Livro Como Fermento na massa: a missão evangelizadora das escolas católicas no Brasil

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Como fermento na massa:

a missão evangelizadora das escolas católicas no Brasil

Como fermento na massa:

a missão evangelizadora

das escolas católicas no Brasil

CONSELHO SUPERIOR

Ir. Iraní Rupolo | Presidente

Prof. Germano Rigacci Júnior | Vice-Presidente

Ir. Cláudia Chesini | Secretária

Ir. Paulo Fossatti | Conselheiro

Pe. Sérgio Mariucci | Conselheiro

Ir. Luiz André Pereira | Conselheiro

Pe. José Marinoni | Conselheiro

Frei Gilberto Gonçalves Garcia | Conselheiro

Pe. Luis Henrique Eloy e Silva | Conselheiro

Prof. Silvana Sá de Carvalho | Conselheira suplente

Prof. Marcio Horta | Conselheiro suplente

DIRETORIA NACIONAL

Pe. João Batista Gomes Lima | Diretor-Presidente

Ir. Adair Aparecida Sberga | Diretora 1a Vice-Presidente

Ir. Natalino Guilherme de Souza | 2o Vice-Presidente

Ir. Selma Maria dos Santos | Diretora 1a Secretária

Frei Mário José Knapik | Diretor 2o Secretário

Ir. Marli Araújo da Silva | Diretora 1o Tesoureira

Ir. Ivanise Soares da Silva | Diretora 2o Tesoureira

ESCRITÓRIO NACIONAL

Guinartt Diniz | Secretário-Executivo

Fabiana Deflon | Gerente da Câmara de Mantenedoras

Gregory Rial | Gerente da Câmara de Ensino Superior e coordenador do Setor de Animação Pastoral

Roberta Guedes | Gerente da Câmara de Educação Básica

Anna Catarina Fonseca | Gerente de Comunicação e Marketing

Idelma Alvarenga | Gerente Administrativo-Financeira

Viviane Maia | Gerente Comercial e de Eventos

Jackeline Nascimento | Assistente Administrativo

Luciene Lopes | Auxiliar Administrativo

ORGANIZAÇÃO

Gregory Rial

Mário José Knapik

APOIO DE REDAÇÃO

Comunicação Conectada

REVISÃO

Elisangela Barbosa

Raquel Cruz

COM A CONTRIBUIÇÃO DE:

Abdias Rodrigues de Oliveira Júnior

Adriana Duarte

Ir. Adriana Aparecida Romão

Ana Maria Bastos Loureiro

Pe. Antônio Wanderley Oliveira dos Santos

Brunno César Costa Alves

Ir. Carine Edvirges Zendron

Ir. Cleiton Luiz Kerber

Denis Andre Bez Bueno

Pe. Diego Andrade de Jesus Lelis

Ir. Dora Matos

Edmundo José Marcon

Ir. Inês Alves Lourenço

Ir. Ilda Basso

João Carlos Ribeiro

Joaquim Alberto

Jonathan Félix de Souza

Karla Giselle R. da Silva

Ir. Laudete Zambonin

Diác. Luciano Pereira da Silva

Luis Hernandes Matos Leite

Ir. Luzia Kátia da Silva

Maria Aparecida Pedro Bom

Maria de Lourdes Remenche

Ir. Maria Gonçalves Assis

Ir. Marly das Neves Benachio

Ir. Marta Helena de Carvalho

Matheus Henrique Alves

Michael Gonçalves da Silva

Patrícia Stein Graeff

Ir. Regiane Maria do Nascimento

Ir. Sandra Maria Pinheiro

Pe. Sérgio Augusto Baldin Júnior

Sérgio Mendes

Ir. Silvia A. da Silva

Waldemar Bettio

DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Agência Kharis

BANCO DE IMAGENS

Foto de Arquivo das Associadas

IMPRESSÃO E APOIO INSTITUCIONAL

FTD Educação

Prefácios

Card. José Tolentino de Mendonça

Dom Jaime Spengler, OFM

Apresentação:

Pe. João Batista Gomes de Lima e Fr. Mário José Knapik

Parte 01

Rede Jesuíta de Educação Básica

Companhia de Santa Teresa de Jesus

Rede Azul de Educação

Rede Notre Dame de Educação

Rede Lius Agostinianos

Rede de Educação

Scalabriniana Integrada

Rede Lourdina de Educação

Irmãs de São José

Congregação de Santa Cruz

SAGRADO — Rede de Educação

Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição

Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus Rede de Escolas São Francisco

Rede Anastasianadominicana

Marista Brasil

Franciscanas Filhas da Divina Providência

Rede Cordimariana de Educação

Rede Passionista de Educação

Rede Salvatoriana

Rede UBEC

Colégio Santa Maria Minas

Rede Agostiniana Missionária de Educação

Claretiano — Rede de Educação

Irmãs Batistinas

Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã

Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência

Rede Salesiana Brasil

Rede Sagrado — Colégios Sagrado Coração de Maria

Rede La Salle de Educação

Rede Murialdo de Educação

Parte 02

Escola católica: o que é? O que faz?

ANEC: um serviço eclesial em prol da identidade confessional

Perenidade das escolas católicas: desafios e esperanças para o futuro

Sumário
06 09 16 24 30 58 64 70 77 83 39 49 55 13 20 27 33 61 67 73 80 86 89 92 95 101 98 104 109 114 117 36 42 46 52

PREFÁCIO

Semear um novo campo

A recente metamorfose cultural, aliada às novas características sociais em curso, traz emergentes desafios à evangelização: redescobrir novos areópagos e novas linguagens para o anúncio do Evangelho. Parte desses novos areópagos, as escolas também são chamadas a um intenso dinamismo pastoral, do qual não podem abdicar, uma vez que dispõem de um contato privilegiado com o caminho que fazem as diversas gerações humanas.

Das várias características que distinguem uma “escola católica”, uma delas assenta, precisamente, neste ponto: promover o encontro das crianças e dos jovens com a pessoa de Jesus Cristo,”abrindo-os à verdade total (que responde) às questões mais profundas da alma humana”. Ou seja, a escola católica não se reduz a um projeto pedagógico teórico-prático; ela engloba em si, de maneira vital, essa dimensão espiritual, sem prejuízo das outras dimensões. Como uma instituição afiliada à Igreja, ela partilha da mesma missão, isto é: “procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens”.

Se a “pastoral universitária”, já bastante desenvolvida, visa dar a conhecer Cristo a uma faixa etária de estudantes que habitam a exigência humana e in-

telectual das universidades, não é menos importante despoletar hoje uma mesma específica “pastoral escolar” estruturada, com suas metodologias e seus objetivos próprios, destinada às crianças que frequentam as instituições de ensino até o ingresso na universidade. Como tal, a Pastoral Escolar deve ser, acima de tudo, um laboratório de esperança. A propósito, o Papa Francisco aponta-nos um belo axioma pedagógico: “não podemos mudar o mundo, se não mudamos a educação”. Mudar a educação passa, também, por enriquecê-la com uma dimensão pastoral criativa em todas as escolas católicas.

Nesse sentido, é de louvar a iniciativa da ANEC ao publicar esta obra, em que recolhe, precisamente, vários testemunhos de experiências da Pastoral Escolar já realizadas, um panorama de boas práticas. Por isso, é um ponto de partida fulcral para o aprofundamento da reflexão eclesial sobre essa matéria.

Que esta obra possa inspirar e estimular a rede de escolas católicas do Brasil e da América Latina a fomentar o dinamismo pastoral, dando protagonismo às crianças e aos jovens, como recorda o poeta Manoel de Barros: “as coisas que não têm nome” são mais bem pronunciadas por eles.

Card. José Tolentino de Mendonça

Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação

¹Congregação para a Educação Católica. A identidade da escola católica para uma cultura do diálogo (Instrução), Cidade do Vaticano 2022. Ver, sobretudo, os números: 20; 54-58; 67-93.

²Congregação para a Educação Católica. A identidade da escola católica para uma cultura do diálogo (Instrução), 20.

³Ad gentes, 1.

⁴Francisco. Discurso aos participantes no IV Encontro de Scholas Occurrentes, 5 de fevereiro de 2015.

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PREFÁCIO

Escolas católicas e a educação para a vida

“A rede escolar é uma das realidades mais preciosas da Igreja contemporânea, se constitui uma interface credível e concreta no diálogo da Igreja com as famílias e a sociedade. (...) A paixão educativa deve encorajar e unir-nos a todos. Só juntos, e com um forte sentido de unidade, poderemos enfrentar com fidelidade e criatividade desafios transcendentais tão grandes como os que enfrentamos hoje no campo cultural e educativo” (Cardeal José T. de Mendonça).

Num contexto social marcado por um processo de globalização cada vez mais acentuado, promover o desenvolvimento integral de adolescentes e jovens e o convívio social respeitoso requer disposição das melhores forças da sociedade, além de um projeto educativo de médio e longo prazo.

Os espaços escolares são lugares de educação para a vida, para o desenvolvimento cultural, para a formação profissional, para o empenho pelo bem comum e para o cuidado da Casa Comum. Eles deveriam ser verdadeiras comunidades educativas, nas quais as experiências de aprendizagem se alimentassem da integração entre pensamento, pesquisa e vida.

As escolas de caráter confessional católico desenvolvem as atividades a partir de um senso de pertença e atinência à Igreja Católica. O fazer e o pensar delas possuem, pois, um caráter confessional, que precisa ser compreendido não tanto na forma, que aparece como marca distintiva, mas, sim, na clareza, na nitidez e na determinação como desenvolvem a missão, tendo como referência a inspiração originária. A característica confessional aponta para uma exigência comprometedora, decorrente do Espírito da instituição. Católico tem a ver com magnanimidade, generosidade, disponibilidade, simplicidade e acuidade para com o Deus-amor, que, em Jesus de Nazaré, armou tenda entre nós (cf. Jo s,14) “para ter

em quem depositar os seus benefícios” (Irineu de Lion).

O modo de ser divino, conservado no termo católico, é tão humano que somente um Deus o pode ser. Tal modo de ser se torna paradigma divino do jeito de ser humano, em que todas as diferenças são incluídas sempre e de novo, isto é, sempre e de forma nova, a partir da simplicidade e da generosidade do Deus-amor. Assim, todos os que se dedicam à missão de educar à luz de uma compreensão iluminadora da identidade do ser humano, isto é, “é imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26), sendo todos/as filhos/ as (Gl 3,26) e, portanto, irmãos e irmãs (Mt 23,8), se consideram servos do aprender, pois educar é aprender o aprender.

Para a instituição confessional de ensino e aprendizagem, tudo quanto é próprio do humano é confessional! A tarefa e o dever, enquanto “kathólico”, é não excluir nada nem ninguém, mas tudo e a todos incluir. O Papa Francisco, em sua viagem a Portugal, em 2023, citou um escritor português que dizia: “Sonhei com um país onde todos chegavam a mestres” (A. Negreiros). Mestres de humanidade, de compaixão, de novas oportunidades para a Casa Comum e seus habitantes, mestres de esperança, de vida, de respeito, de saber...

Diante de sinais de uma crise contundente, que atinge as bases do mundo ocidental, não faltam vestígios da necessidade de um novo humanismo, a partir do qual se possa restaurar a Casa Comum, promover relações mais igualitárias e equitativas, viabilizar a participação de todos nos bens adquiridos (bem comum), estender a todos o respeito ao Estado de direitos. Chegamos a uma encruzilhada que impõe a revisão do caminho percorrido até aqui, responsável pela crise atual, que atinge distintos setores da sociedade.

7 COMO FERMENTO NA MASSA

Os princípios de igualdade, solidariedade, bem comum, direitos universais do humano e da natureza são todos do humanismo e do cristianismo. Tais elementos estão maravilhosamente descritos num texto do cristianismo primitivo, no qual se descreve o modo de vida dos discípulos de Jesus Cristo: “Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e à especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano. (...) Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põe a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não

vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu. (...) Assim como a alma está no corpo, assim estão os cristãos no mundo. (...) A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; também os cristãos estão no mundo como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo” (Carta a Diogneto, n. 5-6).

Não se poderia, aqui, colher inspiração orientadora a iluminar a opção de muitos em se dedicar à missão educadora da sociedade, a partir de uma confessionalidade característica, ou seja, aquela católica? Não estariam, assim, nossas instituições de educação cumprindo autenticamente a missão de ser fermento na massa?

Dom Jaime Spengler, OFM Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB

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Apresentação

O fermento é um elemento químico curioso. Age silenciosamente quando a massa é aquecida, inflando de gás carbônico o pão ou o bolo. O fermento multiplica a massa e faz com que ela alimente mais pessoas. Jesus usa a metáfora do fermento duas vezes. Na primeira - Evangelho de Lucas -, Jesus o compara ao Reino de Deus: “como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Lc 13, 21). Assim como para a semente - parábola anterior a esta na perícope -, o valor do fermento está na força oculta que carrega de contagiar, envolver e atingir toda a massa, fazendo-a crescer por inteiro. É nesse sentido que entregamos à Igreja do Brasil - aos membros do episcopado, do clero e do laicato - este livro, que se trata de um relato reflexivo sobre como as escolas católicas do Brasil trabalham pela evangelização, tal qual o fermento: no cotidiano, de maneira intensa e constante, de forma a fazer com que os principais interlocutores do processo ensino-aprendizagem, (a “massa”) os estudantes e suas famílias recebam a mensagem de Cristo e da Igreja.

Os relatos aqui apresentados abrangem o trabalho de 30 redes de educação católica ligadas às Congregações e às Dioceses. Elas representam uma amostragem significativa das mais de 1.000 escolas de Educação Básica. Vale ressaltar que não trazemos aqui ainda os relatos das universidades.

Cada relato busca informar sobre quatro aspectos importantes no contexto educacional católico. Cada texto começa com uma apresentação acerca da história e da origem da Rede, de forma a mostrar que a educação católica faz parte da história e da Igreja no Brasil, bem como evidenciar que realiza um apostolado consolidado de décadas, maduro e que

tem produzido muitos bons frutos. Em seguida, apresentamos, na seção “Currículo Evangelizador”, como cada Rede incorpora a identidade confessional e a própria identidade carismática no currículo escolar, demonstrando que, por meio de propostas pedagógicas arrojadas e complexas, o Evangelho é anunciado na sutileza do cotidiano escolar, nas aulas, nos projetos, nos espaços e nos momentos formativos ao longo do ano letivo. Também evidenciamos, na seção “Vida Pastoral”, como cada Rede dinamiza a vida pastoral, salientando as diversas formas da missão de evangelizar, de acordo com a realidade em que a escola está inserida. É possível entrever uma miríade de ações em prol da evangelização dos jovens, das crianças, das famílias e dos educadores e, ainda, um bonito e profético testemunho litúrgico e celebrativo. Por fim, na seção “Expandindo a identidade”, mostramos como cada Rede promove o acolhimento e a inclusão da diversidade religiosa, como desenvolve ações de voluntariado e pela ecologia integral.

Com este material, desejamos mostrar como as escolas católicas promovem o Reino de Deus conduzindo e apascentando estudantes, familiares e educadores num caminho de fé seguro e criativo. Diferentemente do “fermento dos fariseus e saduceus” (Mt 16, 6), que era a falsidade e a hipocrisia, o fermento das escolas católicas só produz bondade e verdade na vida daqueles que se ligam a essas instituições. Como “verdadeiras comunidades eclesiais formadoras de discípulos-missionários”, as escolas católicas brasileiras contribuíram, contribuem e contribuirão para fortalecer a Igreja do Brasil.

Brasília, 9 de maio de 2024

Dia Internacional da Educação Católica

Pe. João Batista Gomes de Lima

Diretor-presidente da ANEC 2021-2024

Fr. Mário José Knapik, OFM

Diretor de Pastoral da ANEC 2021-2024

9 COMO FERMENTO NA MASSA

PARTE 1

Experiências de evangelização nas escolas católicas

Rede Jesuíta de Educação Básica: contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes, compassivos e comprometidos

A Rede Jesuíta de Educação Básica foi constituída em 2014, no Rio de Janeiro (RJ), reunindo 17 Unidades de Educação Básica da Companhia de Jesus no Brasil. Remontando à longa história da ordem no Brasil e ao legado espiritual de Santo Inácio de Loyola, os jesuítas coordenam escolas e colégios em 13 cidades de nove estados brasileiros, com um alcance de Teresina a Porto Alegre. A rede, organizada há uma década, tem o objetivo de congregar as instituições da Companhia - muitas delas seculares - que atendem a mais de 25 mil alunos, com culturas diversas e públicos com especificidades que precisam ser consideradas. A rede conta com cerca de 6 mil colaboradores, entre professores e profissionais de diversas áreas.

O Escritório Central da Rede funciona em Bota-

fogo, no Rio de Janeiro, e conta com um diretor, um secretário executivo e três assessores pedagógicos, sendo um deles jesuíta. O seu trabalho principal é o de acompanhar as unidades educativas em seus planejamentos estratégicos e projetos pedagógicos, realizando visitas e prestando assessoria. Dessa maneira, possibilita a troca, o enriquecimento mútuo e a aprendizagem colaborativa entre todos, preservando e evidenciando a identidade de suas unidades como cristãs, católicas e inacianas.

As instituições que pertencem à Rede são: Colégio Santo Inácio, Colégio Anchieta e CEPAC no Rio de Janeiro; Colégio Diocesano, Colégio Santo Afonso Rodrigues, Escola Padre Arrupe no Piauí; Colégio Antonio Vieira na Bahia; Colégio Santo Inácio no Ceará; Colégio dos Jesuítas, Colégio Loyola, Escola Técnica

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de Eletrônica e Escola Nhá Chica em Minas Gerais; Colégio São Francisco Xavier e Colégio São Luís em São Paulo; Colégio Catarinense em Santa Catarina; Colégio Medianeira no Paraná; Colégio Anchieta no Rio Grande do Sul. A Rede promove um trabalho integrado, a partir de uma mesma identidade e do sentido de corpo apostólico, com mútua responsa-

Currículo Evangelizador

Nos próximos anos, a Rede visa a transformar as Escolas e os Colégios Jesuítas do Brasil em centros de aprendizagem integral, lugares de transformação evangélica da sociedade e da cultura. Em síntese, assume a missão de promover uma educação de excelência, inspirada nos valores do Evangelho, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, competentes, compassivos, criativos e comprometidos.

Na perspectiva dos 4 Cs (conscientes, competentes, compassivos e comprometidos), a Rede espera que, além de conhecerem a si mesmos, graças ao desenvolvimento da capacidade de interiorização e ao cultivo da vida espiritual, os estudantes possam desenvolver um consistente conhecimento e uma experiência da sociedade e de seus desequilíbrios.

Além disso, profissionalmente falando, devem alcançar uma formação acadêmica que lhes permita conhecer, com rigor, os avanços da ciência e da técnica. Sejam indivíduos capazes de abrir seu coração para serem solidários e identificarem o sofrimento que outros vivem.

E, por fim, sendo compassivos, devem empenhar-se honestamente, a partir da fé, e com meios pacíficos, na transformação social e política de seus países e das estruturas sociais, para alcançar a justiça.

A RJE conta com centros inovadores de aprendizagem integral, que educam para a cidadania global, com uma gestão colaborativa e sustentável. Portanto, destacam-se os princípios e valores de: Amor e Serviço; Justiça socioambiental; Discernimento; Cuidado com a pessoa; Formação integral; Colaboração e sustentabilidade; Criatividade e inovação.

bilidade pelos desafios comuns. Sua atuação é um chamado à partilha de experiências e de estratégias dos colégios e das escolas, fomentando um espírito colaborativo e aberto ao outro e ao novo — além de potencializar as riquezas de cada uma das Unidades Educativas da RJE.

No que diz respeito ao “Amor e serviço”, trata-se da experiência de ser criado por Deus, no seguimento a Jesus Cristo, que impele o indivíduo a uma resposta, por meio da atuação no mundo, colocando os seus dons a serviço dos demais.

Quanto à “Justiça socioambiental”, consiste no chamado de Deus ao movimento contínuo de reconciliação com Ele, com a humanidade e com a criação, colaborando para a construção de uma sociedade em que a justiça se faça presente nas relações, na mudança das estruturas sociais e no cuidado com a casa comum.

O “Discernimento” é o fundamento que orienta a missão educativa e a elaboração de projetos de vida, ambas comprometidas com um mundo mais justo, reconciliado, fraterno e solidário. O “Cuidado com a pessoa” é a postura acolhedora expressa por meio do diálogo e da abertura ao outro, respeitando a dignidade de cada um, de modo que todos se responsabilizem mutuamente e aprendam uns com os outros.

Já a “Formação integral” visa ao desenvolvimento das potencialidades da pessoa nas dimensões cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa, por meio de um currículo integrado e integrador. Assim como a “Colaboração e sustentabilidade”, que prevê visão compartilhada, trabalho em rede e solidariedade no uso dos recursos, garantindo a viabilidade da missão.

Por fim, a “Criatividade e inovação”, como uma tradição jesuítica, inspira a abertura e ousadia para construir projetos e processos que respondam aos desafios da sociedade contemporânea.

14 REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Na Rede há um Grupo de Trabalho constituído especificamente para refletir sobre a identidade cristã e inaciana das Unidades Educativas, encaminhar pareceres, realizar levantamentos e produzir material. Esse GT é composto por coordenadores de formação cristã/pastoral das Unidades, que são assessorados por membros do Escritório Central da Rede.

Vida Pastoral

Todas as Unidades da Rede têm em seu currículo, além das aulas de Ensino Religioso, atividades pastorais, de acordo com as séries. Dentre elas estão: ações de voluntariado, momentos de oração e de atendimento às datas litúrgicas, de forma lúdica e vivenciada — principalmente para o Ensino Infantil.

Além disso, a Rede promove encontros formativos de espiritualidade e missão de até 15 dias para os jovens que estudam nos colégios que integram a Rede. O Encontro de Formação Integral (EFI) é um dos principais destaques,

O Projeto Pedagógico das Unidades, assessorado e acompanhado pelo escritório da Rede, apresenta três dimensões: a cognitiva, a socioemocional e a espiritual-religiosa, a partir das quais os currículos são elaborados. A Rede oferece a todos os seus educadores, por meio da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o curso de especialização em educação cristã e jesuítica, também abordando as questões contemporâneas de educação.

visto que tem tido excelente resultado em efetivo aprofundamento da fé e da missão apostólica da Rede Jesuíta.

Quanto às famílias, as atividades são realizadas por cada Unidade Educativa; a Rede ajuda na reflexão sobre seu papel e tem procurado integrá-las nas discussões sobre os projetos de inovação nos aspectos pedagógicos e de evangelização.

Já o programa de formação dos educadores é abrangente e inclui cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado, jun-

Expandindo a identidade

Todos os momentos formativos promovidos pela RJEe e pelas pastorais das Unidades contemplam a diversidade religiosa e integram os estudantes não católicos numa perspectiva de formação humanista em valores e princípios.

to a faculdades e universidades jesuítas ou administradas pela Companhia de Jesus. Esses cursos incluem formação em ensino religioso específica para pastoralistas, educação jesuítica, além dos demais que, embora se voltem mais para a área acadêmica, incluem e contemplam a espiritualidade e a evangelização de forma transversal.

Por fim, as principais celebrações e momentos coletivos sacramentais, como o Natal e a Páscoa, são vivenciados pelas Unidades da Rede, integrando alunos, colaboradores e familiares.

A Rede é a responsável por incentivar a promoção de projetos locais, incluindo os relacionados à ecologia integral, de maneira que os tópicos são discutidos em diversos fóruns de diretores.

“A Rede Jesuíta trabalha para promover educação de excelência, inspirada nos valores cristãos e inacianos, contribuindo para a formação de cidadãos competentes, conscientes, compassivos, criativos e comprometidos.”

15 COMO FERMENTO NA MASSA

Companhia de Santa Teresa de Jesus: transformando a sociedade sob a força da espiritualidade teresiana

A Companhia de Santa Teresa de Jesus, como é chamada a Associação de Ensino e Assistência Social Santa Teresa de Jesus, foi fundada por Santo Enrique de Ossó, em 1876, na Espanha. Em 1911, chegou ao Brasil por meio das irmãs teresianas da Província de São José, no Uruguai, e de outras irmãs vindas de Portugal.

Iniciando a jornada com os colégios de Santana do Livramento e Itaqui, ambos no Rio Grande do Sul, a Companhia se estendeu para o Rio de Janeiro em 1915 e para Porto Alegre em 1965. Atualmente, a rede mantém três colégios (Santana do Livramento, Porto Alegre e Rio de Janeiro) e três projetos sociais – o projeto Vida e Esperança (Imperatriz/MA), o projeto Teresiano Crescendo com Arte (Itaqui/RS) e a Casa Santo Enrique (Porto Alegre/RS) –, além de ter fun-

dado inúmeros projetos socioeducativos.

A Companhia de Santa Teresa de Jesus vive o carisma educativo em 23 países e tem como base a espiritualidade de Santa Teresa de Jesus e Santo Enrique de Ossó, sintetizada no propósito de tornar Jesus conhecido e amado por meio da educação. No Brasil, a rede acolhe 2.400 estudantes, 215 crianças e adolescentes nos projetos sociais. Para isso, conta com mais de 377 colaboradores, entre professores, voluntários e demais profissionais.

Reconhecida como Instituto Religioso Apostólico de Direito Pontifício pela Igreja Católica, a Companhia tem foco no valor educativo do encontro, entendido como um trato de amizade, espaço de crescimento entre sujeitos e sociedades. Nesse cenário,

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COMPANHIA DE SANTA TERESA DE JESUS

a escola se torna um espaço privilegiado, no qual se elabora e se transmite uma concepção de Ser Humano e de História, com um ambiente acolhedor e pautado nos valores do Evangelho.

A rede optou pela Educação Humanizadora Transformadora, por estar fundamentada em relações de reciprocidade solidárias, dialógicas, éticas e inclusivas. O principal compromisso é contribuir para a transformação do mundo, de forma a inspirar os estudantes com os ideais de verdade, alegria, dignidade, magnanimidade e fortaleza. Essa missão se concretiza por meio de uma abordagem participativa e ativa, voltada para as questões ambientais e para a necessidade de desenvolver uma cultura ecológica a favor da sustentabilidade do planeta, desenvolvendo relações éticas e cidadãs.

A rede educativa teresiana adota uma gestão com espiritualidade, que se materializa, entre outras formas, pelo compromisso com uma escola em pastoral intencionalmente explicitada nos planejamentos, nos quais todas as áreas da instituição assumem a responsabilidade por ações e resultados para promover a missão do carisma teresiano. Existem um Plano Global de Pastoral em toda a rede, com atividades comuns, como encontros dos Amigos de Jesus (Edu-

Currículo Evangelizador

As matrizes curriculares da rede englobam tanto as competências propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quanto as teresianas — detalhadas em habilidades específicas em cada área do conhecimento ou componente curricular.

Por meio dessas competências teresianas, as escolas da Companhia de Santa Teresa de Jesus visam conduzir os alunos ao conhecimento da espiritualidade teresiana, a encontrarem inspiração para o agir pessoal e comunitário nos valores do Evangelho, de forma a assumir a ética do cuidado e a comprometer-se com a ecologia integral, com vistas à construção de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Dentre as habilidades propostas, estão: conhecer a história da Companhia de Santa Teresa de Jesus; difundir, conscientemente, a história da Companhia

cação Infantil e Anos Iniciais) e Vivências Teresianas (Anos Finais e Ensino Médio), e um Plano de Interioridade Anual, que orienta os conteúdos em diversos momentos formativos, orações, celebrações e mídias sociais.

O Plano de Interioridade se iniciou com os jesuítas, na Catalunha, e foi acolhido pela Companhia de Santa Teresa de Jesus na Europa e no Brasil. Trata-se de uma sistematização intencional de todas as iniciativas no campo da espiritualidade — de tal maneira que alunos, educadores, colaboradores e famílias são envolvidos em uma mesma temática.

Além disso, cada colégio tem um setor de Pastoral, cuja coordenação participa das reuniões da equipe gestora local. As coordenações locais de Pastoral se encontram regularmente para participar de formação continuada, tomar decisões e revisar o planejamento, bem como são apoiadas pela Equipe Carismática da Rede, que oferece suporte, com recursos e itinerários formativos para toda a comunidade educativa. Cada colégio também elabora um Plano de Pastoral local, o que conta com diversas atividades, como celebrações, retiros e ações sociais.

de Santa Teresa de Jesus; exercitar a contemplação, a gratuidade e o compromisso solidário; vivenciar os valores do Evangelho e da ética do cuidado; utilizar-se das virtudes da verdade, da lealdade, da fortaleza, da alegria, do amor e da fé.

Em relação à formação dos educadores e demais colaboradores, existe um plano de formação carismática da rede. Além disso, cada escola elabora propostas formativas, visando suprir as demandas de cada contexto.

No caso do Ensino Religioso, opta-se por uma abordagem embasada na ciência da religião com interface na teologia cristã, regido por uma matriz curricular que contempla, nas séries iniciais, a História da Salvação e a Ética Cristã; e, nas séries finais, a diversidade religiosa e a tolerância.

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Vida Pastoral

A Rede de Escolas da Companhia de Santa Teresa de Jesus evangeliza a comunidade por meio de diversas estratégias. O Plano Global da Pastoral inclui Ensino Religioso, celebrações litúrgicas, campanhas de solidariedade, voluntariado, missas na capela da escola, entre outras atividades.

O Encontro dos Amigos de Jesus, por exemplo, proporciona um mergulho na espiritualidade teresiana para alunos da Educação Infantil ao 5º ano. Pensando no contexto familiar em que os estudantes estão inseridos, a Companhia de Santa Teresa de Jesus aproxima os responsáveis pela Escola de Pais, que oferece palestras sobre diferentes temas.

As atividades de evangelização para as juventudes, por sua vez, incluem as Vivências Teresianas para alunos do 6º ano ao Ensino Médio, com visitas e voluntariado em projetos sociais. A criação do grupo Juventude Teresiana é uma proposta para adolescentes e jovens interessados em explorar a espiritualidade teresiana.

Já a evangelização dos educadores é realizada por meio de encontros de formação carismática (on-line, remoto ou presencial) e do Plano de Interioridade. Essas ações visam fortalecer a vivência da religião entre os educadores, de forma a promover um ambiente educacional fundamentado em valores cristãos.

Expandindo a identidade

A partir de uma abordagem inclusiva, a rede acolhe os estudantes não católicos nas atividades pastorais, de maneira que os professores e colaboradores são incentivados a compreender o significado de uma escola confessional católica, enquanto destacam a importância da promoção e da defesa da diversidade religiosa.

Visando criar um ambiente plural e respeitoso, os alunos não católicos são convidados a acompanhar as atividades escolares do Ensino Religioso e têm a opção de escolher participar ou não de práticas específicas. Dessa maneira, as escolas se apresentam como uma ponte para os estudantes não católicos conhecerem os costumes e o que prega o Evangelho de Cristo.

Para todos os grupos, a rede propõe Quartos de Hora de Oração, que consistem em uma experiência teresiana-ossoniana de 15 minutos de oração. A Companhia sugere um roteiro de oração por mês, para toda a comunidade educativa, com indicação do livro digital de mesmo nome, com dezenas de roteiros para os demais dias.

Na rotina da escola, são celebrados, principalmente, a Páscoa, o Natal e as festas litúrgicas dos fundadores da rede, com missas frequentes, catequese, retiros e visitas às capelas das escolas. A rede ainda incentiva visitas da imagem de Nossa Senhora (capelinhas) às casas das famílias, além de peregrinações a santuários.

Quanto à integração com a comunidade, a rede educacional desenvolve três projetos sociais parcialmente financiados por seus três colégios. Além disso, cada colégio promove atividades de voluntariado que envolvem alunos, professores, colaboradores e famílias, adaptando-se à realidade específica de cada instituição.

Um dos exemplos refere-se às parcerias estabelecidas, principalmente, com casas de apoio, que são visitadas por alunos e auxiliadas por meio de campanhas de solidariedade. Essa abordagem demonstra o compromisso da Companhia com a responsabilidade social e o envolvimento ativo na construção de uma comunidade mais solidária e inclusiva.

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COMPANHIA DE SANTA TERESA DE JESUS

Pensando em construir um mundo melhor e mais sustentável, a Companhia possui várias iniciativas para o Ensino Ecológico, a começar pelo plano tático-operacional, o qual estabelece metas e resultados desejados nessa área. Dessa maneira, os alunos são formados e informados sobre a ecologia integral de modo transversal no currículo, por meio de várias disciplinas, e, na prática, a partir de atividades de conscientização.

Além disso, algumas instituições da rede já contam com a geração de energia por meio de painéis solares, captação da água de chuva, coleta seletiva, compostagem, eliminação de copos plásticos, reutilização de embalagens e muito mais. Nas formações dos educadores, o tema é trabalhado ao se vincular a crise ambiental e a crise social a partir de estudos sobre as encíclicas Laudato Sí e Laudate Deum.

“Santa Teresa de Jesus é um exemplo da força de sua espiritualidade e da capacidade da mulher para evangelizar e transformar a sociedade.”

19 COMO FERMENTO NA MASSA
Rede Azul de Educação: transformar a sociedade através da formação do pensamento crítico e autoral

A Rede Azul de Educação pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Castres, fundada por Santa Jeanne Emilie de Villeneuve, no sul da França, em 1836. Conhecida como “Irmãs Azuis”, devido à cor de seu hábito de origem, a organização está presente em quatro continentes e diversos países, incluindo o Brasil. Por meio de suas obras e em parceria com instituições onde as Irmãs exercem sua missão, a Rede Azul de Educação tem como compromisso manter vivo e atualizado o carisma da fundadora.

A Congregação chegou ao Brasil em 1904, em Cuiabá, no Mato Grosso, onde a missão das Irmãs Azuis cresceu e novas comunidades foram surgindo. Atualmente, a rede educacional conta com nove es-

colas, em três estados brasileiros e uma obra social, são elas: Escola Coração de Jesus (Cotia/SP); Centro Educacional Emilie; Centro Social Esperança, Colégio Emilie de Villeneuve, Colégio Madre Iva e Colégio Notre Dame, na capital paulista; Colégio Imaculada Conceição (Cáceres/MT), Colégio Nossa Senhora de Lourdes (Cuiabá/MT) e a Obra Social São Miguel (Cuiabá/MT), na região centro-oeste, e o Colégio Maria Imaculada (Curitibanos/SC), no sul do país.

Com mais de 5.570 alunos, 541 professores e 367 colaboradores, a Rede Azul de Educação, acredita que uma educação pautada no respeito, amor, paz e solidariedade é essencial para a formação de indivíduos que terão papel ativo em suas carreiras e no meio em que estão inseridos. Seguindo os valores

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REDE AZUL DE EDUCAÇÃO

cristãos, a Congregação assume como sua missão a formação de comunidades educativas aprendentes, assegurando a excelência acadêmica e, assim, comprometendo-se com a vivência ética dos valores evangélicos fundamentais à dignidade humana, e com a construção de uma cultura de paz e solidariedade.

Tendo como objetivo promover a educação como ferramenta transformadora, algumas escolas e Obras Educacionais completam a sua função social oferecendo gratuitamente a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para funcionários e trabalhadores carentes. A rede ainda mantém os Centros Socioeducacionais, através da Associação Providência Azul (ABPA), que consistem em espaços gratuitamente oferecidos à população de baixa renda, visando oportunizar às crianças, jovens e adolescentes um

Currículo Evangelizador

Seguindo os ensinamentos de Jesus Salvador, Mestre e Operário, Emilie aprendeu o jeito de ser e agir com profundo respeito pela individualidade e com a maternal paciência pelos limites pessoais. A rede educacional segue este modelo, de maneira que sua compaixão é escuta atenta para acolher e orientar, mas, sobretudo, para promover a pessoa, fazendo-a crescer em autonomia, dignidade e protagonismo. Em seu carisma, portanto, está constituída a identidade pedagógico-educacional.

Desta maneira, o currículo é construído a partir da

Vida Pastoral

Considerada uma prioridade para a Rede Azul de Educação, a Pastoral Escolar proporciona a jovens e crianças, espaços de vivência pessoal, grupal e comunitária, visando desenvolver a fé, exercitar a liderança, refletir sobre conteúdos de natureza ética ambiental e social, bem como incentivá-las a realizar seu projeto de vida e comprometer-se com a sociedade em que vivem.

ensino de qualidade aliado a um ambiente de acolhimento e formação às famílias. Paralelamente, são desenvolvidos projetos preparatórios aos jovens para ingressarem no mercado de trabalho.

As ações sociais desenvolvidas e acompanhadas pela pastoral escolar tem como principais objetivos: colocar em prática o carisma de Santa Emilie no compromisso com uma educação que, conforme o Papa Francisco, mobilize “as mãos, o coração e a cabeça”; contribuir com a formação para a solidariedade, partilha, doação e engajamento dos educadores e educandos; atender a demandas da comunidade local e do entorno da escola; identificar as necessidades dos mais vulneráveis, dentro e fora da escola, e, dentro das possibilidades, provisionar encaminhamentos e atendimento.

identidade confessional, tendo como objetivo acompanhar a constante evolução do mundo educativo — incluindo a atualização das estruturas e as instalações dos Colégios e Obras, a constante aquisição de livros, materiais didáticos e equipamentos tecnológicos. Aliado a isso, está um grande investimento na formação continuada nas dimensões bio-psíquico-social-cultural de seus profissionais, o que justifica a opção das famílias, seja baseada na tradição do nome da instituição, na qualidade referencial de seu ensino, seja no compromisso com uma formação integral e com valores cristãos.

Dessa maneira, os alunos têm a oportunidade de exercitar o protagonismo e o serviço ao outro, participando de projetos solidários que os ajudam a desenvolver a sensibilidade, a empatia, a dimensão da fé e do compromisso vivenciado e a espiritualidade, segundo o carisma de Santa Emilie de Villeneuve.

Para alcançar este objetivo, a rede oferece aulas de Ensino Religioso do Infantil ao Ensino Médio; mantém no currículo os componentes de Filosofia, Sociologia e Projeto de Vida, do 9º ao Ensino Médio; promove encontros formativos por faixa etária; celebrações litúrgicas e momentos de espiritualidade; catequese em preparação para a Primeira Eucaristia e Crisma; semanalmente convida e

21 COMO FERMENTO NA MASSA

realiza a Celebração Eucarística; celebra o mês de maio, mês de Maria, rezando o terço; promove formação litúrgica; e desenvolve permanentemente a pastoral da escuta; além dos grupos de adolescentes e jovens.

As unidades educativas também desenvolvem campanhas solidárias e participam de movimentos da Igreja, como a última Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa (PT), por exemplo. Também são realizados fóruns e debates sobre a promoção dos Direitos Humanos e a criação de políticas públicas acerca da reflexão sobre o combate à violência e desigualdade social. Um dos frutos das ações da Rede foi a

criação da Lei Federal 14.164, de autoria dos estudantes.

Vivenciando a vida pastoral, a rede realiza, ainda: projetos sociais, de escuta e integração com os idosos dos abrigos da cidade; encontros, como o AcampAzul, Juventude Azul (JUVA), Voluntários do Ensino Médio (VEM) e o Missionários Leigos da Família Azul (MILFAJUVENIL); projetos com escolas públicas; casas que acolhem crianças em situação de vulnerabilidade social; ONGS que atuam com pessoas que vivem em situação de rua; Jogos Interazul; Projeto Oscar, introdução à produção cinematográfica; Projeto Muitas Vozes Muitas Vezes; Reuniões sistemáticas com repre-

Expandindo a identidade

A vida pastoral implica no entendimento de um lugar de cuidado das pessoas, das relações, dos processos humanos, do compromisso social e, por conseguinte, de acolhida e diálogo com a comunidade. Isso significa que, os estudantes não-católicos são vistos como todo e qualquer aluno das escolas da Rede Azul, referenciados num projeto de sociedade em promoção e defesa da vida, em todas as suas manifestações e possibilidades.

Uma das maneiras de aproximar esses jovens de uma vivência em comunidade são os projetos sociais desenvolvidos pela Rede Azul de Educação. A Aprendizagem Solidária, por exemplo, tem sua ação centrada na formação do jovem voluntário, tanto pelo desempenho de atividades voluntárias quanto pelo desenvolvimento dessa prática articulada aos saberes escolares.

Já na Missão Itinerante no Bairro Terra Prometida, os Voluntários Azuis atuam com as famílias de haitianos e brasileiros que moram no assentamento Terra Prometida em Cuiabá (MT), através de visitas

sentantes de sala; Fórum Pacto Educativo Global e AG/ONU, que se trata de uma simulação da Assembleia Geral da ONU, entre tantos outros.

