Caleidoscópica_N6

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Qual é a diferença entre intervenções de rua e o espaço/tempo acoutado da peça no teatro? Num “Site-Specific”, na rua, o formato é 360º, além de não existir planos. O trabalho abre-se a outra experiência distinta. No início acabava frustrada pola falta de controlo, mas com o tempo aprendi a desfrutar de como a vida entra de cheio, porque é o contexto próprio da peça. Afinal podemos relacioná-lo com a fotografia de estúdio e a fotografia de rua… aportam cousas distintas, porém cada experiência é fascinante à sua maneira. O teatro foi tradicionalmente uma das artes mais populares, com as companhias que se moviam por todas as aldeias e com muito componente político. Permite a máscara do teatro, desmascarar a sociedade?

O público leva milhares de anos indo ao teatro para ver perguntas sem resposta

O público leva milhares de anos indo ao teatro para ver perguntas sem resposta. Para ver como se questiona a realidade desde o cenário. Tem muito a ver com o ancestral, com as tradições, com a transmissão dos contos, com a criação da fantasia, a mitologia e o simbolismo. O teatro é um jeito de ritualizar a relação entre a artista e o público. Relação que nasce nas cavernas, na pré-história. Também é uma arte espelho da realidade. Isso converte-o num ato político. A autora lança uma pedra à água sem saber o impacto que vai ter. Tem de ser “bonito” o teatro em tempos de crise? Não penso que um teatro reflexivo tenha de ser feio. Sempre vou na procura da beleza e isso não significa que o meu trabalho seja naif. A caligrafia

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