do ladinho da região central, a casa do Grupo Viela serve pizza estilo napolitano ao ar livre, com mirante para o centro da cidade e a Serra do Curral.

@fornodasaudade | R. Patrocínio, 1

PORTARIA 1959

Rola na boca miúda que o bar é parada obrigatória para a saideira do fim de noite. Instalado no térreo, na entrada da Galeria, aposta na botecagem regada aos chopes da cervejaria Capapreta e aos drinques com gim e xarope de fruta. Para comer, o carro-chefe é o buraco quente, um sanduba com costela desfiada e barbecue. Nas noites de quarta a sábado, DJs embalam o espaço com sonoridades que vão do pop à brasilidade. Já aos domingos, tem samba raiz na programação.

@portaria1959 | Galeria São Vicente - Av. Amazonas, 1057

BABEL

Fortalecendo o hype da Praça Raul Soares, o restaurante recém-chegado leva seu menu variado para uma ampla esquina com terraço, bem pertinho da Galeria São Vicente.

@babelbh | Av. Bias Fortes, 1160

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DUCATI DESERT X

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ACELERA

Fascinado por motos há muitos anos, o fotógrafo Ike Levy revela alguns de seus modelos favoritos – e estradas perfeitas para acelerar com eles

Quando tinha cinco anos, meu pai me encontrou na garagem de casa, em cima da moto dele. Eu imitava o som do motor e me imaginava dirigindo nas estradas. Preocupado com o meu entusiasmo com algo perigoso, ele vendeu a moto no dia seguinte. Mas já era tarde demais... Aquilo me fascinava e, não à toa, virou hobby e parte da minha profissão. Além de fotografar, hoje eu testo modelos de alta cilindrada para as principais marcas e falo sobre o lifestyle desse universo em alguns veículos e na minha página, @ikelevy. Já fui piloto oficial da Triumph e da Harley-Davidson e atualmente tenho um projeto em que levo pessoas para experiências surpresa nessa área. A seguir, compartilho modelos que estão no meu radar e dicas de rotas para testá-los.

Uma moto inspirada nos modelos que competiram no rali Paris Dakar nas décadas de 1980 e 1990. Com motor de 937cc, seu tanque tem capacidade para 21 litros e há bastante tecnologia embarcada. Gostei do sistema Quick Shift, que permite trocar de marcha sem precisar da embreagem – ela é usada apenas para sair em primeira e, depois, engatando as próximas marchas sem ter que desacelerar. Só acelera o coração! O amortecedor de direção, item que não costuma vir da fábrica, faz toda a diferença na segurança e na condução.

Dica de rota: Com uma ergonomia incansável, é apropriada tanto para o asfalto quanto para a terra e eu decidi usá-la para ir até Tabatinga, no litoral de São Paulo. Minha última vez lá tinha sido aos 13 anos e foi especial voltar para uma temporada com meus filhos e dirigindo essa moto – eles foram de carro. Apesar de ser um pouco alta para o meu 1,72 de altura, o que menos fiz nesse trajeto foi colocar os meus pés no chão. | @ducati

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Foi a primeira Triumph que pilotei, e me marcou: ela não anda, desliza. Ágil e de fácil condução, indico como uma moto de entrada na marca. Com 900cc, o modelo entrega 10 cavalos a mais do que as versões anteriores. Assim, o novo motor tem 65cv de potência, o que considero ideal para se deslocar nas cidades, ou viagens mais curtas. Ah, a capacidade do tanque é de 14.5 litros e a altura do solo 790mm. Dica de rota: Em uma terça-feira ensolarada, mandei uma mensagem de bom dia para a minha namorada e brinquei: ‘Que tal dar um mergulho no mar?’ Ela topou e pegamos a Imigrantes rumo ao Hotel Jequitimar (@hoteljequitimar), em uma praia do Guarujá onde passei a infância e guardo as melhores lembranças. Almoçamos um delicioso risoto Al Mare e voltamos para SP de alma lavada. Um ponto legal é que a posição de pilotagem é boa para o condutor e para quem está na garupa. E a largura do banco é confortável. | @triumphbr

Difícil escolher um modelo da Harley-Davidson – aos 20 anos, comprei minha primeira moto da marca por meio de um financiamento e, anos mais tarde, realizei o sonho de ser piloto oficial deles. Mas fico com essa máquina que tem cara de tubarão e 1.868cc. O modelo conta com um sistema de som que controla a altura, dependendo da velocidade e dos ruídos do vento. Você também pode atender a ligações do celular via intercomunicador no capacete com apenas um clique em um botão ao lado da manopla. Ela vem com piloto automático de série, o que faz toda a diferença para longas distâncias.

