JULHO/AGOSTO 2021 • Número 172 • Ano XVII • Tiragem 3.000 exemplares
Pesca e Pesquisa www. jornalmartimpescador.com.br
Rogério Bomfim/PMS
Secretário da Agricultura e Abastecimento do ESP, Itamar Borges (acima, ao centro), visita as dependências do Instituto de Pesca em Santos e conhece os trabalhos desenvolvidos pela instituição. Pág. 8
O oceanógrafo Luiz Casarini recebe homenagem da Prefeitura de Santos. Pág.6
Ganhadoras da medalha Tereza de Benguela em Guarujá. Pág. 7
Sidnei Bibiano fala do uso do cacau plantado em seu quintal caiçara. Pág. 5
Eduardo e Jefferson de Cananeia mostram o uso do peixe defumado na culinária caiçara. Pág. 5
Aquário de Santos reabre em julho e comemora 76 anos. Pág. 2
O pescador Peterson Vieira explica o problema da limitação do motor do barco na IN 10. Pág. 2
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Defesos
Badejo-amarelo (Mycteroperca interstitialis), sirigado (Mycteroperca bonaci), garoupa-de-sãotomé (Epinephelus morio), caranha (Lutjanus cyanopterus)- 1/08 a 30/09 Temporada de pesca Tainha (Mugil liza)- S/SE- 01/06 a 31/07 (cerco) ; 15/05 a 31/07 (emalhe costeiro de superfície e com anilhas) ; 01/05 a 31/07 (pesca desembarcada ou não motorizada) Áreas de exclusão A menos de 1 MN (emalhe motorizado)- S/SE permanente A menos de 1,5 MN (arrasto) – SP- >10 ABpermanente Moratórias Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023 (Portaria Interministerial no 14) Mero (Epinephelus itajara) 06/10/15 a 06/10/23 (Portaria Interministerial no 13) Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)tempo indeterminado Raia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)tempo indeterminado Marlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) – tempo indeterminado Saiba mais sobre a legislação de pesca em: www. jornalmartimpescador.com.br (legislação)
Pescadores contribuem para mudanças na IN 10 Através do resultado de reuniões na Apa Marinha Litoral Centro, Sul e Norte englobando vários segmentos da sociedade, será possível elaborar as modificações adequadas na Instrução Normativa MPA/MMA N° 10/ 2011. “A potência do motor é nossa salvaguarda na pesca, que traz segurança no mar”, afirma o pescador Peterson Vieira Neves, 48 anos, que atua como conselheiro na Apa Marinha Litoral Centro, representando a Colônia Z-4 de São Vicente. Nascido em Santos, e há 13 na pesca de emalhe, explica um dos principais ítens que afetam os pescadores artesanais na IN 10. Como a motorização não interfere no poder de pesca da embarcação, ele acredita que a limitação de potência do motor em 30 hp, atribuída ao método “diversos”, pode trazer risco para os profissionais da pesca. “Para sair, precisa ter potência de motor de popa”, explica. A dificuldade é tanto para entrar, como para sair da barra. “Quando estamos chegando, vai contar peso da rede, da tripulação, do motor, dos peixes pescados, e ainda a força de maré, com ondulação de 12 nós”, complementa. Os artesanais concordam que é
importante a exclusão da limitação do motor estabelecida em 30 HP na IN 10, ou ao menos, sua ampliação para o uso de até 60 HP. Ainda no artigo 6, que prevê arqueação Bruta inferior ou igual 2,0, os pescadores sugerem aumentar para 7AB, uma vez que a pesca artesanal que se utiliza de múltiplas artes é praticada por barcos de, em média, 7 AB. Isso traria à modalidade “Diversos” uma caracterização de permissionamento adequada à pesca artesanal de menor escala, facilitando a normatização e a fiscalização. Para receber mais contribuições para reformulações na IN 10, foi aberto formulário online de Consulta Pública no site da SAP/MAPA, que recebeu informações até 10 de julho. As discussões também foram realizadas no Estado de São Paulo, por meio das Câmaras Temáticas de Pesca das APAs Marinhas do Litoral Centro, Sul e Norte e da RDS Itapanhapima, RESEX Taquari e Ilha do Tumba, nos dias 22/06 e 02/07/2021. Os principais pontos debatidos incluíram: a potência do motor atribuída ao método “Diversos”; a ausência do estado de São Paulo na modalidade de pesca de Arrasto-de-praia;
a necessidade de ajuste no termo que define o método de pesca Emalhe de modo a contemplar o cerco de emalhe e as pescarias ativas; a avaliação sobre inclusão do método de pesca de Mergulho e a exclusão da porcentagem de desembarque e listagem de espécies da fauna acompanhante e capturas incidentais nas diferentes modalidades. “Agora de baixo para cima, pescadores, secretarias estaduais, pesquisadores, colônias, se esforçam para fazer alguma coisa mais ao nivel da realidade do pescador”, afirma o oceanógrafo Gastão Bastos, mestre em Oceanografia Biológica, pesquisador científico do Instituto de Pesca. O debate visa eliminar determinadas incongruências em legislações mais antigas. Para ele a dificuldade da IN !0 é ser muito abrangente, atingindo de uma vez só todo o território nacional. O esforço em trazer a legislação mais próxima da realidade é para que o pescador possa agir de acordo com a lei, sem entrar na clandestinidade. A pesca artesanal, além de profissão é o meio do trabalhador trazer sustento à mesa. “Afinal, a pesca nunca deixa o povo passar fome”, afirma Peterson.
