AIRHEAD MAGAZINE- Junho 2015

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[ SUMÁRIO ] ARTE

Natalie Foss

(texto: Ana Strapazon) LITERATURA

Resenhas do Mês

(texto: Francesco Felix // ilustrações: Ana Strapazon)

EDITORIAL

The Nobodies

(fotos e seleção: Lara Emerich) MÚSICA

P. 08

Resenhas

English Graffiti + Resenhas do Mês (texto: Manoela Morel) CINEMA Resenhas

Big Fish

(texto: Luiza Müller) THROWBACK

1994

(texto: Luiza Müller e Manoela Morel// ilustrações: Manoela Morel) Foto de capa: Lara Emerich Layout e arte final: Manoela Morel


~ Paulo (na visAo ~ A vida em SAo de uma maranhense)

Uma vez me perguntaram o que eu achava da cidade de São Paulo. Eu respondi que era um “caos tranquilo”. A pessoa ficou me olhando como se eu fosse insana, mas, a meu ver, não há termo melhor para descrever a capital. Não existem momentos de silêncio nessa cidade, mas o barulho dos carros e das buzinas, a voz de alguém berrando “Fora Dilma! ”, ou “Vai Corinthians! ”, sem nenhuma razão aparente, as luzes dos prédios sempre acesas, como se a cidade nunca dormisse... tudo isso é, de certa forma, relaxante. Como se, sem isso, a cidade ficasse sem sua identidade. Porque São Paulo é assim, vibrante, gigante, brilhante. Acho que quem sempre morou aqui não consegue ver como São Paulo é incrível. Um shopping em cada esquina, teatros incríveis, dar de cara com o MASP pela primeira vez na vida, alguém mundialmente famoso hospedado a menos de um quilômetro da sua casa, ficar matando tempo na maior livraria do país, até mesmo tomar um café no Starbucks. Quando eu era pequena (ainda morando no Nordeste) e vinha pra São Paulo, a minha parte favorita era (e ainda é) olhar pela janela do avião e ver aquelas luzes acesas à noite, os carros passando, a quantidade monstruosa de prédios. Era mágico. Até o ar era diferente. Aliás, tudo aqui é diferente. São Paulo é uma cidade única. Única e maravilhosa.



Para esse mês, eu tinha alguns artistas na manga. Então, fazendo a minha pesquisa usual, eu passei pelo portfólio de cada um deles, mas eu sempre queria voltar para o trabalho da Natalie Foss. Talvez sejam as cores, talvez os traços ou talvez o site minimalista. De qualquer jeito, é um trabalho memorável. Uma das coisas que eu procuro treinar o meu olhar para apreciar é a impressão que a obra me passa. Impressão, eu digo, no sentido de história. De qualquer jeito, cada um dos desenhos tem algo a mais, que passa quase despercebido. Despercebido não, ele vem como um sentimento quase que você sente contemplando. Nas obras de Foss, o sentimento que mais me apareceu foi a melancolia. Ainda mais interessante é ver como a artista usufrui de meios para passar essas sensa-

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ções. Aqui, um dos tons mais usados é o azul. As propostas e nomes dos trabalhos também são pensadas de tal forma que tudo clica, completando o trabalho e dando para o espectador o sentimento de que o propósito foi entendido. Nesse quesito, o meu favorito é “Addiction” (abaixo, esquerda), que dispensa descrições. Por último, ficamos com “The Urban Shadow” (abaixo, direita), que mostra a dificuldade de viver no nosso mundo pelos olhos (em maioria) de uma raposa. Embora seja a história de uma raposa, podemos ver muito de nós mesmos nas imagens. Como todo artista, Natalie Foss tem um pouco de si mesma no seu traço. Mas esse um pouco, é um pouco de nós também.

-por Ana Strapazon

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"A Misteriosa Sociedade Benedict" é um livro de aventura escrito pelo americano Trenton Lee Stewart. O livro conta de forma intrigante um mistério cheio de personalidade que começa com Reyne, um clássico protagonista heroico e inteligente indo fazer uma prova para crianças super inteligentes". A história vai se desenrolando a partir das pessoas que ele ali encontra e dosdesafios que tem de enfrentar para passar pelas provas submetidas a ele. Com ritmo alternando entre momentos de ação e momentos de diálogo, o livro mantém o leitor atento a cada detalhe. O final da obra é interessante pois termina tudo que propôs mas abre muitas possibilidades para o futuro dos protagonistas, o que talvez tenha sido uma das causas do ótimo segundo livro da trilogia.

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"O Oceano no Fim do Caminho" é uma fábula de Neil Gaiman. O livro começa com um homem de meia idade voltando a sua cidade natal, e, lá, tendo memórias de sua infância. É levado a antiga casa de sua amiga, Lettie, e perde-se nas memórias mágicas que teve desde que eles se conheceram. Escrito de forma leve mas com um significado maior, a história é simples e contada facilmente; uma leitura mais densa revela toda uma reflexão do impacto de nossas memórias e de nossa infância na vida adulta. Com momentos de humor recheados de magia e inocência, é um livro para se ler a qualquer momento.

