JORNAL MARTIM-PESCADOR 188

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O Chamado da Jandaia

A performance “O Chamado da Jandaia” foi apresentada em abril pelo artista coreógrafo indígena Edvan Monteiro Jandé-Kodo na XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará. Pág 3

O pescador Peterson Vieira Neves fala sobre a aproximação de aves durante a pesca. Pág.8

Marly Vicente, presidente da ISAC-VP, com as alunas de Costura Criativa do Projeto Pescadores de História. Pág. 7

Professor Eduardo Sanches (centro) e alunos do Projeto Nossa Isca no Instituto de Pesca-APTA. Pág. 6

Lançamento oficial do APTA Hub no Instituto de Pesca em Santos. Pág 5 Dona Helena Monteiro completa 99 anos rodeada de amigos e parentes. Pág. 5
Pescaria
Acervo Instituto de Pesca www. jornalmartimpescador.com.br MARÇO/ABRIL DE 2024 • NÚMERO 188• ANO XX • TIRAGEM 3.000 EXEMPLARES 20 ANOS
em boa companhia

Defesos

Bagre, rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizi) 1/01/24 a 31/03/24

Camarão branco (Litopenaeus schmitti )., sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri ), rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. subtilis), santana ou vermelho (Pleoticus muelleri) e barba ruça (Artemesia longinaris) - 28/01/24 a 30/04/24 (Esta regra não se aplica ao camarão em área estuarina. É necessário comprovar que o produto é proveniente de estuários para poder comercializá-los.)

Caranguejo-guaiamum (Cardisoma ganhumi) 1/10/23 a 31/03/24

Lagosta-vermelha (Panulirus argus)/lagosta-verde(P. laevicauda)/lagosta-pintada (P. echinatus)- 1/11/23 a 30/04/24

Pargo (Lutjanus purpureus)15/12 a 30/4

Temporada de pesca

Tainha (Mugil liza)- S/SE- 01/06 a 31/07 (cerco) ; 15/05 a 31/07 (emalhe costeiro de superfície e com anilhas) ; 01/05 a 31/07 (pesca desembarcada ou não motorizada)

Áreas de exclusão

A menos de 1 MN (emalhe motorizado)- S/SE - permanente

A menos de 1,5 MN (arrasto) – SP>10 AB- permanente

Moratórias

Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023 (Portaria Interministerial no 14)

Mero (Epinephelus itajara) 06/10/2015 a 06/10/2023 (Portaria Interministerial no 13)

Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado

Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminado

Raia manta (família Mobulidae)tempo indeterminado

Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)- tempo indeterminado

Marlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) – tempo indeterminado

Pesquisa traça o perfil do pescador

artesanal

“Nunca pegue peixe além do que vá comer ou vender” dizia o pai de seu Tonico Lancha (1913-20120), considerado durante muito tempo o pescador mais antigo de São Vicente. Durante sua vida praticou sempre a pesca sustentável, saindo em seu barquinho de seis metros, muitas vezes no remo, “para não espantar o peixe”.

O que restou da filosofia dos antigos pescadores nas pessoas que praticam hoje esta atividade? Para dona Santina Barros, esposa de seu Chico, moradores da Vila dos Pescadores em Cubatão, “quando as coisas apertam a gente cai na água”, enfatizando a importância da disponibilidade do pescado para complementar a alimentação do dia a dia. A pesca artesanal é caracterizada segundo a Lei nº 11.959 (Brasil, 2009) como uma atividade de pequena escala que envolve desde confecção de petrechos até a comercialização do pescado, sem costume de fazer uso de instrumentos de navegação. Para conhecer melhor estas pessoas que ainda “caem na água” para obter ou complementar sua renda, nasceu a pesquisa “Custos de produção e rentabilidade da pesca artesanal no estuário de Santos-SP-Brasil” realizada pela bióloga e assistente social Suéllen Mariano da Silva em seu trabalho de mestrado. O estudo foi apresentado em janeiro de 2024 ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto de Pesca-– APTA - Secretaria de Agricultura e Abastecimento, FUNDEPAG (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio), e teve como orientador os pesquisadores científicos Marcelo Barbosa Henriques e Alberto Amorim. A região abrangida pelo estudo se concentrou entre o continente e as ilhas de São Vicente e Santo Amaro, incluindo os municípios de Santos (Ilha Diana, Monte Cabrão e Caruara), São Vicente (Rua Japão), Cubatão (Vila dos Pescadores), Guarujá (Vicente de Carvalho e Sítio Conceiçãozinha).

