100 anos de Saramago, 100 anos de palavras de opinião

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No âmbito da comemoração do centenário de José Saramago, os alunos de 12º ano foram convidados a escolher uma obra do Nobel para lerem e opinarem. Alguns destes jovens leitores optaram por caracterizar personagens, outros analisaram e apreciaram criticamente as obras; outros, ainda, confrontaram os romances com as respetivas adaptações cinematográficas. Terminados os trabalhos, que todos apresentaram aos colegas, foram desafiados a escrever um texto de opinião em cem palavras. Mostramos, aqui, várias reações a este desafio que intitulámos “100 anos de Saramago, 100 palavras de opinião”. Como levamos este repto muito a sério, também usámos cem palavras nesta introdução.


Desde Memorial do Convento a Ensaio sobre a Cegueira, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago sempre se distinguiu pela originalidade da sua estrutura linguística, mas também pela diversidade de temas polémicos que aborda. E o denominador comum às suas numerosas obras parece ser o conteúdo altamente metafórico e alegórico, que assume frequentemente um tom de ironia e de crítica. No caso particular do livro O Homem Duplicado, analisa a despersonalização num mundo globalizado instituída por uma sociedade que, ao mesmo tempo que preza pelo individualismo, contribui cada vez mais para a padronização dos seus indivíduos.

Liliana Sabrosa Martins, 12ºA Entre várias outras obras bem mais conhecidas, Saramago escreveu, com o seu estilo único, dois ensaios bastante criativos. Num, as pessoas ficam cegas, no outro, as pessoas ficam malucas. O Ensaio sobre a Lucidez quase levou vários políticos à própria loucura, quando foi publicado, pois estes acreditaram que se previa umas eleições com elevado número de votos em branco. Apesar dos medos, este livro não passa de um ensaio perturbador, mas sem nenhum tipo de premonição… Retrata umas eleições onde os eleitores, desapontados, revoltados e alienados, votam em branco. Após a publicação, a classe política tremeu, de perplexidade e desespero. Verónica dos Santos Amado, 12ºA


Quem é José Saramago? Podemos salientar que foi filho e neto de camponeses, que escreveu Memorial do Convento, que recebeu o Nobel da Literatura, mas destacá-lo-ei como o responsável pela humanização do heterónimo pessoano, em O Ano da Morte de Ricardo Reis. Transformou o ser do papel num ser real, capaz de amar. E este Reis, sobrevivente, soube bem espalhar o seu amor: divido entre duas mulheres completamente diferentes, manteve relacionamentos amorosos distintos. Nascida duma atração forte, a relação com Lídia vive de amor carnal, clandestino. Mais poético e espiritual é o seu amor platónico e socialmente aprovado por Marcenda.

Mariana Ribeiro Alves, 12ºA Numa altura em que as mulheres eram pouco valorizadas, José Saramago dedicou-se a retratar várias, com atitudes muito diferentes das que eram esperadas na sua época. Em Terra do pecado, o seu primeiro livro, publicado em 1947, Saramago retrata Maria Leonor, uma viúva que apenas desempenhou três papéis na vida: mãe, esposa e filha. Ao contrário da maioria das mulheres da sua geração, Maria Leonor foi mais forte do que a dor da perda e viu nisso uma oportunidade para tomar as rédeas da sua vida, correndo não só atrás das suas responsabilidades, mas também das suas crenças e paixões.

Iara Margarida Cruz Correia, 12ºA


José Saramago nasceu em 1922 e, em 1984, escreveu O ano da morte de Ricardo Reis, uma das suas obras mais famosas, romance que foi recentemente adaptado para cinema. Este livro baseia-se em Fernando Pessoa e no seu heterónimo Ricardo Reis e, como Saramago era grande admirador de Pessoa, conseguiu que aparecesse em fantasma na mente de Reis. A leitura deste livro é difícil e requer muita atenção, visto que, por vezes, é desafiante saber que personagem está a falar porque ele criou de propósito uma nova forma de pontuar que se tornou uma marca inconfundível do seu estilo literário. Francisca Ferreira Reanha, 12ºA

