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Galeria de artes do IQ
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Onde a comunidade do IQ expõe sua veia artística
O absurdo de um dia em Sao Paulo
Um dia simplesmente acontece, você jovem perdido pelo mundo sobre a janela de um ônibus ou no banco de um carro, a rua escura, com luzes fracas de poste. Você entendeu. Essa vida que julgava cheia de belezas e sinas desabou e o que resta é o singelo absurdo e sua companhia para a eternidade.
Não se conhece, no espelho um estranho, na sua cabeça uma voz distante sem direção ou expressão, tudo é morto dentro por dentro e cinza por fora, a cidade tem um tom cinza escuro, as luzes amarelaram-se e o ar esfriou. Perdido dentro de si ou dentro dela já não mais imporá, encontrar-se talvez seria uma boa opção se soubesse por onde começar.
Uma boca come à mesa, seu sanduiche favorito tem o mesmo gosto das sensações mais comuns que experienciou, um cachorro caramelo de um bonito sorriso passa ao seu pé, meio sanduiche e metade do sabor sentido, molhos carnes pão formando algo sem forma sem identidade, que com sofrimento é engolido.
A noite traz tantos sonhos, acordados ou dormindo agem mediocremente de forma que nunca se completarão, uma casa diferente, uma oresta talvez, heróis e vilões. Prefere-se a disposição, a solidão e a solitude. Quando só, um livro é escrito, sem pretensão ou ambição, uma sombra em seu quarto atrás de uma tela clara deitando sobre o teclado seus pensamentos mais tristes... não. Não são pensamentos tristes, é a vida em sua mais pura verdade. Um quadro pintado sobre a mais pura realidade demonstra complexidade e confusão, Guernica de Picasso mostra como a ressigni cação é expressada na tela, nada de tristeza ou pretensão, a vida nua e crua é cruel.
A beleza vem pela manhã, um novo dia em sua janela, que busca a felicidade de Cecília. O banho e o café são sagrados quando vê-se de fora, um ritual meticuloso e monótono com sua importância particular, o ônibus não espera, a casa trancada e o cansaço no bolso. Essas pessoas são conhecidas, no fundo duas são vistas amanhã, o motorista de ontem e a linda garota de todo dia. Esse momento tão inútil e repetitivo se estende por horas, passa-se o ponto terminal e todos descem.
Fones de ouvido para escutar o mundo irreal, o real já não basta, na música busca-se o que não se tem no momento, na arte em geral busca-se formas de se completar. Um homem na estrada deitado, morto ou vivo, o trem avança pela selva de concreto. Garoa azul, fumaça branca, céu cinza, rostos cinzas.
Cabelos coloridos são a maior atração, guardam um belo rosto pequeno e apático sob suas mechas. Um olhar, um aceno, um sorriso, um gesto e se foi. A beleza única do dia, no mesmo lugar à mesma hora, sempre seu all star azul que borra a visão e o cheiro de laranja que perfuma sua imagem.
Mais um dia passa-se dentro de um mesmo lugar com um mesmo cheiro, as mesmas aulas e as mesmas cadeiras, o chão imóvel como as arvores que se seguram da chuva. Essas vozes cansam os ouvidos, essas palavras se perdem no quadro. A lousa com números e formulas dá o peso do futuro, E você sente o peso do passado.
Antes de tudo, porém, é preciso devolver ao raciocínio absurdo rostos mais calorosos. Rostos vivos com sensações únicas e visões distintas, a lembrança dos seus erros é o que o faz deixar de lado a alegria expressa na face para cobri-la com o passado, e é esse passado que nos nutre com a íntima história vivida.