revista UCS | setembro e outubro de 2014

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revistaUCS Setembro/outubro.2014 . Ano 2 . nº 14

POR UM MAR AZUL PESQUISADORES DA UCS ENGAJAM-SE EM FAXINA OCEÂNICA IDEALIZADA POR GRUPO HOLANDÊS

AIDS RELATÓRIO ALERTA SOBRE CONTAMINAÇÃO NO BRASIL E EM CAXIAS DO SUL

INCLUSÃO UMA FORMA DIFERENTE DE PENSAR A MODA

CONFLITOS DISPUTAS ENTRE PÁTRIAS EM PLENO SÉCULO XXI 1

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Fotos: Claudia Velho

TEMPO INTEGRAL: DESAFIO PARA O FUTURO DAS PRÁTICAS DE ENSINO 7 PARA ONDE VAI A MODA INCLUSIVA? 8

LIXO DO PACÍFICO ESTÁ SENDO ANALISADO NA UCS 10 PESQUISAS SOBRE HIV APONTAM QUE ÍNDICE DE CONTAMINAÇÃO EM CAXIAS CONTINUA CRESCENDO 4

SAIBA QUEM SÃO OS DIRIGENTES DOS CENTROS, CAMPI E NÚCLEOS DA UNIVERSIDADE 13

COSTURANDO E VESTINDO COM SOLIDARIEDADE 9 O CONHECIMENTO PROVENIENTE DA PESQUISA 19

QUESTÕES INTERNACIONAIS QUE ACABAM EM GUERRA 14

A BROTAÇÃO SOB UM OLHAR ARTÍSTICO 18 Universidade de Caxias do Sul Reitor: Evaldo Antonio Kuiava Vice-Reitor: Odacir Deonisio Graciolli Pró-Reitor Acadêmico: Marcelo Rossato Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: José Carlos Köche Pró-Reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: Odacir Deonisio Graciolli Chefe de Gabinete: Gelson Leonardo Rech Diretor Administrativo e Financeiro: Cesar Augusto Bernardi 2

Expediente: Assessoria de Comunicação da UCS/ Núcleo de Produção de Conteúdo (Edição: Ana Laura Paraginski; Redação: Vagner Espeiorin e Cristina Beatriz Boff, Fotos: Claudia Velho) Tiragem: 5.000 exemplares Contato: (54) 3218.2116, @ucs_oficial, www.facebook.com/ucsoficial Leia também no site www.ucs.br Foto de Capa: The Ocean Cleanup/Divulgação


No dia 14 de agosto, no UCS Teatro, a Orquestra Sinfônica apresentou, pela segunda vez, o concerto “Viaje o Mundo com a Música”, uma parceria com o Programa de Línguas Estrangeiras da UCS (PLE). Essa foi a sexta edição do Programa Quinta Sinfônica na Temporada 2014 e trouxe peças do folclore de diversos países, como Japão, China, Inglaterra, Itália, Alemanha, Rússia, entre outros, cujas línguas são ensinadas no PLE. O maestro convidado foi Leandro Schaefer.

DA VINCI: ARTISTA, ENGENHEIRO OU CIENTISTA? obras do grande mestre reconhecido mundialmente e considerado, por muitos, o maior gênio da história. O palestrante apresentou imagens e referências do acerto de Leonardo e mostrou que não se deve ter medo de errar, “pois o erro nos faz descobrir soluções mais criativas e inusitadas”, disse Tanaka. Ao final da palestra, ao apontar os “erros” de Leonardo, o professor alertou os estudantes para a importância da publicação de seus trabalhos como forma de divulgar e compartilhar os conhecimentos produzidos, e para a necessidade de se trabalhar em equipe a fim de alavancar melhores resultados. Claudia Velho

O evento que abriu oficialmente as atividades do 1º Seminário de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, organizado pelo Centro de Ciências Exatas e da Tecnologia reuniu mais de 800 pessoas, que lotaram o UCS Teatro para entender se Leonardo da Vinci foi um artista, engenheiro ou cientista. A reflexão ficou a cargo do professor Deniol Tanaka (foto), Deniol Tanaka da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que, às escuras – ele mesmo pediu para que as luzes do palco fossem apagadas durante a palestra -, explanou sobre a vida e as

