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PRELÚDIO_Contextualização

PRELÚDIO

CONTEXTUALIZAÇÃO

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O texto deste capítulo necessita de, pelo menos, duas contextualizações. A primeira delas é sobre que tipo de texto apresentaremos aqui. Não se trata de artigo acadêmico, com referências ou notas de rodapé. Está, sim, mais para algo semelhante a ensaio, baseado em artigos e livros escritos pelos autores sobre o tema. Mais: foi redigido em linguagem simples, sem tecnicismos – como apreciava o homenageado deste livro.

O modo como dividimos as partes deste capítulo (em atos) foi proposital. Achamos que ele revela algo pouco dito sobre a história da física (e da ciência?) no Brasil: muitas vezes, as iniciativas são estanques, sem que se reconheçam como herdeiras de um passado e seus atores. Isso faz com que, a nosso ver, a falta de visão de uma continuidade cause o não reconhecimento de amálgama histórico entre fatos.

Nesse aspecto, a ciência nacional pratica mau hábito típico da esfera política: ignora-se o que foi feito em gestões anteriores e se começa algo ‘novo’, como se não houvesse vínculo entre antigo e recente. O resultado disso é fragmentação danosa para o estabelecimento e desenvolvimento da ciência no Brasil.

A física de altas energias no Brasil é o que é por causa dos mais de 500 anos de história deste país, onde, por cerca de quatro séculos, não houve contribuições científicas importantes. Mas não se pode negar que houve personagens que araram a terra, para que a colheita fosse feita décadas, séculos mais tarde.

Obviamente, como tudo que diz respeito à história da física no Brasil, não há nada de definitivo. Podemos ir além: nunca haverá ‘a’ história, mas sempre ‘uma’ história. E é esta última que apresentamos aqui, de forma breve, sem se prender a cronologia extensa, mas, sim, a fatos e personagens que julgamos importantes para escrevermos o texto que propusemos fazer, qual, desde o início, não dispôs do tempo necessário para a reflexão sobre as ideias que tiveram que ser assimiladas e compreendidas para que este ensaio viesse à luz.

Segunda contextualização: não queremos dar a quem se atrever a ler as páginas seguintes a sensação de que a física no Brasil começa na primeira metade do século passado. Há, certamente, vasta história anterior, mesmo que seus protagonistas não tenham sido cientistas ‘profissionais’ – muitos, no entanto, praticavam suas pesquisas com extrema seriedade. E muitos fizeram algo tão importante quanto obter resultados científicos: contribuíram para mudar mentalidades, para alterar o ambiente no sentido de torná-lo menos áspero e árduo à prática científica – e isso não é pouco, como sabemos, em um país como o Brasil.

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