Revista Comunidade - Edição Junho 2020

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REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE LONDRINA ANO 31 | Nº 361 | JUNHO DE 2O2O

Na festa do Sagrado Coração de Jesus, inauguração da

NOVA CRIPTA DA CATEDRAL SUMÁRIO


SUMÁRIO Editorial .............................................................................................................. 3 Aniversários ...................................................................................................... 6 Palavra do Pastor Os apóstolos Pedro, Paulo e Francisco ...................................................... 7 Ação Pastoral Missa em honra a Nossa Senhora de Fátima ............................................ 13 Solenidade da Ascensão do Senhor ............................................................ 14 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais ............................................. 15 Papa Francisco Angelus: Eucaristia implica união a Cristo e ao próximo ....................... 18 Plano parte por parte “Igreja em Saída” e a Pandemia ................................................................... 22 Especial Uma Nova Cripta para a Catedral de Londrina ......................................... 26 Reportagem À Espera da Eucaristia .................................................................................... 36 Entrevista Um Debate Sobre o Racismo Institucional ................................................ 54 Nossa Senhora Imaculado Coração de Maria ........................................................................ 63 Destaque Plantão do Dízimo em nova versão ............................................................. 66 Arquidiocese Clero da Arquidiocese adota Reuniões On-line ........................................ 72 Dom Geremias celebra no Seminário Propedêutico São José .............. 75 Paróquias Festa de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos foi sem fiéis ............... 77 Terço com as famílias envolve comunidade da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora .......................................................... 80 Santuário doa toucas e máscaras a asilo de Londrina ........................... 82 Pergunta do Mês O Ato penitencial serve para absolvição dos pecados? ......................... 85 Expediente ......................................................................................................... 88


EDITORIAL

SUMÁRIO

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EDITORIAL

O Amor como

PADROEIRO Junho é um mês especial para os fiéis da Arquidiocese de Londrina. Mês da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da Arquidiocese, da Catedral e da cidade de Londrina. Ter o Sagrado Coração como padroeiro é motivo de grande graça. O coração de Jesus é sinônimo da misericórdia de Deus, provavelmente a maior e melhor descrição de Deus, apresentada por João em sua primeira carta: Deus é amor. Celebrado na segunda sexta-feira após o Corpus Christi, o Sagrado Coração é comemorado por aqui sempre com grande festa. Missas em vários horários, devoções, novenas, orações e singela confraternização, na qual as famílias se reúnem em volta de seu Padroeiro para celebrar com alegria. Neste ano, no entanto, será diferente. A solenidade será mais uma das quais estamos vivendo distantes uns dos outros, por meio das redes sociais, sem estarmos presentes na igreja. Todos estaremos,

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EDITORIAL sem dúvida, desejosos de estar pertos, de conviver e trocar conversas e lembranças sentados à volta da Catedral. Saudosos sim, mas todos na certeza do aconchego do Sagrado Coração de Jesus. Nesta edição que comemora o padroeiro Sagrado Coração de Jesus, inauguramos a versão on-line da Revista Comunidade, um formato apropriado para a leitura pelo celular, de um jeito fácil, sem precisar ampliar as páginas para ler as matérias. Logo nas primeiras páginas você vai encontrar o sumário. Nos celulares que possuem um app de leitura de PDF (Adobe Reader ou WPS PDF, por exemplo) basta clicar no título da matéria que o arquivo te encaminhará para a página do texto. Boa leitura!

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ANIVERSÁRIOS

NATALÍCIO • • • • • • • • • • • •

01/06 Pe. Luis Carlos Greco da Silva; 02/06 Pe. Gabriel Aung Than Win PIME; 05/06 Pe. Aristides Poletto SX; 05/06 Pe. Ildo Borges Valadão; 11/06 Pe. Antônio Jorge Naufel; 19/06 Pe. André Luis de Oliveira; 22/06 Pe. João Batista Pires; 25/06 Pe. Gelson Luiz Mikuszka CSsR; 25/06 Pe. João Adão Andrade PMS; 30/06 Pe. Humberto Lisboa Nonato Gema; 30/06 Pe. Justin Francis MSFS; 30/06 Pe. Paulo Roberto Martins.

SACERDOTAL • • • • • • • • •

06/06 Pe. Fernando Dias Duarte; 15/06 Frei Rodrigo Vieira da Silva OSA; 15/06 Pe. John Jairo Garcia Chacón; 19/06 Pe. Domenico Rotunno PIME; 22/06 Pe. André Bedrowski; 26/06 Frei Jesus Caballero Fernandez OSA; 26/06 Pe. Giorgio Pedemonte PIME; 29/06 Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo; 30/06 Pe. Bruno Áthila Nascimento SAC.

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Foto: Karina de Carvalho / CNBB Sul 2

PALAVRA DO PASTOR

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Túmulo do apóstolo Pedro, no subsolo da Basílica de São Pedro, no Vaticano

Os apóstolos

PEDRO, PAULO E FRANCISCO SUMÁRIO


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PALAVRA DO PASTOR Em fevereiro de 2020 participei, com os bispos do Regional Sul II, da minha primeira Visita Ad Limina Apostolorum. É a visita que todos os bispos realizam como dever de ofício, aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, em Roma, e ao Sucessor de Pedro, o Santo Padre o Papa. Ela tem também o caráter de manifestação da unidade dos bispos com o Santo Padre. Não é, porém, uma simples viagem de turismo na Cidade Eterna, antes, é muito trabalhosa porque nela se incluem visitas a vários departamentos que ajudam o Papa a governar a Igreja Universal que ele preside “na caridade”. Portanto, realizamos visitas a várias Congregações, Dicastérios, Secretariados e as quatro Basílicas romanas: São João do Latrão; Santa Maria Maior; São Paulo fora dos Muros e São Pedro no Vaticano. Todo o programa foi preparado com cuidado e com antecedência, para que a visita propriamente pudesse ser proveitosa o mais possível. Os relatórios das dioceses e arquidioceses foram enviados alguns meses antes para que, em Roma, soubessem da realidade das nossas Igrejas Particulares.

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Foto: Karina de Carvalho / CNBB Sul 2

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Em frente à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, estátua do apóstolo com a espada, símbolo do seu martírio SUMÁRIO


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PALAVRA DO PASTOR A Visita Ad Limina reveste-se de um caráter espiritual e pastoral muito denso. Primeiramente a lembrança dos santos apóstolos. De fato Pedro e Paulo derramaram o seu sangue por causa da fé em Jesus Cristo. Enviados que foram pelo próprio Cristo a testemunhar o seu Mistério, cumpriram a missão até a morte. Diz a história que Pedro morreu crucificado de “cabeça para baixo”, por não se achar digno de morrer como o Mestre. Paulo, por sua vez, morreu decapitado. Pedro construiu a Igreja sobre a herança de Israel e Paulo levou o Evangelho para o mundo pagão, ou seja, fora da cultura israelita. Neste sentido Pedro representa mais a instituição, (rígido, jurídico, organizacional), e Paulo o carisma (missionário, mais livre, deixando falar mais o Espírito Santo e lendo os sinais dos tempos). Talvez tenha até havido conflitos entre os dois, mas, cada um à sua maneira acentuou questões importantes da vida da Igreja. Além disso, eles lembram os muitos cristãos que derramaram o seu sangue por causa da fé durante a história e todos aqueles que são os “mártires do cotidiano”. O Papa Francisco, na Exortação Gaudete et Exsultate, sobre a

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PALAVRA DO PASTOR santidade nos nossos tempos, usa o termo “santos de pé de porta” para falar dessa realidade. A visita, normalmente, mais esperada é aquela feita ao Santo Padre. Para todos nós, de fato, foi muito marcante a conversa com o Papa Francisco por várias razões: 1. O nosso horário com ele estava marcado para as 10h30, mas às 9h:30 ele já estava nos esperando e nos recebeu a todos cumprimentando-nos na porta de entrada da sala. 2. A duração da nossa estada com ele foi de 3 horas e 10 minutos. 3. Todos os bispos tiveram a liberdade de dirigir alguma pergunta ao Papa e ele respondia com muito conhecimento e liberdade. 4. Nas respostas manifestava conhecimento global da Igreja. Citava exemplos de todo o mundo e justificava suas respostas citando pensadores, teólogos, pastoralistas, inclusive sugerindo a leitura de artigos e livros atuais. 5. As perguntas giraram ao redor de vários assuntos: Formação dos padres, missão dos bispos, missionariedade, críticas ao Santo Padre, Pastoral Familiar, Sínodo da Amazônia, Doutrina Social da Igreja, mudança de época, etc. Saímos de lá edificados.

