Histórias a partir de obras de José Saramago

Histórias a partir das capas de livros de José Saramago Desafios lá p`ra casa | 8ºE

Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

Objetivos da atividade:  Promover o gosto pela leitura; 

Criar hábitos e desenvolver a competência de escrita em família;

 Promover o diálogo entre o aluno e a família, de modo a que esta se envolva no processo de ensino/aprendizagem dos seus educandos.  Articulação com conteúdos programáticos e com as disciplinas.

Descrição da atividade: A atividade da BE “Desafios Lá P`ra Casa”, em articulação com o grupo de Português procurou trabalhar as obras de José Saramago, uma vez que se comemora o seu Centenário, debruçando-se sobre os títulos de algumas delas. Foi feita uma recolha de algumas capas, talvez das obras mais emblemáticas, ou mais conhecidas, estando umas a ser trabalhadas na disciplina de Educação Visual, com os alunos da turma do 7º G, outras foram desenhadas por pessoas ilustres. Depois, foi feita uma sinopse para cada uma delas, com o objetivo de, a partir desta e do título, os alunos, em família, elaborem uma história real ou imaginária. Os alunos escolhem a capa do livro que querem trabalhar. Os trabalhos produzidos serão corrigidos pelo professor e, depois, passados pelo aluno a computador. O professor reúne as composições e envia a um dos elementos do projeto de leitura, para serem publicados no blogue da BE e expostos na exposição “100 anos, José Saramago”, em outubro, no Espaço Torga e no Museu da Vila Velha.

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

E um romance de José Saramago editado em 2004. Num país qualquer, num dia de chuva e após umas grandes cheias, poucos eleitores foram às urnas para votar durante a manhã. As autoridades eleitorais preocupadas, chegaram a supor que haveria uma abstenção gigantesca. À tarde, quase no encerramento da votação, centenas de milhares de eleitores compareceram nos locais de voto. Formaram-se filas gigantescas, e tudo pareceu normal. Mas, para desespero das autoridades eleitorais, houve quase setenta por cento de votos em branco. Uma catástrofe. O governo, receoso e desconfiado, em vez de se interrogar sobre os motivos que terão levado os eleitores a votar em branco, decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir quem estaria a minar o processo eleitoral e eliminá-lo.

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Escrito em 2008, A Viagem do elefante, é um romance que retrata a viagem de duas personagens, o elefante indiano Salomão e o seu tratador, Fritz, de Lisboa até à Áustria.

Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontrava em Belém, vindo da Índia, mas que tinha pouca serventia para o rei D. João III. Então este decide oferecê-lo ao arquiduque austríaco Maximiliano II, recémcasado com a filha do imperador Carlos V, que aceita o presente. É contada a história da longa viagem empreendida por Salomão e Fritz, primeiramente de Portugal a Espanha, onde se detinha a comitiva de Maximiliano II, e de Espanha a Áustria, incluindo-se aí uma perigosa viagem marítima pelo Mediterrâneo e uma quase suicida travessia dos Alpes.

“Descobri que sou tal qual o elefante, uma parte de mim aprende, a outra ignora o que a outra parte aprendeu, e tanto mais vai ignorando quanto mais tempo vai vivendo”.

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Editada em 1979, A Noite é a primeira obra dramática de José Saramago. A noite de que se fala na peça ficou para a história: é a de 24 para 25 de abril de 1974. A ação passa-se na redação do Jornal de Lisboa, nessa noite em que se deu a Revolução de 25 de Abril.

“Não se pode trabalhar num esgoto sem cheirar a esgoto “

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Romance de José Saramago publicado em 2005, é uma história sobre os caprichos da morte. A frase inicial, ou se quisermos a situação “absurda”, tão típica dos romances de Saramago, "No dia seguinte ninguém morreu" é o ponto de partida para a divagação sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta destes valores, da nossa existência. É anunciado um novo tempo sem morte, o sonho da imortalidade concedido a homens e a mulheres de um país sem nome. As pessoas deixam de morrer, sobrevivem a acidentes terríveis e as que estão prestes a morrer, permanecem assim, porque a morte decidiu que queria demonstrar aos humanos como seria se vivessem para sempre.

O que acontece a um mundo onde não é possível morrer, mas onde se continua a envelhecer?

"A morte, por si mesma, sozinha, sem qualquer ajuda externa, sempre matou muito menos que o homem”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Publicado em 1995, é um romance que nos faz refletir sobre as contingências da vida e da natureza cruel do ser humano, quando confrontado com situações limite.

Uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira atinge uma cidade. Um homem fica cego, quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. É ajudado por um homem que o leva para casa, mas, depois, este rouba-lhe o seu carro.

No dia seguinte, o cego e a mulher vão consultar um oftalmologista, que não descobre nada de errado com os olhos, ainda que o cego diga que uma "luz branca" o impede de ver. A cegueira alastra como «um rastilho de pólvora».

Todas as pessoas que tiveram contato com o primeiro cego, a esposa, o ladrão, o médico e os pacientes da sala de espera do consultório também ficam cegas. O governo trata a doença como uma epidemia e, imediatamente, coloca de quarentena os doentes, numa instalação vigiada o tempo todo por soldados armados. Os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar e as pessoas passam a lutar entre si, expondo os seus instintos animalescos.

“Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais. “

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

É um romance histórico de José Saramago, cuja personagem principal é o Convento de Mafra. A ação decorre no início do século XVIII, durante o reinado de D. João V e da Inquisição. Este rei absolutista, graças à grande quantidade de ouro e de diamantes vindos das colónias como o Brasil, mandou construir o grandioso Palácio Nacional de Mafra, mais conhecido por Convento de Mafra, em resultado de uma promessa que fez para garantir a sucessão do trono, isto é, se a sua esposa concebesse um filho herdeiro. Assente em aspetos reais da sociedade, o romance critica a exploração dos pobres pelos ricos, a corrupção própria da natureza humana, em especial a religiosa.

“Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Trabalhos de E.V, 7º G. Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Em A Jangada de Pedra, há uma série de acontecimentos sobrenaturais que culminam na separação da Península Ibérica do continente europeu, para a transformar numa grande ilha flutuante, movendo-se sem remos, nem velas, nem hélices em direção ao Sul do mundo. "…massa de pedra e terra, coberta de cidades, aldeias, rios, bosques, fábricas, matos bravios, campos cultivados, com a sua gente e os seus animais", a caminho de uma utopia nova: o encontro cultural dos povos peninsulares com os povos do outro lado do Atlântico. A península é, portanto, a jangada de pedra.

“Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular,…”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

O Lagarto é um conto breve, incluído na obra A Bagagem do Viajante (1973). A história narra o aparecimento, no Chiado, de um misterioso lagarto, grande e verde, com uns olhos que pareciam de cristal negro, coberto de escamas, o rabo longo e ágil, e cuja presença surpreende os habitantes. É o caos e, no meio da confusão, os gritos de uma velha, o alvoroço dos logistas, o desespero dos transeuntes. São mobilizados os bombeiros, o exército e a aviação. Porém, de repente, no meio da confusão, algo de fantástico, típico de conto de fadas, acontece…

“Ando há muito tempo para contar uma história de fadas”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Romance de Saramago que conta a história de Tertuliano Máximo Afonso, professor de História do ensino secundário que «Vive só e aborrece-se»; «esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer nem se lembrar dos motivos por que se separou». Quanto à sua profissão de professor de História «vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem fim». Uma noite, em casa, ao rever um filmena televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão.

Sou eu. Depois desta inesperada descoberta, de um homem exatamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, parte à descoberta desse outro homem.

“Não se pode exigir a toda a gente que seja sensata, por isso o mundo está como está.”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

É um romance de José Saramago publicado em 2000. Nele aborda-se a problemática e o impacto destruidor do capitalismo económico sobre as economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros, gente simples, que vê a sua vida transformada com a chegada de um grande centro de compras, um shopping center, à cidade. As personagens circulam pelo Centro, um gigantesco monumento do consumo onde os moradores usam crachá, são vigiados por câmaras de vídeo e não podem abrir as janelas de casa. É no Centro que trabalha o guarda Marçal. Era para o Centro que seu sogro, o oleiro Cipriano, vendia a louça de barro que fabricava artesanalmente na aldeola em que vive. Agora, os clientes do Centro preferem pratos e jarros de plástico. Sem outro ofício na vida, Cipriano perde a razão de viver. E a convite do genro, muda-se para o Centro, essa verdadeira gruta onde milhares de pessoas se divertem, comem e trabalham sem verem a luz do sol e da lua”. O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna.