Leonardo Borges/AEC

A Cidade Universitária ficou agitada no dia 14 de agosto, quando a banda Acústicos & Valvulados realizou show de volta às aulas, numa parceria entre DCE, UCS FM e UCS. Nem o frio espantou o público. Pelo contrário, o Centro de Convivência lotou e os acadêmicos cantaram junto com a banda sucessos como Até a Hora de Parar, O Dia D é Hoje, Remédio e Fim de Tarde Com Você. Com inspiração no bom e velho rock’n’roll, o grupo traz referências do Folk, dos anos 60 e da Jovem Guarda. A apresentação na UCS foi uma das primeiras da turnê do novo disco “Meio Doido e Vagabundo - O Fino do Rock Mendigo”, que é o primeiro CD da banda lançado no iTunes. Questionados sobre o futuro, o vocalista da banda, Rafael Malenotti, respondeu: “O futuro é aqui e não sabemos o que nos reserva. Em um futuro mais distante, estamos planejando as comemorações dos nossos 25 anos. Queremos fazer tudo para ser uma celebração de sucesso”.

HELENA KATZ E A DANÇA

Claudia Velho

Claudia Velho

MÚSICA EM DIVERSAS LÍNGUAS

RECEPÇÃO ACÚSTICA

A UCS deu início à primeira turma do curso de Tecnologia em Dança. Para celebrar a iniciativa pioneira na Serra Gaúcha, aconteceu, no dia 27 de agosto, a aula inaugural do curso, intitulada “A importância dos cursos de dança nas instituições de Ensino Superior do Brasil”, com a palestrante Helena Katz, crítica de dança do jornal Estadão e professora no curso Comunicação das Artes do Corpo da PUC – SP. Helena contou que “A dança que acontece dentro da Universidade ainda dá as costas para a dança que acontece fora dos muros da academia. Ao mesmo tempo, a dança que acontece na rua também dá as costas para a dança que acontece dentro da universidade.” O modelo tecnológico implantado pela UCS, na visão da pesquisadora, pode ser essa ponte de união, pois pode dar ao artista o conhecimento que ele não tem acesso fora da Universidade, ao mesmo tempo em que proporciona um espaço para que ele aperfeiçoe os conhecimentos e habilidades que já possui.

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ALERTA CONTRA O

HIV

O BRASIL E CAXIAS DO SUL ESTÃO NA CONTRAMÃO DO QUE MOSTRAM AS PESQUISAS MUNDIAIS: AINDA APRESENTAM DADOS CRESCENTES DE CONTAMINAÇÃO VAGNER ESPEIORIN | vaespeio@ucs.br Em julho, o mundo recebeu uma boa notícia: os casos de infecção por HIV recuaram 27,5%, entre 2005 e 2013. Mas o Brasil, porém, não teve muito que comemorar. Por aqui, o índice de novos infectados foi positivo e ficou em 11%. Os dados do programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) ilustram uma preocupação: apesar do avanço da informação e das campanhas de conscientização, o rastro de contaminação se ampliou. Em Caxias do Sul, a história se repete. Em 2010, a cidade calculava que 1.833 pessoas estavam cadastradas como portadoras do vírus HIV. Quatro anos depois, os dados ampliaram consideravelmente. Hoje, 2.684 pessoas estão relacionadas no cadastro do Serviço de Infectologia da Secretaria Municipal de Saúde. O aumento de 46% de pessoas infectados não apresenta uma causa única. Conforme a coordenadora do Serviço Municipal de Infectologia, Grasiela Cemin Gabriel, a descentralização do teste rápido – que identifica o vírus – ajudou no diagnóstico de pessoas contaminadas e ampliou o contingente em tratamento. Apesar disso, a mudança de percepção em relação à doença tem sido um fator negativo. “A Aids se tornou uma doença 4