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PALAVRA DO PASTOR DEVEMOS REZAR. REZAR, ANTES DE TUDO, PARA QUE DEUS FAÇA DE NÓS CRISTÃOS VERDADEIRAMENTE APOSTÓLICOS, SOLIDAMENTE ANCORADOS À FÉ DOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO. No relato de At 12,1-11 Pedro está na prisão esperando ser entregue ao povo para ter, talvez, o mesmo fim do mestre. Mas toda a Igreja orava por ele. É esta também a coisa a ser feita agora. Devemos rezar. Rezar, antes de tudo, para que Deus faça de nós cristãos verdadeiramente apostólicos, solidamente ancorados à fé dos apóstolos Pedro e Paulo. Rezar também pelo sucessor de Pedro, para que ele que o colocou em tal posição o ilumine e o torne capaz de “confirmar os irmãos”.

DOM GEREMIAS STEINMETZ Arcebispo de Londrina SUMÁRIO


Foto: Terumi Sakai

AÇÃO PASTORAL

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MISSA EM HONRA A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA No dia de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio, o arcebispo dom Geremias Steinmetz presidiu a Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Cambé. Aproveitando a visita à paróquia, dom Geremias rezou de lá o Santo Terço transmitido pela Rádio Alvorada e Facebook da arquidiocese.

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Foto: Reprodução da internet

AÇÃO PASTORAL

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR No sábado, 23 de maio, dom Geremias presidiu a missa da Solenidade da Ascensão do Senhor no Santuário Nossa Senhora Aparecida de Londrina, decanato Leste. A missa foi transmitida ao vivo pelo facebook do santuário.

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Foto: Márcio Vendrametro

AÇÃO PASTORAL

54O DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS No dia 24 de maio, dia da Ascensão do Senhor, dom Geremias presidiu a Santa Missa na paróquia São José Operário, Decanato Oeste, marcando a celebração do 54º Dia das Comunicações Sociais. A missa foi transmitida pelo Facebook e teve a participação da coordenação arquidiocesana da Pascom.

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PAPA FRANCISCO

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Foto: Serviço Fotográfica Vaticano

Muitos vão à missa como ato social, disse o Pontífice, mas o mistério é outra coisa: “é Jesus presente, que vem para nos nutrir”.

ANGELUS: Eucaristia implica união a Cristo e ao próximo

Em sua alocução dominical, o Papa falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário.

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PAPA FRANCISCO Após celebrar a missa de Corpus Christi no domingo, 14 de junho, o Papa Francisco rezou da janela de seu escritório a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua alocução, falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário. Sem a nossa transformação, missas são ritos vazios. O efeito místico ou espiritual diz respeito à união com Cristo, que no pão e no vinho se oferece para a salvação de todos.

“Jesus está presente no sacramento da Eucaristia para ser o nosso nutrimento, para ser assimilado e se tornar força renovadora.” Mas isso requer o nosso consenso, a nossa disponibilidade

MUITOS VÃO À MISSA COMO ATO SOCIAL, DISSE O PONTÍFICE, MAS O MISTÉRIO É OUTRA COISA: “É JESUS PRESENTE, QUE VEM PARA NOS NUTRIR”.

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PAPA FRANCISCO para nos deixar transformar; do contrário, advetiu o Papa, “as celebrações eucarísticas se reduzem a ritos vazios e formais”. Muitos vão à missa como ato social, disse o Pontífice, mas o mistério é outra coisa: “é Jesus presente, que vem para nos nutrir”.

SINCERA FRATERNIDADE O segundo efeito é comunitário, isto é, da comunhão recíproca entre os que participam da Eucaristia, a ponto de se tornar um só corpo.

“Não se pode participar da Eucaristia sem se comprometer numa sincera fraternidade recíproca.” Mas sabendo que as forças humanas não são suficientes, pois entre os discípulos haverá sempre a tentação da rivalidade, o Senhor nos deixou o Sacramento da sua Presença real, concreta e permanente. Este é o dúplice fruto da Eucaristia: a união com Cristo e a comunhão entre os que se nutrem Dele. Citando a Constituição conciliar Lumen

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PAPA FRANCISCO gentium, Francisco recordou que a Igreja faz a Eucaristia, mas é mais fundamental que a Eucaristia faz a Igreja e lhe permite ser a sua missão antes mesmo de realizá-la.

“Este é o mistério da Eucaristia: receber Jesus para que nos transforme interiormente, para que faça a unidade entre nós, não a divisão.” “Que Nossa Senhora nos ajude a acolher sempre com estupor e gratidão o grande dom que Jesus nos fez deixando-nos o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue”, foi a oração final do Papa. BIANCA FRACCALVIERI Vantican News

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Foto: Serviço Fotográfica Vaticano

PLANO PARTE POR PARTE

“Igreja em saída” e a

PANDEMIA SUMÁRIO


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PLANO PARTE POR PARTE Estamos há mais de 60 dias em isolamento. Tivemos tempo de pensar muita coisa. Tivemos tempo de pensar: Como fica o trabalho de anúncio do Evangelho dentro de um período de isolamento? E mais: como será depois que pudermos nos encontrar? E o pós pandemia? Uma coisa é certa: não seremos mais os mesmos. E nem dá para ser. Nossos projetos pararam, nossas celebrações pararam. Nosso trabalho missionário de visita parou por mais de 60 dias. O que vamos fazer? O Plano de Ação Evangelizadora não contava com essa parada. Por outro lado, algumas comunidades não conhecem ainda o Plano. Parece que ele “não decolou” em algumas comunidades. Por quê? Não é hora de receitas prontas. Não é hora de optar pelo mais fácil, não é hora de receitas “vindas de fora”. É hora de nos reinventarmos. Como será nosso trabalho quando voltarmos a nos encontrar? Tenhamos uma coisa em nossas mentes: estamos num tempo extraordinário. A história mundial recente não tem relatos de algo seme-

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PLANO PARTE POR PARTE lhante ao que estamos vivendo agora. Não seremos os mesmos. E algo em nós tem que necessariamente mudar. Algo tem que nos desafiar a achar saídas corajosas. Nossa convicção em Deus deve nos levar adiante. Sentimos várias ausências neste período. A primeira e mais notória delas é a presença: fomos privados da presença de várias pessoas. Não podemos nos encontrar. Não podemos nos abraçar. O isolamento nos fez descobrir o quanto sentimos falta de algumas pessoas. Depois, vivemos a ausência da Eucaristia: não podemos nos reunir para celebrar o memorial da Páscoa de Jesus. Não podemos participar presencialmente da Eucaristia. Tivemos que aprender a participar da Eucaristia pelos meios de comunicação. E tivemos que aprender também a receber a “comunhão espiritual”, que não estávamos tão acostumados assim. Algumas pessoas perderam também, neste período, o sentido da vida. Afinal, por que estamos vivendo tudo isso? O que vai ser da minha vida daqui em diante? Estamos sendo castigados por Deus? Não, não foi castigo de Deus. SUMÁRIO


