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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Novembro e Dezembro/2019 . Ano 7 . Nº 31

A UNIVERSIDADE DA INOVAÇÃO Pelo segundo ano consecutivo, UCS é a Universidade Comunitária Mais Inovadora do Brasil

Principal ranking britânico inclui UCS na lista das melhores universidades do mundo

Pesquisas e incentivo ao empreendedorismo focam em soluções tecnológicas para demandas da região

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Claudia Velho/arquivo UCS

Análise microscópica no Laboratório de Genoma Proteômica e Reparos de DNA. do Instituto de Biotecnologia, que completou 40 anos em 2019: área foi percursora, na UCS, em pesquisa aplicada, patentes e cursos de Mestrado e de Doutorado.


ARTIGO

UCS: Comunitária, Regional e Inovadora Ingressamos na lista das melhores universidades do mundo e nos destacamos em Empreendedorismo e Inovação em rankings de avaliação de ensino por conta de nossa histórica missão institucional, que leva à valorização da pesquisa para produzir conhecimento capaz de, em parceria com empresas, poder público e sociedade, impulsionar o desenvolvimento regional O planejamento estratégico vigente da Universidade de Caxias do Sul especifica que é missão da instituição ‘Produzir, sistematizar e socializar o conhecimento com qualidade e relevância para o desenvolvimento sustentável’. É da natureza de uma universidade, a partir daquilo que já se conhece e domina, analisar, avaliar, instigar, criar hipóteses e procurar expandir a fronteira do saber. E isso se faz a partir do mais importante mecanismo da ciência: a pesquisa. É por ela que começa a busca pelo novo e se chega à produção do conhecimento. É, portanto, a pesquisa o primeiro passo para o cumprimento da nossa missão.

de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul está sistematizada de modo a responder às demandas de produção de conhecimento com excelência.

Assim, é por meio dessa atividade eminentemente universitária que a UCS vem se qualificando ao longo dos anos para cumprir com seu propósito primordial, que é o desenvolvimento sustentável da nossa região. E isso ocorre nas outras duas etapas de nossa missão orientadora: a sistematização e a socialização do conhecimento.

E para que isso ocorra de forma efetiva, promovendo o desenvolvimento econômico, social e humano, nosso Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação, o TecnoUCS, a exemplo dos modelos mais avançados do mundo todo, cumpre o papel de fomentar o empreendedorismo e estruturar negócios inovadores dentro da Universidade e também de articular, com o setor empresarial, o poder público e a sociedade, em um modelo denominado quádrupla hélice, o desenvolvimento planejado e a criação de soluções inovadoras para a matriz produtiva regional.

Com um conjunto de 18 cursos de Mestrado, 10 de doutorado e 75 cursos de graduação; uma infraestrutura de excelência em um total de 800 laboratórios; mais de 700 docentes mestres e doutores; a concessão de bolsas de estudos que incentivam a inclusão de estudantes desde o Ensino Médio, da graduação e da pós-graduação no universo da ciência; e de sete institutos multidisciplinares referências em suas áreas em todo o país, a estrutura

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COMPROMISSO SOCIAL – Em seu compromisso histórico com a comunidade regional, a UCS consolida sua missão com a transmissão de conhecimento e a transferência de tecnologias, levando para a sociedade, empresas, municípios e entidades aquilo que resulta diretamente da pesquisa: o novo saber – que, transformado em recursos, produtos, processos ou serviços, gera as inovações.

Nesse ponto, é muito importante ressaltarmos a parceria histórica da UCS com a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul e demais entidades empresariais, de classe e prefeituras da região, e também iniciativas mais

PROF. DR. EVALDO ANTONIO KUIAVA Reitor da UCS

recentes como o MobiCaxias (movimento para encaminhamento de soluções para as grandes demandas da cidade, cuja sede administrativa está em nosso campus-sede) e o Instituto Hélice (que conecta grandes e tradicionais empresas da região com ágeis e modernas startups de todo o país). É graças a essa união de forças estreitada e qualificada que podemos construir os caminhos para que o conhecimento, a tecnologia e a inovação possam de fato trazer diferenciais positivos aos empreendimentos e à vida das nossas comunidades. QUALIFICAÇÃO ACADÊMICA – Por essas razões, é ao mesmo tempo com satisfação e com fortalecimento de compromisso que recebemos os resultados de rankings de avaliação da Educação Superior como os destacados nesta edição da revistaUCS, que distinguem a UCS por suas competências em pesquisa – fruto de um quadro docente e discentes altamente qualificados –, e sua condição de Universidade inovadora, ambos aspectos que enriquecem nossa qualidade de ensino. Portanto, ingressar na lista das melhores universidades do mundo e ser considerada a mais inovadora do Brasil no segmento das comunitárias e privadas, sobretudo reforça nossa fé no conhecimento como instrumento de transformação social, e nossa confiança na busca da excelência como parâmetro norteador da Universidade de Caxias do Sul.


EDITORIAL

Inovação e identidade institucional Formalmente desde 2018, ‘empreendedorismo e inovação’ é uma das quatro diretrizes estratégicas da UCS, operando interconectada às demais – a saber: ‘Excelência acadêmica, desenvolvimento das pessoas e da região’; ‘Inserção acadêmica nacional e internacional’; e ‘Sustentabilidade institucional’. A referência à formalidade é, propositalmente, uma ressalva. Porque a UCS, historicamente comprometida com o desenvolvimento regional – foi criada com esse propósito, na verdade –, desde sua instalação atua no sentido de qualificar, apoiar ou inovar nos diferentes setores da economia e da sociedade locais. A oficialização da diretriz, contudo, foi imprescindível para a Universidade alinhar posicionamentos e ações com o contexto mundial do empreendedorismo (e da própria Educação Superior), revolucionado pelas tecnologias digitais e no qual competências para o desenvolvimento de soluções inovadoras passaram a ser um grande ativo de profissionais e organizações. Com uma base sólida em Pesquisa Científica, consolidada ao longo dos últimos 45 anos e estruturada em 28 cursos de Pós-Graduação ‘Stricto Sensu’ (Mestrado e Doutorado) nos últimos 26 anos, a UCS vem angariando cada vez mais reconhecimento nacional e internacional por seu

comprometimento com a produção de conhecimento – de onde se gera a inovação. É o que mostra a reportagem de capa dessa edição, explicando como importantes rankings de avaliação da Educação Superior destacam as qualificações da UCS em pesquisa, inovação, ensino e empreendedorismo, e como a Universidade vem construindo esses resultados com sua rede de ciência e tecnologia. Exemplos dessa estrutura de construção estão nos demais conteúdos da revista. A apresentação do modelo de ocupação urbana denominado bairros sustentáveis (que conta com trabalhos da Universidade na área), evidencia como a moderna visão de inovação pode ser aplicada a aspectos não mercadológicos, como o modo de vida no meio urbano e o comportamento social. Já a instação do Instituto de Pesquisas em Saúde é mais uma afirmação da capacidade da Universidade em suas áreas de excelência. Os registros das comemoraçãoes dos 40 anos dos cursos de Engenharia Química e de Psicologia, por sua vez, ajudam a compor a compreensão de que a presença da inovação e do empreendedorismo entre as diretrizes institucionais sintetiza uma visão inovadora de ensino e desenvolvimento econômico, social e humano que é parte essencial da identidade da UCS.

