KÉRAMICA
revista da indústria cerâmica portuguesa
revista da indústria cerâmica portuguesa
CREDIBILIDADE - IMPARCIALIDADE - RIGOR reconhecidos na certificação de produtos e serviços e de sistemas de gestão
Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo
Presente em 25 países
Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão
7 13 11
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Destaque . 04
Vetores Energéticos Para a Descarbonização
Entrevista . 07
À conversa com Nuno Nascimento – diretor de Estratégia e Transição
Energética da Floene
À conversa com Isabel Leitão Cymerman, CEO NewTerracotta
Energia . 11
A Importância do Biometano na Descarbonização da Indústria Cerâmica
O Papel do Hidrogénio Verde no Futuro da Cerâmica Portuguesa
Biometano: uma das principais apostas para uma verdadeira transição
energética
Associativismo . 16
CeramicLowCO2 – Roteiro para a neutralidade carbónica da Indústria Cerâmica até 2050
Arquitetura . 24
Uma Abordagem Racional e Sensível à Arquitetura
Secção Jurídica . 27
A Política Energética da UE
Outras Notícias . 28
5 Motivos Para Visitar a Ceramitec 2024 Certif com Mais 250 Clientes em 2023
Notícias & Informações . 32
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Calendário de Eventos . 40
Propriedade e Edição
APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria
NIF: 503904023
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição
Rua Coronel Veiga Simão, Edifício Lufapo
Hub A - nº 40, 1º Piso
3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Tiragem
500 exemplares
Diretor
Marco Mussini
Editor e Coordenação
Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Conselho Editorial
Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues
Capa
Nuno Ruano
Colaboradores
Albertina Sequeira, Filomena Girão, Francisco Correia da Fonseca, Isabel Leitão Cymerman, Joana Bernardo, Marco Aurélio Alves, Mariana Bem-Haja, Mário Martins, Mário Paulo, Mário Vieira, Nuno Nascimento, Rui Tavares.
Paginação
Nuno Ruano
Impressão
Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Distribuição
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números); Portugal €42,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00
Versão On-line
https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Notas
Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores.
Índice de Anunciantes
AXPO (Página 35) • CERTIF (Verso Capa) • CERAMITEC (Página 29) • FLOENE (Página 8) • GOLDENERGY (Página 1) • SMARTENERGY (Contra-Capa) • TECNA (Verso Contra-Capa)
Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem
Publicação Bimestral nº 386 . Ano XLIX . Janeiro . Fevereiro . 2024
Depósito legal nº 21079/88 Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X
Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
Novos Vetores Energéticos.
O tema de destaque desta edição da revista Kéramica é “Vetores energéticos”.
Quem não se lembra de ao entrar ou passar junto, das empresas cerâmicas e da cristalaria ver um ou mais tanques de gás que, de tempos a tempos, eram “visitados” por um camião-cisterna que os ia abastecer?
Nem vou falar dos combustíveis que antecederam o conteúdo destes “gigantes deitados”, que todas as fábricas tinham nos seus espaços.
Durante anos, ninguém pensou que esta situação pudesse ser alterada, até que um tubo enterrado chegou à porta de cada fábrica cerâmica e da cristalaria e pouco a pouco esses “gigantes deitados” foram sendo retirados e os camiões-cisterna cheios de gás, deixaram de entrar nas fábricas. Muitos, como eu, pensaram que chegamos ao futuro, quando estes tubos enterrados se encheram de gás natural e as instalações industriais foram alteradas, os processos industriais e os fornos foram afinados e adaptados.
Porém, novamente, de forma totalmente disruptiva, novos vetores enérgicos estão a chegar à indústria cerâmica e da cristalaria, acompanhados e motivados pelo cumprimento de rigorosas obrigações ambientais.
No âmbito do pacto ecológico europeu e da lei europeia em matéria de clima, a União Europeia estabeleceu uma meta vinculativa de alcançar a neutralidade climática até 2050. Para atingir estes exigentes objetivos o mix energético que é usado nas indústrias cerâmicas e da cristalaria, bem como noutras indústrias intensivas de energia, terá de incorporar novos vetores energéticos.
No REPowerEU, cujo objetivo é aumentar a resiliência do sistema energético da UE, com a diversificação das fontes de aprovisionamento de gás, está igualmente previsto aumentar os volumes de produção, importação e armazenamento de biometano e hidrogénio.
Todas as informações que a entidade gestora da rede de gás, nos vai transmitindo indicam que a rede portuguesa – das mais modernas da EU – permite a integração dos novos vetores energéticos como o hidrogénio e o biometano permitindo o armazenamento e distribuição de gases renováveis.
O nosso presente, porque o futuro passou a ser rápido, vai ser obter literacia e usar os novos vetores energéticos que nos estão a “bater à porta” das fábricas. Hidrogénio, biometano, biomassa, combustíveis sintéticos, integração de energia elétrica de fontes limpas e renováveis, pilhas de combustível, produção centralizada e decentralizada de gases renováveis, armazenamento e transporte dos novos gases, análise energética, eficiência económica, segurança do uso dos novos gases e impactos ambientais , será todo um novo dia a dia que estes desafios vão colocar à gestão das empresas cerâmicas e da cristalaria.
A indústria da cerâmica e da cristalaria vãi andar, estou confiante, à frente do desafio.
José Cruz Pratas (Presidente da Direção da APICER)Mário Paulo, Presidente do Conselho Consultivo da ERSE, ex-Diretor pela REN
O aquecimento global e consequentes alterações climáticas tornou-se evidente, e preocupa governos e cidadãos. Os países têm tentado diminuir as emissões de CO2, evitando que o aumento médio da temperatura no planeta ultrapasse 1,5ºC, minimizando assim as catástrofes ambientais e humanas que aumentos superiores podem provocar.
A tarefa tem sido difícil e ainda não se conseguiu parar o aumento destas emissões.
A descarbonização das economias é uma tarefa gigantesca, com impacto em todos os setores da economia, na organização das sociedades e nos hábitos de consumo. Requer tempo, investigação, novas tecnologias, políticas adequadas, reorganização das cidades e necessitará de elevados investimentos.
A eletricidade de fontes renováveis
Essas alterações passarão por maximizar, sempre que possível, a eletrificação das tecnologias de produção, dos edifícios e da mobilidade, a partir de fontes renováveis ou de baixas emissões de CO2, como sejam os chamados gases renováveis. Esta conversão progressiva tem tido êxito na produção de eletricidade: a produção eólica e fotovoltaica, que se vieram juntar à hídrica, já permitiram a saída das centrais a carvão de Portugal. Conseguiu-se por essa via, no mix de produção de eletricidade em 2023, uma cota de 60% com fontes renováveis, visando atingir 85% até 2030. Esta última etapa será mais difícil e onerosa.
Para a descarbonização da mobilidade tem-se promovido os carros elétricos, com adesão crescente por parte dos consumidores.
Porém, existem sectores em que a eletrificação ainda não tem soluções eficientes com preços aceitáveis e que mantenham a competitividade das empresas.
O mais impactante é o consumo de calor que algumas indústrias necessitam para o seu processo produtivo, como é o caso das indústrias das cerâmicas, vidro e cimento.
A produção de calor representou, a nível mundial em 2023, cerca de 50% do consumo final de energia e emitiu cerca de 40% das emissões de CO2 (números da AIE).
A industria da cerâmica em Portugal
Esta indústria emprega 19 505 pessoas em 1162 empresas, 180 das quais têm mais de dez trabalhadores, distribuídas por várias regiões do país, embora a maior concentração seja em Aveiro e Leiria. Apresenta um volume de negócios de 1 582 milhões de euros, com VAB de 551 milhões e exportações de 964 milhões para 170 países, conseguindo uma notável taxa de cobertura das importações pelas exportações de 332% (INE, dados 2022).
É um setor dinâmico e com peso económico e social relevante, que tem competido com êxito em geografias cujas exigência ambientais são inferiores às europeias.
A indústria em Portugal foi responsável, em 2020, por cerca de 31,2% do consumo final de energia, cerca de 4813 ktep, e 23% do consumo de gás natural com cerca de 1176 ktep.
O setor da cerâmica representa cerca de 6 % do consumo final de energia na indústria, com 285 ktep. No consumo de gás esta percentagem aumenta para 16,8% com um valor de 198 ktep (dados DGEG 2023).
O gás natural representa neste setor o maior
consumo e o maior custo energético, cerca de 70%, seguido da eletricidade com 16%, a biomassa residual com 8% e os restantes 5% com outros produtos petrolíferos.
Em 1990 o carvão foi erradicado e o GPL passou para níveis residuais. O consumo de biomassa, que em 2000 representava 323 ktep, tornou-se residual em 2010, com cerca de 20 ktep, devido à diminuição do número de empresas na produção do barro vermelho, cuja grande responsável foi a crise da construção.
O gás natural entrou no setor em 2000, com um consumo de 320 ktep constante até 2010, iniciando depois uma redução para cerca de 198 ktep, que se tem mantido até 2023 (dados DGEG).
A indústria cerâmica, sendo um setor de consumo intensivo, integrou-se nas medidas para a eficiência energética introduzidas pelo DL 71/2008. Foi criado o sistema de gestão dos consumos intensivos de energia (SGCIE) para monitorizar e promover a eficiência dos consumos de energia visando reduzir as emissões de CO2. Este regime era obrigatório apenas para indústrias de consumo anual de energia superior a 500 tep.
No âmbito do SGCIE o setor obrigou-se a ganhos de eficiência energética que se traduziram na redução do consumo de energia atrás indicada e que têm sido um dos seus pilares da descarbonização, conseguindo-se uma diminuição da intensidade energética e das emissões de CO2.
Refira-se igualmente que grande parte das indústrias cerâmicas se encontram no comércio europeu de emissões, CELE.
O gás natural é o vetor energético mais eficiente de produção de calor para temperaturas superiores a 400ºC. É abundante e os preços têm vindo a descer de forma acentuada nos mercados o que dificulta a descarbonização. Será certamente um gás de transição.
Contudo a indústria terá de procurar novas soluções; nesta fase muitas se encontram em investigação.
Novas soluções
O hidrogénio renovável
Portugal tem a ambição de produzir hidrogénio com a utilização das energias renováveis, visando descarbonizar o gás natural. Com esse objetivo estabeleceram-se metas para produzir hidrogénio por eletrólise a ser injectado na rede de gás natural, atingindo, numa primeira fase, os 10% e posteriormente 15 a 20%. Está previsto um concurso para a aquisição centralizada de
hidrogénio, em que o fundo ambiental suportará os sobrecustos relativos ao gás natural. Existem vários projetos apoiados no âmbito do PRR em curso.
Os “biogases”: biogás e biometano
Em 2023 a AIE introduziu pela primeira vez nos seus relatórios uma secção independente para o biogás, combustível gasoso produzido a partir de bioresíduos e o biometano, combustível gasoso derivado do biogás e que tem comportamento e utilização semelhante ao do gás natural.
O biogás é uma fonte de energia doméstica limpa, que pode reduzir a dependência das importações de gás natural e melhorar a segurança energética, posta em causa pela invasão da Ucrânia pela Rússia. É uma tecnologia pronta a usar, que tem ajudado a acelerar a descarbonização no curto prazo e desenvolvido outros setores da economia.