“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe “

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Um homem tinha um sonho: encontrar uma ilha desconhecida, mas para o realizar precisava de um barco. Então resolveu ir falar com o rei, para lhe pedir um emprestado. Quando bateu à porta do palácio, atendeu a mulher da limpeza que procurou demovê-lo das suas intenções, dizendo que o rei não o podia atender. O homem respondeu que não saía dali, até que o rei o recebesse, pessoalmente. Passados três dias, o rei decide atender o homem…

É necessário sair da ilha para ver a ilha, não nos vemos se não saímos de nós”

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Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Atividade: “Desafios lá P`ra Casa”

(Sinopse adaptada por Salete Valente, com base na consulta de vários sites na net)

Romance escrito em 1997, a história gira à volta de um homem de meia-idade, funcionário do Arquivo do Registo Civil, que tem como hobby colecionar notícias de jornais e revistas sobre gente famosa. Um dia reconhece a falta, nas suas coleções, de informações exatas sobre o nascimento (data, naturalidade, nome dos pais, etc.) dessas pessoas.

Dedica-se, portanto, a copiar os respetivos dados das fichas que se encontram no arquivo. Casualmente, a ficha de uma pessoa comum (uma mulher) mistura-se com outras que está copiando. O súbito contraste entre o que é conhecido e o que é desconhecido faz surgir nele a necessidade de conhecer a vida dessa mulher. Começa assim uma busca, a procura do outro.

“...o tempo, ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, não é o mesmo para toda gente.”

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‘’ A Viagem do Elefante ‘’ Era uma vez um elefante indiano chamado Salomão. Vivia num zoo, em Lisboa, e o seu tratador chamava-se Fritz.

Um dia, o rei de Portugal D. João III decidiu oferecer o seu elefante ao seu primo Maximiliano da Áustria, genro de Carlos V. Iniciou-se, então, uma longa e complicada viagem pelo mar Mediterrâneo.

Em maio de 1538, os marinheiros que levariam o elefante começaram a fazer a preparação da nau portuguesa que o levaria ao seu destino. No dia 5 de junho do mesmo ano, iniciou-se a longa viagem que transportaria 140 marinheiros e o seu tratador Fritz que decidiu ir com eles para se despedir do seu animal de estimação, o qual tratou durante quase cinco anos. Foram anos de muita dedicação e canseiras!

Na tarde do dia 5 de junho, já a 500 nós de Portugal, uma tempestade ter-se-á formado, dificultando a passagem da nau que levava o animal dentro de uma jaula. A tempestade aterrorizou os marinheiros durante cinco dias, mas estes conseguiram sair daquele horroroso episódio.

No dia 17 de junho de 1538, os marinheiros entraram na área do mar Mediterrâneo e, nesse mesmo dia, eles pararam em Itália por algum tempo para comprar e reabastecer o stock de alimentos, incluindo o alimento do grande Salomão.

No segundo dia do mês de julho, a comitiva partiu, contornando a Itália até chegar à Eslovénia, onde estava pronto um grupo de homens que transportariam Salomão até ao destino final, Áustria. Já na Eslovénia, o grupo destacado aventurou-se por altos caminhos de terra, colinas e montanhas, obstáculos que se ultrapassaram, pois chegaram sãos e salvos à Áustria.

Quase no centro de Áustria, perto de uma montanha onde havia um monte de casas, um homem que trabalhava junto à sua, perguntou ao tratador do grande o que estava a fazer por aquelas bandas: - Senhor, você é novo por aqui, não é?

- Sim, vim entregar este grande elefante ao seu novo dono aqui na Áustria. Venho de Portugal. _ respondeu prontamente o tratador de Salomão.

- Ahhhhhh…! Então, veio entregar esse grande animal ao senhor Maximiliano da Áustria!?_ exclamou o homem, surpreso com a informação.

- Sim, sim, esse mesmo. _Sabe onde fica propriamente o palácio desse grande senhor? _ aproveitou o tratador, pois estava meio perdido.

- Sim, vai por ali abaixo e, depois, vira à esquerda e sai no primeiro caminho que você vir. Já agora, quer comer qualquer coisa? _ acrescentou o simpático homem.

- Não, obrigado, mas já comemos pelo caminho, pois temos pressa em cumprir a missão com sucesso. Agradeço-lhe a sua amabilidade! _ disse sorrindo.

- Ora essa, não tem de quê! Sempre às ordens. – acabou por responder o homem.

Seguindo viagem, o tratador e a restante comitiva chegaram ao grande palácio do primo do rei de Portugal. Era um enorme palácio, cheio de jardins com flores, esculturas e belas artes esculpidas em pedra. A equipa, preparada para transportar o animal, meteuo dentro da sua jaula em direção à sua nova morada, não fosse ele fugir e agredir os moradores, pois foi uma viagem longa e o elefante Salomão estava cansado e poderia estranhar o ambiente.

O tratador ficou em lágrimas quando se despediu do imponente Salomão. O animal parecia, também, estar triste, pois deu um enorme e estridente rugido. O primo de João III agradeceu ao tratador e à equipa de transporte, oferecendo-lhes comida e duas noites no seu grande palácio.

Passado dois meses, depois de Fritz ter deixado o animal nas mãos de Maximiliano da Áustria, o animal viria a falecer de tantas saudades que teria do seu tratador e do seu espaço grande e livre que tinha em Portugal. Era o seu espaço, a sua casa. Viver numa jaula não era o espaço propício para um animal daquele porte e habituado a estar ao ar livre, o mais parecido com o seu habitat natural, a selva.

Maximiliano da Áustria não gostou muito da notícia que o seu primo lhe dera, ao final de dois meses de estadia na Áustria, alegando este último que o animal morreu devido ás más condições de transporte, vindo a padecer de uma doença típica de quem viaja pelo mar. Maximiliano nunca acreditou nesta versão do primo, nem tão pouco o antigo tratador de Salomão, o senhor Fritz que recebeu um outro elefante, Salomão II, como recompensa da sua dedicação ao rei D. João III. Salomão II foi o nome escolhido para homenagear o seu grande “amigo” falecido. .

Martim Almeida, 8ºE

A ausência da lucidez

Num dia de chuva, com o céu muito nublado, logo após umas grandes cheias, poucos eleitores foram às urnas votar. As autoridades eleitorais ficaram muito preocupadas, com medo de uma abstenção gigantesca. Porém, no final do dia, quando o céu já não estava tão cerrado de nuvens e as votações estavam prestes a ser encerradas, centenas de milhares de eleitores compareceram nos locais de votos para votar. Para grande surpresa das autoridades eleitorais, setenta por cento dos votos estava em branco.

As autoridades eleitorais decidiram marcar novas eleições para o domingo seguinte, na esperança de que os resultados fossem diferentes. É domingo. A história repetiu-se, pois, os eleitores só foram votar ao final da tarde, mas desta vez, oitenta e cinco por cento dos votos estavam em branco. As autoridades eleitorais desesperaram e a população perguntava-se o que se estava a passar. Não havia nenhum partido com votos suficientes para ser eleito.

Depois de muitos debates políticos, chegou-se à conclusão que teriam de se fazer pela terceira vez as eleições. A classe política apelou aos eleitores para irem às urnas votar num dos partidos e não votarem em branco, porque assim estavam a pôr em causa o futuro do país.

Pela terceira vez, os eleitores foram a votos e, apesar de todas as expectativas, o resultado foi ainda mais preocupante. Noventa e seis por cento dos eleitores votaram em branco.

O governo, desesperado, apenas desconfiou que alguém estaria por trás das eleições falhadas, por isso, em vez de pensar em razões que pudessem ter levado os eleitores a votar em branco, desencadearam uma vasta operação policial para descobrir quem estava por detrás do boicote. A medida tomada pelo governo não foi bem aceite pela sociedade que apenas votou consoante o seu sentido de voto. Como consequência, a população organizou-se em manifestações, os sindicatos convocaram greves e até os adolescentes se manifestaram nas redes sociais.

O caos estava instalado, era urgente restaurar a ordem.