A rede também conta com grupos de pais, pais de ex-alunos e amigos, que se reúnem para reflexão e momentos de espiritualidade, como leitura orante da Bíblia, por exemplo, a catequese familiar (Katequéo), a Equipe de Famílias Voluntárias (EVO), celebrações Eucarísticas, semana da unidade inter-religiosa, participação nas ações da UNESCO pela Cultura de paz e sustentabilidade, Cantata de Natal e Festas da Família.

frequentes a comunidade, com intuito de viabilizar através de apoio do poder público ou da iniciativa popular, uma melhora na condição de vida daqueles moradores.

O Parlamento Jovem é um projeto interdisciplinar desenvolvido no currículo, com adolescentes de 13 anos, no qual são formuladas leis, a partir de problemas da sociedade, que são apresentadas e sugeridas às instâncias federativas do senado e câmara estadual e municipal.

O Projeto “O Pão Partilhado com o Irmão” atende a pessoas que vivem em situação de rua com fome, visando acolher a necessidade dos irmãos, evangelizar por meio da Palavra e alimentar o corpo e a alma. Além da escuta, do diálogo, são distribuídos marmitas, água e itens de vestimenta, e realizados encaminhamentos de saúde em parceria com voluntários. A comunidade educativa participa ativamente, seja na arrecadação, na produção e na entrega/distribuição. Esse projeto tem três edições no ano e atende os municípios de Cotia (SP), Itapevi (SP) e entorno.

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REDE AZUL DE EDUCAÇÃO

O JUVA e o VEM, por sua vez, são espaços de formação em que adolescentes e jovens, por meio de reflexões e experiências de solidariedade e responsabilidade cidadã, são desafiados a serem protagonistas de projetos em prol da comunidade, ampliando o seu olhar sobre si, sobre as relações interpessoais, sobre a realidade e buscando de maneira conjunta ações que ajudem a mudar e/ou a melhorar a qualidade de vida das pessoas e do planeta.

A Parceria Escola Empresa, promove o reuso de tampinhas em parceria com a empresa MAMPLAST; com o CIMI, para conhecimento e valorização da cultura e intervenção social; campanha de alimentos e agasalhos, doação de mechas de cabelo e lenços para pacientes em tratamento de quimioterapia do ITACI E GRAAC-SP, e campanhas solidárias com o Ambulatório de Hemodiálise Pediátrica do Hospital São Paulo, da UNIFESP.

Por fim, a escola visa atender ao pedido do Papa Francisco quanto ao Pacto Educativo Global, que acentuou o compromisso e o espaço para ouvir o

que os jovens pensam e têm a dizer a respeito de educação e da ecologia integral. Neste propósito, os colégios da Rede Azul de Educação abraçaram as muitas ações propostas pelo manual do Pacto Educativo Global, elaborado pela ANEC, em seus projetos de série e ano, tendo como foco a liderança juvenil, e proporcionaram aos estudantes da Rede Azul de Educação vivenciarem este momento.

Estão entre as boas práticas, realizadas nos colégios da Rede Azul os seguintes projetos: Fórum Local do Pacto Educativo Global; Projeto Mi Casa, Tu Casa, Minha Casa, Sua Casa; Gincana Literária; Cartografias da solidariedade; Dicionário do Pacto Educacional Global; Somos a Aldeia da Esperança; Vídeo para abertura do Fórum Local do Pacto Educacional Global; Adoção da Praça, em parceria com a Subprefeitura da Região Lapa-SP; Desenvolvimento de sistema de aproveitamento de águas pluviais para irrigar horta, jardim e manter pequeno lago artificial; horta orgânica; e o plantio de mudas originárias da Mata Atlântica para contribuir com o reflorestamento de reserva do Sítio Bela Vista- Cananéia/SP.

“A Rede Azul de Educação, da Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição de Castres, inspirada no carisma de Emilie de Villeneuve, centrado nos valores cristãos, assume como sua missão a formação de comunidades educativas aprendentes, comprometidas com a defesa da vida e da dignidade humana.

23 COMO FERMENTO NA MASSA
Rede Notre Dame de Educação: testemunhando a bondade de Deus e seu Amor Providente na formação dos estudantes

A Congregação Notre Dame foi fundada em Coesfeld, na Alemanha, em 1850. A missão educacional iniciou-se em 1849, quando Hilligonde Wolbring e Elisabeth Kühling começaram a acolher crianças órfãs e abandonadas. Formadas na tradição espiritual e pedagógica de Bernhard Overberg, famoso pedagogo alemão, as jovens professoras começaram a educar as crianças por conta própria, até que o serviço de caridade se tornou uma obra organizada.

Reconhecendo a importância desse apostolado na Igreja, o diretor espiritual das professoras, Theodor Elting, as encorajou a continuar no serviço aos pobres, como membros de uma congregação religiosa. A pedido do Bispo de Münster, três Irmãs de Amersfoort, na Holanda, foram a Coesfeld, em 1850, e as introduziram na vida religiosa, segundo o espírito e

a regra da congregação das Irmãs de Notre Dame de Amersfoort, recebidos, por sua vez, das Irmãs da Congregação de Namur, fundada por Júlia Billiart, em 1804, na França. As duas jovens Irmãs passaram a chamar-se Irmãs Maria Aloysia (Hilligonde) e Irmã Maria Ignatia (Elisabeth). Em 1855, a fundação de Coesfeld tornou-se uma congregação independente, tendo como fundadora a Irmã Maria Aloysia e, como co-fundadora, a Irmã Maria Ignatia.

Em 1923, a Congregação foi enviada ao Brasil, para as regiões de Passo Fundo e de Não Me Toque, no Rio Grande do Sul, em resposta aos apelos da Igreja e ao serviço da educação. Em 1962, foi fundada uma segunda província. Assim, a Congregação, no Brasil, é formada pela Província da Santa Cruz de Passo Fundo e pela Província Nossa Senhora Aparecida de

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REDE NOTRE DAME DE EDUCAÇÃO

Canoas. No espírito de Júlia Billiart, de Irmã Maria Aloysia, de Irmã Maria Ignatia e das primeiras Irmãs de Coesfeld, a Congregação continua a testemunhar a bondade de Deus e o o amor divino providente em todo o mundo.

Com cerca de 3.400 alunos e 500 colaboradores, a Rede Notre Dame de Educação da Província de Canoas está presente em doze cidades de três estados brasileiros e uma missão Ad Gentes no Peru.

Dentre as obras mantidas pela Província, estão: escolas, obras sociais assistenciais, apoio na Pastoral paroquial, com catequese, a Pastoral da Pessoa Idosa, a Pastoral da Saúde e a Pastoral da Criança.

A Congregação promove a identidade confessional católica, comprometendo-se com a educação integral do Ser Humano e criando um ambiente de evangelização, formação e promoção da vida. À luz do carisma fundacional herdado por Júlia Billiart, a Congregação busca promover uma educação sólida, ancorada em valores cristãos.

O propósito é formar líderes para a transformação da sociedade, à luz dos princípios educacionais de Notre Dame, os quais são responsáveis por re-

Currículo Evangelizador

Apoiando-se na proposta de ser, cada vez mais, uma escola inspirada no Evangelho, a Rede acompanha o currículo, o plano de estudos e as próprias aulas dos professores, e faz mediações educativo-pastorais.

Para isso, a Rede utiliza, há muitos anos, o pro-

Vida Pastoral

A Rede de Escolas Notre Dame utiliza-se de uma abordagem integral na evangelização dos membros para promover o desenvolvimento espiritual. As atividades pastorais são diversificadas,

gerem a missão educativa: Bondade e amor providente de Deus (coração da educação); Dignidade da pessoa humana (imagem de Deus); Educador Notre Dame (testemunha do Mestre); Educação integral e de excelência (para transformação).

Visando construir o percurso de uma escola em Pastoral, a Rede Notre Dame conta com uma coordenação geral da Pastoral Escolar e cada unidade possui um membro indicado para a assessoria local. Para garantir um trabalho integrado, participam dessa equipe as coordenações do Juventude Notre Dame (JUND) e do Serviço de Animação Vocacional (SAV), que se reúnem, periodicamente, com o intuito de promover uma práxis pastoral que responda às metas almejadas.

São marcas fortes da equipe de Pastoral, também, a partilha de boas práticas, o estudo, a pesquisa e a produção de subsídios, de acordo com o planejamento anual, no processo de modelagem da Pastoral Escolar Notre Dame. Está sendo desenvolvido o Referencial da Rede Notre Dame em Pastoral, um documento que visa fundamentar e embasar, teoricamente, toda a prática já desenvolvida ao longo dos anos.

grama de formação dos colaboradores, que é estruturado a partir dos temas do Capítulo Geral da Congregação, visando a partilha do carisma, sempre olhando, atentamente, os componentes curriculares de Ensino Religioso e de Projeto de Vida. Nas Semanas Pedagógicas, a Rede desenvolve temáticas para aprofundar a identidade confessional.

abrangem todas as esferas da comunidade educativa e alcançam alunos, pais e professores.

Desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, a Rede implementa

o “Projeto de Vida e de Valores”, que proporciona uma formação sólida, sob os ensinamentos do Evangelho. Também é definido um Tema Pastoral, a ser aprofundado em todos os projetos e em todas

25 COMO FERMENTO NA MASSA

as atividades nas unidades.

Outro destaque é o projeto “AproximaNDo Gerações”, que promove encontros entre as irmãs idosas da Congregação e cerca de 500 crianças participantes da iniciativa. É uma oportunidade para fortalecer laços e transmitir valores.

Ainda focada na formação infantil, a Rede realiza a celebração da Semana Nacional da Família, a Semana Notre Dame, bem como trabalha as datas litúrgicas e congregacionais.

Com o objetivo de alcançar a juventude, a Rede apresenta, além do JUND, o programa Formação de Lideranças. Pensando na integração das famílias nas práticas religiosas, celebra o Mês Vocacional, oferece momentos de oração e formação (antes das reuniões de pais), rodas de conversas com diferentes segmentos e palestras. A Rede também trabalha o tema familiar em grandes eventos da escola, como o Natal em Família.

Já os educadores passam pelo

Expandindo a identidade

Com o objetivo de abraçar as particularidades de cada aluno, o material didático contempla o diálogo inter-religioso. Todos os estudantes, incluindo os não católicos, são convidados e bem-vindos às celebrações religiosas, para experimentar e conhecer a fé católica.

Programa de Formação de Colaboradores, com momentos de Formação e Espiritualidade nas reuniões periódicas e nas jornadas pedagógicas.

As principais celebrações do calendário litúrgico, como Páscoa, Natal e Ação de Graças, são realizadas para alunos, professores e colaboradores. Na rotina da Congregação, também são promovidas celebrações eucarísticas para os formandos e para as famílias no Mês Vocacional, bem como novenas e procissões marianas.

Além disso, por meio de práticas de voluntariado nos projetos das escolas, como o JUND, todos os alunos são convidados a colocar em prática os ensinamentos do Evangelho. Quanto à promoção da ecologia integral, a Rede promove diversas campanhas solidárias e mantém projetos sociais que visam os eixos de sustentabilidade e solidariedade.

“No espírito de Júlia Billiart, de Irmã Maria Aloysia, de Irmã Maria Ignatia e das primeiras Irmãs de Coesfeld, nossa Congregação continua, hoje, a testemunhar a bondade de Deus e o seu amor providente, em todo o mundo.”

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REDE NOTRE DAME DE EDUCAÇÃO
Rede Lius Agostinianos: formando inteligência e coração para a realização e a felicidade do ser humano

A Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil é fruto do empenho missionário de frades espanhóis advindos da Província Matritense, fundada em 1895, no Real Mosteiro de El Escorial. Na década de 1920, a necessidade pastoral da Igreja no Brasil, a disposição missionária dos frades e as circunstâncias históricas da Espanha favoreceram o início das missões em terras brasileiras. No Brasil, os freis agostinianos da Ordem de Santo Agostinho (OSA), advindos do Mosteiro do El Escorial, assumiram paróquias, seminários e pequenos colégios.

Em 1934, foi fundado o Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte (MG), símbolo do ideal educativo que seria adotado pela rede educacional e seu trabalho evangelizador. Na década de 1970, foram abertas novas unidades e, a partir de 1983, o então Vicariato Matritense passou a afiliar os professores brasileiros, tornando-se o esteio da formação agostiniana no Brasil.

Em 2019, o Capítulo Geral da Ordem elevou o então Vicariato à categoria de Província. Esse fato favoreceu a expansão da vivência do carisma agostiniano em diversos espaços e obras apostólicas. O carisma é testemunhado, por exemplo, no labor das

casas de formação, na vitalidade das paróquias, no profetismo das frentes missionárias e na imersão nas periferias. Hoje, as obras apostólicas, especialmente as dedicadas à educação, estão organizadas como Rede Lius Agostinianos. A força da Rede faz com que o apostolado educacional continue crescendo e evoluindo com inúmeras ações em prol da evangelização, contando com 5 unidades do Colégio Santo Agostinho, 4 unidades sociais e o ILALI - Centro Agostiniano em Ecologia Integral.

A partir da filosofia de Santo Agostinho, a Rede ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas por meio de afeto, respeito e inteligência. A sua missão é oferecer uma educação baseada nos valores cristãos, na fraternidade, no conhecimento e no amor — a partir da humanidade, excelência e inovação.

Tendo como objetivo promover e sustentar a identidade de uma escola agostiniana em pastoral, a rede conta com o Centro Agostiniano de Pastoralidade. Dessa maneira, cria-se um ambiente educacional onde a espiritualidade, baseada nos ensinamentos e valores agostinianos, é uma parte integral da experiência educativa. O Centro visa gerar engajamento

27 COMO FERMENTO NA MASSA

e assegurar excelência nos processos de evangelização, enfatizando a inovação axiológica — isto é, a inovação nos valores e princípios que fundamentam a educação agostiniana.

O trabalho do Centro se desdobra nas seguintes áreas principais: Evangelização e Identidade Agostiniana; Cidadania e Solidariedade; Projetos de Vida Agostinianos; e Ensino Religioso. Articulando essas

Currículo Evangelizador

Educar pessoas é missão para a vida toda, e diz respeito a toda comunidade. Por isso, os Colégios Santo Agostinho acreditam no preceito “gente que forma gente”. A tradição agostiniana acredita na educação como um processo que se inicia com a própria pessoa, em sua inquietude e desejo de ser, conhecer, desenvolver-se como sujeito de sua história. Formar começa com o intuito de formar-se: descobrir e amadurecer suas capacidades, discernir valores e propósitos de vida, aprender e expandir os conhecimentos do mundo.

Neste processo, a pessoa contempla a vida e o mundo, reconhecendo os saberes, as ciências, os costumes e as aprendizagens que lhe antecederam. A escola é o espaço espaço-tempo onde saberes, tradições, sabedorias do passado e do presente convergem para auxiliar na formação das novas gerações. Assim, sua metodologia se traduz no ensino, no qual se articulam os saberes acadêmicos e as práticas pedagógicas dos professores, em diálogo permanente com questões, perspectivas e demandas dos estudantes — em um esforço comum de compreender o mundo e seus desafios.

Ainda, a pedagogia agostiniana se inspira na vida e obra de Santo Agostinho que foi aluno, professor e educador. Seu desejo pela verdade e pela sabedoria, sua inquietude, suas obras, seus pensamentos e o

áreas, o programa pastoral visa à formação de lideranças que promovam a cultura da paz e do diálogo. Dessa maneira, promove o exercício do respeito à liberdade de concepções, o pluralismo de ideias, e a construção de sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania, tudo isso iluminado pela boa nova do Evangelho e do humanismo cristão.

As atividades para as crianças, adolescências e juventudes estão organizadas dentro dos programas institucionais. A rede oferece

seu legado constituem um caminho de realização humana, de autêntica educação, de orientação à busca do sentido da vida, com grandiosa visão de mundo e de história. Sendo assim, a filosofia agostiniana traz a realização e a felicidade do ser humano como diferencial para seu projeto de educação.

O projeto educativo agostiniano é sustentado em cinco dimensões de valores pessoais a serem desenvolvidos: pessoal, comunitário, crítico-transformador, ecológico-cósmico, e da transcendência. Desenvolvendo estes valores, o ser humano se liberta, transformando-se em um ser íntegro, amigo, solidário e fraterno com seus semelhantes, que serve a Deus e à sua sociedade. Nosso grande objetivo, portanto, é educar para que se possa viver verdadeiramente, de forma sábia, em busca do autoconhecimento, do amor e da transcendência.

A escola em pastoral é uma inspiração de toda a escola, com o propósito de cultivar um ambiente de desenvolvimento, acolhimento e fraternidade, iluminada pela mensagem cristã do evangelho. Nas unidades do Colégio Santo Agostinho, o Núcleo de Pastoralidade incentiva e promove espaços de vivência dos valores humanos, cristãos e agostinianos, no contínuo exercício de expressão da fé para todos os membros da Comunidade Educativa — incluindo alunos, pais, professores e colaboradores.

a iniciação à vida cristã, grupos de adolescentes/jovens, voluntariado — incluído no histórico escolar —, mês agostiniano, Ensino Reli-

gioso e outros. Dentre eles, destacam-se o Programa Cassicíaco, o Grupo de Convivência Agostiniana (GRUCA), o Programa Voluntaria-

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REDE LIUS AGOSTINIANOS
Vida Pastoral

do Agostiniano (VA), a Jornada Agostiniana das Juventudes e o Projeto de Vida Agostiniano.

O Programa Cassicíaco visa desenvolver um projeto catequético e evangelizador na fé cristã para as pessoas da comunidade educativa, à luz da Palavra de Deus e do carisma agostiniano, estabelecendo relações fraterno-sororais comprometidas com a verdade e a justiça. Dentre seus objetivos, está a iniciação cristã, a partir dos sacramentos do Batismo, da Eucaristia e da Crisma. Já o GRUCA forma comunidades das adolescências e juventudes agostinianas para fortalecerem a cultura do encontro, a partir dos pilares agostinianos.

O Programa VA! visa construir a Nova Cidade, no exercício da cidadania planetária, conectando inteligência e coração em experiências de voluntariado transfor-

mador nas periferias geográficas e existenciais. Alguns de seus principais objetivos são: promover o cuidado com a Casa Comum; educar os sujeitos para a solidariedade e a prática do Bem Viver, a partir do voluntariado transformador; e trabalhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

Já o “Programa de Ensino - Projetos de Vida Agostinianos” nasce como eixo estratégico pedagógico-pastoral, com intuito de articular o pleno desenvolvimento da pessoa em todas as suas dimensões constitutivas, tornando-a um aprendiz de constante cultivo à interioridade, a vida em comunidade e o serviço à humanidade, com a capacidade de integrar os saberes da cabeça, do coração e das mãos.

O Ensino Religioso é um braço estratégico do Centro Agostiniano

Expandindo a identidade

Todos os espaços da Rede, incluindo os eclesiais, partem do princípio do acolhimento a todos os alunos, abrangendo os não-católicos. Eles são convidados a participar de todas as atividades pastorais, principalmente as de voluntariado, como o Programa VA! e os grupos jovens, como os GRUCAS.

A Rede Lius Agostinianos, ainda, visa expandir sua identidade com a Ecologia Integral, por meio do compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade social. Destacando-se em práticas ASG (Ambiental, Social e Governança), reconhece a interconexão e interdependência entre aspectos sociais, culturais,

de Pastoralidade e Serviços. Aliado à proposta pedagógica-pastoral, o componente curricular realiza a discussão e a execução de diferentes projetos ao longo do ano em todos os segmentos da instituição. Por meio desses projetos, o Ensino Religioso propõe a apresentação e a análise das experiências religiosas, a cristã em especial, em seus sentidos profundos e desafiadores para a sociedade contemporânea.

Quanto à dimensão celebrativa, o cronograma da rede engloba as principais celebrações litúrgicas, incluindo as principais datas comemorativas católicas, como Quaresma, Páscoa e Natal — além do Mês da Bíblia e Mês Agostiniano. Os familiares dos alunos são convidados a participar de todas as ações solidárias, datas comemorativas e eventos litúrgicos.

econômicos e ambientais.

Suas principais iniciativas incluem: o desenvolvimento de estratégias e práticas alinhadas a estes valores; grupos que abordam temáticas ambientais e sociais, integrando-as às atividades da instituição; o Guia de Boas Práticas Socioambientais e de Governança; Carta à ONU; reformulação da estrutura organizacional para incorporar uma diretoria focada em relacionamentos comunitários e questões socioambientais; Pacto Educativo Global; Centro ilAli; Programa Aldeia que Educa; e o Projeto Artesãos da Paz.

“A partir da filosofia de Santo Agostinho, a rede ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas através do afeto, respeito e inteligência.”

29 COMO FERMENTO NA MASSA

Educação Scalabriniana Integrada: com a missão de anúncio do Evangelho a todos povos e um olhar especial aos migrantes e refugiados

A Rede ESI — Educação Scalabriniana Integrada — constitui um dos braços do carisma scalabriniano no Brasil. A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo surgiu em Piacenza, na Itália, em 1895. Fundada pelo bispo São João Batista Scalabrini e os irmãos Assunta Marchetti e Padre José Marchetti, a Rede visa promover não apenas a excelência da educação, mas formar seres humanos éticos, compassivos, solidários e comprometidos com a construção de um futuro mais justo e fraterno para todos.

A iniciativa dos fundadores nasceu da necessidade de dar respostas aos desafios contemporâneos da educação cristã scalabriniana. Paralelamente, a proposta de Rede visa atender às demandas dos Colégios afiliados à Congregação, a partir de uma abor-

dagem mais estruturada e de colaboração das suas três mantenedoras: São Paulo (SP), Caxias do Sul (RS) e Porto Alegre (RS). Assim, a integração surgiu como um caminho prático para fortalecer a missão educativa e pastoral.

O trabalho das Irmãs Scalabrinianas está presente em 26 países, destacando-se pelo serviço de acolhimento e de promoção humana de migrantes e refugiados. No Brasil, a Rede ESI conta com treze escolas, atendendo alunos do berçário e Educação Infantil até o Ensino Médio. Além da educação, o carisma se expande no país pela dimensão sócio-pastoral e nos serviços de saúde — tanto no âmbito público, quanto no privado.

A identidade da rede se manifesta não só na Pas-

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EDUCAÇÃO SCALABRINIANA INTEGRADA

toral da Educação, mas em toda a vida das escolas, das atitudes até ao estudo acadêmico. Os espaços são dedicados à construção de um ambiente educacional enriquecedor e compassivo, representando um compromisso profundo com a formação integral dos alunos e buscando promover a espiritualidade, a vivência da bondade e o estímulo ao trabalho em grupo.

A Educação Scalabriniana Integrada tem como princípios que mobilizam a ação educativa de cada unidade da Rede: a vivência dos valores decorrentes do carisma de fundação, dom do Espírito Santo,

Currículo Evangelizador

A Pastoral Escolar Scalabriniana possui um programa de evangelização, orientação cristã e de caráter católico, chamado “Coleção Identidade”. Este é formado por livros específicos para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental — Anos Iniciais. A coleção está alinhada ao Projeto Político Pedagógico da Rede ESI e com o carisma da Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas.

Seu principal objetivo é a evangelização da comu-

Vida Pastoral

A Educação Scalabriniana enfatiza o aspecto transversal de uma educação que coloque o evangelho em ação — não centrado somente em experiências religiosas. Inclui, portanto, experiências humanizantes, valendo-se de parcerias com voluntários e benfeitores, para uma ação social e missionária engajada e libertadora.

Um dos destaques das iniciativas para a evangelização dos jovens e adolescentes da Rede é a Juventude Scalabriniana (JUVESC), um movimento juvenil pautado pelo carisma e espiritualidade dos fundadores, presente em todas

dado aos fundadores; a valorização, o reconhecimento, empoderamento e respeito à pessoa em seus diferentes credos, culturas e etnias; a educação de qualidade social com foco na formação do cidadão planetário; a formação científica, tecnológica, humana, espiritual, social, cultural e ecológica, na perspectiva da educação integral; a atenção à inovação e renovação, em contínua aprendizagem.

Por fim, os valores que emolduram as ações nas escolas estão pautados na: acolhida, itinerância, comunhão na diversidade, solidariedade, universalidade, esperança, consciência ecológica.

nidade escolar, despertando-a para o conhecimento e o seguimento de Jesus Cristo Peregrino, bem como a sensibilização para o compromisso com os migrantes e refugiados. Ela oportuniza o conhecimento do carisma e da missão Scalabriniana, buscando sensibilizar os educandos para o compromisso com os migrantes mais pobres e necessitados por meio da vivência dos valores da acolhida, da itinerância, do respeito às diferenças, da comunhão na diversidade e da solidariedade.

as unidades escolares, que possibilita encontros, partilhas, amizades, serviço, promoção da vida e vivências de valores.

Entendendo que a escola é um dos principais espaços de convivência, onde identidades são constituídas e trocas interpessoais permeiam o processo de ensino e aprendizagem, as unidades da Rede ESI desenvolvem projetos para que este espaço seja acolhedor e inclusivo, e para que nele a dignidade e os direitos de todos sejam respeitados.

São projetos e ações que priori-

zam a educação socioemocional, a empatia e o respeito. Isso inclui práticas pedagógicas que incentivam a criatividade, o autoconhecimento e a expressão pessoal no convívio com as diferenças, o que possibilita aos alunos descobrir, ressignificar, compreender, agir, buscar alternativas e refletir sobre si e os demais, coletivamente.

“Escola em movimento por uma Educação Antirracista — Ações afirmativas para uma educação antirracista”, por exemplo, é um projeto que visa promover a conscientização, a compreensão e a ação contra o racismo em todas

31 COMO FERMENTO NA MASSA

as dimensões do ambiente escolar. A Rede trabalha, ainda, o projeto de Educação socioemocional, desenvolvido para fortalecer as habilidades emocionais e sociais dos alunos, tornando o ambiente escolar mais respeitoso e empático.

Por fim, destaca-se a iniciativa “Migrar: Experiências, memórias e identidades”, que propõe que os alunos investiguem suas próprias

heranças culturais, abordando a diversidade cultural brasileira como elemento fundamental da identidade.

Quanto à dimensão celebrativa, a rede inicia o ano com uma jornada pedagógica sobre a espiritualidade scalabriniana e com a apresentação da Campanha da Fraternidade. Além de seguir todos os meses temáticos, inclui missas de acolhida, itinerários quares-

Expandindo a identidade

Uma vez que o valor da diversidade está no DNA Scalabriniano, a Pastoral Escolar e o Ensino Religioso da Rede enfatizam e ensinam sobre a riqueza da acolhida e do respeito às diferentes crenças. Os jovens aprendem os valores scalabrinianos por meio do aspecto confessional, pela promoção humana e pelos direitos humanos. Neste sentido, os alunos não-católicos participam das atividades pastorais com naturalidade, empatia e respeito. Na JUVESC, por exemplo, adolescentes de outras denominações religiosas enriquecem o grupo com seu compromisso de amor ao próximo, como valor universal.

O grupo juvenil também trabalha na sua essência carismática o voluntariado, promovendo, a partir da escola, ações concretas que contemplem os empobrecidos e necessitados da sociedade, em especial os migrantes e refugiados. Este trabalho não se realiza de forma isolada, mas geralmente em rede com organizações locais, que acolhem e cuidam dessa população. São fortes parceiros a Cáritas, as pas-

mais para a comunidade educativa e missa de Páscoa. No mês de maio todas as unidades enviam para as famílias as capelinhas de Nossa Senhora, com textos e orações que buscam incentivar as famílias à vida de oração. A escola também oferece, na Quaresma, momentos penitenciais e de confissão na escola.

torais sociais, movimentos da Igreja Católica, Leigos Missionários, Padres e as Irmãs Scalabrinianas que trabalham na dimensão sociopastoral.

Quanto à ecologia integral, durante o IV Congresso de Boas Práticas de 2023, aconteceu a certificação do prestigioso “Selo Verde” a todas as escolas da Rede ESI que demonstraram comprometimento com projetos de educação ambiental e sustentabilidade. Todas as escolas foram certificadas com sucesso, atingindo a marca de 100% de adesão.

A Rede ESI adere ao pedido do Papa Francisco por uma ecologia integral, educando os alunos para o cuidado da casa comum e para o consumo consciente, a partir do uso adequado da água, da reciclagem de materiais e objetos, e a redução de consumo de bens supérfluos. O engajamento com a sustentabilidade e a educação ambiental refletem o compromisso compartilhado de criar um mundo melhor para as gerações futuras.

“(...) a dinamicidade na rede ESI, vale-se de um conjunto de atividades, gestos e atitudes, que permeiam toda a instituição, na missão de promover não apenas a excelência da educação, mas a de seres humanos éticos, solidários e comprometidos com a construção de um futuro mais justo e fraterno para todos.”

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EDUCAÇÃO SCALABRINIANA INTEGRADA

Rede Lourdina de Educação: educando com valores, excelência e alegria

O Instituto da Imaculada Conceição de Nossa Senhora de Lourdes foi fundado em Garaison, na França, no dia 15 de dezembro de 1863, com o nome “Irmãs do Coração Sofredor e Imaculado de Maria”. Tem como seus fundadores Eugénie Ducombs, que recebeu o nome religioso de Madre Maria de Jesus Crucificado, e o Pe. Jean Louis Peydessus. Madre Maria de Jesus Crucificado, com mais duas companheiras, Ir. Marta e Ir. Madalena, iniciou sua missão na pequena cidade de Lannemezan, onde as três se estabeleceram no mesmo dia da fundação.

Em 1867, um pequeno grupo de irmãs foi enviado a Galán e em 1870 foi a vez de Lourdes, terra que a Virgem escolheu para derramar as suas bênçãos reveladas nas aparições à humilde Bernadette Soubirous, em 1858; ali se formou o Instituto, recebendo um novo nome: Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa

Senhora de Lourdes, com uma nova missão, dando forma e expressão ao seu carisma e espiritualidade.

Em 1900, o Instituto chegou à América do Sul, convocado por uma senhora argentina que, ao passar por Lourdes, se deixou cativar pela espiritualidade das Irmãs. No dia 22 de novembro, chegando a Buenos Aires, as irmãs colocaram-se imediatamente à disposição do Bispo, Dom Espinoza, que determinou que se dedicassem à formação das crianças, ensinando-lhes o catecismo e a língua francesa, vivendo a oração cotidiana e a oração contemplativa.

Em 12 de outubro de 1908, chegaram ao Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, as três primeiras irmãs; no dia 30 de outubro do mesmo ano, foi inaugurada a primeira casa no Brasil, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Esta fundação foi motivada pelo con-

33 COMO FERMENTO NA MASSA

vite da Baronesa de Ibirá-Mirim, D. Carolina de Souza Salles, que, tendo sido hóspede das irmãs em Lourdes, ficou encantada com o seu testemunho e vida de oração, em especial, com a adoração diária ao Santíssimo Sacramento. Comovida pela sua piedade e grande amor à Eucaristia, obteve autorização do Bispo de Petrópolis, D. Agustín, para aí estabelecer as primeiras irmãs, a quem doou o edifício com alguns bens.

A chegada das irmãs ao Chile em 1911 foi motivada por uma senhora de Valparaíso que, com sua filha doente, foi visitar o Santuário de Lourdes. Hospedou-se na casa das Irmãs de Nossa Senhora de Lourdes e, atraída pela devoção e testemunho das religiosas, ofereceu sua casa para hospedá-las e ficar no Chile.

O sentimento cristão e o competente trabalho pedagógico realizado pelas irmãs do Instituto da Imaculada Conceição de Nossa Senhora de Lourdes logo se espalharam pelo Brasil, permitindo sua expansão em vários estados.

O Instituto se abre ao trabalho pastoral por meio de comunidades religiosas inseridas nos estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Goiás, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As irmãs lourdinas ainda estão presentes na Itália, Romênia, Burkina Faso e França.

As Religiosas da Imaculada Conceição de Nossa Senhora de Lourdes procuram viver a inspiração das fundadoras por meio da união íntima com Cristo e o serviço aos irmãos, atendendo sempre que possível às necessidades da Igreja local onde estão inseridas, ocupando-se, além da educação, com pensionatos,

Currículo Evangelizador

A proposta do Currículo Evangelizador da RLE pretende, por meio de todos os Componentes Curriculares, assumir o compromisso pela formação integral da pessoa humana, em todas as suas dimensões: física, afetiva, social, intelectual e espiritual.

O Currículo Evangelizador é orientado pelo “Referencial Curricular da Rede Lourdina de Educação –RCRLE”, que tem por objetivo nortear as propostas

obras sociais, pastorais paroquiais, missões e retiros.

A atuação no campo da educação traduz, ao longo do tempo, o carisma de Ser sinal de vida e esperança, testemunhando o amor Salvífico de Deus, manifestado em Lourdes. Toda a prática educacional é fundamentada em uma visão cristã do ser humano e do mundo, compartilhando com toda a Comunidade Educativa a Boa Notícia de um Deus salvador que está presente entre nós. A espiritualidade eucarística e marial do Instituto, vivida na fé e no amor, dá sentido ao lema: “A Cristo por Maria”, o qual está presente na formação de nossos estudantes como uma proposta formativa que tem como foco a pessoa em sua integridade.

A Rede Lourdina de Educação RLE, criada em 2017, tem por finalidade e missão orientar as propostas pedagógicas, pastorais e administrativas dos Colégios e Escolas mantidas pelas Irmãs Lourdinas, garantindo a educação nos princípios e valores cristãos, educando com valores, excelência e alegria. O objetivo é formar integralmente a pessoa humana, sendo sinal de vida e de esperança, nos seguintes valores: acolhimento e cordialidade, bondade e solidariedade, entusiasmo e cooperação, ética e integridade, alegria e excelência e tradição e inovação!

A Rede Lourdina de Educação é composta por 13 unidades, dispostas nos seguintes países da América Latina: Argentina (Buenos Aires), Chile (Valparaiso e Peñaflor) e Brasil (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco). A RLE está distribuída conforme regulamentação da legislação brasileira de educação e dos outros países, no sistema privado e também de oferta filantrópica.

pedagógicas de suas unidades de ensino, seus Projetos Políticos Pedagógicos Pastorais e as práticas pedagógicas vivenciadas em sala de aula. Este documento está em consonância com a Base Nacional Comum Curricular, homologada em 2017, e com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, considerando a formação cidadã dos estudantes.

34 REDE LOURDINA DE EDUCAÇÃO

O RCRLE se organiza por competências, áreas de conhecimento, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades específicas nas modalidades da Educação Básica. Cada componente cur-

Vida Pastoral

A RLE desenvolve diversas atividades voltadas para a evangelização de crianças, juventudes, famílias e educadores, respeitando o desenvolvimento e as capacidades de cada grupo. Para as crianças, as ações incluem acolhimento diferenciado, além de programas como Mensageiros Mirins, Coroinhas e Infância Missionária. Na evangelização das juventudes, destacam-se projetos de formação carismática, grupos de jovens, Mensageiros Lourdinos, campanhas solidárias e voluntariado.

ricular é elaborado considerando esses elementos, fornecendo orientações para o processo de ensino e aprendizagem, bem como práticas pedagógicas em sala de aula.

As famílias são alcançadas por meio de iniciativas como Mensageiros Lourdinos, Terços dos Homens, Adorações, Missas, Novenas, Tríduos, Ações Celebrativas, Capelas Peregrinas, Atendimentos, Encontros, Retiros e momentos de Formação e Espiritualidade.

Para os educadores, a RLE promove Formação Continuada no Carisma das Irmãs Lourdinas, escuta e aconselhamento pastoral, internalização do Perfil do Educador Lourdino, adorações, retiros e encontros de espiritualidade e formação.

Expandindo a identidade

Os Colégios da RLE promovem um ambiente respeitoso em relação às práticas de fé de todos os membros de sua comunidade, incluindo aqueles não católicos, os quais são convidados a participar dos momentos pastorais com liberdade para expressar suas crenças. No âmbito da integração com a comunidade, a RLE enfatiza o voluntariado, realizando diversas campanhas sociais nos colégios, arrecadando alimentos, agasalhos, brinquedos, e estabelecendo parcerias para atividades missionárias, como a construção de casas em áreas de vulnerabilidade social.

A dimensão celebrativa nos Colégios da RLE segue o Calendário Litúrgico, com propostas de celebrações para datas como Páscoa e Natal, confissões na Quaresma, celebrações eucarísticas, gincanas bíblicas e solidárias e eventos marcantes relacionados aos fundadores. Essas práticas reforçam a identidade católica da RLE, baseada na espiritualidade eucarística e marial, promovendo uma abordagem integral e evangelizadora em toda a Comunidade Educativa.

A Rede busca também contribuir para a promoção da ecologia integral, oferecendo formações sobre o tema e realizando ações práticas, como limpeza de praias, reciclagem de óleo, coleta seletiva, reciclagem de materiais escolares, uso de água de chuva e adoção de energia limpa.

Essas iniciativas refletem o compromisso da RLE com a responsabilidade social e ambiental, promovendo uma abordagem holística em prol da comunidade e do meio ambiente.

“O Instituto das Irmãs da Imaculada Conceição Nossa Senhora de Lourdes tem como vocação anunciar Jesus Cristo, refletindo o carisma de ser sinal de vida e esperança. A espiritualidade eucarística e marial, expressas no lema ‘A Cristo por Maria’, guiam a formação integral dos estudantes. Como instituição confessional, destaca-se pelo compromisso em anunciar e testemunhar o Evangelho, inspirando e transformando sem proselitismo, preconceito ou exclusão.”

35 COMO FERMENTO NA MASSA
Irmãs de São José: promovendo a educação de qualidade em busca de uma sociedade mais justa e solidária

A Congregação das Irmãs de São José foi fundada em 1650, na França, por Jean-Pierre Médaille. No século XIX, as primeiras irmãs chegam em terras brasileiras para atuar na área educacional, principalmente na formação de meninas e jovens. Ao longo dos anos, a Congregação expandiu sua presença e atuação para diversas regiões do Brasil, estabelecendo escolas, hospitais, orfanatos e centros sociais. Sua missão foi fundamental para a promoção da educação de qualidade e o atendimento às necessidades das comunidades mais vulneráveis.

Além do trabalho educacional, as Irmãs de São José têm se dedicado a projetos sociais e pastorais, buscando sempre estar próximas das realidades locais e contribuir para a construção de uma socieda-

de mais justa e solidária. Sua atuação abrange áreas como saúde, assistência social, formação espiritual e defesa dos direitos humanos. Dessa forma, a história de sua atuação no Brasil confere um testemunho de compromisso com os valores cristãos e a promoção do bem-estar social, refletindo o legado deixado por seus fundadores e a contínua adaptação às demandas contemporâneas.

Em 1911, Madre Maria Teodora Voiron e um grupo de irmãs estabeleceram as bases da Associação de Instrução Popular e Beneficência (SIPEB), conferindo uma estrutura legal a todas as unidades criadas naquela época. Em 1925, a madre faleceu em Itu, sendo reverenciada pelo povo e alvo de pedidos de graças. Até os dias atuais, seu túmulo continua atraindo mui-

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IRMÃS DE SÃO JOSÉ

tos visitantes, enquanto um processo de beatificação está em andamento, conferindo-lhe o título de Venerável.

As Irmãs de São José são reconhecidas por uma compreensão profunda de sua identidade, baseada em pilares, como espiritualidade cristã e educação; valores, como solidariedade e dedicação; além de fundamentos, história e carisma congregacional

Currículo Evangelizador

O Projeto Educativo Institucional (PEI) da SIPEB, conduzido pelas Irmãs de São José, é uma manifestação estruturada dos princípios e valores que guiam a missão educativa da instituição. Este documento delineia de forma clara a filosofia que embasa a educação proporcionada pela SIPEB, derivando sua inspiração dos ensinamentos cristãos e do carisma singular da Congregação.

Visando o desenvolvimento integral dos educandos, o documento abrange aspectos cognitivos, emocionais, sociais e espirituais. A metodologia pedagógica é descrita incorporando métodos e práticas que favorecem a formação integral, reconhecendo a singularidade de cada aluno.

Dessa maneira, a construção do currículo peda-

Vida Pastoral

As Irmãs de São José desempenham um papel fundamental na evangelização das crianças por meio de uma variedade de projetos, programas e ações realizadas em diferentes colégios e centros promocionais que compõem a Rede. Embora a organização local possa variar, a ênfase na evangelização transcende as experiências religiosas, abrangendo dimensões humanizantes, como voluntariado, ação social e missionária.