A necessidade de conhecer

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EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida

da Baixada Santista

A bióloga Suéllen Mariano visitou várias comunidades de pescadores da Baixada

melhor os pescadores que atuam nessa região surgiu após o incêndio da Ultracargo em 2015, em tanques de combustível no bairro da Alemoa em Santos com emissão de grande quantidade de poluentes na atmosfera e a mortandade de aproximadamente oito toneladas de pescado. Atingindo o meio ambiente, afetou duramente os pescadores existentes na região da Baixada Santista, sendo que 25% residem e atuam na região interna do estuário, área mais sensível ao problema da poluição, sofrendo com a falta de pescado e em dificuldade socioeconômica. A pesquisa assim surgiu dentro do Projeto Valoriza Pesca, para mapear a atuação desta classe de trabalhadores prejudicados. O estudo teve como objetivo identificar o perfil socioeconômico da comunidade pesqueira artesanal desta região estuarina, caracterizar a pesca em termos de produção média total, espécies alvo, a ocorrência ou

Av. Dino Bueno, 114

Santos - SP

CEP: 11030-350

Fone: (013) 3261-2992

não de beneficiamento, o fluxo de venda e a distribuição do pescado considerando os custos, receita e lucro da atividade, a fim de verificar a viabilidade econômica da pesca local. Segundo Suéllen, foram feitas entrevistas com os pescadores para avaliação do perfil socioeconômico e das características tecnológicas e produtivas da atividade. A produção pesqueira foi obtida através de dados cedidos pelo Programa de Monitoramento da Pesca (PMAP) no período de agosto de 2022 a julho de 2023.

“A pesca é realizada diariamente em sua maioria em duplas, com barcos próprios de entre 5 e 7 m e motor de 15 HP de potência”, explica Suéllen. Os pescadores utilizam principalmente redes de emalhe e gerival, além da atuação no extrativismo de crustáceos e bivalves, em uma jornada de trabalho diária entre cinco e oito horas. A pesca para 34% compõe mais da metade

da renda familiar. De 47 espécies registradas, sete representam 67% do peso total de captura aferida no período da análise pelo PMAP. São elas: Ucides cordatus, Crassotera brasiliana, Mytella sp., Litopeneaus schmith, Mugil curema, Centropomus undecimalis, C. parallelus e M. lisa. O volume médio de captura por pescador é de 13,74 t ano.

Suéllen explica que investimento inicial médio para o ingresso na atividade sem considerar o sistema de manutenção de iscas-vivas foi de R$ 17.651,50, com custo operacional para o ciclo de 12 meses de R$ 123.600,32. A análise dos números deixa a pergunta: a pesca ainda é viável? A resposta é que com os números da captura hoje ainda é possível manter a pesca ativa. Diminuindo em 10% os fatores adversos, como poluição, falta de espaço por áreas de exclusão, entre outros, o pescador não precisaria migrar para outra atividade informal, como o sistema de manutenção de iscas vivas (camarão-branco) vendida à pesca esportiva, para geração de renda extra. Para essa atividade ser mais lucrativa seria importante usar tecnologia mais atualizada, que permita a sobrevivência do camarão-branco por mais tempo no tanque, diminuindo os custos de viagens para captura de mais indivíduos.

Suéllen observa também que uma das dificuldades para a continuidade da pesca artesanal é a falta de adesão de jovens na profissão. Entre entrevistados na faixa de 3560 anos muitos conhecimentos como conserto de barcos, de petrechos já se perdeu. No entanto, um fator para a continuidade da pesca é a capacidade que o artesanal tem de mudar seus objetivos, de acordo com disponibilidade de recursos. Rede de emalhe não dá, vai pra tarrafa e caranguejo. Para isso utilizam seu profundo conhecimento das diferentes espécies, da melhor época do ano para capturá-las. Essa sabedoria ainda está presente nesta tradicional comunidade e é um dos motivos de sua resistência através dos tempos.