Passaram-se semanas em anarquia total, faltavam bens nos supermercados, as ruas estavam imundas e as pessoas estavam cada vez mais infelizes. A sociedade, cada vez menos lúcida, começou a “morrer” lentamente e, mesmo assim, não conseguiu perceber que a sua salvação dependia apenas de si e de eleger um governo democrático, essencial para sociedade voltar a funcionar.

Camila, 8º E

A caverna Numa linda manhã em que o sol já raiava e o céu estava completamente limpo, Matilde e os seus pais decidiram fazer uma caminhada pelo monte, lá perto da casa onde moravam.

As horas ia passando, mas os caminheiros nem deram por isso, pois o passeio estava a ser bastante aprazível. Contudo, no início da tarde, no céu começou a desenhar-se algumas nuvens que, com o decorrer do tempo, ficaram mais intensas e carregadas, com uma cor muito peculiar. Mais tarde levantou-se um vento muito gélido, pairando no ar uma forte ameaça de chuva. Então, Matilde e seus pais abrigaram-se numa caverna.

Começou a chover em abundância e, já na caverna, Matilde e seus pais repararam que, no interior deste abrigo húmido e sombrio, havia mais pessoas que, tal como eles, foram surpreendidos pela chuva e trovoada que, entretanto, rebentou nos céus da pequena aldeia.

Enquanto a chuva não passava, a Matilde e os pais juntaram-se às demais pessoas, realizando jogos, brincadeiras. Contaram histórias e piadas, criando uma atmosfera de amizade e de camaradagem entre as pessoas, bem diferente do ambiente hostil que se fazia sentir fora da caverna.

Matilde estava num canto da caverna com uma rapariga que se chamava Sofia que era um pouco mais velha do que ela. Enquanto conversavam, ambas perceberam que tinham muitas coisas em comum, fazendo promessas de encontros futuros.

O ambiente de trovoada foi desvanecendo e a chuva rareando até parar. Um tempo depois, Matilde apercebeu-se que, por entre as nuvens, começou a surgir raios de sol e, então, exclamou com entusiasmo: -Parou de chover!

Saíram todos da caverna e foram dar uma volta, tendo, mais tarde, lanchado juntos. Matilde e Sofia trocaram os números para falarem e um dia saírem para ir dar uma volta.

Começou a anoitecer, mas antes de cada um seguir para sua casa, combinaram de, no fim de semana seguinte, voltarem àquela caverna para fazerem um piquenique, tendo ficado a caverna como o local onde nasceu uma grande amizade.

Durante a semana, Matilde e Sofia trocaram várias mensagens a combinarem um encontro pela cidade para conversarem. Durante a caminhada, elas conversaram bastante, contaram um pouco da vida de cada uma à outra e tornaram-se bastante amigas. Parecia que se conheciam há anos! O regresso a casa estava a custar, pois Matilde e Sofia pareciam almas gémeas inseparáveis.

Assim que o fim de semana chegou, Matilde e os seus pais foram ter à caverna encontrar os amigos que tinham feito na semana anterior. Eles conversaram e relembraram-se dos momentosque tinham passado naquela caverna no dia de chuva.

Terminado o dia, despediram-se uns dos outros e decidiram que teriam de se encontrar mais vezes.

Bárbara, 8º E

A cegueira Era uma noite de lua cheia e de céu estrelado. Dr. Paulo estava a acabar de fazer a sua última experiência, quando a luz foi abaixo. Naquela atrapalhação, a sua bata tocou no frasco da amostra, derrubando-o. Ficou furioso, pois já estava nos últimos retoques para achar a solução para uma doença.

Como estava já no final do dia, resolveu por fim ao trabalho e regressar a casa para estar com os seus filhos e com a sua esposa. Esta estava a fazer o seu prato preferido, sushi, e os filhos estavam a pôr a mesa. Quando chegou, pousou o casaco e a mala e foi em direção à cozinha, de onde vinha um cheiro familiar e saboroso. Comeram todos juntos e, no final, os filhos, Tiago e Maria, dirigiram-se aos seus quartos, mas não sem antes dar um beijo aos pais.

No dia seguinte, acordou com uma dor intensa nos olhos, não conseguia ver! Ao levantarse caiu. A sua esposa ficou preocupada e imediatamente levou-o ao oftalmologista, que era amigo da família. O médico tranquilizou-os, dizendo que não havia nada de errado comos seus olhos e que, lá para o final do dia, já estaria melhor, uma vez que aquele estado estaria, talvez, relacionado com o acontecimento do dia anterior em que derramou a solução e isso enervou-o muito.

O dia chegou ao fim e nada de melhoras, pelo contrário, as pessoas com quem ele contactou, esposa, filhos, secretária da clínica e o próprio médico que atendeu o casal amigo, ficaram cegas. Mas como seria isso possível?

Como o Dr. Paulo estava cego, a sua sobrinha Suzi, uma estudante de medicina, ia levarlhes comida, tanto a ele como ao resto dos seus conhecidos que tinham ficado cegos.

Suzi é uma pessoa calma, estava no seu segundo ano do curso de medicina. Era tudo muito confuso para ela, pois como é que uma pessoa que, no dia anterior, via sem nenhum tipo de doença, ficou cego repentinamente?

Quanto mais tempo passava, mais pessoas ficavam cegas, por isso, os médicos decidiram que, para o bem do resto da população que ainda conseguia ver, seria necessário usarem óculos de proteção.

As pessoas começaram a ficar ansiosas, pois não sabiam que doença seria aquela que punha as pessoas cegas? Todos estavam com medo de a apanhar, mesmo com os óculos de proteção.

O resto da pequena população onde vivia o Dr. Paulo foi sendo contagiada pela cegueira à medida que o tempo ia passando, exceto Suzi e alguns dos seus amigos estudantes. Mas era uma questão de tempo!

-Temos de arranjar uma solução para não sermos contaminados! -exclamou Marta, uma das irmãs de Suzi, que jogava sempre pelo seguro e pela lógica.

-Ela tem razão! Temos de arranjar uma solução nem que seja a mais estúpida de sempre!

-argumentou Mark Mark era o namorado de Suzi e dono de um restaurante. Era uma pessoa pragmática tinha um pensamento lógico e um espírito aventureiro. Os amigos entreolharam-se, enquanto pensavam numa solução. Marta lembrou-se que havia um hospital psiquiátrico, abandonado e ao lado da sua escola.

- E se levássemos os doentes para o antigo hospital psiquiátrico, agora desativado?

Podemos formar grupos e pô-los nas diversas alas e levávamos-lhes comida, porque, mesmo estando cegos, continuam a ser humanos! -explicou Marta.

-Boa ideia! Podemos utilizar o restaurante para fazer a comida, de certeza que os meus funcionários vão ajudar! - concordou Mark.

Combinaram que o Mark e um dos seus funcionários fariam a comida, Marta e José, o outro funcionário, iriam ficar na ala psiquiátrica a vigiar as pessoas, enquanto Suzi e um amigo médico iriam tentar encontrar uma solução definitiva, mas qual?

Tudo corria como planeado, quando o telemóvel de Suzi tocou. Era Rúben, um dos dois funcionários de Mark que tinha ficado com ele no restaurante.

- Suzi, onde estás?

- À tua frente. Não me vês? -respondeu Suzi que acabara de estacionar o carro à frente do restaurante.

-Tenho uma ofuscante luz branca nos meus olhos que não me deixa ver nada! -disse ele muito preocupado com o que lhe estava a acontecer.

- O que se passa? – perguntou Suzi, receando ser a mesma doença que afetara o seu tio e o resto da população.

Pouco a pouco, todos os amigos, incluindo o namorado Mark, ficaram cegos. Suzi, além de ter medo de cegar também, ficou com encargo de cuidar de todas aquelas pessoas. Mas como? Teria de pedir ajuda na população da cidade vizinha, quanto mais não fosse só para os alimentar, enquanto ela dedicar-se-ia à pesquisa científica.

Durante uma semana e meia, Suzi trabalhou arduamente para alimentá-los e mantê-los em segurança, esforçando-se também para encontrar uma cura.

Depois de muitas horas a pesquisar, sem condições, no seu computador de uma das alas desocupadas, decidiu fazer uma pausa e, nesse momento, ouviu pessoas a gritar, percebendo que algo se tinha passado. Decidiu parar o que estava a fazer e ir à ala psiquiátrica averiguar.