"Além do Planeta Silencioso" é um livro de C.S. Lewis, autor da premiada série "As Crônicas de Nárnia". A aventura de ficção científica mostra as aventuras de Ransom em um outro planeta; as cenas são tão descritivas que o leitor se perde no mundo inventado pelo autor e reflete mais do que o comum sobre o que ele mesmo faria se estivesse na situação do protagonista. Com personagens cativantes, o primeiro livro de uma volumosa trilogia mostra seu valor usando palavras tão impactantes quanto a história que conta. Com reviravoltas tão sutis que se perdem numa leitura superficial, o livro com certeza não é uma leitura leve, valendo muito a pena se dedicar a ele.


The Nobodies Fotos por Lara Emerich









cinema


BIG FISH (2003) Big Fish é uma aventura dramática, presenteada com um toque de fantasia. O filme é narrado por Edward Bloom, já idoso, contando as histórias de sua vida de modo inventivo e mágico. As muitas aventuras de Edward Bloom são retratadas de um jeito muito delicado e lúdico, como uma viagem por um mundo oculto, mas sem dúvidas existente. O filme tem a proeza de deixar o espectador pensativo e um tanto animado com a existência geral da possibilidade de ver o mundo em uma perspectiva totalmente diferente, um ponto de vista menos entediante e banal. Uma da questões abordadas em Big Fish é a fidelidade das memórias com seus pensadores e se seriam elas melhores quando transpassadas ou um tanto quanto fantasiadas. A fotografia e edição do filme são espetaculares, deixando-o ainda mais magnífico; destaque para a cena do campo de flores amarelas, para a viagem de Edward Bloom pela floresta e para as primeiras cenas do circo. Tim Burton, o diretor da obra, deu ao filme sua essência de modo menos obscuro, como é de costume. Mas com certeza quem já assistiu outros filmes dirigidos pelo artista vai sentir o fator Tim Burton, sempre com a parte lúdica bem clara. O filme conta com um elenco ótimo, incluindo Helena Bonham Carter, Ewan McGregor, Albert Finney, Jessica Lange e Steve Buscemi. E, por esses motivos e alguns outros, Big Fish tem que ser uma das melhores aventuras que já vivi em uma tela -por Luiza Muller


English graffiti, by

the vaccines

Em entrevista em janeiro deste ano, Justin Young (vocal, guitarra) declarou que, em estúdio, o The Vaccines queria fazer um disco que soasse terrível daqui a 10 anos. A polêmica declaração causou ainda mais antecipação para o terceiro disco de uma das maiores bandas da cena de indie rock atual. Sim, a estranha frase foi concretizada, mas no melhor jeito possível. O disco abre com dois singles lançados previamente. A primeira faixa é "Handsome", que conta com frases que podem ser consideradas algumas das mais engraçadas a já serem escritas por Young. Em sequência, "Dream Lover” muda o clima dançante e descontraído para algo que poderia muito bem ter saído de AM, último álbum de estúdio do Arctic Monkeys. Sintetizadores com barulhos de lazer conseguem criar a atmosfera de algo mais sci-fi. E, continuando com essa mesma vibe, entra "Minimal Affection", que traz riffs totalmente The Strokes nela, lembrando "The End Has No End". A notável maior influência de English Graffiti, vem da banda e de seu álbum Room On Fire (2003). Só passamos a ver o quê de The Vaccines presente na voracidade de "20/20", que completa uma dupla de musicas urgentes do novo álbum com "Radio Bikini", e provavelmente vão bombar na festival season internacional. "Denial", no entanto, tem de tudo para virar o 3º single do álbum, que transforma uma letra sobre um relacionamento frustado em uma bateria esmagadora e um baixo super marcante. Logo em sequência vem "Want You So Bad", minha favorita, pessoalmente falando. Justin falou à revista NME que a faixa é sua melhor tentativa em soar sexy, e foi definitivamente um acerto certeiro. Trazendo uma melodia com muito de anos 80 inserido sutilmente, além de um baixo hipnótico, pelo qual Arni Arnason merece palmas. A fórmula se repete em "Maybe I Could Hold You", mas dessa vez trazendo fundamentos de um coração partido. É de se elogiar bandas que conseguem fazer a proeza de inovar a cada disco mantendo sempre um pouco de sua indentidade própria. O The Vaccines parecem mestres em o fazê-la. Passando de What Did You Expect From The Vaccines?, um tanto lo-fi para o inquieto Come Of Age, a terceira parte da obra da banda se resumiria como dançante, envolvente e com uso de pedais que traz um quê de sci-fi a tudo isso. English Graffiti soa incrível e espero que assim permaneça não só durante os dias atuais, mas, contradizendo Young, pelas próximas décadas também.