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com

Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobureau.com.br

Projeto gráfico: Isabela Carrari - icarrari@gmail.com - Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3307-2601 -

Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

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A tradicional

pesca do arrastão se transforma em roteiro turístico do Sesc

“Hei, tem jangada no mar/hei, hoje tem arrastão”, cantava Elis Regina nos 70. A música, do compositor Edu Lobo, retratava uma das artes mais antigas e tradicionais de pesca do Brasil. Ainda presente em nossas praias, garantindo o sustento de muitas famílias, é também objeto de pesquisa de estudiosos. O biólogo Alexandre Rodrigues deu início à sua pesquisa em 2015, estudando a ocorrência de espécies que não eram alvo da pesca, como tubarões e raias. Para isso contou com o apoio de Wesley Shkola, pescador do barco Kapiloton e sua equipe, para ter acesso à pesca e analisar as pescarias. Assim nasceu o Monitoramento Participativo da Pesca de Arrasto de Praia em Bertioga, agora em seu décimo ano. “Mesmo sem nenhum

recurso financeiro, graças à colaboração dos pescadores, registramos desde 2015 as capturas incidentais na pesca, ou seja, aquelas que afetam espécies que não são alvo da pescaria, como tubarões e raias”, explica. Deste modo, Rodrigues também introduziu o procedimento de devolver ao mar estas espécies. “Chegamos em 2022 e prosseguimos em 23 sem nenhum registro de óbitos de raias ou tubarões”, acrescenta Rodrigues. Mais detalhes desta atividade pesqueira estão presentes em sua tese de doutorado “Identificação de tubarões e raias e a sua relação com a pesca artesanal no Litoral Centro de São Paulo” que será apresentada na UNESP de Botucatu em 2024, com a parceria do prof. Alberto Amorim, do Instituto de Pesca/Secretaria de Agricultura do ESP.

Desde 2018 o roteiro turístico do arrasto de praia já é parte do calendário do SESC. Neste roteiro, o arrastão entra como uma atividade inclusiva elaborada através da parceria entre o Projeto Raias e Tubarões da Baixada, pescadores, Área de Proteção Marinha do Litoral Centro-APAMLC e Sesc Bertioga. Desta forma, os pescadores do arrasto de praia já tiveram a oportunidade de apresentar a cultura tradicional da pesca artesanal para cerca de 450 turistas.

Neste ano a atividade esteve presente no Festival O Mar em Nós, no SESC (12 a 14/04), evento que promoveu a valorização dos povos do litoral e da cultura oceânica através de palestras, rodas de conversa, literatura, música, teatro, oficinas, vivências, entre tantas outras.

Fragata é devolvida à natureza

Uma fragata, Fregata magnificens , foi devolvida à natureza dia 19/02 na praia do Tombo em Guarujá. O animal havia sido resgatado pela equipe do Biopesca em Mongaguá dia 22/01. Transferida no mesmo dia para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Instituto Gremar, no Guarujá, pode ter o início à sua reabilitação. A ação foi feita pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), desenvolvida pelo Instituto Gremar. No exame clínico de entrada, foi constatado que a ave

apresentava múltiplas lacerações nas asas. Com o tratamento e conforme evolução do quadro, o animal passou por sessões de fisioterapia para treinamento de voo.

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Seu objetivo é avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas

e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. É realizado desde Laguna/SC até Saquarema/ RJ. O Gremar monitora o trecho compreendido entre São Vicente e Bertioga. O serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, pode ser acionado pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99711 4120. Para mais informações sobre o PMP-BS, consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br

Kodo se apresenta na Bienal de Dança do Ceará

O que um indígena vindo do futuro de 2501 poderia nos dizer? Nesse tempo o céu já terá caído? Que tecnologia ancestral ainda existe para esse ser se comunicar com seus ancestrais? Nessa performance distópica em dança intitulada “O Chamado da Jandaia”, cria-se o movimento necessário no reconhecimento da cultura ancestral indígena. O nome da obra remete a um pássaro de canto estridente, símbolo do Ceará. Ela foi criada e é apresentada pelo

artista coreógrafo indígena Edvan Monteiro Jandé-Kodo a partir da pesquisa do astrônomo, também índigena, Germano Afonso que mapeia o céu dos indígenas do Brasil. Kodo é descendente do povo potiguara, originário de uma antiga aldeia chamada Mucuripe Açú. Nascido em Fortaleza e residente há 15 anos em Santos (SP), dirige a Cia. Etra de Dança. Kodo é bailarino, performer, dramaturgista, professor de dança, coreógrafo, fotógrafo, videomaker, editor e

cenógrafo com práticas ancestrais. A performance “O Chamado da Jandaia” aconteceu na XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará. em Fortaleza, no dia 3 de abril, no Teatro Dragão do Mar, em Itapipoca, no dia 5, no Círculo Operário. O projeto foi fomentado pelo PROGRAMA

FUNARTE RETOMADA 2023

– DANÇA/Ministério da Cultura. Ainda este ano essa ação artística irá acontecer no Quebra- Mar em Santos, onde o artista já construiu um observatório indígena.