Alerta sobre cenário e vacinação contra Covid-19 Com o Brasil ainda enfrentando uma crise sanitária por causa da pandemia, a vacinação ganha destaque como principal alternativa para conter a Covid-19. Assim, o debate sobre a imunização esclarece muitas dúvidas. O Diretor de Hospitais da Fundação São Francisco Xavier, Dr. Mauro Oscar de Souza Lima, o Diretor Corporativo de Gestão de Pessoas e Inovação da Usiminas, Cesar Bueno, juntamente com a médica infectologista da Fundação São Francisco Xavier, Dra. Mariana Vasconcelos se reuniram em uma Live para esclarecer dúvidas, reforçar a importância e desvendar mitos relacionados à vacina contra a Covid-19. Durante o evento on-line, foi reforçado que embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas foram submetidas a inúmeros e rigorosos testes de segurança até chegar à população. Somente após todo o rigor científico foram aprovadas para uso. “A vacina é o nosso bem maior neste momento. Como não existe nenhum medicamento disponível com comprovação científica para o tratamento da Covid-19, a única maneira de conter a doença é a vacina e as medidas de prevenção”, comenta Dra. Mariana. Segundo a médica, “com o aumento EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br
dos grupos protegidos, o número de infectados pela doença cai progressivamente reduzindo a circulação viral entre as pessoas, por isso a vacina é a maneira mais eficaz e segura de conter essa pandemia”, disse. De acordo com o Diretor de Hospitais da FSFX, Dr. Mauro Oscar de Souza Lima, muitas pessoas ainda têm se comportado como se estivesse acabado a pandemia. Ele alerta que esse momento de crise que estamos vivendo deixa um legado. Temos que pensar no legado que a
pandemia deixa em duas áreas: a da saúde e da educação. A saúde passou por uma evolução, no sentido de trazer tecnologias que já estavam prontas, mas ainda não tinham sido implantadas. Na área da educação, o ensino a distância agora faz parte da nossa vida. São eventos e reuniões virtuais que encurtaram caminhos. O trabalho se adaptou. Tudo será um aprendizado. Temos que entender que as relações já mudaram e vão mudar ainda mais. É a transformação digital em todas as relações”, comenta.
Atualização de dados sobre a Covid-19
Fonte: Ministério da Saúde Total de óbitos
554.497 Novos óbitos (Ultimas 24h)
1.318
Novos Casos (Ultimas 24h)
42.283
Casos desde o início da pandemia
19.839.369
Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida
Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992
Até 30/07/2021
Após a vacinação contra a Covid-19, as medidas de proteção individual e coletiva devem permanecer? -A continuação das medidas de proteção é importante, pois segundo os dados de eficácia global de algumas vacinas, a doença é nova e pode evoluir com mutações que não respondam às atuais vacinas. - é necessária a vacinação de uma grande parcela da população (cerca de 70%) para todos serem considerados protegidos (imunidade coletiva), mas essa meta pode demorar algum tempo para ser alcançada.
Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - icarrari@gmail.com - Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3307-2601 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia
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Pescadores querem continuidade do escritório da Seap no Terminal Pesqueiro Público de Santos Como o TPPS irá passar para a iniciativa privada, através de leilão, no quarto trimestre de 2021, os pescadores artesanais realizam um abaixo-assinado para que o escritório da Secretaria da Aquicultura e Pesca/MAPA permaneça no local. O serviço prestado tem sido uma grande ajuda para pescadores e suas colônias para a obtenção da documentação de pesca. Diana Gurgel, que está no posto há mais de 20 anos, atende cerca de 800 pessoas por mês, de toda a Baixada Santista, Cananeia e parte do interior. Mesmo durante a pandemia, seu trabalho não parou, a documentação é entregue na portaria do TPPS, e Diana leva para processar os papeis em home office. Como o protocolo para a pesca não vai mais existir,
o REAP (Relatório de Atividade Pesqueira) terá que ser preenchido e carimbado como comprovação. Como o processo para obtenção do RGP passará a ser feito de forma digitalizada no Sistema Informatizado de Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP 4.0), será necessária ajuda nesta fase de transição. Muitos pescadores não possuem celular, ou computador, ou mesmo endereço eletrônico para realizar seu cadastramento online, por isso deverá ser feito um acompanhamento nessa fase de adaptação. Cada pescador deverá ter seu cadastro geral no endereço gov.br com senha individual para fazer a manutenção da carteira e imprimi-la.
Prefeitura realiza projeto de revitalização da Rua Japão Obras devem ter início no segundo semestre e vão contemplar entrada e Praça Kotoku Iha
A rua Japão, tradicional reduto de pescadores em São Vicente, deverá ser remodelada. Para isso, a Secretaria de Projetos Especiais (Sepes) elaborou o projeto de revitalização da rua e da Praça Kotoku Iha, com a previsão para início no segundo semestre deste ano. As obras serão realizadas do portal de entrada até a marina no fim da rua. São várias intervenções previstas no local, como a troca do piso, melhorias na iluminação, revitalização do paisagismo, criação de um espaço multicultural, área de lazer para crianças, pista de skate e um deque na marina, para moradores e turistas. O projeto estimado em R$2,5 milhões deverá ser financiado com recursos de emendas parlamentares e será desenvolvido em três etapas: 1ª Etapa - Revitalização da Rua Japão até o Início da Praça Kotoku Iha, com a implementação de um novo piso e uma estrutura coberta, que servirá como quadra e espaço de lazer para atividades diversas, inclusive feiras gastronômicas. 2ª Etapa - Restauração do Jardim da Praça, além da criação de uma área infantil e uma pista de skate. 3º Etapa - A última etapa será realizada no restante da rua, com a criação de um deque de acesso para barcos e motos aquáticas. O secretário da Sepes, Alexsandro Ferreira, conta que o projeto tem o intuito de preservar a história da Rua Japão, ao mesmo tempo em que a revitalização dará um atrativo para que os moradores frequentem mais o local. “Construímos esse projeto, respeitando a história da Praça Kotoku Iha e da Rua Japão. Queremos revitalizar e transformar o espaço que, infelizmente, não foi bem cuidado em anos anteriores. Estamos buscando a parte final da verba para que possamos iniciar as obras no segundo semestre de 2021”, finaliza. A obra será feita com recursos de emenda parlamentar obtidos pela deputada federal Rosana Valle.
