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João Henriques, Animador

Isto não é sobre nós, é sobre as pessoas

JOÃO HENRIQUES

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ANIMADOR - Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes

Ouvir contra a indiferença

Esta história, como o próprio fez questão de realçar, não é só sobre João Henriques, Assistente Social e Animador no Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM). É sim sobre todos aqueles que ajuda diariamente e aos quais quer dar voz.

Há três anos e meio que João trabalha no CLAIM, e é aqui que todos os dias presta serviço a migrantes e refugiados. Com vista à sua integração e autonomização no país, presta atendimentos, apoio social e promove atividades culturais. “A minha abordagem no dia-a-dia é, acima de tudo, a de escutar”, explica sobre o seu trabalho. Acredita que só assim poderá realmente colmatar as necessidades daqueles que procuram o seu apoio. Sobre o que o levou a escolher a profissão, afirma não saber explicar, talvez tenha sido por influência da mãe e irmã, também elas assistentes sociais, “quando tenho consciência de mim, já era o que eu queria ser”, confessa.

Relatos de vidas turbulentas não faltam a quem lhe recorre, pessoas que parecem “por vezes invisíveis”, que, por não estarem integradas na comunidade, acabam por ter dificuldade no acesso aos serviços de saúde, educação e cultura. Pessoas que “precisam apenas de facilitadores que os possam apoiar na concretização dos seus objetivos”. É para estas que João trabalha, escutando os seus problemas e celebrando as suas conquistas. Por estar tão por dentro das dificuldades que enfrentam, sente a responsabilidade de lhes dar visibilidade, “isto não é sobre nós, é sobre as pessoas”.

Enquanto não houver uma maior abertura por parte da comunidade para integrar essas pessoas, estamos a promover a exclusão social

As dificuldades não se sentem só no acesso a serviços básicos. Também se ouvem nas conversas racistas e xenófobas que, embora desiludindo João, permitem-lhe ter uma melhor compreensão sobre a sociedade para que nesta consiga intervir.

“Enquanto não houver uma maior abertura por parte da comunidade para integrar essas pessoas, estamos a promover a exclusão social”. Assim, a história de João é a de um aveirense que quer dar protagonismo a todas as pessoas que, de algum modo, sofrem discriminação, tendo sempre plena consciência de que “não é através de um clique que as coisas mudam. É um trabalho de continuidade”.

João afirma não ser um herói, “parece-me um pouco exagerado”. Mas os heróis não usam capas nem têm superpoderes, são pessoas que na sua humildade nem se apercebem que para todos aqueles a quem dão a mão, não têm outro nome senão esse.