Kodo busca a inspiração em sua origem potiguara.

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Conhecendo a pesca de arrasto em roda de conversa no SESC CRÉDITO NADIA COSTA

COLUNA

DP World e Rumo anunciam acordo para construção de novo terminal de grãos e fertilizantes no Porto de Santos

Em linha com aumento de volume no sistema ferroviário, capacidade de movimentação será de 12,5 milhões de toneladas/ano, impulsionando a competitividade do agro no longo prazo

A DP World, líder mundial em logística para a cadeia de suprimentos, assinou com a Rumo, maior concessionária de operação ferroviária do país, um acordo para a construção de um novo terminal para movimentação de grãos e de fertilizantes no Porto de Santos (SP). Com capacidade para movimentar até 12,5 milhões de toneladas por ano, sendo 9 milhões de toneladas de grãos e

3,5 milhões de toneladas de fertilizantes, a infraestrutura será instalada na área do terminal da DP World.

O contrato entre as duas empresas prevê um prazo inicial de 30 anos de operação, com possibilidade de renovação e sujeito aos termos da autorização portuária da DP World. O período estimado para a construção será de 30 meses, contados após o cumprimento de

condições prévias, incluindo aprovações governamentais.

A DP World disponibilizará a área do seu terminal para o projeto e ficará responsável pelas operações de movimentação das cargas, consolidando-se como o principal player multipropósito do país, com operações simultâneas de contêiner, celulose, grãos e fertilizantes.

STATUS DAS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DO TERMINAL

As obras do armazém de celulose estão em fase vistoria dos órgãos responsáveis pelo licenciamento para operação. As obras periféricas continuam, conforme cronograma. Esta obra é licenciada pelo IBAMA – Licença de Instalação nº 1232/2018 1ª retificação.

OUVIDORIA DP WORLD SANTOS

0800 779-1000

ouvidoria.ssz@dpworld.com

www.dpworld.com/santos

Vestir você e sua casa com arte indígena tupi-guarani é o nosso rolê. Nossas peças são diversas. Poucas unidades, feitas em parceria com empreendedores e artesãos da região da Baixada Santista. Mimby Tupi assina os desenhos, grafismos autorais, inspirados nas energias da floresta e de ancestrais. Mimby vive na aldeia Tapirema, terra indígena Piaçaguera, na cidade de Peruíbe, estado de SP.

Produzimos peças de roupas, acessórios e decoração para sua casa.

Arte @mimbytupi (Peruibe-SP)

Produção @catharinaapolinario Santos-SP (13) 99152.6970

O filhote menorzinho se aconchega embaixo da mãe

Na praia do Itararé em São Vicente um grupo do pássaro quero-quero sobrevive diante das ameaças urbanas. A fêmea botou os ovos em 16 de março e após cerca de um mês três filhotinhos nasceram.

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#VestirGrafismo
Projeto

APTA Hub abre as portas para a inovação na atividade de pesca

Secretário da Agricultura Guilherme Piai (à esquerda)

Marcus Fernandes, secretário do Meio Ambiente de Santos (à esquerda), coordenador da APTA Carlos Nabil, secretário da Agricultura Guilherme Piai e Cristiane Neiva, diretora do Instituto de Pesca

Funcionários do Instituto de Pesca comemoram os 55 anos da Instituição

O APTA Hub Santos, inaugurado dia 9 de abril na sede do Instituto de Pesca em Santos, traz uma nova visão de desenvolvimento de soluções tecnológicas na pesca. O projeto cria um ambiente capaz de conectar os pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) a start ups e empresas da Baixada Santista interessadas em desenvolver soluções tecnológicas para suas unidades produtivas. A cerimônia contou com a presença diversas autoridades, entre elas o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, o secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcus Fernandes, a diretora do Instituto de Pesca Cristiane Neiva, o coordenador da APTA Carlos Nabil, e o líder de inovação da APTA Sérgio Tutui, entre outros. A unidade faz parte de um sistema de sete unidades criados no Estado de São Paulo com o objetivo de apoiar e acelerar a inovação do agronegócio. Para o secretário do Meio Ambiente de Santos o projeto traz ciência e inovação, fundamental para a qualidade de vida de todos, com foco também na sustentabilidade. “Já temos 30 empresas sediadas para demonstrar este novo formato de trabalho, afirma Cristiane Neiva, diretora do IP. Entre as sete existentes no Estado de São Paulo, a unidade APTA Hub Santos é a que começou com o maior número de empresas, acrescenta o secretário Guilherme Piai.