É também uma solução para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como a produção de calor na indústria para elevadas temperaturas. É uma indústria já madura e com mercados em crescimento.
No seu plano REPowerEU de 2022, a União Europeia estabeleceu uma meta não vinculativa de 35 bcm de biometano até 2030. Alguns países já têm quotas elevadas de biometano nas suas redes (a Dinamarca atingiu 37,9% em novembro de 2023).
A União Europeia iniciou a inclusão do biogás e do biometano no seu sistema de Garantia de Origem, que a indústria pode utilizar para cumprir o EU ETS, e que as empresas privadas podem utilizar para atingir as suas próprias metas de redução de emissões.
Portugal já realizou uma consulta pública visando inserir-se na estratégia europeia e criar um mercado neste âmbito. Logo que seja criado um sistema de garantias de origem assim como a entidade responsável pela sua emissão, será possível realizar trocas físicas com outros países, à semelhança do que já acontece noutros países com o biometano e na utilização do biogás na mobilidade urbana e transporte rodoviário em Portugal.
Segundo o recente estudo do LNEG, o potencial poderá atingir os 10% do consumo de gás natural. A clarificação dos licenciamentos das instalações industriais é essencial para que estes projetos avancem.
Porém, nesta fase serão sempre necessários apoios ao capex e opex.
O regime de autoconsumo
O cada vez mais reduzido custo dos painéis fotovoltaicos e a disponibilização de superfícies nas áreas industrializadas tem permitido às empresas produzir a sua eletricidade, princípio já legislado e regulado no designado regime jurídico do autoconsumo. Esta nova figura tem tido grande adesão por parte dos consumidores industriais e domésticos, sendo também uma das formas de controlar o preço da eletricidade.
Conclusões
Com as recentes metas definidas na UE para conseguir a neutralidade carbónica em 2050, é necessário considerar soluções para a substituição do gás natural.
O hidrogénio será certamente uma solução a considerar, mas será difícil existirem soluções consolidadas para os eletrolisadores antes de 2030.
O biometano é uma solução com tecnologia madura e com mercado em franca expansão na Europa. Logo que esteja estabelecida a entidade responsável pelas garantias de origem será possível, à semelhança do que já ocorre com o biogás para os transportes, comprar títulos de origem que permitirão a utilização do gás natural sem considerar as emissões.
Esta solução poderá ajudar a curto prazo, sendo compatível com a utilização do hidrogénio.
Releva-se que a opção pela substituição integral do gás natural pelo hidrogénio tem defensores, que pretendem conseguir um preço para o hidrogénio verde compatível com o gás natural. Em Espanha decorre uma experiência importante, com uma parceria entre a Iberdrola e a Porcelanosa para utilização do hidrogénio verde proveniente da eletrólise com eletricidade renovável.
No âmbito do consumo de eletricidade, o autoconsumo é um regime já utilizado com sucesso por várias empresas, neste e em outros setores, perfilando-se como a melhor solução para controlar os preços de eletricidade.
Refira-se, no âmbito da eletrificação de processos, a recente utilização dum forno elétrico para produção de louça sanitária pela fábrica da Roca em Gminden, na Áustria.
A descarbonização da indústria necessita de inovações tecnológicas, definição de políticas e financiamentos e está finalmente na ordem do dia
Kéramica - O que é o grupo Floene e onde atua?
Nuno Nascimento - O grupo Floene é o maior operador de distribuição de gás em Portugal, através da participação e gestão direta de 9 Operadoras Regionais de Distribuição de Gás (ORDs), presentes em 106 concelhos de norte a sul do país. Somos responsáveis pela gestão da rede de distribuição de gás de média e baixa pressão, em regime de serviço público.
Kéramica - Como caracteriza as infraestruturas da Floene no contexto europeu?
Nuno Nascimento - A Floene possui uma das redes mais modernas e eficientes da Europa, com uma idade média de apenas 17 anos, sendo maioritariamente constituída em polietileno (94%). Esta característica faz com que a rede esteja preparada para a distribuição dos gases renováveis, como o biometano e o hidrogénio. A Floene assume-se, assim, como um player de relevância na transição energética para uma economia de baixo carbono.
Kéramica - Que oportunidades e vantagens trazem os gases renováveis?
Nuno Nascimento - Com uma produção assente em fontes renováveis, como os resíduos orgânicos, água e energia solar, a produção de gases renováveis será totalmente descentralizada e possível em qualquer região.
Por ser produzida de forma local, a distribuição dos gases renováveis é também mais equitativa e justa por todo o país, evitando a concentração de energia em áreas urbanas e aumentando a participação das comunidades rurais na economia. Por isso, será um promotor do desenvolvimento económico e social regional, nomeadamente através da criação de empregos e de novas fontes de receita.
Kéramica - Quantos pedidos de ligação à rede de projetos de biometano recebeu, até ao momento, a Floene? E de hidrogénio?
Nuno Nascimento - A Floene já recebeu cerca de 20 pedidos de ligação de projetos de biometano, que comparam com cerca de 130 de hidrogénio verde. Contamos que estes indicadores – em particular os pedidos para o biometano – aumentem com a publicação do Plano de Ação para o Biometano e com a atualização do Plano Nacional de Energia e Clima para 2030.
Kéramica - O Plano de Ação para o Biometano foi apresentado recentemente. Qual a avaliação geral que faz do plano?
Nuno Nascimento - A elaboração de um Plano de Ação para o Biometano é um passo essencial para a utilização de mais energia renovável que será produzida em território nacional, contribuindo para o desenvolvimento das diversas regiões do País com a realização de projetos orientados para a economia circular.
O Plano de Ação para o Biometano veio reforçar que é imperativo acelerar a aposta neste gás renovável, cuja composição idêntica ao gás natural permite a sua utilização imediata pelas famílias, pelas indústrias e pelos serviços já no curto-médio prazo e sem disrupções e custos de transformação para estes consumidores.
Kéramica - Que outras vantagens traz o biometano?
Nuno Nascimento - O Biometano traz inúmeras vantagens, além de não ser necessário o investimento em novos equipamentos, o Biometano responde direta e imediatamente às necessidades dos setores com necessidades térmicas elevadas, hard-to-abate, como é o caso da indústria cerâmica.
O biometano pela sua natureza descentralizada, permite não só o fomento do uso de energia renovável local, mas também a criação de cadeias de valor diferenciadas para as comunidades locais e regionais com forte produção agrícola e industrial. Em muitos países europeus o biometano é já atualmente uma fonte extra de receita, de criação de emprego direto e de coesão territorial, promovendo sinergias entre sectores económicos.
Sendo um recurso endógeno, é produzido a partir de resíduos orgânicos, tais como resíduos domésticos, da indústria alimentar, agrícola, estrume, lamas de ETAR e gás de aterro. Assim, a aposta no biometano contribui de forma muito positiva para a economia circular local, permitindo desenvolver soluções para o tratamento de diversos tipos de resíduos.
Por último, realço que o Biometano assume uma extrema importância nos tempos atuais, ao alavancar a independência energética nacional.
Kéramica - Como vê o contributo do biometano e do hidrogénio para a descarbonização da indústria cerâmica?
Nuno Nascimento - A indústria cerâmica tem um enorme impacto em Portugal, tendo um peso relevante no consumo de gás natural distribuído em Portugal, empregando cerca de 20.000 pessoas, suportando um volume de negócios superior a 1,5 mil milhões de euros. São números impressionantes que tornam a cerâmica num dos sectores industriais com maior tradição e impacto direto na economia portuguesa.
Sendo a cerâmica um sector industrial diverso, os produtos finais desta indústria variam em muito nas suas propriedades e consequentemente na intensidade energética e carbónica. Se produtos como os tijolos podem ter uma pegada a rondar os 40kgCO2/toneladas, facilmente produtos finos com as louças podem atingir cerca de 1200kgCO2/ toneladas (dados APICER 2019). Assim, e apesar da diversidade de base, a indústria cerâmica em geral tem necessidades térmicas muito elevadas, que são mais difíceis de descarbonizar (os chamados hard-to-abate sector).
Sendo a descarbonização do sector da cerâmica um desafio constante, os gases como um todo, e em particular os renováveis (biometano e hidrogénio verde) são certamente uma parte muito importante da solução. Um estudo da Floene (suportado pela consultora Roland Berger) estima que em 2050 a indústria cerâmica possa estar totalmente descarbonizada, podendo os gases renováveis contribuir com 68% das suas necessidades energéticas.
Pela sua disponibilidade e maturidade tecnológica, o biometano será um gás renovável mais importante no curto-prazo e o hidrogénio verde uma solução de médio-longo prazo.
Kéramica - Já existe produção de biometano em Portugal?
Nuno Nascimento - Se até aqui Portugal, ao contrário de países com a França, Alemanha e Dinamarca, tem estado algo adormecido em relação ao potencial do Biometano, o Plano de Ação do Biometano lançado pelo Governo vem marcar uma nova era no caminho para a valorização deste gás renovável.
O mesmo Plano identifica um potencial que pode valer cerca de 9% de todo o gás consumido em Portugal em 2030 e cerca de 19% em 2040.
Neste momento não existe produção em grande escala no país. Existem dois projetos já a produzir Biometano, num total de 30GWh, mas não estão a injetar diretamente na rede da Floene.
O Indústria de Futuro – Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Setor Industrial Nacional é um projeto pioneiro desenvolvido pela Floene –operador líder na distribuição de gás natural em Portugal – com financiamento do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC), aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), com o primeiro lugar na categoria de medidas intangíveis.
O projeto promoveu, em 2023, seis workshops por todo o país, e reuniu diversos especialistas e entidades da área, nacionais e internacionais, com o objetivo de apoiar o setor industrial na melhoria da eficiência dos seus consumos
e na transição energética através da incorporação de gases renováveis.
Em 2024, além de continuarem ativas atividades como os diagnósticos energéticos - essenciais para assegurar a eficiência, a modernização e a competitividade das indústrias - serão realizadas novas atividades, como os cursos de formação avançada, dedicados a profissionais do setor industrial nacional.
Mais informações no Website do projeto e LinkedIn.
Existe, por exemplo, um potencial imediato não explorado, que está associado às atuais cerca de 70 unidades de biogás em Portugal, que se forem incentivadas e apoiadas para efetuar o upgrade de biogás para biometano podem representar cerca de 900 GWh por ano, o que representaria 3,5% de todo o gás consumido ao nível da distribuição em 2022.
Portugal é uma referência no caminho da eletricidade renovável. Acreditamos que também o será nos gases renováveis, em particular no biometano. Assim, para que tal aconteça, será necessário garantir que são criados mecanismos regulatórios e de apoio à oferta e procura de energia renovável, tal como foram lançados no setor elétrico.
Kéramica - A Floene lançou recentemente o projeto Indústria de Futuro. Qual o objetivo da iniciativa e que conclusões retiram dos workshops promovidos?
Nuno Nascimento - O projeto Indústria de Futuro – Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Sector Industrial Nacional é uma iniciativa pioneira em Portugal, distinguida no âmbito do Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia (PPEC). Tem como principal objetivo a partilha de conhecimento científico e tecnológico no que toca à incorporação dos gases renováveis no setor industrial numa ótica de eficiência energética e descarbonização. Envolveu as principais associações setoriais nacionais e pretende estimular um consumo mais eficiente nas indústrias, através da utilização de gases renováveis.