Ao chegar, qual não foi o seu espanto quando percebeu que havia pessoas que tinham recuperado a visão. Perguntou imediatamente o que se tinha passado, tendo respondido o seu tio Paulo.

-Olha, Suzi, um casal, com medo de morrer, começou a conversar sobre a sua vida em comum, as coisas que tinham corrido bem e as que tinham corrido mal, e pediram perdão um ao outro pelas coisas desagradáveis que tinham acontecido, abraçando-se a chorar. E começaram a ver para espanto de todos. O ato penitencial contagiou outras pessoas e, também elas começaram a ver…

- Será isso possível, mas como? - interveio Suzi, incrédula.

- Foram as lágrimas, o poder do amor e da reconciliação que os curou…- explicou um desconhecido.

Catarina Francisco Nº9 8E Ajuda: Mãe

A Noite Quando a noite cai, as pessoas recolhem-se nas suas casas e descontraem após um longo dia de trabalho. É nesses momentos de repouso que o nosso inconsciente acorda e leva-nos a sítios e a situações fantásticas. Eu, pessoalmente, tenho sonhado muito com pessoas que já não estão aqui presentes. Ao sonhar com elas, consigo matar saudades e recordar bons momentos.

O que eu vou contar não passou de um sonho, mas um sonho marcante, o mais delicioso que eu tive até aos dias de hoje.

Cheguei a casa dos meus avós já muito tarde, após uma longa viagem de carro. Ao levar a saca da fruta para a cozinha, ouvi alguém a chamar-me, mas não liguei muito porque tinha de pousar a fruta. Quando confrontei o meu avô com o acontecimento, ele negou ter-me chamado. Estranho, porque o chamamento era real e percetível!

Com o decorrer do tempo, a resposta para aquele facto insólito demorava a chegar.

Tinha a certeza de ter ouvido alguém, mas ninguém se acusava, até que, quando fui dar comida aos cães, essa voz continuava a chamar por mim. Escutei com outra atenção, pois estava a reconhecer aquela voz. Só uma pessoa me chamava de “Ni” e essa pessoa era a minha avó que já tinha partido. Fui ao encontro daquela voz e, quanto mais me aproximava, mais alto era o chamamento. Acabei por parar num larguinho, mesmo ao lado de uma casa abandonada e de um vimeiro.

O cheiro a alecrim era intenso, o que fez aumentar ainda mais a minha curiosidade.

Mais à frente consegui avistar um grande círculo feito por alecrim e, no meio desse círculo, estava a minha avó sentada à espera que eu chegasse. Olhou para mim fixamente e sorriu.

Como não queria acreditar no que estava a acontecer, serrei os meus olhos com força para me certificar de que era mesmo ela quem estava ali sentada. Quando abri os olhos, ela tinha desaparecido e só tinha restado o gorro que ela me tinha feito quando eu era mais novo.

Fiquei muito abatido, pois tinha muitas perguntas para lhe fazer e contar-lhe todas as novidades.

Ao agarrar o gorro e ao cheirá-lo, senti o cheiro da minha avó. Ela cheirava a campo, a pureza, a rosas…

Acordei com a minha mãe a tocar-me ao de leve nos meus cabelos. Passei o resto do dia a pensar no sonho e no que tinha acontecido.

Acontecimentos como o que eu experimentei permitem-nos vivenciar momentos únicos com as pessoas de que tanto gostamos, acreditando vivamente que elas reencarnam e aparecemnos para nos dizer que nunca nos abandonarão, que sempre estarão presentes nas nossas vidas e que nunca se esquecerão de nós.

As pessoas quando partem não desaparecem, elas estarão sempre connosco a ser o nosso anjo da guarda e a acompanhar o nosso caminho, mas não os podemos prender à terra, pois a alma delas terá que progredir.

Sempre que estes episódios acontecerem, só temos de agradecer por essas pessoas comunicarem connosco.

A noite é, obviamente, propícia a esses encontros e, tal como os gregos pensavam, ela é a imagem do inconsciente que se liberta do sono, revelando a sua dupla faceta, a do caos, a do engano, a da morte, a das angústias, mas também a do amor, a da ternura e a da inspiração.

Dinis Rocha, 8º E, com a mãe Raquel

A Ilha desconhecida Há quatro anos, a minha amiga Carminho fez 16 anos. A família dela sempre foi muito rica e cada aniversário dela era sempre uma grande festa, tudo o que se consiga imaginar: acampamentos, viagens, etc. Nós, os amigos dela, todos os anos, ficávamos mais ansiosos pela festa do seu aniversário, mais propriamente do que das nossas. É estranho, mas é verdade!

Anualmente, as festas iam melhorando. Primeiro, quando ela era mais pequena, as festas eram normais, mas, depois, começaram a exceder-se em grandeza e requinte.

Quando ela fez quinze anos, fomos à Disney Land. Foi incrível! Mas nos seus dezasseis anos, a celebração foi de arromba! Faltava um mês para a Carminho fazer anos, quando recebo uma mensagem no nosso grupo de amigos. Era ela a anunciar o seu plano de aniversário. Era nada mais nada menos do que uma viagem para Santorini que é uma ilha grega. No plano dizia que nós íamos passar lá quatro dias, num hotel de luxo, só os amigos, repito só nós, sem os pais por perto.

Viajar para um sítio do outro lado do mundo com os amigos e sem pais é o sonho de qualquer adolescente! Eu fiquei tão entusiasmada que fui logo fazer as malas. Estava histérica com a notícia! Os dias pareciam anos a passar, mas o dia tão desejado chegou!

Estava tão ansiosa que parecia que ia explodir. No dia, tinha tudo pronto e tinha a certeza de que nada me faltava, pois revi a mala mais de vinte vezes. Fui ter com os meus amigos ao aeroporto, despedi-me dos meus pais e levantei voo. A viagem foi tranquila, fui sempre a dormir, pois, na noite anterior, estava tão entusiasmada com a viagem que nem dormi.

Quando chegámos, fomos por as malas nos quartos eu fiquei com a Maria e com a Joana, o que foi bom porque elas são umas das minhas melhores amigas. Para ser sincera, estava com um pouco de receio de ficar instalada com alguém que não me desse bem, como a Soraia. Esta é a filha do presidente da nossa cidade e, para ela, nada é suficiente e quer tudo à sua maneira. Soraia faz sempre alguma coisa para arruinar, contaminar tudo! Mal entrámos, ela já estava a reclamar do hotel! Ela consegue sempre pôr defeitos, mesmo quando não existem.

Arrumados os nossos pertences, fomos conhecer a ilha com o guia que a Carminho contratou. A Ilha era um autêntico paraíso, parecia intocável pelo ser humano! Nunca tinha visto nada assim! Uma paisagem deslumbrante, de um verde singular. A água estava límpida e parada, parecia nunca ter entrado em contacto com plástico ou sujidade, algo que era frequente nós vermos.

Depois da visita, nós estávamos exaustos, fomos para o hotel dormir.

No segundo dia, fomos dar um passeio de barco, porque um amigo nosso tinha carta, então, alugámos um iate. Fomos sem rumo, pois nenhum de nós conhecia aquela ilha.

Uma hora depois de partirmos, avistámos uma ilha no meio do oceano e, como jovens aventureiros, decidimos, tal como nos filmes, ir explorá-la. Conforme nos íamos aproximando, reparámos que não estava habitada. Mal aportámos, fomos ver o que tinha lá, mas, como sempre, a Soraia recusou-se a sair do barco, pois, pelas suas palavras, era fina demais para pôr os seus pés de princesa naquela areia movediça. Não adiantou nada, pois nós conhecemo-la, então, fizemos tal como os pais fazem às crianças:

- Nós vamos, se quiseres fica. Adeus!

Bastou darmos uns passos e ela desatou a correr atrás de nós, pois ela não ia ficar num iate sozinha no meio do nada.

Nós andámos, andámos, explorámos cada recanto da ilha. Tentámos, à medida que a íamos conhecendo, arranjar-lhe um nome, mas não nos ocorreu nada. Então, ficou a chamar-se apenas a Ilha Desconhecida.

Estava na hora de irmos embora, ainda que contrariados, pois não queríamos que ficasse de noite.