Quando nos lembramos de Saramago, recordamo-lo como o escritor cujas personagens dominantes eram heróis anónimos. Na verdade, não eram apenas heróis, mas sobretudo heroínas: as mulheres têm uma presença especial nas suas obras, como é o caso de Lídia de O Ano da Morte de Ricardo Reis ou de Blimunda de Memorial do Convento. Aos leitores sempre colocou questões que provocam reflexão, causam rutura no pensamento e descerram mentalidades. É incrível como, através da sua escrita, tenta pôr fim à discriminação do sexo feminino. Como dizia Saramago “Deus, quando quer, não precisa de homens, embora não possa dispensar-se de mulheres”. Sara Azevedo Neves, 12ºA


Saramago, na obra As intermitências da morte, dedica-se a questionar aquilo que nunca antes teríamos pensado indagar e diverte-se a dar como resposta afirmações que, por não serem afirmações de todo, terminam em ponto de interrogação. “E se no dia seguinte ninguém morrer?” A resposta encontra-se oculta por entre duzentas e vinte e oito páginas repletas de personagens que apenas se distinguem pela profissão, que vivem num país sem nome, cuja história, devido a uma lógica sem logica nenhuma, remete para uma única pessoa, a pessoa mais não-pessoa a existir: a morte, aquela cujo nome surge escrito sem letra maiúscula.

Ana Carolina da Costa Carvalho, 12ºA Saramago dá-nos a oportunidade de lermos sobre mulheres corajosas, independentes, dando-lhes o reconhecimento que todas merecemos e que desejaríamos que nos dessem no mundo real. Tive a oportunidade de ler a belíssima parábola A Jangada de Pedra e de conhecer personagens femininas com um papel fundamental no desenrolar da ação. Sem elas nada se teria resolvido, haveria separação: elas foram decisivas para a união. Ler sobre mulheres emancipadas, que não se regem por regras e que têm o poder tão importante e fascinante de ver além, é algo maravilhoso. Num mundo governado por homens, Saramago soube dar valor às mulheres. Ana Sofia Rego Macedo, 12ºA


O livro Claraboia, de José Saramago, permite ao leitor acompanhar a vida diária de várias personagens: o sapateiro Silvestre, que vive com a sua esposa Mariana cuja voz era tão gorda como a sua dona, um hóspede chamado Abel, e os restantes treze habitantes dos três andares dum prédio lisboeta. De todas as personagens, a que chamou mais a minha atenção foi a D. Carmen, uma mulher espanhola que vive com o seu filho Henriquinho e o marido, português, Emílio Fonseca. Infeliz no seu casamento de oito anos, como muitas outras mulheres, Carmen revela-se mal-humorada, mal-educada, impaciente e emocionalmente desequilibrada.

Adriana Maria Pereira Coelho, 12ºA Memorial do Convento faz-nos refletir. Através de Blimunda, que conseguia ver por dentro de tudo e todos, percebemos algumas verdades. O escritor usa-a para ver e criticar a corrupção na igreja, os excessos da nobreza e ainda para retratar as dúvidas e inquietações dos homens perante a morte, o amor, o pecado e a existência de Deus. Saramago convida-nos, através do romance, a questionar os dogmas que nos são impostos, demonstrando a importância de ver o mundo de forma verdadeira, sem máscaras, e isso só é possível às pessoas sensíveis que entendem que ter olhos nem sempre é saber ver.

Cátia Sofia Correia Cruz, 12ºA


José Saramago, dos maiores escritores portugueses, escreveu o romance A Jangada de Pedra que, dezasseis anos após a data de publicação, 1986, foi adaptado para cinema. Esta obra, alegórica e surrealista, inicia-se com a fragmentação de uma zona popularmente conhecida como Pirenéus, que separou a Península Ibérica do restante continente europeu e fez com que esta andasse à deriva pelo Oceano Atlântico, como uma jangada, de pedra. A história concentra-se em cinco personagens que tentam perceber porque lhes estão a acontecer situações estranhas. Embora morem em sítios distintos, por algum motivo estão sempre a reencontrar-se e, unidos, partem à aventura.