O Roteiro Indústria de Futuro já realizou 6 workshops temáticos, de norte a sul do país, contando com mais de 1000 participantes, os quais, mais de 10%, pertencem ao sector da cerâmica. Se pela sua novidade os gases renováveis, em particular o hidrogénio verde, podem suscitar algumas dúvidas, este Roteiro pretende clarificar conceitos, aproximar tecnólogos, consumidores e produtores, e principalmente aprofundar conhecimento sobre como descarbonizar a indústria nacional através do consumo de gases renováveis.
Convidamos todo o sector da cerâmica a acompanhar o programa, visitar o site – www.industriadefuturo. pt – e acompanhar os próximos passos do roteiro.
Kéramica - Outro dos projetos pioneiros da Floene é o de injeção de hidrogénio verde na rede de gás natural do Seixal – o Green Pipeline Project. Pode explicar de que se trata e a importância do mesmo para outros projetos semelhantes?
Nuno Nascimento - De facto, temos em curso, no Seixal, um projeto verdadeiramente inovador, que introduziu pela primeira vez Hidrogénio Verde na rede de distribuição de gás.
Trata-se de um projeto de blending – mistura de Hidrogénio Verde na rede de gás natural. Esta utilização do Hidrogénio é relevante porque permite iniciar a descarbonização da infraestrutura e dos consumos, através do aparecimento das primeiras instalações de produção, sem disrupções do lado do consumo – nomeadamente com a adaptação dos equipamentos de queima.
Havendo ainda poucos projetos de Blending na Europa, a Floene desenvolveu o projeto de raiz, sobretudo nos aspetos respeitantes à Estação de Mistura e Injeção (EMI), com o apoio dos seus parceiros neste projeto. O êxito desta iniciativa e a confirmação das soluções desenvolvidas, estão a ser fundamentais para o desenvolvimento de projetos comerciais.
A experiência que adquirimos no Green Pipeline Project, é da maior importância para os projetos de maior dimensão que vão acontecer nas diferentes zonas do país. O projeto tem até despertado o interesse a nível internacional e já recebemos visitas de comitivas de vários países.
Kéramica - Qual é o destino desta injeção de Hidrogénio Verde na rede de distribuição de gás?
Nuno Nascimento - Este projeto abastece 84 clientes, residenciais, terciários e industriais. Estes clientes começaram por receber uma mistura de 2% de hidrogénio verde na rede de gás, rondando agora os 12% e que irá aumentar até um máximo de 20% até ao final de 2024.
Kéramica - Que caminhos existem para termos uma maior segurança de abastecimento?
Nuno Nascimento - Do ponto de vista da segurança de abastecimento, a disponibilidade de dois vetores energéticos diferentes, gás e eletricidade, servidos por duas infraestruturas complementares, é a única garantia de melhores condições de competitividade, independência e segurança energética.
Uma descarbonização equilibrada, com eletricidade e gases renováveis, alavancará as vantagens competitivas energéticas nacionais, minimizando investimentos e impactos operacionais e financeiros nos consumidores e processos produtivos.
Este cenário equilibrado só é possível através da exploração de todo o potencial de produção, transporte e fornecimento de gás renovável em Portugal, tanto em Hidrogénio como em Biometano.
Nos últimos anos, temos testemunhado um movimento global em direção à sustentabilidade, impulsionado pela urgência de combater as alterações climáticas e promover um desenvolvimento mais equitativo e resiliente. Dentro deste contexto, a indústria cerâmica emerge como um setor chave, no qual a transição para fontes de energia renováveis desempenha um papel crucial na busca por práticas mais responsáveis e sustentáveis.
O setor cerâmico desempenha um papel vital na economia de Portugal, contribuindo para o crescimento
econômico, a geração de empregos, a inovação tecnológica. No entanto, como em muitos setores industriais, a produção cerâmica depende fortemente de combustíveis fósseis, como o gás natural para o seu processo produtivo, este elevado consumo de energia térmica resulta numa enorme quantidade de emissões de gases de efeito estufa nomeadamente CO2. Diante deste desafio, é imperativo que o setor cerâmico adote estratégias de descarbonização eficazes e sustentáveis. Neste sentido, duas fontes de energia renováveis emergem como protagonistas: o Biometano e o Hidrogénio.
O Biometano, produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, representa uma solução promissora para a indústria cerâmica. A sua utilização como substituto do gás natural não apenas reduz as emissões de carbono associadas à queima de combustíveis fósseis, mas também contribui para a gestão sustentável de resíduos orgânicos, promovendo a economia circular e minimizando impactos ambientais adversos. Uma das principais vantagens do Biometano como fonte de energia para a indústria cerâmica é a sua compatibilidade com os fornos já existentes, ao contrário de outros gases renováveis, que exigem investimentos em queimadores para a sua utilização. Este gás renovável possui as mesmas características que o gás natural, o que significa que os fornos cerâmicos podem operar com a mesma eficiência e desempenho. A sua utilização não compromete a qualidade dos produtos cerâmicos.
No entanto, para que estas soluções sejam efetivamente implementadas e adotadas pelo setor cerâmico, é necessário um compromisso coletivo e coordenado entre empresas, governos e sociedade civil. Investimentos em infraestrutura e tecnologias de produção de Biometano e hidrogénio, bem como incentivos financeiros e regulatórios, são essenciais para viabilizar a transição
para uma matriz energética mais limpa e sustentável. No atual contexto de busca por fontes de energia mais sustentáveis e económicas, é crucial avaliar o custo-benefício das diferentes opções disponíveis para a indústria. No que diz respeito às energias fósseis e ao Biometano, é importante considerar não apenas os custos imediatos de aquisição, mas também os custos associados à poluição ambiental e às mudanças climáticas.
As energias fósseis, como o gás natural, o carvão e o petróleo, historicamente têm sido fontes de energia relativamente baratas para a indústria devido à disponibilidade e à infraestrutura existente. As energias fósseis frequentemente sofrem de volatilidade de preços devido a fatores como geopolítica, procura global e oscilações nos mercados de commodities.
Por outro lado, o Biometano, produzido a partir de resíduos orgânicos, pode inicialmente ter custos de produção mais elevados devido à necessidade de infraestrutura específica para a sua produção e processamento. Contudo pode oferecer uma maior previsibilidade de custos a longo prazo.
É importante considerar os custos ambientais associados ao uso de energias fósseis, incluindo poluição do ar, emissões de gases de efeito estufa e impactos na saúde humana.
O Biometano, por sua vez, é uma fonte de energia renovável e de baixo carbono, que pode ajudar a reduzir as emissões de carbono da indústria e mitigar os impactos ambientais adversos associados às energias fósseis.
Para que possamos impulsionar a produção deste gás renovável é necessário a implementação de políticas públicas, como taxas sobre emissões de carbono e incentivos para energias renováveis. Tais como apoios, incentivos fiscais e os certificados de origem podem tornar o Biometano mais competitivo em termos de custo, para
incentivar a sua utilização pelas indústrias que estão obrigadas a descarbonizar.
Embora as energias fósseis possam parecer mais baratas em termos de custos diretos de aquisição e combustível, é fundamental considerar os custos ambientais e os riscos associados à sua utilização. O Biometano, apesar de potencialmente apresentar custos iniciais mais elevados, pode oferecer uma alternativa mais sustentável e economicamente viável a longo prazo, proporcionando benefícios ambientais, segurança energética e previsibilidade de custos. Como tal, é essencial que as indústrias considerem não apenas os custos imediatos, mas também os custos a longo prazo e os impactos ambientais ao tomar decisões no caminho da descarbonização.
Além disso, é fundamental promover a consciencialização e a capacitação dos stakeholders do setor cerâmico sobre os benefícios e oportunidades oferecidos pelas energias renováveis. A educação e o envolvimento público são peças-chave para estimular a inovação e a adoção de práticas mais responsáveis e sustentáveis.
A empresa Genia Bioenergy irá investir 30 milhões de euros em Leiria para construir uma central de produção de Biometano a partir de efluentes pecuários provenientes do setor suinícola e avícola. O projeto inclui a colaboração de 180 suinicultores e mais de 35 produtores avícolas locais e tem capacidade para abastecer mais de um terço do consumo doméstico de gás natural do concelho de Leiria. A central, localizada em uma área de 5 hectares, criará 50 empregos diretos e converterá a maioria dos efluentes pecuários do concelho em Biometano, água tratada e fertilizantes orgânicos. O projeto, realizado em parceria com a Ambilis e visa reduzir a emissão de CO2 em cerca de 320.000 toneladas por ano. A produção anual de 130 GWh de Biometano equivalente a 12 milhões de m3 de gás natural e será suficiente para cobrir 35% das necessidades energéticas do município.
Em resumo, o futuro da indústria cerâmica está intrinsecamente ligado à sua capacidade de se adaptar e evoluir em direção a práticas mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis. O Biometano e o Hidrogénio surgem como catalisadores desta transformação, oferecendo um caminho viável e promissor para a descarbonização do setor. Cabe a nós, como sociedade, aproveitar este momento crucial e colaborar na construção de um futuro mais sustentável e resiliente para a indústria cerâmica e para o planeta como um todo.
Este é o desafio e a oportunidade que se apresenta diante de nós. É hora de agir.
Kéramica - Conte-nos a sua história/percurso na indústria cerâmica? Como acontece esta ligação, ligações familiares?
Isabel Cymerman - Não temos qualquer história familiar ligada à cerâmica. Temos apenas a bagagem de todos os portugueses, uma curiosidade profunda pela arquitectura e uma noção clara do nosso propósito - fazer simples, sofisticado, de forma pura.
A premissa é simples: fundir as técnicas ancestrais com a estética contemporânea, oferecendo uma nova dimensão ao azulejo.
Newterracotta
Kéramica - Quantos colaboradores tem Newterracotta e qual a quantidade de produto produzida anualmente?
Isabel Cymerman - Mais de 80. Todos os colaboradores são embaixadores da marca e cada nova contratação é treinada com foco nos valores da empresa e no conhecimento profundo da linha de produtos. O nosso objectivo é que todos os nossos colaboradores sejam naturalmente apaixonados pela marca e que isso se transmita tanto nos produtos que fazemos como na experiência de compra que oferecemos.
Em 2023 produzimos aproximadamente 20.000 m2.
Kéramica - Como caracteriza a produção da Newterracotta? Que segmentos de mercado abrangem? As técnicas de manufatura são uma mais-valia na oferta da vossa produção?
Isabel Cymerman - Produzimos terracota artesanal numa fábrica à escala humana, nem muito grande nem muito pequena. Combinamos a tradição dos artesãos antigos com uma visão moderna e aberta, numa fábrica com imensa flexibilidade em que tudo é produzido por medida, sem qualquer limite de projecto. Só uma matéria tão maleável como o barro pode permitir o elevado nível de liberdade criativa nos projectos.
Operamos nos segmentos de nicho de alto valor acrescentado da arquitectura e design de interiores.
Kéramica - A forma como a Newterracotta trabalha a cerâmica, no design e cores das peças, na conjugação das formas aplicadas à escala arquitetónica, fazem pensar que o seu trabalho será um trabalho mais artístico para projetos arquitetónicos ou de design de interiores?