Reitor Evaldo Antonio Kuiava Vice-Reitor Odacir Deonisio Graciolli Chefe de Gabinete Gelson Leonardo Rech Pró-Reitora Acadêmica Nilda Stecanela Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Juliano Rodrigues Gimenez Diretor Administrativo e Financeiro Candido Luis Teles da Roza Coordenador de Planejamento e Orçamento Roberto Vitório Boniatti

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Hospital Geral lança campanha de arrecadação com benefícios à comunidade

Novembro e Dezembro / 2019 - Ano 7 - nº 31

Buscando o apoio da comunidade regional para a captação de recursos visando à manutenção de sua estrutura e serviços, o Hospital Geral lançou, no dia 13 de dezembro, o Cartão de Doação ‘Sou HG de Coração’. A iniciativa permite a adesão de pessoas físicas ou jurídicas por meio de doação fixa de R$ 30 ao mês, que pode ser realizada de duas maneiras: via depósito bancário ou a partir de débito em conta. Para participar, o usuário pode se cadastrar pela Central de Atendimento, que fica junto ao Serviço de Radioterapia do hospi-

facebook.com.br/ucsoficial

Presidente do Conselho Diretor José Quadros dos Santos

tal, ou por meio do site www.souhg.com. br, na aba ‘Seja um doador’. Em agradecimento ao ato solidário, o doador terá acesso a uma série de serviços de saúde no HG com preços diferenciados, incluindo exames de imagem, análises clínicas e hemodinâmica, além de consultas médicas em várias especialidades. A participação também disponibilizará descontos em serviços de empresas de saúde parceiras. Entre em contato e participe! fone: (54) 3218.7200 site: www.souhg.com.br

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instagram.com/ucs_oficial

Produção Assessoria de Comunicação UCS Setor de Imprensa e Mídias Digitais Edição Ariel Rossi Griffante Revisão Gabriela Zanesi, Josmari Pavan Levinski e Vagner Espeiorin Design Carmem Meira Theodoro/ Criar - Comunicação e Design Gráfico Supervisão Dimas Augusto Felippi Serviços Gráficos Editora São Miguel Tiragem 3.000 exemplares Contato 54.3218.2116 argriffante@ucs.br; imprensa@ucs.br Versão digital www.ucs.br/revista-ucs

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QUALIDADE DE ENSINO

Inovação e empreendedorismo destacam a UCS em rankings de Educação Superior Tradicionais mecanismos de aferição da qualidade do Ensino Superior, estabelecendo-se como referência para a comunidade acadêmica internacional e nacional e para o público interessado em ingressar em uma instituição de ensino, os principais rankings de avaliação de universidades divulgam seus resultados com a proximidade do final do ano. Assim, nos últimos meses, a Universidade de Caxias do Sul surgiu em destaque em classificações de diferentes organismos que abrangem aspectos hoje fundamentais na educação, como a capacidade de gerar inovação, o

incentivo ao empreendedorismo e a estrutura e qualificação da pesquisa científica. De tal forma, pela primeira vez a UCS foi incluída na listagem produzida pela revista britânica Times Higher Education (THE), uma histórica e respeitada avaliação de nível internacional, como a 3ª melhor universidade do Brasil entre as comunitárias e privadas. O levantamento foi divulgado em setembro. Já o Ranking Universitário Folha (RUF), anunciado no início de outubro, voltou a posicionar a UCS como a universidade mais inovadora do Brasil (entre 92 comunitárias e

privadas pesquisadas) e a 6ª melhor do país no segmento, bem como a mais inovadora do Rio Grande do Sul entre todas as instituições pesquisadas, incluindo as públicas. Por fim, o Ranking de Universidades Empreendedoras 2019, da Confederação Brasil Júnior, mostra a UCS como a 19ª universidade mais empreendedora do país e a 3ª do Rio Grande do Sul, conforme pesquisa apresentada em outubro. Confira, nos boxes, detalhes sobre as colocações da UCS e os critérios e conteúdos avaliados em cada ranking.

// Ranking Universitário Folha

A Universidade Comunitária Mais Inovadora do Brasil

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Pelo segundo ano consecutivo, a UCS conquistou a condição de Universidade mais inovadora do Brasil entre as instituições comunitárias e privadas, conforme o Ranking Universitário Folha. A avaliação, uma das mais importantes do país sobre a Educação Superior, leva em conta cinco critérios para a formulação da nota geral (veja tabela): Pesquisa Científica, Qualidade do Ensino, Mercado de Trabalho, Inovação e Internacionalização. Além do 1º lugar nacional em Inovação, a UCS manteve posições de destaque obtidas em levantamentos anteriores, como o 6º lugar nacional nesse mesmo critério, também conquistado no ano passado, entre todas as

197 instituições analisadas, o que inclui as públicas (federais e estaduais). Considerando-se apenas o segmento das 92 instituições comunitárias e privadas pesquisadas, a UCS também repetiu o 6º lugar nacional na classificação geral, pelo quarto ano seguido, e a presença entre as dez melhores do país nos itens Pesquisa Científica e Ensino. Em nível estadual, a UCS também, pelo segundo ano seguido, ficou em 1º lugar em Inovação entre todas as instituições, a frente, portanto, das públicas. Na classificação geral, obteve a 6ª colocação. Entre as comunitárias e privadas, é a 3ª no geral, em Ensino e Mercado.

DESTAQUES DA UCS NO RANKING 2019 Entre as 92 comunitárias e privadas l Brasil

l Rio Grande do Sul

1ª em Inovação 8ª em Pesquisa 9ª em Ensino 6º lugar geral

1ª em Inovação 3ª em Ensino 3ª em Mercado 3º lugar geral

Entre as 197 universidades (incluindo públicas, federais e estaduais) l

Brasil

6º lugar em Inovação

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Rio Grande do Sul

1ª em Inovação 4ª em Mercado 6º lugar geral

COMO FUNCIONA

Criado em 2012, o Ranking Universitário é elaborado anualmente pelo jornal Folha de S. Paulo classificando as universidades públicas (federais e estaduais) e as comunitárias ou privadas de todo o país a partir de uma nota geral, composta a partir das resultados de cada um de seus cinco critérios. Por consequência, cada critério apresenta a sua própria classificação: Pesquisa Científica (42% da nota geral): avalia a excelência da pesquisa científica realizada pelas universidades em nove aspectos – total de publicações, total de citações, citações por publicação, publicações por docente, citações por docente, publicações em revistas nacionais, recursos recebidos pela instituição, professores bolsistas CNPq e teses defendidas por docentes. l

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Qualidade do Ensino (32% da nota geral): considera quatro componentes – opinião de docentes do ensino superior, percentual de professores com doutorado ou mestrado; proporção de professores em dedicação parcial ou integral; e desempenho do aluno calculado com base na nota do Enade – além de pesquisa Datafolha com mais de 2,1 mil docentes qualificados como avaliadores do MEC. l

Inovação (4% da nota geral): contabiliza o número de patentes pedidas pela universidade e quantidade de estudos realizados em parceria com o setor produtivo. l

Internacionalização (4% da nota geral): refere-se à média de citações internacionais recebidas pelos trabalhos dos docentes e ao l Mercado de Trabalho (18% da nota geral): baseado em 6 mil percentual de publicações em parceria com entrevistas realizadas pelo Datafolha em 2017, 2018 e 2019 para pesquisadores estrangeiros no total de artigos obter a opinião de empregadores sobre preferências de contratação. acadêmicos publicados nos anos recentes. l


Claudia Velho/arquivo UCS

// Times Higher Education

Na lista das melhores do mundo Os avanços em ensino, pesquisa, internacionalização, empreendedorismo e inovação colocaram a Universidade de Caxias do Sul na lista das mais importantes instituições de Educação Superior do mundo. Pela primeira vez a UCS foi incluída na classificação produzida pela revista britânica Times Higher Education (THE), uma das mais tradicionais e respeitadas avaliações sobre o Ensino Superior em nível internacional, com os seguintes resultados: - 3ª melhor universidade do Brasil entre as comunitárias e privadas; - 13ª posição entre 46 universidades brasileiras (incluindo as públicas); - 4º lugar geral no RS, entre públicas, comunitárias e privadas (apenas sete universidades gaúchas entraram na lista). COMO FUNCIONA – O ranking Times Higher Education 2020 analisou 1.396 instituições de 92 países utilizando 13 indicadores de desempenho agrupados em cinco áreas: - Ensino: avaliação do ambiente de aprendizagem. - Pesquisa: análise do volume, renda e reputação dos estudos produzidos. - Citações: medição da influência das pesquisas. - Perspectiva internacional: mobilidade de pessoal e de estudantes e alcance das pesquisas. - Transferência de conhecimento: traduz a inserção no mercado por meio das receitas obtidas com a indústria.