crônica, que conta com tratamento. As pessoas ficaram menos preocupadas”, explica Grasiela. De fato, uma pessoa que desenvolvia Aids – gerada a partir da infecção do HIV – na década de 1980 era estigmatizada. Violenta, a doença levava as vítimas ao óbito em pouco tempo. “Quando se conheceu os primeiros casos, não se tinha tratamento. As pessoas morriam vítimas de infecções oportunistas. Tentava se tratar essa infecção, mas era ineficaz, porque não se tinha controle sobre a doença base”, explica o professor de Infectologia da UCS e médico no Hospital Geral, Juliano Fracasso. Na década de 1990, houve um avanço inicial com o desenvolvimento de pesquisas e a criação dos primeiros medicamentos mais eficientes. Mas foi em 2006 que ocorreu uma melhora considerável da qualidade de vida dos pacientes. “Até 2006, o tratamento era bastante rudimentar. Depois, com o surgimento de nova medicação, os doentes passaram a viver melhor”, recorda o infectologista. Foi nesse momento que a qualidade de vida dos infectados se ampliou e fez com que muitas pessoas desconsiderassem o potencial de maior agressividade do vírus. Apesar dos avanços relacionados à contenção da infecção, a Aids é

2.684

pessoas infectadas são atendidas pelo Serviço de Atendimento Especializado em Caxias do Sul

1.483 1.201 1.847 837 são homens

são mulheres

são de Caxias do Sul

são provenientes de outros dos 18 municípios pertencentes à 5ª Coordenadoria Regional da Saúde


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Claudia Velho


que, normalmente, as amostras de sangue devem ser testadas em até duas horas após a retirada. Atualmente, o laboratório desenvolve dois protocolos de pesquisas internacionais. O primeiro tem relação com a rede IMPAACT (Internacional Maternal Pediatric Adolescent AIDS Clinical Trial) e busca estudar parturientes por meio da pesquisa Promise, que atua na promoção da sobrevivência materna e infantil. O segundo diz respeito ao Consórcio para avaliação e performance de testes de incidência para HIV (CEPHIA). O protocolo avalia indivíduos – com infecção aguda e recente – e seus parceiros com o objetivo de estudar os mecanismos relacionados à transmissão do vírus.

A TRANSMISSÃO A forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade prevalece sendo por meio da relação sexual. Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por relações bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical.

UM CENTRO DE ESTUDO

O VÍRUS

Localizado no bloco S da Cidade Universitária, o Laboratório de Pesquisa em HIV/AIDS – LPHA, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, atua no desenvolvimento de estudos relacionados ao vírus desde 2002. Trabalhando em quatro linhas de pesquisas, o laboratório analisa diagnósticos de HIV/AIDS e patologias associadas, promove estudos observacionais e intervencionistas, estudos sociocomportamentais e a validação de metodologias. Em 2009, o laboratório se destacou pela criação de uma metodologia de validação de exames por meio da coleta de sangue seco em papel filtro. O método permite manter as propriedades do material coletado por 12 semanas, enquanto

Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1989, a proporção de contaminados por sexo era de cerca de seis casos de AIDS no sexo masculino para cada um caso no sexo feminino. Em 2011, último dado disponível, chegou a 1,7 caso em homens para cada um em mulheres.

FIQUE LIGADO A melhor maneira de se prevenir contra a Aids é utilizando a camisinha. O preservativo pode ser encontrado em Unidades Básicas de Saúde de forma gratuita.