Maria Carolina Calcada Vieira, 12ºA Todos os nomes é um livro de José Saramago publicado em 1997. O seu protagonista e, diga-se de passagem, a única personagem que tem um nome é o Senhor José, um homem de meia -idade, funcionário do Arquivo de Registo Civil. Mas o que é afinal um Arquivo de Registo Civil? Resumidamente, é um lugar onde os vivos dão menos trabalho do que os mortos. Irónico, não? Como é possível um morto dar mais trabalho do que um vivo ou haver apenas um nome num livro intitulado "Todos os nomes"? Que tal “matar” a curiosidade e ler para descobrir as respostas?

Maria Luís Sousa Simão, 12ºA


Em Ensaio sobre a cegueira, Saramago imagina o cenário inesperado e caótico de uma pandemia de cegueira branca. As personagens, sem nome próprio, são designadas por determinadas características e particularidades: o primeiro cego, o ladrão, o médico, a mulher do médico, a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta, o rapazinho estrábico… São personagenstipo, alguns exemplares de quem não é capaz de ver o outro, de quem reflete o lado mau que todos temos: o ladrão começou por ser “o homem que ajudou o primeiro cego”, para se aproveitar dele e o roubar. Verdades terríveis sobre a humanidade! Patrícia Lopes Mondim, 12ºA

José Saramago escreveu várias obras, mas eu escolhi analisar O Evangelho Segundo Jesus Cristo, a obra da rutura, censurada pelo governo português, que o fez rumar a Lanzarote. Aparenta replicar a Bíblia, mas é em tudo diferente. As parecenças são escassas e as diferenças escandalosas, para muitos uma afronta ao Livro Sagrado. A história, extremamente interessante, faznos inverter os papéis: torcemos pelo diabo e vamos contra as vontades divinas. Embora a narração seja bastante envolvente, a leitura não é fácil: Saramago usa apenas pontos finais e vírgulas, tornando difícil perceber de imediato a voz que fala e que entoação usou. Sara Catarina Nunes Cardão, 12ºA


Em novembro de 1922 nasce José Saramago. Apesar de não ser apelido de família, marca a sua atividade literária. Com dezenas de obras publicadas e um Prémio Nobel da Literatura, Saramago encanta aqueles que saboreiam a sua escrita. No ano de 2002, publicou O Homem Duplicado, uma das suas obras mais surpreendentes, onde - qual romance policial - o suspense é a chave de cada página. E se, por mero acaso, através da cinematografia, descobríssemos na mesma cidade alguém exatamente igual a nós? Esta é a envolvente, enigmática e perturbante aventura de Tertuliano Máximo Afonso em busca de outro eu. Bárbara Sofia de Matos Carvalho, 12ºA José Saramago tem uma escrita peculiar. Memorial do convento estabelece uma estreita relação entre a narração histórica e a ficção, com muitos sentimentos à mistura. Uma das ações envolve o Padre Bartolomeu Lourenço, que aparece na história ao lado do casal Blimunda e Baltasar. Era um homem jovem e cheio de sonhos, muitas vezes comparado com Baltasar. Identificavam-no como “Voador”, por querer voar e tentar criar um balão. Ninguém acreditava que conseguisse levantar voo devido às primeiras tentativas falhadas. Titulavam o engenho de passarola voadora pelo seu desenho em forma de pássaro. Sonhador “louco”, lutou por aquilo em que acreditava. Sara Filipa Rodrigues Teixeira, 12ºA


Em 1982, foi lançado o memorável romance Memorial de Convento de José Saramago. Neste livro, destaca-se uma personagem ficcionada que prendeu a minha atenção: Blimunda. Considero esta mulher uma guerreira. Com apenas vinte e um anos, viu a mãe, Sebastiana de Jesus, ser condenada ao degredo, num auto da fé, por ser judia e feiticeira. Nesta temível cerimónia, conheceu misteriosamente Baltasar, um homem pelo qual se apaixonará, com o consentimento telepático da mãe condenada. Dotada de um poder especial, consegue, em jejum, ver por dentro das coisas e das pessoas. Prometeu a Baltasar que nunca o olharia por dentro. Cumprirá?

