AIRHEAD MAGAZINE- Abril 2015

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[ SUMÁRIO ] RECEITA

Bolo de Caneca

(texto: Manoela Morel // fotos: Ana Strapazon)

GUIA

Jessica Lange: Fotografia

(texto: Ana Strapazon // fotos: Lara Emerich) EDITORIAL

To Be Young In NYC

(fotos e seleção: Lara Emerich)

P. 10

CINEMA Resenhas

Big Eyes (2015) // Misfits (texto: Luiza Müller)

MÚSICA Resenhas

FROOT + Resenhas do mês (texto: Manoela Morel)

Foto de capa: Lara Emerich Layout e arte final: Manoela Morel


“She said „What are your goals? Where your ambitions lead?‟, well I guess they must be in my other jeans”*. É engraçado como uma frase pode implicar, mesmo que por meio de uma longa reflexão, tantos significados. Essa aí, por exemplo, leva consigo tantas faces da juventude. A ideia de ser jovem em Nova Iorque provavelmente não veio exclusivamente da banda Skaters, de cuja música “To Be Young In NYC” extraímos a frase acima, além de grande inspiração para essa edição. Lembrando que Nova Iorque é a “cidade que nunca dorme” então, deixa toda essa ideia ainda mais clara. De qualquer jeito, podemos levar isso para um lado mais romantizado, quase um filme da Sofia Coppola: uma vida noturna muito agitada e ainda a cena icônica dentro do taxi, com a cabeça apoiada na janela. Agora, trazendo isso para uma perspectiva da vida real, o que seria isso? Talvez as oportunidades que a cidade traz, talvez só o sentimento de ser parte de uma unidade na cidade sóbria e cinzenta, como a própria São Paulo. Acho que só vivendo lá para saber. De qualquer jeito, tentamos mimicar o sentimento que essa frase nos passa por essa edição.

Sessões de guia, moda e beleza

* “Ela disse „Quais são suas metas? Para onde suas ambições levam?‟, bem, eu acredito que elas devam estar no meu outro jeans”


RECEITA:

TEMPO DE PREPARO: 5 MINUTOS RENDIMENTO: 2 BOLOS

INGREDIENTES:

2 colheres (sopa) de chocolate em pó 4 colheres (sopa) de farinha de trigo 1 ovo 4 colheres (sopa) de açúcar 3 colheres (sopa) de óleo 1 colher (café) de fermento


MODO DE PREPARO: Na caneca que irá consumir seu bolo, bata bem o ovo com um garfo Coloque o óleo, o açúcar, o leite e o chocolate em pó e bata mais Coloque a farrinha de trigo e o fermento e misture até a mistura encorpar Leve ao microondas por 3 minutos em potência alta, parando sempre que a massa parecer transbordar da caneca para que a massa possa crescer gradualmente. Ao tirar do microondas, espete com um garfo para conferir que a massa não esteja mole no meio. Se esse for o caso, aqueça por mais 30 segundos.


Jessica Lange já é uma atriz conhecida- tanto por ter dado vida à mocinha de King Kong (1976), como por ter atuado nas primeiras quatro temporadas de American Horror Story. O que muita gente não sabia, é que ela também é fotografa. Entrando nessa faceta do seu talento, a exposição „Jessica Lange: Fotografa‟, com 135 fotografias, está exposta no Museu da Imagem e do Som (MIS). Essas 135 obas são divididas em dois blocos ”Coisas que vejo” e ”México” que, por

sua vez, tem uma desimbiguação em ”Os cinco dias sem nome”. As instalações parecem um bloco de concreto- um chão cinza com paredes brancas e algumas chumbo. Embora pareça quase sem graça a descrição, as cores monocromáticas se juntam com as fotos preto e branco com uma extrema suavidade.




