REVISTA EDUCANEC ANO XIV nº 3 ISSN 2238-3093

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Ano XIV | n° 3 AGO/SET/OUT/NOV/DEZ/2023 ISSN 2238-3093

IMPACTO TRANSFORMADOR DA EDUCAÇÃO CATÓLICA 2023

ACONTECEU NA ANEC

ENTREVISTA

POLÍTICAS EDUCACIONAIS

FÓRUM E ASSEMBLEIA 2024

FORMAÇÕES SOBRE OS MAIS IMPORTANTES TEMAS SÃO REALIZADAS PELA ANEC ÀS ASSOCIADAS.

DOM GREGÓRIO PAIXÃO, DA CNBB, FALA SOBRE O PAPEL DA EDUCAÇÃO CATÓLICA PARA A SOCIEDADE

ANEC CONSTRÓI PONTES DE DIÁLOGO COM OS PRINCIPAIS TOMADORES DE DECISÃO DOS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

GESTORES SE REUNIRÃO, EM BRASÍLIA, PARA MAIS UMA EDIÇÃO DO FÓRUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA.


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Muito além de conhecimento: conexões. Há mais de 120 anos, as soluções educacionais da FTD Educação vão de mão em mão, conectando e fazendo a diferença na vida de mais de 16 milhões de estudantes, todos os anos, espalhados por todo o Brasil. FTD Educação. Conectamos histórias. Construímos futuros.

O futuro da Educação já é realidade, vamos conhecê-lo juntos?

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Revista EDUCANEC AGO/SET/OUT/NOV/DEZ/2023

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AGO | SET | OUT | NOV | DEZ | 2023 04

EDITORIAL

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IDENTIDADE CONFESSIONAL • O compromisso social das escolas e universidades católicas e a Doutrina Social da Igreja • Presidente da ANEC participa de audiência com o Papa Francisco e reitores da América Latina e do Caribe • Encontro Internacional de Pastoral Universitária com o Papa Francisco também conta com representação da ANEC

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• Gestão e Pastoral: uma questão de coerência e fidelidade 30

COMUNICAÇÃO • Comunicação que conecta em todos os sentidos

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MANTENEDORAS • Planejamento Estratégico colaborativo: caminho para a mudança organizacional e o fortalecimento da cultura • Fortalecimento e diálogo na Educação Católica: a relevância de espaços como os Fóruns de Presidentes e Gestores da ANEC • O momento da virada: gestão eficaz na educação brasileira

POLÍTICAS EDUCACIONAIS • Educação Inclusiva em foco: ANEC e instituições associadas como agentes de mudança no cenário educacional • Novo Ensino Médio: Projeto de Lei n. 5230/2023 redefine diretrizes no país e ANEC intensifica atuação em prol das associadas • ANEC constrói pontes de diálogo com os principais tomadores de decisão dos órgãos estaduais e governamentais

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CAPA • O impacto transformador da ANEC, em prol das associadas, em 2023

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EDUCAÇÃO SUPERIOR • O desafio de formar professores para o futuro do Brasil • Como será o futuro dos mestrados e doutorados no Brasil?

FÓRUM • Fórum Nacional de Educação Católica e Assembleia Geral 2024

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ENTREVISTA • Dom Gregório Paixão, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

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ACONTECEU NA ANEC • Educação católica em comunhão: ANEC reúne, em Brasília, reitores e presidentes de mantenedoras associadas • ANEC e Arquidiocese de Brasília promovem Celebração Eucarística na intenção dos educadores

EDUCAÇÃO BÁSICA • O futuro da Educação Básica: sala de aula e professores, quem serão? • Metodologias ativas auxiliam no processo de aprendizagem na Educação Básica PASTORAL • Campanha da Fraternidade 2024 vai refletir sobre a Amizade Social

• ANEC e CNBB se reúnem para discutir demandas importantes para as instituições educacionais católicas no Brasil • Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil se reúne com ANEC para diálogo em prol da identidade católica no ensino • CEBAS-Educação: formação de excelência para profissionais da Educação • Encontro promovido pela ANEC reúne INEP e instituições educacionais católicas no Rio de Janeiro • Educação Inclusiva na prática é tema de curso da ANEC, que supera expectativas e fortalece políticas de Inclusão Educacional • Curso impulsiona a identidade confessional católica e reúne cerca de 200 profissionais • V Encontro da Rede de Comunicação da ODUCAL reúne comunicadores de universidades católicas da América Latina e do Caribe 68

BOAS PRÁTICAS • De coração aberto: Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria acolhe crianças e jovens em Brasília • “Voluntariado Missionário” do UniSALESIANO transformando vidas • La Salle Cast: Educação em Diálogo – Família e Escola Unidas

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PARCEIROS • Segurança: um assunto sério para adultos

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VEM AÍ! • Rumo a um 2024 transformador na Educação Católica


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EDITORIAL

Estimado leitor, No momento em que escrevo estas linhas editoriais, me vem à lembrança um pronunciamento do Papa Francisco, que mencionou três importantes dimensões, as quais, segundo Sua Santidade, fazem total diferença na vida e no processo de liderança de qualquer pessoa. A primeira dimensão é o sentimento de gratidão por tudo que temos e fazemos; a segunda é a capacidade de reconhecimento da colaboração dos outros no sucesso dos nossos trabalhos; e a terceira é a dedicação ao trabalho. Assim, é com alegria e gratidão que me dirijo a você neste momento singular, marcado pela celebração das conquistas alcançadas ao longo de 2023 e pelo início de um novo ano. Ao olharmos para o horizonte de 2024, vislumbramos um ano promissor, repleto de novas oportunidades e desafios instigantes. Com o firme propósito de continuar promovendo a educação de qualidade social, alinhada aos valores que nos unem, a ANEC permanece comprometida em proporcionar oportunidades inovadoras que impulsionem, ainda mais, o crescimento das instituições educacionais católicas. Nesse contexto, é com grande entusiasmo que convido as instituições associadas a participarem do Fórum Nacional de Educação Católica e a Assembleia Eletiva, que serão realizados nos dias 21 e 22 de março de 2024, em Brasília. Com o tema Em saída, ao encontro: educação católica em movimento no tempo das transições, o encontro é mais do que um ponto de partida; é um convite à reflexão sobre o papel da educação católica diante das múltiplas transições religiosas, políticas, socioambientais, antropológicas e tecnológicas que caracterizam nosso tempo. Além disso, o evento será uma oportunidade única para compartilharmos experiências, discutirmos desafios comuns e explorarmos soluções inovadoras que fortaleçam, ainda mais, nossa rede.

A atuação conjunta da ANEC e das associadas é fundamental para o sucesso de nossas iniciativas. Juntos, somos capazes de superar desafios e construir um futuro mais sólido e promissor para a educação católica em nosso país, com o objetivo de promover uma educação integral, fundamentada nos valores cristãos, do Pacto Educativo Global. Nesta edição da revista, você poderá conferir projetos desenvolvidos com e para as instituições Mantenedoras, de Ensino Superior e Educação Básica; as importantes conquistas alcançadas por meio de uma articulação constante e estratégica da ANEC, em parceria com os grupos de trabalho formados por gestores, educadores e parlamentares; boas práticas implementadas por instituições associadas; as principais ações que marcaram o último semestre. Você também ficará por dentro do que vem por aí neste novo ano que se inicia por meio do nosso Calendário de Formações. Desejo que este ano de 2024 seja repleto de realizações, crescimento e solidificação de nossos laços e que sigamos juntos pela educação católica! O caminho do sucesso desta grande jornada passa, necessariamente, pelos sentimentos de gratidão, reconhecimento e dedicação ao trabalho, conforme nos ensina o Papa Francisco. Tenha uma excelente leitura!

Pe. João Batista Gomes de Lima Diretor-Presidente da ANEC


Conheça os parceiros ANEC A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil tem como finalidade atuar em favor de uma educação de excelência, promover uma educação cristã evangélico-libertadora, entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana - sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna solidária e pacífica segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja. CONSELHO SUPERIOR Ir. Iraní Rupolo - Presidente Prof. Germano Rigacci Júnior - Vice-Presidente Ir. Cláudia Chesini - Secretária Ir. Paulo Fossatti - Conselheiro Pe. Sérgio Mariucci - Conselheiro Ir. Luiz André Pereira - Conselheiro Pe. José Marinoni - Conselheiro Frei Gilberto Gonçalves Garcia - Conselheiro Pe. Luis Henrique Eloy e Silva - Conselheiro Prof. Silvana Sá de Carvalho - Conselheira suplente Prof. Marcio Horta - Conselheiro suplente DIRETORIA NACIONAL Pe. João Batista Gomes Lima – Diretor-Presidente Ir. Adair Aparecida Sberga – Diretora 1a Vice-Presidente Ir. Natalino Guilherme de Sousa – 2o Vice-Presidente Ir. Selma Maria dos Santos – Diretora 1a Secretária Frei Mário José Knapik – Diretor 2o Secretário Ir. Marli Araújo da Silva – Diretora 1o Tesoureira Ir. Ivanise Soares da Silva – Diretora 2o Tesoureira CONSELHO EDITORIAL Pe. João Batista Gomes Lima - Diretor-Presidente Guinartt Diniz - Secretário-Executivo Fabiana Deflon - Gerente da Câmara de Mantenedoras Gregory Rial - Gerente da Câmara de Ensino Superior Roberta Guedes - Gerente da Câmara de Educação Básica Anna Catarina Fonseca - Gerente de Comunicação e Marketing ASSESSORIA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Profissionais do Texto DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Agência Kharis BANCO DE IMAGENS Freepik, Adobe Stock e Canva REVISÃO DE TEXTOS Raquel Cruz A Revista EDUCANEC é uma publicação da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) . As matérias publicadas nesta Revista representam a opinião de seus autores


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IDENTIDADE CONFESSIONAL

O compromisso social das escolas e universidades católicas e a Doutrina Social da Igreja A Doutrina Social da Igreja é um corpo de ensinamentos e princípios éticos, desenvolvido pela Igreja Católica e destinado a orientar a ação dos fiéis e da sociedade como um todo em questões relacionadas à justiça social, solidariedade e bem-estar humano. Baseada na fé cristã, a Doutrina Social da Igreja oferece diretrizes para lidarmos com diversas questões, como a distribuição de riqueza, os direitos humanos, a paz, a dignidade da pessoa e a responsabilidade para com os mais vulneráveis. Ela enfatiza a importância da justiça, caridade e

responsabilidade social, buscando promover uma ordem social mais equitativa, inspirando ações individuais e políticas públicas alinhadas com os princípios cristãos. Ao integrar valores éticos e promover princípios de justiça social no ensino, na pesquisa e na ação comunitária, as escolas e universidades católicas oferecem educação de alta qualidade, bem como promovem a formação de cidadãos comprometidos com a construção de um mundo mais justo e solidário, alinhados com os princípios da fé católica.

A pedagoga, teóloga e especialista em Ensino Religioso, Irmã Carolina Mureb, explica que toda instituição educacional católica foi fundada com a missão de evangelizar, isto é, de anunciar a boa notícia de Jesus no campo da educação. “Isso significa comprometer-se em cuidar da vida, tal como Jesus fez, colaborando no seu desenvolvimento integral, a fim de alcançar a estatura do homem perfeito, Jesus Cristo, uma vez que só n’Ele o ser humano compreende ao que é chamado”, pontua.


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“Essa formação integral visa, também, a relação com os outros, em sociedade, uma vez que a compreensão da catolicidade é sua universalidade. A Igreja é enviada a todos os povos e, para anunciar-lhes o Evangelho, deverá dialogar com grande diversidade de culturas. Assim, a educação católica deverá se caracterizar pelo compromisso com a missão evangelizadora, com a educação do ser humano integral, com a abertura ao diálogo com a diversidade em vista de uma sociedade baseada nos valores do Reino”, acrescenta Ir. Carolina. Para ela, a identidade confessional, quando, de fato, compreendida e assumida pelas instituições de educação, constrói um ambiente humanizado, onde o conhecimento está a serviço do ser humano e as relações são orientadas pelos valores evangélicos. “Assim sendo, por meio do seu projeto educativo, as instituições educacionais católicas procuram encaminhar à sociedade pessoas que desenvolveram a consciência da igual dignidade humana; espiritualidade integradora; sensibilidade para o cuidado dos outros, especialmente dos mais frágeis; sentido de pertença a uma casa comum que deve ser protegida; habilidades para construir uma sociedade que tenha lugar para todos; equilíbrio socioemocional; acolhimento, respeito e diálogo com a diversidade; reconhecimento da fé e das religiões como experiências humanizadoras e

produtoras de vida. Uma sociedade com pessoas assim pode ter esperança de um futuro melhor”, afirma.

Universidades Ao aprofundar-se na temática pela perspectiva do Ensino Superior, Padre José Abel de Sousa, professor do departamento de Teologia e Cultura Religiosa da PUC-Rio e assessor Especial da Reitoria para Formação em Identidade e Missão da PUC-Rio, ressalta que a constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae deixa bem claro que a articulação entre a ciência e o serviço prestado, em vistas de promoção da dignidade da pessoa humana, é algo essencial e intrínseco à identidade e à missão de toda e qualquer universidade católica ou de inspiração cristã. “O compromisso com os pobres pelas universidades católicas tem por base o Evangelho de Jesus Cristo, cuja prática sempre foi de inclusão em todos os aspectos. A partir da própria etimologia da palavra, “uni-vers-idade” é uma unidade rumo à totalidade, tudo isso baseado sempre no respeito às diversidades, a começar por aquelas presentes no seu próprio interior”, defende. Pe. Abel considera que, não obstante os mais diversos desafios, é possível e necessário articular o compromisso social com a missão educativa. “Compete às universidades católicas apre-

Saiba mais sobre a Fundação Fé y Alegria, acessando www.fealegria.org.br ou lendo o QRcode ao lado

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sentarem uma educação com base na promoção da dignidade da pessoa humana, uma educação que conclama a todos para a prática da ética, da justiça social, para a valorização da mulher, ainda tão desvalorizada na nossa sociedade”, ressalta. “Conforme preconiza a Ex Corde Ecclesiae: ‘[...] Quando for necessário, a Universidade Católica deverá ter a coragem de proclamar verdades incômodas, verdades que não lisonjeiam a opinião pública, mas que, no entanto, são necessárias para salvaguardar o autêntico bem da sociedade [...]’”, finaliza.

Fé y Alegria Dentre as diversas iniciativas das IESs Católicas relacionadas ao compromisso social e à Doutrina Social da Igreja, um exemplo é o Fé y Alegria, que teve início na Venezuela, em 1955, e, desde então, tem transformado vidas. “No Brasil, o grupo desenvolve o Programa de Inclusão Educacional e Acadêmica – PIEA, oferecendo bolsas de estudo e benefícios complementares para os níveis da Educação Básica, garantindo o acesso, a permanência e a aprendizagem. Na área da Assistência Social, desenvolve serviços, programas e projetos nas categorias de atendimento, assessoramento, defesa e garantia de direitos, de acordo com o art. 3º da Lei Orgânica de Assistência Social”, afirma o Pe. Abel.


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IDENTIDADE CONFESSIONAL

Papa Francisco recebe líderes da América Latina e do Caribe em audiência, com presença do presidente da ANEC O Papa Francisco recebeu, em audiência na Sala Clementina, no Vaticano, aproximadamente, 200 participantes do encontro de reitores de universidades públicas e privadas da América Latina e do Caribe, promovido pela Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) e pela Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), em setembro. O tema do encontro foi Organizar a esperança e contou com a participação de alguns prefeitos e secretários de Dicastérios da Santa Sé. O presidente da ANEC, Pe. João Batista, que também é reitor do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, esteve presente. Durante a audiência, o Papa Francisco refletiu sobre várias questões levantadas pelos educadores, incluindo a mudança climática, a migração e a cultura do descarte. Ele incentivou os presentes a serem criativos na formação dos jovens, levando em consideração os desafios atuais. Os reitores tiveram a oportunidade de fazer perguntas ao Papa sobre questões relacionadas ao meio ambiente e ao clima, às quais ele respondeu enfatizando a preocupante “cultura do descartável ou cultura do abandono”. Ele explicou que essa cultura envolve o uso inadequado dos recursos naturais e não permite que a natureza se desenvolva plenamente. O Papa Francisco enfatizou a importância de voltar ao uso adequado do meio ambiente, destacando a necessidade de diálogo com a natureza. Ele pediu às universidades que criem redes de conscientização e destacou a importância de “recuperar e organizar a esperança”, especialmente no contexto da ecologia integral.

O Pontífice também abordou a questão da “cultura regenerativa” e expressou preocupação com a desigualdade na distribuição de recursos naturais, o que afeta, negativamente, os mais necessitados. Ele ressaltou a importância de educar os jovens sobre os valores humanísticos e incentivou a participação política, considerando-a a vocação mais nobre da pessoa humana.

A Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum O encontro reuniu 216 reitores de universidades públicas e privadas de toda a América Latina e do Caribe. A iniciativa resultou de uma proposta apresentada pela Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) à Pontifícia Comissão para a América Latina. A RUC, criada há sete anos, representa uma comunidade de instituições de ensino comprometidas em abraçar o desafio apresentado pela Encíclica Laudato si. Esses reitores participaram do evento como representantes de instituições de ensino confessionais e não confessionais que, juntas, acolhem mais de 4 milhões de estudantes, além de professores, pesquisadores e funcionários administrativos. O Pontífice concluiu, enfatizando a importância das universidades em formar os jovens nas três linguagens humanas: a da cabeça, a do coração e a das mãos, para que possam pensar, sentir e agir de maneira consciente e responsável. Ele agradeceu aos presentes pela contribuição e incentivou-os a serem criativos diante dos desafios e a desempenharem um papel educacional fundamental.


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Encontro Internacional de Pastoral Universitária com o Papa Francisco também conta com representação da ANEC

Em novembro, realizou-se um encontro de significativa importância para a Pastoral Universitária em Universidades Católicas na Sala Geral da Companhia de Jesus e na Sala do Consistório, em Roma. Organizado pelo Dicastério para Cultura e Educação da Santa Sé, o evento contou com a liderança do Cardeal José Tolentino de Mendonça, reunindo 200 participantes de 44 nacionalidades, encerrando um ciclo de dois dias de intensos debates e reflexões. Durante esse encontro, o Papa Francisco enfatizou a importância da diversidade e da visão poliédrica na missão da educação católica, destacando três pontos essenciais: apreciar as diferenças, acompanhar com cuidado e agir com coragem. Frei Mário José Knapik, diretor pastoral da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), participou ativamente e compartilhou suas percepções sobre a mensagem do Papa. De acordo com ele, o encontro foi um marco importante para reforçar a essência da missão educativa nas universidades católicas. “O Papa

Francisco nos lembrou da necessidade de apreciar as diferenças e valorizar a diversidade como base para a unidade”, reforça. Frei Mário aprofundou a visão poliédrica destacada pelo Papa: “a ideia do poliedro é magnífica porque reflete a beleza da diversidade. O Papa nos lembrou que essa diversidade é a base da nossa riqueza e, como educadores, devemos treinar nossos olhos para captar e apreciar todas as nuances presentes em nossos alunos, colaboradores e contextos acadêmicos.” O evento foi uma oportunidade única para a partilha de experiências e melhores práticas na Pastoral Universitária. “Foi incrível ver como diferentes realidades se encontraram para compartilhar práticas valiosas. A importância de uma Pastoral de processos, que vai além dos eventos pontuais, e a necessidade de investir na formação contínua dos jovens foram temas centrais”, pontua Frei Mário. Além disso, ele ressaltou a ênfase do Papa Francisco no cuidado individual: “o Papa nos lembrou

da importância de cuidar das sementes que Deus planta em cada pessoa. Devemos ser como jardineiros pacientes, permitindo que cada jovem cresça e se desenvolva, sem pressa por resultados imediatos.” A presença da ANEC, representada neste encontro por Frei Mário, reafirma o compromisso da associação com os princípios da Igreja Católica e sua missão evangelizadora. “A participação da ANEC neste evento nos inspira a continuar nossa jornada educativa de forma sinodal, em comunhão com o Papa Francisco e as diretrizes da Santa Sé”, destaca. O evento, presidido pelo Cardeal Tolentino de Mendonça, foi um verdadeiro ponto de convergência para a troca de ideias e experiências entre líderes e representantes da Pastoral Universitária de todo o mundo. O discurso do Papa Francisco e a participação ativa de Frei Mário Knapik proporcionaram reflexões valiosas para fortalecer a missão educativa das universidades católicas na diversidade do cenário acadêmico contemporâneo.