Ainda estávamos no mar e rebentou, de repente, uma grande tempestade. Entrámos todos em pânico, pois não podíamos regressar à ilha, porque já estávamos a uma certa distância e o mar estava agitado. Tentámos ligar para alguém, mas o rádio não estava a dar sinal. Então, não havia outra solução se não voltar para a ilha. Tínhamos de passar lá a noite. Resolvemos fazer uns barracos com folhas e madeira que tínhamos lá. Tivemos sorte, pois muitos de nós éramos escuteiros. Conforme o tempo passava, ia parando de chover.

Como já estava a ficar de noite, decidimos pernoitar na ilha, porque tínhamos receio de ir para o alto mar. E se voltasse a chover de novo?

O aniversário da Carminho era no dia seguinte e nós ainda estávamos na ilha, presos pelo mau tempo. A ideia de ficar na ilha foi um desastre, mas até se tornou engraçado, pois acabámos por fazer uma festa à volta da fogueira e ainda tivemos direito a banquete com os frutos que fomos apanhando, enquanto explorávamos a ilha. Cantámos os parabéns à aniversariante Carminho e passámos a noite a contar histórias.

Mal amanheceu, partimos. Quando chegámos à marina do hotel, levámos um raspanete do senhor a quem alugámos o iate. Ele estava tão irritado que falou tudo em grego, ou seja, não entendemos nada. Então pagámos-lhe e voltámos para o hotel.

Estávamos exaustos e fomos dormir.

Quando acordamos, já estávamos no último dia. Fizemos as malas e fomos para o aeroporto. Lá todos nós prometemos não contar nada do que se passou a ninguém, pois, se o fizéssemos os nossos pais nunca mais nos deixariam viajar.

Chegados, finalmente, ao destino, tínhamos os nossos pais à nossa espera. Parecia que não nos viam há um ano.

Despedimo-nos e fomos cada um para nossa casa desfazer as malas e descansar.

Agora é só esperar pela festa do próximo ano…

Laura, 8º E

“O CONVENTO” Num século bem distante do nosso, havia um Rei chamado Ricardo que governava um grande povo na Alemanha.

Ele teria vindo a anunciar ao seu povo que qualquer cidadão que desobedecesse a algumas das leis impostas por ele, ou fizesse algo que não fosse autorizado pela Sua Alteza Real, tornarse-ia escravo.

Todo o povo, espantado e amedrontado com o Rei e com o seu decreto, fecharam-se em suas casas, esconjurando contra o Rei, o seu séquito e as suas ordens.

O tempo foi passando, passando. O Rei estranhava a incómoda acalmia, a ausência de rebelião por parte do povo que tinha por hábito contestar contra as leis, sobretudo as da agricultura e a dos impostos a pagar. Resolveu chamar alguns dos seus servos para que vigiassem a aldeia e, caso vissem ou soubessem de algum comportamento estranho da parte dos habitantes, deveriam avisá-lo.

Os meses foram-se passando e o Rei foi informado de que não tinha ninguém a trabalhar os campos, pois constava-se que o povo estava amedrontado e não queria sair de casa. A falta de produção, a escassez de impostos estava a empobrecer o reino.

Como haveria ele de construir o tal convento prometido à sua esposa aquando do noivado, se ela lhe desse um filho barão, lá para a região de Mafra? Não poderia fazer essa desfeita à sua delicada esposa. Promessas são para cumprir! - pensava o rei. Teria de encontrar uma solução e rapidamente.

Não se passou muito tempo até encontrar a tão desejada solução.

Em tempos, o rei tinha mandado uma expedição para o continente africano, com o intuito de comprar escravos, mas também de explorar novos negócios, sobretudo o de pedras preciosas e de especiarias. Foi informado de que África era um continente riquíssimo, tinha muitas potencialidades, logo havia que aproveitar, sobretudo a mão de obra escrava para trabalhar nos campos, agora abandonados pelo seu povo.

E assim fez. Mais expedições foram enviadas para África, mas também para o continente asiático, o El Dourado da Índia e da China, de onde vinha tanta matéria prima. Nunca o reino recebera tanta riqueza!

O rei mandou construir o tão prometido palácio em Mafra, tal como a estimada esposa pedira e tudo graças ao trabalho escravo. Só faltava o herdeiro que tardava a vir!

Os ventos eram favoráveis ao rei. O povo, esse, estava na miséria, pois os campos foram abandonados, logo não havia que comer. O monarca, contente com os seus negócios que prosperavam em África, Índia e China, tinha mão de obra suficiente para trabalhar para si, tratando e tomando conta das suas herdades. Ao fim de cada mês, cada escravo teria de lhe ceder três quartos das suas colheitas.

O povo da aldeia, descontente com aquilo que via, decidiu protestar contra o Rei, no sentido de informar os escravos, sujeitos as maus tratos e trabalhos forçados, dos seus direitos, para que eles tivessem uma vida mais justa e digna.

Anos e anos se passaram e nada se alterou nas classes mais baixas da sociedade. A fome e a miséria dizimavam o povo que teve que se sujeitar às leis do rei e dos nobres. A monarquia e a nobreza prosperavam a olhos vivos.

O herdeiro nasceu, sendo visto pelo povo como o libertador da opressão, sobretudo se ele tivesse as mesmas qualidades da rainha, uma mulher bondosa e caridosa que dava de comer aos pobres às escondidas do marido.

Martim Gonçalves, 8ºE

O Homem Duplicado Numa pequenina aldeia do litoral, ali perto do Porto, vivia um homem chamado António Lebre. Era pescador, saía todos os dias muito cedo para trabalhar e chegava sempre tarde a casa, cansado de lutar com as redes, os peixes grandes e as pinças dos caranguejos!

António tinha os olhos profundamente azuis, da cor do mar quando está muito limpo e o cabelo da cor da areia, quando ela é amarela, meia acinzentada. Apesar de trabalhador, era muito desastrado e ainda vivia com os seus pais, pois ainda não tinha conseguido juntar o seu pé de meia para comprar a casa dos seus sonhos.

Certo dia, António decidiu participar num sorteio, cujo o prémio era uma viagem ao Algarve e, como sempre, teve o sonho de viajar. Pensou que podia ser a oportunidade perfeita para conseguir realizar o seu sonho.

Passadas duas semanas, António recebeu a incrível notícia de que tinha ganho o sorteio, então, não esperou muito para ir fazer as malas. Ele estava muito feliz, porque, finalmente, teve a oportunidade de viajar e de conhecer um novo sítio. Como tinha a viagem e o hotel pagos, não teve de se preocupar com as despesas.

Chegou o dia da partida e lá foi ele todo contente para o seu destino. A viagem de avião não demorou muito e, passado uma hora e meia, finalmente chegou. Apanhou um táxi e foi para o seu hotel. Depois de almoçar, saiu para ir dar uma volta e encontrou uma casa muito grande e luxuosa e decidiu dar uma espreitadela. O dono da casa apercebeu-se que estava a ser espiado e foi ao seu jardim para ver quem o estava a espiar.

– Quem és tu, e o que estás a fazer? – perguntou o dono da casa.

– Chamo-me António. E continuou despreocupado com a situação constrangedora. _ Desculpe, mas só estava a ver como era a sua linda casa!

Imediatamente, António e o dono da casa perceberam as suas semelhanças: os mesmos olhos de mar e o mesmo cabelo de areia. Como era possível duas características tão distintas na mesma pessoa? E ainda tinham o rosto parecido, com as mesmas expressões! Era como se se estivessem a ver ao espelho! Ambos ficaram surpreendidos e António exclamou: – Mas que raios é que está a acontecer, você parece uma cópia minha?! Como é que se chama?

– Chamo-me Henrique Coelho – disse ainda, sem saber o que estava a acontecer.

Ainda estavam os dois em choque, mas começaram a tentar compreender o passado de cada um e as suas histórias de vida que, ao que parece, eram muito semelhantes.

Os seus pais eram ambos adotivos e estes contaram-lhes que os pais biológicos moravam perto do Porto, mas eram tão pobres que não tinham condições para criar um filho. Então, pediram ao padre da freguesia que tratasse de encontrar uma família boa. António e Henrique perceberam nesse momento que o padre encontrou famílias diferentes para os dois, uma no Norte e outra no Sul. Logicamente, António e Henrique chegaram à conclusão que eram gémeos. Perceberam que as suas vidas tinham um início comum, mas rapidamente seguiram destinos diferentes.