// Universidades Empreendedoras 2019

Entre as mais empreendedoras do país O Ranking de Universidades Empreendedoras 2019, organizado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior), listou a UCS como a 19ª universidade mais empreendedora do país – e a 3ª entre as instituições gaúchas. A pesquisa consultou, entre os meses de março e agosto, 15 mil universitários de 123 universidades de todos os Estados

brasileiros avaliando as práticas que incentivam a inovação nas instituições de Ensino Superior. Foram critérios de análise a cultura empreendedora, inovação, extensão, infraestrutura, internacionalização e o capital financeiro. O estudo conceitua como universidade empreendedora “uma comunidade acadêmica inserida em um ecossistema favorável,

que desenvolve a sociedade por meio de práticas inovadoras”. A UCS melhorou sua performance em relação à outra ocasião em que havia figurado no ranking, em sua segunda edição, em 2017, quando conquistou a 20ª colocação na lista geral e a 4ª entre as instituições do Rio Grande do Sul, além do 5º lugar geral em Infraestrutura.

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Vocação em Inovar Inserida na lista das melhores universidades do mundo; classificada pelo segundo ano consecutivo como a universidade mais inovadora do Brasil entre as comunitárias e privadas; e posicionada como uma das 20 mais empreendedoras do país, UCS se consolida como referência em inovação no Ensino Superior brasileiro. Destaques resultam da proposta pedagógica; do investimento em pesquisa e empreendedorismo; da transferência de tecnologias e prestação de serviços ao mercado; e da criação de estratégias de desenvolvimento em conjunto com o setor empresarial, o poder público e a sociedade Claudia Velho/arquivo UCS

Inovação é princípio, diretriz e vocação para a Universidade de Caxias do Sul. As conquistas em rankings internacionais e nacionais de avaliação do Ensino Superior (matérias nas pgs. 4 e 5) nos últimos anos resultam deste conceito, que fundamentou o surgimento e a essência da UCS, bem como seu compromisso com o avanço social e humano. Isso porque, como inovação é o resultado da pesquisa científica, foi com o investimento nessa atividade eminentemente acadêmica que a UCS estruturou 19 Programas de PósGraduação Stricto Sensu, que hoje disponibilizam 18 cursos de Mestrado e 10 de Doutorado, em diferentes Áreas do Conhecimento. Surgida com o propósito de promover o desenvolvimento regional – o que só poderia ocorrer com a criação de inovações para atender à pluralidade de demandas da sociedade – e por sua natureza acadêmica, a UCS nasceu vocacionada para a expansão da fronteira do conhecimento. De tal modo, um de seus dez princípios institucionais estabelece que ‘a busca da inovação científica, tecnológica e cultural deverá nortear as ações da instituição’. O conceito foi ganhando proporção tão prioritária para a Universidade até ser afixado, juntamente com o empreendedorismo, como uma das quatro diretrizes institucionais hoje vigentes, ao lado da excelência acadêmica, da inserção nacional e internacional e da sustentabilidade. PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – A Pesquisa Científica ocorre no âmbito dos 28 cursos de Mestrado e Doutorado, sendo responsável pela formação de professores e profissionais com alto grau criativo de resolução de demandas; reúne docentes em 17 Núcleos de Pesquisa, 21 Núcleos de Inovação e Desenvolvimento e 72 Grupos de Pesquisa registrados no CNPq; e gera estudos e serviços prestados pelos sete institutos (órgãos interdisciplinares em que professores de diferentes segmentos atuam juntos em determinada

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ARIEL ROSSI GRIFFANTE argriffante@ucs.br CONCEIÇÃO AFONSO mccafons@ucs.br

área do conhecimento) da Universidade. O incentivo da UCS à produção de conhecimento envolve desde alunos do Ensino Médio e da graduação (contemplados com a concessão de bolsas de Iniciação Científica, de Iniciação Tecnológica e de Iniciação à Docência) até os estudantes de pós-graduação (nível em que também há a oferta de bolsas de estudos), totalizando em torno de 650 bolsistas. Ao todo, esse universo envolve 736 docentes (409 mestres e 327 doutores), permeando toda a estrutura acadêmica e qualificando todos os níveis de ensino. TECNOUCS – Somada à infraestrutura de 800 laboratórios nos oito campi, sendo 92 específicos para pesquisas ligadas à prestação de serviços ou consultorias, essa rede de recursos humanos e materiais se constitui na base do Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação, o TecnoUCS. Este, por sua vez, agregando ambientes de inovação, como a Incubadora Tecnológica e o espaço de coworking no Bloco 59 do campussede, e programas próprios, como o StartUCS, ligado à geração e aceleração de startups, e o de Empreendedorismo (destinado a 33 cursos de graduação), atua em duas frentes, que se inter-relacionam. A primeira, voltada ao universo acadêmico, enfoca o fomento ao empreendedorismo inovador a partir dos cursos, pesquisas e network da Universidade. A outra, direcionada ao mundo empresarial e ao poder público, leva as expertises da UCS em produção de conhecimento e inovações científico-tecnológicas ao mercado, visando à solução de demandas existentes ou à planificação de novas iniciativas empreendedoras. É o caso, por exemplo, das pesquisas sobre grafeno, iniciadas há alguns anos por professores da Área de Ciências Exatas e Engenharias. Hoje, os resultados estão sendo apresentados às empresas da região por seu grande potencial de qualificação de produtos de diferentes segmentos da economia.


Atividades da etapa de seleção do Programa de Aceleração de Startups promovido pelo TecnoUCS e pelo Instituto Hélice, no segundo semestre de 2019, que contou com 115 empreendimentos inscritos, de todo o país: ação conjunta da Universidade e de grandes empresas para o desenvolvimento de negócios inovadores de base tecnológica capazes de criar soluções inovadoras para as demandas produtivas da região.

Roger Clots/especial UCS

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Competências para a inovação são desenvolvidas desde a graduação A filosofia voltada à inovação está implementada desde a base na UCS, com a aplicação de um modelo pedagógico nos cursos de graduação que, além das competências específicas de cada área, investe no desenvolvimento de competências inovadoras – pessoais, interpessoais e de atuação em rede – como o pensamento crítico, a criatividade e a iniciativa, em uma perspectiva de educação para uma vida melhor. A abordagem utilizada, denominada Pedagogia da Inovação - INNOPEDA®, foi desenvolvida pela Universidade de Ciências Aplicadas

de Turku, Finlândia, país com o sistema educacional mais avançado do mundo, com a finalidade de fornecer métodos e ferramentas capazes de implementar um processo de inovação na aprendizagem. Vem sendo aplicada pela UCS em seu Projeto Pedagógico Institucional, no Programa de Formação Docente e nos projetos político-pedagógicos dos cursos de graduação, especialmente aqueles voltados à formação de professores para a Educação Básica. Com uma relação iniciada em 2005 e professores capacitados pela instituição finlande-

sa, a UCS se tornou, em 2015, a primeira universidade brasileira credenciada a disseminar o modelo na região Sul do Brasil. Entre 4 e 11 de novembro de 2019, as duas universidades promoveram o 1º Ciclo de Integração Brasil-Finlândia na Educação, no campus-sede, quando professores brasileiros e finlandeses, estudantes, autoridades acadêmicas e representantes do Consulado da Finlândia no Brasil e da Secretaria Estadual da Educação participaram de uma programação em torno dos modelos e ideias inovadoras na área, tendo como inspiração o sistema educacional finlandês.

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Claudia Velho/UCS

PRINCÍPIOS DA INNOPEDA®

l Orientação

para a vida profissional

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Flexibilidade curricular

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Multidisciplinaridade

Metodologias ativas de aprendizagem e ensino l

Integração entre estudos e atividades de pesquisa e desenvolvimento l

Avaliação versátil e orientada para o desenvolvimento l

Renovação das funções de professor e aluno l

Trabalho da Mostra de Projetos Temáticos UCSTec 2019: exemplo de aprendizagem baseada na solução de problemas reais.

