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Manuel Barbosa, Chefe dos Bombeiros

Perante o fogo o homem é um ser frágil

MANUEL BARBOSA

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CHEFE DOS BOMBEIROS - Bombeiros “Velhos” de Aveiro

A chama que não se extingue

Manuel Barbosa demonstra um grande dever cívico. Considera que ao ajudar qualquer pessoa, está apenas a fazer o que lhe compete. “Quando uma pessoa se coloca em risco para ajudar o outro, sem ter conhecimentos ou meios, será sempre um herói”.

Manuel Barbosa é Chefe dos Bombeiros “Velhos” de Aveiro desde 2000. Tendo começado o seu percurso como bombeiro em maio de 1979, completa 41 anos de serviço. “Desde que comecei a exercer a função, verifiquei uma grande evolução nas condições [do quartel, equipamento e serviços]”.

Como Chefe, Manuel começa o seu dia a orientar a equipa, garantindo que os serviços não se acumulam. “Temos a prestação de socorro que tem que ser gerida. Tenho que garantir que não há nenhum congestionamento nestes serviços, seja de pessoal, equipamento ou tempo de resposta”.

Quando uma pessoa se coloca em risco para ajudar o outro, sem ter conhecimentos ou meios, será sempre um herói

Ao longo dos muitos anos de missão, já passou por diversas ocorrências, desde incêndios a prestação de primeiros socorros. “Nunca ninguém está completamente preparado para isso”. De modo a se proteger e poder prestar auxílio, teve que aprender a não se apegar muito a uma situação, porque, segundo o próprio, “logo a seguir vem outra”. “Não é de todo fácil. O que mais me afeta é chegar ao local da ocorrência e haver crianças. É a parte mais emocional para qualquer bombeiro, porque as crianças nunca têm culpa. Muitos de nós somos mães, pais, avós e torna-se sempre algo emocional”.

Até hoje, o episódio que mais o marcou foi o incêndio florestal, de 2016, em Águeda. “Começámos a operação por fazer um briefing sobre o modo como iríamos proceder e dividimo-nos em grupos. Infelizmente, o incêndio cercou alguns de nós... Perdemos 13 bombeiros. O fogo foi mais rápido.” Quando conseguiram controlar o fogo e cessar o mesmo, “foi complicado chegar ao local e encontrar os corpos carbonizados de colegas com quem tínhamos acabado de estar a trabalhar lado a lado. Fica sempre aquele sentimento de que poderia ter sido qualquer um de nós. Perante o fogo o homem é um ser frágil”.

Apesar de todas as adversidades, momentos complicados e horas longas que a atividade de bombeiro acarreta, o Chefe Barbosa não deixa o quartel tão facilmente. A sua filha e genro são também bombeiros. O sentido de camaradagem e espírito de equipa está fortemente enraizado. “É como uma família!”.