António viveu com uma família que sempre o amou. Apesar de não serem ricos, eram muito felizes. Tinham uma pequena embarcação e viviam do negócio do peixe. Henrique viveu com os seus pais adotivos, que eram donos de uma fábrica de conservas de peixe. Mas, num trágico dia,

eles morreram num acidente de carro. O filho, ainda jovem, ficou à frente dos negócios da família, e conseguiu tornar a empresa num grande sucesso. Entretanto casou e já tinha um filho de três anos!

Os irmãos emocionaram-se com a história de vida de cada um e sentiram que se conheciam desde sempre. Determinados em recuperar o tempo perdido, Henrique apresentou a António à sua mulher e filho. _ As nossas vidas estão mudadas para sempre - disse emocionado António – nunca mais nos havemos de separar! Nunca! _ Nunca mais, meu irmão – afirmou Henrique – a nossa família está completa!

Henrique viu que António parecia um homem muito humilde e, como trabalhavam no mesmo ramo de negócio, veio mesmo a calhar, convidando-o para trabalhar com ele, que aceitou com todo o prazer.

O tempo foi passando e a família permaneceu sempre unida e feliz.

António, finalmente, conseguiu o seu pé de meia para a sua casa, que até ficava perto da do seu irmão! Também começou a namorar com uma rapariga lá da empresa e já só se falava de um verdadeiro negócio de família! António estava feliz com a sua nova vida, mas nunca se esqueceu dos seus pais do coração, que estavam no Norte e falavam com ele muitas vezes.

Decidiu convidá-los para irem lá passar uma grande temporada e, se eles gostassem, até podiam ficar lá a viver.

A vida deu muitas voltas para estes dois irmãos. A sorte uniu-os novamente e eles aproveitaram a oportunidade mais importante de todas.

Benedito Rodrigues, 8º E

O homem duplicado Delfim era um cientista famoso, com cabelo castanho e olhos da mesma cor, porém sempre atarefado. Estava sempre preocupado por não ter tempo para si, pois passava a vida toda em reuniões ou a trabalhar.

Certo dia, estava ele a pensar como poderia estar mais disponível, quando se apercebeu que a única forma de isso acontecer era criando um clone. Delfim passou meses a trabalhar naquele grande projeto e, quando chegou a altura de testar, foi um sucesso.

Um ser idêntico a ele saiu de uma máquina assustadora, cheia de fios.

No início tudo correu lindamente. O clone ajudava em todos os trabalhos possíveis tais como projetos científicos, entrevistas, reuniões e novas oportunidades de investimento, enquanto Delfim passava o dia com a família. Ele ara casado e tinha um filho, morava numa casa belíssima, perto da praia.

Passadas umas semanas, o clone decidiu começar a não fazer o que lhe era mandado, querendo divertir-se ao invés de trabalhar. Começou a tornar-se insuportável, a tal ponto que Delfim reverteu a sua clonagem e voltou às suas ocupações, ganhando vários prémios.

Percebeu que a clonagem não foi em vão, pois conseguiu ver o que estava a perder e resolveu então mudar de vida e trabalhar menos. Assim, Delfim pôde passar mais tempo com a família e ser mais feliz.

Guilherme, 8º E

O Lagarto Num lindo dia de primavera, no Chiado, apareceu um lagarto, grande e verde, com uns olhos que pareciam de cristal, coberto de escamas, o rabo longo e ágil, e cuja presença surpreende os habitantes. De imediato, começam a gritar e a correr em todas as direções.

Estava instalado o caos!

O Lagarto, descansado, longe de imaginar o que se estava a passar com aquela gente toda espavorida, caminhava calmamente, com o seu porte altivo, pela rua dos armazéns do Chiado, a apreciar tudo o que via.

O dia estava maravilhoso, o sol raiava na sua plenitude. O lagarto saboreava aquele sol quentinho e saboroso, tão bom para as suas escamas. Quando, de repente, aparece uma moça, de vestido roto, pés descalços e cabelo desalinhado, mas de uma beleza inexplicável.

Dirigiu-se ao lagarto sem receio dele, mas as pessoas gritavam para ela não se aproximar, pois era um animal perigoso e temível. A rapariga ignorava os alertas e aproximava-se do lagarto misterioso. O lagarto, por seu lado, estava hipnotizado com a beleza da rapariga e não parava de olhar para ela, por isso não se mexeu. Era como se a rapariga tivesse uma espécie de poderes mágicos!

A dada altura, a rapariga, ignorando os gritos das pessoas, que a alertavam para a perigosidade do bicho, subiu para as suas costas, sem que o lagarto contasse com isso.

- Lagarto, eu sou a Francisca. – disse ofegante.

- Eu sou o Lagarto pintado. – respondeu admirado. E continuou. - Eu não quero fazer mal a ninguém, só preciso que as pessoas gostem de mim, pois, há muito anos atrás, uma bruxa fez-me um feitiço! – informou mais aliviado, convicto de que a rapariga o fosse ajudar.

E prossegue, desabafando mais uma vez. - Eu era uma pessoa normal. Só preciso de um abraço para quebrar o feitiço, mas toda a gente foge de mim a sete pés! - exclamou o lagarto.

A moça aproximou-se dele, deu-lhe um longo e caloroso abraço e, como num gesto de magia, o lagarto transformou-se num lindo e vigoroso rapaz que mais parecia um príncipe.

As pessoas, que estavam na praça a assistir, ficaram espantadas, algumas até diziam que a cena parecia de um conto ou de um filme de fadas.

Não devemos julgar ninguém pelas aparências, pois, como diz o ditado popular “elas iludem” e podem-nos induzir em erro.

Ana Sofia, 8º E

O lagarto Naquele dia, a rua do Chiado estava muito movimentada. Era a época natalícia. As pessoas, muito atarefadas, corriam apressadas em direção às lojas para fazerem as últimas compras.

O tempo, próprio desta época fria do ano, fazia com que as pessoas andassem bem agasalhadas. Por esta altura, as cidades, as casas, os jardins estavam todos enfeitados com luzes brilhantes que davam vida e enchiam o coração das pessoas, para não falar da música que se ouvia pelas ruas.

Foi neste ambiente de alegria, festa e stresse que, de repente, apareceu um lagarto, de forma misteriosa, a subir as escadas do metro que, aquela hora, não tinha muita gente, pois ainda não era a saída das pessoas dos seus trabalhos, de regresso a casa.

O lagarto grande, verde, com os olhos brilhantes e pretos, de rabo longo e ágil e escamas esverdeadas, caminha pelas ruas em direção ao Chiado.

Inicialmente, as pessoas que por ali passavam acharam estranha a presença daquele animal exótico, ignorando umas, outros arregalavam os olhos para ver se era ou não verdade o que estavam a presenciar; outros fugiam, mudando de direção, não fosse o animal atacar alguém; ou, então, pessoas que desataram a gritar numa histeria difícil de descrever.

O que é sabido é que o lagarto tinha fugido do zoo. Algumas pessoas alertaram um polícia da situação que, imediatamente, telefonou aos bombeiros.

O lagarto, longe de estar desorientado e agitado, caminhava calmamente pela rua a olhar para as lojas, indiferente a tudo e a todos. As pessoas, essas, começaram a entrar em pânico, quando ele abriu as suas grandes mandibulas para bocejar, provocando um enorme rugido que assustou os que por ali passavam. A debandada foi geral.

O lagarto estava apenas cansado, por isso não percebeu o alarido à sua volta.

Continuou a sua caminhada pelo Chiado até encontrar um bando de pombas que estavam a comer restos de pipocas que uma criança lançara propositadamente. Inicialmente, o bando assustou-se e fugiu dali, facto que admirou o lagarto, pois ele apenas queria fazer amizades.

Continuou a passear, até chegar a um murro de pedra, onde se estendeu a apanhar sol.

As pessoas estranhavam a sua presença, mas já não estavam tão apavoradas, mas estupefactas com o insólito da cena presenciada Quando chegaram os bombeiros para capturar o lagarto, este estava a dormir, e ficou muito agitado quando se viu dentro da jaula. Rugiu, rugiu, até que disse aos bombeiros: -Porque me estão a levar? Eu não fiz mal a ninguém?

-Fugiste do zoo, és um perigo para as pessoas! – respondeu o chefe dos bombeiros.