Escritório Regional da Secretaria de Aquicultura e Pesca-SAP
Cadastramento de pescadores será digital Dia 29 de junho foi lançado um novo sistema nacional de cadastramento e recadastramento de pescadores profissionais, 100% digital. É o Sistema Informatizado de Registro da Atividade Pesqueira (SisRGP 4.0), lançado através da Portaria SAP/MAPA Nº 265, DE 29/06/ 2021. O novo sistema permitirá o cruzamento de dados, combatendo possíveis fraudes para a obtenção de carteira e acesso ao seguro defeso para quem não é pescador. Na ocasião, o Governo Federal lançou também, por meio de decreto, a Rede Pesca Brasil, que intensificará o diálogo entre governos e a sociedade civil envolvida na atividade da pesca. Segundo o Ministério da Agricultura, essa Rede tem como objetivo restabelecer os antigos colegiados pesqueiros, com inovações para reduzir os custos, trazer maior eficiência e assessorar a Secretaria de Aquicultura e Pesca na tomada de decisões relacionadas à gestão sustentável dos recursos pesqueiros do Brasil. A Rede será formada pelos Comitês Permanentes de Gestão e por um banco de cientistas acadêmicos e pesqueiros. “A Rede Pesca Brasil, em resumo, é a recriação dos Comitês Permanentes de Gestão, que é uma rede nacional de universidades e institutos de pesca e professores que auxiliam na criação de políticas nacionais de pesca”, explicou o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Junior. Etapas para o cadastramento Primeira fase (de 6 de julho
a 31 de agosto de 2021) para os pescadores que moram no estado de Pernambuco e que tenham Licença de Pescador Profissional na situação de Deferida. Segunda fase (1º de outubro 2021 a 31 de setembro de 2022) para os trabalhadores de todo o país com Licença de Pescador Profissional na situação Deferida, inclusive aqueles contemplados na primeira etapa e que não tenham feito o recadastramento. Terceira fase (de 1º de outubro 2021 até enquanto houver demanda) será dirigida para o cadastramento em todo o território nacional de pescadores com Licença de Pescador Profissional em situação Cancelada e sem protocolo de requerimento inicial de outra licença. Essa etapa também será dirigida para pescadores sem protocolo, ou seja, pessoas físicas sem vínculo ao Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) e sem protocolo de requerimento inicial da Licença de Pescador Profissional; e pescadores com Licença de Pescador Profissional em situação Suspensa e sem comprovante de protocolo de entrega de recurso administrativo. Quarta fase (de 1º de novembro de 2021 até 31 de setembro de 2022) será destinada, por exemplo, a pessoas físicas com protocolo de requerimento inicial de Licença de Pescador Profissional, devidamente regularizado; e pescador com Licença em situação Suspensa ou Cancelada e com protocolo de
requerimento inicial de Licença de Pescador Profissional, obedecidos os prazos de solicitação para novos requerimentos em vigor no ato da suspensão ou do cancelamento. Segundo o artigo 6 § 4º da Portaria 265 somente será obrigatória a apresentação da Caderneta de Inscrição e Registro - CIR solicitada nos incisos I, II e III do caput a partir de: a) 1º de junho de 2022, quando se tratar de pescador ou pescadora profissional industrial; b) 1º de junho de 2023, quando se tratar de pescador ou pescadora profissional artesanal. O cadastramento no SisRGP 4.0 poderá ser feito pela internet, sem precisar se deslocar até uma superintendência estadual. Como acessar o SisRGP 4.0 Os pescadores podem acessar o novo sistema sem intermédio de associações e entidades do setor. É só acessar o site e criar uma conta no gov.br, optando obrigatoriamente por uma das opções de login: validação facial no aplicativo Meu Gov. Br, Internet Banking ou Certificado digital. Após o login, o pescador deve acessar o serviço CREATE pescador. O pescador que já tiver conta no gov.br, deve acessar o serviço REAP Pescador Profissional. Depois da atualização cadastral, o profissional da pesca receberá uma carteira de pescador em formato digital com QR Code.
JULHO/AGOSTO - 2021
Aquário de Santos reabre e comemora aniversário
COLUNA Programa Voluntário DP World arrecada mais de 230 cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social na Baixada Santista Iniciativa contou com o apoio dos integrantes do terminal portuário A DP World Santos comemorou, no último mês de julho, o sucesso de mais uma ação do seu programa de voluntariado. Isso porque a empresa realizou a entrega de mais de 230 cestas básicas para famílias e trabalhadores que passam por dificuldades financeiras, especialmente desde o início da pandemia. A campanha ocorreu no mês de maio e contou com o engajamento dos integrantes do terminal, além de um reforço da própria empresa, que se comprometeu a comprar uma cesta para
cada doação recebida. Entre as instituições beneficiadas estão o Fundo de Solidariedade de Santos, a Central Única das Favelas (CUFA), os Trabalhadores da Cultura de Santos, o Instituto Arte no Dique e a Associação Alfa & Ômega. As entregas ocorreram em etapas, diretamente nas organizações e, desta vez, sem a participação dos voluntários da empresa, devido aos protocolos estabelecidos desde o início da pandemia.