Exame identifica o HIV e permite que o tratamento inicie o mais rápido possível, garantindo melhor qualidade de vida 6

“AINDA TEM GENTE QUE MORRE DE AIDS. ESPECIALMENTE, AS QUE NEGLIGENCIAM O TRATAMENTO”, DIZ O INFECTOLOGISTA JULIANO FRACASSO

Fotos: Claudia Velho

uma doença bastante agressiva. “Ainda tem gente que morre de Aids. Especialmente, as que negligenciam o tratamento”, reconhece o médico. Exemplo dessa afirmação, os números do relatório da Unaids consideram que 16 mil pessoas com HIV morreram em 2013, no Brasil. “A prevenção e a adesão ao tratamento antirretroviral ainda são as melhores armas na luta contra o HIV. Para conseguir bons resultados, o paciente soropositivo precisa não só de medicações adequadas, mas do uso regular delas”, alerta a coordenadora do Laboratório de Pesquisa em HIV/AIDS da UCS, Rosa Dea Sperhacke. Conforme ela, um dos maiores desafios está na erradicação do vírus do organismo, especialmente nos chamados reservatórios ou “santuários”. Esses “locais” são compostos de células infectadas afastadas da corrente sanguínea e com o vírus em estado latente. Juntos, os fatores não permitem que essas zonas sejam atingidas pelos antirretrovirais. Apesar da dificuldade de se obter a cura, a pesquisadora mantém uma posição otimista sobre as pesquisas no mundo. “O que sabemos é que precisamos continuar em frente, porque há muitas evidências e muitos dados dizendo que podemos fazer progressos”, projeta.


MAIS TEMPO PARA A EDUCAÇÃO ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL CONSTITUI-SE EM UM IMPORTANTE DESAFIO PARA O FUTURO DAS PRÁTICAS DE ENSINO CRISTINA BEATRIZ BOFF | cbboff@ucs.br A preocupação com a garantia do direito ao acesso à educação cresce à medida que o Brasil passa a contar com mais estudantes frequentando a escola. Conforme explica Nilda Stecanela, docente do Programa de Pós-graduação em Educação da UCS e membro do Conselho Municipal de Educação de Caxias do Sul, “através da emenda Constitucional 59/2013, o Brasil passa a figurar como um dos países com maior extensão na obrigatoriedade da frequência à escola: o Estado e a família deverão garantir vagas e a frequência à escola para crianças em idades entre os quatro e os 17 anos. Até 2016, deverão ser adotadas medidas para a efetivação de uma escolarização obrigatória de 14 anos, alargando o direito à educação gratuita para o Ensino Médio”. Várias propostas buscam elevar a qualidade da educação no país. Uma delas é o Programa Mais Educação do Ministério de Educação: a educação integral que amplia a jornada escolar nas escolas públicas para, no mínimo, sete horas diárias. “É importante ressaltar que a educação em tempo integral não se faz somente nos espaços e tempos da escola ou pelos profissionais que nela trabalham, mas agrega um protagonismo transversal de todos os atores da esfera pública e da sociedade civil no sentido de proteger e de educar as gerações em processo de formação”, enfatiza Nilda. A educação integral em jornada ampliada é uma política pública em construção e um grande desafio para gestores educacionais, professores e comunidades: ao mesmo tempo, amplia o direito à educação básica e colabora para reinventar a escola. O município de Caxias do Sul já conta com experiências orientadas pela Política

de Educação Integral em Escola de Tempo Integral. Recentemente, a Universidade de Caxias do Sul e a Prefeitura Municipal acertaram a parceria que oportuniza um espaço de estudos na Cidade Universitária para cerca de 130 crianças – do 6º ao 9º ano – residentes no Loteamento Campos da Serra. São alunos da Escola Integral Governador Leonel Brizola, que desenvolvem atividades pedagógicas, em dois turnos, no Bloco J do Campus Sede. A secretária municipal de Educação, Marléa Ramos Alves, é uma defensora da Escola de Tempo Integral. Para ela, a parceria com a UCS “oportuniza a semeadura de uma proposta educacional ousada na qual educação básica e academia mesclam saberes e desafiam mestres”. Conforme o reitor da UCS, professor Evaldo Antonio Kuiava, “é possível buscar soluções coletivas, como essa, e pensar em projetos maiores. A Universidade de Caxias do Sul conta com 15 licenciaturas e podemos manter relações mais próximas na formação de professores, pensando em uma escola de aplicação”. Este desafio também se dá na desconstrução das representações clássicas da escola tradicional, revendo concepções e posturas. Nilda Stecanela enfatiza a necessidade de um processo de formação continuada e que “não se negligencie o direito da criança e do adolescente ao convívio com a família, como espaço da casa e com a vida cotidiana da cidade”, conclui.