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Empreendedorismo

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Internacionalização

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Universidade é hub regional de inovação A comemoração dos 15 anos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências dos Materiais trouxe dados e depoimentos que ajudam a explicar o destaque da Universidade de Caxias do Sul nos rankings nacionais e internacionais de avaliação do Ensino Superior, impulsionados por categorias como Pesquisa, Inovação e Qualidade de Ensino. Com 129 mestres e 24 doutores titulados, o programa registra 45 pedidos de patentes, cerca de 600 artigos publicados, 11 premiações, dois institutos criados por iniciativa de professores e um índice de empregabilidade altíssimo de seus egressos: 52% estão no setor privado; 26% na docência de nível superior; 12% continuam estudos de doutorado ou pós-doutorado; e 3% são empreendedores. CONEXÃO COM EMPRESAS – Na cerimônia realizada em 24 de outubro, egressos, professores, estudantes e gestores de empresas concederam depoimentos convergentes sobre a relevância da Universidade na abertura de mercados e na busca de soluções inovadoras para as organizações da região, conforme sin-

lha com quem tem conhecimento, com quem conhece a metodologia científica, com quem pensa melhor”, exaltou.

tetizou o gerente de Engenharia da Fras-le, Alexandre Casaril. “A UCS tem todas as condições de funcionar como um hub regional de inovação, conectando-nos com outras empresas no mundo”, definiu, enaltecendo a participação do TecnoUCS no Instituto Hélice (leia abaixo). Na mesma linha, o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Vipal Borrachas, Rodemir Conte, exaltou a histórica cooperação entre a Universidade, empresas e municípios da região. “Tudo funciona melhor quando se traba-

ORIENTAÇÃO ÀS DEMANDAS – É consenso entre pesquisadores e gestores que deve haver um maior protagonismo das instituições de ensino no desenvolvimento de tecnologias que transformem o resultado das pesquisas científicas em produtos, processos e serviços que atendam às demandas da sociedade. Nesse aspecto, o Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais, assim como os demais da Área de Exatas e Engenharias, é um exemplo da efetividade da UCS em pesquisa aplicada. “Desde o início, os docentes procuraram estabelecer parcerias com as empresas da região, tomando por base a afinidade que as linhas de pesquisa do programa de pós-graduação têm com quase todos os segmentos industriais”, observou a atual coordenadora, Janaina da Silva Crespo, quanto à atenção da UCS às necessidades do mercado em formação de pessoal e inovação tecnológica.

Hélice conecta TecnoUCS, grandes empresas e startups

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fotos Claudia Velho/arquivo UCS

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Aproximar empresas tradicionais da região e startups, investindo na aceleração de negócios de base tecnológica capazes de atender às necessidades do mercado local, visando ao desenvolvimento de soluções de problemas reais, gerando inovações em produtos, processos e serviços, é o propósito do Instituto Hélice, do qual a UCS é uma das mantenedoras, representada pelo Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação - TecnoUCS. Surgida em um movimento criado pelas Empresas Randon, Marcopolo, Móveis Florense e Soprano, a iniciativa ganhou personalidade jurídica e incorporou mais nove organizações em julho de 2019. “A conexão de pesquisadores, estudantes, empreendedores e mercado em um único ambiente é fator de sucesso para o surgimento de negócios de base tecnológica com alto potencial de escala. Por esse papel, a UCS é chave para o desenvolvimento tecnológico e o TecnoUCS fundamental no ecossistema de inovação da região”, avalia o diretor-executivo do Hélice, Thomas Job Antunes. “A união de esforços do TecnoUCS e do Instituto Hélice trata de criar e estruturar um ambiente favorável ao crescimento do empreendedorismo e à inovação. A partir de uma visão de colaboração e compartilhamento em prol de um ecossistema dinâmico, o TecnoUCS leva a ciência e a pesquisa mais próximas do mercado, agregando inovação científica à competitividade das empresas”, especifica o coorde-

ESTRUTURA DO INSTITUTO

l Organizações

mantenedoras: Móveis Florense, Marcopolo, Metadados, Empresas Randon, Soprano e TecnoUCS. l Empresas

associadas: Centro Universitário da Serra Gaúcha, Lojas Colombo, Rede Sim, Sicredi Pioneira RS, Sistema Saúde Integral (SSI), Thyssenkrupp e Unimed Nordeste RS. l Hub

de inovação: OCA Brasil.

l Aceleradora

Executivos do Instituto Hélice, Thomas Job Antunes, e do TecnoUCS, Enor Tonolli Jr: movimento para modernização da matriz produtiva regional.

nador-Executivo do TecnoUCS, Enor Tonolli Jr. PROTAGONISMO COLETIVO – O nome Hélice foi escolhido por trazer conceitos aderentes à proposta que, ao aproximar empresas e startups, movimenta o ecossistema de inovação. Em uma hélice todas as pás possuem a mesma importância e saem do mesmo centro – ou seja, o protagonismo é coletivo. Ao se moverem em conjunto, causam transformação, acionam uma força e geram resultado.

l Apoiadores:

de negócios: Ventiur.

Centro Empresarial de Flores da Cunha, SIMECS, Grupo UniFtec, Adri Silva Agência de Conteúdo, Ezoom, Dupont Spiller Advogados e Tivit.


‘Aqui se faz ciência de excelência’ Engenheiro químico formado pela UCS, Leonardo Mathias Leidens, 24, recebeu este ano o Prêmio Destaque de Iniciação Científica do CNPq - Área das Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, concorrendo com 213 estudantes de 193 universidades brasileiras. Desenvolvido no Grupo de Pesquisa Epipolé, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências dos Materiais, o trabalho foi coordenado pelo professor Carlos Alejandro Figueroa. “Tive a honra de representar a UCS na 71ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em julho. Como único representante de uma universidade comunitária entre os premiados, consegui mostrar que aqui na UCS também se faz ciência de excelência”,

“Precisamos mostrar como a ciência é importante para o desenvolvimento tecnológico, social e intelectual de um país”

destaca. O trabalho premiado propõe uma solução físico-química para aumento da adesão, sobre o aço, de revestimentos de carbono usados para ampliar a vida útil e a eficiência energética de componentes. Em suas atividades de Iniciação Científica na graduação, Leonardo aprendeu a valorizar igualmente a pesquisa de base e a inovação tecnológica. Com pontuação suficiente para ser aprovado na seleção do Doutorado sem ter que passar pela etapa do Mestrado, o estudante passa a fazer parte do conjunto de pesquisadores que atuam diretamente com o segmento industrial, colocando o conhecimento científico e tecnológico produzido pela Universidade a serviço do empreendedorismo e da inovação.

Leonardo Mathias Leidens, doutorando em Engenharia e Ciência dos Materiais

BOLSAS INCENTIVAM INSERÇÃO DE ESTUDANTES NA PESQUISA

Claudia Velho/UCS

A inserção dos estudantes na cadeia de Pesquisa Científica e Inovação da UCS é incentivada pela concessão de diversas modalidades de bolsas de estudo, contemplando alunos de Ensino Médio, Graduação e Pós-Graduação. Anualmente, os envolvidos em atividades de Iniciação Científica e Iniciação Tecnológica apresentam seus trabalhos no Encontro de Jovens Pesquisadores (que já teve 27 edições) e na Mostra Acadêmica de Inovação e Tecnologia (nove edições):

Iniciação Científica, Tecnológica e à Docência Por meio de programas de Iniciação Científica, Iniciação Tecnológica e Iniciação à Docência, a UCS oferece bolsas próprias, da Fapergs e do CNPq para a inserção de alunos de graduação e de Ensino Médio na área da pesquisa. l

No Laboratório de Caracterização de Materiais, Leonardo Mathias Leidens e os colegas Vinícius Pavinato, 19, acadêmico de Licenciatura em Física e bolsista de iniciação científica; e Bruna Louise Perotti, 28, egressa da Engenharia Mecânica e doutoranda de Engenharia e Ciência dos Materiais: conhecimento científico e tecnológico a serviço do empreendedorismo e da inovação.

No caso das bolsas de Iniciação Tecnológica (programa BIT-Inovação), a oferta também ocorre por meio de empresas e órgãos públicos com parcerias firmadas com a Universidade. l

Atualmente, são concedidas em torno de 400 bolsas nessas modalidades.

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‘TEMOS UM UNIVERSO DE DESCOBERTAS NOS ESPERANDO’

Na solenidade dos 15 anos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais, Leonardo pronunciou-se em nome dos acadêmicos. Confira trechos: “Como Universidade, nós somos geradores de conhecimento, e não simples replicadores de conceitos ou conteúdo. Atuamos na fronteira do conhecimento para promover o avanço. É preciso ter e manter isso em mente” “É impossível ignorar a instabilidade e as situações às quais somos expostos. Sofremos ataques de parte da sociedade, que utiliza a própria tecnologia para disseminar factoides e justificar o desmonte do trabalho daqueles que a criam e a desenvolvem. Mesmo que

a história mostre isso como uma ameaça recorrente, temos esse ‘fantasma’ nos rondando, seja na desvalorização da carreira, no apoio a cortes de recursos ou na negação massiva de fatos com a intenção de desacreditar os cientistas” “Nós precisamos mostrar como a ciência é importante para o desenvolvimento tecnológico, social e intelectual de um país. Temos que buscar o apoio da sociedade, da academia e da indústria para ações de fomento e fortalecimento” “Acima de todos os problemas, temos um universo de descobertas nos esperando. Somente com união, respeito e muita ciência o amanhã será um dia melhor que o hoje”.