Para os jovens, são criados programas específicos que os incen-

distintos. Sendo assim, sua identidade é transmitida por meio de projetos pastorais e educacionais, promovendo valores cristãos e atendendo a população vulnerável. A organização setorial e os documentos orientadores garantem a coesão e relevância da identidade em cada instituição, de forma que as experiências individuais dos colégios incluam adaptação às realidades locais e participação ativa da comunidade educativa.

gógico, com o PEI, é enraizada em sua identidade confessional, refletindo um compromisso genuíno com a formação integral dos alunos. Este investimento identitário se manifesta de diversas formas, incorporando projetos, formações dos educadores, ênfases em componentes curriculares específicos, objetos de aprendizagem e outras iniciativas, com o intuito de desenvolver um currículo evangelizador.

O PEI reflete um esforço consciente e estruturado da SIPEB para proporcionar uma educação que transcende o intelectual, incorporando valores cristãos no processo de formação integral dos estudantes. Essa abordagem visa não apenas transmitir conhecimentos acadêmicos, mas também cultivar virtudes e princípios éticos que moldarão a vida dos alunos para além das salas de aula.

tivam a se engajar em programas sociais, como voluntariados e missões, enquanto são oferecidas oportunidades para eles traduzirem em prática toda a parte socioeducativa ensinada em sala de aula. Com as famílias, é oferecida a oportunidade de participarem de projetos sociais, promovendo o engajamento com os princípios cristãos em ambiente familiar.

A formação contínua dos educadores é outro aspecto central do Projeto Educativo Institucional. Reconhecendo a importância do papel dos colaboradores na

transmissão dos valores e princípios da instituição, a SIPEB investe em formações específicas que os capacitam a incorporarem esses valores em suas práticas pedagógicas.

Quanto à dimensão celebrativa, a Rede integra a celebração dos sacramentos, entre outras datas comemorativas, em seu calendário escolar. Na parte da catequese, por exemplo, os estudantes são preparados para a Primeira Comunhão e a Crisma, além de promover retiros espirituais e momentos de reflexão.

37 COMO FERMENTO NA MASSA

Expandindo a identidade

A identidade da Rede das Irmãs de São José é marcada por uma série de valores, princípios e práticas que definem sua missão e sua atuação na sociedade. No cerne dessa identidade está a espiritualidade cristã, que permeia todas as atividades da Rede, orientando-as em direção ao amor, à compaixão e ao serviço ao próximo.

Valorizando o diálogo inter-religioso e o ecumenismo, a Rede tem como objetivo promover o respeito e a compreensão entre diferentes tradições religiosas, criando um ambiente inclusivo onde todas as pessoas se sintam bem-vindas e respeitadas, independentemente de sua fé ou crença religiosa. Esses valores combinados formam a identidade única da Rede das Irmãs de São José, orientando seu trabalho em direção a um mundo mais justo, solidário e sustentável.

No âmbito do voluntariado, as escolas da Rede incentivam ativamente o engajamento dos estudantes em ações solidárias. Os projetos abrangem desde campanhas de arrecadação de alimentos e agasalhos até a participação em atividades sociais e culturais. A ênfase é colocada na formação cidadã e no desenvolvimento do espírito de solidariedade,

proporcionando aos estudantes a oportunidade de fazer a diferença nas vidas daqueles que mais necessitam.

A Rede também estabelece parcerias estratégicas com outras organizações, sejam elas do setor público ou privado. Essas colaborações visam ampliar o impacto das iniciativas, compartilhando recursos, conhecimentos e experiências. Portanto, parcerias com organizações não governamentais (ONGs) locais são comuns, permitindo a criação de projetos conjuntos que abordam diversas questões sociais.

Estando comprometida com a formação integral dos alunos, a Rede visa desenvolver não apenas suas habilidades acadêmicas, mas também sua espiritualidade, valores morais, consciência social e responsabilidade cidadã. Um aspecto importante desta formação é a ecologia integral, reconhecendo a interconexão entre todas as formas de vida e o meio ambiente. Neste contexto, a Rede promove a conscientização ambiental, implementa práticas sustentáveis em suas unidades escolares e se engaja em ações de preservação ambiental.

“Ao longo dos anos, as Irmãs de São José expandiram sua presença e atuação para diversas regiões do Brasil, estabelecendo escolas, hospitais, orfanatos e centros sociais. Sua missão foi fundamental para a disseminação da educação de qualidade e o atendimento às necessidades das comunidades mais carentes.”

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IRMÃS DE SÃO JOSÉ
Congregação de Santa Cruz: educando integralmente crianças e jovens a partir do Evangelho e da Cruz de Cristo

A Congregação de Santa Cruz (CSC) foi fundada em 1837, pelo Padre Basílio Antônio Moreau, na França. Até hoje, a Congregação reúne homens que vivem e trabalham sob a aprovação e a autoridade do sucessor de Pedro. É composta por duas sociedades distintas de religiosos – uma de padres e outra de irmãos – unidos em uma fraternidade indivisível.

Os primeiros missionários da Congregação de Santa Cruz, no Brasil, vieram do Canadá, em dezembro de 1943. Chegando a São Paulo, foram responsáveis pela construção de uma nova área residencial para trabalhadores de um bairro industrial chamado Jaguaré. Na época, o local não tinha ruas pavimentadas, nem água encanada e eletricidade. Além disso, a Congregação fundou a Paróquia de São José e uma

escola primária para atender as famílias e crianças da comunidade.

Ao longo dos anos, o trabalho missionário educacional cresceu e frutificou. Então, a Congregação fundou os colégios Santa Cruz, em São Paulo (SP), e Notre Dame, em Campinas (SP), bem como assumiu o Colégio Dom Amando, em Santarém (PA). Até hoje, as obras da Congregação, no Brasil, são conhecidas pelo extensivo engajamento social, incluindo programas, como o CECOIA, em Campinas (SP), o Programa Social Jaguaré Caminhos, em São Paulo (SP), o PESC e o CESSC, em Paudalho (PE).

Com mais de 7 mil alunos nas unidades educacionais e 14 mil nas unidades sociais, a CSC expressa a

39 COMO FERMENTO NA MASSA

missão, no Brasil, com as seguintes palavras: “A Congregação de Santa Cruz, no Brasil, alicerçada em princípios éticos e cristãos, tem por missão promover a educação e formação integral da pessoa, por meio da produção e difusão do conhecimento e da cultura, à luz do Evangelho, e por ações sociais que ajudem a construir um mundo mais justo, fraterno e sustentável, em comunhão com a Igreja local, num contexto de pluralidade”.

Na expressão da missão congregacional, fica claro o foco na educação integral da pessoa, promovida por meio de ações relacionadas à difusão do conhecimento e da cultura, com ações pastorais voltadas à evangelização, com a justiça social e a promoção da dignidade humana. A inspiração para cumprir esse compromisso missionário vem do Carisma congregacional, que encontra fundamentos em quatro pilares: Ser família; Construir respeito; Levar esperança; Educar mentes e corações.

Currículo Evangelizador

O currículo pedagógico é pautado no caráter confessional das escolas de Santa Cruz, formado por um embasamento filosófico-teológico determinado e se constitui em traço distintivo em relação à escola laica. Esse embasamento se traduz em um compromisso com um conjunto de valores e princípios cristãos, inspirados no Evangelho.

Vida Pastoral

A Congregação de Santa Cruz tem como um dos pilares a formação integral do indivíduo, pautada na educação e vivência da espiritualidade. A rede oferece a possibilidade de conhecer Cristo e segui-Lo, tendo em mente que a dimensão pluralista é definitiva na educação atual. A evangelização também é promovida por meio de ações sociais, de caráter dignificante do ser humano.

No sistema de governança da Congregação de Santa Cruz (CSC), a Mantenedora é a unidade administrativa e atua sobre todas as estruturas existentes no Distrito do Brasil, constituindo a base sobre a qual todas se assentam. Visa assegurar que a missão seja cumprida pela gestão dos recursos, com vistas à perenidade e sustentabilidade da obra, de forma ética e transparente. Na estrutura da Mantenedora, encontram-se as Coordenações Gerais, entre as quais está a Coordenação Geral de Pastoral.

Na mesma estrutura, o Conselho de Religiosos atua como órgão máximo, responsável pela governança do Distrito, em nível nacional, centralizando políticas, diretrizes, normas e procedimentos, além de decisões estratégicas. Toda essa estrutura está a serviço do bom cumprimento da missão institucional, ressalvando-se, sempre, a autonomia de atendimentos frente às demandas das realidades locais em que se inserem as unidades.

Assim, a instituição confessional assume a “inseparabilidade entre evangelização e educação”, em acordo com a orientação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Essa inseparabilidade promove oportunidades de reflexão e experiências sustentadas nos princípios cristãos. Um dos principais exemplos é a formação preparatória para a 1ª Eucaristia e a Crisma.

Em respeito às necessidades ditadas pelas realidades locais, não desenvolvemos atividades voltadas nem padronizadas para o conjunto de unidades. Ao contrário, buscamos adequá-las à realidade local, aos vínculos com a Igreja e às parcerias estabelecidas em prol da formação humana, da dignidade e da justiça social.

A evangelização dos educadores segue os seguintes pressupostos:

todos estão em formação permanente; a educação e evangelização caminham juntas, como definido pelo princípio da confessionalidade. Dessa maneira, todas as ações formativas têm caráter evangelizador.

As escolas oferecem a experiência preparatória para a Primeira Eucaristia e a Crisma. Para isso, a catequese é organizada e acompanhada pela equipe de Pastoral

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DE SANTA CRUZ
CONGREGAÇÃO

local, em convergência com as diretrizes da Igreja local e da Coordenação Geral de Pastoral da Mantenedora.

Da mesma forma, outras celebrações são propostas e vivenciadas por todas as escolas, sempre resguardando as características de cada comunidade. Também são

realizadas celebrações alinhadas a tradições religiosas e culturais específicas, como o Círio, em Santarém, no estado do Pará, onde está localizada uma das escolas.

Expandindo a identidade

A escola é um lugar privilegiado de convivência, de concepções e convicções sobre o mundo, a vida e a sociedade. Assim, é um ambiente propício à reflexão e ao debate. Trata-se, portanto, de um local que favorece a integração das pessoas entre si, sem restrições relativas à profissão de fé.

A Congregação Santa Cruz acredita que privar os alunos e colaboradores dessas trocas seria negar voz aos protagonistas das próprias histórias. A promoção desse espaço formativo só se qualifica quando diferentes vozes são acolhidas, não para fomentar a polêmica, mas para dar oportunidade à tolerância, ao respeito e à valorização da diversidade. Enquanto incentiva o respeito e valoriza a diversidade, a rede reafirma, constantemente, a opção pela educação católica, expressa na própria identidade.

A rede ainda expande a identidade por meio das unidades educacionais e sociais mantidas pela Congregação, onde são desenvolvidos múltiplos projetos, que resultam em vínculos fortes com as comunidades do entorno. Muitos são viabilizados por meio de parcerias com órgãos públicos, empresas privadas ou ONGs — conforme as diretrizes regulares das entidades certificadas quanto ao caráter filantrópico.

Ainda pensando no impacto na sociedade, a rede trabalha o conceito de ecologia integral, proposto pelo Papa Francisco no documento Laudato Sí, sobre o cuidado com a Casa Comum e com a Mãe Terra.

Essa proposta de ecologia integral converge com a proposta missionária educativa da Congregação que, desde suas origens, encontrou luz nas palavras e nos ensinamentos de seu fundador, Basílio Moreau: “A mente não será cultivada em detrimento do coração”, expressão essencial da nossa proposta de formação integral.

Assim, todos os nossos projetos e todas as nossas ações educativas devem se pautar em uma visão transformadora, em vista da construção de uma sociedade em que se façam presentes os valores cristãos de cuidado, respeito, empatia e amor.

No espírito missionário, onde quer que estejam, os religiosos de Santa Cruz tentam ajudar as pessoas a desenvolverem os próprios dons e a descobrirem o desejo mais profundo de suas vidas. Dessa maneira, apresentam-se não só como servos, mas como amigos, fazendo-se presentes nas comunidades e ajudando as pessoas ao redor.

“(...) desde suas origens, encontrou luz nas palavras e nos ensinamentos de seu fundador, Basílio Moreau: ‘A mente não será cultivada em detrimento do coração’.”

41 COMO FERMENTO NA MASSA
SAGRADO — Rede de Educação: em missão para tornar o Coração de Jesus conhecido e amado

O Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus (IASCJ) foi fundado em 30 de maio de 1894, em Vilareggio, na Itália. A fundadora, Bem-aventurada Clélia Merloni, viveu profundamente a espiritualidade do Coração de Jesus e o amor a Ele. A Congregação atua em 15 países, onde exerce uma missão que abrange diversas áreas, como educação, saúde, serviço de pastoral e promoção humana e social.

Ao visar difundir o carisma do Instituto pelo mundo, as Apóstolas chegaram ao Brasil em 1900, proporcionando um período de expansão educacional e missionária da congregação. Somando as 13 unidades educacionais, está presente em 10 cidades situada em dois estados (Paraná e Rio Grande do Sul). A rede tem como sede Curitiba, capital paranaense, e desenvolve uma obra evangelizadora no âmbito da educação, a partir das Escolas de Educação Básica.

A marca SAGRADO — Rede de Educação foi lançada oficialmente em 10 de março de 2011, dia de nascimento de Clélia Merloni. Esta reuniu oficialmente as Unidades Educacionais do Brasil e da Argentina já em atividade, concretizando o ideal de unidade desejado por todos os membros da comunidade educacional. Hoje, a rede atende desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, mantendo o desejo da fundadora de tornar o Coração de Jesus conhecido e amado.

A rede visa proporcionar uma formação integral, contemplando os diversos aspectos do ser humano, inclusive a relação com Deus. Consequentemente, compreende-se que “a ação educativa desenvolvida por meio das escolas não é uma obra filantrópica da Igreja para atender uma necessidade social, mas é parte essencial de sua identidade e missão”. Assim, o objetivo é muito maior do que a mera instrução, capacitação para o trabalho, para a vida social ou

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SAGRADO — REDE DE EDUCAÇÃO

formação humana — o desejo do SAGRADO - Rede de Educação é evangelizar.

Para a fundadora, mais que um nome, o título “Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus” representa um programa de vida, apresentando o objetivo do Instituto. Esse fim primário, é identificado nas próprias palavras da Bem-Aventurada: “Procuremos, filhas, mediante todos os meios que o Senhor nos oferece, tornar Deus conhecido, amado e servido”. Em outras palavras, no SAGRADO – Rede de Educação, a evangelização acontece de modo ativo, isto é, procurando “Amar e fazer amar o Coração de Jesus, levando a todos a sua ternura”.

Com a missão de oferecer uma educação acadêmica cristã, a rede assegura a formação de cidadãos reflexivos, autônomos, éticos, criativos, solidários e socialmente responsáveis. A partir da visão de ser uma instituição educacional de excelência e reconhecida nos locais onde atua, a rede tem como valores: Evangelho; Espiritualidade do Coração de Jesus; Pedagogia Cleliana; e Ser Presença.

Cada uma das Unidades Educacionais da rede conta com um Serviço de Pastoral Escolar, sendo acompanhado, localmente, pela Gestão Pedagógica da Unidade e, na Central de Gestão Educacional,

Currículo Evangelizador

Enquanto escola com identidade confessional católica, o SAGRADO – Rede de Educação se compromete a promover o ser humano em sua totalidade e concebe como ato educativo uma “obra aberta a todos”, que responde aos seus anseios e os instiga ao crescimento intelectual e espiritual, segundo a fundadora. Assim, ao fundamentar seus princípios educacionais, acolhe o apelo de São João XXIII e busca alinhar sua práxis pedagógica na vida da Igreja, promovendo o Humanismo Cristão.

Seguindo esse impulso, o currículo da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio fundamentam-se nos princípios: Éticos; Políticos; Estéticos; e Humano-cristãos. A rede busca formar um indivíduo promotor dos direitos humanos, da igualdade étnico-racial, e de todos os fatores que possam contribuir para uma sociedade mais justa e mais humana.

pela Gestão de Pastoral Escolar. O Serviço conta com documentos que norteiam a atuação pastoral, são eles: Plano Pedagógico-Pastoral, Plano de Trabalho e Processos Pastorais. Cada documento cumpre uma tarefa importante acerca do anseio por uma ação pastoral orgânica, sistemática, gradual e processual.

Dentre as principais ações previstas pelo Serviço de Pastoral de cada Unidade, estão: missas de primeira sexta-feira de cada mês; confissões; Adoração do Santíssimo; oração do oferecimento do dia; intervenções pastorais; formações dos serviços; celebrações; entre outros. A partir de tal organização, a rede deseja realizar uma ação pastoral e evangelizadora planejada e bem preparada, colocando-se a serviço (dedicado, generoso e obediente) do Reino de Deus.

Sendo assim, ao longo de cada ano, as Unidades Educacionais são convocadas a tornar viva a chama do amor de Deus nas suas realidades, promovendo iniciativas que concretizem o Programa Clelia’s Day, dedicado à fundadora, com os projetos Sagrado pela Vida e Projeto Sagrado Solidário. Além disso, outras ações que, com o mesmo intuito e fundamentação, geram e resgatam a dignidade humana e o valor da vida plena almejada por Cristo, assim como o amor, a caridade, a fraternidade, o encontro e a solidariedade.

Para concretizar a formação de cidadão global, a prática filosófico-pedagógica tem como pressupostos os seguintes enfoques: Educação contextualizada e problematizadora; Aprendizagem significativa; Aprendizagem criativa; Interdisciplinaridade; Multidisciplinaridade; Currículo Integrado; Avaliação da aprendizagem; e Pensamento crítico.

Além disso, estabelece os 4 pilares da educação: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a conviver. Esses pressupostos refletem a Educação Cleliana focada na integralidade do sujeito, que está intrinsecamente conectada ao cuidado com a Casa Comum, ou seja, com a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

43 COMO FERMENTO NA MASSA

Vida Pastoral

Ao visar a evangelização do público infantil, o Plano de Ensino propõe o Programa Clelia’s Day, com os projetos Sagrado pela Vida e Sagrado Solidário. Dentre as práticas de devoção, estão: missa na primeira sexta-feira de cada mês, hora santa reparadora, adoração Eucarística, oração diária do Oferecimento do Dia no início de cada período de aula, novenário do Sagrado Coração de Jesus, entronização do Sagrado Coração de Jesus nas famílias e nas salas de aula, Fórum da Pastoral Infantil, entre outras.

As atividades relativas à evangelização da juventude são realizadas no âmbito da Pastoral Juvenil Cleliana (PJC). A exemplo da fundadora, a PJC assume a missão de formar jovens e adolescentes que busquem crescer na amizade com Jesus. Ao fazer a experiência do Seu amor, assumem na Igreja, com as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, o legado deixado pela Bem-Aventurada, tornando-se testemunhas dos valores evangélicos, acolhendo o projeto que Deus tem para cada um, buscando anunciar, com sua

vida, a beleza de ser jovem Cleliano.

Sua metodologia contempla as dimensões do conhecer, do experimentar e do praticar. Os encontros se baseiam no método “Ver, Julgar e Agir”. As principais ações e atividades da PJC são: encontros semanais/quinzenais, Chamadão, Missão Cleliana, Curso de Liderança Cleliana (CLIC), retiros de aprofundamento, ritos de passagem, momentos de convivência e recreação, além do Clelia’s Day.

A Grande Família do Sagrado Coração de Jesus (GFASC) é formada por grupos de famílias que participam de encontros mensais de oração e reflexão, de retiros, missas e ações sociais. Ao aspirar a evangelização dos responsáveis dos alunos, os membros da família são convidados a participar das campanhas de arrecadação, projetos solidários, celebrações litúrgicas e momentos de convivência, como o Festival Folclórico, piquenique, cantatas, exposição de atividades educacionais diversas, Dia dos Avós e a Semana da Família.

O Serviço de Pastoral Escolar promove, ainda, momentos de espiritualidade e formação com a participação de toda comunidade educativa, empenhando-se em favorecer a formação integral dos educadores, desde momentos de leitura, estudos e partilha dos documentos da Igreja, até outros referentes a Espiritualidade e o Carisma do Instituto. Dentre os projetos que visam a evangelização dos professores e colaboradores, estão: a Jornada Pedagógica, o Projeto Vivência Cleniana e os Exercícios Espirituais de Santo Inácio.

Todo o trabalho pastoral da rede concretiza com a dimensão celebrativa, onde se oferta o sacramento da confissão, direção espiritual e aconselhamento pastoral, Missas em homenagem às Mães, Missa em homenagem aos Pais, Missa em homenagem aos Educadores, orações no início de cada período de aula, realização de coroações e festivais bíblicos e festival folclórico.

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SAGRADO — REDE DE EDUCAÇÃO

Expandindo a identidade

A Rede de Educação deixa claro os seus valores e se apresenta como uma escola que professa a fé católica por meio da abordagem explícita do Evangelho — assim como de símbolos, sacramentais e experiências referentes à Espiritualidade e ao Carisma das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Dessa forma, as famílias que matriculam seus filhos na Rede sabem da prática e vivência católica.

Aqueles que professam outra crença participam de todos os momentos pastorais promovidos durante o período de aula. Nenhum aluno é obrigado a professar a fé católica, mas são convidados a conhecer as práticas e crescer no respeito, na escuta, no diálogo e na partilha de suas experiências, trilhando um caminho de encontro com o outro e em harmonia com o diferente.

A partir de programas e projetos propostos pela Rede, as Unidades Educacionais firmam algumas parcerias nas suas realidades locais. No geral, essas parcerias se efetivam em ações específicas e de cur-

to prazo, por exemplo, entrega de donativos para APAE, Sociedade São Vicente, CRAS de municípios onde as Unidades estão localizadas, entre outras entidades solidárias existentes nas diferentes cidades onde o Sagrado está presente.

Quanto à ecologia integral, a rede conta com o Programa de Responsabilidade Socioambiental (PRS), cujo objetivo é formar cidadãos que tenham consciência de temas como as mudanças climáticas ou o desmatamento, adotando comportamentos que promovam a sustentabilidade.

Além disso, o Projeto Ações para Melhorar o Mundo — em consonância com o PRS, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o Pacto Educativo Global e as Competências Gerais da BNCC — proporciona aos educandos destreza, conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários que transbordam o currículo por meio de questões referentes a uma consciência comunitária, e que fomenta ações que podem transformar o mundo para melhor.

“Com a missão de oferecer uma educação acadêmica cristã, a rede assegura a formação de cidadãos reflexivos, autônomos, éticos, criativos, solidários e socialmente responsáveis.”

45 COMO FERMENTO NA MASSA

Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição

da Mãe de Deus:

formando pessoas misericordiosas e servindo aos mais necessitados

A Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus (SMIC) foi fundada em 5 de dezembro de 1910, na cidade de Santarém (PA), pelo bispo alemão Dom Amando Bahlmann e pela Madre Maria Imaculada. Ao longo dos anos, a Congregação foi se expandindo para vários estados das regiões Norte e Nordeste do país e, hoje, encontra-se presente nos quatro cantos do mundo.

Com sede em Salvador (BA), a Rede educacional é formada pelo Colégio Imaculada Conceição (Capela), pelo Colégio Dom Bosco (Itabaiana), pelo Hospital São José (Aracaju), e pelo Hospital e Maternidade São José (Itabaiana), em Sergipe; pelo Colégio Vera Cruz (Recife) e pelo Hospital do Tricentenário (Olin-

da), em Pernambuco; pelo Colégio Santa Eufrásia (Barra do Rio Grande), pela Casa de Encontro (Salvador), pela Casa de Formação (Feira de Santana), pela Obra Social Irmã Dulce (Salvador), na Bahia; e por uma comunidade solidária no Piauí.

Os fundadores da Congregação vivenciaram o carisma por meio do cultivo da espiritualidade e movidos por fortes valores cristãos. O carisma é descrito como uma presença contemplativa e misericordiosa a todos, em constante prontidão para a missão de Cristo, especialmente entre os mais necessitados. Como herança dos fundadores, os pilares são: Marial, Franciscano e Missionário.

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IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA MÃE DE DEUS

A missão da Rede de educação é formar pessoas misericordiosas, servindo aos mais necessitados por meio da espiritualidade, da educação, da saúde e de projetos sociais em busca da construção do Reino de Deus. Por fim, os valores são: Fé inabalável; Escuta atenta e prontidão no servir; Humildade e simplicidade; Discernimento; e Misericórdia.

Currículo Evangelizador

O currículo evangelizador da Rede foi construído a partir do carisma da Congregação, sendo presença contemplativa e misericordiosa a todos, visando o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho com uma perspectiva Mariana, Franciscana e Missionária.

Diante disso, são realizadas diversas ações para preparar os alunos, dando todo apoio e suporte ne-

Vida Pastoral

As atividades de Pastoral são realizadas em todos os segmentos, seguindo o calendário litúrgico, de datas comemorativas e da Congregação. Quando direcionada para o público infantil, as atividades são desenvolvidas de forma lúdica, para facilitar o entendimento. Todos os dias, antes de os alunos irem para a sala de aula, é realizado um momento de oração com todos eles. A escola também disponibiliza uma capela e um espaço mariano para atividades religiosas.

Quanto à dimensão celebrativa, as escolas da Rede incluem, na programação, celebrações litúrgicas e dos fundadores, tais como: abertura da Campanha da Fraternidade e diversos trabalhos sobre o tema ao longo da Qua-

Anualmente, as escolas da Rede se reúnem – presencial ou virtualmente – para alinhar os Projetos de Pastoral. A cada triênio, é elaborado um plano de ação em conjunto, em que algumas atividades são realizadas em todas as escolas e outras são adaptadas à realidade de cada localidade.

cessário. Dentre elas, destacam-se: atividades preparatórias para o Enem; acompanhamento do rendimento dos alunos para o planejamento de ações de intervenções; realizações de oficinas de treinamentos; uso de metodologias ativas; apoio socioemocional no processo de ensino-aprendizagem para os corpos docente e discente; desenvolvimento de oficinas práticas de Linguagens e Matemática; além da formação continuada com os colaboradores do colégio.

resma; vivência da Semana Santa, incluindo Via Sacra; Páscoa; Semana dos Fundadores da Congregação; campanhas solidárias; Mês Mariano, com diversas atividades que resultam na coroação de Nossa Senhora; Mês da Bíblia; Semana Franciscana, com várias atividades voltadas ao meio ambiente; Mês Vocacional; e Semana Santa Dulce dos Pobres.

A escola estimula as crianças e os adolescentes a ingressarem na vivência da Igreja, orientando a participação da catequese na paróquia e incentivando a participação nos sacramentos e nas celebrações. Os familiares e responsáveis também são convidados a participar de eventos, como: Missa do aniversário da escola; Missa da Páscoa; Missa dos avós;

Manhã e Noite de Evangelização. Todas as reuniões com a família são iniciadas com um momento de oração.

Quanto à evangelização dos educadores, todos os encontros e todas as reuniões são iniciados com um momento de oração, em especial a Semana Pedagógica. São oferecidas, ainda, vivências de Adoração ao Santíssimo Sacramento, além da participação em celebrações eucarísticas, como no aniversário da escola, na Páscoa, no Tríduo e na Festa de Santa Dulce e Imaculada Conceição. Os colaboradores também se envolvem nas atividades com os alunos e nas ações pastorais práticas.

47 COMO FERMENTO NA MASSA

Expandindo a identidade

Visando vivenciar o carisma, as aulas de Ensino Religioso trabalham temas universais, independentes de crenças, sob a perspectiva dos valores cristãos, tais como relacionamentos saudáveis, família, amizade, respeito às diferenças e o amor-caridade. Os alunos não católicos são convidados a participar de diversos momentos de oração e de celebrações oferecidos pela escola.

Quanto à participação na comunidade, a Rede disponibiliza o espaço físico, auditório e quadra poliesportiva para a realização de eventos culturais, pedagógicos ou religiosos a organizações, como a Academia Capelense de Letra e Artes (ACLA), o Governo Municipal de Educação e a Paróquia Nossa Senhora da Purificação.

Sobre o ensino integral, as escolas da Rede desenvolvem o projeto de consciência contra o desperdício da água e o projeto desenvolvido na Semana Franciscana. Enfatizando o documento do Papa Francisco, a Laudato Sí, o projeto oferece ações concretas voltadas à ecologia, como: coleta de lixo, cuidado com o desperdício da água, horta escolar, plantio de mudas de plantas e trilhas ecológicas.

Por fim, a Rede expande a identidade carismática por meio da solidariedade. Anualmente, a escola realiza duas campanhas solidárias: uma no período quaresmal, com a arrecadação de alimentos, e outra na Semana Santa Dulce dos Pobres, que busca doações de alimentos, materiais de higiene e agasalhos.

“Ser uma presença contemplativa e misericordiosa a todos, em constante prontidão para a missão de Cristo, especialmente entre os mais necessitados.”

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IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA MÃE DE DEUS
Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição: cultivando os valores cristãos no coração de crianças e jovens por meio da educação

A Sociedade de Educação e Promoção Social Imaculada Conceição (SEPROSIC) pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, fundada por Madre Francisca Lampel, na Áustria, em 1843. Em 1922, um grupo de Irmãs, lideradas por Madre Joana Batista Minks, trouxe essa missão para o Brasil, sendo recebido por Dona Lídia Rezende, em Piracicaba, São Paulo. Desde então, as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição (FIC) têm expandido seu trabalho em diversas regiões do Brasil, incluindo Araraquara, Ibaté, São Paulo, Araxá e Gaspar, atuando tanto na área educacional quanto social.

Atualmente, as Irmãs FIC mantém escolas em Araraquara, Piracicaba, São Paulo e Gaspar, onde cerca de 2.156 alunos são educados por 172 professores. Além disso, desenvolvem obras sociais em Araraquara e Araxá, impactando a vida de 240 pessoas. Seu trabalho abrange desde o ensino formal até o apoio social, com uma equipe dedicada e preparada para atender às necessidades de cada comunidade em que estão presentes.

A missão das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição é inspirada no legado de Madre Francisca Lampel, cujos princípios incluem “cultivar o gérmen do amor de Deus nos corações das crianças” e “vi-

ver no meio do povo em constante união com Deus”. Essa herança espiritual e pedagógica orienta o trabalho da instituição, que se compromete em oferecer uma educação de excelência, valorizando o indivíduo em sua totalidade e respeitando suas características, necessidades e aspirações.

Dessa forma, o propósito e o labor de toda a instituição são direcionados para a busca da excelência no cuidado e na formação integral do ser humano, ouvindo sempre o apelo do Senhor que instrui e inspira.

Nesse contexto de inspiração divina e de capacidade pedagógica, a SEPROSIC conta com um corpo docente cristão, preparado e dedicado. Caracterizado pelo ensino individualizado, a instituição valoriza as características de cada aluno, suas necessidades, seus anseios e suas buscas, sustentando a fé em todas as suas manifestações, independentemente de sua denominação. Busca-se, assim, proporcionar um processo de ensino-aprendizado completo, que atenda às necessidades pedagógicas, culturais, familiares, intelectuais e pessoais de cada estudante, promovendo cidadãos conscientes, completos e felizes.

49 COMO FERMENTO NA MASSA

Currículo Evangelizador

As Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, seguindo os princípios filosóficos e espirituais de Madre Francisca Lampel e suas companheiras, fundamentam sua prática educativa em uma abordagem centrada nos valores do Evangelho e na espiritualidade de São Francisco de Assis. Essa visão pedagógica busca não apenas transmitir conhecimento acadêmico, mas formar o aluno como um cidadão crítico e atuante, comprometido com os princípios éticos, políticos, culturais e sociais.

A Educação Franciscana (FIC) assume um papel relevante diante dos desafios do mundo contemporâneo, promovendo valores como paz, liberdade, justiça social e cuidado mútuo. O compromisso social das Irmãs se reflete na oferta de uma educação de qualidade e humanizadora, visando formar indivíduos capazes de pensar livremente, agir na sociedade de forma consciente e solidária.

Anualmente, as escolas da SEPROSIC promovem reflexões sobre a realidade em que estão inseridas, por meio de diversos projetos que envolvem toda a comunidade escolar. Esses projetos não se limitam ao desenvolvimento de conhecimentos acadêmicos,

Vida Pastoral

A vivência da vida pastoral nas escolas e nas obras sociais das Irmãs Franciscanas são uma parte intrínseca e essencial da experiência educacional oferecida em suas escolas e obras sociais. Essa dimensão pastoral é expressa por meio de uma variedade de momentos celebrativos e pastorais ao longo do ano letivo, que buscam promover valores cristãos, fortalecer a espiritualidade dos estudantes e da comunidade escolar, e incentivar o compromisso com a solidariedade e a justiça social.

Desde o primeiro dia de aula, as turmas são convidadas a fazer um momento de agradecimento ao Senhor pelo início das atividades escolares. Esses momen-

mas também visam engajar alunos, professores e demais membros da comunidade na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

Para orientar o planejamento escolar, todas as Instituições de ensino das Irmãs FIC utilizam recursos como a Campanha da Fraternidade (CF 2024), promovida pela Igreja Católica, com o tema “Fraternidade Amizade Social”, e a Proposta do Papa Francisco descrita no Pacto Educativo Global. Inspiradas por esses materiais, as escolas desenvolvem projetos específicos, como o “Projeto Eu Sou + Diálogo” para o ano de 2024.

O “Projeto Eu Sou + Diálogo” é uma série de atividades voltadas para o respeito à vida e ao sentido de existir, o cuidado com o meio ambiente e com todos os seres vivos, bem como a preservação das riquezas naturais. As atividades são orientadas pelos princípios do Evangelho de Jesus e pelos textos da Bíblia Sagrada, com o objetivo de promover uma maior sensibilidade e transformação nas atitudes e nos pensamentos dos alunos, em prol do respeito e da igualdade.

tos são marcados pela presença de um sacerdote convidado, que abençoa e asperge com água benta todos os espaços da escola, simbolizando a proteção divina sobre a comunidade educativa. Ao longo do ano, diversos eventos pastorais são organizados, como a abertura do Projeto “Eu Sou + Diálogo” e o início do período quaresmal, que são momentos de reflexão e preparação espiritual para a Páscoa do Senhor. Durante a Quaresma, toda a escola é convidada a refletir sobre os valores da Campanha da Fraternidade, e são realizadas celebrações na capela, acompanhadas de gestos concretos de solidariedade, como arrecadação de alimentos e produtos de limpeza para instituições

carentes.

Esse calendário pastoral inclui também eventos como a celebração Eucarística do aniversário das escolas e obras sociais, com momentos de ação de graças e atividades culturais; a festa junina, que marca o encerramento do semestre letivo; e celebrações especiais em homenagem aos seus patronos: , Santa Teresinha, Nossa Senhora de Lourdes, e São Francisco de Assis. Nessas ocasiões, a comunidade escolar se reúne para rezar, refletir sobre a vida dos santos e buscar inspiração em seus exemplos de vida cristã. Além disso, as Irmãs FIC promovem atividades de serviço à comunidade, como visitas a asilos, casas de abrigo para moradores

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IRMÃS FRANCISCANAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO

de rua, creches e ações solidárias para países pobres e áreas afetadas por catástrofes ambientais. Essas experiências proporcionam aos estudantes a oportunidade de colocar em prática os valores cristãos de amor ao próximo e serviço aos mais necessitados. Os colaboradores das escolas e obras sociais também desempenham um papel fundamental na vivência da vida pastoral, participando de momentos de espiritua-

lidade, como missas e celebrações religiosas, e colaborando com os estudantes em iniciativas de assistência social e solidariedade. Eles são constantemente formados e capacitados para compreender e transmitir o carisma das Irmãs FIC, que se baseiam no princípio de “Estar no meio do povo em constante união com Deus”, e para promover uma educação integral que valorize não apenas o desenvolvimento acadêmico, mas

Expandindo a identidade

As escolas das Irmãs FIC têm como parte essencial de sua identidade confessional o acolhimento e respeito à diversidade religiosa e não religiosa de seus estudantes. Atendendo a alunos de diversas crenças, religiões e, também, não crentes, a instituição se empenha em promover um ambiente de diálogo e convivência, onde todos possam buscar juntos a vivência dos valores evangélicos de amor ao próximo e atenção aos menos favorecidos da sociedade.

Essa abordagem é colocada em prática por meio de uma série de projetos e campanhas desenvolvidos ao longo dos anos, que visam atender às necessidades básicas de famílias carentes e promover o respeito e a misericórdia inspirados pelo exemplo de Jesus de Nazaré. Nos espaços acadêmicos, os valores franciscanos de simplicidade, humildade e compaixão são cultivados diariamente, contribuindo para a formação integral dos estudantes.

A identidade confessional da SEPROSIC é profundamente influenciada pelo exemplo de São Francisco de Assis, cuja vida e ensinamentos inspiram a comunidade educativa a seguir Jesus Cristo de maneira autêntica e comprometida. Assim como São Francisco, a instituição busca viver o Evangelho de Nosso

também o crescimento espiritual e moral dos alunos. Assim, a vida pastoral é uma expressão concreta do compromisso da instituição com a promoção dos valores evangélicos, o cuidado com os mais vulneráveis e a formação de cidadãos éticos, solidários e comprometidos com a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Senhor Jesus Cristo por meio de gestos concretos de amor e solidariedade, como beijar o leproso, ouvir a voz do Crucifixo, rezar e convidar todos à oração, amar e respeitar a natureza como irmã, e levar a paz e o bem onde quer que estejam.

A Pedagogia Franciscana adotada nos diversos campos de missão traz uma abordagem “leve” ao cotidiano escolar e social, valorizando as coisas simples da vida, como um sorriso, um olhar, e a escuta atenta às necessidades e habilidades de todos os envolvidos na instituição. O modo franciscano de trabalhar destaca a importância de cultivar um olhar sensível às pessoas e à natureza, promovendo ações geradoras de vida que possam fazer a diferença no mundo em que vivemos, combatendo as injustiças sociais e as atitudes destrutivas.

Portanto, a expansão da identidade confessional das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição é caracterizada pela integração dos valores evangélicos e franciscanos no cotidiano escolar, promovendo o diálogo inter-religioso, a solidariedade e o respeito mútuo entre todas as pessoas que compõem a comunidade educativa.

“Temos como compromisso social oferecer uma Educação de qualidade e humanizadora e a responsabilidade de formar alunos cidadãos capazes de serem livres (aprender a pensar), capazes de atuarem na sociedade (aprender a fazer) e principalmente capazes de serem solidários (aprender a conviver).”

51 COMO FERMENTO NA MASSA
Rede

de Escolas São

Francisco: educando para o futuro com amor e fidelidade

A Rede de Escolas São Francisco iniciou a trajetória em 1962, com a fundação de uma Escola Paroquial pelo Monsenhor Roberto Roncato. Desde 1996, a direção da escola passou a ser administrada pelo padre José Luiz Schaedler. Na ocasião, já contava com duas escolas. A partir da construção de novas escolas e assumindo outras, formou-se a Rede de Escolas São Francisco.

A ação da rede abrange cinco municípios do Rio Grande do Sul, com dez escolas. Há a previsão de inaugurar uma nova escola em 2025 e cinco obras sociais. Com mais de 4 mil alunos, oferece um ensino confessional católico, de caráter educativo e filantrópico, que tem como missão: “Educar para o futuro, desenvolvendo a capacidade e a espiritualidade humana, num ambiente seguro e acolhedor.”.

à Igreja

Com valores centrados no Evangelho de Jesus, a rede tem a proposta voltada para uma educação humana e centrada no aluno, com um profundo diálogo com as famílias, dando importância à educação socioemocional e tendo um olhar sensível pelos mais necessitados. Para alcançar esses objetivos, a rede conta com o braço Pastoral.

A Pastoral das Escolas São Francisco possui um assessor da Rede e, em cada escola, é coordenada por um sacerdote. A Pastoral compõe um dos três pilares da Rede, com o administrativo e o pedagógico. Mantém uma parceria com as paróquias próximas, para contribuir ativamente em eventos e atividades da Arquidiocese.

O princípio da Pastoral é o cuidado com toda a

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REDE DE ESCOLAS SÃO FRANCISCO

comunidade escolar, com a integridade e o emocional, promovendo o desenvolvimento de todas as aptidões. As equipes são responsáveis pelas atividades de catequese e Pastoral, como Crisma e Eucaristia,

Currículo Evangelizador

A proposta pedagógica da Instituição, por meio do ensino confessional católico, de caráter educativo, norteia-se pelos princípios cristãos. Visa à formação integral do ser humano, educando-o para o futuro, desenvolvendo a capacidade e a espiritualidade humanas, para que atue na transformação da sociedade, de forma consciente e crítica, e saiba conviver fraternalmente com o outro.