É NO AMBIENTE ESCOLAR QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES AMPLIAM SUAS RELAÇÕES SOCIAIS, CONFRONTAM SUAS VIVÊNCIAS, DESENVOLVEM E CORRIGEM O QUE APRENDERAM EM CASA. A ESCOLA POSSIBILITA E ESTIMULA A FORMAÇÃO DE NOVAS HABILIDADES E CAPACIDADES

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INCLUSÃO COMO TENDÊNCIA

PERCEBER E ATENDER AOS ANSEIOS DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA É AINDA DESAFIO PARA A MODA

ANA LAURA PARAGINSKI | alparaginski@ucs.br KÉTLIN VARELA | kpvarela@ucs.br (estagiária de jornalismo AEC) Tribo Arte/Divulgação

A 10ª edição do Colóquio de Moda realizada de 30 de agosto a 3 de setembro na UCS trouxe, em um de seus debates, o tema da Moda Inclusiva. Explorado pelas palestrantes Mariana Roncoletta, da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, e Daniela Auler, da Universidade Anhembi Morumbi, o assunto transmitiu as questões do universo dos deficientes físicos em relação aos produtos oferecidos pelo mercado, propondo que solucionar os problemas na prestação desses serviços é uma maneira de tornar a moda acessível e promover a sociabilização deste público. Pesquisando a relação dos sapatos oferecidos para as pessoas com dificuldade na locomoção, Roncoletta propõe que as áreas de saúde, design e moda devem estar interligadas para oferecer, além de conforto, o prazer estético. Ela reitera que a satisfação em adquirir um calçado bonito deve ser considerada junto com a ergonomia, modelagem e acabamento, pois estimular o bem-estar físico e emocional do usuário é incluí-lo em seu meio social. Proporcionar qualidade de vida promovendo atos simples como a autonomia na decisão e na possibilidade 8

de escolha trazem de volta a autoestima dos deficientes ou pacientes em reabilitação. Abordando a área de vestuário, Daniela reforça que é dever da indústria criar produtos para os deficientes, mas também facilitar o acesso através de lojas virtuais e o atendimento especializado em lojas físicas. Este público tem deixado de ser atendido pelo mercado, o qual ainda não se deu conta da grande lacuna a ser preenchida. A vida social dos deficientes mudou. Eles trabalham, saem de casa, vão ao cinema e, assim, consomem. Apesar do enfoque reduzido da indústria, Daniela cita que as pesquisas e trabalhos vêm crescendo, assim como o espaço na mídia para o assunto. Um dos cases apresentados, que sustentam a ideia da moda inclusiva, foi o da estilista Julia Sato, vinda de São Paulo para participar do Colóquio, que criou uma roupa para bailarinas deficientes visuais com cheiro, flores e escritas em Braille, estimulando a percepção sensorial. Fato é que com a inclusão dos diferentes perfis de consumidores de moda, os criadores precisam levar em consideração as diferentes atividades e realida-

des que as pessoas podem ter. Pensar em sistemas de abertura para a fácil circulação de sondas, tornar as peças mais táteis pelas etiquetas em Braille contendo informações como cor e estampa, fechos em velcro ou imãs, tecidos confortáveis para a mobilidade de um paciente, são algumas das características que um produto precisa oferecer. Assim, a constante renovação do olhar para a moda é um dos pilares que, junto com o design, não deve ser deixado de lado. Segundo a administradora, bailarina, funcionária da UCS e portadora de uma deficiência motora, Roberta Giovanaz Spader, de 30 anos, é importante que a moda pense os cuidados com as costuras e tamanhos adequados. “Muitas vezes, as pessoas como eu não podem usar calças com bolsos e muitas costuras porque esses detalhes podem acabar machucando e a gente só vai perceber quando já está bem machucado”, ressalta Roberta. Quando a moda cumpre seu o papel de fenômeno cultural nas novas realidades comportamentais, por consequência, cumpre também sua responsabilidade e gera sustentabilidade, dessa vez, social.