Dia 24 de julho, no mesmo mês de seu aniversário, o Aquário Municipal de Santos reabre e comemora 76 anos. Fechado desde março do ano passado devido à pandemia, traz novas atrações. Os animais são o casal de tubarões-bambu, que acasalou no início desse mês, um pirarucu de 1,5 metro, considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo, axolote e mais três tipos de raias: raia-prego, raia-borboleta e raia-ticonha. Haverá um varal de fotos sobre a história do parque. A reabertura é feita com capacidade reduzida e todos os protocolos sanitários de prevenção à covid-19. O equipamento funcionará de quarta a domingo, das 10h às 16h, com 20% da capacidade, com uso obrigatório de máscara, distanciamento social, disponibilização de álcool gel, aferição de temperatura na entrada. A bilheteria funciona das 10h às 15h30. Endereço: Avenida Bartolomeu de Gusmão s/n°, na Ponta da Praia. Ingresso: R$ 8 reais. Mais informações: (13) 3278-7830/32 ou pelo WhatsApp da unidade de educação ambiental (13) 98124-8752/www.facebook.com/educacaoambientaldoaquariodesantos/Instagram @uea.aquario. Rogério Bomfim PMS
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Quem é o axolote? Novo habitante do Aquário o axolote, Ambystoma mexicanum, é um anfíbio de água doce que pode viver até cerca de 20 anos.
OUVIDORIA DP WORLD SANTOS NOVO SITE 0800 779-1000 ouvidoria.ssz@dpworld.com www.dpworld.com/santos
JULHO/AGOSTO 2021
Peixe de canoa, fácil e rápido de preparar
Tainha defumada
Eduardo segue as tradições de sua família de Cananeia
O ideal é cortar o peixe em lascas
Jefferson segue a tradição do peixe defumado caiçara
Eduardo e Jefferson, que tem raízes na cidade de Cananeia no litoral sul do estado, dão aqui uma receita típica do local. Eduardo Manoel Sant´Ana Neto, arquiteto, da família Tambor, e Jefferson Maraschi, que resgatou a tradição do defumado caiçara (@defumadocaicara), são moradores tradicionais de Cananeia e falam dos ingredientes perfeitos para preparar esta delícia: batata doce e mandioquinha. Esta receita, Eduardo garante que os pescadores preparavam na canoa em dias de longas pescarias. “Afinal eles só carregam rede e remos, sobra espaço para um fogareiro”, explica. Esse prato, bem típico caiçara era feito com peixe fresco no barco, mas também pode ser feito com o peixe defumado que já vem pronto para o consumo, é só esquentar. Para começar, é só cortar a batata em pedaços
Mandioquinha e batata vão bem com a tainha
grandes e deixar cozinhar. Quando estiver um pouco cozida, acrescentar a mandioquinha e deixar até ficar no ponto. Em outra panela, colocar alho amassado e cebola cortada em pedaços grandes, com um pouquinho de óleo de coco. Deixar dourar, acrescentar o peixe cortado em lâminas grossas, acrescentar a batata e a mandioquinha, tampar e deixar até o peixe esquentar, e comer! Jefferson explica que aprendeu em Cananeia o modo de defumar o peixe na maneira antiga do
fumeiro, que os peixes eram colocados pendurados acima de um fogão a lenha num quartinho fechado. Depois aperfeiçoou a técnica construindo uma cozinha industrial, com câmara fria e máquina defumadora. Ele explica que a tainha é um peixe mais gorduroso, mas a pescada, robalo são mais magros. Jefferson explica que o ideal no preparo é cortar o peixe defumado em tiras grossas. Saiba mais em @defumadocaicara/(13) 982027594.
Da Bahia para os quintais caiçaras O cacau não serve apenas para fazer chocolate. Do sumo de sua polpa é possível preparar suco, geleia e até bolos! Nem todos têm o privilégio de ter um cacaueiro no quintal. Sidnei Bibiano há mais de 10 anos convive com essas árvores e seus frutos. Pois foi seu primo Otacílio e a esposa Tereza, hoje falecidos, que há mais de 10 anos plantaram os pés em seu quintal e arredores. Morador tradicional do bairro de Cachoeira, na Rabo do Dragão em Guarujá, aprendeu a cuidar e usar com criatividade estes frutos que hoje já se adaptaram a alguns quintais caiçaras da região às margens do Canal de Bertioga. Receita do suco de cacau Abrir três cacaus maduros, tirar a polpa com caroço e colocar no liquidificador com 1 litro de água e açúcar ou mel a gosto. Bater rapidamente e coar na peneira. Esse suco pode também substituir a água ou o leite usados para preparar um bolo comum. Geleia Retirar a polpa de cinco cacaus grandes e passar rnuma peneira com a ajuda de uma colher. Juntar 3 xícaras (chá) de açúcar e levar ao fogo, mexendo até dar ponto de geleia.
