Acanto - número 2

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Revista de Poesia - número 2

Alfredo Pérez Alencart Arthur Sze David Teles Ferreira Emilio Muñiz Castro Emma Fondevila García Fernando José Rodrigues Fulvio Capurso Gérard Cartier Helena Costa Carvalho Hirondino Pedro Jean-Albert Guénégan Isabel Ponce de Leão José do Carmo Francisco José Iniesta Leonardo Tonus Luis Filipe Castro Mendes Manuel Neto dos Santos Myriam Soufy Paulo Chagas Pedro André Rafael Zacca Ricardo Virtanen

Leiria, Junho de 2021

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Ficha técnica X

Título: Acanto - Revista de Poesia X

N.º da publicação periódica: 2 (Junho 2021) X

Director: Paulo José Costa X

Periodicidade: Trimestral X

Autores: Alfredo Pérez Alencart; Arthur Sze; David Teles Ferreira; Emilio Muñiz Castro; Emma Fondevila García; Fernando José Rodrigues; Gérard Cartier; Helena Costa Carvalho; Isabel Ponce de Leão; Jean-Albert Guénégan; José do Carmo Francisco; José Iniesta; Leonardo Tonus; Luis Filipe Castro Mendes; Manuel Neto dos Santos; Myriam Soufy; Paulo Chagas; Rafael Zacca; Ricardo Virtanen. X

Ilustradores: Fulvio Capurso (páginas 68 e 108); Hirondino Pedro (páginas 6, 72 e 110); Pedro André (páginas 64 e 80). Arranjo da capa e logótipo Acanto: Paulo Fuentez Padrão da sobrecapa: «Leicester Wallpaper», desenhado por John Henry Dearle para a Morris and Co., . X

© Autores X

Núcleo editorial: Paulo José Costa; Maria Celeste Alves; Luis Vieira da Mota; Carlos Fernandes; Paulo Fuentez. (acantorevistadepoesia@gmail.com) X

Edição e propriedade:

Hora de Ler, Unipessoal Lda. Urbanização Vale da Cabrita - Rua Dr. Arnaldo Cardoso e Cunha, 37 - r/c Esq. 2410-270 LEIRIA - PORTUGAL E-mail: horadelercf@gmail.com Tlm: 966739440 X

Revisão e coordenação editorial: Núcleo editorial Montagem, concepção gráfica e paginação: Paulo Fuentez @ macamecanica.com Impressão: Artipol - www.artipol.net X X

Edição 1096/21 Depósito Legal: 480417/21 ISSN: 2184-9315 X

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor.

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editorial

Colher as experiências de outras latitudes e quadrantes poéticos, contributos provenientes de tão diversas linguagens e países, no seu idioma original e com as suas peculiaridades idiossincráticas, é também, indiscutivelmente, um objectivo didáctico da Poesia. Esta foi a intenção assumida pelo Núcleo Editorial da ACANTO – Revista de Poesia para este segundo número. Ousámos revolver os vocábulos provenientes de uma outra língua, os versos redigidos com outra mão, como a torção de um membro fantasma que desfeita a realidade mundana num processo inacabado, num outro território, acrescentando vigor e espuma à experiência da leitura do poema, à sua apreensão semântica original. A Poesia é a asserção de um ideal de comunicação e uma virtude de exaltação imaginativa universal, entre dois interlocutores: o poeta e o leitor. Como tal, só faz sentido que instigue essa dualidade e não assente na assunção da personalidade do poeta enquanto ser detentor de um qualquer dom ou presunção. O ofício do poema é o de permitir clarear a consciência, numa atitude de missão e generosidade. É por isso que uma lógica de sistema de produção, uma tentativa de mercantilizar a Poesia, irá perverter a sua essência e a sua matriz simbólica. Respiração, movimento e equilíbrio são o milagre da Poesia, o seu gesto decisivo e amplo horizonte. A Poesia é um tumulto lúcido e melancólico, que possibilita estreitar vislumbres expandindo a alma. É uma voz que se move na direcção do olhar sobre os degraus do destino. Os matizes dos vocábulos e os versos cifrados são a maquinaria do poema. As dúvidas, a hesitação, o inaudito e o sentido da contradição produzem, no pensamento, um conjunto de mistérios indecisos. Por isso há na Poesia um incontornável

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compromisso com a verdade, mas também um ódio visceral à mentira. Há nisso um acto sacri cial, um despojamento, talvez um desejo pueril que assume o sentido da lucidez indefesa, sem máscara, como se ocorresse um processo encantatório por via da candura das palavras. E isso é, tão somente, a substância in ndável da poética dos signi cados, que se conciliam com o pensamento e permeiam os sentidos, como uma herança do clamor que provém dos gestos e dos seus sincretismos. A a liação ao passado e aos sonhos reproduzidos em vocábulos que alicerçam imagens inúmeras da existência. Por certo que a Poesia é bem mais que um estado de espanto, de reverberação contemplativa e de concílio com a permanência. Por isso, a convocação de símbolos é das mais belas virtudes do Poema. Aliás, este somente poderá erigir-se pelo espectro das imagens que não substituem os objectos ou as vivências, muito embora os renomeiem, por via do vigor encantatório que se gera de modo inexplicável. O arrepio do silêncio e o assombro da liberdade, algo mapeando o despojamento e a minúcia, numa assumida organicidade e vitalidade que se gera na conjugação dos versos, num compromisso porventura estéril, mas que adiciona fulgor à alma, num encontro consigo mesmo. Todo o poeta é um estratega que ousa transcender o real. E isso está patente no extraordinário contributo de todos os autores, nacionais e estrangeiros, que guram neste novo número da ACANTO, o que releva a virtude universal e eclética das obras que integram este volume. No decurso dos tempos, a Poesia parece resumir-se a uma actividade restrita, urdida por poucas pessoas (os poetas), e lida por igual (ou menor) número de leitores, que na sua realidade privada,

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resistem ou lutam pelo que não muda, ou talvez, por justaposição, pela mera vontade de mudar. A internalidade desta conjura é captável por intermédio da linguagem e da imagética. Este processo deve-se sobretudo, à comoção e regozijo instalados nessa transferência de mensagens inauditas, menos real (mas muito mais que tangível), transformando o próprio lugar nito em que nos movemos, num salto imaginativo e encantatório que amplia o mundo e renova o quotidiano. O Núcleo Editorial

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