Pós-Graduação A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, concede bolsas e taxas de acordo com a classificação do candidato em processo seletivo, conforme regras do Programa de Suporte à PósGraduação de Instituições Comunitárias de Educação Superior (Prosuc). l

O CNPq (vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações); a Fapergs; empresas e órgãos públicos federais, estaduais e municipais conveniados à UCS, além da própria Universidade, também oferecem incentivos a mestrandos e doutorandos. l

Atualmente, há aproximadamente 250 bolsas de estudo concedidas na pós-graduação. l

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A história da pesquisa, da pós-graduação e da geração de inovação com impacto econômico e social na Universidade de Caxias do Sul se inicia e cresce com os estudos em Biotecnologia, tendo a vitivinicultura como objeto de estudo pioneiro. Com o repasse pelo Estado, em novembro de 1974, da área da Estação Experimental de Viticultura e Enologia para a expansão do campus-sede, a UCS criou, no ano seguinte, o Núcleo de Pesquisa em Biotecnologia para assumir o acervo da antiga estação. O biólogo uruguaio Juan Luis Carrau Bonomi liderou o primeiro grupo de pesquisadores em estudos biotecnológicos. A pesquisa Leveduras obtidas por fusão e processo para a redução da acidez málica em vinificação daria origem à primeira patente industrial da UCS, em 1989, e se tornaria a, em 1994, a primeira patente de um microorganismo de utilidade tecnológica outorgada pelos EUA a uma universidade latino-americana.

Mais do que um primeiro projeto, um primeiro artigo em periódico internacional e uma primeira patente, esse grupo de pesquisadores conseguiu, principalmente, plantar sementes que cresceram e se ramificaram como temas de pesquisa relacionadas à diversidade de aplicações da atividade biotecnológica, um campo de atuação relativamente novo no Brasil. Posteriormente, a Biotecnologia seria também precursora das demais etapas de consolidação da Universidade, respondendo pelo primeiro instituto multidisciplinar (o Núcleo de Pesquisa foi transformado no Instituto de Biotecnologia em 17 de janeiro de 1979); pelo primeiro curso de Mestrado, aberto em 1993; e pelo primeiro curso de doutorado da UCS, instalado em 2004. Ao longo de quatro décadas, tornou-se um dos principais segmentos responsáveis pelo lugar de destaque da Universidade no cenário das Instituições de Ensino Superior do país.

A EVOLUÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO Ao encerrar 2019, a UCS mantém 19 programas de pós-graduação, com 28 cursos – 18 de mestrado e 10 de doutorado (veja relação em www.ucs.br), com 643 estudantes matriculados.

Desde a abertura do primeiro programa de PósGraduação Stricto Sensu, em Biotecnologia, em 1993, a Universidade já titulou 2.345 profissionais entre mestres e doutores.

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Biotecnologia foi precursora em Pesquisa e Pós-Graduação na UCS DESTAQUES

O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia conta hoje com 226 mestres e 65 doutores titulados, 80 estudantes matriculados e 44 projetos de pesquisa em andamento, relacionados a aplicações da Biotecnologia na agroindústria, saúde e meio ambiente. l

Entre 2010 e 2019, foram publicados 545 artigos em periódicos científicos renomados e depositados 49 pedidos de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). l

l Nesse

período, foram concedidas 11 cartas-

patente. A criação, em 2011, do Mestrado Profissional em Biotecnologia e Gestão Vitivinícola, hoje com 30 mestres titulados e 18 estudantes matriculados, retomou o tema de pesquisa que deu origem ao Instituto. l

Nos últimos cinco anos, esse curso registra 398 artigos publicados e 27 pedidos de depósito de patentes. l

Claudia Velho/UCS

Parte da equipe de professores, acadêmicos e funcionários na sede administrativa do Instituto de Biotecnologia, no campus-sede: 40 anos na vanguarda da produção de conhecimento na UCS.


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Referências nacionais em Pesquisa Avançada

OS INSTITUTOS l Instituto

de Biotecnologia - IB

l Instituto

de Materiais Cerâmicos - IMC

l Instituto

de Medicina do Esporte e Ciências Aplicadas ao Movimento Humano - IME l Instituto

de Pesquisas Econômicas e Sociais -

IPES l Instituto

de Pesquisas em Saúde - IPS

l Instituto

de Saneamento Ambiental - ISAM

l Instituto

Memória Histórica e Cultural - IMHC

Dani Schiavo/arquivo UCS

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Os institutos são órgãos interdisciplinares, que reúnem pesquisadores de diferentes áreas e contam com laboratórios de alta especialização para realização de atividades de ensino, pesquisa científica e extensão em torno de uma área específica do conhecimento. Por congregarem grande parte das linhas de pesquisa dos cursos de pós-graduação, constituem-se, no âmbito acadêmico, em instâncias de qualificação da Educação Superior, tanto pela geração de novos mestres e doutores como pela fundamentação para a criação de novos cursos de pós-graduação. Em virtude do alto grau de especialidade, os institutos da UCS atendem a empresas, poder público e entidades, sendo referências em nível nacional em prestação de serviços, desenvolvimento de pesquisa avançada, aplicação de inovações, execução de projetos, capacitação profissional e consultoria.

Claudia Velho/arquivo UCS

INVESTIR EM PESQUISA É INVESTIR NA REGIÃO

“O reconhecimento nacional e internacional que estamos obtendo não é fruto do acaso, mas de um processo articulado e planejado entre as pesquisas de base, as pesquisas aplicadas, o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Partir de uma ideia e transformá-la em inovação também não é fruto do acaso. Exige muito trabalho e, essencialmente, método. E é nessa caminhada que a pesquisa se mostra um caminho sólido para que se tenha uma inovação de fato consistente. E o ato de empreender é mais um desafio na caminhada da transformação do conhecimento em benefícios sociais, riquezas e qualidade de vida. Todos esses elementos estão no âmago da nossa instituição, em nossa missão, visão e propósitos.

nossos valores como uma instituição comprometida com o desenvolvimento e a inovação. Assim, visualizamos nossas ações em pesquisa em todas as Áreas do Conhecimento como um investimento para a nossa região, porque ampliar a qualidade de vida está necessariamente vinculado a esforços em educação, pesquisa e inovação. Não há soberania sem um capital intelectual apto a atender as demandas prementes da sociedade e a vislumbrar situações de futuro.

Em síntese, temos a inovação como uma métrica em nossas ações, desde os cursos de graduação aos de pós-graduação, visando contribuir de forma significativa para a sociedade. “Ampliar a qualidade O pensamento sistêmico, a criatividade, as habilidades de vida está vinculado de trabalho individual, a esforços em em equipes e em redes educação, pesquisa colaborativas são elementos que permeiam esse sistema, e inovação” e cada vez mais nossas ações cotidianas.