Quais são os atuais fatores de sucesso e de diferenciação da empresa? Qual a vossa mensagem de apresentação?
Isabel Cymerman - Gostamos de nos considerar alquimistas de cores. Tentamos estar sempre na vanguarda das diversas expressões de cor, criando um equilíbrio entre pigmento, vidrado, textura, história, ciência e emoção.
A beleza isenta de estereótipos, o poder das relações e o desenvolvimento sustentável são pilares que norteiam a nossa actuação.
Acreditamos que a marca New Terracotta incorpora os valores estética, luxo, design, inovação e sustentabilidade. A alma, a imperfeição, a beleza e o rigor de todas as peças que produzimos são o que nos distingue.
Kéramica - Qual o envolvimento da Newterracotta com arquitetos/designers e decoradores de interiores?
Isabel Cymerman - A nossa lista de clientes é diversificada e trabalhamos em projectos grandes e pequenos. Apoiamos os pequenos estúdios e colaboramos com os grandes nomes da arquitectura.
Temos um programa de colaboração com designers. A nossa abordagem é verdadeiramente colaborativa e experimental, com uma genuína satisfação em trabalhar com outros. Ao estabelecer um novo diálogo entre aqueles que produzem e aqueles que criam, a New Terracotta apoia e promove o trabalho de designers tanto consagrados como emergentes.
Kéramica - Poderemos pensar que o património do azulejo português poderá estar em perigo? Ou há uma nova vaga de designers e arquitetos, que apostam em modernas formas de azulejo, e garantem a sua continuidade e valorização?
Isabel Cymerman - Sem dúvida. Somos um país com muita tradição e conhecimento no domínio da cerâmica, mas também hoje com gente com uma visão muito mais alargada do azulejo. Existe uma nova forma de ver a cerâmica, não mais como um simples revestimento, mas como uma manifestação da cultura contemporânea.
É neste contexto que nos posicionamos: como um projecto artístico que combina tecnologia, saber fazer, experimentação.
Kéramica - Sendo Portugal um dos principais produtores de cerâmica na Europa, qual será o desafio da indústria cerâmica portuguesa na arquitetura portuguesa e mundial?
Isabel Cymerman - DESIGN FOR VALUE AND GROW. Criar valor e crescimento sustentável através de muito bom design de produto, de serviço e de comunicação.
Para tal é forçoso:
• Compreender (diferente de conhecer) profundamente os mercados,
• Criar e não copiar ( firsts don’t follow)
Kéramica - A situação da Guerra na Ucrânia e as dificuldades de logística, a instabilidade nos preços da energia, a falta de mão de obra, os desafios da transição energética, a sustentabilidade e da descarbonização são desafios com que as empresas têm de lidar diariamente
na gestão das suas empresas. Quais são para si os maiores desafios e ameaças?
Isabel Cymerman - Sem dúvida que o maior desafio dos nossos tempos é garantir os eixos de sustentabilidade da nossa operação.
Kéramica - A vertente da internacionalização é uma prioridade da Newterracotta? Para que mercados externos exportam atualmente e em que percentagem? Acha vantajosa a participação em feiras internacionais ou preferem outro tipo de promoção dos vossos produtos?
Isabel Cymerman - Somos na essência uma empresa voltada para o mundo, exportando 80% da nossa produção. Na Europa trabalhamos em quase todos os países, especialmente Reino Unido, França, Holanda. Estamos também muito orientados para o Médio Oriente e para a Ásia. Nos EUA temos tido a sorte de trabalhar com grandes arquitectos e designers de interior.
Da nossa experiência, as feiras têm alguma importância para promover a marca, mas acreditamos que os contactos directos com diferentes actores do mercado fazem toda a diferença.
Kéramica - Qual acha a melhor forma de promoção da cerâmica portuguesa nos mercados externos?
Isabel Cymerman - Feiras, visitas e fábricas abertas.
FUTURO E INVESTIMENTO
Kéramica -. Que futuro ambiciona para a Newterracotta?
Isabel Cymerman - Continuar a crescer sustentadamente, genuinamente focados nas nossas pessoas e nos nossos clientes.
Manter-nos fiéis ao nosso modelo artesanal e aos nossos valores humanistas. A liberdade criativa, a busca constante por bom design e o compromisso com a preservação da arte, assegurando a transmissão de know-how.
Kéramica - Por último, identifique uma obra da Newterracotta, em Portugal ou no estrangeiro, que pessoalmente mais a orgulha e porquê.
Isabel Cymerman - Temos fornecido hotéis, restaurantes e lojas, para além de diversos projectos particulares. Há um projecto talvez mais emblemático – o PAVILHÃO DA SUSTENTABILIDADE na EXPO MUNDIAL DUBAI 2020.
O projeto “CeramicLowCO2 - Roteiro para a neutralidade carbónica da Indústria Cerâmica até 2050” corresponde a uma candidatura submetida no âmbito do Aviso n.º 01/C11-i01/2021 - Apoio à elaboração de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das Empresas.
A Componente 11 - Descarbonização da Indústria, integrada na Dimensão Transição Climática do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), visa alavancar a descarbonização do setor industrial e empresarial e promover uma mudança de paradigma na utilização dos recursos, concretizando medidas do Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e contribuindo para acelerar a transição para uma economia neutra em carbono.
O projeto, promovido em consórcio constituído pela APICER (entidade líder) e o CTCV, será desenvolvido durante um período de 24 meses, e engloba as seguintes fases:
• Fase 1 - Elaboração do Roteiro de descarbonização do sector da cerâmica
• Fase 2 - Plano de Comunicação / Capacitação / Divulgação
• Fase 3 - Monitorização e Avaliação
• Fase 4 - Gestão do Projeto
O evento de lançamento do projeto teve lugar no dia 7 de fevereiro, no Hotel Montebelo Ílhavo, com a presença de 165 participantes, e promoveu o debate sobre um ambiente mais sustentável e os desafios que o setor enfrenta no caminho da descarbonização. Esta iniciativa conjunta da APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria e do CTCV - Centro de Tecnologia e Inovação, tem como objetivo não só apresentar o projeto, como ser um es -
paço de partilha entre todos para a construção de caminhos para a Sustentabilidade e Descarbonização da Indústria Cerâmica Nacional, tornando-a mais competitiva num contexto de transição climática. O IAPMEI acompanhou esta sessão enquanto responsável pela Medida Roteiros para a Descarbonização da Indústria, que integra a Componente 11 - Descarbonização da Indústria do PRR e tem como objetivo apoiar atividades ou proje-
tos que, entre outros, ajudem na mitigação das alterações climáticas, através de ações que contribuam para a descarbonização da economia e, desta forma, para o cumprimento de metas, designadamente no domínio da descarbonização, das energias renováveis e da eficiência energética.
Da sessão de lançamento, destacamos:
• Contextualização das diretrizes europeias para a Descarbonização da Indústria;
• Abordagem ao Roteiro Tecnológico Industrial para tecnologias de baixo carbono nas Indústrias Intensivas em Energia (IIE), publicado pela União Europeia em abril de 2023, com o objetivo de acelerar a transferência dos resultados da investigação e inovação para facilitar a transformação verde e digital do Ecossistema das IIE na União Europeia;
• Enquadramento estratégico destacando, ao nível nacional, a Lei de Bases do Clima e, a nível europeu, a Comunicação da Comissão Europeia, de dia 6 de fevereiro, definindo novas metas a acompanhar pelos diversos setores nacionais de forma a assegurar a sua competitividade
• A SRIA 2050 (Strategic Research and Inovation Agend) que detalha a abordagem colaborativa única da Processes4Planet (P4Planet), criada com o objetivo de fornecer a inovação intersetorial essencial para esta transformação. Foi apresentada uma visão
da importância de transformar a indústria transformadora europeia para uma sociedade sustentável e próspera (A.SPIRE);
• Mesa-redonda dedicada à apresentação e debate de “Estratégias para a descarbonização da indústria cerâmica”, com intervenção prévia da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) que alertou para a tripla crise mundial que vivemos: alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição;
• Painel em que foram apresentados e debatidos processos para a descarbonização da indústria e, em particular, a importância dos gases renováveis na descarbonização da indústria;
• Painel dedicado ao tema 'Contributos para a neutralidade carbónica', com representantes da CoLAB BIOREF, GENIA Bioenergy, SMARTENERGY, Floene Energias e Roca, S.A., que apresentaram os projetos em curso e debateram estratégias possíveis para a descarbonização da indústria, intensiva em energia.
Houve ainda oportunidade para proceder à apresentação de diferentes prospetivas para a indústria, refletir nas vantagens e inconvenientes de novas tecnologias emergentes e da sua possível aplicação para a descarbonização da indústria intensiva em energia e do setor da cerâmica.
Francisco Correia da Fonseca, Mário Vieira, Marco Aurélio Alves, WavEC Offshore Renewables
A invasão russa da Ucrânia lançou a Europa, que à data se encontrava particularmente vulnerável e dependente do gás russo, numa crise energética sem precedentes. Com os cortes de abastecimento, os preços do gás natural (mais bem apelidado de gás fóssil) dispararam, resultando num efeito dominó inflacionário em todos os setores da economia, em particular nos estados-membros mais dependentes de gás e nas indústrias mais intensivas em energia. Em resposta à crise, a independência energética e a segurança de abastecimento foram colocadas no topo das prioridades europeias a par com a descarbonização da economia. Neste sentido foram viabilizados investimentos em energias limpas, renováveis e de produção local.
Apesar de Portugal não ter sido dos países mais afetados pela crise energética, registou-se em 2022 um aumento médio de 20% dos custos operacionais das empresas, consequência do aumento dos custos energéticos¹. Enquanto indústria intensiva em energia, o setor cerâmico em Portugal foi inevitavelmente impactado,
uma vez que a energia representa mais de 30% dos seus custos industriais. A grande maioria do seu consumo energético é do tipo térmico, especialmente nas fases de atomização, secagem e cozedura, que requerem processamentos industriais a temperaturas muito elevadas, alcançadas usualmente através da queima de gás fóssil.
Ainda que se observe um esforço europeu e nacional para a eletrificação dos consumos, substituindo processos e tecnologias assentes em combustíveis fosseis e motores de combustão por alternativas elétricas, mais limpas e eficientes, é factual que, no caso de indústrias como a cerâmica, o caminho para a transição energética é mais complexo. A eletrificação direta destes processos industriais a temperaturas que excedem os 1000ºC ainda enfrenta grandes limitações tecnológicas e desafios relativos à integração na rede elétrica. Estes desafios traduzem-se em elevados custos de investimento e operacionais que tornam atualmente a eletrificação uma opção economicamente inviável.
Neste contexto, o hidrogénio verde apresenta-se como um dos principais vetores para a descarbonização
da nossa economia. Produzido através do eletrólise da água, utilizando energia elétrica proveniente de fontes renováveis, o hidrogénio verde pode ser convertido para eletricidade (através de uma reação química controlada) ou queimado, nomeadamente para aquecimento ou até mesmo propulsão de naves espaciais. Em ambos os casos, a única emissão direta é vapor de água.