Pale honey by pale honey

Instant Records

A dupla sueca faz aquele tipo de música que soa como algo familiar, mas sem perder a essência de personalidade. E ouso dizer que Pale Honey foi minha descoberta musical favorita em 2015. Suas musicas trazem calma ao mesmo tempo que fazem querer dançar; são a trilha sonora perfeita para um nascer do sol mas que também combinariam com as luzes das cidades a meia-noite. A única coisa certa sobre Pale Honey é que a banda, trazendo influências de PJ Harvey e The XX, te cativa desde os primeiros segundos de seu álbum e prendem o ouvinte até a última faixa, deixando ainda aquela sensação de "quero mais". O debut da banda tem como faixas de maior destaque "Youth", "Fish", "Bandolier" e "Over Your Head", mas é uma injustiça não citar tantas outras. Pale Honey já conquistou seu lugar permanente no meu iPod e provavelmente deveria fazer parte do seu também.

Dma’s- ep

I Oh You Records

by

dma’s

A banda de Sidney DMA’s vem ganhando hype entre alguns críticos de música indie por seu som excessivamente anos 90 e pelo rápido pulo para o topo das paradas de seu país natal logo em seu primeiro EP. As 6 músicas parecem fazer uma síntese de grandes nomes da década a qual prestam tanta referência e incorporam os maiores sucessos destas- “Your Low” é a versão australiana de “Coffee and TV”, do Blur e “Laced” traz muito de The La’s nela. Como era de se esperar, DMA’s foi comparado também ao Oasis, mas foi alvo de críticas de Noel Gallagher. DMA’s vem ganhando destaque por prestar tantos tributos, no entanto deixa a impressão de que se esqueceu que inovação também é importante. Um bom primeiro EP, mas cujas músicas vão embora no mesmo período de tempo quanto é necessário para ouví-lo: só alguns minutos.

Danger in the club by palma violets

Fat Possum Records

Talvez toda a expectativa orbitando o lançamento do segundo álbum da banda inglesa Palma Violets fez com que a realidade sobre ele despencasse de um patamar muito mais alto. 180, lançado em 2013, foi definitivamente um dos meus álbuns favoritos daquele ano. Acreditava que o Palma Violets era uma banda que tinha potencial para amadurecer seu som, apresentar riffs mais elaborados e tornar-se melhor ainda, sem perder esse jeito quase boêmio do quarteto. Quando "Danger In The Club" e "English Toungue" saíram- que são, inclusive, as melhores faixas do novo álbum- parecia que a banda prometia melodias mais elaboradas mas, ao ouvir a obra, não foi essa a impressão passada. Danger In The Club é bem fiel ao som de 180, quase um pacote fechado, no entanto a única coisa que senti falta no lançamento foram os hits. Onde estão musicas com a mesma essência adolescente de "We Found Love"? É um disco bom, mas que decai para mediano justamente por não quebrar barreiras.

-por Manoela Morel


Um ano que gerou um dos melhores filmes de Tarantino (e possivelmente da história dos filmes de ação) e também muitas surpresas para os fãs de indie e de rock. As obras cinematográficas deram um espetáculo, indo de Pulp Fiction, o filme que consolidou o nome do diretor Quentin Tarantino no mundo dos filmes de ação, a Rei Leão (Rob Minkoff), um dos mais queridos filmes da Disney, todos filmes produzidos no ano são influentes e muito amados até hoje. 1994 também conta com

Léon: The Professional (Luc Besson), e nada mais, nada menos que Forrest Gump (Robert Zemeckis) em seu guia cinematográfico. Em setembro de 94 estreava Friends, série de comédia que viria a marcar a televisão mundial


Nesse ano outras diversas coisas notáveis aconteceram: a Amazon foi criada, Sonic the Hedgehog 3 foi lançado na América, o Brasil ganhou a copa do mundo, Ayrton Senna morreu e Nelson Mandela virou o primeiro presidente negro da África do Sul. Quanto ao mundo da música, 1994 foi o ápice do britpop na Inglaterra. Enquanto Blur lançava Parklife e mostrava ao mundo que o movimento que haviam inventado podia alcançar o topo das paradas, o Oasis lançava o debut Definitely Maybe. Em alguns anos ambos viriam a se tornar grandes rivais. Foi também em 1994 que o mundo se chocou com a morte de Kurt Cobain, vocalista do Nirvana. A banda lançou no mesmo ano seu disco MTV Unplugged. Na cena americana, Weezer, Hole, Pearl Jam e Soundgarden lançavam discos épicos. Com todos acontecimentos, tristezas e novidades no mundo da música e inovações do cinema, 1994 é um dos melhores anos dos anos 90. -por Luiza Muller e Manoela Morel


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Playlist do mEs- melhores de 1994 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

Zombie, the cranberries Rock n roll lifestyle, cake The man who sold the world, nirvana Slide away, oasis Loser, beck Not for you, pearl jam Undone- the sweater song, weezer Violet, hole Love spreads, the stone roses Girls and boys, blur

*voce^ pode conferir esta e outras playlists no nosso usuario ´ no spotify, @airheadmagazine


Entre em contato: @airheadmagazine no twitter e instagram

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