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Ampliação da EPT

\ AUDIOVISUAL \ Chegada ao streaming amplia acesso ao audiovisual

Nova plataforma Itaú Cultural Play, com acesso gratuito, reúne 398 títulos da produção brasileira e cria sinergia com rede de cinemas

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Além de seguir com sua intensa produção de vídeos, ampliar as parcerias com os mais importantes eventos de cinema do país e de manter salas de cinema em três capitais, a área de audiovisual do Itaú Cultural abraçou um grande projeto em 2021: o lançamento de sua própria plataforma de streaming.

A plataforma Itaú Cultural Play, gratuita e integralmente dedicada a filmes nacionais, entrou no ar no dia 19 de junho, data em que se celebra o cinema brasileiro. Conectada a um dos princípios que norteiam as ações do Itaú Cultural, que é a ampliação do acesso, a plataforma firma-se como uma janela para produções realizadas por diretores iniciantes, negros, indígenas e por aqueles dedicados à investigação de linguagem. Trata-se também de um espaço voltado à própria história do cinema brasileiro, com obras assinadas por alguns dos principais diretores e realizadores do país, como Glauber Rocha (1939-1981) e Luiz Carlos Barreto, para mencionar apenas dois exemplos. Criada com um catálogo de 135 títulos, a plataforma alcançou, até o fim do ano, 398 títulos. São ficções, documentários, animações, produções experimentais, entrevistas, palestras e programação infantil.

A plataforma, que fechou 2021 com 25,3 mil usuários cadastrados e mais de 116 mil visualizações, congrega também a produção audiovisual realizada por instituições culturais de todo o Brasil, como a Festa Internacional Literária de Paraty (Flip), a São Paulo

398

títulos disponíveis

25,3 mil

usuários cadastrados

116 mil

visualizações

Companhia de Dança, o Instituto CPFL e o Instituto Alana.

A Itaú Cultural Play tornou-se, além de tudo, um abrigo para o acervo audiovisual da instituição, que inclui produções nascidas do Programa Rumos, além de filmes da série ICONOCLÁSSICOS, a qual retratou figuras centrais da cultura brasileira, como José Celso Martinez Corrêa, Rogério Sganzerla (1946-2004) e Nelson Leirner (1932-2020).

A chegada ao streaming, ao mesmo tempo em que dá continuidade e expande a presença da instituição no audiovisual, reflete o longo ciclo da relação do Itaú Cultural com a tecnologia aplicada à arte. Colocar de pé uma plataforma é, afinal de contas, um desafio não apenas do ponto de vista curatorial, mas tecnológico. Dentro do processo de atualização das relações entre o audiovisual e o público, que vem aderindo a novas formas de fruição, o Espaço Itaú de Cinema deixou de operar, no segundo semestre de 2021, as salas de Salvador, Curitiba e Porto Alegre, que apresentavam, desde 2019, uma taxa de ocupação inferior a 20%.

As unidades de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro continuam funcionando, e a rede conta agora com cinco complexos e 40 salas. Seguindo a tendência do mercado de cinema, bastante penalizado pelas medidas de contenção do coronavírus, as salas, em janeiro, tinham apenas 5% do público do mesmo mês de 2019; em dezembro, a proporção já era de 80%.

Com a intensificação da atuação do Itaú

Ney Matogrosso

| Frame | Itaú Cultural Play Cultural no streaming, a ideia é que as salas e o ambiente virtual atuem em sinergia. Um bom exemplo das novas possibilidades abertas pela multiplicidade de telas é que, no segundo semestre, quando os festivais de cinema começaram a ser retomados, a plataforma exibiu sete longas-metragens selecionados para a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e dez títulos inéditos da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.

A migração de parte do consumo cultural para o ambiente virtual fez ainda com que, em 2021, a produção de vídeos do Itaú Cultural seguisse em ritmo intenso. Foram produzidos 873 vídeos, utilizados em praticamente todas as áreas de expressão da organização – nas Ocupações, nas exposições, nas atividades para crianças e nos programas educativos, por exemplo.