A sessão ”Coisas que vejo” tem um texto explicativo que conta com a reflexão ”Se Kandisky afirmou que o ponto era a forma mais concisa de tempo, e a linha, sua continuidade, então essas imagens se desdobram e que mal duram um centésimo de segundo não dependem de nada além do „momento decisivo‟, o „momento decisivo‟ delas, sem concessões, sem arrependimentos.” O trecho descreve o espírito das fotografias com precisão. Não precisamos saber onde foram tiradas, quem estão estampados, qual o contexto. A única coisa que importa é o sentimento passado pelo sorriso, pelo olhar, pelo gesto daquele que é representado nas fotos. Existe um exercício de ”autovisualizar palavras”, muito comum em Cinema, onde uma palavra gera um filme, uma história. Com as fotografias de Lange, podemos fazer o contrário- a partir de uma imagem, montar uma história escrita, ao invés de uma história visual. A falta de contexto nas fotos nos permite criá-lo. Já a sessão “México”, tem uma reflexão por Anne Morin sobre o movimento que suas obras passam, da coreografia que os corpos fazem. O mais impressionante nas obras é como em todas podemos ver Lange presente. Seja na simetria, na iluminação, na posição imperfeitamente perfeita dos peões do tabuleiro no qual ela joga. As fotos trazem a espontaniedade dos momentos, que levam a lascas que podiam pertencer a um filme. Por último ”Os cinco dia sem nome, Chiapas”, tem fotos do Carnaval na área de Chiapas, mais especificamente, nos vilarejos de Tenejapa e San Juan Chamula. Talvez até mais do que as fotos, o texto explicativo é imperdível, que fala sobre os cinco dias perdidos do Calendário Maia, nos quais se acredita que o mundo ficaria de cabeça para baixo, levando ao caos. O que menos se vê nas fotos, porém, é caos. Tudo quase combinado, com foco no „quase‟, que é o elo entre o espontâneo e o combinado. E é esse equilíbrio que nos deixa com aquele gosto de ”quero mais”.








Big eyes Big Eyes (2015) é uma biografia e um drama sobre a vida da artista Margaret Keane, interpretada por Amy Adams. A história se passa nos anos 50/60, mostrando a vida da artista dos famosos quadros de crianças com grandes olhos, cuja autoria foi cedida ao seu marido Walter Keane (Christoph Waltz) nos anos 60. Enquanto assistia ao filme, senti ódio e uma enorme expectativa, quase como se estivesse na sala de estar com os personagens, como uma amiga próxima da Margaret, aguardando suas próximas ações impacientemente. Ao som de “Big Eyes”, trilha sonora gravada especialmente ao filme por Lana Del Rey, a emotividade da cena se multiplica, a melodia faz a cena se completar, de modo que ouvir a música de novo despertou o mesmo sentimento que senti assistindo ao filme. Não vejo ninguém melhor que o Tim Burton dirigindo esse filme, já que os desenhos da artista são, por si próprios, uma arte muito parecida com o “jeito Tim Burton de ser”. Ele fez um excelente trabalho fazendo uma historia real parecer um sonho ou até mesmo um conto de fadas, sem alterar muito sua veracidade. Além de mostrar o amor de uma mulher com sua arte e por sua procura por liberdade, a história também aborda a parte do machismo nos anos 50, o que faz o sentimento de revolta crescer em certas cenas. Além da lindíssima história, o figurino é bem caracterizado, de forma que apenas a visualização de uma cena qualquer do filme já te leva para a época retratada. Um outro ponto maravilhoso da biografia são os quadros da pintora, que fazem o filme ainda mais emocionante; seus desenhos encarnam a famosa frase “Os olhos são as janelas para a alma”. O filme também conta com Krysten Ritter, Jason Schwartzman e Danny Huston. Curiosidade: Esse é o primeiro filme desde Mars Attacks! (1996) que o diretor Tim Burton não inclui Helena Boham Carter e Johnny Depp no elenco.


misfits Misfits é uma série de drama/ficção científica britânica. A série mostra a vida de adolescentes que faziam serviço comunitário quando foram atingidos por um raio, assim ganhando poderes. O diferencial da série (além de uma historia bem bolada), é mostrar pessoas com poderes o mais humanamente possível; os personagens não são heróis, nem vilões, mas sim o que você esperaria se pessoas reais ganhassem poderes: mentes um tanto confusas sobre suas responsabilidades com o mundo. Apesar de ser um drama, é possível dar boas risadas com o humor ácido de Nathan (Robert Sheehan), que já poderia ser um bom motivo para assistir a série. Os personagens tem personalidades extremamente diferentes e aprendem a conviver entre si conforme a serie se desenrola. Misfits conta com Iwan Rheon, Laura Socha, Antonia Thomas e Nathan Stewart-Jarrett. 3 das 5 temporadas estão disponíveis no Netflix.

EM BREVE: GAME OF THRONES A 5ª temporada de Game Of Thrones chega em abril, para a alegria da grande legião de fãs que a série vem conquistando desde 2011. O inquietante fim da 4ª temporada deixou uma grande expectativa no ar. Segundo o elenco, essa temporada vai estar muito interessante pois personagens que antes nunca estiveram relacionados vão começar a se entrelaçar. Estreia dia 12 de abril na HBO.