A Universidade vem ampliando de forma significativa o relacionamento com a sociedade, com as instituições públicas e privadas e com as empresas dos mais diversos setores de nossa região. Cabe destaque à recente chamada pública do CNPq para o programa Doutorado Acadêmico para Inovação (DAI), na qual a UCS está entre as apenas oito instituições de Ensino Superior comunitárias contempladas de todo o país, recebendo a cota máxima de dez bolsas, necessariamente associadas à contrapartida de empresas aos projetos. Esse resultado é fruto de nossas competências acadêmicas e institucionais em pesquisa e do reconhecimento que cada vez mais alcançamos junto ao setor empresarial. Entendemos que a inovação deve permear nossos processos e os resultados de impacto social e de reconhecimento das partes envolvidas. Assim, nós, UCS, reconhecemos cada vez mais o valor das empresas e seu potencial em ampliar esse valor (impacto social). Da mesma forma, apresentamos

Nesse momento em que a demanda por inovação e empreendedorismo se torna uma necessidade e uma oportunidade, é importante destacar que essas ‘novas’ habilidades não são intrínsecas somente às áreas tecnológicas, mas sim a todas as Áreas do Conhecimento. Assim como é importante ter claro que o conhecimento e o reconhecimento do passado como valoroso é uma premissa que deve estar sempre presente. Não há como planejar o futuro sem conhecer e reconhecer o passado e o presente, assim como não há como inovar sem investigar, conhecer e reconhecer o passado e o presente”. Juliano Rodrigues Gimenez Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UCS

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40 ANOS DE ENGENHARIA QUÍMICA

Curso impulsionou desenvolvimento acadêmico e empresarial lll

Claudia Velho/UCS

PRONUNCIAMENTOS

“Vendo a trajetória percorrida nesses 40 anos, nos quais se formaram 776 engenheiros químicos, observo um sensível aumento das atividades de pesquisa e de cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado nos diversos âmbitos da Engenharia Química e de Processos. Portanto, renovo os meus cumprimentos à Universidade e à equipe que trabalha nesse setor por esse notável desenvolvimento. Eu sou particularmente feliz lembrando que também contribuí com uma parte para o sucesso desse curso e para a formação de tantos engenheiros químicos que trabalham para o desenvolvimento tecnológico da região de Caxias do Sul” Lígia Maria Moretto, primeira professora coordenadora do curso

Neide Pessin, Rejane Rech, Lígia Moretto e Evaldo Kuiava: curso foi precursor de outras graduações e de pós-graduações.

A comemoração dos 40 anos do curso de Engenharia Química da UCS mesclou o saudosismo das conquistas passadas com o desafio de levar adiante o compromisso iniciado há quatro décadas: formar engenheiros químicos que “amam o que fazem e que atuam de forma ética em sua profissão e em suas vidas”, como sintetizou a professora Lígia Maria Moretto, que, aos 25 anos, recém-formada pela UFRGS, conduziu a implantação da graduação na Universidade de Caxias do Sul, tornando-se a primeira coordenadora do curso. Atualmente, ela é docente do Departamento de Ciências Moleculares e Nanossistemas da Universidade de Veneza, Itália. Realizada no Salão de Atos da Reitoria, no dia 28 de agosto, a celebração reuniu egressos, professores, estudantes e autoridades acadêmicas. Uma placa comemorativa foi descerrada demonstrando o reconhecimento da Universidade ‘a todos que ajudaram a escrever a história dos 40 anos do curso de Engenharia Química da UCS’. O reitor Evaldo Kuiava e a diretora da Área do Conhecimento de Ciências Exatas e Engenharias, Neide Pessin, destacaram a importância do curso para o crescimento e qualificação da UCS nas Engenharias. “O que a Universidade

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é hoje se deve também a vocês, que ajudaram a construí-la ao longo desse tempo”, definiu o reitor. SINTONIA COM O MERCADO – A instalação do curso foi planejada no contexto da criação do Polo Petroquímico do Rio Grande do Sul, o terceiro do país. “Os anos 1970 representavam um período de crescimento e expansão industrial. O polo petroquímico abria novas perspectivas para os empresários da cidade e região. A UCS, atenta à sua missão, entendeu que a abertura de novos cursos de Engenharia Química, Mecânica e de Produção era fundamental para o desenvolvimento industrial do momento”, relatou Lígia. A primeira turma iniciou a graduação em 5 de março de 1979 e concluiu em dezembro de 1983. Com 776 profissionais diplomados e a proposta de formação técnica, científica, empresarial e social de seus estudantes, o curso de Engenharia Química foi ponto de partida para a criação de outros, como de Tecnologia em Polímeros, de Engenharia de Alimentos, de Engenharia de Materiais e de Engenharia Ambiental. Colaborou também para a criação dos programas de pós-graduação na área das Engenharias e do Instituto de Saneamento Ambiental.

“Um ano após o início do curso (1980) instalou-se a iniciação científica, criando assim as condições necessárias para a produção do conhecimento e introduzindo os estudantes no universo da pesquisa. Isso tem sido uma constância ao longo desses 40 anos, refletindo na qualidade da formação de engenheiros químicos na UCS. E, fruto da competência técnica e do espírito empreendedor de muitos desses, encontramos muitas empresas fundadas na região” Suzana Maria De Conto, professora e representante dos egressos

“A vida é exercer a profissão, é ensinar e aprender em sala de aula e na empresa. É conseguir emprego, é criar empregos. Temos um curso sólido, com nota 4 (sobre 5) na avaliação do MEC. Continuamos promovendo não apenas uma profissão, mas um sonho. Vamos deixar o curso, nos próximos anos, nas mãos de jovens doutores, empreendedores e pesquisadores que têm o respeito dos alunos e da comunidade” Rejane Rech, atual coordenadora do curso


CIÊNCIAS DA VIDA

Claudia Velho/UCS

Órgão resulta da integração do Laboratório de HIV/ AIDS e do Instituto de Pesquisa Clínica para Estudos Multicêntricos

Diretora Rosa Dea Sperhacke (a frente) e parte da equipe do IPS: fortalecimento da pesquisa abrangendo todas as especialidades médicas.

Universidade instala novo Instituto de Pesquisas em Saúde

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União de competências e otimização de recursos humanos, materiais e financeiros. Inovação e excelência. Sustentabilidade baseada em ideias, estratégias e ações ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas. A criação do Instituto de Pesquisas em Saúde (IPS) alinhase, simultaneamente, à missão, aos princípios e às diretrizes da Universidade de Caxias do Sul. “Além de otimizar e potencializar espaços, recursos e competências, o novo instituto articula ensino, pesquisa, inovação e extensão em uma área de excelência da nossa Universidade”, destaca o reitor Evaldo Kuiava. O Instituto de Pesquisas em Saúde resulta

da integração das atividades do Laboratório de Pesquisa em HIV/AIDS (LPHA) e do Instituto de Pesquisa Clínica para Estudos Multicêntricos – IPCEM, sendo voltado ao desenvolvimento de estratégias e de ações nas áreas de ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão (prestação de serviços) em saúde humana. “O instituto congrega todas as especialidades médicas e oferece aos nossos estudantes a possibilidade de atuar com pesquisa clínica, participando de projetos que são base e fonte de estudos clínicos internacionais”, descreve o professor Asdrubal Falavigna, diretor da Área do Conhecimento de Ciências da Vida e coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde. Segundo a diretora do IPS, Rosa Dea Sperhacke, que já coordenou o Laboratório de HIV/AIDS e o IPCEM, o objetivo principal do novo instituto é o fortalecimento da pesquisa clínica na UCS, estimulando o setor produtivo de tecnologias interligadas à saúde. “As ações estarão voltadas a fortalecer as inter-relações entre a indústria farmacêutica e a comunidade acadêmica e em projetar as prioridades de atendimento do interesse público, mantendo a competência científica e técnica atualizada e sempre considerando os limites éticos e códigos de conduta em todos os processos”, relata.

PLURIDISCIPLINAR E MULTIPROFISSIONAL

O Instituto de Pesquisas em Saúde abrange todas as especialidades médicas, em interação com setores como o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, o Centro Clínico, o Centro de Monitoramento Digital, o Comitê de Ética, o Hospital Geral de Caxias do Sul e a Diretoria de Relacionamento com o Mercado, entre outros. l

Entre as expertises do corpo científico e técnico do IPS destacamse, no âmbito da pesquisa clínica, a realização de estudos observacionais (incluindo inquéritos populacionais) e intervencionais, validação de métodos, revisões sistemáticas e metanálises, estudos de inteligência artificial e estudos qualitativos. l

A competência e qualidade na realização de ensaios laboratoriais, por sua vez, resultaram na obtenção do reconhecimento do escopo de atuação de acordo com requisitos estabelecidos pela norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017.

Reprodução/Setor de Projetos UCS

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O órgão conta com parcerias consolidadas com agências de fomento, instituições governamentais, organismos internacionais, indústria farmacêutica e com redes de pesquisa nacionais e internacionais. l

Projeto de remodelação das instalações do instituto, no Bloco S: interação com o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, o Centro Clínico e o HG.