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MANTENEDORAS

Planejamento Estratégico colaborativo: caminho para a mudança organizacional e o fortalecimento da cultura O desenvolvimento do planejamento estratégico em instituições confessionais de educação apresenta especificidades e desafios que tornam o processo mais complexo e distinto do realizado nas demais organizações educacionais. Embora as etapas apresentem fortes similaridades com o processo de definição de estratégia habitual, a condução e a orientação precisam, necessariamente, considerar fatores específicos e características especiais. Nesse sentido, a primeira questão a ser observada e que impacta diretamente todo o planejamento estratégico diz respeito à essência institucional e às características que ela repercute na organização. Instituições educacionais confessionais devem vivenciar, em todos os processos e ações, um propósito que traduz, de forma especial, o compromisso com a sociedade e com os valores humanos e cristãos. Assim, a missão organizacional – que é o instrumento que declara o que a organização faz – vai além e declara, também, a atuação social. Essa perspectiva revela o que, muitas vezes, pode ser visto de maneira paradoxal: uma visão de negócio com regras de mercado de um lado e uma visão de valores evangélicos, carismas e missões das confessionais de outro. Esses dois eixos (Ne-

gócio e Confessional) precisam estar de tal forma entrelaçados que se revelem, na cultura organizacional, como eixos complementares, de forma a garantir a perenidade institucional. Para isso, é fundamental olhar de perto as questões mercadológicas e, a partir da sustentabilidade financeira, garantir um resultado social cada vez maior, mais perceptível e pertinente. E tudo isso sempre associado a uma atuação confessional. Outro importante fator específico das instituições confessionais de educação refere-se à presença de religiosos na liderança, especialmente na alta gestão e como patrocinadores de todo o processo de planejamento de forma técnica, profissional e garantidora. Esse aspecto, além de ser importante no direcionamento dos valores organizacionais alinhados aos carismas das instituições religiosas, precisa, cada vez mais, ser incorporado pelas diferentes lideranças – religiosas ou leigas –, de forma a perpassar todas as áreas e impactar as ações, promovendo a identidade e os valores institucionais. Nesse contexto e respeitando as características das instituições educacionais confessionais, a condução do processo para as definições estratégicas se desenvolve de forma diferenciada. No


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caso do Grupo UBEC (União Brasileira de Educação Católica), o Plano Estratégico é construído pelos líderes das diversas Unidades de Missão e pelas áreas especializadas do Grupo. Dessa forma, garante-se uma visão específica de cada negócio e, de maneira multi e transdisciplinar, constrói-se um planejamento que considere, de forma articulada e indissociável, a visão confessional e social, o posicionamento de mercado e a saúde financeira, todos orientados pelas premissas de Governança previamente declaradas. No processo, as necessidades indicadas pelos participantes são consideradas, respeitadas e acolhidas. Após, há a revisão dos pontos de vista divergentes para a construção de compreensões consensuais, que permitam avançar para as definições seguintes. Assim, o desenvolvimento do Plano Estratégico se tornou um exemplo prático do exercício dos valores institucionais que foram definidos de maneira colegiada, a saber: Gestão compartilhada, Espiritualidade, Humanismo solidário, Ética, Ecologia integral e Inovação com performance. O resultado dos direcionadores criados foi um material completo e objetivo da UBEC, que dá clareza sobre o que deve ser feito para o próximo período. Um dos principais efeitos que já se observa é a mudança de comportamento das lideranças do Grupo. Havia forte questionamento das lideranças em relação à restrição dos espaços de escuta e de que o posicionamento das Unidades de Missão não repercutia na visão do Grupo. Entretanto, o que se observou, ao fim do processo, foram as lideranças falando e se posicionando em nome do Grupo, assumindo o compromisso coletivo e se reconhecendo como parte importante e significativa da UBEC. Dessa forma, cabe destacar que o sucesso do Plano Estratégico é a responsabilização das lideranças, tanto religiosa quanto leiga, sobre a nossa missão: promover educação integral e compromisso social com valores humanos e cristãos para servir à sociedade, em um ambiente onde todos têm voz, todos negociam e traçam caminhos comuns de forma coletiva, colaborativa, comprometida e qualificada. Hoje, acredita-se que a execução do Plano Estratégico está em uma evolução acelerada e já

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mostrando alguns resultados, dentre os quais: indicadores monitorados e apresentados sistematicamente, iniciativas desdobradas para todo o Grupo UBEC e reuniões de acompanhamento gerencial mensal, ou seja, um avanço no aprimoramento da Cultura de Desempenho. O sucesso da elaboração e da execução do Plano Estratégico deve-se à escuta ativa, em que as lideranças opinam e negociam entre eles sobre os passos que devem seguir. Outro motivo do êxito ocorre em função da condução imparcial e leve, que prioriza o consenso do grupo e uma visão estratégica compartilhada. Por fim, o poder de síntese para dar forma à opinião de todos os participantes também compõe um dos motivos do sucesso. O grande desafio é e será a execução do Plano Estratégico. Diante disso, o grande diferencial do Grupo UBEC refere-se à forma como fazem: uma atuação alinhada aos próprios valores, comunicação clara, papéis definidos, pessoas como parte do todo e fortalecimento da perenidade e da sustentabilidade. A partir desse ponto, toda construção é válida para o aprimoramento de uma formação educacional integral e do fortalecimento do compromisso social. Que o sucesso de hoje continue nessa crescente e que as pessoas mantenham-se sendo nosso diferencial competitivo e social. Reno Rangel Costa Cruz Bonfim Coordenador de Performance Institucional da UBEC


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MANTENEDORAS

Fortalecimento e diálogo na Educação Católica: a relevância de espaços como os Fóruns de Presidentes e Gestores da ANEC A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento da sociedade ao moldar o futuro das gerações e influenciar as diretrizes éticas e culturais. No Brasil, um país de diversidade cultural e religiosa, a Educação Católica desempenha um papel fundamental na formação de milhões de estudantes. Para fortalecer e dar voz à realidade e à necessidade das instituições católicas de educação associadas, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) promove o Fórum de Presidentes das Mantenedoras e o Fórum Nacional de Gestores, espaços de fortalecimento e diálogo importantes para o avanço e a consolidação da Educação Católica no país.

ANEC: Um legado na Educação Católica Brasileira A ANEC é uma entidade de grande relevância, que congrega e representa instituições católicas educacionais. Fundada em 1946, a associação tem desempenhado um papel de destaque na promoção da qualidade da educação, sempre alinhada aos valores

e princípios católicos. Sua missão inclui o fortalecimento da Educação Católica, a promoção da formação integral dos alunos e a contribuição para o desenvolvimento sustentável do país.

Fórum de Presidentes: liderança na Educação Católica

O Fórum de Presidentes da ANEC é um espaço essencial e estratégico para o aprimoramento da Educação Católica no Brasil. Dedicado aos líderes das instituições associadas, oferece um ambiente em que podem compartilhar experiências, desafios e traçar estratégias para o desenvolvimento contínuo do ensino com valores católicos. Além disso, são desenhadas estratégias, inclusive políticas públicas, que fortalecem nossas mantenedoras. É um espaço de articulação entre elas, para que, juntas, possam desenvolver, coletiva e estrategicamente, projetos e ações que corroborem a perenidade das instituições associadas.


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Fórum de Gestores: fortalecimento da gestão educacional

Já o Fórum Nacional de Gestores da ANEC é voltado para os profissionais à frente da gestão educacional das mantenedoras das instituições de educação associadas. Tem como objetivos criar, organizar e estabelecer um espaço que perdure no tempo, proporcionando pertencimento, aprendizado, troca de experiências e consolidação de valores.

Fóruns de Presidentes e Gestores: espaços de diálogo e fortalecimento Tanto o Fórum de Presidentes quanto o Fórum de Gestores são, sobretudo, espaços de diálogo e fortalecimento. Possibilitam às instituições católicas de ensino associadas uma abordagem colaborativa para enfrentarem os desafios comuns no Brasil. Um dos principais propósitos dos fóruns é o reforço da identidade católica nas instituições de ensino associadas, o que implica promoção de valores éticos, morais e religiosos em sintonia com a Igreja Católica. Os integrantes dos fóruns atuam para garantir que esses valores estejam intrinsecamente conectados à educação oferecida, de forma a proporcionar aos estudantes uma formação integral, que transcende o aspecto acadêmico.

Troca de experiências e melhores práticas Como ponto de destaque desses fóruns, destaca-se a troca de experiências e de melhores práticas. As instituições de ensino enfrentam desafios que, muitas vezes, são comuns entre elas e compartilhar soluções bem-sucedidas, certamente, é um benefício para todos. Isso inclui questões relacionadas à gestão administrativa, à captação de recursos, a parcerias com a comunidade, ao desenvolvimento de currículos, entre muitos outros aspectos que afetam a gestão e o ensino nas escolas e universidades católicas.

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Além de fortalecer as instituições individualmente, os Fóruns de Presidentes e de Gestores da ANEC desempenham papel fundamental ao dar voz e visibilidade à Educação Católica no cenário nacional. A representatividade e a participação das mantenedoras em determinadas instâncias são essenciais, uma vez que ocupam os espaços que lhes são devidos, tornando-se agentes ativos na defesa e na promoção da Educação Católica no Brasil. Compartilhando perspectivas e desafios únicos, essas instituições são capazes de moldar políticas públicas e estratégias de ensino. O espaço de diálogo proporcionado pela ANEC é um exemplo notável de como a colaboração e a troca podem fortalecer a Educação Católica no Brasil. Em um país tão vasto e diverso, a educação desempenha um papel crucial na formação de cidadãos. Assim, a ANEC e os fóruns que promove desempenham um papel vital na construção do futuro de crianças, jovens e adultos ao potencializar a qualidade, a integridade e os valores da Educação Católica em âmbito nacional.

Ir. Marli Araújo Presidente da Câmara de Mantenedoras da ANEC

Fabiana Deflon Gerente da Câmara de Mantenedoras da ANEC

Se sua instituição ainda não faz parte desses espaços ricos de troca e diálogo, faça contato com a Câmara de Mantenedoras da ANEC, por meio do e-mail mantenedoras@anec.org.br ou do telefone (61) 99648-5256.

Participe e una-se a nós em prol da Educação Católica!


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MANTENEDORAS

O momento da virada: gestão eficaz na educação brasileira

Este artigo pretende demonstrar a necessidade da grande virada na gestão da educação no Brasil.

A gestão das Instituições de Ensino, no Brasil, há muitos anos, vem tomando espaço no cenário da administração, gerando debates e discussões acaloradas.

tratado como um cliente real, com todos os atributos que o título lhe confere.

No período pós-pandemia, esse assunto assumiu enorme dimensão diante dos desafios causados pelas mudanças impostas pela nova realidade do ambiente geral da educação.

Essas pessoas desejam receber um ensino com as seguintes características e benefícios:

Dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022 dão conta de que 24,7% das pessoas, na faixa etária de 14 a 29 anos, abandonaram os estudos por falta de motivação e interesse. Esse dado causa inquietação e dúvida. Por que o ensino não motiva nem gera interesse nas pessoas? Ainda temos de considerar que muitas pessoas não abandonaram, mas continuam desmotivadas e desinteressadas nas escolas. Esse desafio está aí para ser solucionado. Talvez, nesse ponto, destaca-se a gestão administrativa, que tem de ser encarada de forma diligente, bem no sentido dessa palavra, ou seja, com prontidão, rapidez, velocidade e de forma cuidadosa, para garantir serviços de qualidade ao estudante. É notório que as estruturas das instituições de ensino, hoje, atuam em um ambiente de alta competitividade e de alto nível de exigência, oferecendo valor e benefício a um tipo de cliente/aluno, que quer ser

O que o cliente/aluno valoriza

• qualidade e excelência dos programas e currículos; • processos eficazes, plataformas EaD com tecnologias inovadoras, mecanismos on-line e professores competentes; • experiência de aprendizagem instigante, desafiante, motivadora, que eleve o aluno a patamares superiores para o exercício da vida pessoal e profissional; • instalações físicas e tecnológicas de qualidade, salas bem equipadas, equipamentos e tecnologia de apoio, bibliotecas físicas e virtuais, laboratórios de práticas, espaços de convivência acolhedores, oportunidades de estágios, esportes, estacionamento etc.; • serviços de atendimento on-line – emissão de boletos, pagamentos por cartão, PIX e outros mecanismos que proporcionem comodidade; • atendimento pessoal/presencial humanizado, respeitoso, com interesse pelo aluno/responsável, eficaz, assertivo e sem longas filas; • preços justos e condizentes com os níveis dos serviços ofertados;


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• segurança nas dependências, com sistemas eficazes de identificação e reconhecimento para acesso ao ambiente de ensino; • atividades externas, como visitas técnicas, viagens de estudos, participação em olimpíadas de conhecimento e outras oportunidades de contato com a prática. O aluno quer ter orgulho de pertencer à instituição. Só assim ele e a família vão recomendar a escola para outros que virão a ser os novos clientes. Para isso, a palavra de ordem, no momento, é inovação. É hora de fazer diferente, renovar, atualizar, modernizar. Inovação é diferente de alta tecnologia e, não necessariamente, envolve altos investimentos. O momento pede estruturas leves e eficazes. Entidades que dependem de estruturas complexas, devido às próprias características, devem contar com uma Diretoria-Executiva com autonomia para decisões rápidas e tempestivas. Em alguns casos, o excesso de Conselhos pode comprometer a agilidade das decisões. Algumas alternativas para melhoria e inovação. 1.

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Gestão Comercial – Reformular estratégias e ações de atração, retenção e fidelização de alunos, ampliando a base de clientes. Gestão Financeira – Aprimorar estratégias e ações para ampliar a adimplência e evitar altos índices de inadimplência. Gestão de Marketing – Potencializar a imagem, a reputação e o posicionamento; atuar em segmentação, campanhas eficazes de marketing tradicional e digital; definir funil de vendas para ampliar a captação de novos alunos; investir em mecanismos de retenção e fidelização. Gestão da Inovação, Transformação e Novas Tecnologias – Aprimorar processos, tecnologias e métodos de EaD, Inteligência Artificial (IA) e serviços ao cliente/aluno. Modelo de Negócio – Rever, atualizar e aprimorar o modelo de negócio, reforçando o EaD; intensificar parcerias estratégicas; ampliar canais; redefinir segmentos e nichos; ampliar benefícios do ensino etc. Planejamento Estratégico – Valorizar o planejamento e utilizá-lo como ferramenta de

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orientação, direcionamento, organização e controle de resultados. 7. RH Estratégico – Transformar os subsistemas de Recursos Humanos, melhorando a seleção, o treinamento, o desenvolvimento, a produtividade e despertando talentos. 8. Comunicação Estratégica – Alinhar a comunicação do topo até a base da instituição. Criar uma cultura interna, em que todos os colaboradores estejam comprometidos com a valorização e a satisfação dos alunos. Todos os contatos com os estudantes ou com os pais e responsáveis são oportunidades para reforçar os laços com a escola. 9. Ética e Compliance – Reforçar a cultura interna; potencializar a imagem e a reputação; evitar riscos e aumentar a segurança pela conformidade. 10. Comitês Temáticos – Utilizar a prática de comitês, nas Unidades Educacionais, para contribuir com dados e informações, auxiliando nas tomadas de decisões. 11. Pesquisa NPS – Utilizar essa metodologia simples e eficaz para monitorar a experiência dos alunos e avaliar os níveis de satisfação. A gestão de Mantenedoras e Instituições de Ensino é, por natureza, complexa e desafiadora. No entanto, se compararmos com a gestão de outras organizações, em outros ramos de atividade, percebemos que muito há para ser feito na área de educação. Isso representa oportunidade, e o momento é propício para ações assertivas. Com certeza, num futuro breve, veremos grandes cases de sucesso nessa área.

Lauri Tadeu Corrêa Martins Administrador, MBA em Direção Estratégica, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental. Consultor de Instituições de Ensino e de Pequenas e Médias Empresas. Mentor de Líderes e Gestores. Conselheiro de Empresas Certificado.


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EDUCAÇÃO SUPERIOR

O desafio de formar professores para o futuro do Brasil por Comunicação ANEC Uma pesquisa recente, desenvolvida pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), trouxe à tona uma projeção preocupante: até 2040, o Brasil poderá enfrentar uma carência expressiva de 235 mil professores na Educação Básica. O estudo revela um crescente desinteresse, especialmente entre os jovens, em abraçar a carreira docente. Destaca, também, que, de 2010 a 2020, as matrículas em graduações voltadas para o ensino cresceram 53,8%, enquanto que, em outros cursos, o aumento foi de 76%. Além disso, há um problema de evasão. Nos dez anos analisados, o percentual de estudantes que concluíram os cursos de licenciatura aumentou apenas 4,3%. O levantamento foi feito a partir de dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. Em meio ao cenário desafiador, amplificado pela baixa procura dos estudantes pelos cursos supe-

riores de licenciatura, as Instituições de Educação Católica (IESs) mantêm o compromisso com a educação democrática e de qualidade socialmente referenciada, também a partir da manutenção dessas áreas de formação em suas universidades. Para se ter uma ideia, a Nota Técnica ANEC nº 1/2023 – Política de formação inicial de professores, entregue ao Ministério da Educação por ocasião do GT de Formação Inicial Docente do MEC, destacou a importância das IESs confessionais na formação de professores, principalmente em relação à quantidade de estudantes diplomados nas licenciaturas – em cursos presenciais e a distância –, em que foram indicados, aproximadamente, 214 mil diplomas expedidos em quase todas as regiões do Brasil.

Importância da licenciatura A professora Olga Ronchi, reitora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO), reforça que, sem licenciaturas, é impossível o desenvol-


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vimento de qualquer área de formação. “Não se fazem médicos, advogados ou engenheiros sem professores. Todas as profissões, necessariamente, passam pelo processo de escolarização e, portanto, ali estão os educadores nas mais diversas áreas do conhecimento. É impossível pensar no desenvolvimento científico e tecnológico de um país que promova a justa qualidade de vida para toda a sua população sem que tenha um forte sistema educacional, da Educação Básica até a Educação Superior aos programas de pós-graduação, que alavancam a pesquisa no Brasil. É impossível pensar que se desenvolva um país sem uma base sólida da educação”, defende. Na mesma linha, Cristiane Schnack, gerente de Desenvolvimento do Ensino na UNISINOS, universidade dos jesuítas em São Leopoldo (RS), acredita que a formação docente inicial é primordial para pensarmos em qualquer política pública em outras áreas. “É urgente que as políticas públicas se orientem, não apenas à pesquisa e inovação em tecnologia e outras áreas, mas também à formação inicial de professores, de modo a tornar a área mais atraente e, assim, contemplar acadêmicos comprometidos com a transformação na educação”, alerta. O Pe. Carlos Alberto Jahn, diretor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) Digital e do Núcleo de Educação a Distância, também ressalta a relevância dessa área de formação. “Com a implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o maior enraizamento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a formação inicial e a formação docente são prioritárias para uma educação integral, formadora de cidadãos e que prepare para o mundo do trabalho. Ter docentes habilitados e competentes é condição sine qua non para um país mais democrático, inclusivo e preocupado com a justiça socioambiental, a casa comum e o cuidado com a vida”, defende. As três universidades católicas mantêm cursos de licenciatura desde a criação e reconhecem a relevância da manutenção deles. “Grande parte das IESs católicas têm, na sua origem, os cursos de licenciatura e não têm poupado esforços no sentido de manter esses programas. Certamente, boa parte deles estão deficitários pela baixa demanda, mas nós sabemos da importância estratégica da educa-

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ção e, portanto, o seu compromisso com a formação de professores, entendendo o papel relevante que tem para o desenvolvimento humano, científico e tecnológico nessa área de formação”, comenta a professora Olga. Na UNICAP, as licenciaturas são oferecidas na modalidade presencial desde 1945. “Há um compromisso ininterrupto com a formação de docentes e com a construção e qualificação das políticas públicas na e para a educação básica”, explica Pe. Carlos. “A história da UNISINOS é uma história de conexão com as licenciaturas, desde sua criação. A instituição tem compromisso com a área da educação básica e reafirma esse compromisso, mantendo os cursos, presenciais e a distância, mesmo com a procura mais baixa em relação aos demais cursos”, acrescenta Cristiane.

Desafios A nota técnica da ANEC aponta que, dentre os principais desafios para a formação inicial e continuada de professores no Brasil, estão a falta de atratividade da carreira docente para os jovens; a ausência de política pública do Estado para mitigar a desigualdade social/educacional dos estudantes durante a pandemia; a situação econômica dos acadêmicos; a descontinuidade de políticas do Governo Federal para acesso às licenciaturas; a ausência de dados, estudos e pesquisas para o aprimoramento do PROUNI, tendo em vista as especificidades das licenciaturas; as mudanças no FIES, as quais resultaram em juros e condições incompatíveis com a realidade econômica dos estudantes das licenciaturas; a falta de políticas locais (governo estadual) para a concessão de bolsas de estudo para as licenciaturas; a existência de cursos de licenciatura na modalidade EaD com valores de mensalidade bem abaixo do mercado e de qualidade duvidosa; a desvalorização da profissão docente, não apenas no que se refere a questões salariais, mas também às condições de trabalho, que estão cada vez mais precárias e se associam às situações de violência nas escolas; e a falta de políticas públicas atrativas voltadas ao incentivo ao ingresso e à permanência dos estudantes nos cursos de licenciatura. “Ainda podemos e devemos avançar muito em termos de formação inicial de professores. É necessário que se observe os currículos a partir de olhares de inovação, de práticas de outras áreas com


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as quais podemos aprender. E entender que esse movimento precisa ser articulado, entre diferentes cursos de licenciaturas, buscando a construção de um ecossistema de formação”, pontua Cristiane. Pe. Carlos lembra que esses desafios explicam o crescente desinteresse pela profissão de professor. “As causas para esse desinteresse são as condições precárias de trabalho, falta de infraestrutura nas escolas, falta de materiais de apoio, violência nos ambientes escolares, adoecimento físico e psicológico de docentes, entre outras”, diz. “Ao mesmo tempo, falamos muito de uma Escola 4.0, uma educação voltada para preparar pessoas para a cidadania, para se mover num mundo com contornos ainda pouco definidos para o futuro do Brasil. Por isso, a formação de professores e professoras é urgente e crucial”..

Políticas públicas Nesse sentido, o Ministério da Educação conduziu, no primeiro semestre de 2023, um grupo técnico de trabalho acerca do tema, que contou com a participação e a contribuição da ANEC. Dentre as propostas elencadas, estão: melhoria e mais rigor na regulação dos cursos de licenciatura ofertados na modalidade a distância (EaD); elaboração de diagnóstico detalhado acerca dos desafios para equilibrar a oferta e a demanda por professores no país; formulação de um plano nacional de valorização dos profissionais do magistério que articule formação, carreira, remuneração e condições de trabalho; reafirmação do papel da CAPES na formação inicial e continuada de professores; aprimoramento do ENADE das licenciaturas; institucionalização e ampliação das iniciativas voltadas para o fortalecimento da formação teórico-prática dos licenciandos; desenvolvimento de ações com foco na formação de professores para as modalidades; desenvolvimento de ações com foco na formação de professores alfabetizadores; e revogação das Resoluções do CNE/CP n. 02/2019 e n. 01/2020, com o intuito de que a formação inicial e continuada de professores volte a ser orientada pelas diretrizes da Resolução CNE/CP n. 2/2015 e que sejam efetivados o acompanhamento e a avaliação do processo de implementação.

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Como será o futuro dos mestrados e doutorados no Brasil? O novo Plano Nacional de Pós-Graduação irá vigorar pelo período de 2024 a 2028. O documento já está em fase de aprovação pela CAPES por Comunicação ANEC A pós-graduação, no Brasil, é um verdadeiro motor de crescimento intelectual e científico. Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), até 2022, o país contava com 4.592 programas de mestrado e doutorado, um salto notável em comparação com os cerca de 1.439 existentes nos anos 2000. A história da pós-graduação no Brasil remonta a 1965, quando o Parecer n. 977, também conhecido como Parecer Sucupira, estabeleceu suas bases. Ao longo dos anos, vários planos, incluindo o primeiro Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), em 1975, moldaram o setor, com seis documentos até 2020. E, agora, com expectativas elevadas, o Brasil está no caminho para lançar um novo PNPG até o início de 2024, com estratégias inovadoras e metas ambiciosas para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de talentos no país.


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O novo PNPG, que vigorará pelo período de 2024 a 2028, trará diretrizes e recomendações para os próximos anos. Segundo a professora Maria Amalia Andery, reitora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e integrante da comissão elaboradora do plano, o documento, que está em discussão, traz nove temas como prioridades para o sistema. São eles:

alteridade e diversidade; assimetrias regionais e mobilidade dentro do Brasil; avaliação e multidimensionalidade; fomento e relações com o setor industrial e a sociedade; futuro dos egressos e ingressantes; internacionalização e mobilidade global; pesquisa institucionalizada e inovação; pós-graduação e educação básica; pós-graduação e ensino a distância. A reitora explica que a comissão identificou e apontou que o setor deve tentar resolver esses temas. “Cada tema está organizado em um pequeno texto de contextualização, desafios principais e recomendações. Em ‘alteridade e diversidade’, por exemplo, há uma constatação de que o sistema de pós-graduação brasileiro possui pouca diversidade cultural e racial. Então, entre as recomendações, está a inclusão das diversidades de gênero, raça, de pessoas com deficiência e outros”, aponta. “Já no ponto da assimetria regional, foi identificado que as diferentes regiões geográficas do país têm pós-graduação mais ou menos desenvolvida, em maior ou menor número; então, deveriam ser criadas alternativas, inclusive de relações entre os programas, para diminuí-las. E, dessa forma, seguimos com todos os outros temas”.