ALÉM DE CORTE E COSTURA BANCO DO VESTUÁRIO JÁ FORMOU MAIS DE 1 MIL ALUNOS ANA LAURA PARAGINSKI | alparaginski@ucs.br

Claudia Velho

As aulas acontecem desde outubro de 2010. E não é só costura que se aprende. “Aqui, a solidariedade está presente no ambiente dos cursos”, fala a professora Janete Toscan, que ministra as aulas de corte e costura no Banco do Vestuário, projeto da Fundação Caxias. “Muitas peças produzidas pelo projeto vão para pessoas carentes que frequentam o Hospital Geral”, relata. Orácio dos Anjos, de 44 anos, era metalúrgico e está em processo de reabilitação pelo INSS. Impossibilitado de trabalhar com longas jornadas numa mesma posição, ele procurou o curso de corte e costura para aperfeiçoar as técnicas, já que possui uma oficina de reformas de roupas há um tempo. Segundo ele, o curso foi orientação do próprio INSS. “Após finalizar o curso aqui, pretendo continuar me aperfeiçoando”, comenta o dedicado aluno. Os cursos são gratuitos e qualquer pessoa pode se inscrever. Além das duas turmas de corte e costura, estão em andamento as turmas de reaproveitamento de malhas, customização, bonecos e brinquedos para meninos e de agulheiros e porta tesoura. As aulas, geralmente, são ministradas por professores contratados ou por profissionais vinculados ao Senai. A UCS contribui cedendo o espaço, um pavilhão com cerca de 950 m², localizado

na Rua Francisco Camatti, 792, em Caxias do Sul. Diversas parcerias são necessárias para um projeto deste porte. As empresas, como Visate e Unimed, mandam uniformes para se tornarem a matéria-prima dos cursos. A aluna Maria Luiza Rizzi, de 54 anos, é aposentada e está fazendo o curso para confeccionar as suas próprias roupas e, quem sabe, oferecer o serviço ao mercado. “Depois do curso de corte e costura, farei o de reaproveitamento”, comenta ela. Neste semestre, este curso irá formar a 36ª turma. A orientadora do Senai, Simone Pedroso, realiza o acompanhamento durante os cursos. Ela ressalta o importante papel das empresas que doam peças, como é o caso dos coletes vindos o IBGE, para que os alunos possam fazer o reaproveitamento nas aulas. A Fundação Caxias, através do Banco do Vestuário, já formou mais de 1.000 alunos. Segundo levantamento do próprio Banco, cerca de 70% dos formados já compraram suas máquinas e abriram empresas no setor do vestuário. Para Juarês Paim da Silva, gestor do Banco do Vestuário, essa iniciativa só é realidade porque muitas empresas e instituições se aliaram e contribuem, de forma significativa, para que o projeto seja um sucesso e ajude muitas pessoas.

“AQUI, A SOLIDARIEDADE ESTÁ PRESENTE NO AMBIENTE DOS CURSOS”, DIZ JANETE TOSCAN, PROFESSORA DO CURSO DE CORTE E COSTURA DO BANCO DO VESTUÁRIO

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LIMPEZA OCEÂNICA GRUPO DE PESQUISADORES DA UCS INTEGRA PROJETO QUE PREVÊ A LIMPEZA DOS OCEANOS ANA LAURA PARAGINSKI | alparaginski@ucs.br