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BAIRROS SUSTENTÁVEIS

Equilíbrio urbano Consumo equilibrado, com produção de alimentos e de energia limpa + reaproveitamento de água e reciclagem ou destinação ecológica de resíduos + diminuição de emissões poluentes. Reunidas, essas providências buscam combinar o crescimento urbano com o uso e os limites dos recursos naturais Conciliar o bem-estar das áreas verdes com a praticidade do meio urbano. Equilibrar consumo e reaproveitamento de recursos com as necessidades das pessoas. Diminuir desperdícios e ampliar a qualidade de vida coletiva. Muito mais do que palavra da moda apropriada pelo marketing empresarial para denotar engajamento social, ou ‘coisa de veganos que só comem vegetais’, conforme citação pobremente célebre do recente cenário nacional, sustentabilidade se trata de um conceito fundamentado que propõe equanimizar desenvolvimento econômico, atendimento de necessidades materiais humanas e a capacidade do meio ambiente de fornecer recursos e absorver os impactos da exploração ambiental e do recebimento de resíduos do consumo. Assim, além de meio de agregação de valor econômico, social e ambiental para empreendedores e comunidades que compreenderam o óbvio – vivemos em um planeta de recursos renováveis, mas finitos –, a sustentabilidade surge como alternativa inconteste a uma das questões mais críticas deste século: como as cidades podem absorver o crescimento populacional sem sobrecarregar ainda mais o meio ambiente? O sucesso da resposta, contudo, passa, inevitavelmente, pelo comportamento humano – incluindo sua forma de ocupar um território e relacionar-se com o meio. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS – Uma contribuição efetiva nesse cenário tem surgido em diversas partes do mundo: os bairros e edificações sustentáveis, espaços caracterizados, de forma geral, por três objetivos: 1) reduzir emissões de dióxido de carbono (CO²);

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ARIEL ROSSI GRIFFANTE argriffante@ucs.br

2) diminuir o uso de recursos naturais; e 3) proporcionar aos moradores conforto e qualidade de vida. “Esses objetivos devem estar contemplados em todas as fases que permeiam a vida útil de um bairro ou edificação: planejamento, construção, operação e manutenção”, explica a mestre em Arquitetura Sustentável e coordenadora do curso de pós-graduação em Edificações Sustentáveis da UCS, Greice Portal Salvati. COMPACTAÇÃO E SERVIÇOS – Os projetos-pilotos de bairros sustentáveis surgiram na década de 1990, na Europa, na tentativa de aplicar os princípios de sustentabilidade discutidos na RIO 92, conferência mundial sobre o meio ambiente, realizada na época no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com Greice, o conceito atualizado de bairro sustentável busca, principalmente, apresentar uma alternativa ao atual modelo – que se caracteriza pela dispersão urbana (cidades espalhadas, com grande área de extensão) e pelo zoneamento, que separa comércio e serviços de residências, o que resulta em distâncias cada vez maiores percorridas por trabalhadores e estudantes, aumentando, dessa forma, as emissões de CO² pelos veículos com combustíveis fósseis. “Durante o planejamento se pode pensar em um modelo de bairro mais compacto, no qual as distâncias entre moradia, trabalho e escolas são menores, e os passeios públicos são mais agradáveis e seguros, contribuindo para a caminhada ou o uso da bicicleta como formas de deslocamento, diminuindo a emissão de CO² e favorecendo um estilo de vida mais saudável”, aponta a professora.

Uso de bicicletas entendido como um dos meios usuais de transporte: diminuição das emissões de CO².


Festival comunitário no bairro Pedra Branca, em Palhoça (SC), projeto pioneiro com conceitos de sustentabilidade no país: prédios devem seguir critérios da certificação ‘Liderança em Energia e Design Ambiental para Desenvolvimento de Bairro’, uma das mais utilizadas internacionalmente referente à construção civil e cultura sustentáveis. fotos Arquivo Pedra Branca, divulgação

INFRAESTRUTURA VERDE – É também na etapa prévia que deve ser projetado o equilíbrio entre o ambiente construído e o natural, com praças, parques, terraços verdes, ruas e passeios arborizados. “Além de fomentar a biodiversidade local, usando vegetação nativa, a infraestrutura verde auxilia no controle de CO², no resfriamento do microclima no verão e no ciclo da água no ambiente urbano”, salienta Greice. Nesse particular, é fundamental para a sustentabilidade que os espaços urbanos atuem como ‘produtores de água’, restaurando e preservando os cursos hídricos existentes e ajudando na drenagem e filtragem da água da chuva através de elementos naturais, como áreas permeáveis com cobertura vegetal.

A nova concepção de bairros sustentáveis trouxe uma mudança de paradigma. O conceito original considerava que o ambiente construído deveria apenas minimizar impactos negativos no meio ambiente. Hoje, o planejamento leva em conta a potencialidade de impactos positivos. Para isso, um fator determinante é a localização, como é o caso de bairros implantados em áreas degradadas e poluídas que funcionaram como catalisadores para a restauração de estruturas ambientais. Um exemplo desses é hoje um dos bairros sustentáveis mais famosos do mundo, o Hammarby, em Estocolmo, Suécia, que resultou inclusive na descontaminação do solo e da baía adjacente à antiga área industrial onde foi instalado.

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COMO FUNCIONA Energias alternativas e geração de energia

Destinação dos resíduos e ações de reciclagem

Os edifícios devem ser arquitetonicamente planejados de forma energeticamente eficiente, reduzindo-se a quantidade de abastecimento de todo o bairro. Decisões como a orientação solar, o tipo e a posição das aberturas e de material utilizado em paredes, esquadrias e cobertura são determinantes. O segundo passo é promover ao máximo a energia gerada por fontes limpas, como painéis fotovoltaicos e miniturbinas eólicas. A microgeração local também evita o desperdício de energia que ocorre nas longas linhas de transmissão de alta tensão.

Bairros sustentáveis precisam ser facilitadores de um estilo de vida também sustentável de seus moradores. Um exemplo é haver espaços para o armazenamento de lixo reciclável e composteiras para lixo orgânico em locais públicos. O bairro de Kronsberg, em Hannover, Alemanha, criou miniestações para a separação do lixo por ruas. Além disso, esses bairros promovem as chamadas lojas de ‘segunda-mão’, brechós, bazares de caridade e todo comércio que incentive a troca e o reuso de produtos, diminuindo o consumo de recursos e gerando retorno econômico aos residentes.

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Claudia Velho/arquivo UCS

Produção de alimentos Os alimentos são grandes geradores de resíduos orgânicos. Alguns modelos de bairros sustentáveis, como o Eco-Vikki, em Helsinque, Finlândia, utilizam as áreas verdes para o plantio de espécies comestíveis e a colocação de composteiras de lixo orgânico. Em Detroit (EUA), foram implementadas hortas urbanas embaixo de redes de alta-tensão (por serem espaços que não podem receber edificações). Bairros sustentáveis em todo o mundo têm buscado prever espaços para feiras de agricultores locais, incentivando a redução de CO² no transporte e proporcionando alimentos frescos aos moradores.

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Princípios se aplicam em novas áreas ou revitalizações

Vista panorâmica de Pedra Branca, em Palhoça (SC): modelos sustentáveis consideram ambiente natural e cultura dos locais.

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Os princípios dos bairros sustentáveis podem ser aplicados em novas comunidades, em aglomerações já existentes ou na cidade como um todo. “Cada comunidade desenvolverá seu modelo, considerando o ambiente natural e a cultura dos locais”, explica a professora Greice Portal Salvati. No caso de complexos planejados já com o intuito da sustentabilidade, há a possibilidade de os princípios serem testados no bairro para depois se transformarem em diretrizes para toda uma cidade ou região. É o caso do Eco-Vikki, em Helsinque, Finlândia, que junto com os bairros Kronsberg, em Hannover, Alemanha, e Hammarby, em Estocolmo, Suécia, forma as referências mundiais do modelo. No Brasil, um exemplo dessa proposta está sendo implementado em Palhoça, Santa Catarina, com o bairro Pedra Branca. O local requer que todos os seus prédios recebam a certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, na sigla em inglês) para Desenvolvimento de Bairro, fornecida pela Green Building Council (organização não governamental internacional voltada à construção civil e cultura sustentáveis).


