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Para o MCTIC: adesão ao CERN
Fernando Cosme Rizzo Assunção INT Giovanna Machado Cetene Wagner José Corradi Barbosa LNA Jorge Vicente Lopes da Silva CTI Augusto César Gadelha Vieira LNCC Cecilia Leite Oliveira IBICT Anelise Pacheco MAST Sérgio Lucena Mendes INMA Ana Luisa Kerti Mangabeira Albernaz MPEG Antônia Maria Ramos Franco Pereira INPA João Carlos Costa dos Anjos ON
Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2016 Exmo. Sr. Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC, Esplanada dos Ministérios, 70067-900 Brasília, DF.
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Excelentíssimo Sr. Ministro:
Nós, os signatários desta carta – pesquisadores; dirigentes de instituições nacionais de ensino e pesquisa, bem como de fomento à ciência; dirigentes de empresas de base tecnológica; dirigentes de associações de classe; professores de física do ensino médio —, que participamos do programa ‘Escola do CERN’, vimos aqui manifestar nosso desejo e interesse de que o processo de adesão do Brasil, como um país membro associado, à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) seja concluído e que o Brasil possa associar-se àquele laboratório internacional.
O CERN é o maior laboratório científico do mundo, frequentado por mais de 12 mil cientistas de mais de 70 países, com 120 nacionalidades diferentes. Seu foco principal é a exploração da ciência básica da estrutura da matéria. Para investigar esse universo, foi desenvolvida uma miríade de tecnologias de fronteira que hoje estão embutidas em produtos que fazem parte de nosso cotidiano. A mais emblemática delas é certamente a web, mas há um sem-número de outros desenvolvimentos que nasceram naquele laboratório europeu, como plásticos para a embalagem de alimentos; aprimoramento de válvulas cardíacas; aperfeiçoamento de fraldas infantis.
O CERN é também um centro de treinamento de cientistas e tecnologistas, onde são preparadas teses acadêmicas. Mais da metade dos 12 mil cientistas que usam o laboratório tem menos que 30 anos de idade, e fração significativa deles irá desenvolver suas atividades profissionais fora do ambiente acadêmico. Portanto, não é acidental que os países europeus invistam recursos consideráveis na manutenção e no desenvolvimento das instalações daquele centro de pesquisa.
Hoje, a ciência e tecnologia brasileiras têm maturidade suficiente para se beneficiar de uma participação mais intensa nas atividades daquele laboratório, explorando as oportunidades que ele oferece a seus países membros. O CERN é um laboratório aberto, e o Brasil tem cerca de 130 pesquisadores, de 17 instituições, participando de experimentos lá instalados, com impacto significativo nos indicadores de produção científica do País, medidos por parâmetros internacionais.
No entanto, os desdobramentos dessa produção científica, em grande parte, ainda têm se restringido ao mundo acadêmico. A adesão do Brasil ao CERN como país membro associado abrirá oportunidade para que nossas indústrias compitam em processos licitatórios daquele laboratório – o que vai além de simples processos de compra, por envolverem, com frequência, desenvolvimentos tecnológicos e inovação de produtos, atividades feitas de forma colaborativa entre pesquisadores e empresas.
A adesão também abrirá novas oportunidades para o treinamento e a formação de engenheiros e técnicos em áreas avançadas, como eletrônica, instrumentação, ciência dos materiais, mecânica, criogenia, aceleradores, bem como tecnologia da informação. Permitiria também expandir um programa de grande sucesso, feito em colaboração com Portugal, que é a ‘Escola do CERN’, a qual leva professores de física do ensino médio para passar um período de treinamento no laboratório – com cursos ministrados em português.
Por fim, vale ressaltar aqui outro aspecto – cuja mensuração dos benefícios é certamente não trivial: contribuir para o resgate do prestígio científico e tecnológico do Brasil, qualificando suas indústrias com uma chancela de rigor e precisão associada à reputação de um laboratório do mais alto prestígio internacional, ajudando, assim, na retomada de um crescimento econômico sólido e sustentável.
O acima exposto visa a exemplificar e a fornecer, de maneira breve, algumas das razões pelas quais nós consideramos que a adesão do Brasil como país membro do CERN é estratégica e fundamental para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia no País.
Cordialmente, Ronald Cintra Shellard, Diretor do CBPF (Em nome dos signatários)