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PLANO PARTE POR PARTE A SAUDADE NADA MAIS É DO QUE EXPERIÊNCIAS QUE FIZEMOS, QUE FORAM BOAS E QUE GOSTARÍAMOS DE FAZER DE NOVO. NÃO PENSEMOS NO QUE DEUS NOS TIROU. PENSEMOS NAS OPORTUNIDADES QUE ELE NOS DEU PARA APRENDER. Deus nos ama e nos deu este momento para que aprendêssemos novas saídas, para que fizéssemos novas descobertas. Nesse período redescobrimos o valor da família, redescobrimos o valor da comunidade, entre outras coisas. A saudade nada mais é do que experiências que fizemos, que foram boas e que gostaríamos de fazer de novo. Não pensemos no que Deus nos tirou. Pensemos nas oportunidades que Ele nos deu para aprender. E quais as perspectivas para o pós pandemia? A primeira perspectiva é voltarmos ao XVII Plano de Ação Evangelizadora. Mas vamos conversar sobre isso mês que vem. PE. ALEXANDRE ALVES FILHO Ação Evangelizadora

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UMA NOVA CRIPTA para a Catedral de Londrina No dia do padroeiro Sagrado Coração de Jesus, arquidiocese inaugura a Cripta da Catedral, local que guardará os restos mortais dos nossos arcebispos

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Foto: Tiago Queiroz

ESPECIAL

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ESPECIAL Depois de um período de reformas e adequações, a nova cripta da Catedral de Londrina está pronta para apresentação ao público e será inaugurada no próximo 19 de junho, dia do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da cidade e da Arquidiocese de Londrina. Cripta, historicamente, é o local construído no subterrâneo de uma igreja, embaixo do altar, onde são sepultados os bispos e presbíteros de uma Igreja particular. A Cripta da Catedral é, hoje, o local onde estão enterrados dom Geraldo Fernandes Bijos e dom Albano Bortoletto Cavallin. No futuro, receberá também os arcebispos que falecerem exercendo aqui seu ministério ou que manifestarem o desejo de serem aqui sepultados. “Em grandes linhas a cripta é um cemitério. Mas para nós é um cemitério muito especial porque ali, por enquanto, estão dois dos nossos apóstolos. O primeiro apóstolo desta região, que foi dom Geraldo Fernandes Bijos, e o terceiro apóstolo desta região, que foi dom Albano Cavallin”, explica o arcebispo dom Geremias Steinmetz. O corpo de dom Geraldo Fernandes, primeiro bispo e arcebispo de Londrina, que estava sepulSUMÁRIO


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ESPECIAL tado do lado do presbitério da Catedral, foi transferido para a nova cripta no dia 4 de junho pela ACESF (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina), com a presença do arcebispo, do pároco padre Rafael Solano e do vigário, padre Emanuel de Paula.

Fotos: Tiago Queiroz

As criptas remetem a uma antiga tradição da Igreja de construir altares nos locais onde cristãos foram martirizados. “A Igreja primitiva construía ali um altar ou uma igreja onde eles celebravam a Eucaristia fazendo memória desses santos, desses mártires.”

No dia 4 de junho o corpo de dom Geraldo Fernandes, primeiro bispo e arcebispo de Londrina, que estava sepultado do lado do presbitério da Catedral, foi transferido para a nova cripta

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ESPECIAL A ideia fundamental da cripta construída embaixo do altar, ou o altar construído sobre a cripta, é que os cristãos celebrem a Eucaristia inseridos no mistério de Cristo, no qual estão colocadas as vidas dos santos e mártires. “A cripta da Catedral de Londrina também tem esse sentido porque está colocada justamente embaixo do altar, onde nós celebramos o mistério de Cristo e celebramos fazendo memória daqueles que fizeram conhecer esse mistério através do trabalho, que deram a sua vida, que evangelizaram e trouxeram o Evangelho para esta região, cada um à sua maneira, na sua realidade, com os desafios do seu tempo”, fala dom Geremias . Portanto, continua, é um lugar que precisava de uma readequação para que pudesse simbolizar o sentido teológico que efetivamente representa. “Pastoralmente, o nosso povo vive, celebra a Eucaristia em cima da sua história, não simplesmente em cima da sua vida de maneira particular, mas nós celebramos a Eucaristia na história da Arquidiocese de Londrina. Eis o sentido mais profundo de uma cripta. Para que de fato ali nós possamos contemplar a história da evangelização da nossa região.”

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ESPECIAL Padre Rafael Solano, pároco da Catedral, destaca também que a cripta testemunha aqueles que nos precederam na fé. “Por trás de cada uma dessas figuras reside toda uma experiência missionária, sacerdotal, ecumênica, laical, enfim, um caminho belíssimo, imagina cada arcebispo tudo o que significou sua vida terrena quando Deus o permitiu estar à frente duma igreja particular, é um presente de Deus, então vir até a cripta é também recuperar a história, a história de uma Igreja que sempre está a caminho”, conclui.

Dom Geremias, junto com o padre Rafael e padre Emanuel, abençoa o local onde foi depositado o corpo de dom Geraldo

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ESPECIAL ESPAÇO ARQUITETÔNICO A reforma da Cripta foi assinada pela arquiteta Marilu Fantin, como parte de um projeto amplo que incluirá a reforma da capela e da própria Catedral, com o objetivo de adequá-la às exigências litúrgicas. A arquiteta recebeu a missão de fazer da antiga cripta um local aconchegante, de fácil acesso e digno dos arcebispos que passaram por Londrina. A realização contou com a colaboração de doadores e benfeitores, não só de pessoas que têm uma relação com a Igreja de Londrina, mas também com os arcebispos desta arquidiocese. A arquiteta explica que a primeira exigência para a reforma foi integrar a Catedral com a cripta. Para isso, uma escada foi projetada do lado do presbitério, onde se encontrava o túmulo de dom Geraldo, ligando a igreja ao piso inferior. Ao lado da cripta foi construído um espaço para recolhimento pessoal, oração e pequenas celebrações, com um altar no formato quadrado, que representa a perfeição de Deus em toda sua criação. Esse espaço é decorado com uma cruz e a

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ESPECIAL imagem de Nossa Senhora das Dores, que em 1942 esteve na primeira igreja de Londrina.

Foto: Tiago Queiroz

“Não será um trabalho fácil visto a grandiosidade do edifício sagrado”, explica Marilu referindo-se ao conjunto de reformas que está em processo na Catedral. “Mas confiamos no empenho da comunidade diocesana e na vontade de deixar para aqueles que virão depois de nós uma Catedral digna de uma metrópole como Londrina, cidade agradável e progressiva. Nós gostamos muito do resultado, esperamos também que seja do agrado de todos”, conclui.