A prática pedagógica alicerçada na Rede de Escolas São Francisco pressupõe uma metodologia reflexiva e criativa, em que se estabeleçam relações de

Vida Pastoral

As atividades pastorais incluem catequese, preparação para a Crisma, a 1ª Eucaristia, retiros com jovens, atividades de solidariedade e visitas nas obras sociais. Além disso, os estudantes participam ativamente dos eventos da Arquidiocese, incluindo atividades vocacionais, retiros, encontros de Grupo Jovem, entre outros.

Os familiares são convidados a participar de todos os eventos da catequese. Ao longo do ano letivo, são realizados encontros e missas

bem como por missas diárias e eventos festivos. Além disso, são desenvolvidas, mensalmente, ações solidárias nas escolas da rede.

confiança entre educando e educador, sustentadas pelos princípios éticos, políticos e estéticos. Dessa maneira, o processo metodológico considera a faixa etária dos educandos e as individualidades.

A Rede de Escolas São Francisco vive ativamente uma escola em Pastoral, de maneira que todas as atividades com os colaboradores são realizadas com celebrações e missas. A rede adota uma metodologia de cuidado socioemocional e investe no Ensino Religioso, que está no currículo em todos os níveis de ensino.

que visam o processo de evangelização dos responsáveis, como: Missa do Dia das Mães, Missa do Dia dos Pais, Missas dos Avós, Encontro das Famílias, Retiro para as Famílias e Catequese de Adultos.

Quanto à formação dos educadores, são realizados encontros semestrais e anuais com discussões ligadas a temas pertinentes à escola em Pastoral e à questão socioemocional dos alunos. A Rede São Francisco também investe em

Expandindo a identidade

eventos ligados à evangelização, com a participação dos colaboradores – retiros e palestras.

As missas diárias são o destaque da vida Pastoral, visto que os educandos têm participação ativa nas celebrações, com os professores de Ensino Religioso. Algumas escolas da rede, por exemplo, contam com um grupo de músicos formados por alunos. Na rotina da escola, estão presentes orações diárias, realizadas no início das aulas.

Visando acolher todos os estudantes, a rede promove a expressão religiosa, de maneira que o currículo contempla o estudo das religiões mundiais. Assim, todos são convidados a participar dos eventos religiosos da rede e conhecem, na prática, os ensinamentos de Jesus Cristo.

Uma das principais maneiras da rede de expandir a identidade confessional é por meio das obras sociais. Os estudantes e educandos são convidados

53 COMO FERMENTO NA MASSA

a colaborarem com diversas iniciativas, como o centro terapêutico para pessoas especiais, escolas de Educação Infantil para crianças carentes, a Casa São Francisco, de acolhida e solidariedade, e o Centro Social, que acolhe famílias vulneráveis em uma das regiões mais pobres de Porto Alegre.

Vale ressaltar como a Rede de Escolas São Francisco investe em atividades pastorais, ao valorizar o trabalho de evangelização com uma parceria com as paróquias da Arquidiocese. Atualmente, 27 escolas da Rede Estadual, Municipal e Particular são atendidas pela Paróquia Estudantil, no Santuário Nossa Senhora de Fátima, situado dentro do complexo re-

ligioso e educacional São Francisco. Ao todo, são 23 mil alunos do Ensino Fundamental e Médio.

O grande número de estudantes, pais, professores e funcionários envolvidos torna fecunda a ação da Igreja, o que contribui para que a proposta educacional esteja alinhada com uma pedagogia evangelizadora.

Por fim, quanto à ecologia integral, a rede oferece um projeto continuado no currículo sobre o tema, além de promover atividades de reciclagem e projetos de separação de óleo e materiais não recicláveis.

“Educar para o futuro, desenvolvendo a capacidade e a espiritualidade humana, num ambiente seguro e acolhedor.”

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REDE DE ESCOLAS SÃO FRANCISCO
Rede Anastasiana-dominicana: semeando o Reino de Deus a partir do cuidado e da educação

A Congregação das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils começou em Bor, no Aveyron, sul da França, em 1850. Fundada por Madre Marie Anastasie, a Congregação foi filiada à Ordem de São Domingos de Gusmão, em 1875.

Em 1885, um grupo de irmãs francesas foi enviado para Uberaba (MG), a pedido da Ordem Dominicana, onde fundaram o primeiro colégio em terras brasileiras - Colégio Nossa Senhora das Dores. Atualmente, a Congregação é representada pela Província Nossa Senhora do Rosário, sediada em Brasília, e possui escolas e projetos sociais em sete estados do Brasil, além de atuar no Paraguai e na República Dominicana.

A Rede Anastasiana-dominicana de Educação

pertence à Província Nossa Senhora do Rosário, de maneira que o trabalho educacional assumido pela Congregação visa anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, fazendo com que Ele seja mais conhecido, amado e seguido. A Rede funda-se nos ensinamentos de São Domingos de Gusmão e de Madre Anastasie, assumindo como carisma fundacional “Viver a Palavra de Deus e, como madre Anastasie, anunciá-la e testemunhá-la com simplicidade, sabedoria, audácia e alegria”.

A Congregação das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils atua em mais de 8 países e, ao longo dos seus 174 anos, vem trilhando caminhos que dão visibilidade ao Reino de Deus. Por meio do trabalho educacional, social e pastoral, promove a formação humana em sua integralidade, co-

55 COMO FERMENTO NA MASSA

locando a pessoa no centro do processo educacional, a fim de semear justiça social e vida digna e, assim, combater toda e qualquer forma de discriminação.

Nesse cenário, os valores anastasianos-dominicanos constituem-se em força motriz e solo epistemológico, de onde brotam a sua proposta educacional: espiritualidade, acolhida, solidariedade, estudo, régularité; justiça, verdade e sustentabilidade. Nessa perspectiva, as escolas da Rede assumem o currículo como um sistema complexo e articulador de todas as práticas desenvolvidas nos espaços-tempo escolares.

Currículo Evangelizador

As escolas anastasianas-dominicanas estão interligadas entre si, por partilharem os mesmos valores e identidade institucional. Nesse sentido, as escolas constituem uma unidade que, embora com tempos e ritmos próprios, possuem as mesmas intencionalidades educativas. Isso só é possível porque as escolas desenvolvem uma prática educativa assentada nos mesmos fundamentos.

Dessa forma, a organização da prática educativa está atenta às especificidades de cada localidade; à diversidade cultural; aos cenários de Igreja; ao pluralismo religioso; às fragilidades e vulnerabilidades socioeconômicas e emocionais; às dinâmicas da sociedade capitalista e neoliberal; ao mundo administrativo e do trabalho; aos movimentos sociais e populares e às lutas políticas e sociais; à diversidade de entretenimentos, lazer, cultura e acessos, bem como exclusões; às desigualdades sociais; às tecnologias, mídias e cultura digital; e a outros contextos históricos e sociais.

A partir desses aspectos e em uma perspectiva de escola em pastoral, a ação evangelizadora se caracteriza pela proposta de evangelizar por meio da educação. Considerando também o testemunho de vida de Madre Anastasie, oferece uma educação

Vida Pastoral

A Rede busca desenvolver uma escola em pastoral; por exemplo,

Esse trabalho de evangelização é sustentado por diferentes projetos e ações articuladas, como, por exemplo, catequese, celebrações, memórias das principais datas do calendário católico, grupos de jovens, momentos de formação humana e cristã para toda a comunidade, em especial para estudantes e educadores. Destaca-se ainda a ação social, por meio de projetos filantrópicos, missões e arrecadações — sempre difundindo as marcas cristãs e o simbolismo anastasiano-dominicano.

integral, valorizando o ser humano em sua multidimensionalidade e na natureza. A fundadora ensinava que o conhecimento converge para a humanização, para a paz, para o viver juntos, para a justiça e a fraternidade.

Para exemplificar tal abordagem, as escolas seguem com o Ensino Religioso do Infantil ao Ensino Médio. Apesar de o Ensino Religioso ser um componente curricular com estatuto próprio, os profissionais atuam diretamente na formação da identidade de rede, celebrando alguns momentos do calendário, desenvolvendo práticas reflexivas alinhadas aos valores e simbolismos da Congregação.

Além da celebração de datas e festividades do calendário litúrgico, a Rede ainda celebra as semanas de convivência, o incentivo à solidariedade e os valores anastasiano-dominicanos, como a “Semana Anastasiana”, a “Semana Rosariana” ou a “Semana Dominicana”. Trata -se de um conjunto de práticas sociais, como celebrações, palestras e momentos esportivos. Destacam-se ainda os projetos sociais “Ombro Amigo” e a iniciativa “Fortalecendo Laços”, que visam trabalhar as relações familiares e aproximar a comunidade.

o currículo da Educação Infantil é organizado por campos de experiências que promovem inúmeras práticas vivenciais da espirituali-

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REDE DE ESCOLAS SÃO FRANCISCO:

dade, do carisma e do Evangelho. Já nos anos iniciais há um intenso trabalho com a catequese, visando envolver e abraçar as famílias das crianças, além de atividades diárias de acolhida e oração.

Destacam-se também as atividades desenvolvidas pela Rede para a evangelização nas comunidades inseridas em meios populares como: Infância e juventude missionárias; Pastoral da Criança; alternativas holísticas de saúde; campanhas solidárias de brinquedos; alimentos e roupas e, por fim, visitas a recantos de idosos.

A Educação anastasiana-dominicana trabalha pela evangelização dos alunos de forma articulada e intencional. Para tanto, desenvolve projetos de movimento juvenil em suas escolas a partir de diferentes abordagens, vivências experienciais, exercícios de escuta e acolhida às diferenças e à pluralidade cultural.

Visando criar uma comunidade disseminadora do Evangelho por meio da educação, a Rede ainda oferece outros projetos, nos quais o foco principal está na articulação da Pastoral Escolar. Seu processo educacional tem a missão

Expandindo a identidade

A integração dos estudantes não católicos se dá numa concepção de escola que dialoga com as religiões e culturas, considerando que todas têm o mesmo valor. O Ensino Religioso é alinhado à BNCC e realiza uma abordagem científica; já as vivências religiosas das escolas, como celebrações e formações, mobilizam uma abordagem em perspectivas ecumênica e em diálogo inter-religioso.

Nesse movimento, a participação e a integração da comunidade é um trabalho contínuo, por isso a Rede Anastasiana-dominicana possui escolas com projetos diversos que visam criar uma comunidade disseminadora do Evangelho por meio da educação. Muitos projetos são desenvolvidos, como o Projeto Ombro Amigo, do Rosário Curitiba e o Projeto do Colégio Nossa Senhora das Dores de Uberaba, Encantos Dominicanos. Esse projeto iniciou-se em 2005, a partir do apoio e do legado das Irmãs Dominicanas. Oferta hoje gratuitamente o Curso Técnico em Ad-

de fazer com que a comunidade se relacione de forma justa, solidária e fraterna. Para tanto, as escolas da Rede desenvolvem projetos e ações para promover momentos de convivência, estudo, oração e reflexão conjunta.

A evangelização dos educadores, por exemplo, é promovida na prática diária por meio de acolhidas pela manhã e início da tarde, com um tempo dedicado à oração, além de encontros de formação distribuídos ao longo do ano e nas semanas que antecedem o retorno das aulas como a Semana do Educador.

ministração e Assistência Social aos alunos bolsistas. Mais de dois mil jovens já foram beneficiados. Ao longo de sua história, o Centro Social Encantos Dominicanos estabeleceu parcerias com o Rotary Club de Uberaba Portal do Cerrado, P&A Comunicação, CCAA Uberaba, COMDICAU, CMAS, Caixa Econômica Federal, Codekids e ICBEU UBERABA.

As escolas da Rede desenvolvem alguns Projetos Integradores com foco na Ecologia Integral, entre os quais podemos destacar o Projeto Bíblio, do Colégio Rosário de Curitiba, que mobiliza elementos como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Esse projeto atingiu toda a comunidade no desenvolvimento de ações concretas em prol da Casa Comum. Na mesma linha de trabalho, o @Conex, desenvolvido pelo Colégio Externato São José de Goiânia, abordou s ODS com uma proposta de redesign do conhecimento sobre o consumo sustentável e o cuidado com a casa comum.

“E Madre Anastasie, em sua prática educativa, deixou como carisma fundacional viver a Palavra de Deus, anunciá-la e testemunhá-la com simplicidade, sabedoria, audácia e alegria.”

57 COMO FERMENTO NA MASSA
Marista Brasil: educando com tradição e inovação para desenvolver todas as potencialidades humanas

A Congregação dos Pequenos Irmãos de Maria, conhecida como Instituto dos Irmãos Maristas, foi fundada por São Marcelino Champagnat, em 2 de janeiro de 1817, em La Valla, na França. A iniciativa surgiu da indignação do fundador frente à miséria e, sobretudo, da sua esperança cristã em promover a cidadania, a formação religiosa e intelectual de crianças e jovens — principalmente os empobrecidos e embrutecidos em meio ao caos social, econômico, político e religioso da França.

Os Irmãos Maristas são consagrados a Deus que seguem a Jesus pelo caminho de Maria, vivem em comunidade e se dedicam à educação de crianças, adolescentes e jovens, especialmente os mais vulneráveis. Desde o início, o Instituto foi audaz ao ampliar

a visão evangelizadora, aliando fé, educação, solidariedade e compromisso social. Dessa maneira, soube ultrapassar as fronteiras geográficas e expandir sua atuação por diferentes países e contextos, em todo o globo.

Em 1897, os primeiros Irmãos Maristas chegaram ao Brasil e, desde então, a obra se expandiu de Norte a Sul. A sua forma de atuar foi se adaptando ao longo do tempo, com unidades administrativas responsáveis pelas atividades em diferentes regiões brasileiras. Assim, em junho de 2023, foi fortalecida a união de todos os colégios, tanto privados quanto sociais, por meio do Marista Brasil — que passou a ser a instância administrativa e nova marca da Educação Básica Marista no país.

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MARISTA BRASIL

Atualmente, a rede é formada por mantenedoras filantrópicas e confessionais, que reúne as 98 unidades de Educação Básica, sendo 63 colégios particulares e 35 escolas sociais gratuitas. Localizada em 20 estados brasileiros, além do Distrito Federal, a Rede Educacional Marista Brasil atende a mais de 96 mil alunos.

A partir do carisma herdado de São Marcelino Champagnat, a ação evangelizadora eclesial se faz presente de modo específico e mais eficaz no âmbito da educação de crianças e jovens. Conforme a visão do fundador, a educação se apresenta como um meio poderoso de formação e transformação das mentes e dos corações dos estudantes.

A estratégia referente à ação pastoral no Marista Brasil é orientada a partir de sua estrutura de governança e materializada por meio do planejamento estratégico direcionado às escolas. Dessa maneira,

Currículo Evangelizador

As Escolas Maristas se apresentam como ambientes privilegiados para o pleno desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões. Portanto, são espaços dinâmicos, de criatividade, de admiração pelo desconhecido e pelo conhecimento. Assim, a Rede visa disseminar os valores do Evangelho — que são transformadores, criadores e geradores de paixão pelo Reino de Deus —, através de um processo de educação para proporcionar aos sujeitos uma mudança na forma de conceber o mundo e de se relacionar, criando estruturas justas, solidárias e fraternas.

A identidade confessional e o respeito ao legado de São Marcelino Champagnat das escolas maristas se expressam em diferentes espaços e práticas educativas. A rede atua na perspectiva da Escola em

Vida Pastoral

Nos processos educativo-evangelizadores desenvolvidos com as crianças, a Pastoral se torna fundamental, com a dinâmica pedagógica. Se, por um lado, as teorias pedagógicas possibilitam um

estabelece horizontes comuns de evangelização, considerando a escuta efetiva de todas as unidades e seus diferentes contextos.

A Gerência de Identidade, Missão e Vocação, por meio da coordenação de evangelização, subsidia e monitora os indicadores de evangelização ligados ao planejamento estratégico, por meio de macroprocessos alinhados e registrados em rede por meio do Plano de Trabalho Pastoral das unidades.

A Rede compreende alguns campos de análise que ajudam a mapear os principais processos de evangelização que acontecem na escola Marista, chamados de macroprocessos. Estes são listados como: Pastoral Juvenil Marista, Voluntariado Estudantil, Iniciação na Fé, Pastoral com as Infâncias, Projeto de Vida e Animação Vocacional, Aprendizagem Solidária, Envolvimento Estudantil Significativo, Interioridade e Espiritualidade Marista.

Pastoral, o que significa vivenciar a pedagogia da escuta, do diálogo e do cuidado, inspirados em Maria e em sintonia com a formação para uma consciência crítica, cidadania global e excelência acadêmica.

Portanto, ao se apresentar como uma Escola em Pastoral, o currículo torna-se um profundo e autêntico “ecossistema educativo evangelizador cristão-marista”, promovendo a vivência da comunidade educativa numa estrutura educativa-evangelizadora. Essa aproximação da Pastoral com o currículo atribui um novo sentido a partir de um olhar inspirado nos valores do Evangelho. Ao se integrar aos conhecimentos escolares de maneira sistêmica, contribui para o desenvolvimento do aluno na perspectiva da educação integral.

conhecimento sobre os processos de aprendizagem da criança e do universo infantil, por outro, a Pastoral alimenta esses processos à luz da fé. Entre os diversos elementos articulados no ambiente pedagógico-pastoral desenvolvido com as infâncias, destacam-se aqueles que possibilitam concretizar uma educação evangelizadora.

59 COMO FERMENTO NA MASSA

Quanto ao trabalho realizado com as juventudes, destacam-se atividades de evangelização no âmbito da ação pastoral que favorecem o processo de educação e amadurecimento na fé e aprendizagem solidária. A Pastoral Juvenil Marista (PJM), por exemplo, visa estabelecer um processo de formação integral que desenvolva os aspectos da espiritualidade, da eclesialidade, da autonomia, do aprofundamento no Carisma Marista, do protagonismo juvenil e da intervenção na sociedade.

Em relação ao Voluntariado Estudantil, os Maristas desenvolvem experiências de solidariedade e de voluntariado junto a realidades de vulnerabilidade social, situações de fronteira, grupos étnicos, entre outros, conforme os contextos e a estrutura de funcionamento. Essas ações se inserem

nos processos educativos, evangelizadores e solidários desenvolvidos pelas unidades maristas, envolvendo todos que desejam contribuir voluntariamente com a missão marista, para além dos seus espaços cotidianos.

Sendo a família a primeira comunidade religiosa da criança, a Rede acredita que, quanto maior for a relação de reciprocidade entre escola e família, mais fecunda será a prática evangelizadora. Nesse sentido, o principal objetivo da pastoral é promover ações de engajamento das famílias, construindo uma comunidade educativa comprometida com a educação evangelizadora de crianças, adolescentes e jovens.

Nas unidades do Marista Brasil, a Ação Evangelizadora envolve a todos e cada um possui sua res-

Expandindo a identidade

A educação marista, com a sua característica confessional, se apresenta como promotora de diálogo intercultural, ajudando cada aluno a crescer em humanidade, responsabilidade civil e na aprendizagem. Nessa perspectiva, o processo de inculturação do Evangelho, que se dá por meio de um currículo evangelizador, contempla toda a comunidade educativa a partir da transmissão de valores e princípios.

Tendo como missão levar uma educação de qualidade e gratuita para pessoas em situação de vulnerabilidade social, o Marista Escolas Sociais acredita que as transformações podem acontecer por meio da educação — a partir de seus valores e metodologia de ensino. A Rede se dedica, principalmente, a

ponsabilidade na proposta pastoral, que visa atualizar-se permanentemente. Com uma missão compartilhada, irmãos, leigas, leigos e colaboradores assumem a proposta pastoral em sintonia com a Igreja e com as diretrizes institucionais e a tornam viva em todas as dimensões das ações.

A proposta educativa articula fé, cultura e vida. Dessa forma, as celebrações são constantes nas escolas e mobilizam toda comunidade, promovendo experiências cristãs e maristas por meio da convivência, partilha de vida, espiritualidade e missão compartilhada. A partir do calendário litúrgico e das principais datas que marcam o patrimônio histórico e espiritual do instituto, destacam-se: Páscoa, Natal, Dia/Semana Champagnat, Dia do Marista, entre outras celebrações.

atuar pela formação solidária e ética dos atendidos, incentivando sua participação protagonista, dentro e fora da Escola, causando impacto em toda a sociedade.

Para além da presença efetiva, promovendo educação de qualidade nesses contextos de vulnerabilidade por meio das Escolas Sociais, o Marista Brasil também fomenta iniciativas de voluntariado estudantil e missões de solidariedade com os estudantes nesses territórios. Trata-se de iniciativas cujo objetivo é promover a imersão dos estudantes nessas realidades, despertar para a cultura da solidariedade e desenvolver uma consciência crítica e sócio-transformadora a partir da ética cristã.

“A educação marista assume uma concepção cristã e sistêmica da pessoa humana na configuração de uma educação integral, de modo a educá-la na e para a solidariedade, formando agentes de transformação social e encorajando-os a assumir sua responsabilidade pelo futuro da humanidade.”

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MARISTA BRASIL

Franciscanas Filhas da Divina Providência:

educando no Amor Providente em prol da defesa e cuidado da vida

O Instituto das Franciscanas Filhas da Divina Providência (FFDP) foi fundado em São Paulo, em 15 de agosto de 1930. O fundador, Frei Nicolau Leurs, e as Irmãs cofundadoras, Agnela de São José, Messias Catarina do Céu e Maria Egydia da Conceição, iniciaram o carisma pela prática do Amor Providente em defesa da vida e em seu cuidado, especialmente dos menores pobres em situação de risco.

O carisma do Instituto exprime a Espiritualidade Cristocêntrica Franciscana e a devoção filial à Maria, Mãe da Divina Providência, como referencial do cuidado e da ternura. Toda missão educacional do Instituto está alicerçada na espiritualidade franciscana, que tem os ensinamentos de São Francisco de Assis como fundamento pedagógico pastoral.

Nos espaços de missão, a Pedagogia Franciscana se traduz em gestos de fraternidade, que têm como característica primeira o amor, que acolhe, escuta, apoia e orienta. Busca, ainda, transmitir e vivenciar os valores franciscanos, como a simplicidade, a humildade, a fraternidade, o cuidado com as pessoas e com a Casa Comum.

Contando com 966 alunos e mais de 300 colaboradores, a Associação é formada pelo Colégio Franciscano João XXIII, pela Casa de São José — Lar da Infância, pelo Educandário São Domingos e pelo Centro Comunitário Santa Clara, localizados em São Paulo (SP). Também integra a rede o Pequeno Lar da Sagrada Família, em Águas de Lindóia (SP).

61 COMO FERMENTO NA MASSA

A identidade é implementada de forma diversificada, de maneira que cada espaço tem o próprio projeto, seguindo as diretrizes do Instituto — no que se refere à espiritualidade, ao carisma e à missão. No Colégio Franciscano João XXIII, por exemplo, há um setor responsável pela Orientação Religiosa e Franciscana, denominado Serviço de Orientação Religiosa e Franciscana (SORF), o qual é destinado a todos os membros, tanto estudantes quanto educadores.

Currículo Evangelizador

As obras e o campo de missão educacional das Irmãs Franciscanas Filhas da Divina Providência obedecem à expressão carismática e percorrem o caminho da educação católica e franciscana. O currículo pedagógico é construído com base na proposta de educar das Irmãs, cujo carisma é pautado no cuidado e na defesa da vida.

Na investigação científica, na construção do saber

Vida Pastoral

Nas obras sociais, nas quais são atendidas crianças de zero a quatro anos, os projetos são desenvolvidos de forma lúdica e na rotina diária, para despertar os valores cristãos e franciscanos. A missão com as famílias é realizada pela acolhida diária, bem como por meio de encontros, troca de experiências e eventos que favoreçam a partilha e o reconhecimento de todos como membros da comunidade educativa.

As principais atividades voltadas à evangelização das crianças se dão a partir de momentos de celebração, como: o Ágape, a Páscoa Solidária; projeto social no Centro de Apoio à Criança com Câncer (CACC); a campanha de fraldas geriátricas e de alimentos para compor cestas básicas; e o

Esse serviço é responsável por prever, ao longo do ano letivo, espaços para que as crianças, os adolescentes e os jovens possam formar grupos, nos quais poderão experimentar a fraternidade. Além disso, todas as atividades pedagógicas do Colégio são iniciadas com um momento de oração, espaço formativo de encontro com a Palavra de Deus, para celebrar a vida da Igreja e da Família Franciscana.

e na conscientização dos instrumentos de respostas aos desafios contemporâneos, a metodologia provoca uma experiência profunda de fé, percebendo as necessidades do povo, com simplicidade, alegria, cordialidade, ternura e vigor. Nos componentes curriculares, ainda, há projetos que valorizam o estudo e ações com os estudantes, de forma que levam a uma reflexão sobre diversos temas, incluindo a sustentabilidade.

trabalho voluntário junto às obras sociais educacionais e de acolhida a idosos. A Instituição também promove a Caminhada pela Paz, com a participação das famílias e da comunidade, e a preparação para a 1ª Eucaristia.

Pensando nos jovens, a rede realiza um trabalho de valorização da vida, com destaque para a campanha de conscientização do Setembro Amarelo, voltada aos alunos do 6º ano ao Ensino Médio. Inspirada no Salmo 8, a campanha conta com roda de conversa, trabalho com argila — idealizado no texto de Jeremias — e expressão dos sentimentos relacionados à vida. Essa atividade resultou no plantio de girassóis no espaço do Colégio. Além disso, a Instituição promove campanhas de arreca-

dação de brinquedos, que são entregues às creches associadas; Encontro de Jovens a partir do 8º ano; e preparação para o Sacramento da Crisma.

Destaca-se, ainda, o Voluntariado Juvenil Franciscano, que consiste em um espaço privilegiado de contato prático com a solidariedade ao promover o diálogo com outras culturas e realidades juvenis. Dessa maneira, os jovens são convidados a exercer um trabalho voluntário, como meio efetivo de evangelização e realização pessoal, apontando para outro estilo de vida.

Segundo a concepção humanística franciscana, o conceito de família é baseado na importância dos laços afetivos e no valor

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FRANCISCANAS FILHAS DA DIVINA PROVIDÊNCIA

intrínseco de cada parte de uma comunidade. A evangelização das famílias se dá pelo acolhimento e pelo respeito às diferenças e crenças, pela construção de relacionamentos saudáveis, pela partilha de experiência e pela promoção do bem-estar de todos os envolvidos.

Dito isso, a rede promove o projeto Sagrada Família, que reúne as famílias para rezar, refletir e dialogar. A visita da imagem da Sa-

grada Família, por exemplo, é um gesto simples para repensar atitudes e retomar os valores para uma vida mais digna e fraterna.

Nas escolas da Associação, os educadores são chamados a serem referências para os educandos. Por meio do testemunho de vida e das ações, incentivam a prática dos valores franciscanos, como a simplicidade, a humildade, a compaixão e o cuidado com a Criação. Para isso, são proporcio-

Expandindo a identidade

Aplicando os valores franciscanos, todos os educandos são acolhidos da mesma forma, independentemente do credo. As atividades pastorais são extensivas a todos os alunos, programadas de forma que toda a comunidade escolar possa participar de maneira respeitosa. A experiência é positiva, permeada de partilha das diferentes formas de professar a fé, além de oferecer uma maneira única de compartilhar os ensinamentos cristãos para toda uma nova geração.

Por fim, a Associação oferece ações em prol da ecologia integral, como a implantação do sistema de

nadas oficinas educativo-evangelizadoras de temáticas pertinentes à missão institucional.

A formação é oferecida a todos os educadores no início do ano letivo e também no retorno do recesso escolar do meio do ano. No Dia de Santo Antônio, é comemorado o Dia do Educador Franciscano, modelo evangelizador, ao pregar o Evangelho aos mais pobres com uma dinamicidade e uma pedagogia prática nas homilias.

iluminação solar, reciclagem do lixo, compostagem e captação da água da chuva para reuso. Além disso, os alunos aprendem a organizar e a utilizar os espaços externos, como horta, bosque e pomar, durante as aulas abertas e os projetos que contribuem para a educação ambiental (cuidado com a Casa Comum).

Outra prática que demonstra a preocupação com a sustentabilidade é que a Instituição não utiliza material descartável. Para isso, realiza uma campanha de conscientização com toda a comunidade educativa, instigando a utilização de garrafas e de outros materiais de uso individual.

“A Pedagogia Franciscana se traduz em gestos de fraternidade, que têm como característica primeira o amor, que acolhe, escuta, apoia e orienta.”

63 COMO FERMENTO NA MASSA

Rede Cordimariana de Educação: a exemplo de Nossa Senhora, formar para a Compaixão e Misericórdia

A Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria foi fundada em 21 de novembro de 1916, em Macapá, no estado do Amapá, como a primeira Escola Santa Maria. As Escolas Cordimarianas têm uma longa história de caminhada conjunta, com o objetivo de formar integralmente crianças e adolescentes e disseminar a devoção a Maria na Compaixão e Misericórdia.

Ao longo da história, as Escolas Cordimarianas caminharam, a princípio, de forma individualizada. Pouco a pouco, foram se organizando sob a orientação de uma Equipe de Assessoria de Educação formada pelas diretoras de cada escola, promovendo Seminários para as Comunidades Dirigentes e Educadores. Em 21 de janeiro de 2021, as escolas foram oficial-

mente incorporadas como Rede Cordimariana de Educação (RCE), a fim de favorecer os processos de fortalecimento da identidade e da gestão administrativa, pedagógica e pastoral, com sustentabilidade e inovação.

O carisma da Congregação se define como “Ser Coração de Maria na Compaixão e Misericórdia” e conta seis escolas na região Nordeste e uma na região Norte do Brasil, atendendo a 4.650 estudantes — desde a Educação Infantil até a 3ª Série do Ensino Médio, além da atuação em Hospital, Obra Social, Casa de Retiro, missão em paróquias, com indígenas e imigrantes.

A missão da Rede Cordimariana de Educação

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REDE CORDIMARIANA DE EDUCAÇÃO

(RCE) é oferecer uma educação integral, comprometida com a Fé e o Saber. Por meio desta missão, a Rede contribui para a construção de uma sociedade fraterna, justa e sustentável, buscando integrar a vida e a fé como princípios essenciais da vivência cristã. Destaca-se os valores que fundamentam tal missão: compromisso com a Fé e o Saber; alegria e amor no Ser, Fazer e Conviver; relações humanizadas; inovação; profissionalismo e competência; justiça; ética e transparência; e gestão compartilhada e sustentável. A evangelização é o centro norteador da ação pastoral-pedagógica da Rede e, por meio de seus esforços, continua a cultivar e semear o carisma cordimariano.

A identidade cristã da Rede constitui fundamento nos projetos político-pedagógicos das escolas e, nesse contexto, a dimensão pastoral constitui-se como presença-chave da missão. Atualmente, a RCE conta com uma área de Pastoral em Rede, além das expressões locais que atuam conforme as características regionais. A unicidade, porém, é garantida a partir de uma assessoria compartilhada e pauta-se na comunhão de um Plano de Pastoral em Rede e de cadernos de referência pastoral.

Currículo Evangelizador

O currículo evangelizador das escolas da RCE visa desenvolver uma educação integral, a partir do olhar investigativo sobre cada dimensão que forma o sujeito. Assim, os alunos dispõem de serviços que auxiliam seu processo de desenvolvimento, como: Serviço de Psicologia e Psicopedagogia, Serviço de Orientação Educacional, Serviço de Orientação Religiosa, Serviço de Orientação Desportiva e Serviço de Orientação Pedagógica.

Contam, ainda, com as contribuições da Comissão de Educação/Assessoria Pedagógica, que acompanha todo o trabalho planejado e desenvolvido, visando aprimorar os serviços educacionais e fortalecer o seu carisma nos mais diversos espaços e culturas. As lideranças pedagógicas participam de vivências e formações mensais, que viabilizam refletir sobre a identidade enquanto educadores; revisar saberes e práticas; fomentar a criticidade, criatividade e inovação, bem como, cultivar a espiritualidade e o compromisso com a Fé e o Saber.

Na RCE, os educadores são vistos como agentes de transformação nos vários espaços educativos em que atuam. Assim, eles disseminam o carisma Cordimariano e colaboram na construção dos projetos de vida das crianças e dos adolescentes. A Proposta Pedagógica inclui: o protagonismo em seu próprio processo de aprendizagem; fornecer subsídios para que os estudantes desenvolvam esse protagonismo; propiciar o cultivo de compreensões e ações comunitárias, críticas, criativas, democráticas, inclusivas, ecológicas e responsáveis.

Dessa forma, a Proposta Pedagógica Cordimariana, o Pacto Educativo Global e os pilares da UNESCO são fundamentais e fortalecem o compromisso com uma educação que prepara cidadãos conscientes, responsáveis e solidários. A proposta serve como guia para uma abordagem educacional, definindo os princípios e valores que orientam o trabalho realizado. A Rede assume o Pacto Educativo Global como compromisso de que as práticas estejam alinhadas com os princípios de uma educação centrada na pessoa.

Dentre os projetos focados no desenvolvimento dos alunos, destacam-se “Conviver” e “Cuidando com Gentileza para um mundo melhor”, que visam trabalhar questões socioafetivas, a integração na convivência na sala de aula, promovem vivências que desenvolvam a sensibilidade das crianças e contribuem para o exercício da cidadania e a construção de um mundo melhor.

A Rede ainda oferece o projeto “Liderança”, que tem como objetivo a formação de lideranças de classe, e o “Projeto de Vida”, no qual é incentivado o protagonismo e autonomia dos estudantes em suas escolhas de vida. Por meio dos projetos, a rede fortalece os valores do Reino, cultivando a espiritualidade cordimariana e acolhendo a individualidade de cada aluno, engrandecendo o ambiente escolar mediante novas perspectivas e novos saberes.

65 COMO FERMENTO NA MASSA

Vida Pastoral

Ao visar a evangelização de crianças, a RCE apresenta uma série de iniciativas, dentre as quais se destacam: o Cofrinho Solidário, no qual as crianças são incentivadas a arrecadar doações durante a Quaresma para os mais necessitados; Infância e Adolescência Missionária, também conhecida como “Escola de Jesus”, onde praticam o amor por meio do compromisso missionário; a Espiritualidade Mariana, na qual os alunos se reúnem semanalmente para aprender sobre histórias bíblicas e os títulos de Nossa Senhora; e, por fim, a Catequese Infantil, onde são introduzidas aos ensinamentos e valores cristãos.

Além dos projetos, a rede ainda promove atividades para que as crianças aprendam se divertindo, como o Festival Mariano, no qual os alunos apresentam um recital de poemas e músicas em home-

nagem a Nossa Senhora; a produção de poesias e charges marianas, além de jogos, como dominó, jogo “Em saída” e o jogo “Seguindo os Exemplos de Jesus”.

Pensando nas juventudes, as escolas da rede também contam com práticas ligadas às atividades educacionais e à expressão artística, como a Maria em Tela, na qual produzem pinturas com o tema “Maria: Ousa, cuida e conecta”; a produção de Histórias em Quadrinhos sobre a Campanha da Fraternidade; Túnel do Tempo Bíblico; e demais projetos pedagógicos-culturais. Por fim, os alunos ainda contam com a Juventude Cordimariana (JUCORD) e a Catequese Crismal.

As famílias dos estudantes são convidadas a integrar a comunidade a partir de eventos, ações solidárias, dos quais se destacam:

Expandindo a identidade

A Rede de Educação Cordimariana adota uma abordagem inclusiva e acolhedora em suas atividades pastorais, enfatizando valores universais como amor, compaixão, serviço e justiça social, para engajar estudantes de todas as crenças. Isso é evidente através de iniciativas como o Fórum da Amizade Social que promove o entendimento mútuo entre diferentes tradições religiosas. Também há os programas de voluntariado e ação social que envovem parcerias com outras organizações, como a Fazenda da Esperança.

Show Mariano; Fórum das famílias; Gesto Solidário em Família; e a Oração Mariana em Família. Além disso, os responsáveis podem participar da dimensão celebrativa da rede, que é composta por celebrações penitenciais durante a Quaresma, Adoração ao Santíssimo, Chá Bíblico, Natal e a festa de 13 de Maio.

Por fim, a formação dos educadores é composta por encontros remotos e presenciais com o objetivo de conhecer o formato de escola em pastoral e, assim, assumir o compromisso de evangelizar; o Fórum de Gestores Pedagógicos e Agentes de Pastoral; os podcasts “A Conexão Espiritual” e “PodCord”; as Manhãs de Espiritualidade; e, por fim, o Simpósio da Amizade Social, que visa promover o diálogo e a compreensão mútua, fortalecendo os laços.

Em termos de promoção da ecologia integral, a Rede desenvolve projetos educacionais que integram ciências ambientais com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os princípios da encíclica Laudato Si’. Um exemplo é o projeto “Circuito das Ciências Exatas e da Natureza”, que sensibiliza sobre a interdependência entre ciência básica e sustentabilidadeAlém disso, a Rede promove feiras culturais e debates em torno de temáticas ambientais, respondendo ao chamado global para ações sustentáveis e responsáveis, alinhadas às diretrizes da UNESCO e do Pacto Educativo Global.

“A missão da Rede Cordimariana de Educação é oferecer uma educação integral, comprometida com a Fé e o Saber, à luz do carisma Cordimariano, contribuindo para a construção de uma sociedade fraterna, justa e sustentável.”

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REDE CORDIMARIANA DE EDUCAÇÃO
Rede Passionista de Educação: educando

para a

vida e para a felicidade com firmeza, bondade e competência

A Rede Passionista de Educação está ligada à Congregação das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz, fundada em 1815, na cidade de Florença, Itália, onde Maria Madalena Frescobaldi Capponi instituiu o Retiro das Ancillas da Paixão, hoje chamado de Congregação das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz. As atividades escolares se iniciaram ainda na época da fundadora, e das que existem atualmente, a mais antiga é de 1920, na Villa Michelozzi (hoje, Instituto Beata Giovanna), em Signa, Itália. No Brasil, começaram em 1934 no Educandário São Paulo da Cruz (hoje, Colégio São Paulo da Cruz), em São Paulo (SP). O propósito da fundadora – acolher jovens educandas, vindas da classe mais pobre da sociedade, vulneráveis e afetadas pela guerra napoleônica – desdobrou-se em uma obra educativa e evangelizadora, presente em mais de 28 países.

No Brasil, a Rede está presente em onze cidades de cinco estados, conta com mais de 4.200 alunos e atende 139 jovens e crianças. Os colégios e os projetos sociais são organizados em três províncias: Província Imaculado Coração de Maria (Sistema Paraná), Província Maria Rainha da Paz (Sistema Brasília) e Província São Gabriel da Virgem Dolorosa (Sistema São Paulo).

Com seis escolas e um projeto social, fazem parte do Sistema Paraná: Colégio Passionista Nossa Senhora Menina (Curitiba/PR), Colégio Passionista Nossa Senhora do Rosário (Colombo/PR), Centro de Educação Infantil Passionista João Paulo II (Cascavel/PR), Colégio Passionista São José (Jandaia do Sul/PR), Centro Educativo Passionista Maria José

67 COMO FERMENTO NA MASSA

(Piraquara/PR) – projeto socioeducativo “Criança, Ação e Vida” – e Colégio Passionista São Paulo da Cruz (São Paulo/SP).

Já o Sistema Brasília é formado pelo Centro Educativo Passionista Mãe da Santa Esperança, no Riacho Fundo I (DF). Por fim, o Sistema São Paulo conta com o Colégio Passionista João XXIII (Colatina/ES), o Colégio Passionista São Gabriel (São Vicente/SP), o Colégio Passionista Santa Gema (São Paulo/SP), o Colégio Passionista Santa Luzia (Barbacena/MG) e o Colégio Passionista Santa Maria (Praia Grande/SP).

A identidade da Rede escolar é compreendida a partir do carisma centrado na memória passionista, isto é, fazer memória da Paixão de Jesus Cristo e das Dores de Maria, por meio da ação educativa. Pautada no lema “Educar para a vida e para a felicidade”, a Rede realiza a intuição carismática educativa da fundadora, a partir dos pilares de bondade, firmeza e competência.