Ao contrário dos documentos anteriores, o PNPG 2024-2028 não traz metas definidas por números, como, por exemplo, de quantos mestres e doutores serão formados ou de quantidade de matrículas. “Existe uma preocupação com a perda de alunos, que se observa, especialmente, a partir da pandemia, na pós-graduação. Alguns atribuem a uma falta de interesse das pessoas pela pesquisa e outros acham que é uma coisa temporária, mas há uma dedicação em manter o sistema pelo menos do tamanho que ele é e crescendo de maneira mais acelerada nas regiões em que ele está menos presente”, comenta Maria Amália. “Não há uma expectativa de que o sistema de pós-graduação encolha no Brasil. Pode diminuir em instituições específicas, pois as universidades têm autonomia para criar e extinguir os programas. É um sistema flexível, maleável e que oscila”.


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O PNPG é um documento indutor, que impacta no planejamento dos programas e das instituições que os oferecem. “Todos ficam atentos aos planos, pois eles dirigem a organização estratégica. Assim como o Plano Nacional de Educação (PNE) e os planos que são orgânicos para as políticas públicas, ele influencia a política e os agentes que participam ou que induzem aos objetivos das políticas públicas”, afirma a professora. “Ou seja, o Plano Nacional de Pós-Graduação é importante para as instituições poderem conhecer o caminho que a CAPES está seguindo, o sistema, a avaliação e que lugar cada uma pretende nesse ecossistema”. O documento já está em avaliação pela CAPES. A instituição deve acrescentar novos aspectos, desde números e informações complementares até metas. A expectativa é que, em breve, o plano passe por uma audiência pública e que, em 2024, seja apresentado pelo Conselho Nacional de Educação e pelo Ministério da Educação.

Resultado positivo O último PNPG, que estava em vigor de 2011 a 2020, teve uma avaliação positiva. A reitora aponta que as grandes metas norteadoras do documento foram praticamente atingidas. “Ele não foi 100% cumprido, mas, de forma geral, foi um plano bem-sucedido. O principal objetivo era o aumento do número de mestres e doutores. Houve, também, a diminuição da assimetria geográfica, que não chegou aos padrões que nós gostaríamos, mas já houve uma redução significativa”, afirma. “O plano impactou positivamente o planejamento da pós-graduação nas universidades, nos centros de pesquisa e na forma como a CAPES passou a lidar com a avaliação dos programas”.

Contribuições das IESs Católicas As instituições católicas também enfrentam desafios nos programas oferecidos. Entretanto, possuem diversos cases de sucesso em relação à integração do setor produtivo e ao mercado de trabalho com a pós-graduação stricto sensu. Um exemplo é a PUC-Campinas, que se destaca pelo Programa MESCLA de inovação e empreendedorismo. A iniciativa co-

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necta a universidade e as empresas. Para isso, gerencia a propriedade intelectual, a transferência de tecnologia e o conhecimento gerado pela instituição. Em 2023, o MESCLA conquistou o Programa MAI/ DAI do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), obtido por meio da parceria estabelecida com uma empresa. A Unisinos, no Rio Grande do Sul, possui os Institutos Tecnológicos (Itts), criados em 2014, que estão alinhados com os Sistemas Nacional e Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. Eles estão amparados pelo NITT Unisinos – Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia – e se concentram no desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas para empresas e indústrias. A integração efetiva com o setor produtivo e o mercado de trabalho também é um destaque da Universidade Franciscana (UFN), em Santa Maria (RS). A instituição já colaborou com o setor de inovação e empreendedorismo, que resultou na criação de protótipos de aplicativos e produtos de tecnologia em saúde. Já a PUC-Goiás possui parcerias com agências de fomento, como a CAPES e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (FAPEG), para a elaboração de projetos de pesquisa voltados para setores estratégicos no desenvolvimento do Estado. Além disso, ela também participa do Pacto Goiás pela Inovação, que visa ao avanço da inovação e da pesquisa aplicada na região.

Futuro da pós-graduação Para a reitora da PUC-SP, é necessário o fomento à pesquisa no Brasil. “Um país que não tem autonomia na produção de conhecimento para resolver os seus problemas não tem importância na produção científica, na descoberta de tecnologia, na inovação; é fadado à pobreza, à desigualdade, à exclusão e a tudo aquilo que isso traz”, afirma. “Logo, o Brasil não só tem que manter o seu compromisso com o sistema de pós-graduação, com a produção de ciência e tecnologia de muita qualidade, como tem que ter metas claras de financiamento, pois é um país continental, de problemas gigantescos, mas com possibilidades únicas de se resolverem”, finaliza.


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EDUCAÇÃO BÁSICA

O futuro da Educação Básica: sala de aula e professores, quem serão? por Comunicação ANEC Nas palavras do Papa Francisco, pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade. O amanhã, porém, também alcançará o ensino e o grande desafio é fazer com que a educação consiga ser capaz de se reinventar e se adaptar a esses novos tempos emergentes. “Vivemos um mundo de mudanças cada vez mais radicais e aceleradas. Calcula-se que os próximos 20 anos vão trazer mais transformações do que os últimos 300 de história humana. Para continuarem relevantes em uma sociedade que está em constante mudança, as pessoas têm que ser capazes de se transformar e se adaptar aos novos tempos”, afirma Gui Rangel, futurista, autor, palestrante e diretor de Estudos Futuros da What The Future?!, organização que realiza o mapeamento de tendências e cenários futuros.

Para ele, o problema é que o sistema educacional pouco mudou desde o fim do século XIX, quando foi criado para solucionar uma questão fundamental: como preparar os jovens para serem integrados à nova economia que surgia com o advento da Segunda Revolução Industrial? “A solução, que funcionou de forma eficiente na época, foi criar um processo de padronização de ensino, análogo às linhas de montagens presentes nas indústrias que estavam reinventando a nossa sociedade de consumo”, explica. “Essa concepção, infelizmente, não faz mais sentido. Para se preparar para essas realidades emergentes, o futuro da educação deve ser mais personalizado, flexível e acessível do que nunca. A tecnologia desempenha um papel fundamental nessa transformação, permitindo que os alunos aprendam no seu próprio ritmo e da maneira que desejarem”, acredita.


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Dentre as principais tendências, elenca Gui, estão a personalização; a flexibilidade; a acessibilidade; o foco nas habilidades do século 21, que incluem pensamento crítico, resolução de problemas, criatividade e colaboração; a utilização de novas tecnologias para criar experiências mais engajadoras; a inevitável – e acelerada – ascensão da Inteligência Artificial; e a aprendizagem ao longo da vida, a chamada Lifelong Learning. “A educação não se limitará mais aos anos escolares tradicionais. Os alunos poderão continuar aprendendo ao longo de toda a vida, por meio de canais formais e informais. Tudo isso adaptado às necessidades e aos interesses individuais de cada estudante, para que possam aprender em seu próprio ritmo e da maneira que desejarem, com variados recursos e ao alcance de todos”, pontua.

Como professores e alunos devem se preparar para essas novas realidades que estão surgindo? O especialista defende que os educadores precisam, principalmente, abraçar a tecnologia. “Os docentes devem se sentir à vontade para usar essas inovações em sala de aula, criando experiências de aprendizado diferenciadas, que atendam às necessidades individuais de cada aluno”, avalia. “Aliado a isso, é fundamental compreender que eles também precisam continuar aprendendo e crescendo ao longo de suas carreiras”, acrescenta. Já para os estudantes, as mudanças incluem a necessidade de tornarem-se aprendizes autodirigidos. “Eles devem aprender a assumir a responsabilidade por seu próprio aprendizado. Isso significa estabelecer metas, desenvolver estratégias de aprendizado e monitorar o próprio progresso. Ainda, devem desenvolver o amor pelo aprendizado e o desejo de continuar aprendendo ao longo de suas vidas”, expõe.

Novas profissões Gui apresenta que 6 dos 10 empregos mais procurados atualmente não existiam 10 anos atrás. “Novas carreiras não param de surgir e calcula-se que 47% dos trabalhos atuais vão desaparecer nos próximos 25 anos. Por isso, talvez, o maior desafio para a educação é que estamos preparando nossos jovens para empregos que ainda não foram nem inventados”, alerta. O especialista comenta que a natureza do tra-

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balho vai se transformar profundamente por conta da adoção cada vez mais acelerada e abrangente de tecnologias transformadoras. “Para continuar sendo relevante no futuro, a educação deve ajudar os alunos a se prepararem para deixar de agir como máquinas – ser repetitivos e previsíveis – e se tornarem mais humanos e, por consequência, insubstituíveis. Nesse novo contexto, algumas das habilidades fundamentais são: capacidade de julgamento e tomada de decisões, criatividade, habilidades com tecnologia e comunicação interpessoal, inteligência emocional e adaptabilidade a mudanças”, exemplifica.

Cenários futuros da educação O futurista separou alguns dentre os vários possíveis cenários para o futuro da educação. “Ampliação da educação e ela se tornaria mais contínua, com as pessoas aprendendo ao longo de suas vidas. Quadro de ensino terceirizado, cenário em que os sistemas tradicionais se desintegram à medida que a sociedade se envolve mais diretamente na educação de seus cidadãos. Hipótese de escolas como centros de aprendizado, oferecendo uma ampla gama de serviços educacionais e sociais e se tornam o coração de suas comunidades. Contexto de aprender enquanto faz, possibilidade em que a educação formal perderia importância, e as pessoas aprendem no trabalho e por meio de experiências do mundo real. Por fim, um panorama ultra tecnológico, perspectiva em que as tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial e a Realidade Virtual e Aumentada, reinventam a relação do aluno com o aprendizado”, avalia. Qual cenário se concretizará dependerá de vários fatores, incluindo avanços tecnológicos, tendências sociais e econômicas, bem como políticas governamentais. “No entanto, todos esses cenários sugerem que o futuro da educação será mais personalizado, flexível e acessível do que nunca”, alerta o especialista. “A realidade, provavelmente, será uma combinação de diferentes elementos de diferentes cenários. É essencial para as instituições de ensino imaginar o seu papel nessas novas realidades emergentes e, no processo, começar a visualizar que tipo de ações são necessárias para se preparar para enfrentar os desafios e aproveitar ao máximo as oportunidades extraordinárias que o futuro oferece”.


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EDUCAÇÃO BÁSICA

Metodologias ativas auxiliam no processo de aprendizagem na Educação Básica por Comunicação ANEC Em 1968, Paulo Freire (1921-1997), no livro Pedagogia do Oprimido, já criticava o que ele chamava de educação bancária: “um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador, o depositante” (FREIRE, 2017, p. 80). Ou seja, quando os alunos estão apenas recebendo os conteúdos de forma passiva. Frente a essa questão indagada, o patrono da educação brasileira defendia a educação libertadora ou problematizadora, em que há uma troca mútua de conhecimento e o aluno participa ativamente do processo de aprendizagem. Uma maneira de envolver crianças e jovens nesse processo é por meio de metodologias ativas, que são um conjunto de estratégias e diretrizes de ensino, desenvolvidas para ensinar os estudantes, de forma a fazer com que eles sejam mais participantes, proativos e engajados no desenvolvimento do conhecimento. Os benefícios desse método são vários, segundo Fernando Trevisani, formador de professores e consultor educacional. “Os alunos podem

se sentir mais motivados e desafiados. Por exemplo, algumas atividades podem ser elaboradas propondo um processo que desperte a atenção do estudante a partir da resolução de um problema baseado em um contexto real ou a partir de uma situação que faz com que ele tenha que discutir com os colegas a respeito de estratégias diferentes para desenvolver uma solução para essa questão”, comenta. “A metodologia ativa possibilita desenvolver várias habilidades cognitivas distintas, como pensamento crítico, comunicação, argumentação, respeito à opinião do próximo, trabalho em equipe e outros. E o estudante fica mais autônomo porque o processo depende mais dele, fazendo com que ele saia daquele papel passivo de receptor e passe a ser protagonista”. No Brasil, já são utilizadas algumas metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos (Project Based Learning – PBL), em que os estudantes aplicam conhecimentos curriculares em situações reais; a baseada na resolução de problemas (Pro-


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blem Based Learning – PBL), em que é preciso resolver uma situação a partir do trabalho em equipe e colaborativo; o ensino híbrido, que propõe o uso integrado de recursos digitais e aulas presenciais, focando na personalização do ensino; a gamificação, em que o estudante desenvolve atividades ou participa de projetos com características gamificadas, como o avanço de fases, etapas, pontuação e ranking; entre outras. O especialista Fernando Trevisani aponta que, no mundo atual, as metodologias ativas preparam crianças e jovens para a vida adulta e para o mercado de trabalho. “Dificilmente, eles terão uma profissão em que irão trabalhar sozinhos. Ela vai exigir colaboração, trabalho em equipe, comunicação e, para tudo isso, a metodologia ativa cria momentos oportunos para desenvolver com os estudantes”, afirma. “Muito se tem falado sobre o Lifelong Learning, que é o aprendizado ao longo da vida. E ele permite que você trabalhe problemas do mundo real, com projetos que vão impactar na sociedade, usando o conhecimento trabalhado em sala de aula”.

Desafios para a implementação Para que os professores possam aplicar as metodologias ativas no dia a dia da sala de aula, Trevisani defende que é necessária uma formação docente. “É preciso que a instituição e os profissionais invistam nesta instrução para entender todos os conceitos específicos, para que os educadores tenham essa base teórica e entendam como é possível preparar e planejar uma aula ou alguma atividade diferenciada. Por exemplo, se ele for propor um processo a partir do Design Thinking, em que alunos podem implementar um modelo de aprendizagem baseado em projetos, saber como fazer e guiar as diferentes etapas é essencial”. Outro fator é que as instituições também precisam modernizar a gestão pedagógica. Além de oferecer a formação acerca do tema, Fernando aponta ser necessário que alguns processos internos também sejam ressignificados. “Por exemplo, no início do ano, os professores precisam entregar um planejamento de aulas semestral. Entretanto, ao mesmo tempo, se esse profissional utiliza alguns modelos ativos, como ensino híbrido, a ideia é que ele vá planejar as aulas seguintes baseado nas atividades e nos resultados

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que os alunos obtiveram. Logo, não é possível planejar a aula muito a longo prazo, pois não tem como prever quais dados e informações sobre aprendizagem ele irá receber”.

Aplicação na sala de aula Um desafio que os professores enfrentam no dia a dia é a diversidade de alunos. As salas de aulas são heterogêneas em termos de conhecimento, de como aprendem, de onde os estudantes vêm, as condições econômicas etc. “As metodologias ativas podem ajudar a superar essa dificuldade, porque elas permitem que o professor utilize estratégias diferentes para ensinar os estudantes dentro de uma mesma aula”. Uma atividade que pode favorecer o protagonismo do aluno e potencializar a aprendizagem, por exemplo, é a realizada em grupo, em que os estudantes, intencionalmente, precisam uns dos outros no processo de discussão de ideias para a construção de uma solução. “Uma sugestão é o ensino híbrido, que permite que o professor crie várias formas e estratégias diferentes de trabalhar o mesmo conceito dentro de uma mesma aula”, aponta. “Na rotação de estações, um dos modelos desse método, é possível dividir a turma em várias estações para trabalhar um tema específico. Elas são independentes umas das outras, têm o mesmo tempo de duração e todos vão passar por elas, divididos em grupos, e vão ver o mesmo conteúdo de formas distintas, seja por meio de recursos digitais, pesquisa, com a mediação do educador ou outros”, explica. Segundo Trevisani, torna o processo de ensino mais democrático, pois, em uma aula expositiva, o aluno só tem aquele momento e a explicação do professor. O desinteresse dos alunos é outro desafio que os educadores enfrentam no dia a dia. “Estamos vivendo um cenário em que eles têm celular e acesso amplo à internet e às redes sociais, como Instagram, Tik Tok e Facebook. Então, manter o interesse deles nas aulas tem sido complexo. E, nesse ponto, as metodologias ativas podem ajudar, pois os professores podem propor atividades que envolvam essas redes, seja por meio da criação de post criativo com foto ou vídeo com a explicação de um determinado conteúdo. Existem várias maneiras em que os alunos podem manifestar o que aprenderam”, finaliza.


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PASTORAL

Campanha da Fraternidade 2024 vai refletir sobre a Amizade Social O tema “Fraternidade e Amizade Social” foi inspirado na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti

FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL “ Vós sois todos irmãos e irmãs ” (Mt 23,8)

por Comunicação ANEC Em 2024, celebraremos um importante marco: 60 anos da inspiradora Campanha da Fraternidade (CF). Durante esse período, a CF se estabeleceu como um dos projetos mais impactantes de difusão da mensagem de evangelização no Brasil. Anualmente, ancorada na mensagem do Evangelho, essa iniciativa abraça temas contemporâneos de grande relevância social e humana, convidando tanto a comunidade cristã quanto toda a sociedade a refletir e se transformar. Sob o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs“ (Mt 23,8), o tema de 2024 é “Fraternidade e Amizade Social“. A escolha, feita em 2022 pelo Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), surge da profunda reflexão dos bispos sobre a situação atual da sociedade, marcada por divisões, violência, ódio, conflitos e polarização. Inspirada na Carta Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, a CF 2024 busca oferecer um antídoto para essa enfermidade social. O objetivo geral da CF 2024, traçado pelos bispos brasileiros, é inspirador: Despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os laços da amizade social, para que a paz, em Jesus Cristo, se torne uma realidade para todas as pessoas e nações. Segundo o padre Jean Poul Hansen, secretário-executivo das Campanhas da CNBB, esse é um chamado à transformação que se estende a todas as pessoas de boa vontade, com ênfase nos cristãos. Ele explica: “a expectativa é que a campanha desperte, na Quaresma de 2024, um grande processo de conversão pessoal, comunitário e social, capaz de nos tornar pessoas melhores, mais parecidas com Jesus Cristo e mais adequa-

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024 24 de março - Domingo de Ramos: Coleta Nacional da Solidariedade

das ao seu Evangelho; comunidades mais abertas e acolhedoras; e uma sociedade mais saudável, menos polarizada, em que o diferente, o divergente e o oponente tenham direito de existir, pensar, falar e agir diferente de nós, sem que isso suscite o desejo maligno de eliminá-lo”, afirma. O primeiro capítulo do texto-base da CF traz a “alterofobia” como diagnóstico da sociedade enferma, ou seja, “medo, rejeição ou aversão a tudo aquilo que é outro, tudo o que não sou eu mesmo” (texto-base, n. 73). Segundo Pe. Hansen, o tema da Amizade Social é necessário diante do contexto atual, em que a convivência humana está ameaçada pela agressividade, intolerância e violência. “Nossa sociedade vem se dividindo, cultivando ódios, se fechando em pautas identitárias, perdendo a capacidade de diálogo e compaixão até o ponto de não reconhecer a outra pessoa como semelhante, quanto mais como um irmão ou uma irmã. É preciso que a Quaresma de 2024, com a CF, nos ajude em um profundo exame de consciência, acompanhado de um processo de verdadeira conversão, motivados pela Palavra de Deus”.


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Amizade social que ecoa na Igreja e nas instituições de ensino Na Igreja, ressalta Pe. Jean Poul, o tema da CF irá refletir como um chamado à conversão, a mudanças de vida e atitudes, à reconstrução de relações rompidas e ao reconhecimento do outro e de todos os outros. “A amizade social é o remédio capaz de alargar o coração para além das fronteiras dos nossos gostos, afetos e preferências, a fim de acolher a todos nas suas diferenças, como irmãos e irmãs”, destaca. Nas escolas, a CF encontra um espaço fértil para atividades. O tema potencializa múltiplas possibilidades de trabalho pastoral nos ambientes escolares interligados aos projetos educativos e aos currículos das diferentes disciplinas. “Educar não é meramente a transmissão de conhecimento científico, é, antes, um ato de construir relações de convivência em vista da fraternidade e na busca do bem comum. Dessa forma, a CF 2024 toca no aspecto central de nossa missão como educadores, que é a de possibilitar experiências que ampliem horizontes e aproximem as pessoas para o exercício da cidadania, ou seja, para a convivência fraterna e o respeito entre os povos”, afirma o Padre Júlio César Resende, assessor do Setor de Educação da CNBB. Ao celebrar os 60 anos da Campanha, o Setor de Educação da CNBB propõe o desenvolvimento de um Projeto Pedagógico-Pastoral interdisciplinar durante o ano, com o objetivo de retomar os temas anteriores da CF e sua interlocução com a vida da

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sociedade e sua relação com as práticas pedagógicas. “O projeto também visa motivar a comunidade escolar a reconhecer as contribuições das Campanhas da Fraternidade na identificação dos desafios sociais do país e na busca de soluções por meio da fraternidade e solidariedade”, afirma Pe. Júlio César. “A expectativa é que as atividades sejam concluídas com uma exposição sobre a CF”. Já nas universidades, o Padre Renato Gomes Alves, assessor do Setor de Universidades da CNBB, aponta que o tema será abordado a partir do subsídio CF na Universidade, elaborado pela CNBB. “O material propõe a realização de quatro encontros para tratar sobre a Amizade Social”, comenta. “Um deles, em especial, falará sobre a economia de Francisco e Clara e, justamente, nesse meio tão difícil que é a universidade e em um período tão complicado de pós-pandemia, em que ainda estamos buscando o alvorecer de novas relações e sair da sombra da indiferença e da falta de relação”. Pe. Renato reforça que o tema ecoa, sobretudo, na necessidade de criar vínculos e amizades dentro desse novo nível de ensino. “É o momento que o jovem começa a sua formação e vai conhecendo e agregando conhecimento, não somente pelas aulas, mas também a partir das relações criadas com professores e com colegas, que, no futuro, podem ser pontes para uma oportunidade profissional”, afirma. “Se tudo isso não for uma amizade verdadeira, não é possível formar um time concreto para trabalhar e atuar na sociedade como um todo”.