Bruna Goncalves Campos, 12ºA Saramago é aquele escritor que todos conhecem. Frequentemente criticado pelas suas provocações e pelo seu estilo peculiar, escreve de uma maneira tão complexa que, não raro, temos de ler uma frase mais do que uma vez para a conseguirmos entender. Posso dar como exemplo o romance que estou a ler, O Homem Duplicado, embora pudesse referir outras obras em que, para representar o diálogo, o escritor termina uma fala com vírgula e inicia outra com letra maiúscula e nós (leitores) temos de descobrir quem está a dialogar. Saramago tem um estilo original, que exige uma leitura atenta, refletida e inteligente. Inês Branco Gomes, 12ºA


Mestre da criatividade, Saramago colocou um simples e pobre elefante a viajar desde o Terreiro do Paço até à corte do Duque austríaco Maximiliano. Numa viagem épica, faz um retrato completo das aventuras e desafios que o animal e o seu tratador e amigo, Subhro, tentam ultrapassar. Não sendo a viagem do coitado uma história demasiado trabalhada, Saramago, surpreendentemente, ainda consegue integrar nela as suas críticas à sociedade, conciliando dados históricos com uma prodigiosa imaginação, tudo isto com uma descrição abundante que nos permite viajar até ao reinado de D João III sem a necessidade de sair do próprio lugar.

Inês Nunes Feliciano, 12ºA As obras de José Saramago têm que ser lidas com bastante atenção e nem sempre chega uma primeira leitura para se conseguir perceber a história. É preciso ler com muita concentração, pois a sua escrita não é de todo aquela a que estamos habituados. Muitas vezes, em situações onde, segundo a norma, deveria existir um ponto de interrogação ou de exclamação, encontramos apenas uma vírgula. Também temos que estar muito atentos porque Saramago assinala a mudança de voz com uma letra maiúscula após a vírgula. As obras do Nobel, de estilo subversivo e inconfundível, exigem uma leitura ativa e inteligente.

Ana Maria da Silva Carvalho, 12ºA


SARAMAGO, uma palavra de oito letras, cujo acróstico diz muito sobre o renomado escritor: Sábio, Atento, Retumbante, Autêntico, Magnético, Audacioso, Generoso e Observador. Nascido em 1922 e falecido em 2010, José Saramago foi um escritor português multifacetado, romancista, cronista, poeta e dramaturgo. De família humilde, não concluiu os estudos e fez de tudo um pouco. Começou como serralheiro mecânico, ficando algum tempo desempregado até trabalhar como jornalista. No seu percurso, manteve uma postura cívica exemplar e adquiriu um amplo saber cultural, literário, histórico e filosófico. Tornou-se um dos raros escritores profissionais portugueses, o único prestigiado com o Nobel da Literatura. Lara Sofia Marques Arrobas, 12ºA José Saramago, um dos mais ilustres escritores portugueses, vencedor do Prémio Nobel da Literatura, era filho de camponeses da Golegã e viveu em Lisboa desde os dois anos. Trabalhou em diversos locais, até que, a partir dos 54 anos, começou a poder viver exclusivamente da literatura. Saramago escreveu várias obras de renome, uma delas Memorial do Convento, uma obra belíssima onde pretende homenagear as gentes do povo, oprimidas e desvalorizadas, que construíram o Convento de Mafra, local a partir do qual grande parte da história se desenrola. Saramago foi reconhecido como um dos maiores críticos da exploração e injustiça social. Beatriz Bento Goncalves, 12ºA