Currículo Evangelizador

Visando construir um currículo evangelizador, as unidades da Rede incluem as datas comemorativas cristãs no calendário do ano letivo. Celebrações, como Páscoa, Mês de Maria, Corpus Christi, Mês das Vocações, Mês da Bíblia e os preparativos para o Natal — além das temáticas especificamente passionistas —, são abordadas com a comunidade escolar.

Por meio da atuação da Pastoral Escolar, da Pastoral da Juventude Passionista, da Coordenação de Ensino Religioso ou do Serviço de Orientação Religio-

Vida Pastoral

Visando a evangelização das crianças, a Rede promove diversas atividades nas unidades. Um exemplo refere-se às desenvolvidas no projeto “Criança, Ação e Vida”, no Centro Educativo Passionista Maria José, em Piraquara (PR), onde são atendidas 60 meninas, entre 6 e 15 anos, em situação de vulnerabilidade social. Dentre as principais atividades

Dessa maneira, com referência nos valores humanistas e cristãos, busca o desenvolvimento integral dos educandos, promovendo a formação de cidadãos conscientes, éticos e responsáveis. Essa identidade é expressa nas atividades pastorais realizadas nas unidades, de maneira que cada uma procura, a partir da realidade na qual está inserida, executar ações pastorais.

Dentre as atividades de afirmação da identidade, destaca-se a celebração da Semana Passionista, na qual as unidades da Rede desenvolvem ações para promover a vivência do carisma na comunidade escolar. No Colégio Passionista Rosário de Colombo (PR), por exemplo, a celebração é realizada na Semana da Páscoa, quando se fazem momentos oracionais, celebrativos e apresentações envolvendo os educandos e os familiares na Paixão, na Morte e na Ressurreição de Jesus Cristo.

sa, os temas são trabalhados com o intuito de reafirmar a identidade confessional e passionista dos colégios.

Vale ressaltar que a abordagem do Ensino Religioso como componente curricular é interconfessional. Assim, as escolhas e preferências referentes aos livros didáticos e à elaboração de planejamentos consideram esse fator fundamental, além da adequação com o estilo propriamente passionista de educar.

oferecidas, estão: reforço escolar com acompanhamento grupal e individual; formação humana, moral e religiosa; momentos de reflexão; pequenos trabalhos manuais; jogos e recreação; aulas de canto e dança; e noções básicas de informática.

Vale, ainda, citar o Auto de Natal realizado com os estudantes

da Educação Infantil e do Ensino Fundamental — Anos Iniciais do Centro Educativo Passionista Mãe da Santa Esperança, no Riacho Fundo I (DF). Por meio da dança, da música e do teatro, os alunos representam o encontro do Verbo com a humanidade. Para isso, usam a arte como instrumento de oração da comunidade educativa, convidando pais, mães e colabo-

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REDE PASSIONISTA DE EDUCAÇÃO

radores ao encontro com o mistério do nascimento de Jesus.

Quanto à evangelização das juventudes, a Rede exemplifica a atuação a partir das atividades desenvolvidas pela Pastoral da Juventude Passionista no Colégio Passionista Santa Maria, em Praia Grande (SP), onde são organizados momentos celebrativos, oracionais e campanhas solidárias envolvendo os educandos e suas famílias. Os educandos voluntários na Pastoral são responsáveis pela realização da Páscoa Solidária, pela Campanha do Agasalho, pela Campanha Natal Solidário e pela visita social entre novembro e dezembro.

Vale destacar o trabalho feito com os adolescentes no Colégio Passionista Rosário, em Colombo (PR), onde estudantes voluntários do 6° ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio empenham-se na organização e na realização das atividades da Pastoral Escolar, tais como: ações

sociais, momentos formativos e retiros espirituais com as turmas, torneios beneficentes e celebrações.

As atividades que envolvem as famílias dos educandos englobam celebrações, como as missas de Dia das Mães e de Dia dos Pais, além de momentos oracionais e formativos, como a Semana Nacional da Família. No Colégio Rosário de Colombo (PR), na ocasião da visita do Ícone do Ano Vocacional da Arquidiocese de Curitiba, em 2023, casais da comunidade escolar, padres e irmãs consagradas da comunidade foram convidados a partilhar as experiências de vida com os educandos, para enriquecer o conhecimento sobre a vocação matrimonial, a vocação leiga e a vocação sacerdotal.

Referente à evangelização dos educadores, todos os segmentos da comunidade educativa são contemplados com as ações realizadas pela Pastoral Escolar, pela Pastoral da Juventude Pas-

Expandindo a identidade

A Rede acolhe educandos de diversas denominações religiosas. Para isso, considera os princípios do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, em conformidade com documentos da Igreja — como a declaração Nostra Aetate, promulgada pelo Papa Paulo VI, e com as orientações atuais do Papa Francisco. Ademais, o caráter interconfessional do componente curricular de Ensino Religioso pressupõe os espíritos de acolhida, de diálogo e de comunhão.

Quanto ao voluntariado, destaca-se o trabalho realizado pelas irmãs no Centro de Educação Infan-

sionista, pela Coordenação de Ensino Religioso ou pelo Serviço de Orientação Religiosa. Todos são convidados a participar e a auxiliar nas intervenções e em todos os eventos que ocorrem no decorrer do ano letivo, com o intuito de aprofundar o conhecimento e a vivência do carisma passionista e de comunicá-lo aos educandos na prática pedagógica diária.

Com relação à dimensão celebrativa, as unidades da Rede realizam celebrações e missas para a comunidade escolar em datas comemorativas. Também são promovidos momentos de oração e celebrações de Páscoa, visando aprofundar a mística da Paixão de Jesus Cristo. As datas comemorativas passionistas são contempladas nas atividades pastorais da Rede, tais como o Dia da Fundadora da Congregação das irmãs, a Serva de Deus Maria Madalena Frescobaldi, e o Dia de São Paulo da Cruz, por meio de momentos oracionais e formativos.

til João Paulo II, em Cascavel (PR), que, em convênio com a prefeitura, atende às crianças que frequentam a unidade. Outro exemplo refere-se às atividades desenvolvidas pela Pastoral Escolar do Colégio Passionista Rosário, em Colombo (PR), na comunidade de Cercadinho, localizada nas proximidades da instituição educacional. Quinzenalmente, educadores e alunos voluntários vão até a comunidade para oferecer aulas e orientações de atividades de Língua Portuguesa e de Matemática para crianças que frequentam a escola rural da comunidade.

“Pautada no lema ‘Educar para a vida e para a felicidade’, nossa rede procura realizar a intuição carismática educativa da fundadora a partir dos pilares bondade, firmeza e competência.”

69 COMO FERMENTO NA MASSA

Rede Salvatoriana: anunciando Jesus Cristo por meio da ação educativa e do voluntariado

O Bem-aventurado Padre Francisco Jordan viveu na Alemanha durante uma Revolução Cultural, chamada Kulturkampf (1881 - 1887). Durante esse período, contemplado pela luz da fé, ele percebeu o analfabetismo e a ignorância religiosa do povo de sua época, bem como a falta de espaço para o cristão leigo realizar a sua missão.

Movido por um grande zelo apostólico e forte sensibilidade aos apelos de Deus, o Padre Jordan sentiu a necessidade de fundar uma organização que correspondesse aos desafios de sua época, além de influenciar uma renovação no contexto socioeclesial. Sendo assim, em 1881, o Bem-aventurado fundou a Sociedade Apostólica Instrutiva, mais tarde passou a

chamar-se Sociedade do Divino Salvador e, em 1888, a Congregação das Irmãs do Divino Salvador, em Roma, na qual os leigos eram convidados a participar da missão evangelizadora ao lado de padres e irmãos.

Compartilhando o mesmo ideal de Padre Jordan, Maria Teresa von Wüllenweber sentiu um chamado para o ideal missionário, a exemplo dos apóstolos e das mulheres que seguiam Jesus na sua caminhada. O espaço da mulher na Igreja, naquele tempo, era limitado demais para acolher uma proposta missionária e colaborativa, portanto, Maria Teresa se encontrou na Sociedade Apostólica, tornando-se a primeira Irmã Salvatoriana.

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REDE SALVATORIANA

O fundador tinha a convicção de que a escola era um espaço privilegiado para tornar Jesus Cristo conhecido, amado e seguido — sendo considerada “o meio de propagar a fé”. Sob o nome de Maria dos Apóstolos, Maria Teresa recebeu de Padre Jordan a incumbência de preparar e orientar as futuras Irmãs Salvatorianas, dando origem à Congregação das Irmãs do Divino Salvador (SDS), em 1888.

A Rede Salvatoriana de Educação herdou do Bem-aventurado Padre Jordan e da Bem-aventurada Madre Maria a missão de prolongar na história o carisma, os valores, a espiritualidade e a missão salvatoriana — desafiando a todos a assumirem um compromisso em favor da vida, continuando a missão de Jesus Cristo, o Salvador, que veio “para que todos tenham vida” (Jo 10,10).

A pedido de Dom Daniel Hostin, Bispo Diocesano de Lages (SC), as primeiras Irmãs Salvatorianas deixaram a sua terra natal na Alemanha, que vivia um clima de instabilidade entre duas Guerras Mundiais, e chegaram ao Brasil em 1936. Estabelecendo-se em Videira (SC), as Irmãs traziam como objetivo de sua missão: a instrução da infância e da juventude, bem como a pastoral paroquial e da saúde.

A atividade educacional começou no Colégio Salvatoriano Imaculada Conceição (CSIC), em Videira (SC), em fevereiro de 1937. Com o passar dos anos,

Currículo Evangelizador

Como Escola Católica Salvatoriana, a rede se compromete com o Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco, cujo objetivo é construir uma aliança entre escola, família e sociedade, com as melhores energias, para colocar no centro do processo educativo o desenvolvimento integral da pessoa e a proteção da Casa Comum. O grande desafio é educar em uma perspectiva do encontro, do diálogo entre culturas, religiões e gerações.

Os projetos interdisciplinares desenvolvidos pelas unidades escolares promovem aprendizagem significativa de forma global, possibilitam refletir e vivenciar valores salvatorianos e sensibilizar para a fraternidade, solidariedade e para o cuidado da Casa Comum. Os projetos são desenvolvidos dentro dos

a Missão Educativa Salvatoriana foi se expandindo para outros estados brasileiros. Atualmente, as Irmãs Salvatorianas atuam em 26 comunidades religiosas, cinco colégios e dois hospitais no Brasil, estando presente nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Amazonas e Ceará. Além disso, a Congregação está há mais 30 anos em missão em Moçambique.

Além do fazer pedagógico pastoral nas Unidades Educacionais, a Rede também oferece educação de qualidade aos marginalizados e excluídos, por meio da realização de projetos sociais para estudantes em situação de vulnerabilidade social, em parceria com outras instituições. Visando atingir o objetivo de educar para a vida, busca-se um trabalho de qualidade, com crianças, adolescentes e jovens, oferecendo os cursos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

A Missão Educativa Salvatoriana se expressa pelo testemunho de cada Irmã, de cada educador e educadora, por acreditar no potencial de cada estudante. A rede aposta na liderança compartilhada, no respeito às diferentes etnias, ao credo, à cultura e se desenvolve na consciência universal, na qual as relações de fraternidade, solidariedade e amor crescem com o anúncio da Boa Notícia, oferecendo um mundo melhor para todos.

temas: Consciência Ambiental; Por uma Cultura de Paz; Por uma Cultura Solidária; Formação Humana e Cristã; Fortalecimento da Democracia; e Direitos Humanos.

Neste sentido, a Rede constrói seu currículo pedagógico a partir da identidade confessional que é pautada nas seguintes atividades: Evangelização e engajamento eclesial; formação de professores no carisma Salvatoriano; diálogo com as comunidades e paróquias locais; engajamento dos estudantes e famílias nas paróquias; auxílio das paróquias para divulgação e organização de grupos de catequeses; realização de missas e bênçãos; e a realização do Momento Salvatoriano, uma vez ao mês com todos os estudantes.

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Vida Pastoral

A Rede Salvatoriana promove uma vida pastoral para crianças e jovens, por meio da organização e do incentivo para as catequeses nas paróquias e a participação em missas e eventos da comunidade local. Além disso, promove momentos específicos de oração e o engajamento nos projetos sociais locais, visando incentivar o voluntariado desde cedo. Por fim, os estudantes do Ensino Fundamental e Ensino Médio ainda contam com o apoio da Pastoral Juvenil Salvatoriana e o Itinerário Espiritual Juvenil Salvatoriano.

Os Colégios Salvatorianos buscam manter um diálogo constante com os familiares dos alunos, por meio de seminários, ações

sociais e da Escola de Pais, que conta com um cronograma sistemático a cada trimestre. Além disso, as famílias são convidadas a integrar a comunidade escolar em todos os projetos desenvolvidos.

A rede busca, ainda, mapear as necessidades da sociedade local para aproximá-la dos estudantes — a fim de se tornarem cidadãos conscientes das diversas realidades, atuantes na sociedade em que vivem e críticos em relação aos cenários que se apresentam.

Quanto à evangelização do corpo docente, a Rede Salvatoriana possui um programa de formação continuada, engajamentos em seminários e eventos sobre a Campanha da Fraternidade — entre

Expandindo a identidade

Para a construção de um ambiente respeitoso e de acolhimento para todos, a Rede convida todos os estudantes a participarem das ações promovidas pelas instituições salvatorianas — em especial os não-católicos. Seguindo o entendimento de ecumenismo e o olhar do Papa Francisco sobre o tema, a rede deve permear as ações de evangelização em todos os espaços das escolas.

Ao visar a integração dos estudantes na comunidade, a rede conta com Itinerários Formativos, nos quais podem praticar os conhecimentos construídos na sala de aula em práticas sociais. Dentre as atividades, destacam-se: campanhas de arrecadação de alimentos, itens de higiene e limpeza, além de pro-

outros temas relevantes à evangelização —, retiros de educadores e pós-graduação na fé cristã.

A vida pastoral da Rede também inclui celebrações e momentos de reflexão, como a bênção dos estudantes no início do ano letivo, o momento salvatoriano, que acontece mensalmente, e as orações antes das aulas. O currículo dos Colégios Salvatorianos já inclui todas as datas e marcos importantes para a Igreja Católica, com celebrações sacramentais. Destaca-se também que as formaturas de Ensino Fundamental II e Ensino Médio são celebradas com uma missa de conclusão de curso.

jetos pedagógicos pastorais responsáveis por organizar, distribuir e engajar as causas sociais, como Projetos de Intervenção Social e a Pastoral Juvenil Salvatoriana.

Por fim, os colégios da rede ainda contam com projetos dedicados à Consciência Ambiental, assim como solicitado pelo Papa Francisco. Desde ações de conscientização sobre o consumismo excessivo e educação financeira, até sobre os processos de reciclagem e as mudanças climáticas, os estudantes da rede têm acesso a diversas maneiras de aprender e colocar em prática os ensinamentos em prol da ecologia integral.

“Particularmente as escolas constituem, hoje em dia, o meio de propagar a fé” (Padre Francisco Jordan).

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REDE SALVATORIANA

Rede UBEC: formação integral inovadora e compromisso com a vida na educação

A União Brasileira de Educação Católica (UBEC) foi estabelecida em 12 de agosto de 1972 como uma associação civil de direito privado, confessional e sem fins lucrativos, filantrópica, nos termos da Lei n. 187/2021, certificada como Entidade Beneficente de Educação. Seu objetivo primordial era atuar como mantenedora de instituições católicas de ensino e, ao longo dos anos, tornou-se uma das mais relevantes redes educacionais do Brasil.

Com uma ampla abrangência e atuação em diversos estados e cidades do Brasil, as unidades da UBEC estão presentes em seis estados: Distrito Federal, Tocantins, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. A UBEC tem uma presença significativa em oito cidades-chave: Brasília/DF, Palmas/TO, Reci-

fe/PE, Timóteo/MG, Coronel Fabriciano/MG, Ipatinga/MG, Curitiba/PR e Joinville/SC. Com um Escritório Central e diversas unidades de ensino, incluindo cinco Unidades de Educação Básica e quatro Unidades de Ensino Superior, a UBEC atende uma comunidade educacional diversificada, com uma atuação em todos os níveis, do ensino infantil até o stricto sensu, em ambas as modalidades: presencial e EAD. Com cerca de 28 mil estudantes e 1.039 docentes, a UBEC desempenha um papel fundamental na promoção da educação e cultura, em várias regiões do país.

A missão da UBEC, conforme delineada no Plano Estratégico para o período de 2023 a 2027, é promover uma educação integral que esteja comprometida com os valores humanos e cristãos, visando servir à

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sociedade. Desde sua fundação, a UBEC tem se destacado pela centralidade em Jesus Cristo e pela experiência intrínseca de sinodalidade, que se manifesta como uma característica de unidade e comunhão eclesial, missionária e profética.

Um dos elementos que qualificam a identidade do Grupo UBEC é sua característica fundacional de intercongregacionalidade e interinstitucionalidade. Atualmente, o Grupo UBEC conta com seis instituições religiosas instituidoras, cada uma com sua própria congregação associada. Essas congregações incluem os Irmãos Lassalistas (Sociedade Porvir Científico), os Padres e Irmãos Estigmatinos (Associação dos Padres e Religiosos Estigmatinos de Assistência e Instrução Popular), os Irmãos Maristas (União Brasileira de Educação e Ensino), os Padres e Irmãos Salesianos (Inspetoria São João Bosco), as Irmãs Salesianas (Inspetoria Madre Mazzarello) e a Diocese de Itabira/Coronel Fabriciano (Instituto Católico de Minas Gerais). Essa pluralidade fundacional enriquece e diversifica a abordagem educacional da UBEC, incorporando diferentes carismas congregacionais e formas de desenvolver processos educacionais.

A UBEC baseia sua atuação em uma série de valores e princípios fundamentais, expressos em seu Estatuto Social. Esses valores incluem o humanismo solidário, a valorização da vida em todas as suas formas, a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a espiritualidade e a família. Além disso, os princípios fundantes da instituição incluem a evangelização, a formação integral, a excelência acadêmica, o diálogo, a vida em comunidade, a cidadania ativa e inclusiva, a ecologia integral, o respeito, a cooperação e

Currículo Evangelizador

A UBEC percebe o currículo evangelizador como uma ferramenta essencial para contribuir com os processos de formação integral dos estudantes. Em meio a diversas iniciativas e propostas institucionais que visam construir essa formação abrangente, destacam-se as Diretrizes de Pastoralidade e as Diretrizes Pedagógicas da Educação Básica do Grupo UBEC.

As Diretrizes de Pastoralidade enfatizam que a pastoralidade deve ser a essência das ações educa-

integração, a transparência, a equidade, a gestão corporativa, a inovação e a sustentabilidade.

A UBEC é uma instituição de natureza cristã, de caráter católico e finalidade educacional, sendo, portanto, uma instituição católica comprometida com uma educação evangelizadora permeada por valores inspirados em Jesus Cristo. A intercongregacionalidade e interinstitucionalidade da UBEC moldam sua identidade, refletindo-se em características como educação de qualidade; cuidado com as crianças, adolescentes e jovens; prioridade para os vulneráveis; exemplaridade de Maria; formação para o trabalho; formação integral; educação evangelizadora; integração com a Igreja local; presença pedagógica preventiva; formação cidadã e inserção na comunidade regional.

Desde sua origem, a UBEC tem sido uma instituição missionária, comprometida com a transformação social e a promoção de uma educação pautada pela formação integral e pelo compromisso comunitário. Sua relevância é evidenciada pela forma como serve e transforma vidas, tanto de estudantes quanto de educadores, em suas diversas unidades educativas, presentes em todo o Brasil.

Para a UBEC, a identidade católica não é apenas um adjetivo, mas a definição de seu próprio modo de ser. A instituição acredita que o ser católico implica em uma série de valores e práticas que permeiam todas as dimensões da instituição, incluindo o diálogo com o universal, o respeito à diversidade, a sustentabilidade, a inclusão social e pedagógica, o cuidado com a pessoa, a busca da paz e a relação com o transcendente.

cionais e da gestão das Unidades de Missão, buscando integrar a fé, a cultura e a promoção da vida. Por sua vez, as Diretrizes Pedagógicas da Educação Básica do Grupo UBEC estabelecem princípios, fundamentos e procedimentos para promover a formação do “Ser Integral”, considerando as dimensões cognitiva, física, emocional, social, cultural e espiritual do ser humano. Essas diretrizes buscam uma abordagem contemporânea, que valoriza a diversidade, inclusiva e ecologicamente sustentável, sustentada por cinco pilares: afetividade, preventividade, exce-

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REDE UBEC

lência acadêmica, humanismo solidário e família educadora.

Além das diretrizes, destacam-se iniciativas institucionais em rede que contribuem significativamente para a concretização da educação evangelizadora da UBEC. O Programa Propósito de Vida (PPV), por exemplo, visa fomentar o cuidado com a vida e os projetos de vida dos envolvidos nos processos educacionais, tanto estudantes quanto educadores. Por meio de diversas estratégias, que estão além do que preconiza a BNCC, o PPV na educação básica promove a formação integral de estudantes, da educação infantil ao ensino médio, incentivando o desenvolvimento de competências socioemocionais e espirituais necessárias para os tempos atuais. No contexto

Vida Pastoral

As Diretrizes de Pastoralidade do Grupo UBEC destacam a importância da pastoralidade como uma dimensão que permeia todas as atividades e decisões institucionais, promovendo o cuidado e o serviço às pessoas. A pastoralidade se manifesta e organiza sua atuação em três dimensões: personalizante, estruturante e comunitária, contribuindo para a pertinência institucional e a qualidade educativa.

Atenção especial é dedicada à evangelização de crianças, adolescentes e jovens nas unidades da UBEC, como espaço oportuno para promover diversas atividades e campanhas. Entre essas iniciativas, destacam-se celebrações e vivências religiosas, campanhas de solidariedade, de combate ao bullying, de conscientização sobre temas como abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, de promoção do meio ambiente, da saúde mental, da consciência negra e dos direi-

das instituições de ensino superior, o PPV se constitui como um importante elemento da formação do estudante e consecução do currículo evangelizador, à medida que trata das questões essenciais do indivíduo, das profissões e de sua atuação no mundo.

Outra iniciativa relevante é a Olimpíada Maker da Educação Básica do Grupo UBEC, que estimula o protagonismo estudantil, o pensamento crítico e criativo, a aplicação dos conceitos da “cultura maker” na construção de soluções inovadoras para problemas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa iniciativa visa não apenas ao desenvolvimento acadêmico dos estudantes, mas também à promoção do desenvolvimento sustentável da comunidade local.

tos humanos. Essas ações visam não apenas transmitir valores humanos e cristãos, mas também promover a conscientização dos estudantes em relação a questões relevantes para a sociedade.

A UBEC valoriza o protagonismo e a autonomia dos estudantes e busca envolvê-los ativamente nas atividades educativo-pastorais. A Pastoral Juvenil é uma das principais frentes de atuação, com a realização de grupos juvenis, fóruns, conselhos e formações que estimulam o engajamento dos estudantes. Além disso, são promovidos eventos, campanhas e atividades que abordam temas relevantes para a juventude presente nas unidades de missão, como voluntariado, saúde mental, direitos humanos e meio ambiente.

Destaca-se, dentro do conjunto de iniciativas do Grupo UBEC, o projeto “Esperançar”. Proposta institucional que almeja cursos

livres, gratuitos, com certificação de extensão universitária, de modo autoinstrucional e por meio da modalidade de educação à distância para toda a sociedade. A iniciativa já conta com mais de 30 mil pessoas inscritas e formadas nos diversos cursos ofertados na plataforma educativa. Esta ação é desenvolvida a serviço da Igreja, em chave de sinodalidade, com a realização de diversas parcerias, e demonstra um profundo compromisso do Grupo UBEC em oferecer educação a todas as pessoas, em especial às mais vulneráveis.

A formação contínua dos educadores é uma prioridade para a UBEC, que investe no desenvolvimento da Universidade Corporativa (UniUBEC). Por meio dessa iniciativa, são oferecidos cursos e capacitações voltados para os profissionais da educação, abordando temas como educação, protagonismo, liderança e valores institucionais. Essa formação

75 COMO FERMENTO NA MASSA

busca não apenas atualizar os conhecimentos dos educadores, mas também fortalecer a identidade e a cultura organizacional da instituição.

Por fim, a dimensão celebrativa da vida comunitária é parte cen-

tral da pastoralidade, vivenciada por meio de momentos de espiritualidade e interioridade em suas unidades. Celebrações semanais, festas religiosas e retiros espirituais fazem parte do calendário institucional, proporcionando oportunidades para o encontro

Expandindo a identidade

A UBEC expande sua identidade confessional por meio de uma série de iniciativas que refletem seu compromisso com a diversidade religiosa e a promoção dos direitos humanos. Ao adotar uma abordagem ecumênica e inter-religiosa, o grupo busca favorecer o diálogo e o respeito entre diferentes crenças presentes nos espaços educativos. Isso se reflete nos conteúdos desenvolvidos sobre projeto de vida e ensino religioso, os quais são sensíveis à pluralidade e à diversidade cultural, promovendo a tolerância e a compreensão mútua.

Além disso, a UBEC promove ações de voluntariado em suas Unidades de Missão, tanto no ensino superior, por meio de projetos de extensão universitária, quanto na educação básica, onde já existem experiências nesse sentido. O planejamento trienal da pastoralidade do grupo inclui a implementação estratégica do voluntariado em todas as unidades, com orientações em rede e criação de rodas de conversa para formação sobre o tema.

Por meio do “Compromisso Integral”, a UBEC busca promover uma educação evangelizadora que esteja profundamente conectada com a realidade, alinhada aos princípios do Pacto Educativo Global e comprometida com o desenvolvimento completo do indivíduo em todas as suas dimensões. Dentro desta temática, destaca-se que anualmente o Grupo

consigo mesmo, com o outro e com o transcendente. Além disso, algumas unidades oferecem catequese alinhada com a Igreja local, enriquecendo a vivência espiritual dos estudantes, educadores e famílias.

publica um Relatório de Compromisso Integral, com a apresentação das principais informações institucionais. Além do Relatório, a instituição conta com políticas institucionais que balizam a sua atuação educativa-evangelizadora, tais como: Compromisso Integral; Direitos Humanos; Diversidade e Inclusão; Proteção Integral de Crianças e Adolescentes.

Entre as ações desenvolvidas pela UBEC, destacam-se iniciativas como a Semana de Mobilização do Meio Ambiente, que acontece em todas as Unidades de Missão do grupo, visando fomentar reflexões, formações e gestos concretos de cuidado com o Planeta. Além disso, a instituição se compromete em conectar suas ações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, buscando contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Outra iniciativa importante é a implantação de usinas fotovoltaicas nas Unidades de Missão, com o objetivo de gerar e consumir energia limpa, reduzindo os impactos ambientais e promovendo a preservação do meio ambiente. Essas ações demonstram o compromisso da UBEC em promover uma educação que esteja alinhada com os princípios da sustentabilidade e da responsabilidade socioambiental, contribuindo para um mundo mais justo e equitativo.

“Ser Católica implica no diálogo com o universal, em respeito com a interioridade, a alteridade, na educação integral, pertinência, sustentabilidade, gestão compartilhada, na inclusão social, pedagógica, atitudinal, comunicacional e física, cuidado com a pessoa, vivência de valores humanos, cristãos e éticos, independência social e política, compromisso com a cidadania, luta pela sustentabilidade socioambiental”.

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REDE UBEC
Colégio Santa Maria Minas: fortalecendo o protagonismo estudantil em seus programas e projetos pastorais

Ao resguardar os ideais que movem a Arquidiocese de Belo Horizonte e todos seus esforços para o desenvolvimento e crescimento do homem, o Colégio Santa Maria Minas orgulha-se de ser uma escola católica compromissada com a evangelização, desde a sua fundação, em 1903, pelas irmãs Dominicanas, vindas da França, que sempre trabalharam junto à população carente da capital mineira. Posteriormente, a Arquidiocese de Belo Horizonte tornou-se a mantenedora da rede que, atualmente, possui 14 Unidades Escolares, localizadas em Belo Horizonte, Betim, Contagem e Nova Lima, sendo cinco sociais. Conta com quase 12 mil estudantes, dos quais 2.304 são bolsistas. É referência na educação básica, alcançando altos índices de aprovação em instituições de ensino superior.

Em sintonia com o projeto evangelizador da Arquidiocese, os Colégios Santa Maria Minas concebem a educação escolar como base para as transformações no âmbito individual e coletivo, com uma pro-

posta pedagógica que valoriza a formação humana, tendo como valores os princípios do humanismo, da autonomia, do compromisso, da espiritualidade, da pluralidade, da responsabilidade, da solidariedade e da excelência pedagógica. Orienta-se pelo ideal de ser uma escola que prioriza a educação para uma sociedade justa, fraterna e sustentável, conforme os parâmetros da ecologia integral.

Para tanto, possui Direção-Geral colegiada, sendo que a Diretoria-Geral Religiosa trabalha sempre em conjunto com a Diretoria-Geral Pedagógica, de maneira que, ao longo do ano letivo, temas relevantes que abordam a visão cristã da realidade são fonte de pesquisa e trabalhos interdisciplinares. Tais ações constam na Proposta Pedagógica e Pastoral do Colégio Santa Maria Minas, documento institucional que orienta o trabalho pastoral e cujo conteúdo unifica a atuação em rede, apresentando a identidade e missão da escola católica.

77 COMO FERMENTO NA MASSA

Além da Diretoria-Geral Religiosa, o setor pastoral é composto ainda por um coordenador de Pastoralidade, um coordenador de Ensino Religioso, padres coordenadores Pedagógicos de Pastoral em cada uma das Unidades Escolares, agentes de pastoral,

Currículo Evangelizador

O Colégio Santa Maria Minas desenvolve junto à comunidade educativa importantes programas e projetos pastorais e pedagógicos, sendo reconhecido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), por sua dedicação com a cultura da paz, da inclusão, da pluralidade e da educação para o desenvolvimento sustentável. O CSM Minas é membro da Rede de Escolas Associadas da Unesco (RedePEA).

Um dos grandes projetos do Colégio, o Escola em Saída, criado em 2021, reforça tal compromisso e dedicação com a cultura da paz, entendendo o voluntariado enquanto opção de vida. Trata-se de um projeto de responsabilidade social, realizado em parceria com a Escola de Negócios do Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais (Iceg) da PUC Minas.

Em 2023, o Escola em Saída ofertou aulas gratuitas de “Formação do Jovem Empreendedor Social: transformando problemas em soluções” para 75 estudantes de escolas estaduais localizadas no entorno de Unidades Escolares do CSM Minas (a cada ano letivo são escolhidas quatro Unidades Escolares do Colégio e outras quatro escolas públicas). Desenvolvido pela Diretoria-Geral Religiosa, o projeto atende ao chamado do Papa Francisco para que a escola de educação católica, assim como a Igreja, seja verdadeiramente missionária no sentido da conversão pastoral.

Ao longo do ano letivo, os estudantes beneficiados pelo Escola em Saída tiveram aulas ministradas por professores da PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) e o serviço de monitoria foi prestado por 70 alunos voluntários do Colégio Santa Maria Minas, entre eles jovens matriculados no componente curricular eletivo Voluntariado e Responsabilidade Social, ofertado para estudantes da 2ª e 3ª Série do Ensino Médio. A eletiva prepara o estudante para intervir, de maneira crítica e criativa, na socie-

catequistas e, em alguns casos, diáconos permanentes. Ressalta-se a presença contínua do presbítero nas Unidades, fomentando um ambiente de acolhida e escuta, além da vivência sacramental por parte da comunidade escolar.

dade, fornecendo experiências relevantes para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e educacional.

Todos os estudantes beneficiados apresentaram projetos de empreendedorismo ao final do curso e receberam certificados de conclusão, emitidos pela PUC Minas. Foram apresentados e analisados por uma banca de professores sete projetos, dos quais quatro foram selecionados para implementação e receberam incentivo financeiro.

Já o Escuela en Salida, implementado em 2020, é um projeto específico da unidade internacional da rede, o Colégio Espanhol Santa Maria Minas – Unidade Cidade Nova. O projeto beneficia estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais de uma escola municipal, que aprendem a língua e a cultura espanholas, com o auxílio voluntário de um professor e de estudantes da Unidade Cidade Nova.

São ministradas aulas on-line e presenciais, sendo que os alunos do CSM Minas participam da preparação da aula e, também, oferecem o apoio pedagógico. Em 2023, cerca de 20 alunos da escola pública frequentaram assiduamente as aulas e oito voluntários da Unidade Cidade Nova dedicaram-se ao voluntariado. No final do ano letivo, os beneficiados também recebem certificado de conclusão do curso.

Assim como os projetos listados, o programa Paz na Escola, desenvolvido em toda a rede de Colégios, potencializa o diálogo e a mediação no enfrentamento de conflitos e o protagonismo estudantil, por meio de uma série de atividades e ações concretas de cooperação e responsabilidade social, realizadas em todas as etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio), que extrapolam os muros da escola. No bojo das ações do programa, propõe-se que os alunos sejam verdadeiros construtores da paz.

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COLÉGIO SANTA MARIA MINAS

Vida Pastoral

Ao visar a evangelização das crianças, o Colégio oferece a Catequese de Iniciação Cristã em preparação à Primeira Eucaristia, além do Ensino Religioso que permite o diálogo sobre diferentes

Tradições Religiosas — com ênfase na perspectiva cristã —, além de projetos, como o “Dia da Família na Escola”. Não obstante, há um trabalho contínuo de parceria com o Projeto Social Providens, da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Para a juventude, a rede oferece a catequese preparatória para a Crisma, além de atividades integradas ao componente curricular do Projeto de Vida. Há, ainda, um serviço de Voluntariado Pastoral que convoca os jovens dos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio a atuarem em diferentes frentes de serviço.

Inspirado pelo apelo do Papa Francisco em repensar a econo-

mia, o CSM Minas desenvolve um projeto inovador em suas Unidades Escolares, o “Economia de Francisco e Clara”, especialmente dedicado à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Os alunos são incentivados, desde a infância, a desenvolver uma visão consciente e responsável em relação aos recursos naturais, ao consumo sustentável e à solidariedade social.

Para os alunos do Ensino Médio, oferta-se o componente curricular eletivo Compromisso e Responsabilidade Social, que tem o objetivo de fazer o jovem refletir sobre a importância do trabalho voluntário no desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional. Ao longo do ano letivo, os estudantes aprendem o que é o voluntariado, conhecem sua regulamentação e seus impactos na sociedade. Trata-se de uma eletiva bem avaliada pelos alunos, que

Expandindo a identidade

O CSM promove o Projeto Paz na Escola ao longo de todo o ano letivo, com atividades especiais desenvolvidas durante uma semana temática, no primeiro semestre, que é realizada pelos professores de Ensino Religioso e demais membros do corpo docente. Esse Projeto tem por finalidade despertar um novo olhar sobre as relações interpessoais na comunidade eclesial-escolar, de modo especial, no relacionamento do corpo discente. Durante essa semana são propostas reflexões, a partir da vida de líderes da paz e dos documentos eclesiais, além de atividades interdisciplinares e artísticas, culminando na Celebração da Paz.

tem demonstrado grande interesse no voluntariado.

Quanto à evangelização das famílias, os presbíteros se mantêm presentes para atender os responsáveis dos alunos e também promovem momentos de oração, celebrações eucarísticas e eventos formativos ao longo do ano. Quanto aos educadores e colaboradores, a rede oferece momentos formativos, nos quais são incluídas as Jornadas Pastorais. Em tais ocasiões, são demonstrados o caráter identitário do Colégio, a colegialidade e a comunhão de valores.

São muitas as ações pastorais abraçadas pela comunidade educativa, há anos, e que já foram incorporadas ao calendário letivo, como as Campanhas do Leite e do Agasalho, além de atividades específicas de Unidades Escolas, que visam o protagonismo juvenil e a responsabilidade social.

Há também a Campanha do Leite, que é realizada ao longo do ano, na qual cada Unidade fica responsável por arrecadar leite do tipo longa vida, durante determinado mês. Nos grupos de jovens e de voluntariado pastoral também há espaço de diálogo inter-religioso e ecumênico.

Por fim, destaca-se que o Colégio Santa Maria Minas celebrou convênio com a Embaixada da França no Brasil e, anualmente, participa do Projeto FrancEcoLab Brasil. Este projeto envolve a cidadania global e discute temas importantes para uma ecocidadania e a responsabilidade com a Casa Comum.

“Baseado no humanismo cristão e na doutrina da Igreja, tem como missão: oferecer educação de excelência, alicerçada nos pilares do Evangelho de Jesus Cristo, na ciência, no amor e na disciplina.

79 COMO FERMENTO NA MASSA
Rede Agostiniana Missionária de Educação: educando

para o compromisso com o

Reino na promoção da justiça, da paz e da integridade da criação.

A Congregação Agostiniana Missionária foi fundada em 6 de maio de 1890, em Madrid, na Espanha. Atualmente, está presente em 17 países ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde primeiro se instalou em Catalão (GO), em 1921. Foi constituída em Sociedade Civil apenas em 1949.

Denominada Congregação Agostiniana Missionária de Assistência e Educação — Entidade Beneficente de Assistência Social, tem como atividades preponderantes a Educação Básica, a Secundária e a Assistência Social — Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

Presente em 10 cidades de cinco estados brasileiros, conta com mais de 4.923 alunos. A Rede tem sede em São Paulo (SP), além do Colégio Cristo Rei e do Centro Educacional Santo Agostinho, que é, também, obra social. A atuação se estende aos seguintes municípios: Jundiaí (SP), Catalão (GO), Goiânia (GO), Jataí (GO), Belo Horizonte (MG), Divisópolis (MG), Rio de Janeiro (RJ), Soure e Portel (PA).

A Congregação de Agostinianas Missionárias está inserida na Igreja, como parte ativa da missão de anunciar o Reino de Deus e colaborar na sua construção, isto é, evangelizar por meio da tarefa educativa. Compreende que a educação não será integral se ignorar a dimensão espiritual e o cultivo dela.

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REDE AGOSTINIANA MISSIONÁRIA DE EDUCAÇÃO

Os pilares da fraternidade Agostiniana são: Interioridade, Vida em Comunidade e Serviço à Igreja, com destaque para a Amizade. É missão da Rede vivenciar, na prática, os valores: Interioridade, Verdade, Liberdade, Amizade, Comunidade e Justiça Social, vivendo o amor incondicional a Deus, que une alma e coração com o propósito de educar evangelizando.

Para alcançar esse objetivo, há um projeto de Pastoral educativa que norteia o agir de todas as unida-

Currículo Evangelizador

Os pilares da espiritualidade da Congregação Agostiniana balizam e permeiam as atividades curriculares. Algumas unidades vivenciam um importante projeto, denominado Acolhida, que se trata de um momento inicial das atividades diárias, em que as crianças são motivadas a sentir o desejo de encontrar Deus, de falar com Ele. Por meio de histórias, canções, dinâmicas e encenações em volta de um tema norteador, as crianças são levadas a refletir e a rezar.

Além disso, valores, como partilha, solidariedade, respeito e amizade, são sementes plantadas em todos os encontros. Em contato com os textos bíblicos, as crianças conhecem a mensagem, refletem sobre o que aprenderam e, em seguida, são convidadas a partilhar com a família. A prática é concluída com um convite para conversar com Deus, por meio da oração, que pode ser conduzida por uma professora ou uma criança — como uma forma de ensinar sobre um

Vida Pastoral

Sob a visão de que a evangelização se dá mais pelo exemplo do que pela pregação, para a Rede, é fundamental que o ambiente escolar e de projeto social exale um clima de acolhimento, entreajuda, empatia, cordialidade, respeito e alegria. Nesse cenário, celebram-se a vida, os dons e a Criação, com louvor e gratidão a Deus. Esse ambiente convida as

des quanto à intencionalidade da ação educativa já fundamentada em Documento Congregacional. Por meio da educação — especialmente, da infância e juventude — e da promoção humana, a Rede colabora com o homem no processo de plena realização, para que surja como pessoa consciente da dignidade, sã, crítica, aberta aos valores transcendentes e comprometida com o Reino na promoção da justiça, da paz e da integridade da Criação.

Deus que é puro amor e que escuta.

Por fim, eixos temáticos, de acordo com a faixa etária dos alunos, norteiam o planejamento do ano, desenvolvido para além das aulas de educação religiosa, pois atravessa os demais componentes curriculares. Semelhantes a esse projeto com os alunos da Educação Infantil, são os dias de convivência com os estudantes a partir do 6º ano.