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Cristiane, nova diretora do Instituto de Pesca Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, bióloga, mestre em Ciência dos Alimentos, doutora em Nutrição em Saúde Pública (USP) é a nova Diretora Técnica de Departamento do Instituto de Pesca-IP/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios-APTA/Secretaria da Agricultura e Abastecimento-SAA. Desde dia 2 de junho ocupa o cargo de diretora-geral de quatro centros de pesquisa no Estado de São Paulo, focados na pesquisa em aquicultura e recursos hídricos. E ainda dois centros avançados de pesquisa de pescado marinho (Santos), com núcleos em Ubatuba e Cananeia, e um centro avançado no pescado continental em São José do Rio Preto. “Minha principal missão é o fortalecimento institucional do IP para responder aos objetivos estratégicos propostos pelo Governo de São Paulo e capitaneados pela SAA por meio da APTA, com geração de pesquisa focadas em Sustentabilidade”, explica Cristiane. São quatro diretrizes governamentais, com princípios gerais da própria atuação do governo e nove objetivos estratégicos nos quais a Pesca e a Aquicultura se estabelecem como importantes atividades produtivas, dentre os quais se destacam os seguintes objetivos: Agricultura competitiva fortalecendo o padrão de produção e o consumo sustentável; e Desenvolvimento sustentável preservando o meio ambiente e protegendo a população frente aos desastres naturais”, voltados para inovação tecnológica, incremento da produtividade, geração de empregos e sustentabilidade, este último objetivo estratégico embora não esteja diretamente associado à SAA, está intrinsicamente relacionado à produção agropecuária paulista, nacional e mundial. A boa notícia é o anúncio do Governo de investimento em equipamentos, serviços e obras, para os institutos de pesquisas. A partir do incremento estrutural ainda há a preocupação com a reposição do quadro de pessoal, pois desde 2004 não acontece concurso público com criação de novas vagas. Os quatro centros contam hoje com 51 pesquisadores e 52 funcionários de apoio e esperam que a criação de novos concursos amplie o quadro do pessoal. “Como pesquisadora, minha principal área de atuação sempre foi o aproveitamento integral do pescado, buscando o uso sustentável dos recursos pesqueiros e inclusão do pescado em diferentes mercados como o da alimentação escolar, mas sempre com o olhar de bióloga, enxergando as diferentes cadeias de produção do pescado e seus desafios”, conta Cristiane. O principal público-alvo do IP são os pescadores artesanais, industriais e aquicultores. O Instituto atua em áreas de pesquisa que permeiam os setores produtivos da pesca e da aquicultura, que vão deste a qualidade do meio aquático, a busca de informações sobre a produção pesqueira, estudos socioeconômicos das atividades, além do foco na sanidade do alimento Pescado e geração de produtos com valor agregado, as quais reforçam o valor da pesca e da aquicultura não somente no estado de São Paulo mas no Brasil.
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JULHO/AGOSTO 2021
Combatendo a pesca fantasma
A importância da alimentação saudável na Covid-19
pesquisador científico Luiz Miguel Casarini, bacharel e licenciado em Ciências com mestrado e doutorado em Oceanografia Biológica, desenvolve seus estudos
ISABELA CARRARI
Redes, anzóis, chumbos e outros petrechos de pesca, quando perdidos ou abandonados no mar continuam matando animais que neles se enredam. O
José Edmilson Júnior, Luiz Miguel Casarini e Marcio Paulo, secretário do Meio Ambiente Crédito Monica Doll Costa
Passados aproximadamente 15 meses de pandemia muitas dúvidas ainda existem em como lidar com a Covid-19. Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus que afeta as pessoas de modos diferentes. Sua transmissão ocorre principalmente por aerossóis resultanAugusto Pérez Montano Médico Veterinário, membro tes de tosse ou espirro da Comissão de Aquicultura de pessoas infectadas. do Conselho Regional de Como essas gotículas Medicina Veterinária do Estado de São Paulo são pesadas rapidamente elas depositam na superfície e piso. A contaminação ocorre quando há inalação ou quando se coloca a mão em locais infectados e em seguida passa a mão na boca, nariz e olhos. Nesses tempos de pandemia aprendemos que lavar as mãos ou utilizar álcool em gel, fazer uso de máscaras e manter o distanciamento social são itens fundamentais para evitar a contaminação. Porém devemos associar a estas condições uma alimentação balanceada para manter o organismo em plena harmonia. A pandemia deixou a população mais vulnerável a Covid-19, pois os consumidores, para não se expor ao novo coronavírus, evitam sair de casa e muitas vezes optam por alimentos industrializados que tem maior durabilidade, todavia esses alimentos são mais calóricos e menos nutritivos e como contrapartida levam a obesidade deixando debilitado o sistema imune das pessoas, o que potencializa a infecção pelo novo coronavírus. Não existe alimento que proteja o organismo dos vírus e bactérias de forma integral, porém quando a alimentação é variada com base em uma alimentação in natura (verduras, legumes, frutas) e em alimentos minimamente processados (arroz, feijão, leite, iogurte, carnes, ovos, castanhas, frutas secas, suco de frutas, café e água em quantidade adequada) reduz o risco de várias doenças, principalmente a Covid-19. As vitaminas “C”, “A” e “E” contribuem para uma melhora significativa na resposta imunológica. A vitamina “C “pode ser encontrada na acerola, laranja, limão, mamão, morango, abacaxi, brócolis, couve e pimentão. A vitamina “A” está presente na cenoura, abóbora, pêssego e ovos. Enquanto que, a Vitamina “E” é encontrada em abacate, amendoim, acelga, manga, mamão, abóbora, uva, ameixa seca, etc. Por outro lado, os alimentos processados (sardinha, atum, milho, ervilha, pêssego, abacaxi, figo) devem ser utilizados em pequena quantidade para preparar pratos caseiros. Sendo que os ultra processados devem ser evitados por serem ricos em sal, açúcar, corantes, conservantes e gordura e promoverem riscos de deficiências nutricionais, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidades, que podem agravar o estado clínico dos pacientes com o novo coronavírus. Certamente a manutenção e a recuperação da saúde se faz na escolha de bons alimentos.
Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar recebe homenagem da Prefeitura de Santos
sobre esse problema no Instituto de Pesca-IP de Santos e Fundação Florestal há 11 anos. O pesquisador recebeu homenagem da Prefeitura de Santos pela excelência do projeto no dia 8 de julho, Dia Mundial dos Oceanos, no Deck dos Pescadores na Ponta da Praia. “Atualmente estamos executando o projeto Mapeamento de habitats marinhos em unidades de conservação e combate à pesca fantasma, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo- FAPESP”, explica. O pesquisador explica que na Baía de Santos foram removidos cerca de 200 petrechos de pesca ilegais e fantasmas pelo projeto, principalmente pelo Parque Estadual Xixová-Japuí e Parque Estadual Marinho Laje de Santos (Fundação Florestal). Todos os componentes dos petrechos removidos do mar podem ter reuso para outras atividades ou serem reciclados. https://bluelinesystem.blogspot.com/ facebook: Petrechos de Pesca/Instagram : ghost_gear_brasil No mesmo dia da homenagem, foram colocados três coletores de PVC para descarte de equipamentos de pesca esportiva, no Deck do Pescador, numa parceria entre a Prefeitura e a ONG Gremar, voltada ao resgate de animais marinhos. Assim, pescadores recreativos podem descartar com segurança anzóis, linhas, boias, chumbadas e iscas artificiais que não usam mais. O material será recolhido e enviado a uma cooperativa especializada em reciclar artefatos utilizados na pesca. As pessoas que encontrarem animais marinhos em risco presos a redes ou anzóis, podem pedir auxílio a instituições ambientais, tais como a Polícia Ambiental (3348.4785) e ONGs, Biopesca (De Praia Grande a Peruíbe)-Tel: 08006423341/ whatsapp: (13)996012570 e Instituto GREMAR (De São Vicente a Bertioga). Tel: 0800.642.3341/(13) 997114120.
TPPS passará para iniciativa privada O leilão dos Terminais Pesqueiros Públicos de Santos e Cananeia está previsto para o quarto semestre de 2021, assim como de mais cinco no país, incluindo os de Aracaju (SE), Belém (PA), Manaus (AM), Natal (RN) e Vitória (ES). A Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/ MAPA), optou pela concessão dos Terminais de Santos e Cananeia em conjunto, o que obrigará o vencedor do leilão a reativar os dois terminais, que têm que se adequar às necessidades da comunidade pesqueira. No contrato de concessão e exploração estão incluídas as obrigações de
desembarque, lavagem, seleção e acondicionamento adequado para transporte e expedição de peixes variados e camarões, tanto da pesca artesanal quanto industrial. O concessionário deverá oferecer serviços e insumos básicos, como gelo, água, energia e combustível. Também poderá explorar atividades complementares como congelamento e armazenamento congelado de pescados; área para comercialização de pescados; estacionamento de veículos; aluguel de cais para estadia e manutenção, bem como fornecimento de gelo para transporte de pescados. Também será possível desenvolver, mediante autorização
do poder concedente, as atividades de processamento de pescados: filamento, posteamento e evisceração; comercialização de víveres e petrechos para o abastecimento de embarcações; aproveitamento industrial de resíduos e rejeitos do beneficiamento do pescado; reparos e manutenções de embarcações pesqueiras; aluguel de áreas para armazenamento de equipamentos de pesca; aluguel de salas com fins comerciais, vinculados ou não à atividade pesqueira. O prazo de concessão é de 20 anos e o valor da outorga mínima para o bloco dos terminais de Santos e Cananeia foi estipulado em R$ 1.262.568,09.
JULHO/AGOSTO 2021
Perequê e os desafios da vida caiçara Por Wendel Alexsander Dalitesi Costa “Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas”. Embora esta frase seja da obra de Guimarães Rosa e se refira a famílias agregadas nas fazendas mineiras, também traduz algo do estilo de vida caiçara, que, embora autossuficiente em sua essência, constantemente se viu empobrecido, deslocado e realocado em seu próprio habitat devido a interesses conflitantes. Conforme nos contou uma velha amiga na praia do Perequê, em Guarujá, oriunda de famílias centenárias ligadas à pequena agricultura, seus parentes mais antigos não tinham o costume de permanecer muito tempo no mesmo local. Uma vida quase cigana. Seguiam de praia em praia, conforme os recursos permitissem o sustento do grupo. Parte deste hábito era herança dos ancestrais indígenas, que naquela mesma praia, conforme a palavra tupi nos sugere, deslocavam-se serra abaixo para se alimentar dos peixes que adentravam o rio. Esta forma solta de ir e vir, assegurada pela riqueza do ecossistema, começou a ser alterada com a chegada dos portugueses, que distribuíram sesmarias entre si e construíram fazendas na ilha a qual deram o nome de Santo Amaro. Enquanto isto os primeiros mamelucos, surgidos da mescla entre brancos e índios, continuavam
seguindo de canto em canto, não mais com fartura de terras, mas muitas vezes dependentes de trabalho em roças das famílias européias ali instaladas. E assim o caiçara se reinventou com as poucas áreas cultiváveis que lhe restaram em um espaço cada vez mais restrito. E em Guarujá multiplicam-se os exemplos de comunidades formadas nestas escassas áreas vagas, como a comunidade da Prainha Branca e da Praia do Iporanga, cujo núcleo se originou da falência da Companhia de Pesca das Baleias, antiga detentora daquelas terras, o que atraiu famílias caiçaras a construir uma vida nos locais desocupados. No bairro do Perequê não foi diferente, já que seu surgimento data da década de 1920, quando a Companhia Mocchi adquiriu a área para investir em turismo e produção de açúcar, ocasião em que a estrada que ligaria a praia isolada ao restante do Guarujá foi inaugurada, já que até então só se chegava à fazenda por vias navegáveis. Mas mal se passaram 4 anos e o investimento fracassaria, abrindo espaço para que famílias de pequenos agricultores e pescadores, muitas vindas da praia do Iporanga e da Ilha do Montão de Trigo, se fixassem ali, iniciando assim um núcleo de povoamento, mais tarde acrescido de outros grupos, como catarinenses e nordestinos. Com as décadas seguintes, a abertura do caminho que ligaria o Guarujá ao litoral norte fez daquele reduto um símbolo cultural que tinha a vida rústica como emblema,
atraindo turistas aos restaurantes à beira-mar. Contudo, o crescimento desordenado do município, provocado pela explosão imobiliária das décadas de 70 e 80, contribuiu para atrair uma massa de moradores ao bairro, e também a cobiça dos especuladores. Multiplicaram-se os estabelecimentos comerciais, as construções irregulares, e o caiçara, mais uma vez, se viu privado do pouco chão que lhe sobrou desde o período colonial. Mas, apesar das pressões enfrentadas, os antigos habitantes da praia seguem firmes, ainda vivendo da pesca como forma de resistência, e mantendo as riquezas passados de pai para filho, seja nas folias de Reis, seja nas procissões marítimas de São Pedro, seja no arrastar de cada rede. Wendel Alexsander Dalitesi Costa, historiador formado pela Universidade de São Paulo. Fundador da Legado (Pesquisa e Consultoria Histórica e Genealogia). Autor do Livro os Homens da Ilha.