Espaço dos túmulos onde estão sepultados dom Geraldo Fernandes e dom Albano Cavallin

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Foto: Angelita Niedziejko

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ESPECIAL INAUGURAÇÃO O dia escolhido para a inauguração da cripta é o dia do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro arquidiocesano, padroeiro da Catedral e também da cidade de Londrina, portanto, feriado municipal. Será uma cerimônia com número reduzido de pessoas, respeitando as normas da vigilância sanitária para a pandemia e transmissão on-line da celebração. “É um evento importante para a arquidiocese no marco dos 85 anos da cidade de Londrina ainda muito mais”, explica padre Rafael Solano. A cerimônia contará com um pronunciamento do monsenhor Bernard Gafá, pároco da Paróquia Imaculada Conceição, que veio a Londrina por convite de dom Geraldo. “Assim por diante tantas personalidades que poderiam estar, se não estiverem presentes aqui ao vivo, sabemos que estarão presentes com a sua oração e com a sua presença on-line”, conclui padre Rafael. JULIANA MASTELINI MOYSES PASCOM Arquidiocesana

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REPORTAGEM

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À espera da

EUCARISTIA

Foto: Angelita Niedziejko

Na expectativa da reabertura das igrejas para missas presenciais, a celebração de Corpus Christi pode ser um momento de renovação espiritual da fé na Eucaristia

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REPORTAGEM Celebrar e valorizar a presença do corpo e do sangue de Jesus na hóstia e no vinho consagrados é o significado da festa de Corpus Christi. Comemorado na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, o dia foi oficialmente instituído no calendário da Igreja Católica pelo Papa Urbano IV, no século 13. Segundo o frei Margon Milleo, da Congregação dos Frades Menores Missionários, apesar dos muitos milagres eucarísticos registrados na história da Igreja, a determinação da festa litúrgica teve duas inspirações: as visões de uma jovem belga, canonizada como Santa Juliana de Mont Cornillon ou Juliana de Liège, e o milagre eucarístico ocorrido na Itália, o Milagre de Bolsena. (confira o box no final da matéria). Para frei Margon, Corpus Christi é uma festa que não fica só nos muros da igreja. “Ela tem uma característica interessante, pois é o único dia, oficialmente, que a Igreja dá autorização para que o Santíssimo vá pra rua, no meio das cidades e chega até mesmo aos não católicos. É uma forte expressão de colocar o Cristo real na eucaristia nas praças, nas cidades.”

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REPORTAGEM

Foto: Tiago Queiroz

Este ano, a data oficial, conforme o calendário católico, é o dia 11 de junho. Em virtude da pandemia, com as igrejas de nossa arquidiocese ainda fechadas para celebrações presenciais, a celebração exigiu a criatividade dos sacerdotes e ocorreude forma virtual. Vale lembrar que este ano, o Santíssimo já circulou por ruas de muitas cidades do país, quebrando protocolos da Igreja. “O povo está se sentindo abandonado, não pela Igreja, mas no sentido de não poder ir à missa, de não poder comungar”, diz o religioso. Por isso, ele considera que a atitude tomada por muitos párocos merece elogios.

Frei Margon: O sentido da festa do Corpus Christi é a adoração, reconhecer Jesus vivo e real na eucaristia, como o Senhor da nossa vida

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Foto: PASCOM Paroquial

REPORTAGEM

Frei Margon continua sua explicação dizendo que nos tempos atuais a celebração de Corpus Christi deve ser considerada em dois aspectos. “Primeiro, a celebração tem sua importância no sentido de adoração, de reconhecer Jesus vivo e real na eucaristia, como o Senhor da nossa vida. E, num segundo ponto, no sentido da caridade.” Ele lembra que São João Paulo II, quando papa, dizia aos padres que como Cristo é um pão que é mastigado, que é alimento para a vida dos outros, os sacerdotes também devem posicionar-se como alimento para a vida das pessoas. Não ficar só no Jesus Eucarístico, mas aprender Dele. “Por isso, muitas dioceses aproveitam

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REPORTAGEM

Foto: PASCOM Paroquial

esse período para fazer campanhas de alimentos, de agasalhos durante as procissões. Então nesse sentido, o Cristo está vivo, se fez pão sim! E como eu devo testemunhar isso? É na caridade e no amor, que é o mistério da Quinta-feira Santa. Tanto que a festa é celebrada numa quinta-feira, após a Santíssima Trindade”, explica.

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REPORTAGEM INCENTIVO À ADORAÇÃO

Foto: PASCOM Paroquial

Frei Margon destaca que nos tempos atuais, o desejo pela adoração ao Santíssimo Sacramento tem crescido entre a comunidade católica e o mérito ele credita às mídia sociais. “Às vezes a gente critica muito as mídias, mas acho que por meio delas é feito um trabalho excelente. As emissoras católicas de rádio e televisão, os canais de redes sociais têm permitido que as pessoas conheçam mais o Jesus Eucarístico.”

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REPORTAGEM

Foto: PASCOM Paroquial

Anos atrás, lembra ele, eram algumas as pessoas que tinham o desejo de fazer uma adoração. Como os integrantes do Apostolado (da Oração), senhoras idosas, pessoas mais ligadas a movimentos da Igreja. “De uns anos para cá, por conta das mídias, se veem jovens, casais, fazendo adoração. Hoje mais pessoas conhecem o mistério de Jesus Eucarístico, Jesus na hóstia, como a gente diz.”

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REPORTAGEM NÓS PADRES CONTINUAMOS CELEBRANDO, RECLUSOS, MAS CELEBRANDO. JÁ O POVO NÃO TEM ESSA POSSIBILIDADE DE COMUNGAR. ENTÃO, IMAGINO QUE, QUANDO FOR POSSÍVEL, ESSE MOMENTO SERÁ DE UMA FORÇA, DE UMA EMOÇÃO MUITO GRANDE.

OPORTUNIDADE DE CONVERSÃO Após reunião com o clero da arquidiocese, o arcebispo dom Geremias Steinmetz, tendo por base o crescente número de pessoas infectadas pelo vírus, optou por aguardar um pouco mais para a volta das celebrações presenciais.

“Estamos à espera da Eucaristia”, diz o religioso, reproduzindo a frase do arcebispo. Ele acredita que a expectativa do retorno das missas deva promover um Corpus Christi totalmente significativo para os fiéis católicos. “Nós padres continuamos celebrando, reclusos, mas celebrando. Já o povo não tem essa possibilidade de comungar. Então, imagino que, quando for pos-

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Foto: Terumi Sakai

sível, esse momento será de uma força, de uma emoção muito grande. Poder voltar aos nossos altares, voltar a receber Jesus Eucarístico, poder participar da celebração. Muitas pessoa têm nos dito ‘Padre, estou com saudades da Eucaristia’. Aí eu brinco, ‘pois é, no tempo em que tudo estava normal tinham aquela preguiça de ir à missa, né!’. Mas Deus dá uns empurrões. E agora parece ser um tempo de purificação, em que nós e o nosso povo sentimos saudades de ir à missa. Será um momento de renovação espiritual, da fé na eucaristia.”

No lugar dos desenhos feitos com pó de serra colorido, a catedral montou o tapete com cartazes produzidos pelas famílias da comunidade

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Foto: Terumi Sakai

Foto: Terumi Sakai

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Depois da missa na Catedral, o arcebispo conduziu o Santíssimo até a Santa Casa de Londrina, onde deu a bênção a pacientes e funcionários do hospital

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Foto: PASCOM Paroquial

O retorno às missas, ainda segundo o religioso, poderá ser um momento importante de conversão: “de nos convertermos de um comportamento de rotina. Por anos e séculos, sem nenhum agente de impedimento, ir à missa se tornou uma rotina. ‘Eu vou porque sou católico, porque está prescrito, porque tem que ir, eu vou porque a mãe me obriga.’ Agora não, as pessoas virão com sede da eucaristia, com vontade de estar na missa. Será uma conversão nesse sentido, vai mudar a mentalidade daquilo que é a celebração”, acredita o frei.