A Última Floresta

| Frame | Itaú Cultural Play

\ MÚSICA \ Novos nomes, encontros inéditos e palcos virtuais em todo o país

Com apresentações mais interativas, espetáculos alcançaram mais de 115 mil espectadores

Assim como a área de artes cênicas, os projetos de música, em 2021, aconteceram no Palco Virtual, que reuniu, no conjunto de suas atividades, um público de mais de 115 mil pessoas.

A partir dos aprendizados de 2020, os shows ganharam um perfil muito mais interativo. A ideia foi, basicamente, encontrar formas de garantir a presença da audiência na sala do Zoom e criar caminhos para o contato direto entre o artista e o público.

A prova do sucesso da iniciativa é que, em vários shows, os 300 ingressos disponibilizados para a sala virtual ficaram esgotados. Em alguns casos, foi preciso dobrar ou até triplicar a oferta.

51

artistas em pocket shows

+115 mil

espectadores O digital também facilitou a incorporação de artistas novos, de cidades distantes de São Paulo, onde fica a sede do Itaú Cultural, à programação. Possibilitou, além disso, a concretização de encontros musicais, como o de Edgard Scandurra – um dos fundadores e compositores do Ira! – com o violeiro Ricardo Vignini, com os músicos tocando cada um em sua casa.

As atividades de 2021 em música tiveram início com a programação de encerramento do Festival Arte como Respiro, criado para apresentar os projetos vencedores dos editais de emergência lançados pelo Itaú Cultural em 2020, em apoio aos artistas impactados pela suspensão das atividades presenciais por conta da Covid-19. Os pocket shows, realizados em janeiro, reuniram 51 artistas de diversos estados brasileiros.

Já a abertura da temporada do Palco Virtual aconteceu em fevereiro. Na tela, o público pôde conhecer um pouco mais da produção da maestrina e compositora Chiquinha Gonzaga, que foi objeto de uma Ocupação no Itaú Cultural.

_A ideia foi encontrar formas de garantir a presença da audiência na sala do Zoom e criar caminhos para o contato direto entre o artista e o público

As pianistas Maria Teresa Madeira e Maíra Freitas, a contrabaixista Ana Karina Sebastião e a atriz Indira Nascimento deram vida ao experimento cênico Ensaio sobre Ter Voz, com obras da compositora homenageada pela instituição.

O piano voltou a estar presente no fim de abril e início de maio, quando, via Instagram, André Mehmari, um dos maiores instrumentistas do país, apresentou, pela primeira vez, as músicas do álbum Estrela da Manhã, em homenagem a Noel Rosa. No encontro, o artista improvisou temas propostos pelo público.

Além de outros nomes consagrados da cena musical brasileira, como a cantora e compositora Tulipa Ruiz, que mostrou um repertório em voz e guitarra raramente apresentado em seus shows, e Vitor Ramil, que revisitou os principais sucessos de 40 anos de carreira, o Palco Virtual recebeu

Jards Macalé

| Foto | Felipe Giubilei

jovens talentos e artistas representativos das raízes afro na cultura brasileira.

Nesta leva de renovação, se apresentaram no Palco Virtual nomes como o baiano Lazzo Matumbi, que mostrou um repertório que vai do reggae ao jazz, passando por samba, soul e outros gêneros de origem africana, e o Grupo Bongar, formado por jovens que incorporam às suas criações os festejos tradicionais do terreiro Xambá, do Quilombo Urbano do Portão do Gelo, em Olinda (PE).

A diversidade brasileira esteve representada na programação virtual, tanto por meio do público, espalhado por várias cidades do país, quanto por meio dos artistas que subiram ao palco – sendo o palco, muitas vezes, suas próprias residências.

Além de explorar novidades, a memória da música brasileira também esteve presente na programação, por meio de conversas e shows concebidos para o lançamento oficial de Amoroso, a biografia de João Gilberto, escrita por Zuza Homem de Mello, que teve apoio do Itaú Cultural.

Ainda no campo de registro, memória e ampliação das possibilidades de compreensão da arte musical, teve continuidade o podcast Toca Brasil, que chegou em 2021 à quinta temporada, com um novo cardápio de vozes.

