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De vice a diretor

incondicional a ele. Contratou pessoal; apoiou a expansão das notícias da instituição para as mídias sociais; ampliou as relações com a imprensa; montou estúdio de mídia para a realização de vídeos – o EMC2 (Estúdio de Mídia para Comunicação de Ciência).

Uma das consequências dessas ações foi que, com base em levantamento informal nas mídias sociais feito à época, metade das notícias de física no Brasil era sobre o CBPF.

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Relacionava-se bem com jornalistas, por exemplo, da Folha de S. Paulo, de O Globo, Jornal da Ciência, Ciência Hoje e Pesquisa Fapesp – nesta última, aparece em oito entrevistas sobre raios cósmicos.

Devemos lembrar que o Grafite da Ciência, que ocupa a totalidade de muro externo do CBPF – talvez, a maior manifestação artística sobre ciência do mundo –, foi idealizado, realizado e inaugurado na gestão dele, iniciativa que apoiou com fervor. A inauguração foi feita ‘em grande estilo’, com a presença de autoridades governamentais, formadores de opinião, cientistas, jornalistas etc. O Grafite da Ciência ganhou também amplo destaque na mídia nacional e internacional.

Conheci Shellard em meados de 1995, quando ele chegou ao CBPF. Nossa relação se estreitou quando ele se tornou editor da área de ciências exatas da Ciência Hoje – atualmente, publicada pelo Instituto Ciência Hoje. Eu havia ido para lá em 1991 – trabalho que mantenho até hoje. Ele foi do corpo editorial da revista de 1994 a 2000.

Nosso primeiro trabalho mais amplo foi um número que trazia três artigos sobre os 100 anos da descoberta do elétron, em setembro de 1997 (CH-131), para o qual ele convidou colegas da área. Pouco antes, havíamos feito entrevista com o James Cronin, prêmio Nobel de Física de 1980 e um dos idealizadores do Observatório Auger – a entrevista está no Capítulo 3.

Quando era vice-diretor do CBPF, em meados da década de 2000, ele me convidou para trabalhar meio período na instituição. Tentamos, à época, fortalecer o Núcleo de Comunicação Social, mas havia entraves significativos para pagamento de salário, o qual, segundo legislação, só podia ser feito a cada três meses, pois eu era prestador de serviços. Nessa época, eu ainda era freelancer, mas, pouco depois, voltaria a ter vínculo empregatício com a Ciência Hoje, interrompido desde minha ida, em 1996, para a Inglaterra, onde trabalhei para as revistas Superinteressante, da editora Abril e Marie Claire, da editora Globo.

Shellard deu amplo apoio também à publicação de livros de divulgação científica pelo CBPF. Por exemplo, biografia de Lattes; coletânea sobre história da física; coletânea de textos de pesquisadores do CBPF publicados no caderno ‘Ilustríssima’, da Folha de S. Paulo, jornal com o qual a instituição manteve colaboração; livro com cartas de Guido Beck, um dos pioneiros da física no Brasil e ex-diretor científico do CBPF; livro de pesquisador do CBPF (Alberto Reis) sobre física de partículas; e biografia da pesquisadora emérita do CBPF Anna Maria Freire Endler. Pouco antes de morrer, ele havia concordado em publicar mais dois: uma biografia de Beck e uma do matemático português António Monteiro, que trabalhou no CBPF logo após sua fundação.

Some-se a isso folder sobre a entrada do Brasil no CERN – acordo, pelo qual ele lutou por décadas, que ele não pôde ver assinado este ano. Todas essas publicações são distribuídas gratuitamente para o grande público, em vários formatos eletrônicos.

Voltei ao CBPF quando ele se tornou diretor pela primeira vez, em 2015 – fato que fiquei sabendo de antemão, na casa dele, em uma das inúmeras visitas minhas, pois éramos praticamente vizinhos no bairro da Urca.

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