Adquira os subsídios no QRCode abaixo


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PASTORAL

Gestão e Pastoral: uma questão de coerência e fidelidade Sem a coragem de investir na Pastoral e sem o engajamento dos gestores, dificilmente, uma escola católica consegue avançar no propósito de evangelizar. Recentemente, um gestor compartilhou que, certa vez, a Mantenedora contratou uma consultoria financeira para rever as contas da instituição e propor melhorias na gestão dos recursos. O consultor apresentou várias soluções e, dentre elas, uma preocupante: diminuir os gastos com Pastoral, porque, segundo a visão da consultoria, a entrega dessa área agrega pouco valor de mercado ao serviço oferecido. Os gestores, entusiasmados com as possibilidades de melhoria de caixa, propuseram um corte orçamentário que levaria à redução de carga horária e à diminuição do salário dos agentes de Pastoral. No entanto, isso não se concretizou, pois foi feita uma reflexão mais ampla sobre as opções da Mantenedora. Como resultado, a missão da Pastoral deixou de ser vista como gasto e passou a ser compreendida como investimento. Infelizmente, é fácil tomar esse tipo de decisão quando não se tem clareza das opções fundamentais de uma instituição. Diante de tantas urgências numa escola ou universidade católica, a Pastoral pode ser vista como não prioritária e, em momentos de crise financeira, talvez, seja a primeira a sofrer

cortes. Urge repactuar os compromissos da gestão face à identidade confessional e à missão evangelizadora da instituição educacional. Escolas e universidades católicas transitam em âmbitos econômicos distintos, ou seja, são empresas educacionais, lidam com o mercado de prestação de serviços, mas são, simultaneamente, instituições que prezam pelas obras evangelizadoras. As escolhas pertinentes para as respectivas dimensões (econômica e Pastoral) podem acarretar o risco da incoerência, mas é necessário enfrentar essa realidade em nosso país. Investir na missão Pastoral de uma instituição de ensino católica é uma decisão que vai além do aspecto financeiro. É um compromisso profundo para salvaguardar a identidade e os valores da instituição. O gestor que compreende a importância da missão evangelizadora entende que, sem um compromisso, a Pastoral pode se tornar apenas um setor isolado, voltado para a realização de eventos esporádicos, sem a devida integração com os processos educacionais, razão pela qual a “escola em Pastoral” pode


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ficar cada vez mais distante. Uma Pastoral de processos, e não de eventos, exige um aporte constante de energia e decisões de gestão corajosas. Esse compromisso requer investimentos em diferentes áreas. Primeiramente, há a necessidade de investimento financeiro, pois a evangelização de qualidade demanda recursos para a realização de atividades, formação de agentes pastorais e manutenção de espaços adequados. Além disso, é fundamental investir tempo na Pastoral, de forma a garantir que ela não seja prejudicada em meio à correria do calendário escolar. Por vezes, percebe-se que destinar tempo para uma atividade pastoral pode afetar o rendimento acadêmico, mas, em uma escola católica, os momentos específicos em que a evangelização ocorre são, também, aprendizagens pedagógicas. Sem destinar tempo e espaço, é muito difícil que haja um vigor pastoral na instituição. Outro aspecto importante é o investimento em recursos humanos de alto nível. Os agentes pastorais precisam ser capacitados e comprometidos com a missão evangelizadora da instituição. Eles desempenham um papel central na construção de um mundo com mais amor, respeito, justiça, fraternidade, solidariedade e paz. A expertise deles é bastante específica e, portanto, precisam ser escolhidos com o mesmo critério dos outros profissionais. Por muito tempo, o agente de Pastoral Escolar era um profissional coringa: ora servia de animador de auditório, ora de músico, ora de sacristão. Na verdade, o agente de Pastoral Escolar é um colaborador estratégico da instituição, pois compete a ele desenvolver ações que evidenciam a identidade confessional, ou seja, o espírito cristão da escola ou da universidade. A gestão pedagógica da instituição também precisa abraçar a missão pastoral, independentemente da filiação religiosa dos coordenadores pedagógicos e professores. A prática dos valores universais ensinados por Jesus – amor ao próximo, busca da paz, da justiça, da fraternidade, o cuidado com a Casa Comum e o reconhecimento da dignidade da pessoa humana – é responsabilidade de todos os membros da comunidade educativa. A educação católica transcende as crenças individuais e busca promover um ambiente de respeito e solidariedade.

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Por fim, acentua-se a necessidade de uma gestão alicerçada no grande educador da história: Jesus Cristo. Isso significa o uso solidário dos recursos disponíveis, a fim de evitar o desperdício e promover a transparência na administração dos recursos financeiros. Essa abordagem contribui para uma gestão mais responsável e alinhada com os princípios fundamentais que nortearam o modus vivendi de nossos patronos institucionais. Deve-se frisar que a relação entre Pastoral e Gestão também exige um compromisso por parte da Pastoral. É importante se inteirar para saber se o serviço de evangelização planejado e executado pelos Setores Pastorais está à altura dos investimentos feitos. Não se pode admitir uma Pastoral de conservação ou desvinculada das expectativas da instituição. Nesse sentido, ela precisa ser criativa, altiva, inovadora e significativa, de acordo com as diretrizes da Igreja, da Mantenedora e das necessidades locais. A Pastoral deve estar alinhada às expectativas da instituição, de modo a oferecer uma experiência única, que agregue valor de mercado e enriqueça o ambiente educacional como um todo. A missão pastoral em uma instituição de ensino católica é um compromisso que requer o engajamento dos gestores, recursos humanos, investimentos financeiros e de tempo, bem como a integração entre a missão pastoral, a gestão pedagógica e a administração dos bens. Se entendemos que nossas escolhas de gestão comunicam nossas opções mais profundas, temos um importante trabalho pela frente: o de manter viva nossa convicção de que, na escola católica, evangelizar e educar são palavras sinônimas.

Fr. Mário José Knapik Diretor 2° Secretário da ANEC e Diretor do Setor de Animação Pastoral

Gregory Rial Coordenador do Setor de Animação Pastoral da ANEC


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COMUNICAÇÃO

Comunicação que conecta em todos os sentidos Você já viveu a experiência de transmitir uma mensagem que tenha sido mal interpretada ou não compreendida da forma como você esperava que ela fosse?

Isso é mais comum do que se pensa! E acontece simplesmente porque a comunicação é muito mais sobre o que o outro entende do que sobre o que você quer dizer. É por isso que, ao elaborar e transmitir uma mensagem, é tão importante se conectar com o interlocutor, com o intuito de garantir que a informação seja realmente compreendida da forma que se espera. Quando citamos essa conexão como palavra-chave, também devemos considerar os mais diferentes tipos de canais que utilizamos para nos comunicar com colegas de trabalho, estudantes, familiares, equipes e amigos, por exemplo as mensagens de texto, os e-mails, os comunicados, bem como as oportunidades de interação que temos diariamente, em reuniões e formações.


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E como criar uma efetiva conexão com o interlocutor? É fundamental voltarmos o nosso olhar para quem vai receber a mensagem. Para isso, confira algumas dicas a seguir.

Conheça o perfil do público para o qual você vai transmitir a mensagem e pense: de que forma ele se comunica, quais são as necessidades desse público neste momento, o que ele realmente precisa saber sobre o assunto? É fundamental lembrar que o óbvio também precisa ser dito, pois o que é evidente para você pode não ser para o outro.

Prepare a mensagem antes de ser dita ou escrita, refletindo: o que eu preciso dizer, qual é o tom da mensagem que quero transmitir?

Utilize palavras e termos que façam sentido para o público de acordo com o contexto. Para isso, escolha palavras e expressões de fácil entendimento para ele. Dessa forma, você facilitará a compreensão da informação.

Seja coerente, assertivo e objetivo. A linguagem está de fácil compreensão? Algum trecho pode causar dúvidas? Deixe a mensagem mais compreensível possível. Assim, você evitará despender tempo com ligações, respostas desnecessárias a e-mails e atendimentos.

Por fim, cuide (sempre!) das regras gramaticais e da apresentação do texto. Afinal, para o bom entendimento da mensagem, é fundamental que ela esteja bem escrita – ou bem falada –, conforme as normas gramaticais, e bem formatada, seja no e-mail, seja no comunicado ou em uma apresentação de slides. Parágrafos separados entre si, com pontuações e trechos destacados são bons recursos para tornar a leitura mais leve e fluida quando o conteúdo é extenso.

Seguindo essas dicas, os ruídos na comunicação serão reduzidos e a conexão com o interlocutor certamente será criada. Para além dessas dicas, também é importante entendermos que não apenas as mensagens escritas ou faladas podem transmitir algo. Afinal, não é somente a comunicação verbal que comunica. Isso porque o nosso tom de voz, a forma como nos vestimos, nossa forma de falar, nossa postura, nossos gestos comunicam, a todo momento, muito mais do que o assunto que queremos abordar. Nosso corpo fala muito mais que nossa voz. Imagine que, ao apresentar uma nova ideia para um gestor ou colega de trabalho, você está entusiasmado, mas ele está de braços cruzados enquanto ouve sua proposta. Esse gesto pode demonstrar que o interlocutor está fechado para novas ideias, mesmo que a intenção não seja essa. Mas isso é assunto para um próximo artigo! E você, como vem se comunicando ou desenvolvendo a comunicação da sua instituição com seus mais diversos públicos?

Anna Catarina Fonseca Gerente de Comunicação e Marketing da ANEC


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POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Educação Inclusiva em foco: ANEC e instituições associadas como agentes de mudança no cenário educacional por Comunicação ANEC Falar sobre Educação Inclusiva vai além de abrir um diálogo sobre desafios e oportunidades. É, também, uma chamada para que a legislação forneça um suporte sólido tanto para as famílias dos estudantes com necessidades especiais quanto para as instituições de ensino. As famílias, ao trilharem o caminho da inclusão, precisam de um respaldo que assegure o acesso, a qualidade e a adaptação necessárias para garantir que os filhos possam prosperar no ambiente educacional, desenvolvendo-se integralmente. Por sua vez, as instituições de ensino também precisam de um alicerce legal que as oriente, dê subsídios e as capacite para atender às variadas necessidades das crianças e dos jovens, pois acolhem uma multiplicidade de situações que devem ser diagnosticadas com profundidade para ajudar no processo educacional de forma promissora, dentro dos limites e das possibilidades de cada realidade. Atenta ao cenário vivenciado pelas instituições

associadas, a ANEC atua na linha de frente e busca dados que representam o contexto das escolas, com o intuito de tornar públicos os esforços empreendidos para atender aos estudantes de inclusão, conforme as singulares necessidades.

Pesquisa com as instituições associadas O ponto de partida dessa atuação foi a realização de uma pesquisa detalhada nas instituições associadas, desenvolvida pela ANEC, em busca de compreender cenários, desafios, propostas, quantidade de estudantes com necessidades especiais atendidos, formação de professores e investimentos nessa modalidade de ensino. Esse esforço resultou no Relatório da pesquisa de indicadores de Educação Inclusiva nas instituições associadas à ANEC, que objetiva contribuir para uma educação inclusiva que agrega valor para a qualidade da educação brasileira, por meio de contextualizações do cenário nas nossas instituições e de subsídios que auxiliarão na compreensão de como é possível ofe-


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recer um serviço de qualidade, em parceria com as famílias e especialistas na abordagem inclusiva. Integraram o corpo técnico responsável pelo estudo as especialistas e professoras das instituições associadas, Aira Almeida, Meily Cassemiro, Cássia Neves, Flávia Mentges e Zuleika Ávila, que representam o Grupo de Trabalho (GT) Pedagógico Nacional, e as coordenadoras da pesquisa, Ir. Adair Aparecida Sberga, vice-presidente da ANEC, e Roberta Guedes, gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC.

Conhecendo os dados Em uma live para as associadas, as análises dos dados da pesquisa tornaram-se públicas, por meio da apresentação do relatório feita pelo grupo de trabalho. Na ocasião, a vice-presidente, Ir. Adair, reforçou que, para discutir a temática com seriedade, foi preciso estar bem embasado em dados concretos e na legislação. “Assim, a partir do Grupo Técnico Nacional da ANEC, surgiu um GT temporário para trabalhar essa questão e é uma satisfação muito grande entregar um documento construído com a participação de especialistas de nossas associadas. Esse trabalho demonstra aquilo que já estamos desenvolvendo com os estudantes que precisam ser acolhidos pelas suas diferenças”, afirma.

Metodologia e resultados da pesquisa A especialista e professora Cássia Neves explicou que o Grupo de Trabalho atuou para entender as reais necessidades das associadas no que tange à educação inclusiva. “Assim, em um primeiro momento, desenvolvemos um questionário para acessarmos um panorama sobre o tema. A partir das respostas, analisamos os cenários individuais e coletivos e percebemos muitas convergências. Dentre elas, chamamos atenção para a relação entre famílias, escolas e profissionais que acompanham os alunos de inclusão; o volume de adaptações curriculares em materiais e equipamentos; o investimento financeiro em profissionais de apoio e o número de estudantes que necessitam desse olhar”, pontua.

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Confira os principais dados* coletados por meio da pesquisa de indicadores de Educação Inclusiva realizada nas associadas à ANEC.

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Alcance da pesquisa: 901 escolas e 365 redes de educação em todo o Brasil.

95% das associadas ofertam Educação Especial.

80% das associadas possuem equipe técnica especializada. Mais de 50% das associadas possuem sala de recursos e atendimento educacional especializado.

Segmentos com maiores índices de inclusão: Ed. Infantil e Anos Iniciais. Principais desafios apresentados em relação à educação inclusiva: diálogo com famílias e especialistas, número de estudantes de inclusão e adaptações de materiais.

*Dados correspondentes às associadas que responderam à pesquisa


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POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Alcance da pesquisa Com a apresentação do relatório, a ANEC desenvolveu um plano de ação audacioso para levar esses dados ao público em geral, o que envolveu o diálogo com parlamentares e entidades representativas do poder público na educação, com o objetivo de fortalecer a temática na discussão coletiva. Para o Ir. Natalino Guilherme de Souza, 2º vice-presidente da ANEC, a educação, por natureza, essência e constituição, não pode jamais trabalhar para nenhum tipo de exclusão. “Com isso, nós temos, em nossos carismas institucionais, a responsabilidade de atender a contento a demanda da inclusão. Esse documento trouxe dados que evidenciaram a urgência, a necessidade e a importância dessa pauta para as nossas instituições e toda a educação do Brasil. A ideia é continuar publicizando os resultados de estudos desenvolvidos no âmbito da nossa associação”, afirma. As estratégias de divulgação do relatório da pesquisa estão sendo colocadas em prática, por meio da ANEC Nacional e dos Conselhos Estaduais da ANEC. Com isso, o alcance dos dados gerados por meio dessa pesquisa está tomando grande magnitude. No âmbito do poder público, o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Educação (CNE) e o Conselho de Educação do Distrito Federal (CEEDF) foram os primeiros a receber o relatório e já conhecem o cenário das nossas associadas, assim como as contribuições do documento, por meio da entrega realizada pela ANEC Nacional aos órgãos. Os encontros com os órgãos representam a colaboração efetiva entre as instituições governamentais e a ANEC, na busca por soluções que promovam uma educação inclusiva de qualidade no Brasil, avaliando o cenário vivenciado pelas instituições católicas. A entrega também foi realizada para os representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na ocasião, Dom Francisco Agamenilton Damascena, bispo Referencial para a Educação e Cultura na regional Centro-Oeste, reforçou que é preciso, de fato, que haja a mobilização de forças para uma sinergia entre as legislações estaduais e, consequentemente, com a nacional.

Pe. Julio César Evangelista Resende, assessor Nacional para a Educação da CNBB, destacou a importância da pesquisa e de acompanhar o crescente número de crianças e jovens com laudos, a fim de as instituições de ensino se prepararem para atender esses estudantes. “Precisamos mobilizar os legisladores do país para que tenham mais clareza sobre essa questão da inclusão dentro dos espaços das instituições de ensino, de forma que não existam inúmeras normativas nos conselhos estaduais e não prejudicando a missão e a qualidade do serviço que é oferecido pelas instituições”.

Entregas nos estados O relatório da pesquisa está sendo divulgado em todas as partes do Brasil, por meio dos Conselhos Estaduais da ANEC, que estão realizando a importante entrega aos Conselhos de Educação de cada estado. A ação tem como objetivo estreitar a colaboração entre as instituições de ensino e os órgãos públicos, em todos os âmbitos das políticas educacionais, para além da Educação Inclusiva. Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul são alguns dos estados cujos Conselhos da ANEC fizeram a entrega aos Conselhos de Educação. Em Minas Gerais, durante a entrega ao CEE-MG, a coordenadora do Conselho ANEC-MG, Elaine Cecília de Lima, destacou a importância de criar parâmetros sólidos, que orientem a implementação da inclusão de forma eficaz e financeiramente viável. Ela ressaltou que a inclusão não é apenas uma obrigação legal, mas também uma questão de justiça e igualdade, e que é fundamental garantir que todas as crianças e todos os jovens, independentemente das necessidades especiais individuais, tenham acesso a uma educação de qualidade. A ANEC Nacional agradece a todos os conselheiros que se disponibilizaram a fazer essa importante entrega aos Conselhos Estaduais de Educação. A entrega estratégica desses resultados reforça o comprometimento da ANEC e das instituições associadas com a Educação Inclusiva e a disposição para atuar em conjunto com os órgãos responsáveis pela educação no país.


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Perspectivas para 2024 As ações voltadas para a imersão na Educação Inclusiva não param por aí! Ao longo de 2024, a ANEC realizará um fórum de discussão com representantes políticos e com os representantes do GT Pedagógico Nacional para debater sobre políticas educacionais com foco na Educação Inclusiva. Também apresentará um documento de análise jurídico-pedagógico dos projetos de lei referentes ao impacto da legislação nas associadas para ser entregue aos parlamentares. Seguimos juntos em prol de uma educação de qualidade social, atuando em parceria com as famílias e especialistas na abordagem inclusiva.

Tenha acesso ao relatório da pesquisa por meio deste QRCode

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Novo Ensino Médio: Projeto de Lei n. 5230/2023 redefine diretrizes no país e ANEC intensifica atuação em prol das associadas por Comunicação ANEC De acordo com o Censo Escolar 2022, mais de 6,8 milhões de estudantes cursavam o Ensino Médio em 20.769 escolas públicas e cerca de 1 milhão, em pouco menos de 9 mil escolas privadas. O Projeto de Lei n. 5.230/2023, proposto pelo Governo Federal, redefine a Política Nacional de Ensino Médio no Brasil e o texto, que tramita na Câmara dos Deputados, é uma alternativa à reforma do Ensino Médio de 2017. A mudança tem como objetivos garantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens brasileiros e de aproximar as escolas da realidade dos estudantes de hoje, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade. A proposta modifica diversos pontos, como: carga horária, recomposta para as 2.400 horas anuais para a Formação Geral Básica; disciplinas obrigatórias, que passariam a ser História, Geografia, Química, Física, Biologia, Matemática e as Línguas Portuguesa, Inglesa e Espanhola; formação de professores, ao estabelecer que profissionais com notório saber, que poderiam dar aulas sobre conteúdos relacionados à área de formação ou à experiência profissional, só poderão atuar no Ensino Médio em situações excepcionais, conforme regulamento, entre outros. Para Heleno de Araújo Filho, coordenador do Fórum Nacional de Educação (FNE) e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), as alterações e revogações na Lei n. 13.415/1917, apontadas no PL n. 5.230/2023, têm por objetivo resgatar o direito à educação – acesso, permanência e aprendizagem –, ameaçado pela reforma em implementação desde 2017, que investiu no reducionismo curricular. “Ao recompor a Formação Geral Básica em 2.400 horas, com oferta presencial obrigatória, além de estabelecer pelo menos duas áreas

de aprofundamento por unidade escolar, podendo a parte diversificada abarcar, simultaneamente, todos os atuais Itinerários Formativos (Linguagens, Matemática, Ciências Sociais e Ciências da Natureza, além da formação profissional), a proposta do Executivo se aproxima bastante do resultado da consulta pública que expressou as principais reivindicações da sociedade acerca das mudanças no Ensino Médio”, defende. Amábile Pacios, presidente da Câmara de Educação Básica no CNE, reforça que este é o momento de aguardar o que, de fato, será aprovado pela Câmara dos Deputados. “Essas mudanças irão impactar a vida do estudante e da comunidade escolar, mas o que se espera é que ela não mude substancialmente o rumo do que já vinha sendo feito pelas escolas. Nós tivemos um trabalho muito grande, dentro das instituições de ensino, para adequar toda a rotina do Ensino Médio para a nova proposta que estava em vigor ou estará em vigor”, aponta. “Então, nós esperamos que o Legislativo escute os estudantes, a sociedade e as escolas – tanto as públicas quanto as particulares – e que realmente faça um texto que reflita o anseio que a sociedade tem com relação à formação do Ensino Médio”.

Combate à desigualdade Heleno defende que a nova política do Ensino Médio deve buscar a melhoria da qualidade e o combate às desigualdades educacionais. “O relatório do 4º ciclo de acompanhamento das metas do PNE, publicado pelo INEP/MEC, revelou que, em 2021, apenas 74,5% dos jovens brasileiros, entre 15 e 17 anos, frequentavam o Ensino Médio, com desigualdades profundas: na faixa da população dos 25% mais pobres, a taxa lí-


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quida de matrículas ficou em 61,1%; entre os jovens do campo, foi de 64,9%; na região Norte, 68,2%; e, entre os negros, 70,9%. Apenas a população branca conseguiu se aproximar mais da meta do PNE, alcançando 80,3% de matrículas”, expõe. Outro dado expressivo e preocupante, detectado no último Censo da Educação Superior, se refere à redução, em mais de 16%, no acesso de estudantes negros às universidades públicas pelo sistema de cotas raciais e sociais. “Para a CNTE, esse retrocesso advém, em grande parte, das limitações curriculares e da evasão provocadas pelo NEM”, alerta Heleno. “Então, o que se espera da nova Política do Ensino Médio é que ela realmente venha tornar o jovem muito mais apto ao mundo do trabalho e à vida acadêmica, que também diminua a evasão no segmento e que ajude a escola que oferece o Ensino Médio a ter um diálogo maior com a juventude que ela abriga”, reforça Amábile.

Atuação ativa e intensa da ANEC Durante o ano de 2023, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) atuou intensamente para garantir uma educação de qualidade social para os alunos do Ensino Médio. A entidade participou de reuniões com representantes do Legislativo, esteve ativa dentro dos grupos de trabalho do Fórum Nacional de Educação, participou das consultas públicas e promoveu encontros sobre o tema com as associadas, como o que ocorreu no mês de outubro, o qual abordou as principais mudanças no texto que está em aprovação no Congresso Nacional. Além disso, produziu a Contribuição Técnica, denominada Posicionamento e Contribuições da ANEC sobre a implantação do Novo Ensino Médio, em parceria com o GT Pedagógico Nacional da ANEC, que analisou todos os dados de implementação do NEM fornecidos pelas associadas. O estudo mostrou as fragilidades, mas também os avanços alcançados com a implantação da nova matriz curricular nas escolas católicas de educação básica. “Esse documento foi entregue em mãos ao ministro da Educação, Camilo Santana, em reunião realizada presencialmente; ao INEP, que pediu o nosso apoio nas análises desse cenário; a parlamentares; e foi protocolada em órgãos responsáveis”, afirma Ir. Adair Sberga, vice-presidente da ANEC.