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REPORTAGEM UNIDOS NA SOLIDARIEDADE Frei Margon destaca também a solidariedade que o atual momento de privação tem despertado nas pessoas. Como Igreja, muitas associações se mexeram mundo afora para cuidar de doentes, para atender os mortos, as famílias enlutadas, para dar de comer aos pobres, nas ruas, nas favelas. “Tivemos muitos religiosos, padres e freiras que morreram e estão morrendo pelo Covid 19, porque não pararam com a missão. Celebrar Corpus Christi é adorar o Senhor, o Corpo de Cristo, como grande corpo que é a Igreja de Cristo, o grande corpo místico.”

“Em outras palavras” – continua o religioso – “estamos dizendo para o mundo que não estamos unidos fisicamente nos nossos templos, mas como Igreja no mundo nós nunca estivemos tão unidos como agora.” O atual momento, diz frei Margon, tem promovido ainda uma grande valorização nas coisas da fé, “Talvez pelo medo, como aquelas coisas apocalípticas, de fim do mundo, pode rolar um pouco disso no coração humano, nós somos humanos. Mas vemos sobretudo uma

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REPORTAGEM solidariedade muito grande como igreja. Não importa mais qual a minha congregação, o meu movimento. Nós somos Igreja Católica, ponto. Estamos nesse pé, graças a Deus.” CÉLIA GUERRA

Foto: PASCOM Paroquial

Foto: PASCOM Paroquial

PASCOM Arquidocesana

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Foto: PASCOM Paroquial

Foto: PASCOM Paroquial

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REPORTAGEM

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Pascom Paroquial

Foto: Bรกrbara Fabre

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REPORTAGEM

Santa Juliana relatava ter visões de Jesus, nas quais lhe dizia que faltava na liturgia da Igreja uma festa dedicada ao Corpo de Cristo

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Vitral da Igreja de São João Batista, em Nova York. Fotografia: Fr. Lawrence Lew OP

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UMA FESTA A JESUS EUCARÍSTICO Frei Margon Milleo explica que a história da Igreja registra a ocorrência de vários milagres eucarísticos. Há até o registro de casos na América Latina. Mas para a instituição da festa de Corpus Christi o religioso destaca a contribuição de Santa Juliana de Mont Cornillon ou Juliana de Liège, uma piedosa jovem moradora de Liège, na Bélgica. Ela relatava ter visões de Jesus, nas quais lhe dizia que faltava na liturgia da Igreja uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Juliana relatava essas visões a seu arcebispo, Tiago Pantaleão de Troyes, que tornou-se papa, com o nome de Urbano IV. No ano de 1264, ele decidiu por instituir o dia de Corpus Christi, quando a hóstia consagrada deveria ser levada numa

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REPORTAGEM custódia, num ostensório, pelas ruas das cidades, como forma de valorizar a presença de Cristo nela. Um ano antes, outro milagre ocorreu em Bolsena, na Itália, quando um padre ao celebrar a Santa Missa, no momento da consagração, gotas de sangue caíram da hóstia consagrada sobre o corporal (pano sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a patena com a hóstia). Papa Urbano IV pediu que essa relíquia fosse levada para Orvieto, a cidade onde morava. Depois, emitiu a Bula “Transiturus de mundo”, prescrevendo que a celebração de Corpus Christi fosse celebrada na quinta-feira após a oitava de Pentecostes. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo papa a escrever o ofício da celebração. Célia Guerra PASCOM Arquidocesana

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ENTREVISTA

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Um debate sobre o

RACISMO INSTITUCIONAL Dissertação de mestrado de padre da Arquidiocese de Londrina refletiu sobre o preconceito, dentro e fora da Igreja, a partir da história do fundador da Pastoral Afro-Brasileira

Foto: Arquivo pessoal

Padre Cristiano defendeu a dissertação de mestrado no dia 8 de maio

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ENTREVISTA Estudar também faz parte da rotina dos religiosos e no caso do padre José Cristiano Bento dos Santos, os últimos três anos foram dedicados, entre outras demandas, a um mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). A dissertação foi defendida recentemente e com sucesso. A temática do trabalho foi a trajetória do padre Antônio Aparecido da Silva, fundador da Pastoral Afro-Brasileira. A dissertação trouxe debates pertinentes para uma realidade que pode ser encontrada dentro e fora da Igreja, como o racismo. Natural de Terra Boa, no Noroeste paranaense, padre José Cristiano atualmente está à frente da Paróquia Santo Antônio (Decanato Sul). Iniciou o processo de formação religiosa e acadêmica na Diocese de Campo Mourão, em 2004. Sua ordenação diaconal foi em agosto de 2013 e a sacerdotal em 15 de dezembro de 2013, esta sob o lema: “O Espírito do Senhor me ungiu, para anunciar a Boa-Nova aos pobres” (Lc 4,18). Fez filosofia no antigo Seminário São José (Diocese de Campo Mourão), teologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

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ENTREVISTA Padre Cristiano também possui capacitação profissional em Ensino de Filosofia e Ciências da Religião, Especialização em Gestão Escolar: Administração, Supervisão e Orientação. É coordenador e professor da Escola de Doutrina Social da Igreja e assessor da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Londrina. De acordo com o sacerdote, trazendo apontamentos do professor Renold Blank, doutor em teologia e em filosofia, a “Igreja como um todo é desafiada a se adaptar à nova mentalidade da pós-moderna”, levando em conta o “contexto de rápida aceleração e evolução social”.

QUAIS MOTIVOS O FIZERAM TER ESSA ESCOLHA? A pesquisa científica é consequência de um problema. O problema do meu trabalho foi: ‘A presença do racismo na Igreja Católica. Uma instituição religiosa pode manter ideias racistas e as praticar ao longo dos séculos?’ A partir dessa problemática, resolvi analisar a trajetória do Pe. Antônio Aparecido da Silva, conhecido como

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ENTREVISTA Pe. Toninho, uma liderança que criou a Pastoral Afro-Brasileira na Igreja Católica. Uma iniciativa revolucionária que incluiu o negro no centro do debate dessa instituição. A atuação social e religiosa de Pe. Toninho fora marcada, na década de 1970, num contexto de mudança estrutural na Igreja, com o surgimento da Teologia da Libertação, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), dos Movimentos Populares, sindicais e sociais e teve o apoio de bispos progressistas, como dom Hélder Câmara, dom José Maria Pires, dom Paulo Evaristo Arns, dom Luciano Mendes de Almeida. Pe. Toninho nasceu em 28 de novembro de 1948, em Lupércio, uma pequena cidade no interior de São Paulo, e faleceu em 17 de dezembro de 2009. Ele era especialista em Teologia Moral e foi o primeiro reitor negro do Instituto Teológico de São Paulo - ITESP, onde também atuou como professor. Acrescente-se ainda que atuou como assessor das discussões em torno da atenção pastoral à questão negra, junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como a Campanha da Fraternidade de 1988; e trabalhou pela visibilidade e pelo combate ao drama do

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ENTREVISTA racismo nas assessorias que prestou ao episcopado durante as Conferências de Medellin (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992).