Uma boia em forma de V faz a retenção do lixo que se acumula no oceano 10


de integrar o projeto da Holanda, expressando que poderíamos colaborar com a realização de análises no laboratório de polímeros da instituição”, conta Kauê. Boyan Slat visa à limpeza dos oceanos por meio de um projeto ousado que alia técnicas simples e eficazes através da criação de barreiras flutuantes com a função de conduzir e extrair os materiais poliméricos (plásticos e borrachas) dos oceanos. O coordenador do curso de Tecnologia em Polímeros, professor Diego Piazza, diz que a função do grupo local é avaliar o nível de degradação dos resíduos recolhidos perto do Havaí, no Oceano Pacífico, e propor, através da reciclagem, uma alternativa de utilização destes materiais retirados do ambiente marinho. O primeiro contato com a equipe responsável pela ação foi em outu-

bro de 2013. Após o aceite do ingresso do grupo da UCS, a equipe recebeu o primeiro lote de resíduos com cerca de 6 kg em novembro do mesmo ano. A partir disso, o aluno Kauê fez a separação e identificação qualitativa e quantitativa do material, além de efetuar a moagem e lavagem em quantidades específicas de água e detergente. Após esse processo, foi realizada a secagem do material e a caracterização, por meio de técnicas combinadas, com o objetivo de verificar o índice da oxidação presente e poder indicar se os materiais podem ser reciclados e para quais fins. Nesta primeira avaliação, o lixo oceânico foi transformado em capas plásticas para livros e saboneteiras. “A ideia é transformar esses resíduos em materiais que possam ser usados para divulgação do projeto”, comenta a professora Rosmary Brandalise. Informações sobre o projeto The Ocean Cleanup podem ser obtidas através do site www.theoceancleanup.com .

A pesquisa foi tema de reportagem produzida pelo Fantástico. Assista ao vídeo, através de seu smartphone ou tablet, através do código acima. 11

Divulgação

Avaliar o lixo que flutua nos oceanos e dizer se esses materiais podem ser reciclados é o principal objetivo do grupo de pesquisadores da UCS, que faz parte do Projeto The Ocean Cleanup, idealizado pelo jovem holandês de 19 anos Boyan Slat. Em outubro de 2013, a professora do curso de Tecnologia em Polímeros e do curso de Mestrado em Engenharia de Processos e Tecnologia da UCS, Rosmary Nichele Brandalise, mostrou um vídeo sobre o projeto ao aluno do curso de Engenheira Ambiental e bolsista de Iniciação Científica da UCS Kauê Pelegrini. “Fiz contato por skype com o responsável e comentei com ele sobre o nosso interesse


A ideia do projeto concebido por Boyan surgiu quando ele esteve na Grécia e, ao realizar um mergulho, enxergou mais lixo do que peixes. Daí a ideia da limpeza oceânica, que prevê a instalação de 100 km de boias flutuantes para a captação do lixo. Para que o projeto tenha andamento, são necessários 2 milhões de dólares.

LIXÕES FLUTUANTES No Oceano Pacífico, numa imensa região do mar que começa a cerca de 950 quilômetros da costa californiana e chega ao litoral havaiano, existem grandes lixões flutuantes formados por redemoinhos que prendem lixo de todos os oceanos. As correntes marítimas, como a do Círculo Polar Antártica, ligam os três oceanos da

Terra. O lixo que entra nessas áreas, após vagar pelos oceanos de todo o planeta, fica preso nas correntes, formando as duas manchas gigantes de plástico. Assim, grande parte dos resíduos do Atlântico e do Índico acaba se dirigindo para o Pacífico, mesmo que leve décadas percorrendo os mares do mundo. Estima-se que seu tamanho seja de 15 milhões de quilômetros quadrados, se contados os pedaços menores de plástico e microplásticos, o que corresponde a cerca de duas vezes a área do Brasil. Acredita-se que 90% do lixo flutuante nos oceanos é composto de plástico – um índice compreensível, já que esse material é um dos que levam mais tempo para se decompor na natureza. Metade desses resíduos todos é lançada no mar por navios e plataformas de petróleo. A outra parte deságua nos oceanos trazida por rios espalhados pelo mundo.

“A IDEIA É TRANSFORMAR ESSES RESÍDUOS EM MATERIAIS QUE POSSAM SER USADOS PARA DIVULGAÇÃO DO PROJETO”, COMENTA A PROFESSORA ROSMARY BRANDALISE.