Existe muita discussão relativamente ao verdadeiro potencial do hidrogénio verde enquanto solução e alternativa energética realista para as mais variadas aplicações. Existem provas substanciais de que em aplicações de transporte pessoal bem como no aquecimento residencial, soluções assentes na eletrificação direta através de baterias e motores elétricos e bombas de calor sejam mais eficientes, mais fiáveis e baratas. No entanto, em setores onde a eletrificação é mais intrincada, impossível, ou economicamente inviável (apelidados de “ hard-to-abate sectors ” ), o hidrogénio verde apresenta-se como uma solução realista.
Existem ainda desafios consideráveis para que o hidrogénio se consolide enquanto ferramenta de descarbonização de indústrias como a cerâmica. De forma a acelerar a sua integração em ambiente industrial, a Comissão Europeia definiu recentemente a Estratégia para o Hidrogénio onde define ações em cinco áreas: suporte ao investimento, promoção da produção de hidrogénio verde, criação de infraestrutura e mercado no setor, promoção da investigação e cooperação no desenvolvimento tecnológico destas tecnologias. Na indústria cerâmica nacional, podem-se destacar três principais obstáculos à adoção a grande escala do hidrogénio verde: i) preço/
custos, ii) volume de eletricidade renovável necessária, e iii) necessidades de água.
No que toca a preço, atualmente, as estimativas de custos do hidrogénio verde rondam os 5-8 €/kg, o que corresponde a 0.150-0.240€/kWh quando se consideram as densidades energéticas e o poder calorífico deste gás. Hoje, este preço é ainda substancialmente superior ao preço por kWh do gás fóssil (cerca de 0.09€/kWh para grandes consumidores). No entanto, antecipa-se que os aumentos de eficiência dos eletrolisadores, diminuições nos custos associados ao armazenamento e transporte (sobretudo no caso de o hidrogénio ser produzido no local de consumo), efeitos de escala, bem como a tendência de redução de custos das tecnologias de energia renovável que se têm observado, se traduzam numa descida significativa dos custos para os 3-5€/kg (0.089-0.150 €/kWh, mais em linha com o preço atual do gás fóssil).
O segundo obstáculo é relativo ao volume de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, necessária para a produção de hidrogénio verde. Estima-se que, para abastecer todo o consumo anual de energia térmica do setor cerâmico em Portugal (cerca 200 kteps), seriam necessárias cerca de 69,000 toneladas de hidrogénio verde. Por sua vez, considerando as eficiências atuais dos eletrolizadores, este volume de hidrogénio verde requererá cerca de 4650 GWh de eletricidade renovável adicional por ano, o que corresponde a 15% de toda a eletricidade renovável gerada em Portugal em 2023. Para abastecer este consumo de eletricidade renovável, calcula-se que seria necessária a instalação de, por exemplo, cerca de 3.3 GW adicionais de parques solares
fotovoltaicos, um valor muito próximo da capacidade instalada em Portugal à data (3.89 GW). Considerando que a capacidade renovável existente hoje em Portugal não é ainda suficiente para suprir 100% do consumo de eletricidade nacional, torna-se fundamental que o país veja a sua capacidade renovável – em particular, de energia solar eólica – aumentar significativamente nos próximos anos.
Por fim, o último obstáculo à implementação a grande escala do hidrogénio verde na indústria cerâmica é relativo ao consumo de água. Nos últimos anos, tem-se observado em Portugal Continental uma maior frequência de episódios de seca meteorológica, uma situação que poderá ser exacerbada pelos efeitos das alterações climáticas, com consequências reais no setor agrícola, industrial e na sociedade em geral. Neste sentido, uma preocupação frequente consiste em saber se a produção deste hidrogénio verde poderá ou não criar uma pressão adicional na segurança hídrica nacional. Fazendo as contas, por quilograma de hidrogénio verde, serão necessários cerca de 22.5 L de água limpa (incluindo perdas)³. Assim, é possível calcular que a quantidade de água necessária para um ano de consumo de hidrogénio verde é cerca de 1,550 milhões de litros de água potável, o que parecendo um valor alto, representa menos de 0.25% do consumo anual em Portugal (63,300 L per capita em 2021). Este cálculo sugere que, à escala nacional e no curto prazo, este obstáculo seja de menor importância. Contudo, a um prazo mais alargado e em regiões do país
particularmente vulneráveis à escassez de água, poderá ser necessário considerar a utilização de águas residuais, ou água do oceano, como alternativa para reduzir consumos. No entanto, é de esperar que nesse caso, o tratamento e dessalinização da água salgada tenha um impacto negativo no custo final do hidrogénio produzido.
O hidrogénio verde, produzido localmente, emerge assim como uma solução promissora para eliminar as emissões de gases de efeito estufa, reforçando a independência e segurança energética a nível nacional. No entanto, apresentam-se alguns desafios à implementação destas tecnologias, devendo estes desafios ser abordados de forma integrada por políticas de suporte que incentivem as reduções de custos de forma a não pôr em risco a competitividade da indústria nacional. À medida que avançamos no nosso compromisso de descarbonização da economia e combate às alterações climáticas, observa-se uma clara tendência mundial de crescimento da procura por produtos e serviços com baixa pegada de carbono, acelerado em parte por uma maior taxação de produtos e atividades mais poluentes. Neste contexto, o hidrogénio verde poderá ter um papel fundamental, permitindo que indústrias nacionais, como a indústria cerâmica, se posicionem como líderes em sustentabilidade beneficiando de uma nova tendência de consumo que se tem vindo a consolidar, e que assenta na procura e valorização por parte dos consumidores de produtos com baixa pegada carbónica.
BIOMETANO: UMA DAS PRINCIPAIS APOSTAS PARA UMA VERDADEIRA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
por Joana Bernardo, Diretora Técnico-Científica do CoLAB BIOREFO setor industrial da cerâmica conta com diferentes empresas no seu tecido empresarial e representa uma parte importante na economia portuguesa. Destaca-se pela geração de produtos de alto valor e com reconhecimento internacional assim como pelo facto de nos últimos 2 a 3 anos o setor ter atingido recordes no valor das suas exportações, superando-se a si mesmo de ano para ano.
A importância da indústria portuguesa no seu todo não se limita apenas ao âmbito económico, estendendo-se também ao contexto ambiental. Portugal enfrenta a necessidade premente de implementar etapas concretas para a transição energética. No caso particular da indústria da cerâmica, este é um setor onde a transição enfrenta uma
complexidade acentuada, por lhe serem inerentes consumos intensivos de energia, devido às altas temperaturas requeridas nos seus processos produtivos.
A transição energética abrange diversos fatores. Logo à partida, a eficiência energética dos processos industriais é uma prática crucial nesse sentido. Apesar dos esforços consideráveis registados nas últimas duas décadas para otimizar a eficiência energética e que permitiram reduzir substancialmente os consumos energéticos na indústria cerâmica, a otimização como ato isolado não é suficiente para conduzir a uma transição eficaz. Sobretudo, se for necessário o uso recorrente de gás natural, como se verifica atualmente neste setor.
A eletrificação dos consumos como veículo para a transição energética, em conjunto com a descarbonização
do setor elétrico, enfrenta desafios significativos no contexto da indústria cerâmica, que mantém uma elevada dependência do gás natural. Até há relativamente pouco tempo, mais de 80% das emissões do setor diziam respeito a consumos energéticos, dos quais mais de 60% correspondiam à combustão de combustíveis fósseis, principalmente gás natural.
Apesar da versatilidade, do poder calorífico elevado, da acomodação tecnológica e do histórico de utilização do gás natural, a busca por soluções alternativas na transição energética é imperativa. Assim, a maior necessidade do setor prende-se, concretamente, com a substituição eficaz e viável do gás natural como combustível principal. Alternativamente, dever-se-á utilizar combustíveis verdes, tais como o hidrogénio verde ou biometano. Numa primeira fase, uma solução mista, utilizando uma mistura entre gás natural e um destes combustíveis renováveis, deverá conduzir ao início da transição de forma sustentável. E a sustentabilidade não se prende unicamente com o impacto direto no ambiente, mas também com a economia e com restruturação processual lógica e de baixo esforço dos mecanismos de produção.
Os gases renováveis desempenham um papel fundamental na transição energética da economia nacional, potenciados por políticas públicas que promovem a promoção de recursos endógenos e contribuem para reduzir a dependência energética. O hidrogénio verde é apontado como o vetor energético ideal, pois não gera emissões de CO2 durante a sua produção e aquando da sua utilização. No entanto, desafios como a baixa densidade energética volumétrica associada ao gás hidrogénio e a alta reatividade conduzem a constrangimentos económicos e tecnológicos substanciais que ainda dificultam a sua integração no mix energético.
Por outro lado, o biometano destaca-se com uma tecnologia mais madura e pronta para uso imediato. Obtido através da conversão bioquímica de matéria orgânica, nomeadamente resíduos orgânicos por meio do processo de digestão anaeróbia, o biometano é já amplamente utilizado em alguns países europeus. Em termos de pegada de carbono, à semelhança do hidrogénio verde, a aplicação de biometano tem associada emissões negativas de CO2, permitindo atuar na redução drástica das emissões geradas pela utilização de gás natural. O biometano é um projeto claro de economia circular, que aproveita os recursos endógenos, reduz a balança comercial energética do país, fixa as populações fora das grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e é uma fonte renovável com previsibilidade,
complementando, assim, outras fontes caracterizadas pela intermitência.
O biometano, sendo um gás intermutável com o gás natural, não apresenta questões complexas à sua veiculação nas infraestruturas, proporcionando uma solução alternativa mais pragmática e economicamente mais sustentável, quando comparado com o hidrogénio verde.
Estão em voga diferentes esforços institucionais e governamentais para impulsionar a transição energética. O conflito Ucrânia-Rússia motivou a União Europeia a avançar com o programa REPowerEU, um conjunto de medidas para reduzir a sua dependência em combustíveis fósseis russos e acelerar a adoção de energias limpas. Para além disso, a Comissão Europeia aprovou recentemente um financiamento de 140 milhões de euros em Portugal para apoiar a produção de hidrogénio renovável e biometano. A nível nacional, o PRR é um instrumento fundamental neste contexto, sendo que o Governo apresentou, ainda, o Plano de Ação para o Biometano no início de 2024, cuja elaboração contou com a coordenação do CoLAB BIOREF - Laboratório Colaborativo para as Biorrefinarias.
O CoLAB BIOREF, enquanto associação privada, sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é a valorização e transferência de conhecimento científico, tecnologias e inovação no desenvolvimento de biorrefinarias, tem sido um dos principais atores nacionais na promoção, desenvolvimento e implementação de tecnologias e políticas do biometano. O Plano de Ação para o Biometano é um enor-
me passo no estabelecimento de uma estratégia energética a nível nacional que até então era inexistente, sendo um forte exemplo da atuação deste CoLAB num dos seus domínios principais - Bioenergia e Gases Renováveis.
O plano supramencionado estabelece medidas abrangentes para capacitar setores estratégicos no aproveitamento do potencial de biogás, de forma a implementar um mercado interno de biometano, privilegiando este vetor energético no âmbito da descarbonização a nível nacional. Considera aspetos como a criação da cadeia de valor correspondente, a produção de biometano, o quadro regulatório e os incentivos. Prevê-se que a implementação adequada do Plano permita uma substituição de gás natural por biometano na rede nacional no mínimo de 19%, resultando em poupanças de 278 milhões de euros nas importações, até 2040. Mormente, entre as 20 Linhas de Ação do Plano de Ação do biometano consta a promoção e reforço da inovação em tecnologias alternativas de produção de biometano (e.g. gaseificação) essenciais para consolidar o mercado do biometano. O Plano serve, desta forma, como um mapa de orientação em termos económicos, tecnológicos e legislativos para uma adequada implementação de uma rede de abastecimento alternativa de biometano a nível nacional e que pode ser acessível a praticamente todo o tipo de utilizadores interessados.