O ano da morte de Ricardo Reis é um romance escrito por José Saramago cujo protagonista é o heterónimo de Fernando Pessoa. O título anuncia à partida o desfecho da obra, realçando os acontecimentos importantes do “ano”, referindo-se a 1936, em que se dá “a morte” de Ricardo Reis. No livro, para além de Lídia, amante do protagonista, também existe Marcenda, outra mulher que encanta Ricardo Reis. Ao contrário de Lídia, Marcenda é uma pessoa bastante culta e rica. Esta obra é interessante, pois tem várias intrigas, alguns dramas, dois amores e algum humor, bem como comentários irónicos do autor. Lara Joana Rodrigues Taveira, 12ºA

José Saramago nasceu a 16 de novembro de 1922. Não sabendo que se tornaria um dos mais ilustres escritores de Portugal, publicou o seu primeiro livro em 1947. Trabalhou durante doze anos numa editora e, em seguida, no Jornal de Notícias, vindo mais tarde a tornar-se diretor-adjunto. Em 1998, foi-lhe atribuído o distinto Prémio Nobel da Literatura. Saramago escreveu varias obras, das quais destacarei Caim, um livro fascinante, mas com afirmações provocadoras e geradoras de fortes polémicas, que reconta a criação do mundo, a história do filho de Adão e Eva, Caim, e das suas aventuras enquanto vagueia pela terra. Soraia Teixeira Espirito Santo, 12ºA


No romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, percebi vários aspetos da escrita cogitada de Saramago. Primeiro, é muito humana, algo que o escritor acentua com os diálogos todos seguidos, o que oferece fluidez e naturalidade ao texto, e com os seus comentários pessoais, o que traz proximidade. Assim, o autor divide-se em narrador de uma história notável e comentador engraçado, que diz sempre o que o leitor pensa. Segundo, a sua escrita é criativa e irónica: Saramago coloca José numa cruz, Deus com planos maquiavélicos e o Diabo como pastor, o que vai provocar o leitor e deixá-lo quase indignado. Rita Maria de Andrade Martins Bessa, 12ºA

Nascido a 16 de novembro de 1922, na província do Ribatejo, em Azinhaga, seus pais emigraram quando tinha um ano de idade. Fez estudos secundários e teve várias profissões, desde serralheiro mecânico a desenhador, tradutor, editor, jornalista, escritor… Morreu a 18 de junho de 2010. Em 1986, publicou o livro que escolhi analisar, intitulado A Jangada de Pedra. O tema principal da obra é o deslocamento da Península Ibérica, como se fosse uma jangada pesada, de pedra. A obra faz parte da literatura contemporânea portuguesa e, quanto às características literárias, enquadra-se na perspetiva realista e na análise do passado histórico. Maria Inês Pires Penha, 12ºA


Saramago, escritor único e extraordinário, escreveu dezenas de livros repletos de histórias fascinantes. Escreve de maneira diferente, o que o distingue de outros autores. As pequenas memórias é um livro autobiográfico, onde relata momentos da sua infância e da sua adolescência. Aí revela também como surgiram as histórias de outros livros. A narração destas memórias não segue uma ordem cronológica, o que torna o livro ainda mais viciante. Através da sua escrita e dos seus comentários incisivos, Saramago cativou milhões de pessoas pelo mundo inteiro, tornando-se um dos maiores escritores portugueses e o único distinguido com o Nobel da Literatura.

Inês Pereira Telmo, 12ºB José Saramago foi uma ovelha negra. Nunca antes tinha visto um estilo de escrita como o dele, com conversas capazes de ocupar páginas inteiras numa só frase e personagens que, com tempo, conseguimos conhecer, mas nunca o seu nome. Para além de ter um estilo excêntrico, Saramago foi um génio literário, tendo sido o único escritor português a receber o prémio Nobel da literatura. Infelizmente, só li uma obra dele, logo não posso formar (ainda) uma opinião sólida. No entanto, devo dizer que adorei Ensaio sobre a lucidez. Mesmo sem saber quem são as personagens, considero a história bastante interessante. Martim de Vilela e Guedes, 12ºB