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Medalha Tereza de Benguela é entregue em Guarujá A Prefeitura de Guarujá, através do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Guarujá, entregou dia 26 de julho as medalhas Tereza de Benguela, em reconhecimento às mulheres que atuam na luta pela garantia dos direitos sociais. Entre as homenageadas estavam a deputada estadual Leci Brandão (que tem uma vida em defesa do povo negro), Elizabete Gonçalves (presidente do Afroketu), Livia Laellya Silva (jovem de 18 anos que pintou o muro de Luiz Gama), Marcia Santos (Movimento Mulheres que levantam outras Mulheres), Carolina Aparecida Menezes (professora de culinária, mãe de criança com autismo). O nome escolhido para a medalha é uma homenagem a Tereza de
Benguela, líder que coordenou o maior quilombo do Mato Grosso. O núcleo de resistência foi criado em 1730 e resistiu até 1795, quando foi destruído a mando da capitania regional. Sidnei Bibiano, membro do Conselho Municipal e também diretor-secretário da Associação dos Moradores e Amigos da Cachoeira da Região do Rabo do Dragão, esteve presente ao evento. “As cinco mulheres negras que receberam a medalha Tereza de Benguela são mulheres que lutam em seu dia a dia com resistência, insistência e persistência pela vida”, afirmou Bibiano. “Para mim foi muito importante participar deste evento, e lembrar que o brasileiro nasce da miscigenação de muitos povos”, concluiu Bibiano.
Aglai Monteiro, Sidnei Bibiano e Carlos Eugenio dos Santos
RAFAEL RONCARATI
Pacientes renais de Cubatão contam com hemodiálise na própria cidade Dia 8 de julho de 2020 começavam os atendimentos no Centro de Terapia Renal Substitutiva (CTRS), do Hospital de Cubatão, administrado pela Fundação São Francisco Xavier. O CTRS foi criado para atender aos moradores da cidade. Antes da inauguração, os pacientes tinham que ir até Santos, Guarujá ou Praia Grande para fazer as sessões de diálise, pelo menos, três vezes na semana. Desde a abertura, foram 2.600 diálises e 55 pessoas atendidas. “Nosso compromisso sempre foi levar
cada vez mais assistência segura e humanizada à comunidade de Cubatão. A falta de uma hemodiálise aqui era uma deficiência enorme. Ficamos felizes em celebrar este primeiro ano junto com a população”, comemora a Superintendente da FSFX, Dra. Ana Rosa dos Santos. Para auxiliar no tratamento, o Hospital conta com uma equipe multidisciplinar. O grupo é formado por nefrologistas, enfermeiros, assistente social, farmacêutica, psicóloga e nutricionista. Com 100% de atendimento pelo Sis-
tema Único de Saúde, o CTRS é um dos grandes orgulhos do Hospital e sinônimo de humanização. A diálise é necessária quando os rins falham, e o corpo retém líquido e substâncias tóxicas que deveriam ser eliminadas em forma de urina. Estas alterações podem levar a dificuldade de concentração, sonolência e ainda provocar perda de sentidos (coma). Até que o paciente consiga um novo órgão por meio de um transplante, é necessário recorrer a um tratamento para substituir o trabalho que os rins
já não conseguem cumprir. A diálise é feita com a ajuda de um dialisador. Durante o processo, parte do sangue é retirada e entra em contato com soluções especiais, onde o sangue é filtrado e retorna ao paciente. Em geral, isso precisa ser feito três vezes por semana, com duração de quatro horas. “A diálise não é o fim, ela é o recomeço para esse paciente, para mantê-lo saudável, com uma vida produtiva e reinserido na sociedade”, ressalta Dra. Rosina Dal Maso, médica nefrologista da FSFX.