Dica de rota: Usei a Road Glide Special para ir ao Hotel Unique Garden (@uniquegarden), em Mairiporã, e o conforto é tanto que poderia rodar por muitos outros quilômetros com ela – esqueça os bancos convencionais. Estamos falando de um sofá sobre duas rodas.

E a experiência lá também foi especial: cercada de natureza e marcada pelo silêncio, nossa cabana era inesquecível. Nunca vi uma cama igual. O restaurante é delicioso e usa ingredientes orgânicos produzidos no próprio local. Recomendo! | @harleydavidson

Quer dar uma voltinha sem sair de São Paulo? Recomendo ir até a Deus Ex Machina (@deusexmachina.br), loja/restaurante fundada em Bali em 2006, que se transformou em uma espécie de filosofia de vida entre os fãs do surf e das motos. O endereço paulistano fica em uma casa dos anos 1950, totalmente repaginada na Av. Rebouças, 3658. Em 2018, estive na Deus de Venice Beach e comprei um boné e um chaveiro como recordação. E, verdade seja dita, a de São Paulo é tão bonita ou mais. O menu é assinado por Dário Costa, chef nascido em Santos que vem ganhando cada vez mais destaque na cena nacional, e inclui, na minha opinião, o melhor açaí da cidade

Fotos divulgação 143
TRIUMPH BONNEVILLE T100 ROAD GLIDE SPECIAL HARLEY-DAVIDSON
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UM NOVO VOCÊ

A experiência em um spa médico na Suíça e outros lugares focados em saúde e bem-estar que não podem ficar de fora do seu radar

Viajar é sempre bom, mas já pensou em como seria embarcar em uma jornada capaz de realmente mudar seus hábitos? O turismo focado na saúde ganha cada vez mais força entre os viajantes, inclusive os brasileiros. “Segundo uma pesquisa recente, os brasileiros fazem 2 milhões de viagens por ano com foco em turismo médico”, me contou Fabien Clerc, diretor do Switzerland Tourism. A Suíça sai na frente nesse mercado – são 26 clínicas que oferecem diversos tipos de tratamentos – e, recentemente, eu tive a chance de ir até lá para participar de uma experiência focada no assunto. Visitei o Grand Resort Bad Ragaz, pertinho de Zurique, e posso dizer que o conceito vai muito além de massagens e outras terapias. Mais do que entender o boom em torno do tema – e comprovar seus benefícios –, compreendi como é possível mudar meus hábitos mesmo viajando. Por isso relato aqui a minha vivência em um dos melhores centros de nutrição e saúde da Europa e aproveito para indicar outros lugares para quem deseja viajar dessa forma.

Não é preciso ir tão longe para encontrar uma clínica renomada, já que o primeiro spa médico do Brasil foi fundado nos anos 1970 no Paraná. A Lapinha surgiu pelas mãos de uma brasileira em busca de soluções mais integrativas para a saúde e se transformou em um projeto incrível, que propõe uma mudança dos hábitos e do estilo de vida como forma de prevenção de doenças crônicas. Como cenário, uma fazenda orgânica – a gastronomia é deliciosa! – cercada de araucárias, trilhas e lagos. São diversos programas, acompanhados por especialistas renomados, que abordam questões como vitalidade, detox, saúde sênior, sono, antitabagismo e até mesmo um dedicado ao descanso e ao relax. Detalhe: a Lapinha é a única instituição de saúde no Brasil com a certificação do Centro Mayr Prevent da Sociedade Internacional de Médicos Mayr, com sede na Áustria, especializada em um detox profundo e revolucionário do intestino. @lapinhaspa