Fi-Marostica

\ IC PARA CRIANÇAS \ O virtual como um espaço lúdico

Vídeos, brincadeiras e peças de teatro levaram entretenimento e aprendizagem on-line no segundo ano da pandemia

Após ter migrado para o ambiente virtual em 2020, a programação voltada ao público infantil atravessou 2021 com mais novidades e já perfeitamente adaptada ao novo formato – que se mostrou, ao longo dos últimos dois anos, muito apropriado para as crianças e suas famílias. Foram disponibilizados 38 vídeos que tiveram mais de 220 mil visualizações.

De janeiro a dezembro, entrou no ar, todos os sábados, às 11h da manhã, um vídeo semanal conduzido por diferentes professores, em temporadas trimestrais. A abertura do projeto ficou a cargo do diretor, ator, músico, compositor e pesquisador da cultura brasileira Filipe Edmo. A partir do tema Vivências e Brincadeiras, ele explorou atividades que têm atravessado gerações, como o pião, a corda e a bolinha de gude.

A cantora, percussionista e educadora musical Mairah Rocha, do grupo Barbatuques, apostou nas brincadeiras sonoras que transformam o corpo em instrumento de percussão. O artista visual e educador Gustavo de Magalhães, por sua vez, levou as crianças para o universo cinematográfico, propondo descobertas com o uso da luz, das imagens e dos movimentos.

O quarto grupo de vídeos revisitou episódios já realizados da Expedição Brasiliana e colocou no ar seis novas produções sobre este tema. A série explorou a Coleção Brasiliana, do Itaú Cultural, a partir de dois

38

vídeos

220 mil

visualizações

personagens, Joca e Lúcio. Um é apaixonado pela arte e pela natureza e o outro, muito ligado à ciência e à matemática.

Como já é tradição, houve, ao longo do ano, uma série de peças de teatro voltadas aos pequenos. Desde 2020, as apresentações têm acontecido no Palco Virtual, transmitido no site e no YouTube do Itaú Cultural.

A abertura da temporada ficou a cargo da companhia Lamira Grupo de Artes Cênicas, de Tocantins, que apresentou Gibi, espetáculo que mergulha no mundo dos quadrinhos a partir de referências do circo e da dança. O Palco Virtual, também no campo infantil, contou com a presença de artistas de todo o país. Entre os espetáculos levados ao ar, figuraram O Dia em que Minha Vida Mudou por causa de um Chocolate Comprado nas Ilhas Maldivas, ganhador do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA); Histórias da Floresta, idealizado pela contadora de histórias Isis Madi e pela artista Clara de Cápua; Boquinha ... E Assim Surgiu o Mundo, do Coletivo Preto, com texto de Lázaro Ramos; Vento Forte para Água e Sabão, da pernambucana Cia. Fiandeiros de Teatro; e a opereta Infanto-juvenil Cabelos Arrepiados, da manauense Buia Teatro Company.

Um curta-metragem de teatro, Passarinhar, da Tropa do Balacobaco, de Pernambuco, a websérie Olho Mágico, que apresenta os

Boquinha - Palco Virtual

| Foto | Julio Ricardo

_O Palco Virtual, também no campo infantil, contou com a presença de artistas de todo o país

grandes feitos de mulheres no campo da ciência no Brasil, e a narração de contos Ayra e o Sorriso da Noite e A História do Milho, que tratam da relação dos povos indígenas com a natureza, se juntaram aos espetáculos teatrais no IC para Crianças.

A plataforma de streaming Itaú Cultural Play aliou-se à programação do IC para Crianças e, em outubro, colocou no ar quatro mostras de filmes infantis: Mostra Infantil de Florianópolis, com dez filmes inéditos deste que é um dos eventos mais tradicionais de cinema do país, Cine Curtinhas, Série Gemini 8, e Série Peixonautas.

Em conexão com a programação adulta, o Ateliê Livre apresentou para os pequenos o universo do artista visual Geraldo de Barros. Por meio de oficinas, elas puderam tentar, com suas próprias mãos, reproduzir algumas das técnicas do artista, que ganhou mostra na instituição. A Ocupação Benjamin de Oliveira, que retratou este que foi um dos expoentes do circo no Brasil, também ganhou atividades especiais para o público infantil.

Vento Forte

| Foto | Rogerio Alves Sobrado

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