Vale destacar o papel da Campanha da Fraternidade, que acompanha todo o ano letivo, tendo como momento forte a celebração da Páscoa, com ato celebrativo e gestos concretos de solidariedade. Ela é associada aos eixos temáticos, que contemplam, entre outros, o autoconhecimento, o sentido de estar no mundo, a vocação transcendente do ser humano, a responsabilidade de cada um pela vida em geral e a vida compreendida em toda a amplitude das relações.

pessoas à doação, primeiro de si, ajudando uns aos outros nas necessidades e dificuldades.

Da criança ao adolescente, a Rede diversifica a forma de abordar os mesmos temas e aspectos. Na Congregação, é comum ver meninos e meninas de 14 a 17 anos presentes em creches ou abrigos de crianças com a finalidade

de recreação. Da mesma forma, é comum que os ex-alunos estejam engajados em causas sociais, ONGs, Grupos de Jovens ou na catequese, decorrente das experiências vividas no colégio.

Na vida fora da comunidade educativa, a Rede atinge os familiares, principalmente por meio das ações realizadas com as crianças

81 COMO FERMENTO NA MASSA

e com o incentivo de tornar a oração um hábito em família. O movimento se inicia por atos simples, por exemplo, reunindo a família no café do Dia das Mães ou do Dia dos Pais, precedido por um momento de oração.

Outro exemplo é durante a formação dos grupos de catequese para a Primeira Eucaristia, pois os primeiros, na sala de catequese, são os pais, que também participam dos momentos de interiorização, os quais são iniciados por espiritualidade.

Quanto à formação do corpo docente, a Rede entende que é fundamental infundir o espírito evangelizador nos educadores. Nas semanas pedagógicas, são promovidos momentos especiais de formação e espiritualidade. Outros são programados ao longo do ano letivo, para reunir o grande grupo de todas as unidades e promover o conhecimento do Evangelho, da espiritualidade agostiniana, oferecendo elementos para que sejam cristãos.

Expandindo a identidade

O primeiro princípio para a integração é a clareza de que somos escola católica, na qual cabem todos. Com isso, fica claro que a formação religiosa não será catequética; será, antes de tudo, fazer reconhecer a transcendência do ser humano, sua vocação ao infinito, seu estar no mundo com sentido — ou seja, conduzir a uma vida de fé.

As unidades escolares da Rede decidem o trabalho voluntário de acordo com a realidade, de maneira

As datas comemorativas e os tempos litúrgicos são valorizados, especialmente a Quaresma, a Páscoa e o Natal. A Rede ainda celebra as datas dos padroeiros, organiza celebração em ação de graças pelo fim de cada ano escolar, além de comemorar o Dia das Mães e o Dia dos Pais. A Rede criou a tradição de celebrar não só ritos sacramentais, mas momentos fortes, atitudes de gratidão, expressão de alegria pelas experiências vividas e o fortalecimento do espírito de comunhão fraterna.

que um possui parceria com uma ONG, enquanto a outra realiza um projeto voluntário em abrigo e outra desenvolve projetos em prol da preservação da natureza, por exemplo, organizando coletas seletivas e dando destinação adequada.

A escola formal e os projetos sociais significam um grande campo de evangelização, que exige muito trabalho. Ignorar o potencial desse campo e abandoná-lo significa uma renúncia à missão cristã.

“É missão da rede vivenciar na prática os valores da Interioridade, Verdade, Liberdade, Amizade, Comunidade e Justiça Social, vivendo o amor incondicional a Deus, que une alma e coração com o propósito de educar evangelizando e evangelizar educando.”

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REDE AGOSTINIANA MISSIONÁRIA DE EDUCAÇÃO
Claretiano — Rede de Educação: fazendo da educação um modo de ser e de atuar em favor do crescimento do Reino de Deus

A Congregação dos Missionários Claretianos foi fundada em 16 de julho de 1849, na Espanha, por Santo Antônio Maria Claret e outros cinco sacerdotes. Seu objetivo era anunciar, por meio do serviço missionário, o Evangelho de Jesus Cristo a todo o mundo. No Brasil, os Claretianos chegaram em 1895; há mais de um século, dedicam-se ao ensino de qualidade em Colégios, Faculdades e na Educação a Distância, presente em todo o território nacional.

Em 2013, visando unir todas as suas unidades educativas, foi criada uma nova marca: o Claretiano — Rede de Educação. O conceito da Rede surgiu para promover o crescimento harmônico de toda a comunidade educativa, unificando-a em todos os sentidos: no âmbito administrativo, pedagógico e visual. Além disso, foram realizadas melhorias das estratégias de

gestão e criação de um novo modelo de governança, alinhado à missão institucional e ao Projeto Educativo Claretiano.

Hoje, a Rede atua em todos os estados brasileiros, contemplando dois centros universitários, duas faculdades, mais de 90 polos de educação a distância e nove colégios com ensino básico, fundamental e médio.

As instituições educacionais foram criadas com o carisma de anunciar a Palavra de Deus. O serviço dessa Palavra abrange uma vasta área de atividades que, embora bem distintas, se unem em sua finalidade de educar. A educação claretiana fundamenta-se na dimensão antropológica, compreendendo que a vida humana se apresenta como uma obra inaca-

83 COMO FERMENTO NA MASSA

bada, como um projeto a ser realizado e alimentado pela tendência interior de atingir a plenitude.

Sendo assim, entende-se por missão o princípio que está na origem dos trabalhos e atividades institucionais, norteado pelo compromisso de assumir um trabalho de evangelização, já que educar é um modo de ser, um modo de significar e um modo de atuar em favor do crescimento do Reino de Deus.

Currículo Evangelizador

O projeto educativo claretiano possui uma proposta humanista/pastoral. Ao início de cada semestre letivo, na semana pedagógica da educação básica é oferecida uma formação aos educadores, à luz de algum documento da Igreja. Nos últimos anos, a Rede teve como base as encíclicas Laudato si, Fratelli Tutti e os compromissos do Pacto Educativo Global, além da formação sobre a Campanha da Fraternidade.

Vida Pastoral

As unidades escolares estão ligadas e assistidas, em sua maioria, pela comunidade religiosa claretiana local. A rede encaminha os alunos para a busca pela vivência da espiritualidade cristã católica — sem excluir as famílias e crianças de outras crenças. Ao início de cada aula, os alunos são convidados para acompanhar um momento de oração, seja por meio de orações católicas, preparadas pela pastoralidade, ou, ainda, num momento espontâneo de pedido e ação de graças.

A Rede possui parcerias com as paróquias locais, para que os estudantes participem da catequese e, assim, sejam inseridos em uma comunidade eclesial. Destaca-se ainda a participação da comunidade escolar em momentos celebrativos, como a Festa da

Como instituição católica de ensino, deve garantir, de forma permanente e institucional, o diálogo entre a razão e a fé, entre o Evangelho e a cultura, contribuindo para aprofundar o conhecimento do significado e o valor da pessoa humana. Enquanto instituição claretiana, tem como compromisso carismático o Serviço Missionário da Palavra; assim sendo, assume o ministério educativo como um modo de colaborar para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

Para a educação superior, dentro do programa de formação continuada que ocorre a cada início de semestre, membros da mantenedora — missionários claretianos na função de governo provincial — oferecem formações carismáticas congregacionais e eclesiais, à luz de documentos da igreja.

Padroeira, a Festa do Fundador, a Missa de Páscoa e a Festa do Imaculado Coração de Maria. Esses momentos são realizados no espaço dos colégios e da paróquia.

Já no ensino superior, a realidade se apresenta um pouco mais desafiadora para a pastoralidade, tendo em vista o perfil dos estudantes oriundos de diversos credos e com realidades distintas. Diante deste cenário, a rede oferece a assistência dos missionários claretianos no tocante às celebrações, palestras, além do apoio sacramental e de aconselhamento espiritual àqueles que procuram.

Para os pais e alunos do Fundamental II e Ensino Médio, é confeccionado um material próprio para

estudo da Palavra de Deus, ressaltando a importância do contato com o Evangelho para orientar a viver e amar. No Dia da Família e nos encerramentos, os pais são inseridos diretamente no ambiente escolar. No ensino superior, a Rede conta com um setor responsável pelo acolhimento das famílias: o Programa de Atendimento ao Discente (PRADI) — um espaço de atendimento virtual e presencial nas áreas espiritual, psicológica, psicopedagógica e social.

Além disso, semanalmente, é celebrado o Sacramento da Eucaristia nas Unidades Escolares e Instituições de Ensino Superior próximas às comunidades claretianas. Nas outras unidades, os padres de paróquias próximas são convidados para dar assistência.

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CLARETIANO — REDE DE EDUCAÇÃO

Expandindo a identidade

A Rede conta com uma série de atividades em seu currículo, que contemplam a participação de pessoas de outras confissões, além da católica. Destacam-se as ações ligadas ao voluntariado, demais campanhas, formação humana e momentos de partilha da vida e de educação socioemocional.

O Claretiano Solidário, por exemplo, é um projeto que leva estudantes e profissionais, ligados às Instituições de Ensino Superior, para realizar, de forma voluntária, atendimentos e oferecer formações dentro de sua área de atuação para as pessoas da localidade.

Em parceria com o poder público, a rede procura direcionar suas práticas, suas perspectivas e a alocação de recursos para instrumentalizar a saúde, a educação, a cultura, a ciência, a comunicação e a pastoral, promovendo ações que possibilitem à população direitos básicos, vida digna e conhecimento.

A Educação a Distância (EaD) também é uma medida que permite expandir a identidade da rede, ao promover uma oportunidade ao ensino democrático — uma vez que a modalidade cria condições favoráveis ao ingresso do público-alvo da educação especial e outros tipos de necessidades.

O Centro Social e Esportivo Claretiano Terra Nova é um projeto que foi construído com o objetivo de promover a integração humana, cultural e social, com atendimento educacional, de assistência social,

jurídico e saúde, dirigido à população carente. Além disso, o intuito do projeto também é disponibilizar à comunidade acadêmica o contato com as questões sociais do município e, de forma direta, o contato com o trabalho social.

A Rede ainda conta com o projeto de Centro de Carreira, que tem como objetivo disponibilizar serviços gratuitos para orientação e acompanhamento dos discentes e egressos do Claretiano – Centro Universitário, bem como a integração entre estes e empresas parceiras.

Por fim, visando a ecologia integral, são desenvolvidas ações direcionadas ao cuidado da Casa Comum e à formação integral da pessoa humana. Destaca-se a proposição de que o Ensino Médio elabore projetos para resolução de problemas sociais e ecológicos ligados à escola e à comunidade na qual estamos inseridos.

São realizados projetos como arrecadação de roupas, agasalhos e alimentos para serem direcionados às pessoas em situação de vulnerabilidade social; além disso, campanhas como arrecadação de lacres de latinhas e tampinhas de garrafas pet, para serem direcionadas para instituições coletoras desses materiais. Com o protagonismo dos estudantes, a iniciativa promove o vínculo entre os segmentos da escola, a inter e multidisciplinaridade e o despertar para a responsabilidade com os mais necessitados.

“Na missão de capacitar a pessoa humana para o exercício profissional e para o compromisso com a vida, mediante uma formação integral. Esta missão se caracteriza pela investigação da verdade, pelo ensino e pela difusão da cultura, inspirada nos valores éticos e cristãos e no Carisma Claretiano, que dão pleno significado à vida humana.”

85 COMO FERMENTO NA MASSA
Irmãs Batistinas: educando gerações maduras e conscientes com firmeza e ternura

A Congregação das Irmãs de São João Batista foi fundada na pequena cidade de Angri, na Itália, em 26 de setembro de 1878, pelo Padre Afonso Maria Fusco. A partir desta data, nasceu a Família Batistina, sob o olhar materno de Nossa Senhora das Dores, com fervorosa celebração eucarística, coragem, ousadia e muita oração. Nas palavras do fundador: “Senhor, eu não tenho nada a não ser o amor. Faça com que o amor se transforme em Providência”.

O Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD), Unidade Floresta, em Belo Horizonte (MG), foi fundado em 1950. O que se iniciou como colégio interno para meninas, com o passar do tempo passou a semear

valores e conhecimentos para toda a comunidade educacional, formando crianças, jovens e adultos para uma atuação plena na sociedade. Em 2018, as Irmãs Batistinas assumiram uma nova unidade escolar, no bairro Pompeia, na Zona Leste da capital mineira. A rede também conta com o Colégio Angelorum, no Rio de Janeiro (RJ).

Com a solidez e a brandura de uma instituição experiente na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Rede Batistinas atua em oito cidades de seis estados, contando com três unidades de Educação Básica na rede particular e sete Obras

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IRMÃS BATISTINAS

Sociais de cunho educativo.

A identidade da Educação Batistina está marcada pelos ensinamentos de Jesus de Nazaré, apontados por Santo Afonso Maria Fusco, priorizando uma educação integral que tem como pilar o trinômio educacional: educação científica, humana-cristã e profissional. Aliados a isso, estão os valores de integridade, respeito e excelência, fundamentados na fé cristã e no rigor acadêmico.

Os colégios Nossa Senhora das Dores e Angelorum se compreendem como escolas em pastoral, em contínuo movimento de busca, resgate e acompanhamento dos atores envolvidos na comunidade educativa. Todos os profissionais, de todas as áreas e segmentos, são chamados a dar testemunho de Jesus, que acolhe, respeita e integra os seres humanos. Este espírito pastoral deve ser perceptível nas pequenas experiências do cotidiano das escolas, por meio do cuidado e da responsabilidade cultivados como carisma da rede.

Assim, a Pastoral Escolar torna-se o coração pulsante da escola católica, que se manifesta como diferencial no convívio cotidiano, na forma de ensinar e nos objetivos da formação integral. Enquanto departamento, sua missão evangelizadora visa levar a Palavra de Deus, lançar luzes, pensar criativamente a atualização do Evangelho e testemunhar, na prática, os valores do Reino dos Céus.

Esses objetivos são alcançados por meio dos gru-

Currículo Evangelizador

O currículo do Colégio Nossa Senhora das Dores é construído alicerçado nos valores de Jesus, iluminado pelo legado deixado por Santo Afonso Maria Fusco, possibilitando uma educação integral ligada a todas as dimensões do ser humano. Os projetos pastorais pedagógicos promovem a unidade com toda a Igreja, como o Projeto de Pesquisa Interdisciplinar que vem, ano após ano, discutindo e refletindo os temas propostos pela Campanha da Fraternidade,

Neste projeto, é realizado um trabalho envolvendo todos os componentes curriculares. Guiado pelo método “ver, julgar e agir”, sua execução acontece

pos de pastoral, celebrações, encontros e o serviço de aconselhamento. A fim de concretizar o carisma batistino de educar, promover e evangelizar, a rede coloca em prática a máxima de Santo Afonso Maria Fusco: “Que até a nossa sombra possa fazer o bem”. Nesta dinâmica, se aplica o apelo do Papa Francisco por uma Igreja em saída, como um convite: ser uma escola em saída, uma escola missionária que não tem medo de ir até às periferias existenciais.

Inspirada em Jesus de Nazaré, na Virgem Maria e no patrono da mantenedora, São João Batista, os projetos da Pastoral estão organizados nas seguintes frentes: Evangelização, Voluntariado e Celebrações. Estas frentes incluem: catequese infantil e jovem, grupos de pastoral escolar, ações missionárias de voluntariado e momentos de celebração.

A catequese, por exemplo, promove uma experiência do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, criando um lugar de partilha de vida e de fé no qual as crianças se sintam acolhidas. A partir disso, visa acompanhar o crescimento humano, espiritual e moral das crianças em catequese, tendo como maior critério o Evangelho de Cristo.

O modelo adotado segue a metodologia da “Catequese Permanente”, que procura diversificar práticas e não objetiva apenas um aprendizado racional das verdades de fé, mas prioriza o encontro com Jesus Cristo — uma pessoa viva e real. Essa é a experiência da comunidade de fé que a rede educacional visa imprimir: comunidade que reza, partilha e convive.

normalmente em forma de estudo de casos e estudos teóricos, tendo sua culminância em alguma ação solidária, que envolve toda a comunidade escolar.

Assim, constrói-se um currículo evangelizador que integra a ciência, a excelência acadêmica, a formação cristã, a cultura da solidariedade e da paz. Junto à sensibilidade estética, formação política e ética, ação pastoral e consciência socioambiental, desenvolve-se em cada estudante uma mentalidade cristã aliada a uma consciência crítica, para relacionamento e atuação na sociedade.

87 COMO FERMENTO NA MASSA

Vida Pastoral

Uma das principais ações de evangelização, desenvolvidas em prol das crianças e jovens, é a formação humana-cristã concretizada na Frente de Evangelização da Pastoral Escolar, onde é ofertada uma formação continuada, contemplando os segmentos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Desta forma, é oferecido um caminho de formação humana-cristã que dura aproximadamente nove anos.

Na formação de educadores, é trabalhado o carisma da Congre-

gação e trata-se sobre o Pacto Educativo Global, a Campanha da Fraternidade e outros temas pertinentes ao exercício de um currículo evangelizador. A Educação Católica, por sua vez, visa transmitir princípios e valores que, aliados aos saberes técnicos, ajudam a construir uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

Quanto à dimensão celebrativa, os eventos litúrgicos acontecem ao longo do ano letivo, sendo celebrados com toda a comunidade escolar. Datas comemorativas,

Expandindo a identidade

Para o Colégio Nossa Senhora das Dores, o diálogo e a fraternidade são imprescindíveis. Sendo assim, a rede acolhe alunos não católicos de forma receptiva, visando promover um ambiente de diversidade e respeito mútuo. A Pastoral Escolar tem grupos de vivência, os quais integram todos os estudantes, independente do credo.

como a Páscoa, o Mês Mariano (maio), o Dia do Fundador e Patrono, o Mês da Bíblia e o Natal, contam com celebrações que envolvem os alunos e seus familiares, convidando a todos para participarem e conhecerem o Evangelho. Além disso, são celebradas também datas não litúrgicas, como o Dia das Mães, dos Pais e dos Avós. Anualmente, acontece a abertura da Campanha da Fraternidade e a Caminhada da Paz; há, também, a celebração dos sacramentos, destacando a Primeira Eucaristia e a Crisma para os estudantes.

Uma das principais maneiras de expandir a identidade cristã e incluir os alunos no processo de evangelização, visando uma formação integral, é por meio dos serviços de voluntariado e das campanhas solidárias, realizados em parceria com instituições de ensino em bairros mais carentes e com as paróquias onde as escolas e obras sociais da Congregação mantenedora estão sediadas.

“Senhor, eu não tenho nada a não ser o amor. Faça com que o amor se transforme em Providência” (Afonso Maria Fusco).

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IRMÃS BATISTINAS

Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade

Cristã:

evangelizando e educando pessoas para uma sociedade humana

e

fraterna

A Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis — Zona Norte (SCALIFRA-ZN) pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã. A entidade, de âmbito internacional, foi fundada na Holanda, em 1835, pela Madre Madalena Damen. As Irmãs Franciscanas iniciaram a missão educativa no Brasil em 1872, na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

Em 1903, constituiu-se em Mantenedora de instituições de ensino, com a denominação de Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis, que foi dividida em duas entidades, devido à expansão para outras regiões. Assim, a sede, em São Leopoldo (RS), passou a ser chamada de Zona Central (ZC), enquanto a nova entidade jurídica, localizada em Santa Maria (RS), recebeu a denominação de Zona Norte.

A SCALIFRA-ZN atende a Educação Básica e o Ensino Superior, contemplando Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Profissionalizante. Atualmente, a Rede encontra-se nos seguintes

estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Regida pela filosofia franciscana, trabalha a proposta educacional com vistas ao desenvolvimento científico, cultural e social, tendo como objetivo a formação da pessoa em sua singularidade e integralidade, contribuindo para a evolução da educação e do processo civilizatório.

A identidade da Rede baseia-se na experiência de educação formal da fundadora, deixando um legado de fé e confiança em Deus Providente. Madre Madalena, por intermédio da Congregação, viveu a confiança em Deus e propagou seu lema: Deus Proverá. Assim, o projeto educacional foi pautado pelo seu modo de vida, inspirado em São Francisco de Assis.

As Escolas Franciscanas identificam-se com esse carisma e criaram uma pedagogia educativa. Esse referencial passou por releitura de tempos e de realidades para, conjugado a novos locais e possibilidades, desenvolver um projeto que integra conhecimento e sentido de vida. A Rede tem por missão oferecer educação integral, inspirada nos princípios

89 COMO FERMENTO NA MASSA

e valores franciscanos, para a formação de cidadãos comprometidos com o cuidado da vida.

A Pastoral evangelizadora, realizada nas escolas da Rede, situa-se na perspectiva do Campo de Humanização — ampliando o trabalho eclesial/paroquial. Dessa forma, mesmo sendo uma instituição confessional, preza pelo respeito ao diferente e por práticas não proselitistas, tal como prevê os documentos legais da educação e da própria instituição. Assim, embasada no humanismo franciscano, o trabalho formativo se dá visando desenvolver Princí-

Currículo Evangelizador

O Referencial Educativo é um documento que traz a concepção de educação e expressa as diretrizes para a elaboração de projetos pastorais e interdisciplinares, bem como para a organização de currículo, planejamento, metodologias de ensino, avaliação da aprendizagem e da instituição, formação continuada de professores e atendimento à educação inclusiva.

Vida Pastoral

As escolas da SCALIFRA-ZN promovem o engajamento dos estudantes e das famílias em ações internas e na sociedade em geral. A primeira caracteriza-se pela promoção de espaços onde a dimensão espiritual humana é desenvolvida, tais como: a participação em celebrações, o acompanhamento catequético-formativo, a participação em eventos, entre outros.

Já as ações realizadas nas comunidades locais associam-se à solidariedade e ao compromisso com as pessoas em situação de vulnerabilidade, como a arrecadação de roupas, de alimentos e de outros gêneros de necessidades básicas. Destacam-se as seguintes

pios, Valores e Atitudes, numa perspectiva integral do ser humano, de modo a traduzir a essência motivacional para a gestão e a prática pedagógica.

Essa base está contemplada no Referencial Educativo da Rede, que procura o fortalecimento da missão de educar pessoas para realizarem o próprio percurso formativo por meio da Educação Básica e do Ensino Superior. Assim, a Rede visa estabelecer as diretrizes conceituais pedagógicas e de gestão, com base na filosofia e espiritualidade franciscanas, para que essa identidade se concretize na prática educativa das instituições de ensino.

A Rede oferece, ainda, encontros de formação, nos quais se aprofunda conhecimentos relacionados à identidade filosófica-espiritual da Mantenedora, assim como temas voltados à espiritualidade franciscana, à formação integral, à prática docente e ao testemunho de vida. Desses momentos, participam todo o corpo docente, colaboradores e demais funcionários das escolas.

ações: realização de Caminhadas da Paz, ações de conscientização e intervenção ecológica e cuidado com a Casa Comum, participação nas Campanhas da Fraternidade propostas pela Igreja e muitas outras formas de atuação e testemunho.

As escolas proporcionam, ainda, espaços sagrados de cultivo e vivências, sejam físicos (capelas, oratórios e outros) ou reflexivos (práticas de oração e devoção) que oportunizam ao aluno e ao professor o diálogo com o transcendente e com a própria transcendência.

Tratando-se do trabalho formativo realizado com as juventudes,

destaca-se a formação de grupos de jovens, de canto, de oração e de ação solidária organizados em algumas escolas. O engajamento juvenil é motivado, também, por projetos e pela participação em ações pedagógicas-pastorais, de modo a fomentar o reavivamento espiritual e religioso.

Visando a integração entre família e escola, a Rede promove palestras, momentos de convivência, lazer e reflexão para os familiares dos estudantes. Os eventos, as celebrações e os momentos culturais também consolidam a máxima de oferecer uma visão cristã da vida.

Além disso, a Rede desenvolve a

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IRMÃS FRANCISCANAS DA PENITÊNCIA E CARIDADE CRISTÃ

formação franciscana objetivando o aprimoramento pessoal, profissional e espiritual dos docentes. Para a SCALIFRA-ZN, não basta o conhecimento formal e nem só a competência profissional; é preciso reconhecer que a aprendizagem se dá nas relações, as quais exigem habilidades ligadas à prática cristã.

Esse processo formativo se dá por meio de reuniões pedagógi-

cas, em que elementos da espiritualidade também são apresentados; acontece, ainda, por meio de retiros; encontros presenciais e virtuais; participação em celebrações; indicações de leitura; produções de atividades escritas e artigos, entre outras.

A dimensão celebrativa é inerente à espiritualidade franciscana, com ênfase na celebração da vida, presente na organização

Expandindo a identidade

A Educação Básica segue as orientações dos documentos legais e normativos para o Ensino Religioso, trabalhando respeitosamente a questão das identidades e alteridades. Nesse cenário, os estudantes recebem um acompanhamento para que reconheçam, valorizem e acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às semelhanças e diferenças. Assim, salienta-se que os momentos celebrativos, formativos, eventos e projetos realizados na escola carregam a confessionalidade, sem negar o caráter ecumênico dialogal.

Por meio de projetos de sustentabilidade, a Rede também realiza ações de mobilização da comunidade educativa e de pessoas de diferentes setores para a coleta de material reciclável, com o fim de reduzir a produção de lixo e preservar o meio ambiente. Desenvolve, ainda, projeto que incentiva o estudante a criar o hábito da alimentação saudável, a partir do conhecimento de como cuidar das hortaliças e reconhecer a época da plantação.

Outro destaque é o projeto que atende e beneficia estudantes da Educação Infantil e suas famílias em situação de vulnerabilidade social. São realizadas atividades visando o fortalecimento da autoestima, de convivência e relacionamento em grupo, restau-

curricular. Tal dimensão encontra-se no Referencial Educativo para o Ensino Religioso, definida como Unidade Temática. Portanto, se faz presente na organização pedagógica e na elaboração dos planos de aula. O trabalho eclesial ainda é responsável pelo incentivo ou pela oferta de catequese na escola, missas realizadas nas escolas/igrejas com a participação de estudantes e colaboradores, entre outras ações.

ração dos laços familiares e comunitários, contribuindo para o efetivo exercício da cidadania. Por meio de projetos esportivos, promove a qualidade de vida, o cuidado com a saúde, o fortalecimento de valores éticos, a transformação humana e a qualificação profissional.

As relações da Universidade com a sociedade são diversificadas e abrangentes. Por exemplo, o Ensino Superior dispõe de Clínicas Integradas em Saúde que atendem pessoas idosas, pessoas com deficiência (PCD) e com vulnerabilidade socioeconômica. Encaminhadas pelas Secretarias de Saúde de Santa Maria (RS) e de municípios vizinhos, oferecem atendimentos nas áreas de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional, Biomedicina e Residência.

O Núcleo de Práticas Jurídicas atende pessoas consideradas hipossuficientes economicamente, mantendo convênios com os seguintes órgãos: Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul e Receita Federal. A Universidade possui parceria com a Associação de Selecionadores de Materiais Recicláveis (ASMAR) e com a Secretaria de Município da Educação de Santa Maria (RS), o que contribui com a formação de professores.

“A fundadora, Madre Madalena Damen, viveu intensamente a confiança em Deus e propagou por sua vida e atividade apostólica, por intermédio da congregação, seu lema: Deus Proverá.”

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Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência:

formando a interioridade dos jovens para uma vida de responsabilidade e solidariedade

A Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA), fundada em 1934, é uma associação civil e filantrópica, sem fins lucrativos, que se destaca por seu compromisso beneficente, educativo, cultural e assistencial. Sediada em São Paulo (SP), a SAEA expandiu suas atividades para diversas cidades e capitais brasileiras, como Goiânia (GO), Guarulhos (SP), Campinas (SP), Bragança Paulista (SP) e Pirassununga (SP). Ao longo dos anos, suas obras assistenciais alcançaram notável impacto, atendendo gratuitamente 2.226 crianças, distribuindo cerca de 50.000 refeições mensais e 1.250 cestas básicas por mês. Com um total de 11.177 estudantes atendidos em seus 4 colégios localizados em São Paulo, Pirassununga e Goiânia e com 2.226 crianças atendidas nas creches de São Paulo, Campinas, Guarulhos e Goiâ-

nia, a SAEA se tornou uma referência em educação e assistência social.

Além disso, suas instituições educacionais não são apenas espaços de ensino, mas também de formação humana. A identidade da instituição baseia-se em valores sólidos que guiam suas atividades. A excelência é uma prioridade, cultivando uma cultura que busca o melhor em todas as suas ações, mantendo-se atualizada e preparando os jovens para uma vida de sucesso. Além disso, a SAEA valoriza a colaboração, respeitando as individualidades e promovendo o trabalho em equipe, para alcançar seus objetivos com sinergia e eficácia.

A humanização é outro pilar essencial, evidenciado

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SOCIEDADE AGOSTINIANA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA

pela valorização da interioridade, da vida em comunidade e do respeito à diversidade. Em todas as suas instituições, a SAEA promove um ambiente familiar, onde o cuidado e o acolhimento são fundamentais. Por fim, a busca pela transformação e a transparência são inerentes às ações da SAEA, que constantemente promove espaços de evolução organizacional, pautados por ética, honestidade, responsabilidade social e práticas sustentáveis.

A proposta pedagógica da Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA) baseia-se em três pilares fundamentais: Interioridade, Vida em Comunidade e Serviço à Humanidade. Estes pilares são alicerces da formação pessoal, social e profissional oferecida pela SAEA, garantindo uma educação que não se limita apenas ao ensino acadêmico, mas que busca formar cidadãos conscientes, solidários e comprometidos com o bem-estar coletivo.

O pilar da Interioridade refere-se ao desenvolvimento do eu interior de cada indivíduo. Na SAEA, valoriza-se a reflexão e o autoconhecimento como elementos essenciais para o crescimento pessoal, promovendo o equilíbrio emocional e a construção

Currículo Evangelizador

A identidade confessional é uma preocupação central que permeia todas as instâncias da instituição, desde as Jornadas Pedagógicas até as reuniões das equipes diretivas, passando pelas salas de aula. Além de se destacar pela excelência na educação, com seus colégios sendo referências significativas em avaliações nacionais, a SAEA também busca promover a excelência na evangelização. Para garantir a razão de ser da instituição e materializar seu investimento identitário, os gestores empenham-se em construir um currículo pedagógico que reflita essa identidade confessional.

A construção do currículo evangelizador parte da premissa de ser uma Boa Notícia em todas as suas ações e momentos. Isso implica em um esforço constante para integrar a formação do aluno, considerando as dimensões racional, emocional e espiritual. Diversas iniciativas são adotadas nesse sentido,

de uma identidade sólida e autêntica nos alunos e na comunidade em geral, baseada na tradição cristã.

Já a Vida em Comunidade é um pilar que destaca a importância das relações interpessoais e da participação ativa na comunidade. Na SAEA, valoriza-se o espírito de colaboração, solidariedade e respeito mútuo entre todos os membros da comunidade educativa. Por meio de atividades coletivas, projetos sociais e eventos culturais, busca-se fortalecer os laços de união e promover um ambiente inclusivo e acolhedor, onde cada indivíduo se sinta valorizado e integrado.

Por fim, o Serviço à Humanidade enfatiza o compromisso da SAEA com o bem-estar e o desenvolvimento da sociedade como um todo. Valoriza-se o serviço desinteressado e a atuação em prol dos mais necessitados, como parte integrante da formação dos alunos e da missão da instituição. Por meio de projetos assistenciais, voluntariado e ações de responsabilidade social, busca-se promover a justiça social, combater a desigualdade e contribuir para a construção de um mundo mais justo e solidário.

visando sensibilizar toda a comunidade educativa para a importância desse propósito. Os educadores e colaboradores são constantemente incentivados a participar de formações e eventos que os capacitem a integrar essa identidade evangelizadora em sua prática pedagógica.

No cotidiano do fazer educação, o currículo evangelizador SAEA busca articular as diferentes dimensões do ser humano, proporcionando uma educação que vá além do aspecto acadêmico. Projetos, formações dos educadores, ênfases em determinados componentes curriculares e objetos de aprendizagem são estrategicamente pensados para refletir os valores e princípios da identidade confessional da instituição. Assim, a SAEA reafirma seu compromisso com a formação integral de seus alunos, preparando-os para serem cidadãos conscientes, solidários e comprometidos com o bem-estar coletivo.

93 COMO FERMENTO NA MASSA

Vida Pastoral

A Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA) prioriza a evangelização em todas as etapas da vida pastoral, desde a infância até as famílias dos estudantes e educadores. Para as crianças, as atividades de evangelização incluem projetos transversais que vão além das experiências religiosas, como o voluntariado e a ação social. O Ensino Religioso é ministrado por especialistas, da Educação Infantil até o Ensino Médio, sendo que a catequese para a Primeira Eucaristia também é oferecida aos estudantes católicos como atividade no contraturno.

Na evangelização das juventudes, a SAEA promove diversas iniciativas, incluindo preparação para

o sacramento da Crisma, encontros de jovens, campanhas de solidariedade e participação na Jornada Mundial da Juventude. O objetivo é envolver os jovens em experiências que os levem a uma vivência mais profunda da fé e do compromisso social.

A evangelização das famílias dos estudantes é realizada por meio de campanhas de solidariedade, celebrações e encontros específicos, como os das famílias dos crismandos. As reuniões pedagógicas também buscam aproximar as famílias ao projeto educativo-pastoral da escola, incentivando seu envolvimento na formação integral de seus filhos.

Os educadores são evangeliza-

Expandindo a identidade

A Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência (SAEA) tem como missão promover uma educação integral pautada nos valores cristãos, respeitando e acolhendo a diversidade religiosa. No que diz respeito à integração dos estudantes não católicos nas atividades pastorais, a SAEA procura incluí-los de maneira respeitosa e acolhedora, especialmente no Ensino Religioso, onde são realizadas abordagens que buscam envolver todos os alunos, independentemente de sua fé. Além disso, a instituição valoriza o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, promovendo momentos de encontro e troca de experiências entre diferentes tradições religiosas.

No âmbito da integração com a comunidade, a

dos por meio de atividades como as Jornadas Pedagógicas, os Congressos e espaços de oração oferecidos regularmente. A mantenedora também oferece formação teológica diária, seguindo o calendário litúrgico e datas significativas da instituição, visando enriquecer sua espiritualidade e sua capacidade de transmitir os valores da instituição.

A dimensão celebrativa é vivenciada por meio de encontros formativos, passagens de ciclos e celebrações dominicais oferecidas para toda a comunidade educativa. Esses momentos visam fortalecer a espiritualidade e o sentido de comunidade, promovendo uma vivência mais autêntica da fé cristã.

SAEA desenvolve diversos projetos sociais, como campanhas de voluntariado e parcerias com outras organizações e o poder público. Essas iniciativas visam atender às necessidades da comunidade local e promover a solidariedade e o cuidado com o próximo.

A preocupação com a ecologia integral também está presente nas ações da SAEA, que desenvolve projetos como o “Lixo Zero” e orienta para a redução do consumo e a adoção de práticas sustentáveis, tanto dentro quanto fora da instituição. Essas iniciativas refletem o compromisso da SAEA com a promoção de uma consciência ambiental e a preservação do meio ambiente.

“A SAEA tem em suas instituições educacionais um instrumento não só de ensino, mas também de formação eficiente de suas comunidades. Em suas obras sociais, visa proporcionar assistência a crianças e adultos em situação de vulnerabilidade, transformando a vida e a sociedade da qual faz parte”

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SOCIEDADE AGOSTINIANA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA
Rede Salesiana Brasil: evangelizando para formar bons cristãos e honestos cidadãos sob a inspiração de Dom Bosco

A história da Rede Salesiana Brasil é a continuidade e atualização dos primórdios, quando, em 1859, Dom Bosco fundou a Sociedade São Francisco de Sales, que denominaria seus membros de Salesianos de Dom Bosco (SDB). Em 1872, o fundador se uniu com Maria Domingas Mazzarello para formar o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) e que, respectivamente, em 1883 e 1892, vieram para o Brasil e fundaram as primeiras escolas salesianas no país: o Colégio Santa Rosa, em Niterói (RJ), e o Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Guaratinguetá (SP).

A partir de 2002, com quase 120 anos de atuação no país, Salesianos e Salesianas, representados pela Conferência dos Salesianos do Brasil (CISBRASIL) e pela Conferência das Inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora (CIB), decidiram unir suas ações, constituindo oficialmente a Rede Salesiana de Escolas (RSE), que, em 2012, tornar-se-ia, Rede Salesiana Brasil (RSB).

Alinhados pelo Sistema Preventivo Salesiano, método educativo vivenciado por Dom Bosco e Madre Mazzarello, as comunidades educativo-pastorais da Rede Salesiana Brasil (RSB) — enquanto escolas, obras sociais e Instituições de Ensino Superior —, estão espalhadas pelo Brasil, totalizando 24 estados, além do

Distrito Federal.

A rede, portanto, promove a continuidade e a atualização da caminhada dos fundadores na realidade da educação formal, social e comunitária no território brasileiro. Convictos de que estas comunidades educativo-pastorais salesianas podem oferecer ao mundo de hoje um jeito de ser e viver que tenha sentido, em uma permanente busca que responda aos desafios do presente e ao projeto de Deus para toda a humanidade.

Tal proposta carismática representa uma ação pedagógico-evangelizadora voltada para o acompanhamento e a orientação de todos os processos que buscam o desenvolvimento integral dos membros das comunidades educativas. É um modo de comunicar os valores, as crenças e as convicções que caracterizam o estilo de educar salesiano.

Vale ressaltar a necessidade de uma atualização pedagógica constante como algo que já faz parte do pensamento de Dom Bosco, que sempre esteve atento às necessidades do momento histórico, e a oferecer uma resposta válida e eficaz. O conselho dado aos seus colaboradores, em 1883, sobre a necessidade de

95 COMO FERMENTO NA MASSA

conhecer os tempos e se adaptar a eles foi um princípio constante de ação.

A rede tem como foco a educação integral, inclusiva e interdisciplinar, que se estrutura segundo as áreas de conhecimento e se pauta no desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes e valores — abraçando os diferentes saberes, advindos das diferenças culturais, sociais, étnicas, etc. Com isso, visa promover um ensino contextualizado, que seja significativo ao oferecer a razão, a religião e a bondade, como horizontes de vida aos educandos e às educandas.

As Diretrizes Pedagógico-Evangelizadoras da RSB propõem um ensino e uma aprendizagem, cujas funções vão além das tendências da denominada era da

Currículo Evangelizador

O currículo da Rede Salesiana Brasil parte da compreensão da identidade e da missão das Congregações que a compõem, ou seja, da missão educativa dos Salesianos de Dom Bosco (SDB) e das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), que, ao educar crianças, adolescentes e jovens, os evangelizam para que se tornem “bons cristãos e honestos cidadãos”.

A educação na escola católica salesiana é assumida por religiosos e leigos, que compartilham o carisma e a missão educativa, em igualdade de condição, responsabilizando-se: pelo projeto identitário da instituição; pela dinamização do currículo; pelo testemunho da vivência carismática; pelos compromissos profissionais; pela inovação nos projetos e nas solu-

Vida Pastoral

Dentre os projetos desenvolvidos pela evangelização das crianças, destacam-se o Projeto Identità e a Coleção de livros didáticos de Ensino Religioso. O Projeto Identità é uma proposta desenvolvida para os anos iniciais do Ensino Fundamental e para as obras sociais, visando anunciar Jesus Cristo como caminho, verdade e vida, em conformidade com a tradição salesiana, fortalecendo o trabalho da

informação ou do ensino pragmático, conteudista e mecanicista. A rede entende que o conhecimento se constrói a partir da ação protagônica do educando, implantando métodos e estratégias, a fim de que se desenvolvam as habilidades e competências que permitirão o seu crescimento humano, com equilíbrio entre os aspectos cognitivo, afetivo, psicomotor, social e espiritual.

No âmbito da Ação Social, ainda se destacam os compromissos fundamentais da RSB: promoção dos Direitos Humanos; gestão social em Rede; ação socioeducativa de resultados; construção de competências das novas gerações para a vida e cooperação para o desenvolvimento com enfoque social.

Pastoral Escolar.

ções educacionais; e pela sustentabilidade da escola em todas as suas dimensões.

A RSB, alinhada aos novos cenários da educação, à cultura infanto-juvenil e às exigências dos marcos legais da educação brasileira, construiu seu currículo de forma participativa por meio de Grupos de Trabalho com representantes das escolas salesianas de todo o Brasil. Foram elaborados seis cadernos com a finalidade de assegurar a unidade da proposta pedagógica salesiana no Brasil, sendo o principal referencial para as escolas elaborarem os Projetos Pedagógicos locais — de acordo com as suas especificidades e regionalidades.