-Eu, um perigo? Eu só quero ser feliz e descansar! – exclamou admirado o lagarto.

-Tu, descansar…?! Ora essa! Vamos embora! – contrapôs o chefe.

-Não, por favor! Eu sou inofensivo! - pediu o lagarto com clemência, já a chorar.

O bombeiro, com pena do lagarto, soltou-o, mas este teve que prometer que não fazia mal a ninguém.

O lagarto fez essa promessa, dizendo que o ser humano é que representa um perigo para a humanidade, matando e exterminando os animais que estão cada vez mais em vias de extinção.

Leonor Fernandes, 8º E

O Mundo intransponível Em tempos que já lá vão, a terra estava dividida em duas partes: a superior e a inferior. As pessoas que habitavam esses dois espaços do globo terrestre não podiam transpor a sua parte porque, se o fizessem, morriam pouco tempo depois, na medida em que as suas características, bem como a constituição corporal, não permitia que houvesse trocas.

As pessoas, como é natural, são curiosas e têm curiosidade em conhecer o desconhecido. Então, como devem imaginar, tentavam de várias maneiras poder transpor esse obstáculo. Obviamente, umas tiveram mais sucesso do que as outras, mas, na verdade, ninguém conseguiu ter sucesso completo.

Na parte inferior havia muita miséria e pobreza. Os recursos naturais eram escassos e as pessoas lutavam muito para sobreviver. Viviam como os povos primitivos, do que a terra lhes dava, mas eram muito felizes. Era nesta parte da terra que vivia Jack.

Jack era um rapaz com 14 anos, alto e bem constituído já para a idade dele.

Frequentava a escola e, nos tempos livres, gostava de ver a cidade mais próxima do seu mundo no topo de uma montanha que ele atravessava de regresso a casa.

A montanha era tão alta, mas tão alta que dava a sensação de estar muito próximo do mundo superior. Neste lado do globo, a terra era fértil, generosa e abundante em recursos naturais, sendo que as pessoas viviam bem, sem dificuldades de sobrevivência e exerciam grandes profissões. Contudo, os habitantes deste lado, apesar da riqueza, viviam infelizes e acabrunhados.

Certo dia, nessa mesma montanha, Jack encontrou uma rapariga que não era frequente vê-la por aqueles lados, mas que despertou a sua atenção e interesse. Era uma rapariga engraçada, por sinal, com cabelos loiros e uns lindos olhos azuis. Chamava-se Luísa.

Luísa era do lado superior da terra. Jack não sabia como ela conseguira transpor do seu mundo para o seu, mas isso também não tinha importância, porque o importante foi a amizade que eles começaram e que se foi consolidando ao longo dos meses que se seguiram ao primeiro encontro na montanha.

Tinham longas conversas, algumas para falar dos problemas pessoais, outras para contar história, anedotas. Riam e brincavam muito nessas horas em que estavam juntos.

Eram verdadeiros amigos, mas começava a crescer entre eles algo mais que uma simples amizade. Amavam-se, mesmo sabendo do que os separava. Eles, ainda, não se tinham declarado um ao outro, porque, também, tinham plena consciência do que lhes aconteceria se transpusessem para o mundo do outro definitivamente.

Assim foram crescendo, até que se tornaram ambos dois belos jovens. Luísa foi ficando cada vez mais estranha, mal indo para a montanha e, quando se encontravam, não falavam muito.

Deixaram de se encontrar, para tristeza de ambos.

Um dia, Jack, triste com o ambiente que se gerou entre ele e Luísa e o facto de se terem deixado de ver, decidiu arranjar uma maneira que lhe permitisse subir para o mundo superior, mas, para isso, precisava de materiais muito específicos que o ajudassem a ficar

alguns dias a mais nesse mundo sem morrer. Ele tentou e fez de tudo para conseguir concretizar esse sonho de ficar uma semana no mundo superior.

Jack, juntamente com uns amigos muito inteligentes da sua escola, decidiram criar uma armadura que permitisse mudar a pressão e, assim, alguém que estivesse dentro dela não morreria.

Alguns anos depois, a armadura estava pronta e seria o momento para Jack experimentá-la. Jack fez tudo certo, mas não tinha a certeza se voltaria a encontrar a rapariga de que ele tanto gostava.

O mundo superior era genial! Lá não havia miséria e, de facto, correspondia à descrição feita pela Luísa. Ele fez de tudo para a encontrar. Foi de porta em porta, mas nada! Então, lembrou- se de ir à montanha, onde antigamente se encontravam. Sim, ela estava lá. Depois de a observar longamente, decidiu ir ao seu encontro e, já pertinho dela, perguntou-lhe: _ Por que razão desapareceste? Não gostavas de estar comigo? Porque viste novamente à montanha? – perguntou tremulamente Jack.

Vieram-lhe à cabeça um turbilhão de questões, mas ficou por aquelas três. Luísa, com toda a serenidade, respondeu: _ Precisei deste tempo para pensar. Contigo por perto sinto-me incapaz. O amor que sinto por ti impede-me de ver as coisas com racionalidade! _ acrescentou bastante emocionada e a chorar. _ Por favor, Luísa não chores. Eu também te amo. Juntos vamos descobrir uma maneira de ultrapassarmos os constrangimentos que a vida nos coloca. _ Está bem, Jack! Eu confio em ti e no amor, essa arma que tudo vence!

Jack e Luísa deram um profundo e sentido abraço. Naquele momento, nada mais interessava senão os dois.

Rafael, 8º E

Os caprichos da Morte

Não há muito tempo, num mundo não muito distante, vivia uma das figuras mais conhecidas, a Morte. Ninguém gostava dela, odiavam-na, praguejavam contra ela, pois era de uma insensibilidade atroz. Todos os dias ceifava vidas.

Contudo, apesar de todos os adjetivos que a ela estão associados, já imaginaste um mundo sem ela? E como a população reagiria se ela não cumprisse a sua função, ou se ela se ausentasse?

Num dia normal, onde era suposto morrer gente, uns de doença, outros de desastre, outros, ainda, porque já não fazia mais sentido viver, ou por outro motivo qualquer, isto porque “para morrer, basta estar vivo”, os jornais noticiaram algo de estranho e a letras garrafais e a vermelho algo do tipo “A MORTE DEIXOU DE MORRER!”. Era a mesma coisa que dizer que ninguém tinha morrido naquele dia! Mas o que teria acontecido à Morte, essa figura sinistra e odiosa? As pessoas questionavam-se se não seria mais uma daquelas fake news que todos os dias se ouve nos jornais online ou não, pondo as pessoas em polvorosa?

A Morte existe desde que o primeiro ser vivo surgiu, contudo, ela aparenta ter por volta dos 22 anos. Usa sempre um casaco de cabedal preto com um forro vermelho, umas calças pretas, largas e as suas típicas botas de cano alto pretas. Os seus cabelos têm como cor um azul vivo e os seus olhos são vermelhos. Tem por hábito não dar satisfações a ninguém, nem mesmo ao seu assistente pessoal que se chamava Hades.

Hades trabalhava com a Morte há muito tempo. Ele mesmo estranhou que, naquele dia, a sua patroa ainda não tivesse aparecido no escritório para dar as instruções habituais.

Então, resolveu entrar em contacto com ela, mesmo sabendo que ela não gostava de ser incomodada, nem tão pouco que alguém questionasse as suas decisões. Ele sabia que ela era injusta, pragmática, fria, mas o que haveria de fazer se precisava daquele emprego?

- Sra. Morte, o que lhe aconteceu para ainda não ter vindo trabalhar, como faz habitualmente? E continuou. - Sabe que não pode desaparecer, sem mais nem menos, sem dar explicações ao mundo. - disse claramente assustado Hades.

- Ah, Hades, meu querido amigo, por que razão tanta preocupação, se as pessoas me odeiam tanto! Tu sabes disso, tão bem como eu! E prosseguiu com o seu olhar cínico e a sua voz de gozo. - Vou gozar o meu período de férias, tal como as restantes pessoas.

E dá uma grande gargalhada, funesta e sombria. -Não exercerei as minhas funções durante algum tempo, pois sinto-me cansada de fazer sempre o mesmo, isto é, escolher almas para levar para outro mundo. Só quero ver como o mundo reagirá sem mim? – falou relaxadamente, sem muita preocupação com o que poderia acontecer na sociedade.