COMO FOI O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO? Após as orientações da Banca de Qualificação do Mestrado, minha orientadora, professora Maria Nilza da Silva, e eu resolvemos fazer uma análise sociológica da biografia do Pe. Toninho. A Sociologia da Biografia é uma análise sociológica da vida de um indivíduo, situado num determinado contexto histórico e social. A vida de um indivíduo é inseparável do conjunto de acontecimentos da experiência pessoal concebida como história e relato dessa própria história (Pierre Bourdieu, 1986). As ‘pressões sociais’ são mediações que direcionam a construção de uma trajetória existencial: a biografia (Norbert Elias, 1995). A realização de uma análise sociológica da biografia do Pe. Toninho foi o objetivo geral do trabalho, mas, para atingir isso, precisamos dos objetivos específicos, como investigar a relação da Igreja Católica com o negro; indicar até que ponto

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ENTREVISTA a cor da pele influencia a Igreja; analisar a ação do Pe. Toninho na criação da Pastoral Afro-Brasileira; identificar a importância do seu legado para a Igreja; e debater o racismo na Igreja Católica. Por isso, para o trabalho, realizamos uma pesquisa qualitativa, com a pesquisa bibliográfica. Realizou-se também entrevista, trabalhado individualmente com pessoas do círculo familiar de Pe. Toninho e da Pastoral Afro-Brasileira.

QUE REFLEXÕES APONTOU NA DISSERTAÇÃO? Constatamos que é de suma importância que existam mais estudos científicos, que se debruce um olhar analítico para a trajetória de Pe. Toninho, visto que sua atuação social remete às questões mais latentes da Igreja e da sociedade, como o racismo, abordado conceitualmente, através de sua implicação histórica nas ações da Igreja Católica em relação à população negra, buscando compreender suas perspectivas individual, institucional e estrutural, que contribui para a rejeição do negro.

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ENTREVISTA A partir dessas perspectivas, a pesquisa priorizou o racismo institucional que não se limita às subjetividades individuais, mas ao funcionamento das instituições que operam na dinâmica de conceder, ainda que indiretamente, desvantagens, privilégios, a partir da raça, sem necessidade tanto de ideologias científicas, para justificar os atos racistas, visto que é no operacional da sociedade, que se configura uma estrutura inscrita nos seus mecanismos cotidianos, garantindo a dominação e inferiorização do negro (Michel Wieviorka, 2007). A trajetória de Pe. Toninho é um campo científico de pesquisa (BOURDIEU, 1997), tendo em vista que um dos seus principais papéis é o da criação da Pastoral Afro-Brasileira por atuar no processo de inclusão do negro na Igreja Católica e da superação do racismo no interno dessa instituição religiosa. Por isso, de acordo com os apontamentos nessa pesquisa, a biografia de Toninho suscita questões complexas e profundamente relevantes para o debate, no que tangem o racismo: a identidade negra, a discriminação racial, preconceito, a desigualdade racial e o

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ENTREVISTA silenciamento do protagonismo negro dentro do catolicismo institucional. A pesquisa não só evidenciou a trajetória de Pe. Toninho na criação da Pastoral Afro-Brasileira, mas também que a própria Igreja Católica, como outras instituições, tem suas contradições históricas em matérias raciais (Abdias Nascimento, 2017). O seu discurso teológico ao longo da história serviu de sustentação para a escravidão do negro, resultado de um processo de desumanização dos povos africanos que foram transformados em mão de obra, fonte de lucro para o sistema econômico do Estado e do catolicismo institucional, baseados numa cumplicidade histórica.

QUE MENSAGEM ESTE ASSUNTO PODE TRAZER PARA NOSSA SOCIEDADE E IGREJA? Segundo Florestan Fernandes, “quase quatro décadas depois, a maioria da população negra forma um bolsão de excluídos - da riqueza, da cultura e do poder” (1989, p. 9). Essa afirma-

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ENTREVISTA ção dele possibilita a compreensão da causa de exclusão do negro nos espaços sociais de decisão e prestígio do próprio país, como os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Mercado Financeiro, Medicina, Dramaturgia, Academia. O racismo é elemento pertencente ao presente da humanidade e não somente ao seu passado, pois sua presença é consequência de uma manutenção estrutural, na qual se desfazem velhas relações sociais e se constituem novas, respondendo, a partir de formas novas, a uma função antiga. O racismo é também uma reação à sua dissociação, pois ele pode expressar uma rejeição de sua evolução, um meio de apelo à manutenção cada vez mais artificial daquilo que se dissolve e interpretar um recuo no qual, sob uma pluralidade de modalidades, o racismo contribui para estruturar um discurso com o objetivo de manter, nas diversas condições materializadas, as regras do funcionamento institucional (Michel Wieviorka, 2007). PEDRO MARCONI PASCOM Arquidiocesana

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NOSSA SENHORA

Imaculado

CORAÇÃO DE MARIA SUMÁRIO

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NOSSA SENHORA A memória litúrgica do Imaculado Coração de Maria é comemorada no sábado seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, neste ano no dia 20 de junho. Esta devoção remonta ao início do cristianismo. São Lucas faz referência a ela quando cita Nossa Senhora em algumas de suas passagens no Evangelho: “Maria conservava todas estas palavras, meditando- as no seu coração” (Lc 2,19). A Santa Sé mostrou-se favorável ao culto ao Imaculado Coração no início do século XIX. Em 1805, o Papa Pio VII concedeu a autorização para a celebração da festa às dioceses e às congregações religiosas que lhe pediam. No ano de 1855, o Papa Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios do Imaculado Coração de Maria. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 8 de dezembro de 1942, na Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Pio XII consagrou a Igreja e todo o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria e, três anos depois, estendeu a festa do Imaculado Coração de Maria para toda a Igreja Católica.


NOSSA SENHORA A partir das aparições de Nossa Senhora, em Fátima, a devoção ao Imaculado Coração de Maria ganha ainda mais força, especialmente na devoção particular dos fiéis, como aconteceu com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

CONSAGRAÇÃO PESSOAL AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, ao Vosso Coração Imaculado nos consagramos, em ato de entrega total ao Senhor. Por Vós seremos levados a Cristo. Por Ele e com Ele seremos levados ao Pai. Caminharemos à luz da fé e faremos tudo para que o mundo creia que Jesus Cristo é o enviado do Pai. Com Ele queremos levar o Amor e a Salvação até os confins do mundo. Sob a proteção do Vosso Coração Imaculado seremos um só povo com Cristo. Seremos testemunhas da Sua ressurreição. Por Ele seremos levados ao Pai, para glória da Santíssima Trindade, a Quem adoramos, louvamos e bendizemos. Amém. (oração escrita por Ir. Lúcia)

Referência: cancaonova.com


Plantão do Dízimo

EM NOVA VERSÃO

Pastoral está adotando medidas para facilitar a devolução do Dízimo pelos dizimistas

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Foto: PASCOM Paroquial

REPORTAGEM

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REPORTAGEM Neste período de quarentena, as pastorais estão tendo que reinventar seu trabalho respeitando o distanciamento social. Uma das pastorais impactadas é a do Dízimo. Com igrejas e secretarias paroquiais fechadas, foi preciso pensar em formas para os dizimistas devolverem o Dízimo. O primeiro movimento visto foi o de liberar a opção de transferência bancária. “Divulgamos a conta corrente da paróquia para as pessoas fazem o depósito e facilitamos a devolução do Dízimo por cartão. A divulgação era feita no Facebook e nas transmissões da missa. Foi a solução que encontramos durante essa pandemia”, contou Adão Camargo, coordenador da Pastoral do Dízimo, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Decanato Rolândia. Os agentes da Pastoral do Dízimo da Paróquia Pessoal Nipo-brasileira Imaculada Conceição, Decanato Centro, entraram em contato com os dizimistas por WhatsApp e telefone, informando os dias que poderia levar o envelope na secretaria. “Quando estava tudo fechado ligamos infor-

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REPORTAGEM mando os dias que poderiam entregar o Dízimo. No segundo mês, a paróquia já colocou no site a conta [corrente] para depósito”, explicou Roseli Mie Ito Nakamura.