O CoLAB BIOREF, entre as diferentes parcerias e projetos na área dos quais faz parte, lidera o projeto HYFUELUP (Hybrid Biomethane Production from Integrated Biomass Conversion), financiado em cerca de 10,3 milhões de euros pelo programa Horizonte Europa da União Europeia. Este consórcio, composto por 11 entidades académicas e empresariais de 6 países europeus, atua
no desenvolvimento de tecnologias limpas, eficientes e rentáveis de produção de biometano a partir de resíduos por meio de gaseificação e metanação, contribuindo para a penetração do biometano nos sistemas de transporte e de energia. Este será um projeto de demonstração de uma cadeia de valor desde a produção de gás renovável até à sua distribuição.
O CoLAB participa, ainda, ativamente em prestações de serviço com os seus associados e clientes externos em projetos nas áreas da bioenergia e dos gases renováveis, nomeadamente no biometano, tendo um papel ativo no desenvolvimento de estratégias personalizadas para a transição energética que estas empresas pretendem adotar para o seu futuro. Estejam as empresas diretamente ligadas à produção e/ou distribuição de energia que pretendem enquadrar-se no âmbito da transição ou apenas consumidoras que almejam que a sua atividade seja isenta, no que à neutralidade carbónica diz respeito, como por exemplo qualquer agente que componha o tecido empresarial da indústria da cerâmica.
Concluindo, o CoLAB BIOREF acredita que o biometano é um dos principais, se não o principal, vetor para a transição energética sustentável a curto e médio prazo. A sua disponibilidade, os apoios existentes, a simplicidade dos processos, a maturidade tecnológica, os exemplos demonstrativos e o mais recente passo estratégico dado com o Plano de Ação para o Biometano em Portugal fazem deste biocombustível uma peça fundamental e uma notável oportunidade nessa transição. Enquanto a cadeia de valor do hidrogénio verde enfrenta os enormes desafios que tem pela frente, o biometano representa uma solução alternativa eficaz, prática e sustentável a nível ambiental,
A minha formação foi fundamentalmente assente na criatividade e na experimentação artística, no entanto acabei por desenvolver uma abordagem racional e funcional à arquitetura.
Ao iniciar a minha prática profissional, procurei integrar o conhecimento técnico adquirido durante os meus estudos com a sensibilidade humana que tanto valorizei na minha formação. Afinal, a arquitetura não é apenas uma questão de linhas e formas, mas também um modo de criar espaços que ressoem com as emoções e experiências das pessoas que os habitam. E talvez por isso
mesmo, a minha abordagem à arquitetura sempre tenha sido guiada pela ideia de que os edifícios devem ser mais do que meros objetos utilitários.
Devem ser espaços que inspiram, que cativam os sentidos e que criam uma conexão profunda com o ambiente circundante.
Ao longo dos anos, tive a oportunidade de aplicar esta abordagem. Em cada projeto, procurei criar espaços que fossem tanto funcionalmente eficientes quanto esteticamente cativantes, combinando uma compreensão profunda das necessidades práticas dos utilizadores com uma sensibilidade aguçada para o design e a estética.
Uma das coisas que mais me atrai na arquitetura é a maneira como ela pode evocar uma variedade de emoções e sensações através do uso cuidadoso de materiais, luz e forma, onde posso criar espaços que não apenas funcionam bem, mas também tocam as pessoas num nível emocional e visceral.
[ A Casa da Horta ]
Ao conceber este projeto, optei por uma abordagem que buscasse integrar a habitação de forma harmoniosa com a sua envolvente, evitando imposições desnecessárias e valorizando a relação entre o interior e o exterior.
Uma das decisões-chave tomadas no projeto da Casa da Horta foi a escolha cuidadosa dos materiais de revestimento, com destaque para a cerâmica.
Não apenas pela sua beleza estética, mas também pela sua capacidade de se fundir de forma subtil com o ambiente circundante. A cerâmica, com a sua variedade de texturas e tonalidades, permite que a habitação se integre organicamente na paisagem, sem se impor de forma abrupta ou artificial.
Durante todo o processo de criação da habitação, para além da escolha consciente dos materiais, houve sempre uma preocupação com a sustentabilidade. Aspetos como a atenção à maximização da entrada de luz natural durante todas as horas do dia foram fulcrais para o desenvolvimento de todo o conceito. Esta medida, por exemplo, não só reduz a necessidade de iluminação artificial, mas também cria uma atmosfera mais acolhedora e conectada com a natureza.
Outro aspeto fundamental do projeto foi o dimensionamento adequado dos pés-direitos, visando uma medida sustentável no aquecimento da residência.
Com uma altura equilibrada, a Casa da Horta consegue reter o calor de forma eficiente durante os
meses mais frios, reduzindo assim a dependência de sistemas de aquecimento artificiais e contribuindo para a eficiência energética do edifício.
Paralelamente, foram implementadas estratégias de sombreamento de vãos e ventilação cruzada para garantir o conforto térmico e a qualidade do ar interior em todas as estações do ano. Estas medidas não melhoram apenas o conforto dos ocupantes, mas também reduzem o consumo de energia e promovem a saúde e o bem-estar dentro da residência.
O resultado final é uma casa que se funde de forma orgânica e delicada com a envolvente, onde a relação entre o interior e o exterior está profundamente conectada. A Casa da Horta não é apenas uma residência, mas sim um testemunho do compromisso com a sustentabilidade e a harmonia com a natureza, refletindo os valores e a visão que guiam todo o meu trabalho como arquiteto.
Este processo e resultado final foi reconhecido pela renomada plataforma de arquitetura ArchDaily, que nomeou a residência para o prémio "Building of
the Year", na categoria de melhor casa do mundo. Essa nomeação não apenas valida o esforço e dedicação dedicados ao projeto, mas também destaca a importância de criar espaços que respeitem e se integrem de forma positiva com o meio ambiente.
A Casa da Horta não é apenas uma realização pessoal, mas sim um exemplo inspirador de como a arquitetura pode ser usada como uma ferramenta para promover a sustentabilidade e a harmonia com a natureza.
[ Valorização da Cerâmica na Construção e Processo Criativo ]
Ao longo deste percurso profissional, a cerâmica sobressaiu como um material de destaque nos meus projetos. A sua versatilidade, durabilidade e beleza estética têm sido exploradas como uma forma de criar espaços que transcendem o quotidiano e se mesclam de forma única com o ambiente circundante. A Casa da Horta, em particular, representa um exemplo claro desse compromisso, onde a cerâmica foi usada de forma subtil e harmoniosa, integrando-se perfeitamente na paisagem e contribuindo para uma experiência visual e tátil excecional.
Numa das obras que subtemos a concurso internacional, para a criação de uma residência intergeracional em Brooklyn, Nova Iorque, utilizámos este produto tão português por considerarmos que tem uma linguagem que se adequa perfeitamente à construção contemporânea. Com as suas características únicas, a cerâmica continua a ser uma escolha popular entre arquitetos e designers de todo o mundo.
Algumas das vantagens da cerâmica na construção incluem a sua durabilidade excecional, a resistência ao fogo, à água e a agentes químicos.
Também é um material que mantém as suas propriedades estéticas ao longo do tempo e tem pouca necessidade de manutenção. Além disso, oferece uma ampla variedade de opções de design, desde azulejos e revestimentos até elementos estruturais e decorativos, permitindo uma expressão criativa ilimitada.
Em suma, a cerâmica desempenha um papel fundamental na arquitetura contemporânea, não apenas como um material de construção, mas também como uma forma de expressão artística e cultural. Ao valorizar e explorar as suas qualidades únicas, podemos criar espaços que não apenas satisfazem as necessidades práticas dos ocupantes, mas também elevam a experiência humana e promovem a conexão com o mundo ao nosso redor.
A política energética da União Europeia tem por vocação a conquista de uma União da Energia, mediante a aplicação, aos Estados-Membros, de um conjunto de medidas que visam proporcionar, aos consumidores da EU, energia segura, sustentável, competitiva, e a preços acessíveis.
A Estratégia da União da Energia, publicada em 2015, tem por principais domínios: (i) segurança, solidariedade e confiança; (ii) mercado interno de energia plenamente integrado; (iii) eficiência energética; (iv) acção climática e descarbonização da economia; (v) investigação, inovação e competitividade.
A nível interno, devem os Estados-Membros emitir planos nacionais integrados em matéria de energia e clima (PNECs) onde se estabeleçam estratégias nacionais de longo prazo (10 anos) que, idealmente, contribuam para a consecução dos objectivos da UE para 2030: (i) aumento da porção das energias renováveis no consumo total de energia para 42,5%; (ii) redução de 11,7% no consumo de energia primária; e (iii) ligação de 15% das redes eléctricas da UE. O conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia despertou a Comissão Europeia para a absoluta necessidade da redução da dependência da UE dos combustíveis fósseis russos, tendo, nessa sequência, sido apresentado o plano REPowerEU que, com vista à autonomia energética, impõe: uma redução mais acelerada da dependência dos combustíveis fósseis; a diversificação dos abastecimentos e das rotas; o desenvolvimento de um mercado de hidrogénio; a aceleração do desenvolvimento de energias renováveis; a melhoria das ligações das redes de electricidade e de gás; o reforço do plano de contingência para a segurança do aprovisionamento; e o reforço da eficiência energética.
Neste sentido, devem os Estados-Membros aditar rubricas aos seus Planos Nacionais de Recuperação e Resiliência que prevejam investimentos e reformas e que, bem
assim, contribuam para a realização dos objectivos do REPowerEU, focados, entre outros, na melhoria das infraestruturas e instalações energéticas, no reforço da eficiência energética dos edifícios, na descarbonização da indústria, no aumento do consumo de energias renováveis e no combate à pobreza energética
Assim, o plano REPowerEU, para além de reforçar a autonomia da EU no sector da energia, viabiliza a transição energética, tornando mais provável que a União Europeia atinja a neutralidade climática em 2050.
A Ceramitec é o encontro de maior relevância internacional para a indústria de máquinas, de equipamentos e para matérias-primas do setor cerâmico. Nesta edição, de 09 a 12 de abril de 2024, não faltam razões para a indústria portuguesa visitar o certame em Munique.
Motivo 1 – O número de inscrições realizadas é bastante elevado, nomeadamente de expositores de relevo, que pausaram na edição de 2022 e agora já estão de volta à Ceramitec. No total são esperados mais de 400 expositores internacionais em Munique.
Motivo 2 – A adesão elevada de expositores reflete-se igualmente nas inscrições portuguesas que ultrapassaram em 50% o nível da edição anterior. A Representante em Portugal, Tânia Mutert Barros, revela a lista das 12 empresas expositoras que irão ocupar 600 m2: Brastherm, Grupo Cerinnov, Esmalticer, MCS Mota Ceramic Solutions, Metalcértima, VentilAQUA e ainda Cerâmica do Liz, Corbário, Induzir, Leirimetal, MLC Ceramic Machinery e RJC Soluções Industriais. É de destacar o apoio da Associação Nerlei aos 6 últimos expositores desta lista, no âmbito da sua ação de internacionalização cofinanciada pelo PT2030.