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JULHO/AGOSTO 2021
Secretário da Agricultura visita Instituto de Pesca em Santos O secretário Itamar Borges, da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, esteve presente dia 29/07 na sede do Centro Avançado de Pesquisa Marinha do Instituto de Pesca, acompanhados pelo secretário-executivo Francisco Matturro e pelo coordenador da APTA, Sergio Tutui. Acompanharam a visita a diretora do IP, Cristiane Neiva, e a diretora de Centro, Thais Moron. Borges conheceu as dependências do IP, localizado em Santos, e o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores da Instituição. O Centro, localizado em Santos, tem como atribuição gerar, adaptar e transferir conhecimento científico e tecnológico para agronegócio do pescado marinho, visando o desenvolvimento socioeconômico e ambientalmente sustentável nas áreas de pesca, maricultura, tecnologia, qualidade e sanidade do pescado. O encontro foi finalizado com a visita ao Museu de Pesca, localizado num prédio histórico datado de 1908. Na ocasião, o secretário reiterou seu
respeito à ciência e à pesquisa e anunciou investimento do Governo do Estado de R$ 52 milhões nos institutos de pesquisa ligados à Secretaria de Agricultura. O valor será usado na modernização das unidades para aprimorar o atendimento a demandas de inovação e pesquisa do agronegócio de São Paulo e do Brasil. O secretário afirmou que um estudo da APTA de 2017 demonstra que a cada um real investido nas unidades de pesquisa, R$ 12,20 retornam para o setor produtivo. O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Sergio Tutui, acrescentou que cada vez que alguém come um pescado no Estado de São Paulo, encontra a marca do Instituto de Pesca, seja em novas tecnologias de produção, tanto para a pesca quanto para a aquicultura, na sustentabilidade, definindo critérios para uma pesca responsável e capacidade de suporte ambiental, como também
definindo os indicadores de qualidade e sanidade para a importação e comercialização de pescado. Na ocasião, representantes da pesca industrial, Jorge Machado do SINPESCATRAESP, e José Ciaglia, presidente da SAPESP, pediram apoio à Secretaria e ao Instituto de Pesca para a realização de cursos para os pescadores industriais. A exigência é da Portaria SAP/MAPA 310 de 29/12/2020 e entra em vigor após um ano da publicação. Ela estabelece critérios e requisitos higiênico-sanitários de embarcações pesqueiras de produção primária que fornecem matéria-prima para o processamento industrial de produtos da pesca destinados ao mercado nacional e internacional. Após 29/12/2021, somente embarcações pesqueiras certificadas e identificadas em Lista Oficial da SAP/Mapa poderão fornecer matéria-prima para os estabelecimentos sob serviço oficial de inspeção.
As diretoras Cristiane Neiva e Thais Moron, o secretário Itamar Borges, o secretário-executivo Francisco Maturro e o coordenador da APTA Sérgio Tutui
Secretário Itamar Borges (ao centro) e líderes
Adeus, Jorge
Representantes da Pesca e do IP
Morre aos 72 anos um caiçara que, além de pescar, era mestre em fazer canoas e cestaria
Jorge Manoel da Silva conhecia as trilhas indígenas como a palma de sua mão. “Eu não me perco nem no mar, nem na terra. Pode me soltar até no Amazonas que eu não me perco”, dizia com orgulho. Nascido numa fazenda em Caetê, na área continental de Santos, morou em Paraty, Bertioga e Caruara. E em Paraty faleceu dia 14 de julho, talvez para fazer trilhas inimagináveis em outras paragens. Afinal, em vida fazia longínquas caminhadas. Ia do Caetê a Paraty caminhando, numa viagem que podia durar de seis a sete dias. Sua família permaneceu em Paraty, onde a mãe teve oito filhos. O pai era lavrador na roça, plantava arroz, milho, mandioca, feijão, batata inglesa e batata doce
e na casa de farinha processava a mandioca. Ainda hoje, a família é grande, muitos parentes em Iguape, Itapema (Guarujá), Mato Grosso. Os irmãos, 13 filhos, que teve com quatro diferentes parceiras, e mais de 20 netos estão em Paraty. Fazia pilão de madeira, barcos, e com timbó-peba e taquaruçu criava cestos. Descendia de índios, portugueses da Ilha da Madeira e africanos. A habilidade em encontrar trilhas ele aprendeu numa vida inteira de vivência nas matas paulistas e fluminenses. Mas a Mata Atlântica era sua casa. Ali ele buscava material para seu artesanato, que incluía cestos, covos de pesca, e frutas silvestres para saborear. A mata é sempre um segredo cheio de novidades, muitas frutas
Apaixonado pelos animais e plantas
com sabor especial. “Até o coco é diferente”, explica dizendo que uma espécie colhida ainda pequena tem gosto de maçã. O cambucá, do tamanho de uma goiaba, tem gosto de araçá. “O abacaxi silvestre se não estiver bem madurinho é azedo mesmo”, explica com sua sabedoria de mateiro. Assim Jorge passava seus dias, volta e meia dentro da mata, longe da poluição. O que fazia Jorge correr na mata em busca das frutas silvestres? “Lá, as coisas não têm gosto de química”, explicava resumindo sua filosofia de vida sempre em comunhão com a natureza. “Aprendi muito com a vida. Só não aprendi a matar, a roubar e usar droga”, dizia com bom humor. “Conheço qualquer trilha na Mata Atlântica”, se orgulhava. “A vida na
Um abacaxi silvestre da Mata Atlântica trazido de suas longas caminhadas
mata é simples. Vou com uma bota, se a bota lascar vou descalço”, brincava. Para dormir, dizia que era só se deitar em cima da palha seca, e se cobrir com mais palha por cima. Com a faca garantia a sobrevivência, descascando palmito, cavando e arrancando raízes do chão e catando muitas frutas do mato, mamão, cajá, coco, abacaxi. “Se der tempo faço uma rede de cipó”, explicava com a experiência de quem faz desde barcos até covos (tradicionais armadilhas de pegar peixes). “Tem que ter cuidado com cobra brava, espinho nem passo perto, e evito árvore grossa, porque a onça se esconde atrás”, explicava. Jorge contava que a onça atacava por trás, cara a cara era difícil. “Onça não olha nos olhos da pessoa, se
você encarar, ela olha para baixo”, garantia. “Um dia, eu estava lá em cima de uma pedra, no Serrão, e o meu cachorro, Branco, chegou correndo, fugindo de uma onça”, contava. “O cachorro tremendo, chegou a urinar”, prosseguiu. “Quando deu comigo, comecei a olhar para ela, que deu um urro e foi se esconder embaixo de uma moita de guaricanga”, finalizou, acrescentando que se a coisa esquentasse ele se defendia com o facão. Ao morar em Caruara, fez parte do grupo de Turismo de Base Comunitária local. Ali produziu muito artesanato e deixou assim um pouco de sua arte como lembrança que um dia existiu um homem em perfeita comunhão com a terra.
Jorge (blusa amarela) e o grupo de Turismo de Base Comunitária em Caruara