Froot, by MARINA AND THE Atlantic/ Neon Gold

DIAMONDS

Depois de três anos de espera por parte dos fãs, a cantora de indie pop Marina and the Diamonds volta com um novo álbum e uma nova personalidade para sua persona musical. Maturidade é o adjetivo que melhor o descreve- sem ter nenhuma relação com péssimo trocadilho sobre o tema frutal do projeto. O disco trata de uma Marina crescida, como já é de cara mostrado na primeira faixa, "Happy". Além de ter um ritmo um tanto melancólico, a letra prova que Marina superou toda a fase depressiva pela qual parecia passar nós últimos discos, Electra Heart e o debut The Family Jewels. Outra música que ilustra esse tema é "Forget" que lembra "Teen Idle", música do disco antecessor. Seria essa uma reposta otimista para a canção mais sombria de Marina ou tudo não passa de uma mera coincidência? FROOT fala muito sobre atitude e personalidade. "Can't Pin Me Down" fala exatamente disto, dizendo claramente que nunca atenderá as expectativas de ninguém. Em "Solitaire", que se assemelha muitíssimo à antiga "Numb", Marina compara sua personalidade tão fria e tão dura quanto uma pedra. "Gold", entretanto, fala sobre seu próprio amadurecimento ao som de uma melodia com um ar super tropical. A letra diz claramente que a cantora não é quem costumava ser. Mas não se engane: além da mudança de temas em suas letras, FROOT ainda sim trata sobre relacionamentos em "Better Than That" e "Blue”, que estão entre as faixas de mais destaque na obra. Dançante e cheia de influências de baladas dos anos 80, Marina and the Diamonds conseguiu fazer, mais uma vez, o que faz de melhor: criar músicas grudentas, que ficam na cabeça ao mesmo tempo de te fazer refletir sobre diversos assuntos abordados nas letras. Além de que sempre será reconhecida pela personagem de Electra Heart a cantora mostra que consegue partir para a próxima e criar um universo se não tão elaborado, tão envolvente quanto o do disco anterior. Na própria música "Froot", Marina diz que coisas boas vem para aqueles que esperam, e podemos dizer que sim, esses três anos de sumiço da cantora foram muito bem recompensados.


Chasing yesterday by NOEL GALLAGHER’S HIGH FLYING BIRDS

Sour Mash Records

O que podemos esperar de Noel Gallagher? "Chasing Yesterday", como já diz o próprio título, trás um som ao estilo anos 90, quase um revival do próprio Oasis, que só um músico daquela época parece capaz de fazer. Para mim e certamente para muitos fãs de britpop, será impossível ouvir o álbum e não lembrar de tantos sucessos. Toda faixa parece trazer a essência de um dos hits da época, todos combinados mas, ao mesmo tempo, de um jeito maravilhosamente novo. E que jogue a primeira pedra quem não pensou que os primeiros 15 segundos de "In The Heat Of The Moment" era coincidentemente parecido com o single "For Tomorrow" do antigo rival de Gallagher, o Blur.

GOON by TOBIAS JESSO JR.

True Panther Records

Se lançado algumas décadas atrás, o debut de Tobias Jesso Jr poderia muito bem ser apreciado pelo próprio John Lennon, mas atualmente é comparado ao próprio pela crítica internacional. O foco fica nas incríveis melodias de piano do jovem de 29 anos (exceto em "The Wait“, que conta, por sua vez, com um violão despretencioso), o que de jeito nenhum ofusca as letras melódicas e de partir o coração que se repetem ao longo de Goon. "How Could You Babe", já está entre posições altas na música indie. Jesso Jr. é uma ótima pedida para que está esperando por um disco novo de Keaton Henson e também agradará quem gosta de Bon Iver e até mesmo aos fãs de Mac Demarco.

THE GREAT PRETENDERS by MINI MANSIONS

Fiction Records

De uns tempos para cá o Mini Mansions, super-trio e projeto paralelo do baixista do Queens of the Stone Age, vem ganhando bastante atenção por sua parceria com Alex Turner na música “Vertigo”. Esta é, sem sombra de dúvidas, a canção mais marcante do album que, lembrando influências que vem de Nick Cave até mesmo MGMT, te faz passar dias a cantrolando, mesmo que subconscientemente. Entre as músicas que mais gostei de The Great Pretenders, posso citar “Creeps”, uma música totalmente Bowie na época de Ziggy Stardust; “Heart of Stone” com influências ao estilo Álbum Branco, dos Beatles e “Double Visions” que me lembrou bastante o som do The Horrors.


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