Motivo 3 – Uma visita à Ceramitec oferece orientação em tempos de desafios económicos. Fontes de energia alternativas, métodos de produção mais eficientes e inovações que têm um impacto positivo na carteira e no meio ambiente. No diretório de soluções, descubra o que os expositores internacionais têm para lhe oferecer sobre a digitalização e a produção automatizada.
Motivo 4 – O tema em destaque deste ano é “Smart Materials & Energy Hub“. Será apresentado no hall A6 numa área especial, destinada às questões da descarbonização, da eficiência energética, do armazenamento e da recuperação de energia e da economia circular.
Neste âmbito, a Ceramitec conta com um estreante expositor português neste pavilhão A6, que irá apresentar
soluções para a reutilização de água e lamas na indústria cerâmica: a VentilAQUA.
Motivo 5 – Todos os participantes da Ceramitec terão bilhetes para aproveitar a oportunidade de visitar também a analytica 2024, a feira líder mundial de tecnologias para laboratórios, análise e biotecnologia, que decorre em simultâneo.
No futuro, a Ceramitec decorrerá de 2 em 2 anos, aumentando assim a frequência dos encontros profissionais, que decorriam apenas de 3 em 3 anos. Uma mudança que procura corresponder com os ciclos de inovação, cada vez mais curtos, do setor de cerâmica técnica. Face aos grandes desafios e novos temas que toda a indústria enfrenta, tornou-se essencial encurtar a periodicidade da feira: a Ceramitec está agendada para abril de 2024 e março de 2026.
Contacto em Portugal:
Tânia Mutert Barros
Representante em Portugal, MundiFeiras, Lda.
Tel. 226 164 959
info@mundifeiras.com
www.mundifeiras.com • ww.ceramitec.com
Outras Notícias
CERTIF COM MAIS
250 CLIENTES EM 2023
Setor da Construção representa 78% da atividade
Com clientes em 25 países, a faturação direta no estrangeiro representa 38% do volume. Grande percentagem dos certificados emitidos para clientes nacionais serve de suporte a exportações de produtos, graças aos acordos que a CERTIF subscreve.
A CERTIF terminou mais um ano com crescimento da atividade, refletido num aumento de 5,4% da faturação e com mais cerca de 250 novos clientes.
Com o seu core business da CERTIF na certificação de produtos, onde é líder de mercado, a certificação de serviços manteve a tendência crescente, no caso 8%, o ano de 2023 mostrou uma total fidelização dos seus clientes, muitos dos quais estenderam o âmbito das suas certificações.
1. Certificação de Produtos
A atividade da certificação de produtos cresceu 3%, com relevo para os produtos de construção que cresceram 13%. A certificação de produtos, conjugada com a Marcação CE representa 72% da faturação, sendo o maior peso o da construção, 78%, seguindo-se a área elétrica com 13%.
2. Certificação de serviços
Com um crescimento de 8% nos serviços, para além do Fim do Estatuto de Resíduo, tem o seu principal foco nas empresas que trabalham com gases fluorados, com mais de 1700 certificados válidos e com cerca de 80% do mercado.
3. Certificação de sistemas
A certificação é uma atividade complementar, com grande interesse para os clientes com certificação
Outras Notícias
conjunta com o produto ou serviço, o que justifica os cerca de 160 certificados emitidos.
4. DAP – Declarações ambientais de produto
A CERTIF é o organismo de certificação que, com a sua bolsa de auditores, atua no âmbito do Sistema DAP Habitat.
Em 2023 foram concluídas 3 novas DAP, estando em curso mais de uma dezena. As 35 DAP em vigor abrangem produtos como betões, agregados, argamassas, cerâmicas, cimentos, pavimentos e revestimentos.
5. Relações internacionais
Membro de várias associações europeias e internacionais a CERTIF é subscritora de acordos de reconhecimento que permitem aos seus clientes aceder a várias marcas de outros organismos, bem como a mercados onde a certificação é exigida.
Com clientes em 25 países, a faturação direta no estrangeiro representa 38% do volume. Há a referir que uma grande percentagem dos certificados emitidos para clientes nacionais serve de suporte a exportações de produtos, graças aos acordos que a CERTIF subscreve.
Executiva da Apicer
MATECERAMICA
COLEÇÃO 2024
Entre os dias 26 e 30 de janeiro, a Matceramica esteve em Frankfurt, na Feira Ambiente, a apresentar a sua nova coleção “The Heart Of Our Home”.
Nesta nova coleção apresentou produtos que, para além da sua vertente funcional, ainda têm expressividade e sentido artístico. As suas formas, cores e padrões conseguem trazer brilho a qualquer casa, e é por isso que esta coleção se designa como o “coração” das nossas casas.
Esta coleção subdivide-se em 5 temas: Quiet Luxury, Ethnic, Sea, Futurism e Sunny Days. Cada um destes temas com a sua identidade e propósito.
Quiet Luxury
A base destas peças é a sustentabilidade, a estética e o significado. Transmitindo tranquilidade e conforto para a apreciação dos rituais simples e cotidianos.
Ethnic
Esta coleção tem um estilo autêntico, fazendo a
junção da habilidade artesanal com a estética moderna. Utiliza texturas, símbolos e padrões, o que lhe dá distinção e cria valor.
Sea
Inspirada no mar, esta linha foi criada com base em tons de azul. Transmitindo harmonia, calma e paz.
Futurism
Com a inovação do tradicional, surgiu a linha Futurism. As suas formas são inspiradas na natureza e conjugadas com elementos futurísticos. As suas cores vão desde as mais vibrantes a tons mais neutros.
SunnyDays
As suas formas arrojadas e poéticas, conjugadas
com cores brilhantes, criam peças de estilo único com um elevado sentido estético.
A Mesa Ceramics conquista mais um prémio internacional de design – Special award for 2023 Excellent Product Design – Tabletop.
YUKI
A Mesa Ceramics foi reconhecida, pelo segundo ano consecutivo, pelos prémios internacionais do conselho Alemão de Design que elege, anualmente, os melhores produtos do panorama internacional de design. Desta vez, a coleção Yuki foi distinguida com o prémio “Special” na categoria de “Excellent Product Design – Tabletop”. Durante o ano de 2023, a coleção YUKI conquistou também o prémio ICONIC AWARDS - Innovative Interior e o Smart Label.
A coleção YUKI distingue-se pela singularidade das suas formas, pela conjugação de cores e pela rica decoração que apresenta.
YUKI, que significa neve, é um conjunto de influência artesanal desenhado para servir todas as ocasiões. Uma coleção inspirada pelos misteriosos lagos japoneses, que mudam de cor de acordo com a estação do ano e que se encontram situados na base de majestosas montanhas de neve. A coleção YUKI transporta-nos para as paisagens idílicas recheadas com os belos tons de verde, amarelo e azul dos lagos que surgem no interior das montanhas pintadas de branco. Cada peça é única – o vidro reativo
é complementado com a tecnologia de impressão digital que combina um desenho rico sob um vidro reativo em tons esverdeados e um vidro branco mate distinto.
Os German Design Awards voltaram a reconhecer a excelência dos nossos produtos. ÚNICO é uma coleção inovadora de louça em grés vitrificado ecológico com um novo design elegante e versátil para o mercado da hotelaria.
ÚNICO é o resultado de dois anos de investigação aprofundada, envolvendo equipas internas e parceiros externos, que levou ao desenvolvimento do ID7, um novíssimo corpo de grés isostático que garante que uma coleção desenvolvida em grés atinja a resistência e elegância da melhor porcelana, com a principal vantagem de ser amiga do ambiente, graças ao processo de monocozedura e à tecnologia de decoração, a impressão digital.
A coleção ÚNICO foi concebida para satisfazer as exigências dos chefs e restaurantes mais exigentes no que respeita ao melhor serviço e apresentação de alimentos, combinados com uma resistência e durabilidade excecionais. Cada peça foi cuidadosamente concebida.
ÚNICO é uma coleção de grés de mesa cuidadosamente concebida que utiliza ID7, um novo corpo de grés vitrificado em prensagem isostática que garante uma absorção de água inferior à norma que valida o vitrificado (inferior a 0,5%), após uma única cozedura de 8 horas a 1170º, em vez da necessidade de uma dupla cozedura
a temperaturas muito mais elevadas. Isto resulta numa enorme poupança de gás (até 49%) e emissões de CO2 muito menores (até 42%) em comparação com produtos similares.
As peças ÚNICO foram concebidas para aumentar a sua resistência de choque à beira e tiveram um excelente desempenho em todos os testes efetuados internamente e em laboratórios externos acreditados, mantendo um produto muito elegante e leve.
A Porcel inicia 2024 com a expansão do seu conceito "ELEMENTS" na Feira Ambiente em Frankfurt. Empresa de porcelana de alta qualidade, a Porcel S.A. apresentou as suas últimas novidades de uma nova coleção na prestigiosa Feira Ambiente em Frankfurt, que ocorreu de 26 a 30 de janeiro.
A Porcel anuncia a sua segunda coleção do conceito ELEMENTS, uma abordagem luxuosa e inovadora às tintas reativas, inspiradas na natureza e decoradas exclusivamente à mão:
Corallyn celebra a beleza e a diversidade marinha. Inspirada nos corais e vida marinha, confere um toque de elegância e sofisticação à mesa, convidando a novas experiências sensoriais e gastronómicas. Os tons azuis e verde-água evocam a calma e a tranquilidade do oceano, acrescentando uma sensação refrescante a qualquer ambiente. Sendo a porcelana decorada à mão, os efeitos da sua cor e textura são consequência do processo de cozedura a altas temperaturas. Processo que torna cada peça aparentemente semelhante, no entanto, única. Como toque final, é aplicada uma filagem manual a ouro.
Corallyn foi pensado para combinar com outras coleções Porcel, tais como Apricot, Auratus OB, Golden
Orbit ou Empire Gold, de forma a criar mesas ousadas e com personalidade.
Na feira Ambiente, a Porcel também apresentou novas peças da Coleção LushForest, a primeira coleção do conceito ELEMENTS.
Mais informações sobre os novos produtos estarão disponíveis em breve. Mantenha-se atualizado(a) seguindo as nossas redes sociais.
REVIGRÉS
REVIGRÉS e ARCHI SUMMIT voltam às faculdades para falar sobre sustentabilidade
Após o sucesso da primeira edição, em que participaram mais de duas centenas de alunos, a Revigrés e o Archi Summit regressam com a edição 2023-24 do ArchiRevi.
As duas entidades voltam a marcar presença nas Faculdades das áreas de Arquitetura, Design e Engenharia Civil para falar sobre Sustentabilidade, em Masterclasses, e convidar os alunos a participar num Challenge, desta vez, inspirados na filosofia do minimal space design.
No Challenge deste ano – Re-DefiningSpaces –pretende-se que os futuros profissionais do setor utilizem os revestimentos e pavimentos cerâmicos para “re-definir” um espaço de dimensão reduzida, com vista à sua otimização e indo ao encontro das boas práticas da construção sustentável.