Hades achou a decisão da Morte um ato tresloucado, completamente irresponsável, mesmo que ele possa servir como uma abertura de olhos para o mundo.

Durante quase duas semanas, a Morte não deu a cara e o mundo continuava em choque com a situação: - Mais um dia sem um único registo de morte, seja por doença, idade, homicídio ou até suicídio! - Constatou um apresentador de televisão.

- Amanhã, fará duas semanas que a Morte não aparece, mas a sociedade continua sem saber o que se passa. – Foi a vez de uma outra apresentadora de outra estação televisiva.

- Será que voltará mais alguém a morrer ou seremos todos imortais? – voltou a falar o primeiro apresentador.

Instalou-se o caos, porque havia pessoas a reclamar a ausência da morte porque esta estava a dar cabo dos negócios das floristas, das funerárias, das seguradoras, das famílias, que não sabiam onde deixar os seus entes, dos asilos e dos hospitais, lotados de velhos, muitos deles ávidos por morrer.

Onde andará a Morte, perguntavam-se todos, incluindo o seu assistente que não a via desde a última conversa que tivera com ela.

Hades tinha as faces sumidas de tanto fumar, umas grandes olheiras de não dormir.

A Morte, essa, estava descansada, muito refastelada na espreguiçadeira de verga a apanhar o sol do Havai. Contudo, sentia já uma certa saudade da sua atividade, agitada e funesta, mas que ela tanto amava. “Tenho de voltar ao ativo”, pensava ela! “Tenho de telefonar ao meu assistente a avisá-lo do meu regresso”.

E assim fez.

- Hades, amanhã, volto ao trabalho. E continuou. _ Prepara tudo, o meu fato preto favorito, a minha foice e tudo o resto que já sabes!

- Oh, senhora, ainda vem que volta! E espero que não volte a repetir tal façanha, pois pôs tudo num reboliço. E acrescentou, tossindo. – Não paravam de me telefonar, ao ponto de não poder pregar olho durante a sua ausência.

- Era precisamente isso que eu pretendia provocar com a minha ausência! Estão sempre a reclamar que eu sou injusta, cruel, insensível e mais não digo…E soltou uma daquelas gargalhadas, tão familiares a Hades.

No dia seguinte, a Morte e Hades saíram do seu local de trabalho, uma gruta escura e húmida, muito cedo. Havia muito trabalho a fazer, já que há duas semanas que não morria ninguém, por isso havia mais de 10 de milhões de pessoas para morrer e acabar a sua vida na terra.

Ao final do dia, os jornais e as televisões davam a notícia que tinha voltado a morrer gente, mas muita gente, acrescentando que, aliás, não era normal morrerem tantas pessoas num só dia.

A Morte já estava a exercer o seu poder!

Nas semanas seguintes, o número de mortes foi regularizando e o mundo foi esquecendo o grande fenómeno da falta de mortes durante duas semanas.

Passado menos de um ano, a Morte voltou a sentir-se frustrada, já que, como sempre, o ser humano esqueceu-se da possível grande desgraça. A morte não deixava de ter razão e de sentir aquela frustração que estava novamente a sentir.

A raça humana, como sempre, só se lembra das melhores coisas que lhe acontecem.

Hades tinha medo do que a Morte poderia fazer, já que ela poderia voltar a desaparecer sem dar explicações ao mundo. Sabe- se lá o que poderia acontecer desta vez!

- Hades, não acredito que o mundo se esqueceu de tudo que eu fiz! Como sempre, eu, Morte, sou subestimada. - Reclamou. - Vou desaparecer de novo e o mundo, desta

vez, vai sofrer de verdade! Eu não quero saber das consequências, a sociedade merece! Quase que gritou de tão zangada que estava.

- Não pode ser tão má criatura, Sra. Morte! Há pessoas que não fizeram nada para merecer isso. – Disse Hades, assustado com o que poderia acontecer à sociedade.

- Eu sou a Morte! -Disse ela categórica e acrescentou. - A minha missão neste mundo ignóbil não é de certeza ser uma boa criatura, por isso não quero saber o que o mundo vai achar da minha atitude! – exclamou irritadíssima.

- Sim, senhora, peço-lhe imensa desculpa por me impor à sua ideia!

Hades sai fazendo uma vénia, enquanto se desculpava mais uma vez.

- Não é preciso pedires desculpa. Faz as malas e vamos os dois tirar umas férias, dar a volta do mundo, meu amigo, que também merecemos. – Propôs a Morte a Hades, seu companheiro de “luta”, já que ela não tinha amigos.

- Ok, senhora. - Disse Hades a tremer. – E aonde vamos? – perguntou, pois já sabia, de antemão, que a Morte não gostava de ser contrariada.

- Viajar pelo mundo todo, conhecer vários sítios e, quando eu vir que o mundo já sofreu o suficiente para não se esquecer do meu poder, voltamos. – esclareceu com um sorriso malvado no rosto.

Depois de dois anos a andar a viajar pelo mundo, a Morte e o seu assistente Hades voltaram à sua gruta para voltarem a matar, já que o mundo está quase a cair aos pedaços e a havia mais de 11 mil milhões de pessoas a habitar nele.

Após esses anos sem ninguém a falecer, a Morte tinha esperança que, agora, lhe descessem o mérito que ela merecia, pois a morte é a única certeza que temos na vida.

Assim, esse tempo todo, em que ninguém morreu, ficou conhecido na história como “A revolta da Morte”.

As pessoas deixaram de temer a Morte e, agora, davam-lhe a importância que ela tanto reclamou. Ela e Hades passaram a ser as figuras mais conhecidas no Mundo, dando entrevistas quase semanais.

Manuela Costa, 8ºE

Todos os nomes Francisca Schwarz era uma jornalista portuguesa, residente em Lisboa. Trabalhava na CNN Portugal como repórter.

Era uma mulher esbelta, alta, inteligente e muito curiosa, qualidades que não passavam despercebidas aos colegas.

Um dia, foi-lhe atribuído um trabalho que consistia em fazer uma reportagem sobre a comunidade judaica, o que ela acedeu pois era de origem judia.

Dedicou-se como nunca àquele trabalho. Passado algum tempo, e no decorrer da investigação, descobriu, por entre os documentos consultados, uma enorme lista de nomes de pessoas judias. Entre os nomes estava uma família com o apelido igual ao seu. Resolveu, então, demorar mais algum tempo a ler tudo o que se dizia sobre a origem daquele apelido. Ficou a saber que em Belmonte, na Covilhã, há uma enorme comunidade judaica, cujo presidente é o último sobrevivente dessa família.

Francisca partiu, no dia seguinte, para Belmonte disposta a continuar a sua investigação e, sobretudo, a descobrir mais sobre o seu passado. Nessa tarde, instalou-se num hotel e aproveitou para fazer alguns telefonemas que a pudessem ajudar e conseguiu.

Ela e o presidente marcaram uma reunião para falar dessa comunidade e discutir certos assuntos importantes para a reportagem. Tal como combinado, Francisca apareceu, embora nesse dia estivesse particularmente ansiosa e muito nervosa. Passado algum tempo, vê chegar um homem alto, já de certa idade com cabelos grisalhos e muito bem-disposto. Ao ver que esse homem se dirigia até ela, entendeu que era a pessoa por quem esperava.

Francisca apresentou-se, e logo de seguida o homem responde: -Olá, sou o Saul. Muito prazer em conhece-la!

A rapariga, sem saber o que dizer, fala-lhe um pouco sobre si.

-Olá, eu sou a Francisca, tenho 41 anos e vim de Lisboa. Estou aqui para fazer uma reportagem, mas, além disso, para saber mais sobre o meu passado.

Saul e Francisca conversam por longas horas até descobrirem que restavam apenas eles no café. Concordaram que têm muito mais em comum do que apenas o apelido. Saul diz também que está muito feliz, pois Francisca é a primeira pessoa a interessar-se por essa cultura. Não fosse ela judia!

Francisca, tempos depois, descobre que ela e Saul são familiares, ainda que distantes.

Saul ficou de lhe entregar uma lista com todos os nomes de pessoas judias que conhecia da próxima vez que se encontrassem.

No final, Saul agradece o convite e Francisca diz-lhe o quanto está contente por ter encontrado um membro da sua família.

Leonor Alves, 8º E