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A ANEC também aplicou outra pesquisa, nas instituições associadas, sobre o cenário de implantação do Novo Ensino Médio, a fim de subsidiar a tomada de decisões dos órgãos reguladores da educação. O documento foi entregue aos principais órgãos competentes. Em um primeiro momento, foi enviado um questionário técnico com perguntas voltadas à implantação – que passavam por questões relacionadas à construção das matrizes, aos itinerários formativos, à formação docente e até ao investimento que foi feito nas pessoas e nas estruturas para que ocorresse a efetivação do NEM. A partir desse material, foi realizada uma análise técnica, que também indica algumas sugestões no que se refere ao que pode ser aprimorado e ao que precisa ser corrigido em relação à educação nacional. “Para a construção desse material, nós contamos com a adesão de quase 80% das nossas associadas. Ele traz um levantamento quantitativo e qualitativo de como estão as nossas escolas após a implantação do NEM”, aponta Ir. Adair. “O nosso intuito é contribuir ao máximo com as reflexões para o novo Ensino Médio, de modo que os nossos jovens não sejam prejudicados e, sim, beneficiados com ações de melhoria, para assim garantir uma educação de qualidade”, finaliza Ir. Adair. Em novembro, a ANEC promoveu, ainda, uma roda de diálogo on-line com as associadas para debater as principais alterações do projeto de lei do Ensino Médio e como elas impactam no dia a dia das escolas associadas, para que todas possam estar preparadas. “Nós temos que estar abertos a um debate democrático para entender como o cenário educacional funciona no nosso país. Existem estudantes que estão sendo muito prejudicados em diversos sentidos, pois não são todos os estados ou sistemas que conseguiram aplicar, de forma adequada, como nós [escolas católicas] já conseguimos”, comenta a vice-presidente da ANEC. Na ocasião, os participantes puderam assistir a um vídeo de uma entrevista realizada com o conselheiro do Conselho Nacional de Educação e da ANEC, Ir. Paulo Fossatti, pela gerente da Câmara de Educação Básica, Roberta Guedes.

Confira, neste QRCode, a entrevista na íntegra.


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POLÍTICAS EDUCACIONAIS

ANEC constrói pontes de diálogo com os principais tomadores de decisão dos órgãos estaduais e governamentais por Comunicação ANEC

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) tem atuado constantemente na garantia da representatividade política das instituições associadas perante os órgãos públicos, bem como os órgãos de classes nos âmbitos estadual e federal. Para a educação católica, por meio da ANEC, fazer parte do debate público, de maneira estratégica e direcionada, ao construir pontes de diálogo e contribuindo com as principais instituições que regulam ou influenciam direta ou indiretamente as normativas educacionais brasileiras, é fundamental para a Igreja. Por meio dessa presença, a ANEC constitui um conjunto de ações que, em médio e longo prazos, proporcionam benefícios e melhorias das políticas educacionais, alcançando a consolidação da imagem da associação enquanto instituição representativa. Tal conquista permite dirimir eventuais riscos e potencializar oportunidades regulatórias para as associadas à ANEC que compõem o quadro de instituições que integram as políticas públicas nos âmbitos educacional, assistencial ou da saúde. Diante desse contexto, Jorge Mizael, assessor Parlamentar da ANEC, afirma que a atuação da ANEC ocorre por meio de frentes que incluem o monitoramento das atividades legislativas, proposições ativas e antecipação de cenários que sinalizem riscos ou oportunidades regulatórias para a

associação e seus membros. “Nós possuímos, sob o escopo de acompanhamento, um total de 285 proposições legislativas com tramitações ativas, que se subdividem em 257 projetos de lei ordinária; 12 projetos de lei complementar; 5 projetos de decreto legislativo; 2 propostas de emenda constitucional; 3 vetos presidenciais e 7 indicações legislativas”, pontua. “Em termos qualitativos, essa atividade tem se desdobrado, sobretudo, ao acompanhamento de proposições que visam a realização de modificações mais estruturais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), do FIES, do PROUNI e das normatizações referentes à imunidade tributária das entidades filantrópicas, ao homeschooling e ao Ensino Médio”, acrescenta. Para dar viabilidade operacional ao monitoramento, explica Jorge, têm sido utilizadas ferramentas automatizadas para o acompanhamento, em tempo real, do andamento das proposições nos mais variados órgãos colegiados da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Além disso, consultores, com dedicação exclusiva nessa seara, sintetizam os principais desdobramentos, garantindo o melhor tratamento da informação parlamentar”, comenta. “Portanto, a partir desse mapeamento, torna-se possível a realização de um processo de articulação política racionalizado e focalizado nos temas de maior interesse estratégico da ANEC. A


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equipe de consultores parlamentares, nessa etapa, busca promover uma série de encontros e reuniões com parlamentares para discussão desses temas. O diálogo com os tomadores de decisão no Congresso Nacional, portanto, se traduz numa ferramenta importante não apenas de divulgação institucional da ANEC, mas também de defesa de premissas e valores indissociáveis do sentido existencial da associação e seus associados”, defende Mizael.

Vitórias A atuação estratégica e atenta em relação a todas as mudanças nas legislações que possam interferir nas associadas e no âmbito da educação também é propositiva. Ou seja, a associação propõe e dialoga com os atores políticos acerca das mudanças necessárias para beneficiar os membros. Normalmente, as equipes visitam pessoalmente os gabinetes e dialogam diretamente com os parlamentares e assessores, explicando o contexto da legislação atual, por intermédio de notas técnicas e documentos e o quanto as associadas da ANEC têm sido impactadas pelas propostas vigentes. Em 2023, esse trabalho sinérgico da ANEC articulou com diversos parlamentares, com o intuito de buscar apoio para diversos projetos. Dentre eles, conquistou a inclusão e a aprovação da Emenda Substitutiva n. 1/2023 no PL n. 6.435/2019, garantindo às Instituições de Ensino Superior beneficentes a continuidade do serviço que prestam. O intuito é efetuar ajustes pertinentes aos cálculos das bolsas e prever que os termos de adesão em curso sejam reformulados em função dos novos cálculos, de modo a eliminar disfuncionalidades de cálculo que têm sido constatadas no âmbito do Sisprouni (Sistema Informatizado do Prouni) no tocante às Instituições certificadas como entidades beneficentes de assistência social da área educacional. Além disso, a atuação com a Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE) e o Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF) permitiu o apoio às associadas em relação aos procedimentos processuais e de manutenção da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social na Área de Educação (CEBAS). Neste caso, a ANEC protocolou um Mandado de Segurança para a suspensão de todos os prazos referen-

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tes aos procedimentos administrativos em curso no MEC, em especial os prazos de renovação e de entrega do relatório de monitoramento da CEBAS, em razão da pandemia de covid-19. À época, conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a solicitação foi atendida e as instituições portadoras da CEBAS, representadas pela ABIEE, pelo FONIF e pela ANEC, ficaram desobrigadas do mando a prestar contas do relatório de monitoramento e dos atos administrativos que envolvem os procedimentos referentes à CEBAS junto ao MEC. Em 2023, a entidade também reforçou o protagonismo na defesa dos interesses das associadas ao marcar presença em vários espaços e contribuir ativamente para que a pauta da educação católica fosse levada em consideração. No âmbito legislativo, a ANEC propôs dois projetos de lei e fez uma série de movimentações para que a Lei do Prouni esteja devidamente adequada à Lei Complementar n. 187, que rege as instituições filantrópicas. Além disso, participou, contínua e ativamente, do debate sobre o Novo Ensino Médio e discutiu a pauta da inclusão nas escolas de educação básica. A associação manteve a presença no Fórum Nacional de Educação (FNE), conduzindo discussões importantes para o país, e direcionou pautas no campo da Educação Superior, compondo os Grupos de Trabalho que desenharam, junto às secretarias do MEC, as políticas públicas para cursos de Licenciatura e para a Educação a Distância. A ANEC entende a própria participação política no horizonte da Doutrina Social da Igreja, que preconiza a participação nos espaços públicos como um dever moral da consciência cristã. Assim, por meio da ação junto aos órgãos de Estado e Governo, foi possível promover o bem para milhares de pessoas que são beneficiadas pelo serviço das escolas e universidades católicas. Além disso, a ANEC contribui para que as associadas tenham voz e vez na discussão pública e não sejam apenas uma parte passiva, que sofrem as consequências de decisões superiores. A associação possibilita que as instituições participem da construção democrática das políticas públicas. A ANEC tem realizado uma atuação política plural, apartidária e proativa junto às mais diferentes autoridades (ministros, senadores e deputados) interessadas em debater seriamente a qualificação da educação brasileira.


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MATÉRIA DE CAPA

O impacto transformador da ANEC, em prol das associadas, em 2023 A Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) encerrou o ano de 2023, junto com as instituições associadas, como protagonista no cenário educacional, sendo impulsionadora de transformações significativas. Ao longo do último ano, a ANEC concentrou esforços e estratégias em ações e projetos conectados à missão da associação, que é articular, congregar e representar as instituições educacionais católicas de todo o Brasil. Ao articular, a ANEC proporciona projetos e espaços estratégicos que não apenas congregam, mas fortalecem as instituições educacionais católicas, por meio de uma rede sólida e interconectada. Ao congregar, por meio por meio dos Conselhos Estaduais, Fóruns Estaduais e Nacionais, bem como reuniões, formações, cursos e publicações, a ANEC capacita e une os profissionais da Educação Católica, refletindo comprometimento com o aprimoramento constante e a excelência pedagógica. Já ao representar as instituições, a ANEC vai além do âmbito das salas de aula, estendendo-se aos corredores do poder público e às esferas política e religiosa. Como voz ativa e influente, a associação defende incansavelmente os interesses das instituições associadas, moldando políticas educacionais que ressoam com os valores fundamentais da educação católica.

Ao compartilharmos a atuação da ANEC em 2023, será possível visualizar análises numéricas, destacando as significativas articulações, reuniões estratégicas e formações conduzidas ao longo do ano. Cada dado apresentado reflete não apenas o esforço empregado para tanto, mas a importância estratégica da ANEC em proporcionar avanços e conquistas para as instituições associadas e para a educação brasileira. À medida que analisamos essa trajetória, torna-se evidente que a ANEC é mais que uma associação, é uma força propulsora que transcende desafios, transformando-os em oportunidades. Ao completar mais um ciclo, a ANEC reafirma seu compromisso com a promoção de uma educação católica de qualidade social.


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Impacto em 2023 | Atividades, resultados e conquistas do ano Fortalecendo pautas nacionais MANTENEDORAS • Fórum Nacional de Presidentes de Mantenedoras: o grupo se reuniu 5 vezes ao longo do ano para discutir temas ligados à gestão das Mantenedoras, como a filantropia, administração financeira e fluxos organizacionais. • Fórum Nacional de Gestores de Mantenedoras: o grupo se reuniu 5 vezes ao longo do ano para discutir temas ligados à gestão das Mantenedoras, como a filantropia, administração financeira e fluxos organizacionais. • Grupos de Trabalho: reuniram assessores, assistentes sociais e especialistas educacionais em muitas reuniões para estudo, discussão e articulação.

ENSINO SUPERIOR • Fórum Nacional de Reitores: os reitores se reuniram 10 vezes ao longo do ano para debater ações institucionais e de articulação política em prol das IES Católicas. • INTELLIGENS - Fórum Nacional de Inteligência Estratégica: grupo composto por especialistas das IES Católicas estuda dados públicos, cenários de mercado e tendências do universo educacional. • Grupos de Trabalho de Procuradores Institucionais, de EaD, de Licenciaturas, pós-graduação e pesquisa e de Medicina.

EDUCAÇÃO BÁSICA • GT Pedagógico Nacional: ao longo de 4 reuniões neste ano, o grupo que reúne gestores pedagógicos das Redes de escolas discutiu temas, como Inclusão e Novo Ensino Médio..

PASTORAL • GT Pastoral Nacional: o grupo que congrega os gestores pastorais das Redes de escolas reuniu-se 3 vezes, neste ano, para discutir identidade confessional e ação evangelizadora. • Fórum de Pastoralidade Universitária: coordenadores de pastoral universitária das IES Católicas se reuniram em 3 reuniões virtuais para discutir o papel missionário das universidades.


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MATÉRIA DE CAPA

Somando forças localmente Conselhos Estaduais da ANEC: conselheiros titulares e suplentes que representam a ANEC em 22 estados e no Distrito Federal. Fóruns Estaduais de Gestores: organizados em 18 estados e no Distrito Federal com dinâmica de reuniões própria de cada estado. Discutem assuntos locais, organizam a incidência política (ocupação de espaços como sindicatos, conselhos e comissões). GTs Estaduais de Pastoral: presentes em 7 estados e no Distrito Federal com reuniões bimestrais para compartilhamento de experiências, formação e cultivo da espiritualidade..

Apoiando a gestão das escolas, das IES e das mantenedoras MANTENEDORAS • Curso CEBAS Educação: aprenda na prática: foram 2 edições do curso, que contaram com mais de 120 participantes. Cada formação teve carga horária de 16 h/a e trouxe conhecimentos práticos sobre a operacionalização do CEBAS. • Reuniões formativas virtuais: foram realizados 10 encontros sobre temáticas de gestão, compliance, governança, mercado educacional, marketing alcançando mais de 1500 participantes.

EDUCAÇÃO BÁSICA • DIA ANEC: o grande evento de abertura do ano letivo aconteceu em 18 estados e no Distrito Federal. • Cursos Ensino Religioso como componente curricular e Educação Inclusiva na Prática: alcançando + de 100 instituições, com 16 h/a de carga horária.

PASTORAL • PastoLAB - Laboratório de Pastoralidade: o novo programa formativo da ANEC ofereceu 2 cursos e 3 workshops, alcançando mais de 800 coordenadores e agentes de pastoral.


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Participando ativamente das políticas educacionais Monitoramento legislativo A ANEC acompanha as propostas de lei e busca intervir naquelas que apresentam riscos ou benefícios às suas associadas.

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Projetos de Lei que interferem na educação católica

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Projetos de Lei com tramitação próxima que impactam as associadas

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Reuniões com parlamentares e seus gabinetes para negociação

Assuntos mais recorrentes

REPRESENTAR AS ASSOCIADAS

1. FIES 2. Alterações na LDB 3. CEBAS 4. Inclusão 5. Política do Ensino Médio 6. Segurança nas escolas 7. Ensino Domiciliar 8. PROUNI

Audiências com órgãos e agentes políticos em 2023: Ministro da Educação, SERES, SESU, SEB, DPR, CGCEBAS, SASE, INEP, CAPES, CNE, CEE’s, SINEP, FONCED, Assembleias legislativas e Câmara Distrital.

Dados coletados pela Metapolítica e analisados pela equipe ANEC em novembro de 2023.

DOCUMENTOS TÉCNICOS Por meio de notas técnicas, relatórios, pesquisas e coletâneas, a ANEC produz conhecimento de alto nível, que colabora com as associadas e com o país na construção de políticas públicas inclusivas e equalitárias.

Leia usando o QR Code ao lado.

Espaços ocupados pela ANEC em 2023: • Cadeira titular no Fórum Nacional de Educação • Cadeira titular no Conselho Nacional de Educação • CONAE—fase estadual: 22 representantes • Grupos de trabalho do FNE: Cultura da Paz, Privatização da Educação, Novo Ensino Médio. • Grupos de trabalho do MEC: Licenaturas, Odontologia EaD, Psicologia EaD, Direito EaD, Enfermagem EaD.

Em 2023, foram produzidos: 4 coletâneas (Tecnologia e Inovação | Novo Ensino Médio | Programa Casa Mãe | Ensino Religioso e Pastoral nas Escolas Católicas), 5 relatórios de dados (Inclusão | Novo Ensino Médio | Inteligência de IES | Censo das IES Católicas 2022 | Contribuições da educação católica para a sociedade brasileira) 3 Notas técnicas (EaD | Novo Ensino Médio | Licenciaturas). 5 Revistas (3 EducANEC | 2 de Pastoral)


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FÓRUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA E ASSEMBLEIA GERAL 2024 Educação católica em movimento no tempo das transições por Comunicação ANEC Nos dias 21 e 22 de março, a ANEC realizará mais uma edição do Fórum Nacional de Educação Católica e da Assembleia Geral, no Hotel Royal Tulip, em Brasília, que reunirá líderes e gestores das instituições Mantenedoras, de Ensino Superior e de Educação Básica associadas. Esse encontro será marcado por reflexões e pelo fortalecimento da educação católica no país, em 2024. O tema do evento Em saída, ao encontro: educação católica em movimento no tempo das transições é mais do que um ponto de partida; é um convite à reflexão sobre o papel da educação católica diante das transições religiosas, políticas, socioambientais, antropológicas e tecnológicas que caracterizam nosso tempo. “A inspiração para o tema foi extraída das palavras do Papa Francisco, que nos desafia a não nos acomodarmos, mas a nos colocarmos em movimento, saindo de nossas zonas de segurança e conforto. O coração do Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa, ressoa fortemente no propósito de ensinar a fraternidade e educar para a paz”, apresenta o presidente da ANEC, Pe. João Batista Gomes de Lima.

O fórum é um evento diferenciado, uma vez que é focado no diálogo e no debate qualificados, dando a todos os participantes a possibilidade de contribuir e compartilhar diferentes pontos de vista. Os objetivos do fórum visam congregar as associadas para fortalecer a educação católica, refletir com qualidade sobre assuntos pertinentes, promover o compartilhamento e relacionamento e concretizar a experiência da sinodalidade. As conferências e mesas-redondas que serão realizadas ao longo dos dois dias de encontro abordarão temas fundamentais, como Transição religiosa, socioambiental e tecnológica: o que temos a dizer? O que podemos fazer?; A Educação Católica do amanhã: que atitudes tomar hoje?; A jornada além do legado, entre outros. Além disso, acontecerão fóruns temáticos, que proporcionarão espaços específicos para diálogo e reflexão sobre temas pertinentes voltados à atuação de cada área da gestão. Confira.


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Participantes da última edição do Fórum, realizada em 2022.

Novos modelos de gestão para a nova economia

O autodesenvolvimento para uma gestão de excelência

O diálogo vai propor uma reflexão sobre como as instituições católicas podem não apenas sobreviver, mas prosperar nesse cenário dinâmico. Essa abordagem visa explorar estratégias e práticas de gestão inovadoras, alinhadas aos princípios da Educação Católica, que possam responder às exigências de um mundo em constante evolução.

A reflexão abordará a importância da evolução constante da liderança na Educação Básica. A temática convida líderes educacionais a se comprometerem com a jornada constante de crescimento pessoal e profissional, de forma a continuar transformando positivamente o ambiente educacional ao seu redor para uma gestão de excelência.

Ressignificar a Educação Superior no Brasil: os próximos passos

Por uma evangelização coerente: explorando a pastoralidade com inteligência

Presidentes e gestores das Mantenedoras

Reitores e representantes da gestão das Instituições de Ensino Superior O tema surge como um convite para uma profunda reflexão sobre o papel das instituições educacionais católicas e os caminhos a serem trilhados no cenário educacional brasileiro. A proposta é explorar estratégias inovadoras que permitam às Instituições de Ensino Superior não apenas se adaptar, mas também prosperar em um ambiente em constante transformação.

Líderes da Educação Básica

Gestores de Pastoral

A temática convida gestores a explorarem a pastoralidade com uma inteligência sensível e adaptativa. Constantemente, os gestores de Pastoral são desafiados a incorporar inteligência emocional, cultural e social em suas práticas, reconhecendo as diversas realidades e necessidades das comunidades a que servem.


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FÓRUM NACIONAL

ExpoANEC

Assembleia Geral Eletiva

Os participantes do Fórum Nacional de Educação Católica e da Assembleia poderão se conectar, ao longo do evento, com diversas empresas com os mais inovadores produtos e serviços educacionais do mercado durante a ExpoANEC.

Durante o encontro, representantes legais das instituições associadas participarão da Assembleia Geral Eletiva, um espaço exclusivo e restrito, que tem o objetivo de eleger os novos membros do Conselho Superior e da Diretoria da ANEC. Ao final do Fórum, os eleitos serão apresentados aos participantes e empossados.

O Fórum Nacional de Educação Católica será não apenas um evento informativo, mas um catalisador para a transformação e inovação na Educação Católica brasileira. Estamos prontos para sair ao encontro do futuro, em movimento e em unidade. Vamos juntos?

Inscrições abertas Você, presidente e gestor de instituições Mantenedoras, reitor e diretor de Instituições de Ensino Superior e diretor e gestor de instituições de Educação Básica, garanta sua vaga por meio deste QRCode. O investimento para os dois dias do Fórum Nacional de Educação Católica é de R$ 300,00.

Participe e vivencie, conosco, a educação em movimento! Mais informações podem ser esclarecidas com a gerente de Eventos, Viviane Maia, pelo e-mail eventos@anec.org.br ou pelo telefone 61 99161-2218.

Hotel Royal Tulip, em Brasília


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Hospedagem e Turismo Para reservar sua hospedagem, entre em contato com a empresa JF Eventos e Viagens, a agência de turismo oficial do Fórum Nacional de Educação Católica.

Flávia: (61) 99824-2231


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ENTREVISTA

Entrevista com Dom Gregório Paixão, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por Comunicação ANEC A educação católica tem como característica a sensibilidade humanista, ética e religiosa, sempre focada em formar cidadãos com princípios e valores que possam fazer a diferença na vida do próximo. Para falar sobre a importância das instituições educacionais católicas na atualidade e o papel delas na formação integral de crianças e jovens, a EducANEC conversou com Dom Gregório Paixão, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Confira a entrevista completa.

Para o senhor, qual é a importância da conexão da Igreja com o mundo da educação? Igreja e Educação são duas faces de uma mesma moeda. Nós não podemos separar uma da outra. Além disso, Jesus foi, inegavelmente, o maior educador da humanidade, porque foi capaz de assimilar a cultura da época, dando-lhe uma nova roupagem. Como Mestre e Senhor, nos deu a real compreensão de que todo conhecimento só é válido quando desenvolve, no estudioso, um verdadeiro espírito de mística e humanismo. Portanto, a Igreja, como mãe, acolhe e, como mestra, ensina. Ela olha o mundo da educação como espaço privilegiado de conhecimento e de convívio, de partilha e de fraternidade. Sem isso, a pessoa humana não passa de uma “caixa” de conhecimento, impossibilitada de enxergar para além das letras.

Como o senhor vê a educação católica desempenhando um papel na promoção da cidadania e da justiça social? A educação católica sempre esteve atenta às realidades sociais. Quem estudou em escola católica, como é o meu caso, sabe exatamente o quanto as entidades confessionais têm contribuído para a transformação da sociedade, promovendo os valores em vista da cultura da paz e da promoção da cidadania, gerando vínculos de responsabilidade para com a população mais vulnerável. Em números absolutos, como nos mostram os dados oficiais, boa parte dos que refletem e lutam pela transformação na sociedade brasileira passou por nossas escolas, o que muito nos alegra.