O lançamento do APTA Hub Santos coincide com o aniversário de 55 anos do Instituto de Pesca, conectado à APTA/Secretaria de Agricultura do Estado de SP. A diretora Cristiane Neiva comemora a tradição da pesquisa consolidada neste longo espaço de tempo e vê na criação do APTA Hub um olhar para o futuro.

Peixe à moda indígena

A pescada cambucu tem a carne macia e saborosa

Sentir o sabor verdadeiro do alimento é uma experiência que vale a pena experimentar. Muitas vezes o excesso de temperos não permite o prazer de degustar a comida. Uma das maneiras indígenas de preparar o peixe era conhecida como biariby, desde o tempo do descobrimento. O peixe inteiro, enrolado na folha de bananeira, colocado num buraco e recoberto com terra. O fogo geralmente era feito por cima, sendo assim irradiado. Para esta receita é possível usar um peixe inteiro como tainha, pescada branca, entre outros. Ou escolher um peixe maior e retirar apenas o pedaço mais gordo, próximo à cabeça, congelando o restante para outra receita.

É possível recriar essa experiência tão singela numa cozinha atual? Sim, mas com algumas adaptações. Forramos uma assadeira com duas folhas de couve e ajeitamos um pedaço limpo de uma pescada cambucu grande (parte superior)

(limpa) por cima, cobrindo com mais duas folhas. Pode ser usada também usada folha de bananeira, ou papel-alumínio (lado fosco para fora). Levamos ao forno em fogo médio e deixamos por cerca de uma hora. À parte preparamos dois molhos, um de maracujá e outro de abacaxi. Para ver o ponto do peixe, empurramos a carne com o auxílio de um garfo e faca para observar se está cozido por dentro. Depois é só servir. Outra opção, ao invés dos molhos é colocar apenas um pouco de azeite e sal. Com certeza você vai sentir pela primeira vez o verdadeiro e delicioso sabor do peixe. Além de ser bom para o paladar é muito saudável! Para a receita ficar gostosa, é necessário comprar um peixe bem fresquinho no mesmo dia do preparo ou no dia anterior, que fique bem guardado na geladeira. Nada de usar peixe congelado! Experimente. Vale a pena!

O segredo é escolher uma bela pescada cambucu

Molho de maracujá

Ingredientes

Polpa de um maracujá grande

1 xícara (chá) de água

1 colher (sobremesa) de maisena

1 pau de canela

Preparo: Bater o maracujá na água. Coar. Separar um pouco do suco numa xícara e misturar a maisena. Levar o restante do suco ao fogo. Quando estiver quente adicionar a mistura da maisena e mexer bem com uma colher de pau até ficar cremoso.

Duofish, a tecnologia em apoio ao pescador artesanal

Marina Carrato Galuzzi, oceanógrafa e Diego Truzzi, engenheiro de pesca, criaram a Duofish Environmental Solutions, com a ideia de agregar valor ao produto do pescador artesanal. Navegando na onda do Apta Hub, tem como foco melhorar a condição da pesca, incentivar produção e valorizar o que se pesca. Marina explica que com a melhor conservação do produto é possível pescar menos e ganhar mais. No momento, a Duofish está elaborando um projeto piloto, abrangendo uma família de pescadores, com foco inicial em uma espécie alvo. Os pesquisadores já participam do Projeto Valoriza Pesca, desenvolvido no Instituto de Pesca/APTA, com apoio da Fundepag, que também trabalha com informações científicas e dados sobre espécies e comunidades.

Saiba mais em: Instagram: @duofish_ email: atendimento@duofish.com.br

Na receita foi utilizada a parte mais gorda próxima à cabeça

Molho de abacaxi

Meio abacaxi picado

1 xícara (chá) de água

5 folhas de hortelã

1 colher (sobremesa) de maisena

Preparo: Bater o abacaxi e a água no liquidificador. Coar. Separar um pouco do suco numa xícara e misturar com maisena. Levar o restante do suco ao fogo. Quando estiver quente, adicionar a mistura de maisena e mexer bem com uma colher de pau até ficar cremoso. Acrescentar as folhinhas de hortelã.