Não sou cego! O pior cego não é aquele que não vê, é aquele que não quer ver. Saramago sabia isso e exprimiu-o da melhor forma possível em Ensaio sobre a cegueira, uma história que nos faz pôr em causa a essência humana e os valores da sociedade. Enquanto os outros cegavam porque viam, a mulher do médico viu porque fingiu cegar. Essa é a mensagem que eu retiro da obra. Agradeço a Saramago por esta história: abre os olhos a quem não quer ver os verdadeiros problemas do nosso ser. Eu não sou cego! Pelo menos agora já não. Afonso Alexandre Pereira Varela, 12ºB

O romance Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, é um livro violento que provoca aflição e sofrimento. Esta obra conta, de forma dura, a história de uma epidemia de cegueira branca. Um motorista, parado no semáforo, descobre subitamente que cegou. Esta singular cegueira, como um mar branco, espalha-se rapidamente, provocando a degradação humana por toda a cidade. Escapa uma única mulher, sem nome. Esta protagonista representa as pessoas generosas que se importam com o mundo. Isolada, altruísta e rara, distingue-se do ser humano comum, selvagem e egoísta, que, sem esperança num mundo melhor, não vê ou não quer ver.

Carolina Carvalho Alves, 12ºB


José Saramago foi um escritor português, galardoado com vários prémios, muito importante para a história da língua e da literatura portuguesas. Escreveu inúmeras obras marcantes, uma delas intitulada Todos os Nomes, um romance sobre a morte e sobre a vida que relata a história do Senhor José, um funcionário do Arquivo do Registo Civil, colecionador de notícias sobre pessoas famosas. Inicialmente, o Senhor José revelase um indivíduo tímido e obediente, que tem uma vida previsível e aborrecida. Mas, quando decide sair da sua zona de conforto, desobedecendo a uma ordem, torna-se uma pessoa completamente diferente e com uma vida melhor. Marta Nascimento Jesus, 12ºB

Na obra História do Cerco de Lisboa, Saramago cria duas histórias. Primeiramente, relata a batalha entre os soldados portugueses e os mouros; de seguida, conta a história de Raimundo, um revisor editorial que comete uma fraude durante a revisão de um livro sobre o cerco de Lisboa, erro que o aproxima da sua supervisora, Maria Sara, por quem se apaixona. Com gosto pela escrita, Raimundo decide também criar uma nova narrativa sobre esse cerco onde espelha o seu amor por Maria Sara no do soldado Mogueime e Ouroana, comparando as conquistas portuguesas sobre os mouros com as aproximações à amada.

Hugo Alexandre Santos Ferreira, 12ºB


José Saramago foi um importante escritor português que criou várias obras, entre elas Memorial do Convento, cuja ação central tem que ver com a construção do convento de Mafra, no reinado de D. João V. O romance apresenta-se como uma crítica social, em que se destacam dois grupos: o do poder constituído pelo rei, o clero e a nobreza e o do contrapoder representado pelo povo. Ao longo da obra, critica-se a riqueza do rei, que muitas vezes menosprezava os interesses do povo. Este, explorado, é retratado como um herói coletivo, porque na realidade foi o verdadeiro construtor do convento. Inês Ahnane Fernandes, 12ºB

Tertuliano Máximo Afonso é o protagonista do romance O Homem Duplicado, criado por José Saramago. Neste livro de suspense, o narrador autor, na sua omnisciência, esclarece muito bem os pensamentos que circulam na cabeça de Tertuliano. Descreve-o como um indivíduo depressivo e solitário que vê as suas rotinas alteradas ao saber que existe uma pessoa exatamente igual a si. Retrata a crise de identidade do homem contemporâneo que, para José Saramago, constitui um ponto de extrema importância para a compreensão da humanidade. Por fim, acaba num reconhecimento de si próprio quando confrontado com o seu sósia, classificando-se como indivíduo único. Goncalo Filipe Pinto Amaral, 12ºB