FOI MUITO INTERESSANTE. AS PESSOAS ESTAVAM PREOCUPADAS DE COMO A IGREJA IA PAGAR AS CONTAS, ELAS SABEM QUE A IGREJA VIVE DO DÍZIMO E DAS OFERTAS. A Paróquia São José Operário, Decanato Oeste, também adotou a prática de ligar para os dizimistas para orientá-los como proceder neste período de isolamento social. Além da conta corrente, a pastoral colocou-se à disposição para buscar o dízimo na casa do dizimista. A iniciativa deu certo e foi aprovada pela comunidade.

“Foi muito interessante. As pessoas estavam preocupadas de como a igreja ia pagar as contas, elas sabem que a igreja vive do Dízimo e das ofertas”, disse Isabel Cristina Ângelo, coordenadora da pastoral. Ela e o marido, Luís Cláudio Fer-

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REPORTAGEM reira, assumiram a missão de buscar os envelopes. E eles não vão de mãos vazias. A paróquia preparou o kit do Padroeiro com sal, vela, água benta e uma medalha de São José Operário, tudo abençoado pelo pároco padre Dirceu Júnior dos Reis.

Foto: PASCOM Paroquial

“Esse contato foi muito importante. A maioria são pessoas de idade que querem conversar. Elas convidam a gente para entrar, oferecem café. Mas não entramos, para manter o distanciamento”, justificou Isabel. “Mas é uma experiência diferente. Na missa é uma coisa rapidinha, na casa eles contam histórias”, comentou.

Pastoral do Dízimo da Paróquia São José Operário se colocou à disposição para buscar o dízimo nas casas dos paroquianos

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Foto: PASCOM Paroquial

REPORTAGEM

A paróquia preparou o kit do Padroeiro, com sal, vela, água benta e uma medalha de São José Operário abençoados entregues aos dizimistas

Com o retorno da secretaria paroquial muitos dizimistas têm entrado em contato pedindo que a pastoral vá buscar o dinheiro. “Eles aproveitam a nossa visita para mandar os alimentos para os Vicentinos”, contou.

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REPORTAGEM Os agentes do Dízimo da Nipo-brasileira também perceberam a carência por atenção dos idosos. “Na nossa igreja são pessoas idosas, que moram sozinhas. Elas têm quem leve comida, remédio, mas sentem falta de um minuto de atenção”, afirmou Roseli. Segundo ela, essa nova situação que a igreja vive mostrou como é importante a integração das pastorais. “É importante a integração das pastorais para dar atenção a essas pessoas”, disse. Adão Camargo acredita que a Pastoral do Dízimo precisa repensar a sua atuação no pós-pandemia. “Precisamos pensar no que fazer no pós-pandemia, principalmente porque pode-se criar uma distância do dizimista e a paróquia neste período de isolamento. Estamos numa situação difícil”, afirmou o coordenador do Dízimo da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Rolândia. ALINE PARODI PASCOM Arquidiocesana

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Foto: Tiago Queiroz

ARQUIDIOCESE

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No dia 13 de maio, cerca de 20 padres acompanharam a reunião por videoconferência no auditório do Centro de Pastoral Jesus Bom Pastor

Clero da Arquidocese adota

REUNIÕES ON-LINE

Por videoconferência, arcebispo e padres debatem situação da pandemia na arquidiocese

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ARQUIDIOCESE Os padres da Arquidiocese de Londrina adotaram, a partir do dia 13 de maio, o sistema de reuniões por videoconferência. Realizaram reuniões também nos dias 22 de maio e 10 de junho, para discutir a possibilidade de uma abertura gradual das igrejas para realização de missas com a presença de fiéis em Londrina. O arcebispo dom Geremias Steinmetz destacou que não é apenas a abertura das igrejas que preocupa o clero, mas também contribuir para que a pandemia não se desenvolva. “A Igreja é defensora da vida, a vida está em primeiro lugar”, acrescenta padre Rafael Solano, vigário geral da arquidiocese e pároco da Catedral do Sagrado Coração de Jesus. “A Arquidiocese de Londrina respeita as decisões da ciência e vamos seguir cuidadosamente e prudentemente os passos que devem ser dados com muita tranquilidade sem nenhum tipo de pressa”, explica o padre.

VIDEOCONFERÊNCIA As reuniões por videoconferência tem tido a participação de cerca de 75 padres e iniciam com uma apresentação do arcebispo, seguida de espaço aberto para debate e colocações. “O ideal da reunião é o presencial, mas considerando o momento SUMÁRIO


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ARQUIDIOCESE em que nós estamos vivendo, até mesmo pelo tamanho da nossa arquidiocese, alguns padres são do grupo de risco, tem que se evitar aglomerações, é uma opção positiva”, afirma padre Vandemir Araujo, ecônomo da arquidiocese e pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Decanato Centro. Quanto à participação e envolvimento do clero, o padre considera excelente. “Tanto na escuta quanto no posicionamento, na colocação das opiniões, tiveram várias manifestações, então foi muito rico, realmente, o fato de ouvir, de poder falar”, comentou padre Vandemir na ocasião da primeira reunião, no dia 13 de maio.

“Os padres tiveram a oportunidade de se expressar e dar suas opiniões”, acrescenta o padre Alessandro Bobinton, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, Decanato Leste, e vigário judicial da Arquidiocese de Londrina. “Claro que há divergências naturais, mas o debate é sempre salutar”, afirma. “O modelo virtual é o caminho para muitas atividades, novas formas de se reunir, estudar, debater, enfim, usar tudo isso também para nossa evangelização e serviço do Reino.”

JULIANA MASTELINI MOYSES PASCOM Arquidiocesana

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Foto: Divulgação

ARQUIDIOCESE

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Foi a primeira visita de dom Geremias depois da instalação da casa de formação na cidade, no último dia 11 de maio

DOM GEREMIAS CELEBRA NO SEMINÁRIO PROPEDÊUTICO SÃO JOSÉ SUMÁRIO


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ARQUIDIOCESE No dia 29 de maio, o arcebispo dom Geremias Steinmetz visitou o Seminário Propedêutico São José, na cidade de Cambé, onde celebrou a Santa Missa com os seminaristas e o reitor padre Oscar Londoño. Foi a primeira visita de dom Geremias depois da instalação da casa de formação na cidade, no último dia 11 de maio. Aproveitando a visita ao seminário, que fica ao lado da Paróquia São Francisco Xavier, dom Geremias rezou o Santo Terço transmitido pela Rádio Alvorada e Facebook da Arquidiocese de Londrina na paróquia, com a participação do padre Oscar e do padre Rodrigo Favero, pároco da Paróquia São Francisco Xavier. A transmissão teve o apoio da Pastoral da Comunicação paroquial. PASCOM Arquidiocesana

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Foto: Aline Parodi

PARÓQUIAS

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A solenidade de Nossa Senhora contou com a presença dos padres e fraters palotinos que moram no Seminário São Vicente Pallotti