Nas obras sociais, ainda, são desenvolvidos os Projetos Educomunicação em Ação Social e Mundo Aprendiz. O Projeto Educomunicação em Ação Social nasceu diante dos desafios do contexto pós-pandêmico, para o desenvolvimento das ações socioeducativas, com foco em assegurar que os atendidos aprendam e aprimorem o

letramento educomunicativo, proporcionando uma leitura de mundo crítica e consciente.

A Rede Salesiana Brasil tem em sua essência carismática a predileção pelas juventudes, assumindo a missão de estar nas periferias existenciais, geográficas, emocionais, sociais e espirituais onde a juventude se encontra, assumindo o compromisso de estar ao seu lado, fortale-

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REDE SALESIANA BRASIL

cendo o sacramento da presença, oferecendo o diferencial salesiano de amor e acolhimento, compartilhando suas alegrias e seus desafios, para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

A RSB trabalha em comunhão com a Comissão Nacional da Pastoral Juvenil Salesiana, a qual acompanha de perto os diversos projetos e as ações que dinamizam o carisma nas várias regiões do Brasil. Dentre as iniciativas voltadas à evangelização das juventudes que acontecem nas Inspetorias salesianas, destacamos: Itinerários de Educação à Fé dos Jovens; Articulação da Juventude Salesiana; Semanas missionárias; GAM (Grupo de Animação Missionária); Festival da Juventude Salesiana; Formações para lideranças jovens; Itinerários vocacionais.

Como Rede, a RSB se compromete a testemunhar e anunciar Jesus Cristo de maneira amorosa e fraterna, acolhendo a todos com

a dignidade que Cristo nos deu por sua morte e ressurreição. Em sua ação educativa em rede junto às juventudes, a RSB empenha-se em ser referência de acolhimento em qualquer lugar, nos espaços e pátios habitados pelas juventudes, para que se constituam em ambientes de comunhão, partilhas de experiências, vivências respeitosas e de encontros transformadores de histórias de vida.

Visando a integração dos familiares na comunidade, as unidades educativas têm se empenhado em realizar reuniões periódicas, convidando as famílias para atividades, com o objetivo de entender mais facilmente a proposta educativa salesiana, os objetivos de aprendizagem, visto que a exposição dos trabalhos ajuda aos responsáveis visualizar mais claramente o que é aprendido e quais são os valores que perpassam o projeto pedagógico.

Quanto à formação dos educado-

Expandindo a identidade

Visando acolher os alunos não-católicos, a rede oferece o Ensino Religioso como um ambiente no qual se propõem a compreensão das diferentes tradições, para conhecer, compreender e respeitar. No contexto da integração destes estudantes, a Pastoral desenvolve diversas propostas para a educação à fé, para a formação humana e para as experiências de ação solidária, por meio da reunião dos estudantes na Articulação da Juventude Salesiana (AJS). Além disso, todos são convidados a participar dos projetos de voluntariado, como o VIDES e VIS. Estes são organizados como associações e representam

res, a RSB sempre assumiu como prioridade, instituindo o Centro Salesiano de Formação (CSF) para operacionalizar o projeto de formação continuada, compreendida como caminho para a qualificação da ação educativa e evangelizadora da missão juvenil. O CSF oferece serviços de formação continuada por meio de cursos, webinars, encontros nacionais e locais, seminários e outras iniciativas.

Por fim, a dimensão celebrativa faz parte da rotina das escolas da rede, desde a prática do “Bom Dia ou Boa Tarde” ,inspirada em uma tradição salesiana, até festas litúrgicas, como o Mês Mariano, dedicado à Nossa Senhora Auxiliadora. Durante este período, são realizadas diversas atividades educativo-pastorais, como a novena, o envio das capelinhas de Nossa Senhora, motivando à oração em família, carreatas marianas, peregrinações a santuários marianos, gincanas marianas, celebrações litúrgicas e coroação de Maria.

uma das expressões mais atuais do carisma salesiano, tendo como proposta formar cidadãos e cidadãs responsáveis que se inspiram nos valores evangélicos e atuam na sociedade de forma crítica e propositiva. Sobre a promoção da ecologia integral, a Dom Bosco Green Alliance (Aliança Verde Dom Bosco) é um Movimento Salesiano Verde internacional de pessoas das instituições da Família Salesiana, que contribuem para a ação, pensamento e política ambiental global, cuja representação também se estabelece na articulação das Américas e do Brasil.

“(...) a missão salesiana é fazer com que as crianças, os adolescentes e os jovens saibam e se sintam amados para que possam chegar a crer que realmente Deus os ama.”

97 COMO FERMENTO NA MASSA

Rede Sagrado — Colégios Sagrado

Coração de Maria: promovendo compromisso social através

da

espiritualidade em ação

A Rede Sagrado — Colégios Sagrado Coração de Maria e a Rede de Ação Junto aos Excluídos (REAJE), fazem parte da Área Brasil do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (IRSCM). O Instituto foi fundado em 1849, na cidade de Beziers, no sul da França, pelo Pe. Pierre Jean Antoine Gailhac e seis mulheres lideradas por Marie Appollonie Pélissier Cure. Logo se espalhou pela Irlanda, Portugal, Estados Unidos e Inglaterra, entre outros países — incluindo o Brasil.

Em 1911, religiosas portuguesas da Congregação, expulsas pela Revolução Liberal, migraram para terras brasileiras, onde fundaram colégios em Ubá (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Atualmente, a Rede conta com

quatro unidades escolares no país, em três estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, além do Distrito Federal. Cada unidade da rede mantém, ainda, uma obra filantrópica, chamada de “Projeto Vida”.

Oficialmente estabelecida em 2005, a Rede tem suas raízes operacionais desde 1995, quando foi criado o Centro Administrativo-Educacional da Província (CAEP), responsável pela coordenação dos colégios. No âmbito internacional, a Rede Sagrado - CSCM do Brasil integra a Rede Global de Escolas SCM, composta por 18 colégios situados em diversos países, como Portugal, França, Estados Unidos, Itália, Colômbia, Inglaterra e México.

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REDE SAGRADO — COLÉGIOS SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA

Além de manter os Colégios SCM e os “Projetos Vida”, a Área Brasil do IRSCM, através da REAJE, presta assessoramento técnico e financeiro a quatro entidades socioassistenciais localizadas em Minas Gerais, nas cidades de Janaúba, Curvelo e Belo Horizonte - as quais beneficiam mais de 900 pessoas. O IRSCM tem como missão promover a vida em plenitude para todos através do carisma do Pe. Jean Gailhac. Dessa forma, a prioridade do Instituto é cuidar das mulheres em situação de prostituição, crianças órfãs ou desassistidas por seus pais e as juventudes em situação de vulnerabilidade.

A missão da Rede Sagrado - CSCM é fomentar uma educação de excelência, abrangendo a formação humana, acadêmica, social e cristã dos estu-

Currículo Evangelizador

Entendendo-se como Escola em Pastoral, a Rede Sagrado reflete essa opção no ambiente físico e humano da escola, englobando as dimensões Pedagógica, Pastoral e Administrativa. Os diversos componentes curriculares e a formação dos docentes, coordenações e demais profissionais que participam dessa intencionalidade institucional utilizam-se de algumas ferramentas específicas para forjar o “jeito Sagrado de ser e agir”, caracterizado pela integração de ciência e piedade, suavidade e firmeza, empenho e graça, fé e zelo.

Vida Pastoral

A Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria se destaca pelo incentivo ao protagonismo juvenil, compromisso com a vida e cuidado com a ‘Casa Comum’. Sua ação evangelizadora está sistematizada no Programa de Educação Religiosa (PER), constituído pela Matriz Curricular de Ensino Religioso (MCER) e pela Concepção Pastoral da Rede Sagrado, desdobrada em Ações Solidárias e Educação da Fé.

dantes. O objetivo é proporcionar a construção de projetos de vida colaborativos, imbuídos de sentido existencial e comprometidos com a transformação pessoal e social. Em sua visão, a Rede Sagrado aspira a ser reconhecida pelo emprego de práticas educativas novadoras na formação humana e acadêmica, fundamentadas em valores éticos e cristãos.

Os princípios e valores que norteiam os processos educacionais da Rede Sagrado são a ética, a excelência, a colaboração, a inovação, o compromisso com a vida e o cuidado com a ‘Casa Comum’, condizentes com a ecologia integral, as orientações do Papa Francisco e as necessidades do mundo contemporâneo.

Uma das ferramentas utilizadas são os “Temas Iluminadores”, frases lapidares baseadas na espiritualidade gailhacciana ou nos princípios e valores da Rede Sagrado que, presentes no Plano de Estudo Trimestral (PET), iluminam o agir dos educadores e educandos, dando sentido ao que é trabalhado na sala de aula e nos projetos de aprendizagem. Além disso, visando a difusão e internalização da espiritualidade do IRSCM, é comum o uso de frases ou fragmentos de cartas do Fundador nos documentos, momentos orantes ou reuniões, fortalecendo o sentimento de pertença e a vivência do carisma (promover a vida!).

A Concepção Pastoral, atualizada em 2023 estabelece o que a Rede Sagrado entende por “Escola em Pastoral” e explicita as dimensões do Anúncio, Serviço e Celebração em relação às várias dimensões da comunidade educativa. Deixa claro, também, que o Movimento JPICJustiça, Paz e Integridade da Criação está presente, qual espírito vivificador, tanto nos diversos componentes curriculares quanto na Pastoral, refletindo o compromisso contemporâneo com a promoção

da vida em plenitude (Jo 10,10), o alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a sintonia com as orientações eclesiais.

Em sua missão de evangelização e promoção da vida em plenitude, a Rede Sagrado preocupa-se em envolver os diversos segmentos constituintes da comunidade educativa, desde as crianças até os educadores, passando pelas famílias e antigos alunos.

99 COMO FERMENTO NA MASSA

Para as crianças são desenvolvidas dinâmicas, celebrações e projetos que as sensibilizam para a Transcendência, o respeito à diversidade religiosa e o cuidado com o outros como o projeto ‘’Maria de Casa em Casa’’, que visa levar a espiritualidade mariana para as famílias e o “Sagrado pela Paz”.

Quanto aos adolescentes e às juventudes, são incentivados a fazer parte de grupos de ação solidária e a participar da Missão SCM – Intercâmbio Solidário, do Fórum JPIC SCM, da Jornada de Valores SCM e do Retiro SCM, em que convivem

com diferentes segmentos sociais, vivenciam situações de vulnerabilidade, debatem as causas e soluções de problemas, constroem valores humanizantes, aprendem a ver tudo sob o olhar de Deus, desenvolvem a solidariedade, fortalecem o protagonismo e vislumbram projetos de vida.

Em todas estas ações, as famílias são grandes aliadas. Quando convidadas a participar das celebrações, encontros, campanhas solidárias e outras atividades respondem positivamente, pois sentem que a Rede Sagrado reforça

Expandindo a identidade

A Rede Sagrado - Colégios Sagrado Coração de Maria se destaca pelo acolhimento, inclusão e respeito às diferenças. Convicta de sua identidade cristã-católica, e sem dela abrir mão, sabe que acolhe estudantes e famílias de múltiplas opções religiosas e filosofias de vida, e a todos procura acolher e respeitar, proporcionando um ambiente de diálogo e respeito, voltado para o desenvolvimento de todas as dimensões da pessoa: mente, coração, espírito, corpo.

a união familiar e leva seus filhos a serem pessoas “em saída”.

Quanto à dimensão celebrativa, a Rede Sagrado realiza celebrações do calendário litúrgico e também adota uma prática inclusiva com cerimônias ecumênicas e inter-religiosas ao longo do ano. Elementos simbólicos diversos, uso criativo de músicas, textos e gestos são incorporados para enriquecer a participação dos estudantes. A escolha de espaços diversificados contribui para criar ambientes que estimulem a reflexão e a conexão com Deus.

Além disso, a Rede Sagrado proporciona um forte engajamento social e comunitário participando ativamente de projetos sociais, estabelecendo parcerias com organizações da sociedade civil e dinamizando o JPIC - Justiça, Paz e Integridade da Criação. Sua identidade expandida reflete um compromisso profundo com a formação integral, o protagonismo juvenil e a construção de uma sociedade mais justa, solidária e ambientalmente sustentável.

“Aliamos tradição e modernidade no desenvolvimento de um ensino voltado para a excelência acadêmica e o comprometimento com a transformação social. Um ensino que desperta no estudante a vontade de aprender e investigar mais sobre o mundo em que vive, descobrindo novas possibilidades todos os dias”

100 REDE SAGRADO — COLÉGIOS SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA
Rede La Salle de Educação: promovendo uma educação integral, humana e cristã, que toca corações e transforma vidas

A Rede La Salle de Educação foi fundada em 1780, na França, pelo sacerdote e educador São João Batista de La Salle. Em Reims, no nordeste francês, ele criou a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs. Também conhecidos como Irmãos Lassalistas, foi a primeira congregação religiosa masculina constituída, exclusivamente, por religiosos leigos.

O fundador contribuiu com o surgimento da “civilização escolarizada”, o que viabilizou o acesso gratuito universal e cooperou para a melhoria da educação. Os primeiros Irmãos das Escolas Cristãs chegaram ao Brasil em 1907 e formaram as primeiras Comunidades Educativas Lassalistas no Rio Grande do Sul, nas cidades de Canoas, Caxias do Sul e Porto Alegre, entre 1907 e 1908.

Atualmente, presente em nove estados e no Distrito Federal, a Rede é composta por 48 comunidades educativas, com mais de 56 mil alunos, 3 mil educadores e 2 mil colaboradores. Com fidelidade criativa ao carisma fundacional, os lassalistas aprenderam a dialogar com o tempo, vivendo e enfrentando as mudanças.

Dessa maneira, os irmãos deixaram um legado que enfatiza o anúncio do Evangelho por meio da educação, ao responder, criativa e proativamente, às necessidades das crianças e dos jovens — especialmente dos mais pobres —, tomando para si o legado herdado pela missão dos lassalistas.

Tendo como propósito promover uma educação integral, humana e cristã, que toca corações e transforma vidas, a Rede tem como princípios: associação

101 COMO FERMENTO NA MASSA

para o serviço educativo; fé e zelo; fraternidade; foco na pessoa; ética; excelência educacional; inovação e empreendedorismo; e gestão sustentável.

A Rede La Salle, com fidelidade criativa ao carisma fundacional, busca, no projeto pedagógico-pastoral, dialogar com o tempo, vivendo e enfrentando as mudanças ocorridas. Atentos aos “sinais dos tempos”, os Irmãos Lassalistas perseguem um legado que enfatiza o anúncio do Evangelho por meio da educação, ao responder, proativamente, às necessidades das crianças e dos jovens, especialmente dos mais pobres.

Currículo Evangelizador

A Província La Salle Brasil-Chile compreende a formação de seus membros, tanto irmãos quanto colaboradores, como um constante processo de crescimento humano integral. Visando fortalecer a identidade à luz do carisma herdado dos fundadores, a Rede busca preparar e acompanhar as pessoas a assumirem, com responsabilidade, espírito de liberdade e amor, o próprio crescimento integral, para exercerem bem a missão salvífica de Deus. Para os estudantes, a Rede propõe o Projeto de Vida, interdisciplinar, que convida jovens a revisitarem a própria história, viverem bem o presente, enquanto escrevem o futuro — em curto, médio e longo prazo.

Como forma de organizar o trabalho pedagógico-pastoral, a Rede trabalha com as Forças do Carisma, que são: Fé, Fraternidade, Serviço, Justiça e Compromisso. A partir delas, as escolas lassalistas desenvolvem eixos de atuação. Por exemplo, no eixo Fé, propõe-se os eixos Bíblico Catequético e Litúrgico Celebrativo, que visam garantir a confessionalidade católica das escolas e universidades.

No eixo Fraternidade, propõe-se o eixo Cultura Vocacional, que promove a vivência fraterna dentro

Vida Pastoral

A educação pastoral das Infâncias é desenvolvida a partir das jornadas de formação com os estudantes. Na Educação Infantil, são desenvolvidas atividades formativas mensais ou quinzenais, em que se

Para materializar a identidade carismática no coração da missão educadora, a Rede elaborou um Plano de Pastoral para toda a Província La Salle Brasil-Chile. O instrumento necessário gera a unidade dos trabalhos pastorais, assegurando a vivência da eclesialidade e do carisma. A finalidade das ações delineadas no plano visa fortalecer a fé em Jesus Cristo, diante da grande diversidade religiosa, cultural e social, decorrente das transformações sociais responsáveis pela disseminação de valores que vão contra o Evangelho.

das escolas, a animação e o acompanhamento dos membros da comunidade educativa, bem como dos processos de gestão. Para que o serviço seja vivenciado nas comunidades educativas, o plano propõe como caminho os eixos Identidade, Infâncias e Juventudes, prevendo um forte trabalho de formação pastoral com as Infâncias e Juventudes, pensando num processo que contribua com o amadurecimento nessa fase da vida.

A intencionalidade lassalista é superar as injustiças por meio da promoção da Cultura de Paz e da Sustentabilidade. A força da Justiça busca desenvolver, nos membros das comunidades educativas lassalistas, um olhar crítico para a sociedade, deixando-nos impressionar pelas distintas realidades. Não podemos ser apáticos ao que acontece ao nosso redor. É preciso transformar e construir uma sociedade mais justa.

E, por fim, a força do Compromisso, vivenciado nas práticas de solidariedade, voluntariado, missionariedade. Nessa perspectiva, a Rede desenvolve projetos que visam ações organizadas e sistematizadas.

trabalha a partir de valores da tradição cristã. No Fundamental Anos Iniciais, Anos Finais e Ensino Médio, a formação é realizada por meio de temáticas desenvolvidas em um encontro anual, que serão reforçadas de forma sistemática em sala de aula.

Com as Juventudes, os grupos de jovens são motivados pela metodologia dos trajetos formativos do

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REDE LA SALLE DE EDUCAÇÃO

Projeto SOMOS, o qual sintetiza uma pedagogia pastoral, que congrega o modo de ser e as crenças da Rede; é elaborado a partir de diferentes referências das juventudes lassalistas.

É uma dinamização teórico-prática que, por meio do Grupo de Jovem, oferece orientações para suas trajetórias, especificando

princípios, intencionalidades, vivências, práticas, dinâmicas, ações de acompanhamento, entre outros. Os trajetos formativos do SOMOS são: somos humanos, somos juventudes, somos família, somos comunidade e somos compromisso.

Seguindo o processo de Formação para a Missão Lassalista, as famílias são convidadas a participar

Expandindo a identidade

Como uma instituição católica, os estudantes e familiares da Rede La Salle vivenciam o carisma, enquanto os alunos não católicos são acolhidos. Os momentos orantes são vividos de forma acolhedora, para que todos se sintam bem recebidos.

Quanto ao voluntariado, a Rede oferece o projeto Sou Solidário, criado para potencializar o impacto da Rede La Salle no caminho da responsabilidade social. Os objetivos são promover laços de solidariedade, de cidadania e de transformação, envolvendo instituições parceiras e despertando nos participantes o ideal de fazer o bem e propiciar aos envolvidos trocas de aprendizados e experiências pautadas pela ética, pelo afeto, pelo carisma lassalista, pelo respeito às diversidades e pela união.

de atividades nas comunidades educativas, como celebrações eucarísticas, momentos de oração e reflexão, além de celebração de datas comemorativas. Na Semana do Fundador, denominada Semana de La Salle, por exemplo, são vivenciados momentos para celebrar questões fortes do carisma.

Ele é organizado em 5 grandes passos de atuação: Inspirar — Integrar os voluntários e motivá-los para a participação nos Núcleos do Sou Solidário; Reconhecer — Escolher onde atuar; Dialogar — Planejar o que será feito, porque e como; Transformar — Colocar em prática o projeto idealizado e registrar (fotos, vídeos, informações do local e quantidade de participantes); e Multiplicar — Conversar sobre os pontos fortes e fracos, ouvir o relato dos participantes e divulgar a ação.

Por fim, pensando na ecologia integral, a Rede oferece o projeto La Salle Cuidando da Casa Comum, que visa organizar as comunidades para reduzir a produção de lixo, além de motivar atitudes de cuidado com o meio ambiente.

“Atentos aos ‘sinais dos tempos’, deixaram-nos um legado que enfatiza o anúncio do Evangelho por meio da educação, ao responder, criativa e proativamente, às necessidades das crianças e dos jovens, especialmente dos mais pobres. Os herdeiros deste legado somos nós hoje.”

103 COMO FERMENTO NA MASSA
Rede Murialdo de Educação: educando o coração e formando

integralmente a pessoa humana para

“que ninguém se perca”

A Congregação de São José — Josefinos de Murialdo – tem origem na cidade de Turim, na Itália. O fundador, São Leonardo Murialdo, cresceu com o olhar voltado para a situação de abandono da infância e juventude, bem como da classe operária, durante a Revolução Industrial. A Congregação foi fundada em 1873, enquanto Murialdo dirigia o Colégio Artigianelli, que se tornou a sede, também em Turim.

Em 1915, chegam ao Brasil os dois primeiros Josefinos, que assumem uma paróquia e uma escola agrícola dedicada aos filhos de operários, agricultores e criadores de gado em Quinta, no Rio Grande do Sul. Em 1928, os Josefinos de Murialdo chegam a Caxias do Sul para assumir a Paróquia de Ana Rech. Em

1929, a Congregação assumiu a atividade educacional, que se tornou o Colégio Murialdo em Ana Rech, Caxias do Sul.

O Colégio de Ana Rech formou as raízes da missão educativa no Brasil, como um internato de alto padrão que oferecia não só uma educação de qualidade, mas a formação cristã calcada na responsabilidade cidadã. Nos anos seguintes, a Congregação fundou a Escola Normal Rural, que formou cerca de 800 professores para as escolas do interior gaúcho, e o Abrigo de Menores São José, que visava acolher crianças e adolescentes. Com isso, tornou-se referência na Serra Gaúcha.

Em 1954, os Josefinos de Murialdo chegam a Por-

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REDE MURIALDO DE EDUCAÇÃO

to Alegre, no bairro São José, aos pés do Morro da Cruz. A partir de uma ação social em favor da infância e adolescência, bem como da Escola de Ensino Básico, deu-se origem ao Colégio Murialdo — Porto Alegre. Depois, em 1955, os religiosos assumiram o Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, que passou a ser chamado Colégio Murialdo — Araranguá, em Santa Catarina. Por fim, em 2021, a unidade de Porto Alegre assumiu a Escola de Educação Infantil Abelhinha. Assim, ficaram consolidadas as cinco unidades educacionais da Rede.

Os valores da Rede Murialdo são: Ensino e Aprendizagem; Cuidado e Compaixão; Espiritualidade; Disciplina; Ética e Justiça; Família e Comunidade; Biodiversidade; e Bem Unida Família. Para a vivência do carisma de São Leonardo Murialdo, três aspectos são fundamentais: a experiência da misericórdia de Deus, experimentando uma relação de amor e de compaixão; educar no estilo do “Bom Pastor”, oferecendo cuidado, de modo especial, aos mais vulneráveis; “ne perdantur” ou “que nenhum se perca”, aproximando-se dos estudantes ao estabelecer uma

Currículo Evangelizador

A Rede Murialdo de Educação tem como propósito vivenciar o carisma fundacional na vivência dos ensinamentos de São Leonardo Murialdo, que é a grande inspiração na vida e na missão dos educadores, para que possam desenvolver os próprios potenciais e ajudar cada estudante a se tornar protagonista na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

A Pedagogia de Murialdo, por meio de uma educação humanizada, tem a preocupação de formar o ser humano para a vida, pautando seus princípios e

Vida Pastoral

Por ser a escola católica uma expressão da comunidade Igreja e lugar de evangelização, organizamos, ao longo do ano, momentos celebrativos com os alunos, professores e funcionários, como a celebração de início e de fim de ano, na Paróquia São Leonardo Murialdo,

relação de confiança.

No cerne da Proposta Pedagógica, está a Pedagogia do Amor – Educação do Coração, na certeza de que “importa educar o coração”. O fundador, com sua experiência de fé e vivência humana e social, deixou como legado educacional o propósito de formar o ser humano na integralidade: “honestos cidadãos, trabalhadores e valentes operários, sinceros e virtuosos cristãos”.

Cada unidade da Rede Murialdo de Educação possui a própria equipe de Pastoral Escolar, composta por dois ou três professores com um bom domínio das ciências cristãs, com conhecimento dos documentos pontifícios e da Igreja no Brasil, que tenham um bom relacionamento com a comunidade escolar e que lecionem Ensino Religioso ou componentes curriculares, como Filosofia e Sociologia. O coordenador da equipe é indicado pelo diretor, que disponibiliza carga horária semanal para o exercício desse serviço.

valores na relação com Deus, consigo mesmo, com os irmãos e as irmãs e com a natureza. Os trabalhos interdisciplinares, no primeiro trimestre, são propostos a partir da temática da Campanha da Fraternidade. A proposta é válida para todos os níveis, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

Também são trabalhados diferentes projetos, os quais abordam temas da sociedade em geral. Ao fim dos projetos, os alunos do Ensino Médio realizam uma atividade concreta em alguma entidade da cidade.

a benção das mochilas, a Semana de Murialdo, a Semana da Família, a Semana Nadino, o Mês Vocacional, retiro com professores e funcionários.

Além dos eventos de celebração litúrgica, a Rede Murialdo integra os familiares nas atividades pasto-

rais, por meio de campanhas solidárias, principalmente durante a Páscoa e o Natal, quando alunos e responsáveis se mobilizam para arrecadar doações para a população mais vulnerável. Outro momento de forte interação é durante as confraternizações de fim de ano ou de

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datas comemorativas, como Dia das Mães, Dia dos Pais e Ação de Graças.

A dimensão celebrativa busca envolver o setor da Pastoral Escolar, a Coordenação Pedagógica e professores, de forma a promover

Expandindo a identidade

A Rede segue o legado do fundador, marcado pela simplicidade afetuosa e pela cordialidade nas relações, que se torna uma característica marcante na vida e na ação dos que fazem parte da comunidade. Dessa forma, tornou-se um estilo relacional da Família de Murialdo, que inspira relações de sensibilidade e ternura entre as pessoas; capacidade de dar e receber afeto; atitude de acolhida e de perdão; disponibilidade a doar-se e sacrificar-se pelo próximo.

Um dos exemplos é o Muri Solidário, que reúne um grupo de alunos, de modo especial, do 9º ano do Ensino Fundamental II à 3ª série do Ensino Médio, identificados com o carisma de São Leonardo Murialdo. Eles se encontram para rezar e refletir sobre o carisma e se envolvem em atividades solidárias, como atuação em projetos sociais que atendem crianças em situação de vulnerabilidade nos colégios.

O tema Sustentabilidade também é latente na Rede Murialdo de educação. Um dos projetos voltados a esse assunto refere-se à “Arrecadação de tampinhas plásticas” para doação ao Instituto Domus (Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente com Câncer da Serra Gaúcha) — entidade

atividades voltadas aos alunos e à comunidade.

que atua na prevenção e no combate ao câncer de crianças e adolescentes, oferecendo atendimento às crianças e às famílias. Também é uma ocasião para a comunidade escolar contribuir com a preservação do meio ambiente.

Já o Muri Recicla é uma campanha de arrecadação de lixo eletrônico, em que o valor da venda dos produtos arrecadados é destinado a obras sociais. Para a Rede, o cuidado e a sustentabilidade devem ser pilares básicos, com o intuito de garantir um novo modo de habitar a Terra. Assim, a forma como a Rede se posiciona frente ao cuidado com o planeta reflete o princípio de educação que oferece aos estudantes.

Por meio da Proposta Pedagógica, os projetos interdisciplinares são trabalhados ao longo dos trimestres, com o cuidado de abordar os temas da Ecologia Integral e da Sustentabilidade. A Rede Murialdo de Educação olha para um passado de tradição, um presente de constante aprendizagem e um futuro esperançoso, visando preparar pessoas para enfrentar os desafios que surgirem.

“O fundador, com sua experiência de fé e vivência humana e social, deixou como legado educacional o propósito de formar o ser humano em sua integralidade: ‘honestos cidadãos, trabalhadores e valentes operários, sinceros e virtuosos cristãos’.”

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PARTE 2

Reflexões sobre a evangelização nas escolas católicas

Escola católica: o que é? O que faz?

Introdução

A educação católica, no Brasil, começou com a chegada dos portugueses. Logo após as primeiras expedições, vieram padres jesuítas com o objetivo de aliar catequese e ensino. Para isso, usaram a metodologia da Ratio Studiorum e fundaram as primeiras obras educacionais. No século XVIII, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil por Dom José I, a Companhia de Jesus mantinha 25 residências-escola, 36 missões e 17 faculdades-seminários. Depois, no fim do século XIX e começo do século XX, com a chegada de outras congregações religiosas ao país, a educação católica se expandiu. Muitas dioceses também assumiram essa tarefa e inauguraram colégios, educandários, seminários, centros de formação permanente do clero e do laicato.

Atualmente, a educação católica, no Brasil, se organiza por meio das 600 entidades mantenedoras de educação, que são as personalidades jurídicas reconhecidas pelo Estado brasileiro, responsáveis

pela manutenção das escolas e universidades. Essas mantenedoras, hoje, comandam mais de 1500 escolas, 100 instituições de Ensino Superior, entre universidades, centros universitários e faculdades, 11 hospitais-escola e mais de 200 obras sociais educacionais.

Para além da manutenção e do pertencimento canônico, por meio de uma diocese ou de um instituto de vida consagrada, o que faz de uma instituição educacional ser católica é a identidade confessional, caracterizada como um conjunto de marcas, expressões, elementos estéticos e simbólicos, bem como opções institucionais que comunicam, direta e indiretamente, que tal instituição segue os princípios da Igreja.

Assim, gostaríamos de, a partir dos direcionamentos do Magistério da Igreja, elucidar alguns pontos sobre os modos como essa identidade se concretiza no dia a dia das escolas católicas.

O Magistério da Igreja sobre a identidade das escolas católicas

Em 1929, o Papa Pio XI publicou a Carta Encíclica Divinus Illius Magistri sobre a educação da juventude. Esse foi um dos primeiros documentos eclesiásticos explicitamente dedicados ao tema da educação. O objetivo era reforçar o pensamento educativo da Igreja face a um borbulhar de novas tendências pedagógicas. Envolto num ambiente cultural europeu de resistência à modernidade e sacudido pelas revoluções políticas e ideológicas do período entreguerras, o Santo Padre, à época, manifestou suas preocupações sobre como as crianças e os jovens eram conduzidos pelas sendas da vida, pronunciando temas importantes para o tempo.

Seria injusto e seletivo reler a Encíclica quase 100 anos depois querendo acomodá-la às realidades atuais e desconsiderando o caminho do próprio Magistério Pontifício neste quase um século, que aprimorou, ampliou e alargou o pensamento católico sobre a educação. Contudo, há um pressuposto de Pio XI que permanece, de certa forma, intacto, como um fio condutor de todo o trabalho educacional da Igreja: “a educação é obra necessariamente social e não singular”. O Sumo Pontífice recorda que a tarefa de formar crianças e jovens deve ter a participação de “três sociedades” - a família, o Estado e a Igreja. Naturalmente, as competências e as formas

109 COMO FERMENTO NA MASSA

de participação, no sistema educacional, foram se configurando desde então. Contudo, para as escolas católicas, este é um princípio inabalável: educar não é função só da família, nem só da escola, nem só da comunidade de fé, mas é uma tarefa compartilhada entre essas três instâncias, com o intuito de cooperar entre si pelo bem da vida e da consciência dos educandos.

O Concílio Vaticano II também se pronunciou na exortação apostólica Gravissimum Educationis. Ali se reafirma, em termos mais contemporâneos, o que havia sido estabelecido em Divinus Illius Magistri sobre a natureza e a finalidade da educação cristã que, em suma, é formar pessoas configuradas a Cristo, para que, atuando de maneira íntegra e responsável no mundo e dando testemunho de justiça e caridade, encontrem a verdadeira felicidade. O Concílio também ressalta o valor da escola católica como espaço privilegiado, em que se “cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar retamente, introduz no patrimônio cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão mútua; além disso, constitui como que um centro em cuja operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana.”.

A partir dos anos 70 do século XX, com a reorganização da Cúria Romana por São Paulo VI, a Congregação para a Educação Católica e, agora, após a reforma do Papa Francisco, o Dicastério para Cultura e Educação, também emitiu inúmeros documentos entre instruções e normativas, a fim de balizar e inspirar os trabalhos das escolas e universidades.

Sobre a identidade confessional, destacamos o texto de 1977, que lança o conceito fundamental para entender a confessionalidade católica na educação: o que define uma escola como católica é “sua referência à verdadeira concepção cristã da realidade. Jesus Cristo é o centro dessa concepção”. O que significa, materialmente, a “concepção cristã da realidade”? O documento esclarece: “a Escola Católica é consciente de estar comprometida na promoção do homem in-

tegral, porque em Cristo, o Homem perfeito, todos os valores humanos encontram a sua realização plena e portanto a sua humanidade. Nisto consiste o carácter católico, especificamente seu e aqui se radica o seu dever de cultivar os valores humanos no respeito pela sua legítima autonomia, na fidelidade à missão peculiar de pôr-se ao serviço de todos os homens. Jesus Cristo, com efeito, eleva e nobilita o homem, valoriza a sua existência, constitui o paradigma e o exemplo de vida proposto aos jovens pela Escola Católica”. Nota-se que, nessa instrução, a identidade é deslocada dos aspectos meramente estéticos e religiosos para um componente pedagógico e de forte incidência existencial - o cultivo dos valores, a inclusão de todas as pessoas e a valorização da vida são elementos fundacionais dessa identidade católica nas sociedades contemporâneas. Além disso, há uma ênfase no potencial social da educação católica, que “visa a formar o cristão nas virtudes que o distinguem e o habilitam para viver a vida nova em Cristo permitindo-lhe colaborar com fidelidade na edificação do reino de Deus”.

Outros documentos do Dicastério também reforçam tais aspectos, como, por exemplo, o texto de 2007, intitulado “Educar juntos na escola católica missão partilhada de pessoas consagradas e fiéis leigos”, em que se destaca a seriedade da tarefa educativa para a Igreja, que implica profissionalismo e planejamento. Isso tendo em vista uma formação profissional, ética e espiritual capaz de responder aos anseios mais profundos do homem e colocá-lo em comunhão com os outros, com a sociedade, com a natureza e com Deus.

Já o instrumentum laboris “Educar hoje e amanhã: uma paixão que se renova”, de 2014, inspira as escolas católicas a se reinventarem face aos muitos desafios apresentados - o desafio da identidade, do diálogo, da formação integral, da gestão administrativa e financeira etc. A essência da educação católica reside na busca por conectar os alunos com a figura de Jesus Cristo. Tanto nas escolas quanto nas universidades católicas, o objetivo primordial é orientar as atividades educacionais para um encontro genuíno com Cristo vivo. Isso implica não apenas transmitir conhecimento, mas, também, oferecer uma educação integral, incluindo aspectos religiosos e desafiando os educadores a testemunharem a fé de forma autêntica. Além disso, há a necessidade

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de reformular a antropologia subjacente à visão de educação, adaptando-a à complexidade do século XXI e integrando elementos, como a dimensão social, ética e espiritual, para preparar os jovens para o conhecimento e para liderar em um mundo em constante mudança.

A educação católica visa, assim, criar uma aliança entre pais e educadores para proporcionar uma formação rica em significado, aberta ao transcendente e centrada na comunidade. Ela reconhece que a educação não é apenas transmitir informações. Ela também se refere a experiências, ações e valores éticos. Fundamentada na participação e na interdependência, ela busca não só desenvolver o intelecto, mas também cultivar a capacidade de agir em prol da transformação social e do serviço à comunidade, de forma a promover uma visão de educação que vá além do mero conhecimento, abraçando a integralidade do ser humano e o seu papel no mundo.

Na instrução de 2022, o Dicastério aborda o tema da identidade confessional, sob a perspectiva do diálogo. Intitulado “A identidade da escola católica para a cultura do diálogo”, o texto encoraja as escolas a não temerem acolher a diversidade e a pluralidade

de pessoas e pensamentos, sempre tendo como referência segura o que Cristo ensinou e o que a Igreja orienta. A cultura do diálogo é apresentada como um movimento de saída, na direção do outro e do diferente como forma de enriquecimento de si. Assim, a pedagogia de uma escola católica deve ser dialógica, bem como a gestão, a pastoral e a eclesialidade.

O Papa Francisco, nos últimos, tem dado forte ênfase no tema da educação. Em 2019, convocou um “Pacto Educativo Global” que seria uma união de esforços entre Igreja, sociedade e famílias por uma educação que coloca a formação da pessoa no centro, investindo as melhores energias e recursos para educá-las para a fraternidade. Também esboçou um pensamento pedagógico ao dizer da urgência se educar a cabeça, mãos e coração, reforçando que toda pedagogia deve considerar as dimensões cognitiva, social e afetivo-espiritual. Especificamente sobre as escolas católicas, o papa tem orientado repetidamente sobre a abertura e o diálogo. Na sua visão, a escola católica é uma forma de evangelização que consiste na expansão do coração, num gesto de inclusão de todas as pessoas, inclusive como oportunidade de acolher que está distante ou fora da Igreja.

A experiência pedagógica consolidada das escolas católicas

Os textos do Magistério da Igreja descrevem, teoricamente, aquilo que, na prática, as escolas católicas brasileiras experimentam todos os dias. O compromisso com a identidade não se reduz à memória de um santo fundador ou a sinais sagrados, como a capela, os crucifixos e as imagens sacras. Essa identidade é levada a sério e incorporada nas diferentes áreas da instituição, assumida como projeto e alma do fazer pedagógico. A fim de garantir a legitimidade e a responsabilidade social - marcas de todas as obras da Igreja, em todos os campos e setores da sociedade -, as escolas católicas trabalham sempre respeitando a legislação e as diretrizes curriculares nacionais, atualmente indexadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A partir daí, são incorporadas as aprendizagens próprias da confessionalidade, como as virtudes, os valores evangélicos, a espiritualidade, a visão humanista solidária e a visão

ecológica integral.

As escolas católicas constroem, a partir da BNCC, um “currículo evangelizador”: aquele que vai além da simples transmissão de conhecimentos acadêmicos, integrando os princípios e valores da fé católica em todas as dimensões da aprendizagem e do ambiente escolar. As características principais dele incluem a integração dos valores cristãos, como a defesa da vida, a justiça social, a esperança, o bem-comum e a verdade, em todos os componentes curriculares. Também comporta a promoção do desenvolvimento espiritual e moral dos alunos, a celebração regular dos tempos litúrgicos e a oferta de oportunidades para reflexão e vivência da fé no dia a dia escolar.

Uma das principais vantagens de um currículo evangelizador é proporcionar uma formação inte-

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gral, que extrapola o aspecto intelectual e inclui o desenvolvimento moral, ético e espiritual dos estudantes. Essa proposta se fundamenta na antropologia cristã e cria um ambiente em que os valores cristãos são vivenciados e praticados diariamente, o que contribui para a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e compassivos.

Além disso, um currículo evangelizador, em uma escola católica, tem o benefício de oferecer uma formação católica mesmo para estudantes não católicos ou afastados da fé. Ao diluir os valores da fé nas atividades diárias da sala de aula e em todas as interações escolares, essas instituições proporcionam uma educação enriquecedora, que respeita a diversidade religiosa, ao mesmo tempo que oferece uma base sólida de princípios éticos e morais valiosos para toda a comunidade escolar, a qual o estudante levará consigo por toda a vida.

Por vezes, espera-se que o currículo de uma escola católica tenha um dispositivo de censura, que evite assuntos polêmicos ou que apresente apenas uma visão sobre determinadas situações da vida e da sociedade. Na verdade, um currículo evangelizador aceita o desafio do diálogo e, sem temer o debate,

propõe a visão cristã da realidade como um caminho de excelência para guiar o discernimento pessoal e sócio-político.

As escolas católicas são inovadoras. Não se deixam seduzir por pedagogias saudosistas, rigorosas e anacrônicas, que, vez ou outra, retornam como propostas pedagógicas redentoras. Ao contrário, experimentam novas formas de ensinar, adotam novas tecnologias e aprimoram a linguagem, a fim de que a formação humanista faça sentido para as crianças e os jovens que vivem numa sociedade tecnológica e moderna. Isso demonstra adaptabilidade e abertura das instituições e, ao mesmo tempo, fidelidade ao espírito evangélico, que nos ordena colocar sempre a pessoa no centro do processo educativo.