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Qual é sua perspectiva sobre o papel da educação formal na formação integral dos indivíduos? A educação formal é de fundamental importância para a formação de qualquer sociedade e, naturalmente, do indivíduo que por ela é educado. Eu tenho muita esperança de que consigamos aprimorar o que desenvolvemos ao longo dos séculos, em matéria de conteúdos e do modo como os transmitimos. Muitos teóricos sugerem que a educação formal seja substituída por outra, com aspectos diversos da que conhecemos. Entretanto, muitas dessas teorias não passam de estudos mirabolantes, construídos no “laboratório” de seus escritórios, sem perceber que o que temos é o resultado de séculos de experiências testadas e comprovadas. Não nego a necessidade de adaptações e abertura ao novo, mas tudo deve caminhar pela estrada do racional e razoável, para não trocarmos o certo pelo duvidoso. E como a ANEC contribui para essa missão? A ANEC é o elo que une as instituições católicas e possibilita a partilha de caminhos novos, sugerindo, iluminando, ajudando a refletir sobre o que deve permanecer e o que deve ser melhorado. A constituição da ANEC, como entidade vinculante, é, portanto, imprescindível. A formação de professores é fundamental para a qualidade da educação. Como o senhor avalia a importância da valorização dos profissionais da educação e o papel deles na formação dos alunos? O profissional da educação precisa ser, o tempo todo, valorizado e reconhecido. Sem isso, todo o trabalho de educação fica profundamente prejudicado. Os antigos diziam que, na construção do nosso conhecimento, os livros são os tijolos e os professores são os pedreiros. Assim, a formação dos alunos dependerá dessa casa, construída a cada instante por nossos mestres, que têm os instrumentos necessários para transformar vidas por meio da educação.

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Qual é a importância da família no processo de educação das crianças e dos jovens? Nunca se falou tanto sobre esse assunto como nas últimas décadas. Os pais são os responsáveis diretos pela transmissão dos valores essenciais que vão nortear a vida de seus filhos. A família é, portanto, a instituição que gera o desenvolvimento integral da criança, seja no aspecto físico, seja no intelectual, seja no espiritual. Sem a participação integral da família, essa formação fica desprovida de conteúdo substancial para a vivência da vida adulta. Estudos recentes mostram que pais “desatentos” geram filhos “desfragmentados”. Como a ANEC pode contribuir para o futuro da educação católica? Continuando a fazer o que se propôs desde a sua fundação, sendo fiel aos princípios cristãos (que norteiam o porquê da sua existência) e colaborando para o crescimento das instituições a ela vinculadas. Vejo que a existência da ANEC é fundamental neste momento da nossa história e sei que continuará seu percurso histórico somando vitórias em favor da educação católica, como tem demonstrado ao longo desses anos. Sobre Dom Gregório É arcebispo de Fortaleza/CE. Em 2023, foi eleito presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da CNBB na 60ª Assembleia Geral da Conferência. Antes do episcopado, Dom Gregório, que é monge beneditino, lecionou na Faculdade São Bento, na Bahia, e ministrou cursos ligados à área de Antropologia, Sociologia e Teologia em diversas universidades brasileiras. Foi diretor do Colégio São Bento (2000-2005) e da Faculdade São Bento da Bahia (2005-2006). Intelectual dedicado e internacionalmente reconhecido, Dom Gregório é doutor em Antropologia Cultural pela Universidade Aberta de Amsterdã, nos Países Baixos.


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ACONTECEU NA ANEC


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Educação católica em comunhão: ANEC reúne, em Brasília, reitores e presidentes de mantenedoras associadas por Comunicação ANEC Aconteceu, em Brasília, o Encontro Presencial dos Fóruns de Reitores e Presidentes de Mantenedoras associadas. Promovido pela ANEC, o evento reuniu, na Casa de Encontros Dom Luciano, da CNBB, reitores, presidentes e gestores das instituições para troca de experiências e validação das principais agendas políticas, sociais e eclesiais da ANEC para as associadas em 2024. Com o tema Educação católica em comunhão: gestão inteligente, liderança humanizada e compromisso social, a programação do encontro, na parte da manhã, contou com um diálogo com o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que tem atuado nas pautas de educação no legislativo, e com o ex-deputado Prof. Israel Batista, que fez uma análise da educação brasileira atual. No período da tarde, os reitores tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a Universidade dos Sentidos, um programa vinculado ao Pontifício Instituto Scholas Occurrentes, e de participar de uma apresentação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com dados do último Censo de Educação Superior. Já os presidentes e representantes das Mantenedoras puderam participar da apresentação da primeira etapa da pesquisa Contribuições da Educação Católica na Sociedade Brasileira e construíram e validaram as pautas políticas e institucionais para 2024. A mesa de abertura contou com a presença de Irmã Iraní Rupolo, presidente do Conselho Superior da ANEC; Pe. João Batista Gomes de Lima, diretor-presidente da ANEC; Irmã Marli Araújo da Silva, presidente da Câmara de Mantenedoras da ANEC; Irmã Luciane Kudlawicz, secretária da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); e Dom Francisco Agamenilton, Bispo Diocesano de Rubiataba-Mozarlândia (GO) e secretário do Regional Centro-Oeste da CNBB. “É importante estarmos reunidos pelo Fórum. Sei que nós estamos muito habituados às reuniões virtuais, mas é maravilhoso poder dizer que esta-

mos voltando à presencialidade. Porque a educação é, sobretudo, proximidade, olhos nos olhos”, afirma Ir. Iraní. “Quando se pensa em educação, pensa-se em qualificar o sentido e o sabor da vida humana. O sabor da sociedade e de viver em coletividade. É dar sentido e significado à vida”, completa.

Panorama da educação brasileira O deputado Reginaldo Lopes falou aos presentes sobre o Novo Ensino Médio e os impactos da reforma tributária no setor educacional. O parlamentar reconheceu que o processo de implantação do Novo Ensino Médio não aconteceu de maneira sólida e eficiente, mas defendeu alguns aspectos da reforma. “Não é uma particularidade do Brasil buscar um Ensino Médio que responda às principais perguntas e necessidades dos jovens, é do mundo”, afirma. “O nosso Ensino Médio anterior, ancorado por disciplinas, é muito disperso. É evidente que nós temos que dar conta de colocar dentro das áreas do saberes todos os conteúdos, têm que existir essa transversalidade. E o Brasil criou um modelo para chamar de seu. Eu acredito que o modelo integrado, em especial dos institutos federais, é um bom modelo”, afirma. “Precisamos sair da polarização. Temos que avançar com uma base nacional comum curricular que seja capaz de oferecer uma formação necessária aos alunos”.


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Fórum de Presidentes de Mantenedoras

Fórum de Reitores de Instituição de Ensino Superior


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No que tange à reforma tributária, o deputado Reginaldo apontou que um dos principais objetivos é simplificar a cobrança de impostos no país, tornando visível o que é pago com mercadoria e serviço. “No setor educacional, nós vamos cobrar uma alíquota com 60% de redução. Ou seja, se ela for 25%, a carga tributária será 10%”, afirma o parlamentar. “Além disso, todas aquelas instituições que têm imunidade tributária estarão preservadas, como, por exemplo, o Prouni com 100% de isenção. Pois todas as isenções, tanto do ponto de vista cultural quanto da assistência educacional que estejam vinculadas ao setor produtivo, a reforma transfere para o IVA (Imposto de Valor Agregado), da União ou dos estados”.

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se esse modelo de abertura vai permanecer e por quanto tempo ele irá permanecer, mas nós temos que aproveitar esse momento para apresentar as nossas demandas e para se articular com o Congresso Nacional”, afirmou. O professor também aponta que a votação do Novo Ensino Médio deve passar pelo Congresso de forma equilibrada e sem muitas surpresas. Também se fizeram presentes no encontro o deputado federal Odair Cunha e o professor e doutor Matheus Martins, que falou brevemente sobre inclusão e sua participação ativa em defesa dessa pauta.

Premiação Na ocasião, o deputado Reginaldo Lopes e o ex-deputado e professor Israel Batista receberam, da ANEC, como menção honrosa, o Prêmio do Mérito Educacional Católico, em reconhecimento pela relevante atuação em prol do Pacto Educativo Global em nosso país.

O ex-deputado e professor Israel Batista fez uma análise da educação brasileira atual. O professor afirmou que, nos últimos anos, houve uma mudança profunda na forma com a qual a sociedade se relaciona e, com a ascensão das redes sociais, a internet acaba sendo o novo campo de debate público. “E tudo isso traz desafios imensos para que a gente estabeleça consensos de política pública. O Brasil está dividido e a tendência é de aprofundamento de desentendimento por conta das novas tecnologias e da ascensão de política feita de nichos”, comentou. “E a política educacional vai se inserir nesse novo mundo. Os debates que deveriam ser técnicos se tornam cada vez mais intensos, viscerais e mais rasos”. O professor Israel afirmou que, com a reforma do Ensino Médio, houve uma ampla abertura para que instituições como a ANEC participassem mais ativamente do debate público. “Nós não sabemos

Atuação da ANEC perante as associadas A manhã foi concluída com a apresentação de dados significativos pela equipe da ANEC Nacional, destacando os impactos resultantes da atuação da Associação. Foram abordados os resultados em apoio a pautas e articulações políticas, as formações proporcionadas às associadas, a produção de documentos técnicos e outros dados relevantes. No segundo momento do evento, reitores e presidentes de mantenedoras reuniram-se em fóruns que abordaram temas relacionados a cada segmento.


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ACONTECEU NA ANEC

Fórum de reitores José Maria del Corral, Diretor Mundial da Fundação Scholas Occurrentes, apresentou para os reitores e gestores presentes a história da Universidade do Sentido, uma universidade pública, gratuita, global, intergeracional, inter-religiosa e multicultural com sede formal na Cidade do Vaticano e administrada pelo Movimento Educacional Internacional Scholas Occurrentes. “Essa universidade é um lugar para fortalecer e complementar o trabalho atual das universidades e também para pensar na formação de trajetos interculturais, interreligiosos e intergeracionais, pois existe uma diversidade de culturas dentro de sala, visto que trabalhamos com pessoas mais velhas e jovens na mesma aula”, afirmou o professor.

Ainda no período da tarde, foram apresentados os dados do último censo da Educação Superior e um panorama sobre o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Ulysses Teixeira, diretor de Avaliação da Educação Superior do Inep, apontou que, de acordo com o último censo, o Brasil oferta mais de 4 milhões de vagas em cursos de licenciatura, mas apenas 15% delas são preenchidas pelos alunos. “E, desses que ingressam, apenas 47% concluem o curso e não são todos que se tornam professores da Educação Básica”, afirmou. Ulysses também acrescentou que, dentro do conceito Enade, as instituições privadas sem fins lucrativos estão dentro da curva esperada. “Existe uma concentração maior de cursos na faixa três, que é o desempenho próximo da média. Logo, o comportamento está próximo do esperado”, afirmou. “Os indicadores são calculados de maneira padronizada, em que o desempenho é comparado com os demais cursos da área. Então, é esperado que a distribuição siga uma curva normal.”

Por fim, Ulysses afirmou que, a partir de 2024, as licenciaturas serão avaliadas pelo Enade anualmente. “Nós formamos uma comissão com professores que já trabalharam em comissões do Enade em anos anteriores e que eram especialistas em ensino da área. Eles fizeram uma proposta de matriz de competências docentes gerais e uma estrutura para a matriz das competências específicas de docência da área. O objetivo, então, é que a gente tenha uma matriz de referência mais estável e padronizada para todas as licenciaturas”, afirmou. “A ideia é que a prova do Enade tenha um resultado melhor para a pergunta do tipo ‘será que esse curso está formando bons professores?’”, finalizou Ulysses. Além da prova teórica, a intenção é que os estágios supervisionados também sejam avaliados.

Fórum de presidentes das Mantenedoras Já os presidentes e representantes das mantenedoras tiveram a oportunidade de conhecer, com exclusividade, a primeira etapa da pesquisa Contribuições da Educação Católica na Sociedade Brasileira, com dados apresentados por Pedro Mello, pesquisador da área da Filantropia da empresa AVRI. Na ocasião, Ir. Marli Araújo e Fabiana Deflon, presidente e gerente da Câmara de Mantenedoras, respectivamente, sensibilizaram os presentes quanto à importância de as instituições enviarem os dados atualizados para a ANEC para que as informações possam subsidiar a pesquisa de forma fidedigna. Para que a pesquisa esteja completa, destaca o pesquisador Pedro, é fundamental que as mantenedoras possam compartilhar o balanço contábil e o relatório de atividade dos últimos três anos das mantenedoras com a ANEC. “Assim, será possível


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mostrarmos o valor não só da educação, mas perante as áreas de assistência e saúde também”, reforça Pedro, complementando que uma pesquisa de opinião com os diversos públicos, como colaboradores e estudantes, será o próximo passo a ser desenvolvido por meio de um fórum específico. “O foco da pesquisa é entendermos e darmos visibilidade à importante entrega que a educação católica faz à sociedade, por meio de uma pesquisa robusta para mostrar que entregamos muito mais do que prometemos entregar”, reforça Ir. Marli, destacando a importância de as mantenedoras se envolverem nesse movimento de envio dos dados, que é um processo totalmente sigiloso e que respeita a proteção de dados e confidencialidade. Ao longo da tarde, presidentes e representantes das mantenedoras dialogaram sobre a pesquisa apresentada, se compremetendo a participar ativamente da construção dos dados, frente à importância e ao cenário político para construção de políticas públicas equitativas, assim como partilharam boas práticas e traçaram temáticas a serem desenvolvidas no próximo ano, fazendo um pacto coletivo em prol da filantropia. Uma Celebração Eucarística, presidida por Dom Denilson Geraldo, Bispo Auxiliar de Brasília, e concelebrada por Dom Francisco Agamenilton e Dom Júlio Endi Akamine, arcebispo de Sorocaba, marcou o encerramento do Encontro Presencial dos Fóruns de Reitores e Presidentes de Mantenedoras, fortalecendo o compromisso coletivo em prol da educação católica. Em sua homilia, Dom Denilson sintetizou o trabalho realizado ao longo do dia como uma união de esforços para que as instituições educacionais católicas, que ajudaram na formação da nação brasileira, tenham perenidade e usufruam do direito de continuar a formação integral da pessoa humana a partir dos valores de Jesus Cristo.

O registro completo do evento pode ser conferido no álbum de fotos da ANEC neste QRCode.

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ACONTECEU NA ANEC

ANEC e Arquidiocese de Brasília promovem Celebração Eucarística na intenção dos educadores por Comunicação ANEC O Dia do Professor, uma data especial, que reconhece a importância dos educadores, é celebrado no dia 15 de outubro, no Brasil. Para celebrar os educadores, a ANEC, em parceria com a Arquidiocese de Brasília, promoveu uma Celebração Eucarística na Catedral Metropolitana. A celebração, também transmitida de forma on-line, foi presidida pelo bispo auxiliar de Brasília, Dom Denilson Geraldo, e contou com a participação de educadores, gestores, agentes de Pastoral das instituições e representantes de órgãos, como a Câmara dos Deputados, o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação, o Conselho de Educação do DF e a Câmara Legislativa do DF.

Neste ano, o tema de sensibilização para a data foi Educar com o coração: testemunhar, formar, inspirar, que ressalta a importância de que o educador não apenas compartilha conhecimento, mas também inspira os estudantes, de modo a formar cidadãos comprometidos com valores éticos e morais. O convite para participar da missa foi amplamente feito aos educadores do Distrito Federal e dos outros estados, por meio das instituições associadas à ANEC, da Secretaria Distrital de Educação, das arquidioceses e, também, pelo Ministério da Educação, que divulgou o momento nos próprios canais de comunicação.


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Durante a liturgia, Dom Denilson Geraldo parabenizou todos os profissionais que estavam presentes e promoveu um momento de reflexão sobre o papel dos educadores e da identidade da escola católica. “O que define, portanto, essa característica é a sua referência à verdadeira concepção cristã da realidade em duas dimensões: ser uma escola e ser católica. Como escola, ela possui, fundamentalmente, as características das instituições escolares de qualquer lugar, que oferecem uma cultura voltada para a formação integral das pessoas. A escola deve ser, portanto, o primeiro ambiente social depois do ambiente familiar, onde a pessoa vive uma experiência positiva das relações sociais e fraternas, como condição para se tornarem pessoas capazes de contribuir com uma sociedade baseada na justiça e na solidariedade”, afirma. Como escola católica, a identidade da instituição tem a pessoa de Jesus Cristo no centro, segundo o Bispo. “A relação pessoal com Cristo ao cristão projeta um olhar radicalmente novo sobre toda a realidade, a fim de estimular, nas comunidades escolares, respostas apropriadas às perguntas fundamentais de cada homem e de cada mulher. Por isso, para todos os membros da comunidade escolar, os princípios evangélicos tornam-se normas educativas. Amar o próximo, perdoar os inimigos, fazer o bem a quem te fez o mal, repartir o pão com quem tem fome, isso são normas educativas em uma escola católica. Ora motivações interiores e, ao mesmo tempo, objetivos finais”. Dom Denilson Geraldo concluiu a liturgia falando sobre a missão de ser um professor. “São José e Maria Santíssima foram educadores do filho de Deus. Eles também não desamparam todos nós educadores, que, diariamente, clamamos, ‘socorrei-nos, ó Santa Mãe de Deus’. Caros professores, todos nós somos chamados, portanto, a uma grande vocação. Nós somos chamados a educar as consciências, para que as pessoas tomem decisões de acordo com a consciência formada na retidão da verdade e, assim, sejam livres. Dessa forma, a nossa missão é fazer com que cada aluno e estudante seja livre. Livre para amar e fazer o bem. Que todos os Santos que promoveram a educação intercedam por nós e que vivamos, de fato, o nosso ministério de educadores e professores, conforme a vontade de Deus e em comunhão com toda a Igreja”.

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Irmã Adair Sberga, vice-presidente da ANEC, ao fim da celebração, agradeceu a presença de todos e fez uma reflexão sobre o compromisso das escolas católicas com a sociedade. “Nós queremos formar os nossos estudantes e a nós mesmos para os valores, os verdadeiros valores evangélicos. E, para isso, nós temos que ir na interioridade dos nossos alunos, porque é no núcleo interior da pessoa que habita a presença de Deus”, afirma. “É preciso ir a fundo para que cada educando volte para o mundo empoderado dos valores da paz, justiça, amor e solidariedade. E, por meio das nossas pedagogias da esperança, da participação, da inclusão, da solidariedade, da fraternidade e da paz, nós estamos empenhados a viver, a praticar e a testemunhar junto dos nossos estudantes”. A vice-presidente também reforçou o papel da ANEC. “Nós temos o compromisso de fortalecer, congregar, unificar e representar todas as escolas e universidades perante os órgãos públicos e, também, a sociedade, para que a educação católica continue sendo uma força muito atuante da Igreja”, aponta. “A Igreja sempre teve a educação católica como uma das suas atividades primordiais, porque nós formamos cidadãos para a nação e nós queremos que nossa nação continue e seja sempre uma nação livre, de mais oportunidades, igualdade, fraternidade, sobretudo para os pobres”, finaliza. Além da Ir. Adair, também estiveram presentes pela ANEC o conselheiro Ir. Paulo Fossatti e os membros do Conselho da ANEC-DF, José Maria Pinheiro, Sérgio Renato Martins, Ir. Elka Cristina Ribeiro e Ir. Edenilson Tatsch. A missa contou, ainda, com a presença especial de educadores das instituições associadas à ANEC, que participaram ativamente da cerimônia.


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ACONTECEU NA ANEC

ANEC e CNBB se reúnem para discutir demandas importantes para as instituições educacionais católicas no Brasil por Comunicação ANEC

A Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) recebeu, em outubro, a visita de Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o objetivo de estreitar os laços de cooperação entre elas e discutir demandas importantes para as instituições educacionais católicas no Brasil.

licas em busca de um Ensino Superior de excelência; a inclusão de Pessoas com Deficiência na Educação, ressaltando o compromisso com a diversidade e a igualdade de oportunidades; e os impactos dos grandes grupos econômicos na Educação Católica, com ênfase na preservação dos valores e princípios religiosos nas instituições de ensino.

A visita de Dom Ricardo Hoepers destacou a importância da ANEC como parceira e representante das escolas e universidades católicas, que presta um relevante serviço eclesial. Durante o encontro, foram apresentadas diversas demandas das instituições educacionais associadas à ANEC, que necessitam do apoio e da articulação da CNBB. Entre as questões discutidas, destacaram-se a articulação política com órgãos de Estado, como o Ministério da Educação, para assegurar a defesa dos interesses das instituições católicas e garantir a qualidade do ensino; o fortalecimento da pauta das IES cató-

A reunião foi marcada pela apresentação de propostas de encaminhamento para abordar as demandas discutidas. Esse encontro fortalece, ainda mais, os laços de parceria entre a CNBB e a ANEC, bem como demonstra o compromisso conjunto de ambas as instituições em garantir a continuidade e o aprimoramento da educação católica no Brasil. A colaboração entre essas duas entidades é fundamental para promover uma educação de qualidade, pautada nos princípios e valores católicos, contribuindo para o desenvolvimento integral da sociedade brasileira.


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Diálogo constante

Anteriormente, a equipe da ANEC já havia tido a honra de receber a CNBB na nova sede, por meio da visita de Dom Denilson Geraldo, Bispo Auxiliar de Brasília, acompanhado por Fernanda Alcântara, secretária de Pastoral da Arquidiocese. O encontro proporcionou uma oportunidade para a ANEC apresentar suas premissas e seus objetivos, destacando seu papel na educação católica em todo o território nacional. Gregory Rial, coordenador do Setor de Pastoral da ANEC, durante o diálogo, enfatizou que a ANEC é um verdadeiro “grande sínodo”, unindo esforços de diversas instituições para promover uma educação inclusiva e abrangente.

Por parte do Dom Denilson, um dos temas tratados na ocasião foi a frente parlamentar católica, que visa promover a integração entre educação, paróquias e trabalhos sociais, refletindo a importância da aproximação e fortalecimento entre eles. A ANEC ressaltou que vem atuando com parlamentares católicos que defendem a causa da Igreja e, nesse contexto, fica evidente que as instituições católicas desempenham um papel fundamental na formação integral das pessoas e que as paróquias, de modo especial, contribuem para o desenvolvimento social e humano por meio de suas ações. Ser católico, segundo os participantes do encontro, é sinônimo de ser um cidadão engajado e comprometido com valores que enriquecem a sociedade.


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ACONTECEU NA ANEC

Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil se reúne com ANEC para diálogo em prol da identidade católica no ensino por Comunicação ANEC Uma importante reunião foi realizada entre a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que teve como objetivos discutir temas significativos para as instituições de ensino católicas e consolidar parcerias em prol da identidade católica no campo educacional. Representando a ANEC, estavam o secretário-executivo, Guinartt Diniz, e os gerentes das Câmaras de Mantenedoras, de Ensino Superior e de Educação Básica, Fabiana Deflon, Gregory Rial e Roberta Guedes, respectivamente. A CRB, por sua vez, foi representada pela Ir. Eliane Cordeiro, presidente da Conferência. “A relação entre a ANEC e a CRB é de extrema importância, uma vez que grande parte das escolas e universidades católicas no país está diretamente ligada à vida religiosa consagrada. Essas instituições desempenham um papel fundamental na formação de milhares de jovens, promovendo valores e princípios que são intrínsecos à fé católica”, comenta o secretário-executivo da ANEC, Guinartt Diniz. Durante a reunião, diversos assuntos relevantes foram tratados, com o intuito de fortalecer a iden-

tidade católica no ensino, apoiar a sustentabilidade das obras educacionais mantidas pelas instituições e defender interesses ligados à filantropia. Entre os temas discutidos, destacaram-se as parcerias na promoção da identidade católica, para buscar maneiras de ampliá-las, com a intenção de promover a identidade católica nas instituições de ensino e incentivar a vivência dos princípios da fé dentro do ambiente acadêmico; a sustentabilidade das obras educacionais, com estratégias para apoiar a sustentabilidade das obras educacionais mantidas pelas instituições católicas, considerando os desafios econômicos e sociais que as afetam; e a defesa dos interesses filantrópicos, de forma a garantir que as instituições católicas continuem a cumprir a missão de promover a educação e o bem-estar social. O encontro entre a ANEC e a CRB é um passo significativo na consolidação de uma parceria sólida, cujo objetivo é manter a chama da educação católica acesa e alinhar esforços em prol do bem comum. Essa colaboração demonstra o compromisso de ambas as instituições em preservar os valores e a tradição da educação católica no Brasil, contribuindo para uma sociedade mais justa e ética.