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A IMPLANTAÇÃO DE UM BAIRRO SUSTENTÁVEL

Especializações da UCS enfocam valor agregado da sustentabilidade Investir em sustentabilidade na construção civil, arquitetura e planejamento urbano trata-se, atualmente, de agregação de valor econômico, além do ambiental e do social. “São conceitos atuais, que valorizam os imóveis e geram menor custo e consumo durante sua vida útil”, observa o professor da Área de Artes e Arquitetura da UCS, Rodrigo Salvati. Esses conceitos estão distribuídos em dois cursos de especialização, entre os pioneiros na área no Estado, voltados a engenheiros, arquitetos e urbanistas. O de Edificações Sustentáveis, coordenado por Greice Portal Salvati, com a primeira turma em andamento, enfoca três

aspectos: 1) Recursos naturais (utilização, reaproveitamento e destinação de materiais e resíduos); 2) Eficiência Energética (geração de energia, consumo racional e conforto térmico); 3) Sustentabilidade Urbana (a relação da edificação com a cidade, promovendo a mobilidade, a requalificação e a utilização eficiente das áreas urbanas). O curso de Desenho Urbano Sustentável, coordenado por Rodrigo, cujas inscrições estão abertas até maio, volta-se ao planejamento do espaço urbano, relacionando a sustentabilidade com o bem-estar e o conforto dos cidadãos.

1 – Começa pela escolha do local: quanto mais inserido ou próximo da cidade, melhor, pois diminui distâncias (e a consequente emissão de CO² nos deslocamentos motorizados) e viabiliza transporte público de qualidade. 2 – O projeto urbanístico deve contemplar critérios de sustentabilidade. Entre os mais usados internacionalmente estão os dos programas de certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, na sigla em inglês), da Green Building Council (organização não governamental voltada à construção civil e cultura sustentáveis); e o Comunidades Sustentáveis, do Building Research Establishment (BRE), instituição inglesa de avaliação ambiental emissora do selo BREEAM para edificações sustentáveis.

Crescimento populacional amplia necessidade de racionalização do consumo e de reaproveitamento de recursos

fotos arquivo Pedra Branca, divulgação

3 – É necessário prever metas de redução de emissões de CO²; de utilização equilibrada de recursos naturais; e de melhor qualidade de vida dos moradores. Entre os parâmetros estão:

Espaços planejados visando à promoção da mobilidade e à utilização eficiente das áreas urbanas: edificações e desenho urbano sustentáveis hoje significam, além da valorização social e da ambiental, incremento econômico dos empreendimentos,

l o uso da água por habitante l o percentual da água da

chuva reaproveitada

l o percentual da energia

utilizada que é gerada no local l e a percentagem de pessoas que se deslocam

para o trabalho por caminhada ou bicicleta, entre outros.

Um programa de monitoramento deve verificar se as ações e fatores contribuem ou não para os resultados. 4 – Por fim, ocorre a preparação dos moradores para ocupá-lo. Aglomerações ou edificações sustentáveis funcionam como facilitadoras para que as pessoas adotem estilos de vida mais sustentáveis. Assim, é o comportamento humano que vai determinar resultados efetivos quanto à redução do uso da água, do consumo de energia, a separação do lixo, entre outros.

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Claudia Velho/UCS

40 ANOS DE PSICOLOGIA

Reitor Evaldo Kuiava (C), gestores acadêmicos e professoras egressas da primeira turma na solenidade comemorativa: 1.756 profissionais formados desde a instalação do curso, em 1979.

Quatro décadas de fazer humano

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Com 1.756 profissionais formados em quatro décadas, o curso de Psicologia da UCS comemorou a data reunindo parte da primeira turma, outros egressos, professores e estudantes na noite de 4 de setembro, no Salão de Atos da Reitoria. Com início em março de 1979, a primeira turma, com 25 concluintes, formou-se em 1983. De lá para cá, a sociedade mudou, a pesquisa em torno da área avançou e a expressividade do curso se impôs, conquistando um espaço de protagonismo na região. Exemplo desse papel, o Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA) oferece atendimento por meio do Sistema Único de Saúde, a partir de um convênio mantido com a Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, um projeto desenvolvido por pro-

fessores e alunos presta serviço de orientação vocacional a estudantes de Ensino Médio. Com pronunciamentos de representantes dos estudantes, docentes, egressos e gestores (confira no quadro abaixo), o evento contou com o descerramento de uma placa alusiva aos 40 anos do curso. A comemoração foi completada no dia seguinte, com concerto da Orquestra Sinfônica da UCS alusivo à data. AULA PÚBLICA – As quatro décadas do curso de Psicologia da UCS também foram celebradas pelos atuais estudantes, com a promoção de uma aula pública pelo Diretório Acadêmico Nise da Silveira, em 27 de agosto, o Dia do Psicólogo. O encontro, realizado no Centro de Convi-

vência, propôs o questionamento Quem deve lutar pela Psicologia?, debatido pelas professoras Luciene Jung e Daniela Duarte Dias. “A Psicologia é uma ciência de interpretação, e precisa se manifestar teórica e tecnicamente na prática social para responder ao mal-estar civilizatório, produzido ideologicamente. Ela precisa estar consciente sobre a serviço de quem está, e não pode ceder à ambição de tratar o sujeito como um instrumento”, discorreu Luciene. “Conceitos como ‘o sujeito que renuncia a pensar por si mesmo’ e ‘o sujeito que só lê mensagens curtas’ precisam ser atualizados na sociedade de controle. O sujeito que sabe é aquele que duvida, mas que questiona a partir de perguntas corretas. Hoje, a grande rebeldia é estudar”, definiu Daniela.

PRONUNCIAMENTOS

“Que nunca, em nossa profissão, nos deixemos acomodar ou nos instituir com aquilo que não representa nosso fazer. É um orgulho construir nossa trajetória profissional com pessoas inquietas e desacomodadas. Ser psicólogo é mais que uma profissão, é uma luta por uma sociedade mais justa”

“Há 40 anos chegamos transbordantes de uma ansiedade prazerosamente não nomeada, mas colorida de orgulho e futuro. Iniciamos um novo patamar de apoio às ações no campo da saúde pública, ampliando significativamente a compreensão social da importância da psicologia na perspectiva de minimizar o sofrimento humano em sua máxima singularidade”

Kátia Cardoso Nostrane, presidente do Diretório Acadêmico

Olga Araujo Perazzolo, professora e egressa da 1ª turma do curso

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“O curso teve um percurso de sucesso, inserção social, científica e transformadora. O viés comunitário sempre marcou nossa formação e nosso fazer. E os projetos de extensão têm sido importante elo com a comunidade, como o serviço de psicoterapia, por meio de convênio com a Secretaria Municipal de Saúde, e a orientação vocacional, oferecida a escolas da região” Rossane Frizzo de Godoy, coordenadora do curso

“Nem sempre o que o paciente deseja é o que ele quer; nem sempre a sua queixa é a verdadeira demanda; nem sempre o que ele expressa é a sua real necessidade. Assim, ser psicólogo é um ato altruísta. A arte de bem ouvir é um dever, e é preciso anular a si mesmo para ouvir com sabedoria”

“Vocês escolheram atuar com o cuidado, fazer em prol de alguém, para que o outro possa ter uma vida digna em todos os sentidos e naquilo que é mais essencial ao ser humano: fazer suas escolhas na vida, ter autodeterminação e liberdade”

Everaldo Cescon, diretor da Área do Conhecimento de Humanidades

Evaldo Antonio Kuiava, reitor da UCS


CATS

fotos Claudia Velho/UCS

Uma releitura do consagrado musical Cats foi destaque da programação do Campus 8 em Cena deste ano. Com elenco formado por 17 acadêmicos do curso de Música, a produção envolveu, ao todo, cerca de 50 pessoas, entre alunos e docentes dos cursos de Música, Moda, Arquitetura e Urbanismo, Design e Estética e Cosmética, além de funcionários da UCS. A apresentação ocorreu no dia 27 de novembro e contou com apoio da Sultextil.

Composto pelo britânico Andrew Lloyd Webber a partir de poemas de T.S. Eliot, Cats estreou em Londres, em 1981. Ficou 18 anos em cartaz na Broadway, em Nova York, e teve inúmeras montagens por todo o mundo. A versão apresentada pelos acadêmicos trouxe as canções mais famosas, em português, a partir de traduções feitas pelo compositor brasileiro Toquinho.


Universidade de Caxias do Sul Caixa Postal 1313 95020-972 - Caxias do Sul - RS


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