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Acervo do Instituto de Pesca Marina Carrato e Diego Truzzi

Projeto Nossa Isca ensina técnica de manutenção e engorda de iscas vivas em cativeiro

As espécies alvo do projeto são o camarão-branco e o lambari da Mata Atlântica

Vender camarão-branco, Litopenaeus schmitti, como isca viva para a pesca esportiva é uma atividade que traz renda a muitos pescadores artesanais. Capturados com o jerivá (pequena rede artesanal) geralmente eles se mantêm vivos em tanque por cerca de dois dias. Com técnica adequada, no entanto, podem ficar vivos em cativeiro até cerca de um ano, explica o responsável pelo projeto, Eduardo Sanches, zootecnista e doutor em Aquicultura, do Instituto de Pesca. Ele acrescenta que a isca viva é muito usada na pesca do robalo, peixe de alto valor comercial.

Com o lambari da Mata Atlântica a técnica utilizada no Projeto Nossa Isca é a aquaponia, que une a aquicultura com a hidroponia (cultivo de plantas com as raízes submersas na água) neste caso reutilizando a água do tanque de criação de animais aquáticos. Com o camarão já não é possível a aquaponia pois a água utilizada é salgada.

O Projeto Nossa Isca, é realizado pela VLI através de financiamento do BNDES, em parceria com a consultoria

Os professores Eduardo Sanches (terceiro à direita) e Marcelo Henriques (quinto) mostram o tanque de criação aos alunos

técnica do Instituto de Pesca/APTA/ Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e conta com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag). Segundo a analista de responsabilidade social da VLI, Daniela Francisca, em 2019 teve início a primeira edição do curso, com a participação de noventa pescadores de três colônias de pescadores, a Z-3 em Vicente de Carvalho, a Z-4 em São Vicente e a capatazia da Z-1 na Vila dos Pescadores em Cubatão. A ideia é levar conhecimento de valor para o pescador incorporar a seu dia a dia. A primeira edição do projeto Nossa Isca foi interrompida pela pandemia e agora foi retomada com aulas dias 19/20/26/27 de março. Nesse espaço de tempo foi possível desenvolver inovações tais como a implementação do uso de escovas filtrantes que melhoram a qualidade da água nos tanques de camarões. Além de Sanches ministram aulas no curso o biólogo marinho Oscar José Sallé

Adeus à dona Benedita

Benedita Vicente da Silva foi uma mulher cheia de vitalidade, inspiração para sua filha Marly Vicente, presidente do Instituto Socioambiental da Vila dos Pescadores de Cubatão. “Ela passava motivação não só para mim, mas para as filhas, amigas vizinhas, irmãs da igreja”, afirma Marly. “Quando ela acreditava em algo, seguia em frente”, conta Marly lembrando da forte determinação da mãe. E essa qualidade Marly guarda como herança. Essa mulher cheia de determinação e coragem, nascida em 1928 na cidade de Quipapá em Pernambuco, faleceu no dia 11 de abril de 2024, em Recife, deixando exemplo e saudade para filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

Barreto com mestrado em Ciências Biológicas e o zootecnista Marcelo Barbosa Henriques, com doutorado em Ciências Biológicas. A doutoranda Bruna Larissa Maganhe também integra a equipe do projeto.

Segundo Eduardo Sanches, coordenador do Projeto Nossa Isca, a partir de abril e maio deste ano serão disponibilizados dois tanques de manutenção de camarões com sistema de filtragem de água e duas unidades de aquaponia para cada Colônia participante do projeto. A equipe técnica do Projeto Nossa Isca realizará o acompanhamento técnico de 18 meses aos alunos, com intervalos de cerca de 20 dias. Durante estas visitas, pescadores que não estiveram presentes ao curso têm uma nova chance de aprender as técnicas. Sanches explica que a importância do curso é disponibilizar conhecimento e acesso à tecnologia para permitir o empreendedorismo com capacidade de mudança social e econômica para os pescadores artesanais ligados ao comércio de iscas vivas na Baixada Santista.

Ficou na lembrança um momento especial de alegria entre mãe e filha

Cuidados com os utensílios de cozinha

Em uma casa, a cozinha é o local onde se deve dar maior atenção quanto à limpeza e higiene, isto porque é o ambiente onde são preparadas as refeições. Esses cuidados abrangem: a limpeza e higienização total da cozinha, asseio pessoal e o próprio preparo dos alimentos.

