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Para além da Química: Masoud Negahdary
Pós-doutorando no Laboratório de Química Analítica Instrumental do IQUSP, Masoud Negahdary foi o único pesquisador não-docente do instituto incluído na lista de cientistas mais in uentes do mundo em 2022, publicada na Updated Science-wide Author Databases of Standardized Citation Indicators no início de outubro. O estudo é elaborado anualmente pela Universidade de Stanford (EUA) e analisa a in uência dos cientistas com base na Scopus — o maior banco de dados mundial de resumos cientí cos e citações revisados por pares. Além dele, 14 docentes do IQ também integram a lista.
Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista com Masoud:
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*em tradução livre para o português
Como foi para você saber que foi selecionado para integrar uma lista de pesquisadores mais in uentes do mundo?
“Não foi nada demais”, diz ele. “Eu só z meu trabalho. Um trabalho bem feito. É bom, principalmente para nos motivar, mas não é algo tão importante para mim, não é meu objetivo (...)
Sob orientação do professor Lúcio Angnes, do Departamento de Química Fundamental, e nanciamento FAPESP, o iraniano Masoud dedica sua carreira — desde o mestrado — a pesquisar e desenvolver biossensores eletroquímicos para, através da detecção de biomarcadores, realizar o diagnóstico de doenças como a COVID-19, Alzheimer e câncer. Ao longo de sua trajetória, ele já publicou mais de 100 artigos em diferentes revistas de alto impacto, entre elas a Coordination Chemistry Reviews e a revista Science.
Masoud acredita que a chave para o sucesso está na disciplina e na dedicação. Ele conta, por exemplo, que muitos dos resultados foram conquistados pelo trabalho além do expediente — um sacrifício que vale o esforço, se for para ajudar as pessoas. Além disso, defende a especialização na carreira cientí ca. “Você pode mudar de área ao longo do tempo, mas se não focar em alguma coisa, não conseguirá fazer a diferença e ser o melhor naquilo. Durante toda a minha carreira, desde o mestrado, eu foquei no design de biossensores eletroquímicos. Então, foram mais de dez anos trabalhando sempre na mesma linha, no mesmo tópico”.
Por que você escolheu o Brasil e o IQUSP para realizar o seu pós-doutorado?
“Eu conheci o professor Lúcio através de suas publicações, ele tem alguns artigos muito bons em revistas de grande impacto. Então, um dia mandei um e-mail e ele me disse que eu seria bem-vindo aqui, mas que precisaria aplicar para a FAPESP para obter nanciamento para a minha pesquisa”.
O projeto de Masoud foi aprovado em abril de 2019 e, após um maior controle da pandemia de COVID-19 e a retomada das viagens internacionais em 2021, ele nalmente chegou em São Paulo. “Além disso, aqui vocês têm um grande privilégio, que é não precisar trabalhar enquanto se faz a pós-graduação. Durante meu mestrado e doutorado no Irã, eu trabalhei dentro e fora da universidade, não tive outra opção. Mas aqui, o cientista recebe para fazer sua pesquisa. Os alunos deveriam aproveitar mais essa oportunidade”.
E como você se sente aqui hoje?
“O professor Lúcio é uma ótima pessoa e me dá muita liberdade no meu trabalho, ele me deixa tomar minhas próprias decisões e eu não me sinto limitado aqui. Além disso, todos me tratam muito bem e isso faz toda a diferença. As pessoas se ajudam e se respeitam, é muito importante ajudar uns aos outros, investir no ambiente em que se vive”, diz Masoud. “E eu também gosto de passear, de conhecer bons restaurantes, músicas novas, assistir aos jogos da Copa do Mundo aqui em São Paulo. A única di culdade é a língua, porque muita gente não fala inglês e eu não sei português. Acho que já aprendi mais de 200 palavras até agora, o su ciente para mercado e coisas assim, mas a comunicação é difícil”.
Para encerrar, quais são seus planos para o futuro?
“No momento, tenho algumas opções. Estamos tentando uma Bolsa de Pesquisa no Exterior (BPE) pela FAPESP, para passar um ano nos Estados Unidos. Já consegui estender meu pós-doutorado em um ano, então esse é o plano”. Com o objetivo de ajudar as pessoas e contribuir para o avanço da ciência e saúde mundial, Masoud não pretende abandonar a pesquisa tão cedo, seja onde for. Porém, ele não descarta continuar sua vida no Brasil pelos próximos anos. “Costumo dizer que minha mãe é o Irã, mas meu coração é o Brasil. Eu adoro este país”, conclui.
Sobre o pesquisador:
Masoud Negahdary é nascido e graduado no Irã. Ph.D em Bioquímica Clínica pela Universidade Shahid Sadoughi de Ciências Médicas, desde 2021 atua no Grupo de Pesquisa em Química Analítica Instrumental do IQUSP, coordenado pelo Prof. Dr. Lúcio Angnes, do Departamento de Química Fundamental. Financiada pela FAPESP, sua pesquisa de pós-doutorado é centrada no 'Projeto e fabricação de biossensores eletroquímicos para diagnóstico precoce de infarto do miocárdio e de Carcinoma Hepatocelular usando primers de microRNAs como elemento de bioreconhecimento e arranjos de matrizes de nanoestruturas de ouro'.
Mais informações: masoudnegahdary@ssu.ac.ir
