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Preparativos para a International Cosmic Ray Conference

PREPARATIVOS PARA A INTERNATIONAL COSMIC RAY CONFERENCE

Rio de Janeiro, fevereiro de 2012.

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Prezados Senhores:

Permitam-me, antes de pontuar o objetivo desta consulta, fazer breve histórico sobre o tema ao qual esta iniciativa está relacionada.

O Brasil foi encarregado de promover, no ano que vem, a XXXII International Cosmic Ray Conference (ICRC), sob a égide da Iupap (International Union of Pure and Applied Physics). Essa série de conferências, iniciada em 1947, acontece em anos ímpares, com tão somente duas falhas na regularidade desde então: uma em 1951, quando não houve a conferência, e outra, em 1990, por conta das dificuldades enfrentadas pelos organizadores australianos. Portanto, nestes 64 anos, a ocorrência de apenas duas falhas indica a importância que a comunidade e os governos depositam na organização do evento.

Pela primeira vez, uma edição desse encontro ocorrerá num país sul-americano – na América Latina, somente o México o sediou, o que se deu por duas vezes (Guanajuato, 1955; Mérida, 2007).

Para um bom desempenho desse acontecimento, é necessário que haja apoio decisivo não só dos órgãos governamentais de fomento à pesquisa, mas também de instituições privadas, como tem ocorrido, por exemplo, nos eventos relacionados à Rio+20, à Copa das Confederações de Futebol, à Copa do Mundo de Futebol e aos Jogos Olímpicos, bem como ao Congresso Eucarístico da Juventude Católica. Também no campo da ciência o Brasil está no foco global.

A tradição brasileira nas pesquisas sobre raios cósmicos iniciou-se quando da criação da Universidade de São Paulo em 1934, quando para lá vieram eminentes cientistas europeus, como o físico ítalo-russo Gleb Wataghin, o italiano Giuseppe Occhialini e, mais tarde, o austríaco Guido Beck.

Os mestres europeus da física trabalharam na fronteira do conhecimento da época na área de raios cósmicos e, ainda em 1938, foi publicado por Wataghin artigo teórico preconizando importantes resultados para a área, a chamada produção múltipla de mésons, que continua sendo objeto de pesquisas em prestigiosos laboratórios internacionais, como o CERN (Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear), na fronteira entre França e Suíça.

Discípulos brasileiros daqueles primeiros mestres europeus – notadamente, Marcello Damy de Souza Santos, Mário Schenberg, Oscar Sala e Cesar Lattes – deram continuidade às pesquisas em raios cósmicos. Em particular, Lattes ganhou fama internacional, a partir do papel decisivo na observação da partícula denominada méson pi, que tem papel central na coesão do núcleo atômico e foi importante não só para o entendimento da estrutura da matéria, mas também para o do universo.

O descobrimento do méson pi e de outras partículas na década de 1940 foi um dos fatores que motivaram a comunidade científica internacional a criar, a partir de um primeiro evento, em Cracóvia (Polônia), em 1847, essa série de conferências, as ICRC.

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