A higiene pessoal é necessária para evitar contaminação cruzada com os alimentos a serem preparados para que estes não promovam intoxicação alimentar. Este tipo de contaminação acontece, por exemplo, quando se corta a carne numa tábua e em seguida corta-se uma verdura (ou vice-versa). Assim é possível que uma bactéria de um alimento vá para o outro. É essencial manter na cozinha os padrões de higiene para prevenir o crescimento bacteriano. A higiene na cozinha inicia pela higiene das mãos que devem estar limpas, as unhas aparadas e sem esmalte. A pessoa que irá preparar a refeição deve evitar entrar em contato com produtos de beleza ou com qualquer odor para não passar cheiro para o alimento. Caso tenha algum ferimento nas mãos não deve preparar a refeição para não transferir bactérias do ferimento para o alimento. E em caso de desarranjo intestinal a pessoa também não deve preparar as refeições.

A pia, onde se preparam os alimentos, deve estar sempre limpa, utilizando detergente líquido neutro e higienizada com água sanitária, lembrando sempre de enxaguar com muita água para retirar o resíduo do cloro. As buchas devem ser guardadas limpas e higienizadas em um recipiente e seu tempo de uso é variado e determinado pelo seu próprio desgaste. Dar preferência ao uso de detergente líquido e neutro.

Médico veterinário Augusto Pérez Montano

Na cozinha a limpeza de armários e gavetas deve ser constante e estas não devem conter resíduos de alimentos para não atrair insetos. Os panos que servem para secar as louças devem ser preferencialmente de cor branca, estritamente limpos e lavados com sabão e água sanitária. Em hipótese alguma esses panos servem para secagem das mãos. Para essa finalidade é importante manter em local acessível papel toalha descartável.

Ao preparar alimento mantenha-se asseado com banho tomado, roupas limpas, cabelo preso e desprovido de anéis, brincos e qualquer acessório. Um hábito saudável e que deveria tornar comum entre as pessoas é a troca de sapatos ao entrar em casa, pois estes carreiam muitos microrganismos.

Quanto aos utensílios (de vidro, de plástico, louças, talheres) que vão ser utilizados para colocar alimentos para serem servidos à mesa não devem entrar em contato com alimentos crus ou cozidos. As tábuas de carne devem ser usadas para uma única finalidade e lavadas e higienizadas em seguida com água sanitária e enxaguada com muita água para retirar o resíduo do cloro.

Uma forma de manter a saúde em dia é mantendo a cozinha e os alimentos limpos.

Dr. Augusto Pérez M. Médico Veterinário

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Eduardo Sanches mostra a parte de aquaponia

A arte da costura atrai adolescentes

Trabalho requer criatividade e empenho.... ... para um bom resultado

O Projeto Pescadores de Histórias promete uma novidade para a Semana do Pescador no mês de junho na Vila dos Pescadores em Cubatão. É a apresentação do trabalho das participantes da Oficina de Costura Criativa. Haverá um desfile com algumas peças criadas com a supervisão de costureiras contratadas pelo projeto. Com uma grande procura de adolescentes foi formada uma turma a partir dos 13 anos, com supervisão de adultos. As oficinas com as três primeiras turmas teve duração de 8 meses. No contraturno escolar há oficinas de Teatro e Cinema, e vivencias de territórios para mulheres com mais de 18 anos. Cerca de 320 crianças e 40 adultos irão se apresentar na Semana do Pescador. O projeto Pescadores de Histórias é desenvolvido pelo Instituto Socioambiental e Cultural da Vila dos Pescadores (ISAC-VIP) em parceria com a Petrobras.

Economia solidária deve ser considerada na reforma tributária

O assunto foi pautado por Alcielle dos Santos, integrante da Secretária-Executiva do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista e representante do segmento dos empreendimentos econômicos solidários, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão) dia 3 de abril. Segundo Guilherme Mello - Secretário Nacional de Política Econômica- presente à reunião, essa pauta é pertinente e será analisada no processo de reforma tributária e nas negociações do Brasil no G20. A renda básica também será considerada.