Fotos Victor Affaro e divulgação LAPINHA Páginas amarelas

O trajeto de trem entre Zurique e a estação Bad Ragaz, com seu visual inesquecível, ajuda a entrar no clima da viagem. Ao chegar lá, a vista dos Alpes suíços comprova que seus dias serão mesmo memoráveis. A história de bem estar e saúde do Bad Ragaz começa ainda em 1242, quando membros de um monastério descobriram a lendária fonte termal de Tamina, que até hoje abastece o local. E, apesar dos séculos de história, a proposta está sempre sendo atualizada. Em 2020 criaram o método NEWYOU®, em que usaram toda a sua experiência em medicina nutricional para otimizar e transformar o estilo de vida de cada um – tudo é feito da maneira mais personalizada possível. Outro programa mais recente tem foco nos esportes e na recuperação de lesões e foi desenvolvido a partir dos resultados obtidos em atletas profissionais de alto rendimento. Também gostei do Smart Aging, em que você consegue ver resultados imediatos, além dos que vêm em longo prazo, em áreas como envelhecimento da pele, elasticidade, balanceamento das vitaminas. E, claro, é ainda mais especial poder viver tudo isso em um cenário mágico e com uma ampla estrutura, que atende aos mais diversos propósitos: dos restaurantes que somam seis estrelas Michelin às áreas mais dedicadas às famílias, como o kids club e o spa familiar, todo mundo se diverte. @resortragaz

Depois de se tornar referência no assunto na Espanha, por sua abordagem pioneira, holística e integrada da saúde, a marca chega ao México. Os programas, altamente personalizados, combinam a vanguarda da medicina científica nas áreas de prevenção, genética e antienvelhecimento com as terapias naturais mais eficazes. Com duração entre quatro e 21 dias, as temporadas são conduzidas por especialistas em quatro áreas consideradas fundamentais na hora de avaliar o nosso bem-estar: reequilíbrio e revitalização, desintoxicação e peso ideal, antienvelhecimento e prevenção e performance para líderes. Tudo isso no cenário maravilhoso da Península de Yucatán, que mistura a selva e o mar caribenhos. @shawellness

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GRAND RESORT BAD RAGAZ SHA MEXICO
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Avant

Os Jogos Olímpicos acontecem em Paris entre os dias

26 de julho e 11 de agosto. Depois, é a vez dos Paralímpicos, entre 28 de agosto e 8 de setembro. Para aquecer a torcida, reunimos números e curiosidades sobre o evento que promete chacoalhar o mundo nos próximos meses

Pela primeira vez na história a cerimônia de abertura sai de um estádio e ganha as ruas –mais precisamente o rio Sena

O evento reunirá 10.500 atletas de cerca de 200 países

Será a primeira vez na história que os Jogos Olímpicos terão equidade de gênero, com 50% das vagas reservadas às mulheres

Entre as 32 modalidades da competição, a grande novidade é a inclusão do breaking nessa lista

Gosta de surfe? As provas desse esporte serão no mar do Tahiti, que faz parte do território da França. Brasileiros, como Medina e Luana Silva, estarão na disputa

Uma equipe olímpica formada apenas por refugiados também estará em Paris –a primeira vez que isso aconteceu foi em 2016, no Rio de Janeiro

Foram sete anos para construir a Vila

Olímpica: são 52 hectares, com 82 edifícios e 3 mil dormitórios

A delegação brasileira deve ter cerca de 270 atletas, que terão como base a cidade de Saint-Ouen, a poucos quilômetros de Paris

Façam suas apostas: a maior probabilidade de ouro para o Brasil está nas modalidades ginástica artística, surfe, vôlei, skate, judô, atletismo e canoagem

Já conhece os mascotes da vez?

Phryge Olímpica e Phryge Paralímpica representam o barrete frígio, uma espécie de gorro vermelho usado na Revolução Francesa, simbolizando a liberdade

Entre os cenários mais legais estão a quadra de vôlei armada em frente à Torre Eiffel e as pistas de ciclismo, na região do Palácio de Versailles

5.084 medalhas serão distribuídas em Paris

Até hoje os EUA detêm o melhor desempenho nos Jogos – já são 2.629 medalhas

Além de Paris, cidades como Lyon, Nice e Lille receberão provas

146 HENDIATRIS CITIUS, ALTIUS, FORTIUS
SÃO PAULO Rua Iguatemi, S/N– Itaim Bibi Shopping Cidade Jardim – Av. Magalhães de Castro, 12.000 – 3º piso
ano #fas ano www.fas ano.com.br
Catarina Fashion Outlet – Rod. Castello Branco, km 60
@fas
louisvuitton.com

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