José Saramago publica, em 1984, O ano da morte de Ricardo Reis, uma das suas famosas obras. A personagem principal deste livro é Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa que lhe sobrevive. Reis tem dois amores, Marcenda e Lídia que são mulheres totalmente distintas. Marcenda é uma mulher culta, educada e de alta sociedade, enquanto Lídia é uma mulher do povo, com poucos estudos, mas emancipada e livre. Podemos também distinguir os dois tipos de relacionamento amoroso: se com Marcenda o amor é mais apegado e platónico, com Lídia é um amor mais carnal e com uma atração sexual maior. José Pedro Alves Brás, 12ºB

O ano da morte de Ricardo Reis não é apenas o término de uma biografia, é a vida do heterónimo pessoano que Saramago sentiu ir além de triviais poemas. Talvez seja ele o verdadeiro mestre, o que se afirma acima de Pessoa, o que o traz à vida para que assista ao decaimento da própria personalidade que criara, o heterónimo abúlico e autocontrolado. Porém, este mesmo Ricardo Reis, aquém das hipócritas filosofias, envolve-se num romance ardente e instável com uma mera criada, Lídia, que converte o inerte Reis de Pessoa no vivaz Ricardo de que Saramago conta a ficcionada história.

Luísa Isabel Moura Dias12ºB


No dia seguinte, ninguém morreu. Uma casualidade fortuita, uma alteração cósmica meramente acidental, uma conjunção excecional de coincidências intrusivas na equação espaçotempo? Ou o início de uma nova realidade para um país sem nome? Saramago e mais um dos seus truques… O romance como veículo para a reflexão. Através das suas oníricas histórias e com recurso à paródia, arte da palavra, e, obviamente, à pontuação expressiva, Saramago leva-nos a indagar sobre uma variedade de temáticas contemporâneas (religiosas, políticas, sociais). E assim acontece em As intermitências da morte, que desde logo nos remete para interrogações existenciais, especialmente sobre a misteriosa morte.

Nádia Assunção Carvalhais, 12ºB No decorrer da leitura do romance O Homem Duplicado, de José Saramago, apercebi-me de alguns traços característicos da linguagem e do estilo deste autor. Na reprodução do discurso direto, nos diálogos, não há uma marcação clara da mudança de interlocutor: esta é realizada através do uso de letra maiúscula após uma vírgula a meio das frases, já que o escritor não inicia uma nova frase quando ocorrem trocas de vozes intervenientes. O narrador saramaguiano é subjetivo: dirige-se ao leitor, reflete frequentemente sobre a ação, comenta, opina, julga. Estas intervenções do narrador confundem-se frequentemente com os diálogos, daí a característica polifonia. Gabriela Neves Cardoso,12ºB


Saramago escreve parágrafos que se alongam por páginas, frases com inúmeras vírgulas e sem quaisquer outros sinais de pontuação. As falas das personagens estão perdidas no texto, sendo realçadas pelo uso de maiúscula após uma vírgula. Uma das obras com esta característica é Ensaio sobre a Cegueira, romance onde ninguém tem nome, pois as personagens são denominadas pela aparência física ou pela profissão. Ensaio sobre a Cegueira proporciona uma leitura fácil, onde o leitor fica curioso até ao final. Saramago deixa uma dúvida no ar: retrata uma cegueira curável ou a incapacidade permanente de repararmos no mundo à nossa volta? Mariana Alves Rodrigues, 12ºB


A Viagem do Elefante: uma reflexão à natureza humana, narrada pelos olhos de Salomão e voz de Subhro. Ingénuo e inocente, mas culto, relevando uma relação empática e íntima com Salomão, Subhro representa a essência do povo, submissa e inocente, deixando-se levar pelos interesses próprios. Salomão move o poder inoperante do governo, incapaz de atender às demandas do povo, cuidando apenas da aparência. Mostra-se esperto e carinhoso, sendo visto até como um humano. Desta obra retiramos uma lição: viver enquanto nos é permitido, pois, quando morrermos, iremos ser lembrados pelo que fomos e homenageados por aquilo que não conseguimos ser. Filipa de Matos Conde, 12ºD

Memorial do Convento: esta obra pode ser considerada um romance do tipo social, pois é feita uma análise das condições sociais, morais e económicas da corte de D. João V e do povo. O romance divide-se em duas partes: a primeira leva-nos à construção do Convento de Mafra, a segunda conta-nos um belo romance entre Baltazar e Blimunda. Blimunda era uma mulher visionária para o seu tempo, tinha o dom de ver por dentro das pessoas, mas para isso tinha de estar em jejum. Este romance é dotado de grande simbologia e de fortes críticas à sociedade e ao governo.