São Vicente abre

1.200 vagas para Cursos de

Formação Cultural

A prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), em conjunto com o Senac, anuncia a abertura das inscrições para os Cursos de Realização e Inspiração Artística (CRIAR) - Formações Culturais, com 1.200 vagas distribuídas tanto para a Área Insular quanto a Continental. As aulas devem começar em maio. Os interessados podem preencher o formulário com os dados solicitados acessando o link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe55KW9-u7fDJ_ nZ-gwSU-duvpNm2GEYIvHFdlOXs4-yStyNQ/viewform?fb zx=-4504499838829302739.

Inscrição de forma presencial, é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, nos seguintes locais: - Oficinas Culturais Profº Oswaldo Névola Filho (Rua Tenente Durval do Amaral, nº 72 - Catiapoã); - Espaço Multicultural (Praça 22 de Janeiro, s/nº - Centro); - Av. Dep. Ulisses Guimarães, 211Jardim Rio Branco), Av. Dep. Ulisses Guimarães, 211 - Jardim Rio Branco). Apresentar RG do interessado ou RG do responsável. Na inscrição virtual, é preciso apresentar os documentos em um dos equipamentos públicos da Secult em até três dias úteis.

Os cursos são: Artesanato, Ballet Infanto-Juvenil Básico I, Ballet Infanto-Juvenil Básico II, Capoeira, Cinema e Vídeo, Danças Brasileiras (adulto/terceira idade), Danças Urbanas, Danças Sênior (Terceira Idade), Desenho, Escrita Poética, Escultura, Jazz Infanto-Juvenil Básico I, Jazz Infanto-Juvenil Básico II, Musicalização, Produção Cultural, Teatro, Teatro (infantil), Técnico de Teatro, Violão.

Nossa homenagem à dona Helena Monteiro da Costa que completou 99 anos dia 5 de março. Moradora em Santos, é o símbolo de perseverança e fé na vida. É filha de Anísio José da Costa que faleceu aos 110 anos em 1940, e foi morador do Quilombo do Jabaquara após fugir da vida de escravizado em uma fazenda em Pindamonhangaba. Seu Anísio foi casado com dona Brasília, com quem teve sete filhos, Ignes, Esmeralda, Helena, José, Acácio, Benedicto e Irineu. Apenas Helena permanece viva.

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O pescador e o atobá

O atobá branco faz sua imponente aparição

Nasceu a doce Catarina

Uma pausa na agitada vida de Catharina Apolinário de Souza, jornalista e guia de turismo. A chegada da filha Catarina Nimompy’rua Apolinario dos Santos dia 25 de fevereiro, num dia de lua cheia. “Eu recebi a Cata de presente nestes meus 40 anos, com a certeza de que não poderia ter tempo melhor”, afirma. “Ela vem celebrar o matriarcado, por isso o nome. A bisa dela se chama Catharina, a avó Catarina, a mãe Catharina e a filha vêm ocupar a quarta geração”, acrescenta. A menina Catarina leva o nome tupi-guarani dado pela avó Catarina Nimbopy’rua, um nome forte e espiritual. Catharina conta que tem muito orgulho das mulheres que a criaram. “Que cuidaram de nós. Pois elas que deram seus sacrifícios para criar suas famílias”, acrescenta. “Somos gratos, eu e papai Mimby, pelas mulheres de nossa família”, conta com gratidão. Catharina está aprendendo a língua tupi-guarani e pretende ensinar também a pequena Cata desde pequena.

Em sua rotina do dia a dia, o pescador Peterson Vieira Neves não conhece solidão. “Pescador não está sozinho”, garante. Nesse azul do mar, a vida não tem monotonia. Além de sua equipe, são principalmente as aves que acompanham sua embarcação. Fragatas, gaivotas, mas é o atobá o mais atrevido, que logo vai se chegando, por amizade ou querendo um peixinho? Vai lá saber, mas só para não fazer desfeita, o pescador separa um peixinho pequeno, mais para selar aquela amizade. Afinal, amigo no mar, amigo para sempre. E olha que nesse dia deu muita sorte, e aparece o raro atobá-branco, com toda sua imponência. Como o atobá-pardo (Sula leucogaster) ao nascer é todo branquinho, acredita-se que esse possa ser um exemplar jovem da raça. O atobá, que gosta de comer peixes e lula, também é chamado de mergulhão. Não é para menos, quando quer pegar uma presa pode mergulhar até 20 metros. Mas também não faz cerimônia para sentar na beirada do barco e fazer um contato visual bem amigável com o pescador. Insolência? Tenha paciência! De verdade é só uma prova de amizade.

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Peterson e sua equipe

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