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Alejandro Zambrana Mercado 24h

Alejandro Zambrana apresenta na OLD seu trabalho Mercado 24h, desenvolvido com o coletivo Trotamundos. São retratos que constroem o ambiente do mercado através de seus personagens, envolvendo o espectador nesta distinta atmosfera.

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Alejandro, conte um pouco sobre a história do ensaio. Nasce de uma vontade de conhecer um pouco mais sobre um dos mais ricos ambientes que uma cidade pode ter, que são os mercados públicos. Pois, é nesse lugar em que encontramos a síntese de uma cultura (costumes) e de seu povo. Lembro de freqüentar o mercado desde pequeno, e sempre perceber que aquele local me deixara fascinado e intrigado. Inicialmente por ser um local a descobrir e pela grandisiodade, pois é sempre um amontoado de coisas a venda e de pessoas circulando. E com passar dos anos, percebi que é um lugar rico imageticamente, e que seria interessante entender melhor através das lentes. Então criei o hábito de sempre fotografar o mercado e o entorno. E depois de algum tempo fotografando houve um hiato. Até que o coletivo Trotamundos, o qual faço parte, decidiu fazer o projeto sobre o mercado, mas com a proposta de fazer uma documentação de um dia das atividades do local – desde a sua abertura até encerramento das atividades.

Esse ensaio foi desenvolvido dentro de um trabalho coletivo, certo? Como é a experiência de produzir desta maneira?

Qual foi a participação do Trotamundos neste trabalho?

Sim. Como citei antes, a documentação do Mercado é o resultado do projeto proposto pelo coletivo Trotamundos. E o exercício coletivo no primeiro momento foi de estranheza, pois o ato sempre solitário de fotografar nos deixa mal acostumados. Mas a experiência é enriquecedora, pois agrega pontos de vistas e formas de abordagem distintos que se somam ao processo com um grande exercício final, que foi a edição em conjunto do material fotografado – onde deixamos a vaidade de lado em prol de uma narrativa coerente.

E assim, fica arraigado nas fotos que apesar da captação ser minha, o processo de abordagem e edição das imagens é coletivo.

Então, divido os créditos com Ana Lira, Marcelinho Hora, Julia da Escóssia e Zak Moreira.

Como foi o processo de conhecer os personagens deste ensaio? Qual foi sua relação com eles? Vocês ainda mantém contato?

Quando foi feita a proposta de documentar o mercado, um dos focos a ser abordado prioritariamente foram os personagens que previamente escolhemos, pois entendemos que a figura humana é a alma do mercado. Então tínhamos o tema e a abordagem que iríamos seguir, caímos em campo com os personagens que cada um deveria acompanhar, somando vinte pessoas. A receptividade dos fotografados foi a melhor possível, entenderam a proposta e que não iríamos interferir na dinâmica deles. Depois

Depois desse dia de acompanhamento, voltamos meses depois para mostrar o resultado final, realizamos projeções no mercado e distribuímos fotos aos retratados.

Evidente que os laços, apesar do pouco tempo de convivência, são os melhores.

Sempre que um de nós tem a oportunidade de ir ao mercado, troca idéias com alguns deles.

Um Mercado é um local muito complexo, com elementos muito fortes em todos os cantos. Como foi a decisão de registrar essa estrutura? Você decidiu dar prioridade às pessoas ou ao espaço?

Realmente, uma estrutura/dinâmica ímpar, com informações e pessoas para todos os lados pode acabar prejudicando o foco da abordagem. Mas, o fato do ambiente não ser “novo” pra mim, acaba conduzindo o olhar para integração do homem e o ambiente.

São homens e mulheres que acabam passando praticamente grande parte do dia atrás do balcão, chegam cedo para renovar estoque e arrumar as bancas, antes que os clientes chegam e só saem no final do da tarde, quando o mercado é fechado.

Portanto, transformam o espaço de trabalho em uma continuação de suas casas. Ali, os feirantes fazem o que normalmente fariam em seus lares, o batente e as prateleiras são tomadas como cômodos, tanto para colocar seus acessórios e afins ou ainda com as mercadorias colocadas de lado, a bancada torna uma improvisada mesa de cartas, fazendo o tempo passar mais rápido. E, para as mulheres ainda há tempo de caprichar o visual antes de acabar o expediente.

Ainda pensando na complexidade do Mercado. Como você organizou os elementos dentro das imagens e dentro da sua cabeça? Foi um desafio interessante organizar a composição dessas imagens?

O que me salta os olhos é a relação do homem e o espaço. Não organizo nada, os elementos estão explícitos, é só observar e interagir. O desafio está no que fará ou não do registro, pois voltamos a magnitude de espaço tão imagético.

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