Lara Duarte Costa, 12ºD


A obra O Homem Duplicado prende-nos do início ao fim com as suas várias reviravoltas. É um livro onde Saramago trabalha com mestria o tema da identidade. Tertuliano, o protagonista, que outrora pensara ser único, depara-se afinal - enquanto assistia a um filme - com um individuo idêntico a si: António, um ator, o seu duplo. A partir daí, Saramago constrói uma ficção extraordinária apoiada numa questão extremamente atual e inquietante: a perda de identidade e a busca do eu num mundo globalizado. Aconselho a leitura desta obra repleta de alegorias e metáforas, de diálogos reflexivos e comentários perturbadoramente críticos. Diana Isabel Correia Marques, 12ºD

Ensaio sobre a lucidez retrata um país onde decorre um processo eleitoral. No final do dia, depois de contados os votos, verifica-se que cerca de 70% dos eleitores votaram em branco. Repetidas as eleições, no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%. Desconfiado, o governo, em vez de se interrogar sobre os motivos dos eleitores para votarem em branco, decide desencadear uma operação policial para descobrir o foco infecioso que está a arruinar a sua base política e eliminá-lo. E assim se desencadeia um processo de rutura (que talvez nem estranhemos) entre a política e o povo.

Catarina do Rego Goncalves, 12ºD


O ano da morte de Ricardo Reis narra acontecimentos ocorridos nos meses que Ricardo Reis passou em Lisboa até à data da sua morte, em 1936. Quando Reis chega a Portugal para visitar o túmulo de Pessoa, instala-se no Hotel Bragança. Durante a sua permanência na capital, vive algumas situações curiosas: recebe visitas do fantasma de Pessoa, é perseguido pela polícia política e alimenta um triângulo amoroso com Lídia e Marcenda. Embora Lídia revele ser uma mulher muito determinada e corajosa, o médico nunca assumirá a relação com a criada, preferindo Marcenda. Afinal, não viverá plenamente nenhum dos dois amores. Beatriz da Cunha Aleixo, 12ºD

Esta sublime obra de Saramago - O homem duplicado - foi publicada pela primeira vez em 2002. Ao elaborar um enunciado provido de suspense, à boa maneira do romance policial, o autor direciona a atenção do leitor para os problemas do homem contemporâneo, o que torna esta obra uma leitura obrigatória de cariz social. No centro da ação encontramos Tertuliano, professor de História, cuja existência se resume a ser um "cadáver adiado". Porém, ganha novo alento quando, ao ver um filme, descobre um homem igual a si, um sósia. Tertuliano passa a ter um objetivo de vida: encontrar esse sósia. Rodrigo André dos Santos Fraguito, 12ºD

Ensaio sobre a cegueira conta a história de uma epidemia de cegueira que atinge toda a população, com exceção de uma mulher. Aos poucos, o mundo torna-se um caos onde cada cego luta pela sobrevivência. Não há organização nem proteção e, para piorar, um grupo de cegos explora os outros de forma cruel e desumana. Esta cegueira não é física nem real, mas ficcionada e metafórica, ou melhor, alegórica. A partir duma situação fantasiosa de cegueira generalizada, Saramago mostra que as pessoas tendem a não enxergar além do que lhes convém, em denúncia do egoísmo e da crueldade da humanidade. Joana Filipa Matos Jales, 12ºD


AEMM - 12º Português |Em articulação com a biblioteca escolar


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