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CEBAS-Educação: formação de excelência para profissionais da Educação por Comunicação ANEC A ANEC promoveu, com sucesso, a segunda edição do curso CEBAS-Educação: aprenda na Prática, realizado entre os meses de setembro e novembro, de forma on-line e ao vivo. O curso, direcionado a gestores da Educação Básica e Superior e das Mantenedoras, teve como objetivo preparar os participantes para os desafios crescentes relacionados à prestação de contas do CEBAS-Educação, diante das recentes mudanças legais e dos novos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC). As aulas foram conduzidas por profissionais especializadas no campo do CEBAS e da filantropia: Liliane Pellegrini e Luciana Fernandes. Liliane Pellegrini, com uma sólida formação em Psicologia, mestre em Comunicação, pós-graduada em Marketing e MBA em Gestão e Empreendedorismo Social, possui mais de 20 anos de experiência na área filantrópica. Por sua vez, Luciana Fernandes, com bacharelado em Análise de Sistemas e Administração, pós-graduação em Business Intelligence e mestranda em Marketing Digital, trouxe seus 17 anos de experiência na área de CEBAS/Filantropia para enriquecer o curso. O CEBAS-Educação, Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social na área da Educação, desempenha um papel fundamental para instituições educacionais que buscam o reconhecimento e isenção de impostos. No entanto, as mudanças constantes na legislação e os novos requisitos do MEC tornaram a gestão do CEBAS mais complexa e desafiadora. Foi nesse contexto que o Curso CEBAS-Educação se tornou uma oportunidade fundamental para profissionais da educação. O conteúdo programático do curso abordou aspectos essenciais, incluindo o panorama da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social por meio de uma visão geral das últimas tendências e regulamentações no campo do CEBAS; a contrapartida da Educação Básica e Superior, explorando obrigações e responsabilidades das insti-

tuições de ensino em relação à sociedade; o perfil socioeconômico e a seleção de bolsistas e beneficiários; concessão e renovação do CEBAS, com detalhes sobre os processos de concessão e renovação do certificado; prestação de contas do CEBAS, com passos práticos para lidar com a complexa prestação de contas associada à certificação e uma análise abrangente das auditorias, Termos de Ajustamento de Gestão (TAG) e supervisões relacionados ao CEBAS. Para Fabiana Deflon, gerente da Câmara de Mantenedoras, o curso forneceu aos participantes as ferramentas e o conhecimento necessários para enfrentar os desafios atuais e futuros relacionados ao CEBAS-Educação. “A ANEC continua demonstrando seu compromisso com a excelência na educação e na filantropia, fornecendo a orientação necessária para o sucesso das instituições educacionais em todo o Brasil”, comenta. O curso continua sendo bem avaliado pelos participantes, que já aguardam novas formações a respeito do tema filantropia. “Quero expressar a minha satisfação com o curso CEBAS Educação, ofertado pela ANEC e comandado pelas professoras Luciana Ferreira e Liliane Pellegrini. O curso me propiciou ter o conhecimento técnico e não empírico sobre o CEBAS, bem como consolidar os conhecimentos já adquiridos”, afirma Mário Reis, gestor do Programa de Bolsas de Estudo CEBAS, representando a Associação do Colégio Nossa Senhora de Sion, mantenedora dos Colégios Sion, em Curitiba. Já Iara Batista, da Congregação de São João Batista, agradece a oportunidade de ampliar e construir saberes no processo de gestão do CEBAS por meio do curso ofertado. “A metodologia e a professoras do curso foram excelentes, sendo muito assertivas na condução, possibilitando o entendimento das etapas de gestão do CEBAS, por meio de conhecimentos teóricos da legislação, alinhados a exemplos e instrumentais práticos operacionais. Parabéns à ANEC e à equipe!”


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ACONTECEU NA ANEC

Encontro promovido pela ANEC reúne INEP e instituições educacionais católicas no Rio de Janeiro por Comunicação ANEC

Foto: Kathleen Chelles e Mateus Monte

Fortalecendo o diálogo e a colaboração constantes entre a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aconteceu, na PUC-Rio, no Rio de Janeiro, um significativo encontro entre os gestores das instituições de ensino católicas do país e o Inep. O evento reuniu líderes, incluindo o presidente do Inep, Manuel Palácios, o diretor de Avaliação da Educação Superior, Ulysses Teixeira, e o diretor de Avaliação da Educação Básica, Rubens La-

cerda, além de representantes da Diretoria e do Escritório Nacional da ANEC, bem como cerca de 30 instituições associadas. As discussões giraram em torno dos Sistemas de Avaliação da Educação Superior e da Educação Básica. Em um ambiente de colaboração, as instituições associadas tiveram a oportunidade de apresentar propostas para o aprimoramento das avaliações e participaram de diálogos construtivos sobre o papel da avaliação como um suporte para o desenvolvimento institucional.

No que se refere ao Ensino Superior, o professor Ulysses Teixeira ressaltou a preocupação com a alta taxa de evasão – cerca de 50% dos estudantes brasileiros não se formam no Ensino Superior. O diretor enfatizou a importância de avaliar os cursos por áreas do conhecimento e comparar os resultados com as demandas do mercado de trabalho. O presidente do Inep, Manuel Palacios, defendeu a necessidade de adotar abordagens graduais para melhorar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), bem como a relevância de incorporar


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instrumentos alinhados com as tecnologias atuais. Também destacou o importante papel das instituições católicas na formação dos alunos que participam do Enem, uma vez que um significativo número de estudantes é proveniente dessas escolas. O professor Palacios pontuou, ainda, que uma das principais medidas a serem implantadas é a relação entre os cursos escolhidos e a taxa de empregabilidade de cada área. “Dessa maneira, seria possível ter noção das ofertas do mercado de trabalho e as possibilidades de carreira para os recém-graduados”, afirma. No contexto da Educação Básica, as discussões abordaram a possibilidade de se inspirar em experiências internacionais, como o SAT (Scholastic Aptitude Test), que se concentra nas habilidades de leitura e resolução de problemas matemáticos, como uma maneira de aprimorar o Enem. Além disso, foi discutida a importância de compreender o Ensino Médio antes de realizar avaliações, incluindo a possibilidade de reintroduzir o Espanhol no exame, dado o valor desse idioma nas relações internacionais.

forçou a importância do debate para as universidades católicas e como as instituições atuam no papel de locais de integração. “Criar esses espaços de debate é um dos aspectos mais importantes do sistema educacional, se informar sobre o processo de avaliação das instituições, estabelecer mudanças e melhorias. No contexto das universidades católicas, a integração é essencial. Elas se integram em sua comunidade, pensam em sua evolução. A faculdade tem grande fator de desenvolvimento não apenas para a sociedade que a cerca, mas para as comunidades no seu entorno, e, assim, se desenvolve um sentimento de pertencimento entre os estudantes”, destacou.

Depois de apresentados os desafios no processo de avaliação da Educação Básica e Superior, o diretor-presidente da ANEC, Pe. João Batista Gomes de Lima, re-

Para assistir à matéria produzida pela TV PUC-Rio, acesse este Qr Code.

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Outro tópico abordado foi o crescimento da educação a distância. Sobre esse assunto, o professor Manuel Palacios salientou a necessidade de combinar atividades on-line e presenciais para promover a prática dos conceitos ensinados, enquanto se aprimoram os instrumentos de avaliação e a qualidade da formação. A vice-presidente da ANEC, Irmã Adair Aparecida Sberga, ressaltou o comprometimento da associação católica em contribuir com o Inep nesses diálogos que, a longo prazo, podem mudar os rumos da Educação Básica e Superior no país, reforçando o papel fundamental das instituições católicas nesse processo.


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ACONTECEU NA ANEC

Educação Inclusiva na prática é tema de curso da ANEC, que supera expectativas e fortalece políticas de Inclusão Educacional por Comunicação ANEC

A inclusão é um dos pilares fundamentais da educação. Por isso, a busca por práticas inclusivas, nas salas de aula, tem se tornado uma prioridade em muitos sistemas educacionais ao redor do mundo. No contexto dessa crescente demanda, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) lançou, em outubro, a primeira edição do curso Educação Inclusiva na Prática: das normativas legais ao atendimento educacional, com o objetivo de fortalecer as políticas de inclusão educacional nas instituições de ensino do Brasil. O curso foi realizado no formato on-line e ao vivo, fornecendo ferramentas valiosas para profissionais da Educação Básica e Superior em todo o país. “O curso foi desenvolvido com o propósito de estruturar e implementar ações de apoio pedagógico, tornando-se um eixo fundamental nas políticas institucionais

de inclusão educacional”, afirma a profa. Roberta Guedes, gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC. Voltado para profissionais da Educação Básica e Superior, o curso abordou uma variedade de tópicos relacionados à inclusão, como aspectos conceituais, normativos e legais, bem como estratégias práticas para atender às necessidades de diversidade nas escolas. A formação foi organizada em quatro módulos, com um total de 40 horas de aprendizado. Cada módulo foi ministrado por especialistas na área de inclusão educacional: Adriane Melo de Castro Menezes, professora doutora da Universidade Federal de Roraima, com doutorado em Educação Especial, e Suely Melo de Castro Menezes, pedagoga, com habilitação para Administração Escolar e Orientação Educacional, mestra em Desenvolvimento Regional.

Os módulos tiveram como foco explorar a parte conceitual e legal da Educação Especial e da Educação Inclusiva, com destaque para as responsabilidades e os desafios relacionados à diversidade nas escolas; a organização de Serviços e Atendimento Educacional Especializado, considerando as realidades das Redes Privadas de Ensino e as necessidades únicas de seus estudantes; o perfil dos diferentes profissionais de apoio, como cuidadores, apoio escolar e acompanhantes especializados, abordando as regulamentações e leis relacionadas ao atendimento educacional especializado; e a acessibilidade curricular, estratégias e instrumentos para implementação, bem como os benefícios dessa perspectiva para todos os alunos. O curso superou as expectativas dos participantes. Profissionais de instituições associadas e não associadas à ANEC de todo o Brasil elogiaram a qualidade do conteúdo, a expertise das facilitadoras e a oportunidade de trocar experiências com colegas de todo o país. Além disso, o curso fortaleceu o compromisso com a inclusão nas instituições de ensino e proporcionou aos participantes ferramentas práticas para promover um ambiente educacional mais inclusivo.


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Curso impulsiona a identidade confessional católica e reúne cerca de 200 profissionais por Comunicação ANEC A educação católica desempenha um papel vital na formação de jovens e na perpetuação dos valores e princípios da fé católica. Em um mundo cada vez mais diversificado e globalizado, o desafio de manter a identidade confessional católica sólida na educação é cada vez mais relevante. Pensando nisso, a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) promoveu, nos meses de outubro e novembro, o curso Impulsionando a Identidade Confessional Católica, que reuniu mais de 200 participantes em uma série de encontros dedicados à reflexão e ao aprimoramento da identidade das escolas católicas no contexto educacional brasileiro. O curso, que integra o programa de formação PastoLAB, foi cuidadosamente desenvolvido com o objetivo de abordar uma variedade de temas de maneira prática, concreta e criativa, para fortalecer a identidade confessional das escolas católicas. Durante cada encontro, especialistas e educadores se reuniram para discutir tópicos significativos que podem contribuir para a construção de identidades mais robustas e distintas nas instituições católicas de ensino.

A programação abordou uma ampla diversidade de questões relacionadas à identidade confessional católica. Cada encontro foi estruturado de forma a permitir discussões profundas e experiências de aprendizado significativas. Entre os temas abordados, estavam: identidades e identitarismos; gestão pastoral; compromisso eclesial, currículo evangelizador; carismas congregacionais; educação para a fraternidade e ecologia integral; importância do marketing educacional e o pacto educativo “glocal” nas escolas católicas. Para Gregory Rial, coordenador do setor de Animação Pastoral da ANEC, o curso representa um passo significativo no esforço contínuo de aprimorar a identidade das escolas católicas. “Com uma programação abrangente e a participação ativa de especialistas e educadores comprometidos, o curso foi uma oportunidade valiosa para fortalecer a missão e a identidade das instituições de ensino católicas, garantindo que elas continuem a desempenhar um papel significativo na formação da juventude brasileira e na sociedade como um todo”, afirma.


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ACONTECEU NA ANEC

V Encontro da Rede de Comunicação da ODUCAL reúne comunicadores de universidades católicas da América Latina e do Caribe por Comunicação ANEC

Diferentes culturas, idiomas, realidades e um só propósito: trazer a Comunicação e o Marketing para o centro dos diálogos para o Top of Mind das universidades. Esse foi o principal objetivo do V Encontro da Rede de Comunicação da Organización de Universidades Católicas de América Latina y el Caribe (ODUCAL), realizado em setembro, no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo (Brasil), em parceria entre a ODUCAL, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e o Centro Universitário São Camilo. O evento teve o intuito de debater e refletir sobre a tarefa de posicionar as Universidades Católicas na sociedade, por meio da Comunicação e do Marketing, para fortalecer a atração e a retenção de alunos. O encontro recebeu especialistas no tema e mais de 50 líderes da área das universidades católicas da América Latina e do Caribe, incluindo instituições associadas à ANEC. “Gostaríamos de lembrar o importante papel das unidades católicas no cenário brasileiro. Nós somos diretamente responsáveis por fazer viver, na educação superior brasileira, o desejo de uma educação de qualidade e acessível a todos, inclusive aos mais pobres. Que façamos valer, sobretudo, o marketing social, para que consigamos chegar com a mensa-

gem das nossas instituições àqueles que precisam”, afirmou o representante e gerente da Câmara Superior da ANEC na cerimônia de abertura, Gregory Rial. A programação do evento contou com conferências e partilhas de boas práticas entre as universidades, que trouxeram as experiências desenvolvidas pelos seus setores com o foco em apresentar melhores resultados de captação e fidelização de estudantes. Entre os conferencistas, estavam Moisés Sbardelotto, professor na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Ele defendeu que, na era da conectividade e a partir do processo de disrupção tecnológica e digital, nós vivemos em algo que pode ser considerado uma floresta tropical – amplamente diversa e fértil – no âmbito da Comunicação, em que qualquer ser vivo pode sobreviver. Em meio ao contexto, Moisés propõe a reflexão de como as universidades católicas se posicionam nessa complexa rede. “As instituições passam a adotar meios próprios de comunicação e a se ‘midiatizar’ com a ideia de assumir, em seus próprios processos, práticas midiáticas completas, não dependendo dos veículos tradicionais e desenvolvendo uma comunicação direta com seus públicos”, acredita.


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Alcino Ricoy, jornalista especialista em Marketing Educacional, abordou o marketing nas universidades católicas ao comunicar inovação e tradição. Já Fabrício Félix, especialista em Comunicação e Marketing e sócio-diretor da agência Novos Conceitos de Marketing, apresentou reflexões sobre posicionamento de marca, marketing digital e captação de estudantes. “O grande mérito e, ao mesmo tempo, o grande desafio das instituições de ensino é preparar seres humanos capazes de enfrentar todas as exponenciais mudanças que estão por vir e, a partir daí, serem vetores das transformações que o futuro nos reserva”, afirma Fabrício. Outro tema de fundamental importância foi abordado na conferência A presença da Igreja e das universidades católicas em redes sociais digitais por Joana Puntel, doutora em Ciências da Comunicação; Marcus Tullius, mestre em Conteúdo e Estratégia Digital; e Francisca Barrera, representante da Subdiretoria de Comunicação Jornalística da Pontifícia

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Universidade Católica do Chile, que refletiram sobre a atuação das instituições nos meios digitais. A conferência de encerramento do encontro recebeu Silvia Barreto, mestre em Comunicação Social e professora do Centro Universitário São Camilo, e Ana Cláudia Braun, especialista em Marketing, para refletirem sobre estratégias para o Top of Mind no marketing educacional. “Me sinto agradecida por mais esta oportunidade de participar do V Encontro da Rede de Comunicação da ODUCAL. Estamos aqui presentes, com mentes e corações, compartilhando esta possibilidade de aprendizagem e de boas práticas neste mundo do marketing e da comunicação, que são muito importantes para este crescimento das universidades que integramos”, comenta María Cristina González Cota, diretora de Mercadotecnia e Comunicação Institucional do Sistema UNIVA, no México.

O grande mérito e, ao mesmo tempo, o grande desafio das instituições de ensino é preparar seres humanos capazes de enfrentar todas as exponenciais mudanças que estão por vir e, a partir daí, serem vetores das transformações que o futuro nos reserva.


BOAS PRÁTICAS

Arquivo Centro Socioeducativo

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De coração aberto: Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria acolhe crianças e jovens em Brasília Conhecido como o “pai dos pobres e órfãos”, Padre Aníbal Maria di Francia ou Santo Aníbal dedicou a vida para cuidar e dar dignidade a crianças e adolescentes pobres. Carregando o nome e a missão dele, o Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria, localizado no Guará II, em Brasília, nasceu em 2009 com o objetivo de acolher aqueles que são vulneráveis à marginalização social, desenvolvendo ações que defendem os direitos humanos e promovendo a cidadania por meio de iniciativas socioeducativas e culturais. Atualmente, o projeto atende 425 crianças e adolescentes, de 4 a 15 anos de idade, em situação de risco e vulnerabilidade pessoal e social. Somando, são cerca de 220 famílias que moram em diversas regiões administrativas do Distrito Federal e da região do Entorno.

Por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, o projeto oferece referenciais de vida para crianças e jovens, a fim de que eles encontrem novas alternativas de estar na sociedade. “Privilegiamos o crescimento psicossocial e cognitivo para fortalecer a estrutura emocional, consolidar resiliência, autonomia, protagonismo e empreendedorismo pessoal, por meio de ações e atividades socioeducacionais e religiosas, baseadas nos quatro pilares da educação: aprender a aprender, a fazer, a ser e a conviver”, afirma Diane Galdino Morais Silva, diretora do Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria. “E, para as famílias, realizamos a escuta ativa e o encaminhamento para as Políticas Públicas de Direito”.


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O Centro Socioeducativo também promove atendimentos a catadores de rejeitos sólidos, pessoas em situação de rua, idosos, famílias que não possuem filhos no projeto, entre outros. “Realizamos acolhimento, escuta qualitativa e encaminhamento para as Políticas Públicas de Direito e da Rede de Assistência. Ofertamos, também, cesta básica, alimentação, roupas, sapatos e outros materiais que necessitam”.

Projeto que se conecta com as escolas católicas O Centro Socioeducativo atua em parceria com o Colégio Rogacionista de Brasília pela missão e espiritualidade do Carisma do Rogate. Juntos, acolhem 100 crianças de 4 a 5 anos. “O Colégio Rogacionista Social oferece aulas da Educação Infantil em período integral para os pequenos e o Centro atua com a parte da assistência social”, comenta Diane. “Juntos, oferecemos conhecimento para o desenvolvimento integral, que se soma aos valores, às virtudes, ao referencial de vida, além da segurança alimentar, atendendo à Política Nacional de Alimentação e Nutrição”. A diretora do projeto ressalta que a parceria não se limita ao Colégio Rogacionista. Outras instituições católicas da cidade, como o Colégio Marista, o La Salle e a Escola Salesiana, também apoiam as atividades do Centro Socioeducativo. “Os estudantes, por meio do trabalho das Pastorais na escola, têm vivências com as crianças e promovem experiências incríveis no nosso espaço. Eles ficam livres para desenvolver um trabalho com elas”, conta. “Além disso, como o nosso projeto vive totalmente de doações, muito do nosso material pedagógico, desde lápis de cor, tintas e papel, usado pelas crianças, foram doados pelas escolas, assim como

Como ajudar?

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as nossas carteiras e cadeiras. Eu sou muito grata a todas, pois elas contribuem e nos ajudam muito”.

Diferencial para a comunidade Desde a fundação, o Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria se propõe a ser um espaço de interação e aprendizagem, voltado para o desenvolvimento de valores éticos e estéticos, conta Diane. “Tendo como o seu maior diferencial a valorização da vida, o fortalecimento do sentido de família e a formação de uma rede de pessoas solidárias, que se coloquem a serviço da vida, participando ativamente no desenvolvimento de uma sociedade mais justa, fraterna e sustentável”, afirma. As famílias em situação de vulnerabilidade podem procurar pessoalmente o Centro na recepção ou pelos canais de comunicação, como telefone, WhatsApp e Instagram. A instituição também acolhe, por meio dos encaminhamentos da Rede Socioassistencial, principalmente Ministério Público, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), Conselho Tutelar e Coordenação Regional de Ensino. O projeto vem ressignificando e aperfeiçoando os espaços e processos para a melhoria no acolhimento das crianças e dos adolescentes, bem como ampliando o atendimento frente a outras vulnerabilidades, como a atenção às pessoas em situação de rua, idosos, imigrantes e catadores. “Ele conta com uma gestão pautada pela sustentabilidade, ética e transparência, enfrentando os desafios da mobilização de recursos, sempre confiante na providência divina e na solidariedade de quem acredita em um mundo mais fraterno e justo para todos”, aponta Diane. “Os atendimentos realizados têm oportunizado a centenas de famílias a garantia da proteção de direitos daqueles que vivem em condições de risco e direitos violados”.

A comunidade pode contribuir com o Centro Socioeducativo Santo Aníbal Maria por meio de doações espontâneas de recursos financeiros e materiais, voluntariado, e até participando dos eventos promovidos pela instituição e divulgando a missão. Para mais informações, basta acessar o site www.centro. santoanibal.org.br ou enviar mensagem pelo WhatsApp (61) 98251-7888. Para quem está em Brasília, o Centro Socioeducativo está localizado na QE 40, Rua 20, Lote 02 – Polo de Modas, Guará II, Brasília/DF.