FESTA DE NOSSA SENHORA RAINHA DOS APÓSTOLOS FOI SEM FIÉIS SUMÁRIO


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PARÓQUIAS A Festa da Padroeira da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Decanato Centro, realizada no dia 30 de maio, véspera de Pentecostes, teve comemoração bastante incomum, com a igreja sem fiéis e a missa transmitida pelas redes sociais. A solenidade de Nossa Senhora contou com a presença dos padres e fraters palotinos que moram no Seminário São Vicente Pallotti. A imagem de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos foi coroada pelo acólito Pedro Dalécio. O pároco padre Bruno Áthila recordou, no início da missa, que ano passado a Festa da Padroeira foi celebrada com grande solenidade, com a presença do padre Antônio Maria. “Hoje estamos celebrando com a mesma alegria, mas com a igreja vazia, e unidos por todos os nossos irmãos, irmãs e paroquianos, trazendo na memória e no coração aqueles que ajudaram a construir essa igreja e essa comunidade”, disse o padre. Em sua homilia, o vigário padre Antônio Fiori afirmou que foi a Festa da Padroeira mais difícil de sua vida por ver os bancos vazios. “Vivi as primeiras festas da Rainha dos Apóstolos nesta

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Foto: Aline Parodi

PARÓQUIAS

igreja como adolescente e via o rebuliço que causava a festa, coro, povo e pregadores que vinham de fora”, disse. Padre Fiori lembrou que precisamos, como dizia São Vicente Pallotti, avivar a fé e reacender a caridade não importam as circunstâncias. A novena em preparação à Festa da Padroeira, realizada entre os dias 21 e 29 de maio, também foi transmitida pelo Facebook. Nos dias 23 e 30 de maio, foram rezadas as Litanias em honra à Rainha dos Apóstolos, solenidade que faz parte da tradição dos palotinos. PASCOM Paroquial

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Foto: Reprodução da internet

PARÓQUIAS

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Para comemorar a padroeira, o Santo Terço no dia 22 de maio reuniu vídeos de mais de 140 famílias da comunidade

TERÇO COM AS FAMÍLIAS ENVOLVE COMUNIDADE DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA AUXILIADORA SUMÁRIO


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PARÓQUIAS Mesmo em distanciamento social, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Decanato Centro, deu um jeito para comemorar o dia da padroeira reunindo toda comunidade, se não pessoalmente, pelo menos “virtualmente”. No dia 22 de maio, em parceria com o pároco, padre Vandemir Araujo, a Pastoral da Comunicação organizou um Terço em Família, juntando vídeos de mais de 140 famílias da comunidade, cada uma rezando uma parte do terço. Logo após a missa das 19h, foi feita a transmissão do terço, com 399 aparelhos acompanhando ao vivo, incluindo Facebook e Youtube, e 1.372 acessos. PASCOM Arquidiocesana

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Foto: PASCOM Santuário

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Um total de 70 toucas de lã que foram doadas para o Lar dos Vovôs e Vovozinhas que fica na Vila Nova, próximo ao Santuário

SANTUÁRIO DOA TOUCAS E MÁSCARAS A ASILO DE LONDRINA SUMÁRIO


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PARÓQUIAS

Foto: PASCOM Santuário

Um grupo de senhoras que participa do artesanato realizado no Santuário Nossa Senhora Aparecida de Londrina, Decanato Leste, pelos amigos da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) e o Lions Londrina Igapó confeccionaram 70 toucas de lã que foram doadas para o Lar dos Vovôs e Vovozinhas que fica na Vila Nova, próximo ao Santuário. O Lions Londrina Igapó doou também 150 máscaras ao asilo. As doações foram entregues no dia 4 de junho.

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Foto: PASCOM Santuário

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Devido ao isolamento e ao distanciamento social por conta do coronavírus, a pastoral não pode se reunir como fazia toda semana no salão paroquial. Por isso, as voluntárias produziram as toucas em casa e depois foram recolhidas pela coordenadora da pastoral. Os novelos de lã foram comprados com o valor arrecadado em um bazar beneficente realizado pela pastoral no início do ano. PASCOM Santuário Nossa Senhora Aparecida de Londrina

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Foto: Guto Honjo

PERGUNTA DO MÊS

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O Ato penitencial serve para

ABSOLVIÇÃO DOS PECADOS? SUMÁRIO


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PERGUNTA DO MÊS O Ato penitencial, parte dos ritos iniciais da Santa Missa não tem por objetivo o perdão dos pecados, tal como ocorre no sacramento da reconciliação (confissão). O rito do Ato Penitencial “termina com a absolvição do sacerdote; esta absolvição, porém, carece da eficácia do sacramento da penitência.” (IGMR 52). De acordo com o catecismo da Igreja Católica (1385) “quem está consciente de um pecado grave deve receber o sacramento da reconciliação antes de receber a comunhão”. São João Paulo II reafirma a necessidade da confissão ao declarar que esse sacramento “torna-se caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente do sacrifício eucarístico.” (Ecclesia de Eucaristia,53) Sendo assim, o objetivo do Ato penitencial é reconhecer nossa condição de pecadores para que se possa participar dignamente da celebração. O Papa Francisco, em audiência realizada há dois anos, recorda a importância desse reconhecimento como caminho de conversão: “Medir-se com a fragilidade do barro com que somos amassados é uma experiência que nos fortalece: enquanto nos leva a confrontarmos com a nossa debilidade, abre-nos o coração para invocar a misericórdia divina que transforma e converte. E é isto que fazemos no ato penitencial, no início da Missa.”

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PERGUNTA DO MÊS É BOM LEMBRAR QUE, EMBORA NÃO OBRIGUE, A IGREJA RECOMENDA A CONFISSÃO SACRAMENTAL TAMBÉM DOS PECADOS VENIAIS, PARA QUE POSSAMOS PROGREDIR NA VIDA ESPIRITUAL. Há que se distinguir entre pecado grave e pecado venial. Os pecados graves, ou mortais, tem como objetivo matéria grave e pleno conhecimento e consentimento. Precisam ser confessados, para que se esteja em estado de graça e se possa comungar. No pecado venial envolve matéria leve, ou falta pleno conhecimento e consentimento. Nesse caso, não há obrigatoriedade de confissão. Isto faz com que o Ato Penitencial seja considerado eficaz na purificação dos pecados veniais. Aliás, uma das formas, assim como as obras de caridade e piedade. É bom lembrar que, embora não obrigue, a Igreja recomenda a confissão sacramental também dos pecados veniais, para que possamos progredir na vida espiritual.

PE. EVANDRO DELFINO Paróquia São Lourenço - Decanato Sul

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PUBLICAÇÃO MENSAL DA ARQUIDIOCESE DE LONDRINA DESDE 1989 CENTRO DE COMUNICAÇÃO ARQUIDIOCESANA ARCEBISPO:

Dom Geremias Steinmetz EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL:

Juliana Mastelini Moyses MTB 10063 EQUIPE CENTRAL DE VOLUNTÁRIOS: Pe. Dirceu Júnior dos

Reis, Aline Machado Parodi, Célia Guerra, Luciana Maia Ressel, Pedro Marconi e Waurides Alves. COLABORADORES: Pascom’s paroquiais PROJETO GRÁFICO: Mazz Propaganda DIAGRAMAÇÃO: AD3 Comunicação FOTO DE CAPA: Terumi Sakai E-MAIL: revista@arquidioceselondrina.com.br TELEFONE: (43)3371-3141 SITE: www.arquidioceselondrina.com.br FACEBOOK: @arqlondrina INSTAGRAM: @arquidiocesedelondrina TWITTER: @arquilondrina

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PASTORAL DA COMUNICAÇÃO / PASCOM ASSESSOR ECLESIÁSTICO:

Pe. Dirceu Júnior dos Reis COORDENADORA:

Patrícia Caldana VICE-COORDENADORA:

Aline Machado Parodi SECRETÁRIO:

Tiago Queiroz E-MAIL:

pascom@arquidioceselondrina.com.br

ARQUIDIOCESE DE LONDRINA (PR)

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