Para os inspirar, a segunda edição do ArchiRevi prevê ainda um workshop online do atelier Enorme Studio, em que os participantes vão aprender mais sobre a arquitetura e organização de espaços citadinos, com foco nos materiais cerâmicos e na sustentabilidade, com entrega de um Certificado de Formação.
O período de submissão de projetos ao ArchiReviChallenge decorre até 1 de junho. Os 10 melhores trabalhos ganham prémios e serão expostos durante o Archi Summit 2024, onde será anunciado o 1º lugar. O projeto vencedor será distinguido com um prémio monetário.
Regulamento disponível em https://www.revigres.pt/pt/p/archirevi.
Para esclarecimento de dúvidas e mais informação, inclusive para o agendamento de Masterclasses nas faculdades, a organização disponibiliza o email suporte_ archirevi@archisummit.pt.
Sanitas pequenas para casas de banho de dimensões reduzidas.
As sanitas pequenas Roca permitem-lhe otimizar o espaço disponível e tornar a sua casa de banho mais funcional
As sanitas pequenas são a solução ideal para tirar
o máximo partido do espaço disponível na sua casa de banho. As limitações de espaço são um desafio para quem vive em apartamentos pequenos ou em estúdios, e planeia fazer uma renovação, tendo apenas disponíveis alguns metros quadrados. Perante esta dificuldade, a Roca aconselha-o a focar-se, em primeiro lugar, na escolha da sanita.
Aproveite o espaço vertical com uma sanita suspensa
A regra de ouro para tirar partido dos metros disponíveis numa pequena divisão é aproveitar mais o espaço vertical do que o horizontal. E, sem dúvida, as sanitas suspensas são a solução ideal para o conseguir.
Neste tipo de sanitas, o tanque não é visível, porque está encastrado na parede, e a sanita está instalada de forma suspensa, ou seja, não toca no chão. Isto permite não só criar uma sensação de maior amplitude, como também personalizar a altura da sanita, melhorando a experiência do utilizador. Com esta solução ficará ainda com espaço livre por baixo da sanita, facilitando a limpeza da casa de banho.
A coleção de sanitas e bidés suspensos da Roca, como a The Gap adapta-se a casas de banho pequenas. Os modelos estão disponíveis nas versões Round e Square. Além de adicionarem um toque de modernidade à casa de
banho, estes produtos, com linhas geométricas, facilitam a colocação de móveis auxiliares em ambas as laterais das sanitas.
A sanita suspensa da coleção Ona (com 480mm de profundidade), permite-lhe aumentar o espaço disponível e, tal como o modelo da coleção The Gap, conta com a tecnologia Rimless, que permite eliminar o incómodo aro, onde a sujidade normalmente se acumula.
Otimize o espaço disponível com sanitas compactas
As sanitas compactas são uma outra alternativa para casas de banho pequenas, já que lhe permitem aumentar o espaço disponível, sem comprometer o seu conforto. Como opções sugerimos, a sanita The Gap Round, que lhe permite ganhar espaço adicional a partir do chão, e o modelo de tanque baixo compacto BTW, com dimensões reduzidas face aos restantes modelos e estética intemporal, que se adapta ao design de qualquer casa de banho moderna.
Inovação aplicada à rentabilização de espaço na casa de banho
Quando o espaço disponível é reduzido, as sanitas In-Tank® da Roca são uma opção inovadora. Esta solução all-in-one, com o tanque integrado na sanita, é perfeita para quem não pretende um tanque visível, mas não tem espaço disponível para um modelo de encastrar. Nestes casos, a smart toiletIn-Wash® com In-Tank® da Roca é exatamente aquilo de que precisa.
Tecnologia + sustentabilidade = design para otimizar espaço
Se procura fazer um maior investimento, pensando numa solução para médio/longo prazo, a sanita premiada W+W da Roca reúne inovação, tecnologia, sustentabilidade e design, atributos essenciais quando se trata de rentabilizar o espaço da sua casa de banho.
A parte superior da sanita W+W inclui um lavatório integrado, filtra a água que reutiliza na descarga da sanita. À medida que, nas nossas cidades, os espaços são cada vez mais reduzidos e a água se torna um bem cada vez mais precioso, esta pode vir a ser a sanita do futuro. É também uma peça de design que fica elegante em qualquer casa de banho.
Design presente em todos os elementos na casa de banho
Depois de ter escolhido a sanita que mais se adequa à sua casa de banho de reduzidas dimensões, será mais fácil escolher os restantes elementos de design.
Seguindo o conceito de sanita suspensa, poderá
ponte entre o passado, o presente e o futuro da marca. E, como não podia deixar de ser, a Vista Alegre marca presença em duas das mais importantes feiras internacionais – Maison&Objet, em Paris, e Ambiente, em Frankfurt.
optar por acessórios de parede modernos, como os elegantes porta-rolos e porta-piaçabas das coleções Sonata e Hotels. Para conseguir um look mais citadino com soluções de armazenamento flexíveis (uma vantagem quando cada centímetro conta), a coleção de móveis de banho Optica oferece uma vasta gama de opções.
Como complemento da sanita e dos restantes acessórios, opte por uma paleta de cores neutras, acrescentando pequenos pormenores de cor ou até mesmo uma planta. Assim, conseguirá transformar a sua casa de banho numa área relaxante e acolhedora, da qual não quererá sair.
Vista Alegre marca presença em duas grandes feiras internacionais.
Maison&Objet e Ambiente são os eventos escolhidos para a Vista Alegre apresentar a coleção que celebra os 200 anos da marca.
Vista Alegre celebra 200 Anos de Vida. Uma longevidade notável que irá ser devidamente comemorada no decorrer do ano, estendendo-se até 2025. A par das muitas iniciativas que irão ter lugar para assinalar uma história exemplar, feita de ousadia, coragem, ambição, determinação, trabalho e perseverança, a Vista Alegre irá lançar um conjunto de peças que honram a sua memória, fazendo a
Estes são os momentos eleitos pela marca para mostrar, pela primeira vez, as peças comemorativas dos 200 anos.
A Maison&Objet decorreu de 18 a 22 de janeiro, em Paris, onde a Vista Alegre esteve presente no hall 7, stand E31. Quanto à Ambiente, que se realizou em Frankfurt, de 26 a 30 de janeiro, a Vista Alegre esteve presente no pavilhão 12.1, stand C01.
Para além da exposição das novas coleções comemorativas dos 200 anos, a Vista Alegre convidou todos os visitantes a celebrar com um brinde, no stand da marca na Maison&Objet.
Em destaque peças como o “refrescador”, Os Discípulos de Rosseau, com a decoração executada pela seção de pintura e manufatura da Vista Alegre. pintura manual executada por vários pintores da manufatura da Vista Alegre.
Outro destaque que marca a sua intemporalidade é o Fruteiro Ronlet, uma réplica existente no Museu Vista Alegre que ganha vida nas celebrações dos 200 anos.
Dentro do Cristal e Vidro, o frasco 1824 deslumbra com os vários elementos alusivos à história da marca.
O serviço de mesa Herança, que enaltece a pintura manual e o serviço 200 Anos leva-nos numa viagem pela evolução do logótipo da Vista Alegre.
De entre os artistas convidados destacamos Nicolas de Crécy, com a bandeja Brigue Trocador, Cyril Pedrosa com Os Trabalhadores, Lorenzo Mattotti com Nell’Acquae OS GEMEOS com A Ilha do Pôr-do-Sol.
CEVISAMA’2024
(Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Valência (Espanha)
De 26 de Fevereiro a 01 de Março de 2024 cevisama.feriavalencia.com
THE INSPIRED HOME SHOW’2024
(Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Chicago (EUA)
De 17 a 19 de Março de 2024 theinspiredhomeshow.com
EXPOREVESTIR’2024 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – São Paulo (Brasil)
De 19 a 22 de Março de 2024 exporevestir.com.br/
CERAMITEC´2024 (Equipamento Ind Cerâmica)
Anual – Munique (Alemanha)
De 09 a 12 de Abril de 2024 ceramitec.com
The New York Tabletop Show´2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual – New York (EUA)
De 09 a 12 de Abril de 2024 tabletopassociationinc.com
SALONE DEL MOBILI’2024 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália)
De 16 a 21 de Abril de 2024 salonemilano.it
COVERINGS’2024 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Atlanta (USA)
De 22 a 25 de Abril de 2024 coverings.com/
TEKTONICA’2024 (Construção)
Anual – Lisboa (Portugal)
De 02 a 05 de Maio de 2024 https://tektonica.fil.pt/
The National Restaurant Show.com’2024 (Cerâmica Utilitária ) Anual – Chicago (USA)
De 18 a 21 de Maio de 2024 nationalrestaurantshow.com
CONSTRUMAT’2024
(Construção)
Anual – Barcelona (Espanha)
De 21 a 23 de Maio de 2024 construmat.com
THE HOTEL SHOW’2024
(Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Dubai (EAU)
De 04 a 06 de Junho de 2024 thehotelshow.com/
NEOCON’ 2024 (Design/Tendências)
Anual – Chicago (USA)
De 10 a 12 de Junho de 2024 neocon.com/
3DAYSOFDESIGN ’2024 (Design/Tendências)
Anual - Copenhaga (Dinamarca)
De 12 a 14 de Junho de 2024 www.3daysofdesign.dk/
MAISON & OBJET’2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual - Paris (França)
De 05 a 09 de Setembro de 2024 maison-objet.com
CERSAIE’2024 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Bolonha (Itália)
De 23 a 27 de Setembro de 2024 cersaie.it
TECNA’2024 (Tecnologia Cerâmica)
Anual – Rimini (Itália)
De 24 a 27 de Setembro de 2024 en.tecnaexpo.com
BATIMAT’2024 (Materiais de Construção) Bienal – Paris (França)
De 30 de Setembro a 06 de Outubro de 2024 batimat.com
The New York Tabletop Show´2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual – New York (EUA) De 8 a 11 de Outubro de 2024 tabletopassociationinc.com
EQUIPHOTEL’2024
(Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bienal – Paris (França)
De 03 a 07 de Novembro de 2024 equiphotel.com
UNICERA ‘2024
(Materiais de Construção)
Anual – Istambul (Turquia)
De 04 a 08 de Novembro de 2024 unicera.com.tr
LONDON BUILD ‘2024
(Materiais de Construção)
Anual – Londres (UK)
De 20 a 21 de Novembro de 2024 londonbuildexpo.com
BIG 5 SHOW´2024
(Materiais de Construção)
Anual – Dubai (EAU)
De 26 a 29 de Novembro de 2024 www.thebig5.ae/
ARCHITECT@WORK´2024
(Materiais de Construção)
Anual – Lisboa (Portugal)
De 04 a 05 de Dezembro de 2024 architectatwork.pt
BAU’2025 (Materiais de Construção)
Anual – Munique (Alemanha)
De 13 a 18 de Janeiro de 2025 bau-muenchen.com/en/
IMM’2025 (Interiores)
Anual – Colónia (Alemanha)
De 12 a 16 de Janeiro de 2025 imm-cologne.com
MAISON & OBJET’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 16 a 20 de Janeiro de 2025 maison-objet.com
AMBIENTE’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 07 a 11 de Fevereiro de 2025 ambiente.messefrankfurt.com
24 - 27 SEPTEMBER 2024