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BOAS PRÁTICAS

“Voluntariado Missionário” do UniSALESIANO transformando vidas Desde 2017, o projeto “Voluntariado Missionário”, promovido pelo UniSALESIANO, tem sido uma experiência inesquecível para todos os jovens universitários que têm o privilégio de participar. Ao longo dos anos, mais de 100 acadêmicos já embarcaram em uma jornada de aprendizado, descobertas e serviço comunitário nas aldeias indígenas de Meruri (Boe-bororo) e São Marcos (Xavante), no Mato Grosso. Na edição recente, 25 jovens acadêmicos, acompanhados por sete educadores e pelo pró-reitor de Pastoral, Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB, se uniram para essa missão. O principal objetivo do projeto é proporcionar aos alunos uma imersão profunda na realidade das comunidades indígenas, de forma a proporcionar que eles conheçam de perto as tradições, as culturas, os desafios e as necessidades. A preparação para a expedição é cuidadosamente conduzida pela equipe que integra o projeto

“Voluntariado Missionário”. O ano anterior à viagem é dedicado a orientações, formações e diretrizes, para que os acadêmicos compreendam, de forma abrangente, os contextos culturais e sociais com os quais entrarão em contato. Nesse período, também são realizadas ações sociais para arrecadar recursos e alimentos para as comunidades indígenas, com a parceria do Colégio Salesiano Dom Luiz Lasagna, de Araçatuba, e de toda a comunidade. Durante a estada nas aldeias, os participantes são acolhidos pelos membros das comunidades, que compartilham vivências e conhecimentos milenares. O cronograma de atividades é diversificado e adaptado às necessidades das aldeias, abrangendo desde ações de promoção da saúde e do bem-estar até atividades esportivas e recreações com as crianças e os jovens, com o propósito de ser uma força positiva na vida dos indígenas.


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Um destaque da última edição foi a oportunidade de aprofundamento da história da Missão Salesiana de Meruri e o processo de reconhecimento de martírio dos Servos de Deus, Padre Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo. Os jovens também conduziram o Oratório festivo São Domingos Sávio, uma atividade tradicional da presença missionária salesiana, com um mergulho na cultura local. O impacto desse projeto vai além das comunidades indígenas. Reflete, também, nos participantes universitários. Eles retornam à vida acadêmica com uma nova visão de mundo, com um senso mais profundo de responsabilidade social e uma maior apreciação das diversas formas de existência humana. Essa iniciativa tem como principal responsável o diretor-geral do UniSALESIANO Araçatuba, Pe. Erondi Tamandaré, SDB, que, com o apoio dos membros da Reitoria, fomenta, pessoalmente, todas as etapas dessa missão. Segundo o diretor-geral, o projeto é muito mais do que uma simples viagem ou atividade extracurricular. Representa uma oportunidade de crescimento pessoal e de contribuição para a construção de uma sociedade mais justa, empática e solidária, alinhada à identidade missionária dos Salesianos na América Latina. “Por meio dessa iniciativa, os alunos se tornam verdadeiros agentes de mudança, enriquecendo suas vidas e as vidas daqueles que têm a honra de conhecer e servir. A Instituição, por meio do projeto “Voluntariado Missionário”, expressa a própria missão evangelizadora, unindo pesquisa, ensino e extensão em prol de uma sociedade mais fraterna e humanitária”, ressaltou Pe. Erondi.

A Instituição, por meio do projeto “Voluntariado Missionário”, expressa a própria missão evangelizadora, unindo pesquisa, ensino e extensão em prol de uma sociedade mais fraterna e humanitária”

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Unindo pesquisa, extensão e solidariedade: o impacto do projeto O projeto emerge como uma fusão harmoniosa de pesquisa e extensão comunitária. Ao entrelaçar a pesquisa acadêmica com o trabalho de campo prático, o projeto busca gerar conhecimento enquanto provoca um impacto social tangível, alinhando-se com os princípios essenciais da Instituição em relação ao serviço à comunidade e ao compromisso de criar uma sociedade mais justa e compassiva. O papel da Pró-Reitoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação é de suma importância, pois fornece suporte e coordenação cruciais a esse projeto, que integra, de maneira harmoniosa, dois aspectos essenciais da vida acadêmica. O pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação do UniSALESIANO, prof. André Ornellas, salienta que o projeto é um exemplo significativo de como a pesquisa e a extensão podem se entrelaçar harmoniosamente em uma experiência enriquecedora para os acadêmicos e as comunidades atendidas. Segundo ele, a pesquisa e a extensão são a essência do “Voluntariado Missionário”. Por meio dessas práticas, os acadêmicos levam os conhecimentos adquiridos na Instituição e os transformam em ações concretas, que beneficiam as comunidades indígenas. “Desde a promoção da saúde e do bem-estar até a educação ambiental e sustentabilidade, nossos voluntários missionários se tornam agentes de mudança, contribuindo para o desenvolvimento social e humano nas aldeias visitadas”, afirmou.

“Voluntariado Missionário” e sua missão de evangelização

A evangelização, um elemento fundamental na missão da Igreja Católica e das instituições de ensino salesianas, está presente no projeto “Voluntariado Missionário”, do UniSALESIANO. Como base, está o compartilhamento da mensagem cristã de amor, compaixão, solidariedade e esperança com as pessoas, visando o crescimento espiritual e a vivência dos princípios cristãos.


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BOAS PRÁTICAS

Na visão do diretor-geral do UniSALESIANO, Pe. Erondi Tamandaré, SDB, o “Voluntariado Missionário” transcende os limites do serviço comunitário, pois carrega consigo o propósito mais profundo da evangelização. “Através dessa iniciativa, não apenas buscamos levar auxílio material e promover ações solidárias nas comunidades indígenas de Meruri e São Marcos, mas também desejamos compartilhar a mensagem do Evangelho, inspirando a fé e a esperança nas vidas daqueles que têm o privilégio de conhecer e servir”, citou. A evangelização é um pilar essencial da missão salesiana, pois transforma os acadêmicos em verdadeiros agentes de mudança e esperança nas comunidades. Ao imergirem na cultura local, eles têm a oportunidade de compartilhar vivências, aprender com as tradições milenares e entregar o tempo e as habilidades a serviço do próximo. “Nossa fé nos impulsiona a estender a mão aos que mais precisam, a ouvir e a aprender com o outro, e a caminhar lado a lado com as comunidades indígenas em busca de um mundo mais justo e fraterno. Que essa experiência transformadora no “Voluntariado Missionário” fortaleça, ainda mais, a espiritualidade e a vocação de cada um dos nossos acadêmicos, inspirando-os a continuarem trilhando o caminho da caridade e da evangelização em suas vidas futuras”, aconselhou.

Projeto recebe reconhecimento como modelo de boas práticas na Conferência Continental IUS Um dos destaques de boas práticas apresentado na Conferência Continental IUS (Instituições Salesianas de Ensino Superior) América 2017 foi o projeto “Voluntariado Missionário”, do UniSALESIANO. O evento reuniu mais de 20 estabelecimentos educacionais de oito países das Américas – Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, El Salvador, Guatemala, México e Chile. Realizada de 12 a 15 de setembro de 2017, em Santiago, no Chile, a conferência teve como objetivo fortalecer a colaboração entre essas instituições, com base nas diretrizes e nos acordos estabelecidos durante a 7ª Assembleia Geral da IUS, que ocorreu em Roma, no ano anterior.

O projeto ilustrou o trabalho realizado pela Pastoral Universitária. Na época, o então pró-reitor de Pastoral do UniSALESIANO, Pe. Ademir Oliveira, detalhou a essência do “Voluntariado Missionário” aos participantes do evento. Trata-se de uma iniciativa que envolve uma jornada a aldeias indígenas no Mato Grosso, com o principal objetivo de imergir os acadêmicos na vida cotidiana das comunidades indígenas Xavante e Bororó, para planejar e implementar ações de melhoria nos anos seguintes. O impacto do projeto chamou a atenção dos participantes da conferência, especialmente pela consonância com os princípios defendidos pela IUS, que enfatizam a importância do voluntariado, do trabalho social e da integração das atividades acadêmicas com a identidade salesiana. Além do Pe. Oliveira, o projeto também foi apresentado pelo pró-reitor acadêmico da instituição, prof. André Ornellas. O Pe. Marcelo Farfán, coordenador geral da IUS, enfatizou que as diretrizes da Pastoral Universitária Salesiana abrangem toda a instituição. Ele ressaltou o desafio de um ministério universitário salesiano ao afirmar que isso implica compreender quem são como instituições de ensino superior. O Pe. Farfán ainda afirmou que a realização do trabalho universitário em si é pastoral, e, portanto, a missão evangelizadora da universidade é expressa por meio do desenvolvimento das principais funções: pesquisa, ensino e extensão. Para o prof. André Ornellas, o reconhecimento do projeto “Voluntariado Missionário” como um modelo de boas práticas, na Conferência Continental IUS, é um testemunho do compromisso com a excelência acadêmica, a responsabilidade social e a evangelização, alinhando-se com os valores fundamentais do UniSALESIANO e das instituições salesianas. “O impacto e os resultados alcançados pelo projeto são, sem dúvida, uma fonte de inspiração para promover mudanças significativas e evangelização dentro da comunidade acadêmica e além dela”, concluiu.


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Um caminho de crescimento pessoal e compromisso social Para os jovens que tiveram a oportunidade de participar do “Voluntariado Missionário”, a experiência foi verdadeiramente transformadora. A viagem para as aldeias representou uma oportunidade de crescimento pessoal e um mergulho profundo em realidades culturais até então desconhecidas. O pró-reitor de Pastoral, Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB, disse estar imensamente satisfeito em ver o impacto positivo que o projeto tem sobre os

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acadêmicos envolvidos. Segundo ele, a experiência vivenciada durante o “Voluntariado Missionário” ofereceu aos jovens uma perspectiva mais ampla e profunda da vida, despertando em cada um deles um senso mais aguçado de empatia, responsabilidade social e apreço pela diversidade cultural. “Eles tiveram a oportunidade de compartilhar a mensagem cristã de amor, compaixão e solidariedade com as comunidades atendidas, contribuindo para o crescimento espiritual tanto dos participantes quanto dos que foram beneficiados por suas ações”, destacou.

Confira, a seguir, depoimentos emocionantes de envolvidos no “Voluntariado Missionário” de 2023.

“Para mim, o voluntariado resume-se nesta frase: ‘Ninguém é tão pobre ao ponto de não ter nada pra dar e nem tão rico ao ponto de não ter nada para receber’”. Gabriel Sotolani, Engenharia Mecatrônica - 2° termo

“Posso definir essa missão com a palavra ‘doar-se’. Entregar o que temos de mais precioso e valioso, que é nosso tempo de qualidade, se abrir de corpo e alma para um objetivo único e maravilhoso que é a Missão UniSALESIANO!” Bruna Mara de Mattos Ulian Orientadora de Ensino de Enfermagem

“Essa viagem, para mim, ressignificou a tradução do amor e do carinho que Deus tem com cada um. Na simplicidade das aldeias, Deus tocou todos nós de uma forma diferente. Momentos únicos na minha vida que levarei para sempre no coração. A frase que eu coloco é: “o pra sempre não é sobre pessoas, e, sim, sobre memórias”. Pâmela Verri, Educação Física – 4º termo

Participar do Voluntariado Missionário Salesiano é viver a palavra de Jesus na essência. A experiência de dar amor e receber em dobro é uma confirmação que Deus está presente nesse projeto. E, de uma coisa eu tenho certeza: nenhuma pessoa voltará a mesma depois dessa experiência. Isabelli Santos, Medicina – 5º termo

“Vou definir a missão como amor, pois cada um entregou de si um amor único com pessoas que conheceram há poucos minutos; amor por algo que iam viver em dez dias; amor por crianças que não eram família, mas se tornaram família a partir do momento em que um abraço definiu tudo. Missão UniSALESIANO, para mim, foi amor, e agradeço por ter vivido essa experiência única.” Maria Gabriela Ribeiro, Fisioterapia – 6º termo


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BOAS PRÁTICAS

O pilar essencial do “Voluntariado Missionário” A importância da presença e da participação dos organizadores é fundamental para o sucesso e o impacto positivo do projeto “Voluntariado Missionário” no UniSALESIANO. Ao lado do pró-reitor de Pastoral, Pe. Paulo Eduardo Jácomo, SDB, os agentes de Pastoral, João Paulo Galdino, Leosino Eduardo Sousa e Luiz Alexandre Lanzoni, e as coordenadoras dos Cursos de Educação Física, Profa. Juliana Mitidiero, e de Psicologia, Profa. Mirella Justi, desempenham um papel crucial na condução e coordenação de todas as etapas dessa experiência enriquecedora. Esses profissionais dedicados e comprometidos são os responsáveis por garantir que a preparação dos acadêmicos seja cuidadosamente conduzida. Eles fornecem orientações, formações e diretrizes

para que os estudantes possam compreender a fundo os contextos culturais e sociais das comunidades indígenas. Eles desempenham o papel de facilitadores, para assegurar que os participantes estejam preparados para vivenciar e interagir de forma respeitosa e empática com as realidades das aldeias de Meruri (Boe-bororo) e São Marcos (Xavante), no Mato Grosso. Além disso, os agentes de Pastoral e as coordenadoras dos cursos têm um papel ativo na promoção de ações sociais com o objetivo de arrecadar recursos e alimentos para os indígenas. Para isso, contam com o apoio do Colégio Salesiano Dom Luiz Lasagna, de Araçatuba, e da comunidade. Essas iniciativas de solidariedade e apoio contribuem para fortalecer os laços entre a universidade e as comunidades locais, bem como tornam o “Voluntariado Missionário” uma experiência significativa e de impacto duradouro. Monique Bueno Analista de Comunicação - Unisalesiano Araçatuba


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La Salle Cast: Educação em Diálogo – Família e Escola Unidas Colégio La Salle de Águas Claras, em Brasília/DF, inova na comunicação direta com os estudantes e famílias O Projeto La Salle Cast é o mais novo recurso educacional lançado pelo Colégio La Salle Águas Claras. Interativa e dinâmica, a proposta possibilita promover um engajamento mais ativo de professores, estudantes e convidados, em um bate papo leve e descontraído sobre diversos conteúdos da área da educação. Além disso, são abordados os principais projetos pedagógicos desenvolvidos pelo colégio, temas atuais e estratégias educativas inovadoras.

A proposta surgiu a partir de uma reunião da Supervisora Educativa, Tânia Payne, com o setor de Comunicação e Marketing da instituição, a fim de propor uma nova maneira de se comunicar e aproximar as famílias do cotidiano escolar de forma mais acessível e prática, além de ser uma atividade de incentivo aos estudantes, que podem participar e compartilhar suas experiências com o colégio.


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Para a Supervisora Educativa e apresentadora do podcast, Tânia Payne, essa mídia digital foi lançada para potencializar a comunicação das ações do colégio e as novidades que são realizadas com uma estratégia envolvente e eficaz. “Essa forma de abordagem favorece a acessibilidade da comunidade educativa em qualquer momento, usando dispositivos móveis ou computadores.

Outro fator muito relevante é o engajamento dos pais que é avaliado considerando a interação e a participação de todos os familiares, estudantes e colaboradores”, explica. Para a construção do podcast, realiza-se uma reunião de pauta para discutir e definir possíveis temas de interesse das famílias. Após esse encontro, convidamos os participantes e especialistas para um momento de alinhamento de ideias. Em seguida, desenvolvemos um breve roteiro com tópicos que serão abordados. Após a gravação, editam-se os vídeos que são divulgados na íntegra nas plataformas Spotify e YouTube e também os cortes nas redes sociais Instagram e Facebook. Ao convidar os professores e até mesmo os próprios alunos para o centro das conversas, o La Salle Águas Claras está construindo uma comunidade unida e conectada com o mundo.

Buscamos, assim, proporcionar um momento de reflexão e inspiração, criando um espaço de diálogo e aprendizado contínuo em cada episódio. No podcast do La Salle Águas Claras, o ouvinte escolhe o tema que deseja ouvir, por meio de dois recursos práticos e de fácil acesso: Spotify e YouTube, conforme sua disponibilidade enquanto desenvolve outras atividades rotineiras. A partir disso, as famílias podem compreender melhor nosso jeito La Salle de educar, pois acreditamos que a educação é um processo dinâmico e participativo, no qual a parceria entre família e escola é fundamental na construção do conhecimento.

No episódio piloto, abordamos o tema “Letramento e quais são os pré-requisitos para a alfabetização”, já que muitas famílias têm dúvidas sobre como acontece esse processo. No segundo, foi tratada a questão da “Mediação de conflitos: escuta ativa e acolhedora no ambiente escolar e como é importante a parceria família e escola nessa mediação”. Com a temática: “Concluí o Ensino Médio, o que fazer?”, o terceiro episódio apresenta alguns caminhos, já que muitos estudantes têm dúvidas do que fazer, sendo que existem diversas oportunidades que podem ser o ponto de partida para a carreira deles. Com a chegada das férias escolares, muitos pais necessitam planejar atividades seguras e divertidas, já que nem sempre é possível conciliar as férias do trabalho com esse período no mês de janeiro. Então, o que fazer? Pensando nisso, o Colégio La Salle trouxe como pauta o tema: “Férias escolares e adaptação na infância”. Nesse episódio, falamos sobre a importância de incluir espaços verdes para diminuir o excesso ao uso de telas. Muitas vezes, a nossa escola é o único lugar em que muitas crianças acessam áreas verdes. Também, apresentamos como uma das opções, a Colônia de Férias do colégio e seus benefícios na construção de amizades saudáveis, além de facilitar o período de adaptação escolar de novos alunos. O La Salle Cast tornou-se um farol de informações, um ponto de encontro para ideias brilhantes, debates significativos, conselhos práticos e também se transformou em uma ferramenta de aproximação, fortalecendo os laços entre a escola, os pais e os estudantes. Nossa expectativa é que essa tendência de comunicação sirva de inspiração para outras escolas e que seja utilizada por alunos, já que esse modelo de mídia digital possibilita, por exemplo, informação e estudo não apenas em sala de aula, mas também em casa como entretenimento educativo. Renato Filho Coordenador de Comunicação e Marketing Colégio La Salle Águas Claras


PARCERIA

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Segurança: um assunto sério para adultos Segundo a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), apenas 34% das instituições particulares brasileiras possuem algum programa de saúde/seguro. Ao ler esses dados, fiquei extremamente preocupada e em alerta. A pergunta que imediatamente surgiu foi: quem está cuidando e protegendo as crianças e os jovens, diante de tamanho descuido das instituições particulares, que representam o montante de 66% que não oferecem, muitas vezes por falta de conhecimento ou informação, nenhum programa de amparo em caso de acidentes ou doenças? Vale ressaltar que é um direito da criança e do jovem, conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em suas disposições preliminares, o que segue: Art. 1º Proteção Integral à criança e ao adolescente, Capítulo 1, Art. 4º “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos relacionados à vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária”.

Se é um dever de todos, incluindo a escola, a prevenção e a segurança sempre foram temas de extrema relevância, assim como a pedagogia. No entanto, essas questões nunca receberam a atenção e a responsabilidade devidas. Com frequência, ouço frases como: “Ah, Raphaela, se algo acontecer, a família cuida e leva ao médico de confiança...”; Ah, Raphaela, na minha escola, não enfrentamos problemas com o uso do WhatsApp e redes sociais pelos alunos...”; “Ah, Raphaela, já temos tantos investimentos pedagógicos a fazer em 2024 que não podemos absorver nenhum programa de segurança...”; “Ah, Raphaela, adequar a escola à LGPD é caro, estamos sem condições...”. Até quando vamos adiar e delegar essas responsabilidades? É importante destacar que responsabilidades não podem ser delegadas, pois a escola poderá responder legalmente em caso de problemas. Portanto, a formação de indivíduos, o que deveria ser nossa principal preocupação, é um dever e uma responsabilidade de todos. Formar pessoas melhores vai além do ensino de português e matemática. Envolve ensinar prevenção, segurança e conscientização sobre os riscos aos quais estamos expostos, sejam físicos, virtuais ou sociais.

Precisamos aprender a agir diante de acidentes em todas essas esferas. E, você, gestor, faz parte de qual grupo? Nós queremos que seja do nosso! Venha conhecer o Escola Segura! Espero você!

Raphaela Lupion é fundadora do Programa Escola Segura e uma defensora ativa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes. Siga nossas redes sociais: @programaescolaseguraoficial Contatos: raphaela.lupion@programaescolasegura.com.br (41) 9.9997-9901


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VEM AÍ!

Rumo a um 2024 transformador na Educação Católica: descubra os destaques da ANEC para o próximo ano! À medida que vivenciamos um novo ano, nos preparamos para as importantes oportunidades de aprendizado que a ANEC proporciona para educadores e gestores comprometidos com a excelência na educação. Confira, a seguir, alguns dos encontros previstos e programe-se!

Dia ANEC: diálogo que transforma!

O pontapé inicial para 2024 será marcado pelo “Dia ANEC”, um evento estadual, que reúne educadores e gestores para debates enriquecedores sobre temas importantes para a educação. Em cada estado e no Distrito Federal, as discussões irão fortalecer os alicerces da Educação Católica, promovendo trocas de ideias e experiências e marcarão o início do ano letivo.

Encontros dos Fóruns e dos Grupos de Trabalho: Fortalecendo vínculos e construindo futuros

Ao longo do ano, os encontros dos Fóruns de Presidentes, de Reitores e de Gestores e dos Grupos de Trabalho das diferentes áreas das Câmaras de Mantenedoras, de Ensino Superior e de Educação Básica, nos aguardam. Esses momentos são fundamentais para fortalecer laços, compartilhar melhores práticas e debater estratégias inovadoras. A colaboração entre líderes educacionais será imprescindível para o aprimoramento contínuo da educação católica no Brasil.

Consolidação nos Conselhos Estaduais: tomando decisões que transformam

As reuniões dos Conselhos Estaduais da ANEC serão movimentos de decisões, que contribuirão para os diálogos da educação católica em cada estado. A participação ativa nesses encontros será essencial para contribuir com ideias e decisões que impactarão diretamente as instituições educacionais católicas.

Destaque para o Fórum Nacional de Educação Católica e Assembleia Eletiva, em Brasília

O ápice do ano será o Fórum Nacional de Educação Católica, programado para os dias 21 e 22 de março, em Brasília. O evento será uma oportunidade única para líderes, educadores e gestores imergirem em discussões profundas, explorando as inovações e desafios que permeiam a educação católica no cenário nacional.

Mantenha-se atualizado com o Calendário ANEC 2024!

Para garantir que você esteja atento aos momentos mais importantes do ano, disponibilizamos um QR Code exclusivo, que direcionará você ao calendário completo de formações programados para 2024. Escaneie o código e vivencie um ano repleto de aprendizado e colaboração. A ANEC está comprometida em seguir oferecendo um ano repleto de oportunidades e crescimento para todos os envolvidos na educação católica. Junte-se a nós nessa jornada!


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TEMA

FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL LEMA

“VÓS SOIS TODOS IRMÃOS E IRMÃS” (MT 23,8)

A Campanha da Fraternidade 2024 nos convida a refletir sobre a fraternidade e a amizade social, converter o coração, promover a comunhão e não descuidar daquilo que é caro a todos nós: a dimensão social do Evangelho precisa ser redescoberta. Cuidar da vida partindo da experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo que tem ressonâncias na comunidade, na sociedade. E o lema nos inspira a trilhar esse caminho.

Saiba mais sobre a Campanha da Fraternidade.


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