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O CBPF, 70 anos: conhecimento como alavanca do progresso
(Para a revista Mundo MCTI, 2019)
Este ano, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro (RJ), completa 70 anos de sua fundação, ocorrida no cenário do desenvolvimentismo e em um momento, logo após o fim da Segunda Guerra, em que ciência havia se tornado parte de um projeto de nação para o Brasil.
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Os fundadores do CBPF ‒ importantes formadores de opinião à época ‒ eram cientistas renomados, como Carlos Chagas Filho e César Lattes; militares da mais alta patente, como o Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva e o General Edmundo de Macedo Soares; grandes empresários, como Euvaldo Lodi e César Guinle; diplomatas, como Osvaldo Aranha e San Tiago Dantas; intelectuais respeitados, como Augusto Frederico Schmidt e Roberto Marinho de Azevedo. Eles atuaram como modernizadores do país, ao entenderem a essência de uma nova geopolítica que se estabelecia: conhecimento como sinônimo de poder (tanto econômico quanto político).
O CBPF foi um salto qualitativo não só para a física, mas também para a ciência no Brasil. Afinal, tratava-se de uma instituição envolvida exclusivamente em pesquisa, em regime de dedicação integral a essa atividade intelectual. Nesse sentido, foi um marco na história deste país.
Hoje, é necessário ao país dar novo salto qualitativo na ciência – e temos capital humano qualificado para tal ‒, semelhante àquele que a criação do CBPF representou. O objetivo seria expandir ‒ por meio das unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) ‒ a infraestrutura nacional voltada para a pesquisa em ciência e tecnologia, a qual é ainda inadequada para as necessidades da ciência que se faz atualmente aqui e para as demandas induzidas pela inserção internacional do país. Essa iniciativa teria como consequência maior expansão econômica do Brasil, impulsionada pelo conhecimento avançado em várias áreas, e a inclusão expressiva da população brasileira na cultura científica.
Em 2022, completaremos 200 anos de nossa independência. Essa data seria excelente oportunidade para, desde já, colocar em prática o que talvez seja a lição mais importante que aqueles modernizadores nos legaram: um Brasil moderno tem que necessariamente ter ciência, tecnologia e inovação robustas como parte de seu projeto para o futuro.
‘IndependenCiência’. Deixamos esse neologismo como sugestão para nomear o conjunto de atividades ‒ capitaneadas pelo MCTIC ‒ que levariam ao fortalecimento da infraestrutura de pesquisa no país. E, num gesto extra de ousadia, sugerimos como patrono dessa efeméride um grande cientista brasileiro, José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), intelectual, estadista e poeta que, não por acaso, é conhecido como o Patriarca da Independência.
Ronald Cintra Shellard
Diretor do CBPF