Quanto aos educadores, na diversidade de origens, formações, raça e até mesmo de crença religiosa, são sempre escolhidos pela competência técnica e pela qualidade humana. Para garantir um alinhamento institucional com os valores da fé, os gestores são ciosos dos processos de formação continuada, que, além de preservarem a identidade confessional das instituições, permitem aos educadores viverem e amadurecerem a fé, bem como serem evangelizados.

Escolas católicas: espaços eclesiais singulares

Por fim, é preciso recordar que as escolas católicas são espaços eclesiais singulares. Primeiramente, em razão do público numeroso e fiel, que ocupa suas fileiras todos os dias e por muitos dias - pelo menos 200 dias letivos obrigatórios por lei. É possível se perguntar: há alguma paróquia no Brasil que tenha, por mais de 200 dias, durante o ano, um público tão grande e assíduo? Essa peculiaridade deve nos fazer vibrar pelas possibilidades pastorais das escolas católicas.

Contudo, precisamos sempre ter em mente que a escola católica não é uma mini-paróquia e, ainda que ofereça intensa vida pastoral, a finalidade dela é a educação formal. Diferentemente da paróquia, em que os que a frequentam buscam exatamente atividades litúrgicas, oracionais e catequéticas, a busca principal pelas escolas católicas é pela excelência acadêmica e pela tradição no ensino. Por isso, na es-

cola católica, a evangelização é ressignificada, ampliada e modelada, de acordo com a realidade dos estudantes, das famílias e dos educadores. Há uma fórmula que expressa bem essa realidade: “evangelizar educando e educar evangelizando”. Nem sempre evangelizar numa escola significa empenhar um anúncio explícito, querigmático e de conteúdo “religioso”. Por vezes, em razão da especificidade e diversidade do espaço escolar, a evangelização é uma tarefa de lapidação da humanidade, de formação crítica e moral, a partir dos valores da fé, de introjeção de uma mentalidade solidária e de defesa da vida. Isso é feito de maneira sutil, no próprio currículo ou por meio de projetos específicos.

Por outro lado, há, na escola católica, espaço e tempo para uma evangelização explícita. Como comunidades eclesiais, as escolas celebram, rezam, leem e meditam a Palavra de Deus, catequizam, for-

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mam espiritual e doutrinariamente. Em parceria com as famílias, celebram os sacramentos da iniciação cristã e educam na fé crianças, jovens e suas famílias. Uma intensa vida pastoral tem se desenvolvido nas escolas, com propostas criativas e diversificadas, que visam atender à diversidade de públicos e realidades religiosas. Essa vida pastoral é a evolução das antigas “aulas de Religião”. Sabe-se, pela teologia pastoral e pela psicologia pastoral, que a fé é uma experiência que ultrapassa a dimensão cognitiva, que envolve a sensibilidade, a emoção e o propósito de vida. Por isso, somente “dar aula de Religião” não significa evangelizar. Na verdade, é fazer muito pouco diante de tudo o que se pode desenvolver pastoralmente numa escola. Essa evolução é perceptível: grupos de jovens que rezam e trabalham com o voluntariado, grupos de catequese infantil e juvenil, grupos de oração de pais e educadores, projetos sociais com famílias e comunidades inteiras, retiros espirituais, experiências missionárias… todas expressões de uma vivacidade pastoral diferenciada nas escolas católicas.

Com efeito, uma reflexão final merece ser feita: pelo público que abrange, pelo profissionalismo com que opera, pelo tempo de contato com esse público e pela qualidade desse contato, podemos afirmar que as escolas católicas são um dos poucos espaços remanescentes na vida da Igreja em que, apesar da secularização da sociedade, pessoas não católicas ou de uma vivência de fé “light” podem experimentar a beleza de ser católico. E se nos sentimos incomodados e desconfortáveis porque a identidade confessional que imaginamos para as escolas não corresponde às nossas idealizações de uma sociedade cristã ou se nossas expectativas de confessionalidade são frustradas pelo fato óbvio da diversidade religiosa e cultural, devemos nos pacificar e contemplar a beleza do trabalho dessas instituições: a seu modo e a seu tempo, elas semeiam a Palavra de Deus e fecundam os corações. Não seria nossa tarefa mais urgente apoiá-las e fortalecê-las, confirmando a missão?

113 COMO FERMENTO NA MASSA

ANEC: um serviço eclesial em prol da identidade confessional

Ir. Adair Aparecida Sberga

Fr. Mário José Kanpik

Gregory Rial

O que é a ANEC?

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) foi fundada em 1945, sob o nome de Associação de Educação Católica (AEC). Naquela época, o principal objetivo da associação era o fortalecimento das instituições, com base nas mudanças que a sociedade brasileira vivia após a Segunda Guerra Mundial. Em 1954, foi criada a Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (ABESC) e, em 1993, a Associação Nacional de Mantenedoras da Educação Católica (ANAMEC). As três instituições representavam o grande ecossistema educacional ligado à Igreja Católica, por meio das congregações religiosas e dioceses que mantinham escolas e universidades. Visando fortalecer o caminho que as três associações já trilhavam na sociedade brasileira e na Igreja, em 2009, foi realizada a incorporação da ANAMEC e da ABESC à AEC, que passou a se chamar Associação Nacional de Educação Católica (ANEC).

De acordo com o estatuto, a ANEC é uma pessoa jurídica de direito privado, constituída sob a forma de associação sem fins lucrativos e econômicos, de caráter educacional, pastoral e cultural. Tem como finalidade atuar em favor de uma educação de excelência, promovendo uma educação cristã que visa a formação integral da pessoa humana, sujeita e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo os valores do Evangelho e da doutrina social da Igreja Católica. Com isso, a ANEC defende a liberdade de ensino consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Constituição da República Federativa do Brasil e nos ensinamentos do Magistério Eclesial, preconizando a liberdade das famílias de escolherem a escola que desejam para os filhos, segundo os próprios princípios morais, religiosos e pedagógicos.

O trabalho da ANEC está organizado em três grandes objetivos:

- articular as instituições educacionais, organizando e promovendo espaços de colaboração entre as redes educacionais ligadas à Igreja, para que se fortaleçam, enriqueçam e se apoiem mutuamente;

- congregar as instituições educacionais, reunindo-as em espaços e ocasiões específicas para formação, aprimoramento e demarcação da identidade confessional;

- representar as instituições educacionais, para que tenham voz e vez na sociedade brasileira face aos desafios impostos pelo poder público, pela cultura e pelas necessidades do país.

Para atingir esses objetivos, a ANEC é conduzida por um Conselho Superior e uma Diretoria Executiva composta por lideranças religiosas e leigas das instituições educacionais associadas. Para isso, dispõe de uma equipe altamente especializada, que presta serviço de apoio e de animação às escolas e universidades católicas, bem como às respectivas mantenedoras, nas pautas do campo jurídico, legislativo, pedagógico e pastoral.

Pode-se dizer que, como uma rede que congrega outras redes, a ANEC é um serviço eclesial que promove, de maneira concreta, a sinodalidade tão solicitada pelo Papa Francisco, o diálogo, a solidariedade mútua, a cooperação institucional e o compromisso com o Evangelho de Jesus Cristo e a doutrina da Igreja.

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Além da articulação nacional, que também se dá em cada Unidade da Federação com um Conselho Estadual, um Fórum de Diretores de Escolas e um Grupo de Trabalho de Agentes de Pastoral, o objetivo desses organismos, em cada estado e no Distrito Federal, é o de atender as demandas locais, em comunhão com as dioceses e arquidioceses e em sintonia com as necessidades pedagógicas e administrativas de cada região.

Hoje, a ANEC representa cerca de 1500 instituições educacionais entre escolas de Educação Básica, faculdades, centros universitários, universidades, obras sociais educacionais, hospitais universitários e

respectivas mantenedoras. Essa grande rede é responsável por atender mais de 1 milhão de estudantes nos diversos níveis da formação, desde o berçário até o pós-doutorado. Em todas essas unidades e etapas da formação, é possível identificar o esforço das instituições educacionais para transmitir aos estudantes e às famílias os valores do Evangelho, por meio de projetos pedagógicos, atividades pastorais e da própria organização curricular. Sendo exemplos de excelência acadêmica e formação humanística, as escolas e universidades católicas significam, na sociedade brasileira, um sinal de esperança de que a educação pode transformar as pessoas a partir de dentro.

A visão da ANEC sobre a identidade confessional e a pastoral nas escolas católicas

A ANEC, ao longo do tempo, desenvolveu uma visão poliédrica acerca da identidade confessional das escolas e universidades católicas no Brasil entendendo que cada instituição desenvolve a sua própria marca a partir de fatores históricos, regionais, fundacionais e epocais. O que, entretanto, é comum a todas as instituições é o zelo apostólicos em formar as crianças e jovens a partir dos valores cristãos e da evangelização como atividade compartilhada por todos na instituição e assumida como tarefa executiva pelo setor de Pastoral. Assim, a ANEC desenvolveu em 2019 um estudo sobre a pastoralidade no campo da educação católica e apontou sua concepção unificadora desta dimensão nas escolas.

Para a ANEC, a Pastoral nas instituições de educação católicas abrange um espectro amplo que orienta toda a vida da escola e da universidade a partir da figura de Jesus Cristo, o Bom Pastor. De tal forma, a Pastoral se manifesta na prática por meio de posturas de gestão e ações pedagógicas aliadas à vida apostólica e missionária da instituição. O objetivo é formar discípulos de Jesus, que pautem suas vidas pelos valores do Evangelho e se comprometam com o cuidado da vida, sobretudo dos mais frágeis, e busquem a transformação da sociedade. Assim, a ANEC entende que a pastoralidade é vivenciada em três dimensões: o currículo, a evangelização e o cui-

dado.

No âmbito do “currículo evangelizador”, as escolas católicas buscam implementar projetos e ações pedagógicas que transcendam a simples transmissão de conhecimento acadêmico, incorporando de maneira profunda os valores e princípios do Evangelho no processo de ensino-aprendizagem. O objetivo é dar aos alunos ferramentas para enfrentar os desafios da vida e também para transformá-la, promovendo uma cultura de serviço, integridade e cuidado com o próximo. Este tipo de abordagem educacional é eficiente em desenvolver líderes que estejam prontos para atuar como agentes de mudança positiva na sociedade, guiados por uma consciência clara de sua responsabilidade moral e espiritual.

A “evangelização”, entendida como o processo de anúncio e adesão ao Evangelho, significa dar aos estudantes e suas famílias a oportunidade de viverem experiências profundas de encontro com Deus e de aprendizagem da fé. Neste sentido, as atividades catequéticas, celebrativas, formativas e religiosas ganham espaço, pois a escola católica é, como atesta o documento de Aparecida, “autêntica comunidade eclesial” (DAp, n. 338).

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Já o “cuidado” reflete o compromisso em defender a vida desde a concepção até seu fim natural, passando pela aprendizagem da solidariedade com os mais pobres e com a responsabilidade ambiental. Este cuidado leva a escola a assumir, no dia a dia, posturas de respeito, diálogo, abertura e inclusão e também a promover atividades que levem os estudantes a incorporarem estes valores como o voluntariado, projetos sociais, ações ecológicas etc.

Estas dimensões devem ser articuladas a partir de alguns princípios básicos como a centralidade na pessoa de Jesus, o compromisso com o anúncio e vivência da Palavra de Deus, a obediência e fidelidade ao Magistério da Igreja, a comunhão com a Igreja local e seu bispo diocesano, o uso de uma linguagem acessível e coerente, a prática concreta da fé por meio de ações condizentes com os valores da doutrina cristã e a atenção efetiva às necessidades dos mais necessitados e vulneráveis.

Desafios da educação brasileira e o impacto nas escolas católicas

Crendo no poder transformador da educação, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil enfrenta, corajosamente, os desafios da educação brasileira. O diálogo contínuo com o Estado brasileiro e com as instâncias governamentais garante que as escolas e universidades católicas cumpram o que é previsto na lei e contribuam com as políticas educacionais de grande abrangência. Interagindo com agentes públicos, ocupando espaços estratégicos, representando e defendendo os interesses das instituições educacionais nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a ANEC exerce importante vocação cristã, visto que enriquece a sociedade com os mais nobres valores espirituais, éticos e morais.

Além disso, a ANEC tem apoiado as instituições

Preocupações

associadas no posicionamento dentro do competitivo mercado educacional. Hoje, as instituições confessionais não detêm o monopólio da educação privada, o que, certamente, acontecia em décadas passadas. Além do mais, a proposta pedagógica das escolas católicas diferencia-se de tudo o que é oferecido no mercado, pois integra a aprendizagem intelectual e científica à formação integral da pessoa humana, incluindo a dimensão espiritual, corporal, psicoafetiva, moral e política. Nesse caso, a ANEC tem promovido debates, formações, publicado estudos e dialogado incessantemente, para que, diante de uma oferta educacional tão diversa, as escolas católicas sejam faróis iluminadores e opções seguras para que as famílias dos estudantes tenham a formação de excelência e humanista que desejam para os filhos.

pastorais da ANEC

Além das preocupações administrativas e pedagógicas, grande parte do trabalho da ANEC está em refletir, fortalecer, atualizar e garantir a identidade confessional das escolas católicas. É verdade que, a partir do fim dos anos 80 do século passado, as escolas católicas tiveram de enfrentar um árduo processo de secularização de novos atores no mercado educacional e novas regulamentações vindas do poder público. Em muitos casos, em prol da sobrevivência financeira e da continuidade de suas operações, as escolas católicas precisaram fazer escolhas difíceis, como fusões, incorporações, encerramento de unidades e missões de profissionais, alterações na

grade curricular etc.

Não obstante esse cenário, as escolas e universidades mantiveram firme o compromisso com a promoção da dignidade da pessoa humana e com a evangelização. Desde então, as instituições educacionais amadureceram o entendimento sobre o papel e o lugar da evangelização dentro dos contextos escolares, explorando novas formas de anúncio do querigma, de celebração da fé e de engajamento eclesial.

Dessa forma, a ANEC fomenta as ações evange-

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lizadoras das escolas católicas, potencializadas pela criatividade pedagógica dos agentes de Pastoral e dos religiosos e religiosas que acompanham a intensa vida eclesial das escolas, que, conforme o Documento de Aparecida, são comunidades formadoras de discípulos missionários.

Entre as preocupações pastorais da ANEC, podemos destacar:

- o papel estratégico das escolas na formação cristã católica das crianças e das famílias, tendo em vista um cenário de distanciamento das paróquias e comunidades eclesiais;

- a urgência de promover uma educação cristã que ensine o respeito e o diálogo com as diferenças na sociedade, sem abrir mão da própria identidade;

- a necessidade de agentes de Pastoral e educadores bem preparados para interagir com uma juventude geracionalmente diversa;

- a importância de as escolas e universidades integrarem o projeto pastoral das igrejas locais em que estão inseridas, sejam elas de nível diocesano ou paroquial;

- o cuidado com o currículo que fortalece os valores do Evangelho e permite o desenvolvimento de um profundo senso crítico para avaliar os preceitos e as normas da sociedade e da cultura com critérios

claros sobre o que é bom, belo e verdadeiro;

- as urgentes metodologias pastorais que sejam significativas no ambiente da escola, buscando coerência entre o anúncio do Evangelho e as demandas existenciais das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos adultos do século XXI;

- a atenção redobrada aos problemas sociais, econômicos e ambientais que clamam por intervenções conscientes e alinhadas ao que nos diz o Papa Francisco sobre uma economia “realmada” e uma ecologia integral.

Como ação estratégica, a ANEC promove espaços de diálogo e troca de experiências entre os gestores pastorais das redes associadas, bem como programas de formação continuada para educadores e evangelizadores que atuam nos espaços educativos, de forma a garantir que a linguagem do anúncio do Evangelho seja eficiente e fiel ao Magistério da Igreja. Além disso, orienta e apoia as instituições associadas na aproximação e no diálogo com as igrejas locais e seus pastores, incentivando a formação de uma grande comunidade sinodal, que tem na educação o potencial evangelizador e sócio-transformador.

Dessa forma, a ANEC reafirma sempre o compromisso em servir à Igreja do Brasil e às escolas e universidades católicas, ajudando-as a serem sal da terra e luz do mundo.

117 COMO FERMENTO NA MASSA

Perenidade das escolas católicas: desafios e esperanças para o futuro

Como reflexão final deste livro, gostaríamos de ensaiar uma discussão sobre a perenidade das escolas católicas no cenário educacional brasileiro, considerando, especialmente, os desafios e as esperanças para o futuro. Em primeiro lugar, é preciso considerar um fato: o Brasil do século XXI é um país diverso e múltiplo em todos os sentidos - cultural, religioso, ideológico, econômico etc. É verdade que, num passado recente, o Brasil foi um país majoritariamente católico. Em 1940, por exemplo, 95% da população brasileira se declarava católica. Esse número se manteve relativamente estável até o começo dos anos de 1980. Hoje, ainda que sejamos, numericamente, o país com o maior número de católicos do mundo, estamos longe da proporcionalidade - a Polônia tem 92%, o México, 85% e a Itália, 81%. Demograficamente, o Brasil também vem passando por uma transição: de um país com muitas crianças, muitos adolescentes e muitos jovens adultos para uma nação cada vez mais envelhecida, que gera cada vez menos filhos. Olhar para essas transições religiosa e demográfica nos ajuda a entender alguns dos muitos desafios enfrentados pela educação católica no país.

A questão da perenidade

A maior parte das congregações religiosas e dioceses brasileiras iniciaram as obras educacionais no começo do século XIX. Já no início do século XX, com o movimento migratório da Europa para a América do Sul, vieram as fundações de origem italiana, francesa, espanhola, alemã e holandesa, que abriram escolas durante as décadas de 20 e 30 e tiveram forte expansão sob as gestões de Getúlio Vargas (19301945 e 1951-1954). Nessa época, o Brasil era um país de maioria católica expressiva, embora, desde 1891, na primeira Constituição Republicana, tenha sido estabelecida a laicidade do Estado. Igreja e Estado, no entanto, sempre tiveram alguma relação - ora de desencontro e ora de parceria. As áreas de filantropia - educação, saúde e assistência social - sempre foram de parceria, e as escolas e universidades católicas sempre ocuparam um espaço significativo na engrenagem do ecossistema educacional.

Entre as décadas de 30 e 90 do século passado, o sistema educacional brasileiro era diferente do que é hoje. Nesse período, o setor público foi se fortalecendo gradativamente e o setor privado era praticamente dominado pelas instituições confessionais - católicas, mas não todas, porque havia, também, protestantes da primeira onda, como metodistas,

presbiterianos, luteranos e algumas denominações batistas. Também floresceram as instituições comunitárias, numa estrutura comum no Sul do Brasil, em que fundações e cooperativas educacionais abriam escolas e universidades para atender às comunidades locais. Vale destacar que a maioria das escolas e universidades católicas atuam, historicamente, por meio da filantropia, ou seja, como entidades beneficentes de assistência social, tendo uma parte de estudantes pagantes e outra parte significativa - a depender dos vários formatos que a legislação pertinente à filantropia assumiu ao longo dos anos - de estudantes que gozam de gratuidade integral ou parcial.

O cenário mudou drasticamente com a promulgação da Constituição de 1988 e durante os anos 90: houve a abertura do mercado educacional, que permitiu à iniciativa privada operar escolas e universidades. A Lei de Diretrizes e Bases (Lei n. 9.394/1996) estabelecia categorias administrativas que englobavam as instituições públicas, as privadas, as confessionais e as comunitárias. Com a expansão do mercado educacional, muitas novas escolas particulares se estabeleceram, por vezes, no entorno dos colégios católicos e iniciaram um processo de concorrência,

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muito mais competitivo do que era anteriormente. Antes, as escolas católicas praticamente monopolizavam a oferta particular, numa mentalidade de confortável hegemonia. Agora, são obrigadas a competir. Não bastavam projetos pedagógicos sólidos, formação centrada em valores: era preciso ter uma gestão capaz de entender e se posicionar frente ao marketing agressivo e desleal imposto pelas escolas de mercado. Algumas instituições não suportaram a concorrência. Em razão da diminuição do número de estudantes - agora compartilhado com concorrentes -, as mantenedoras viram-se obrigadas a encerrar a operação de algumas unidades ou a provocar a fusão entre elas. No começo dos anos 2000 e, mais recentemente, depois da década de 2010, o mercado educacional tornou-se ainda mais competitivo, com a entrada dos chamados “big players”. Com acionistas estrangeiros e ações na bolsa de valores, essas empresas realizam um modelo educacional com vantagens comerciais - em razão do volume de recursos.

Somando os fatores econômicos e políticos à diminuição do número de católicos, temos um cenário desafiador para as instituições educacionais católicas. No entanto, essas pressões não devem nos desanimar nem nos desencantar. Ao contrário, devem nos oferecer um senso de realismo profético, que clama por responsabilidade, união, criatividade e, sobretudo, sinodalidade, afinal, é na união das diversas redes educacionais que conseguiremos nos fortalecer como uma oferta educacional promissora para o Brasil.

Pensar sobre a perenidade das escolas e universidades católicas implica um olhar autocrítico para identificarmos nossos reais diferenciais. Se falamos, hoje, de mercado educacional e de competitividade, precisamos “competir” com aquilo que nos torna únicos numa cena em que as escolas oferecem “mais do mesmo”. Essa autocrítica, contudo, nos direciona a uma questão maior, que esbarra em nossas convicções profundas enquanto instituições ligadas à missão evangelizadora da Igreja. Precisamos nos perguntar, honestamente: nossas narrativas ainda fazem sentido? Estamos, realmente, atentos aos sinais dos tempos? Em que nossa oferta educacional, constituída a partir da nossa confessionalidade, se mantém oportuna, significativa e relevante? Que tipo de confessionalidade pode fundamentar

uma proposta educacional que se mantenha viável e oportuna, neste nosso momento histórico? Em que podemos nos aperfeiçoar para que nossas estruturas, gestadas em outros tempos, possam se mostrar adequadas e capazes da dinamicidade do cenário educacional de hoje? Pode soar como óbvio que acreditemos na mensagem de Jesus e no seu potencial transformador. No entanto, observamos como a prática e a vivência da fé católica têm estado cada vez mais dissociadas dos aspectos éticos e existenciais mais profundos e se tornado, para muitas pessoas, ou um departamento de suas vidas - a religião como costume, hábito - ou uma bandeira ideológicao catolicismo como causa, seita ou partido. Nos perguntar se nossas narrativas fazem sentido não é, de maneira alguma, questionar se a doutrina da Igreja ou o Evangelho ainda significam algo, mas se nossa maneira de transmiti-los ainda é capaz de dizer algo à sociedade. Pensemos numa situação concreta: faz parte da fé da Igreja o cuidado com os mais pobres e vulneráveis, que nasce da caridade cristã, semeada pelo Espírito Santo em nós. Estamos incorporando esse elemento em nossas instituições ou vivenciando uma dimensão meramente espiritualista da fé? Sabemos anunciar esse princípio fundamental da doutrina da Igreja de maneira convincente e envolvente a ponto de encantar a mente e o coração das crianças e dos jovens que estudam em nossas escolas e universidades?

Ao nos questionarmos sobre nossa real atenção aos sinais dos tempos, queremos provocar uma reflexão honesta sobre nosso interesse, enquanto Igreja, em promover uma educação integral, complexa e profunda. Nossa época exige de nós um esforço maior para formar criticidade, autonomia e liberdade nas crianças e nos jovens. Mas estamos cientes dessa tarefa ou pensamos que basta oferecer uma educação que leve ao sucesso profissional e que faça algumas experiências religiosas, sacramentais e basta? Ou, ainda: será que, enquanto Igreja, não preferimos apoiar projetos de cristandade, alimentando uma visão integrista e poderosa do catolicismo em vez de encará-lo, com inspiração no Papa, de forma a apresentar Jesus Cristo como centro e horizonte de sentido da existência, atuando tal qual um hospital de campanha?

Também é justo questionar nossa inércia e nossa morosidade em conduzir determinados processos: se

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permanecermos como estamos, se não tivermos a ousadia de investir numa gestão moderna e eficiente, numa linguagem pastoral coerente e profética, em propostas pedagógicas integralizadoras da pessoa humana com real impacto nas metodologias e didáticas, nós conseguiremos fazer frente ao mercado

Encarar os desafios

Nesse sentido, parece pertinente elucidar alguns dos maiores desafios da educação católica atualmente. A começar pelo primeiro e, aparentemente, mais sufocante: o enfrentamento do mercado educacional. Como foi mencionado, as instituições privadas de capital aberto têm uma vantagem comercial. Graças ao vultoso capital investido, elas conseguem baratear a operação e diminuir custos, o que gera lucros enormes para os acionistas. No Brasil, o movimento inicial foi direcionado para o Ensino Superior e, mais recentemente, à Educação Básica. Nesse cenário, as escolas e universidades católicas vivem uma situação muito peculiar: enquanto instituições sem fins lucrativos, suas receitas devem ser reinvestidas. Ademais, em muitos casos, a arrecadação de fundos que mantêm as obras sociais de congregações e dioceses vem das matrículas pagantes das instituições particulares. Logo, a competitividade do mercado educacional não toca somente o atendimento das escolas e universidades, mas toda uma rede de solidariedade e caridade que caracteriza o apostolado dessas obras.

Dessa forma, o enfrentamento ao mercado de capital aberto tem sido uma pauta recorrente e urgente. Dentre as saídas imaginadas, estão as estratégias de diferenciação e valorização da identidade católica: olhar para o que fazemos e que nenhuma instituição particular pode oferecer como forma de nos posicionar com valor e importância social sem, necessariamente, nos comparar ao mercado. Não significa ignorar o mercado, mas recusar a mercantilização da educação católica, elaborando propostas pedagógicas robustas de humanização, formação espiritual e em valores e, sobretudo, oferecendo uma experiência educativa completa, que envolva ativamente as famílias e as comunidades.

O segundo desafio para a perenidade da educação católica é a promoção de uma cultura do diá-

educacional? Se as lideranças eclesiais não apoiarem as escolas e universidades católicas que, há mais de um século, servem à Igreja e ao povo brasileiro, essas instituições sobreviverão às pressões que vêm de fora?

logo numa sociedade profundamente polarizada do ponto de vista ideológico e político. Em um cenário em que as opiniões, muitas vezes, se chocam e as diferenças ideológicas demarcam o tom das relações interpessoais, a promoção dos valores cristãos pode ser vista como uma tarefa árdua e, por vezes, controversa. Esses valores incluem a compaixão, a justiça social, a solidariedade, o respeito pela dignidade humana desde a concepção até seu fim natural e a busca pela verdade - tudo isso como expressão autêntica dos compromissos que nascem da fé Naquele que, encarnado, assumiu integralmente a vida humana e levou-a às últimas consequências do amor entregue. Em uma sociedade polarizada, na qual as pessoas, muitas vezes, se posicionam firmemente em lados opostos de questões sociais, políticas e culturais, pode ser difícil para as escolas católicas manterem sua integridade e transmitirem esses valores de maneira eficaz. Infelizmente, muitas pessoas modulam os valores católicos a partir das próprias interpretações igualmente ideológicas sobre a Palavra de Deus e a doutrina da Igreja, aplicando ora uma seletividade frente ao magistério, ora um rigor extremista.

Algumas famílias, sabendo-se clientes das escolas católicas, pressionam, de maneira violenta, os gestores, que precisam mediar conflitos ideológicos. Esperando que a escola seja católica “sob medida”, ignoram que a tarefa de uma educação verdadeiramente católica é a de formar para uma consciência respeitosa e aberta, a partir da mesma fé. As escolas católicas têm a oportunidade única de fomentar o diálogo e a tolerância como valores fundamentais. Ao promover um ambiente de respeito mútuo e abertura ao debate construtivo, as escolas católicas podem ajudar a criar pontes entre diferentes perspectivas e promover a compreensão mútua. Afinal, como cristãos, somos chamados a amar e respeitar nossos irmãos e nossas irmãs, independentemente de suas opiniões ou convicções políticas. Isso não significa

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que devemos abandonar nossas próprias crenças ou compromissos éticos, mas, sim, que devemos procurar maneiras de expressá-los de maneira respeitosa e construtiva, buscando sempre o bem comum e a reconciliação, a partir do exemplo daquele que sempre convida, mas nunca obriga ao seguimento.

O terceiro desafio que se impõe neste momento é o de integrar as práticas pedagógicas e os currículos às novas tecnologias. Essas realidades nos vêm ora como promessas de progresso, ora como ameaças de destruição. De fato, a depender do uso que fazemos das tecnologias, elas podem servir ao bem e ao mal. Contudo, é um dado objetivo que as crianças e os jovens de hoje já nascem nativas digitais e ignorar esse aspecto na formação deles é negligência. Assim, as instituições educacionais católicas são instigadas a incorporar a inteligência artificial e outras tecnologias na formação de maneira responsável, aberta e balizada pelo respeito à dignidade humana. Nesse sentido, a persistência na formação humanística e solidária é cada vez mais custosa. O encanto com as facilidades tecnológicas e a sedução do materialismo consumista tornam nosso humanismo solidário um discurso sem aderência, desinteressante e quase um humanismo “solitário”. Apesar disso, as escolas católicas, pela história e pela experiência pedagógica que desenvolveram ao longo do tempo, devem insistir e consolidar a autoridade no tema do humanismo solidário e o farão pelo cultivo de pedagogias que induzam o protagonismo dos estudantes, o compromisso social, o autoconhecimento, a formação ética e política a partir dos valores do Reino de Deus.

O quarto desafio das escolas e universidades católicas está relacionado ao acolhimento e à inclusão das diferenças. O Papa Francisco tem ensinado que a Igreja é para todos, sem exceção. Isso significa incluir os pobres, os marginalizados, os deficientes etc. No país, vem crescendo a consciência sobre os direitos das pessoas com deficiência, especialmente das pessoas com transtorno do espectro autista e de outras tantas deficiências que tocam diretamente nossa rotina educativa. Há uma demanda crescente por atendimento educacional e as escolas católicas são reconhecidas em todo o país pelo exemplo e pela seriedade na condução desse trabalho. No entanto, a implementação de políticas de inclusão e acessibilidade supõe investimentos e recursos dos quais,

muitas vezes, as escolas católicas não dispõem. Além disso, o poder público, não raras vezes, resigna-se diante da demanda de muitas famílias e terceiriza sua responsabilidade sem subvenção ou fomento. Falta ao país uma política de educação inclusiva verdadeira, que contribua para que as famílias e as instituições sejam espaços acolhedores para o desenvolvimento humano integral das crianças e dos adolescentes.

O quinto desafio, que, de alguma forma, já foi mencionado, é a necessidade de renovação da gestão. Diante dele, deve-se implementar estratégias que garantam uma gestão eficaz e atualizada, ao mesmo tempo que se preservam a identidade e os valores católicos da instituição. Uma das principais formas de renovar a gestão administrativa é por meio da profissionalização dos processos e das equipes. Isso inclui a adoção de práticas modernas de gestão, a implementação de tecnologias educacionais inovadoras e o investimento na formação contínua dos funcionários administrativos. A gestão administrativa profissionalizada permite uma maior eficiência na organização escolar, o que facilita a tomada de decisões e a resolução de problemas de forma mais ágil e eficaz. Tudo isso pode ser impulsionado por um reposicionamento de mentalidade: a viabilidade das nossas propostas e das nossas instituições não é mais garantida apenas pela tradição e pela antiguidade; nossas estratégias precisam ser realmente viáveis e seguras. E, por isso, demandam o empenho de profissionais - técnicos e gestores - bem formados e abertos ao diálogo com as graves questões impostas pelo atual momento.

No âmbito pedagógico, a renovação pode ser alcançada por meio da atualização constante dos métodos de ensino e da incorporação de abordagens educacionais centradas no aluno. Isso inclui a implementação de currículos flexíveis e adaptáveis, o uso de recursos tecnológicos para aprimorar o processo de aprendizagem e o estímulo à criatividade e ao pensamento crítico dos estudantes. Além disso, é fundamental promover uma cultura de avaliação e de feedback contínua, que permita acompanhar o progresso dos alunos e identificar áreas de melhoria no ensino.

No entanto, um dos desafios mais prementes que as escolas católicas enfrentam é o encolhimento

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da vida religiosa consagrada e, consequentemente, a escassez de líderes pastorais qualificados para orientar a comunidade escolar. Para lidar com essa questão, é essencial investir no treinamento de novos gestores e na formação de líderes pastorais leigos, que possuam uma sólida formação eclesial e um profundo compromisso com os valores e ensinamentos da Igreja Católica. A incorporação do laicato com boa formação eclesial na gestão pastoral das escolas católicas pode trazer uma nova vitalidade e um novo dinamismo à vida espiritual da comunidade escolar. Esses líderes leigos podem desempenhar um papel fundamental na promoção da espiritualidade católica, na orientação espiritual dos alunos e na organização de atividades pastorais significativas. Além disso, a presença deles pode ajudar a garantir que a identidade católica da escola seja preservada e transmitida de forma autêntica. Não se tocam, aqui, os desafios próprios das congregações e dos institutos de vida religiosa, no que diz respeito à diminuição de seus quadros e aos desafios carismáticos próprios da vida religiosa neste tempo. Esses desafios são um capítulo à parte, que caberá ser enfrentado pela Igreja.

Um sexto desafio para as escolas católicas é a atualização da identidade diante da transição religiosa que ocorre em muitas partes do mundo. Em um contexto de crescente diversidade religiosa, é essencial que essas instituições promovam uma reflexão profunda sobre o próprio papel na sociedade e adotem uma postura inclusiva e aberta ao diálogo inter-religioso. Consequentemente, num cenário tão polarizado, não basta abrir as portas para acolher, mas também para educar a comunidade escolar para essa acolhida e esse diálogo que pressupõe escuta e mediação técnica.

Uma das primeiras etapas para atualizar a identidade confessional das escolas e universidades católicas é a reflexão sobre o papel em uma sociedade diversificada religiosamente. Isso envolve reconhecer e respeitar a pluralidade de crenças e tradições religiosas presentes na comunidade escolar, bem como promover um ambiente de respeito mútuo e tolerância religiosa.

Todavia, há quem sonhe com uma escola católica apenas para católicos, recusando o sentido mais

profundo de “católico”, que é a universalidade, e nutrindo a fantasia de uma cristandade que, em sentido estrito, só existe na imaginação de quem a deseja. Nessa fantasia, a fé e a Igreja se reduzem a um grupo fechado e isolado, detentor único da verdade e indisponível ao diálogo. Essa ideia de educação católica ganha cada vez mais força porque ela, no dizer do Papa Francisco, é uma visão “centrípeta” da Igreja - gira em torno de si e direciona suas forças para dentro. A autorreferencialidade oferece uma falsa segurança, relembra o Papa, porque dá a impressão de estarmos imunes ao que é diverso a nós. No entanto, o pensamento do Papa e a vocação da Igreja, desde o princípio, são agir de maneira “centrífuga” - sempre para fora, sempre na direção do outro. Isso significa criar espaços e oportunidades para o diálogo, em que estudantes, professores e funcionários possam compartilhar as próprias visões de mundo e confrontá-las com a mensagem do Evangelho com liberdade e sem constrangimentos.

A promoção de uma identidade católica inclusiva também requer um compromisso com a justiça social e a solidariedade, valores fundamentais do ensinamento católico. Isso envolve o engajamento ativo na promoção da paz, da justiça e do bem-estar de todos os membros da comunidade, independentemente da origem étnica, socioeconômica ou religiosa. Urge superar uma visão de Pastoral Escolar desconectada da realidade, baseada numa vivência sacramental formalista e pró-forma. As escolas católicas que ousam reelaborar sua pastoralidade, incorporando práticas de anúncio e vivências com linguagens atrativas e diversificadas, que constroem um repertório de espiritualidade e engajamento comunitário amplo e aberto, experimentam um reavivamento da própria identidade.

Além disso, as escolas e universidades católicas podem desempenhar um papel importante na construção de pontes entre diferentes tradições religiosas, de forma a promover o entendimento mútuo e a cooperação inter-religiosa em prol do bem comum. Esta, talvez, seja uma das maiores riquezas da educação católica: ser um espaço em que a Igreja ainda consegue dialogar com qualidade com outras visões de mundo, de forma a oferecer a visão cristã da realidade como uma alternativa viável, e não simplesmente como um dado de fé que faça sentido apenas

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à comunidade dos que creem. Ou ainda: ser um lugar de discussão madura e fundamentada da fé, para além das opiniões e dos preconceitos, tornando-a mais credível e relevante.

O sétimo desafio, já mencionado quando referido à gestão, é sair da ilusão de que “ter tradição no ensino garante perenidade”. Embora a tradição tenha valor e seja um componente importante da identidade dessas instituições, não pode ser vista como garantia absoluta de sucesso a longo prazo. O reconhecimento dos desafios presentes é essencial para que as escolas católicas possam se adaptar e prosperar em um ambiente educacional em constante mudança. Avanços tecnológicos, mudanças nas demandas dos alunos e famílias, e evolução das metodologias de ensino são apenas alguns dos aspectos que as instituições precisam enfrentar.

Nesse contexto, é fundamental incentivar a inovação e a busca por novas estratégias educacionais. As escolas católicas devem estar abertas a experimentar novas abordagens pedagógicas e pastorais, incorporar tecnologias emergentes e explorar formas criativas de envolver os alunos no processo de aprendizagem. Isso inclui a implementação de programas extracurriculares relevantes, a adaptação dos currículos para atender às necessidades do século XXI e o investimento em formação profissional para os educadores.

É importante ressaltar que a busca por novas estratégias educacionais não significa abandonar completamente a tradição, mas, sim, adaptá-la às necessidades e realidades do mundo contemporâneo, ressignificando seu sentido: se, um dia, há praticamente um século, fomos capazes de reinventar a educação e oferecer um programa inovador à época, hoje somos capazes, também, de nos reinventar e nos manter fiéis aos nossos princípios. Deve-se lembrar que as escolas e universidades católicas são tradicionais na criatividade e na inovação.

Como oitavo e último desafio que desejamos refletir, é o de incorporar as escolas à vida da Igreja de forma dialógica e sinodal. A separação entre clero religioso e clero secular ou entre vida religiosa consagrada e pastoral orgânica paroquial não devem implicar um isolamento das escolas, mas a busca de diálogo. As escolas têm cada vez mais se movimentado no sentido de fortalecer os laços com a comunidade eclesial, buscando apoiar e fortalecer a pastoral paroquial, dialogar com o pároco, conhecer e aplicar o que lhe é próprio nos projetos diocesanos de pastoral. Isso pressupõe abertura e disponibilidade por parte das instituições. Igualmente, espera-se do episcopado, do clero e das lideranças leigas nas dioceses e nas paróquias o movimento de abertura ao diálogo, entendimento mútuo e superação de ruídos de comunicação.

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Alimentar as esperanças

Na conclusão desta reflexão, é importante salientar as muitas esperanças que nutrem a educação católica dia após dia. Se, de um lado, temos grandes questões a serem enfrentadas, por outro, temos movimentos significativos empenhados em garantir longa vida às escolas e universidades mantidas pela Igreja.

O surgimento de uma cultura de inovação, nas escolas católicas, é um sinal encorajador, que indica uma disposição crescente para explorar novas abordagens pedagógicas e pastorais. Além disso, o reconhecimento da importância da identidade católica, em um mundo em transformação, e a busca das famílias por instituições que promovam valores sólidos impulsionam a educação católica rumo a um futuro promissor.

O aprimoramento na gestão das instituições também oferece oportunidades significativas para fortalecer a eficiência e a sustentabilidade das escolas

católicas, de forma a garantir que possam continuar a desempenhar o papel vital na formação integral dos estudantes.

Diante desses avanços e desafios, é essencial um chamado à ação e à colaboração de todos os envolvidos na comunidade educativa católica. Somente trabalhando juntos, compartilhando ideias e recursos, e comprometendo-se com a missão e os valores da educação católica, podemos enfrentar os desafios do presente e construir um futuro promissor para essas instituições, tão importantes para a sociedade brasileira e para a Igreja.

Que este momento de transição seja encarado como uma oportunidade para renovar e fortalecer a educação católica, com o propósito de garantir que continue a ser uma fonte de esperança e inspiração para as gerações futuras, com a insistência de quem tem fé.

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