Fotos: Claudia Velho

MERGULHANDO EM IDEIAS

Divulgação

Materiais vindos para análise

Saboneteiras produzidas com o material após processo de análise e reciclagem

Sistema construído com placas de energia solar recolhe o lixo através de uma esteira e o estoca até um navio vir recolhê-lo 12

Equipe de pesquisadores da UCS: aluno Kauê Pelegrini (esquerda), professora Rosmary Nichele Brandalise e professor Diego Piazza


NO RUMO CERTO UCS AFINA SEU FOCO NA CONSTRUÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE DE EXCELÊNCIA CRISTINA BEATRIZ BOFF | cbboff@ucs.br As transformações em diversas esferas da sociedade fazem com que a Universidade de Caxias do Sul, por meio de seus gestores, pense e repense a visão de conhecimento, o papel social, a participação na resolução dos problemas do mundo, o modelo pedagógico, a forma de fazer educação e de promover o desenvolvimento. Para isso, o reitor da UCS, professor Evaldo Antonio Kuiava, tem enfatizado a necessidade de se construir uma universidade de excelência, com a definição de uma estrutura organizacional e funcional clara. Nesse sentido, no início de agosto deste ano, ao empossar os diretores de centro – após uma reestruturação dos mesmos –, o reitor pontuou três diretrizes institucionais nas quais a UCS irá alicerçar suas ações e metas, quais sejam: Excelência, inovação e desenvolvimento; Inserção social nos contextos nacional e internacional; e Sustentabilidade Institucional. Conheça abaixo os diretores de Centros Acadêmicos e dirigentes de Campi e Núcleos da UCS.

Especialista em Contabilidade Gerencial e Finanças (UCS), Mestre em Gestão Empresarial (FGV-RJ), Doutor em Engenharia de Produção (UFRGS) e MBA em Gestão Universitária (UCS).

CENTROS ACADÊMICOS

Centro de Ciências Exatas e da Tecnologia (CCET) Professor Carlos Alberto Costa Graduado e Mestre em Engenharia Mecânica (UFSC) e Doutor em Engenharia de Manufatura (UK).

Centro de Ciências Sociais (CCSO) Professora Maria Carolina Rosa Gullo Graduada em Economia (Unisinos), Mestre em Economia Rural (UFRGS) e Doutora em Economia (UFRGS). Centro de Ciências Jurídicas (CCJU) Professora Fernanda Maria Francischini Schmitz Graduada em Direito (UCS) e Mestre em Direito (UFPR). Centro de Ciências Sociais e da Educação (CCSE/CARVI) Professor Fernando Ben Graduado em Ciências Contábeis (UCS),

Centro de Ciências Exatas, da Natureza e de Tecnologia (CENT/CARVI) Professora Cintia Paese Giacomello Bacharel em Estatística (UFRGS), Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS) e Doutora em Administração (UFRGS). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) Professor Dagoberto Vanoni de Godoy Graduado em Medicina (Fundação Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre), Mestrado e Doutorado em Medicina (Pneumologia) pela UFRGS. Centro de Artes e Arquitetura (CEAA) Professora Mercedes Lusa Manfredini Graduada em Licenciatura em Educação Artística, habilitação Artes Plásticas (UFRGS) e Mestre em Administração (UCS).

Centro de Ciências Humanas e da Educação (CCHE) Professor Everaldo Cescon Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia, Mestre e Doutor em Teologia e Pós-doutorado em Filosofia. CAMPI E NÚCLEOS Campus Universitário da Região das Hortênsias Professora Margarete Fatima Lucca

Graduada em Administração (AIEC) e Pedagogia (UNISINOS), Mestre em Engenharia de Produção (UFSM). Campus Universitário Vale do Caí Professora Carmen Cecilia Schmitz Licenciada em Física (Unisinos) e Mestre em Educação (Unisinos). Campus Universitário de Vacaria Professora Marina Brito Boschi Doutora em Línguas Modernas (Universidad del Salvador – Argentina, revalidado pela Universidade Federal de Pernambuco). Núcleo Universitário de Guaporé Professora Maristela Pedrini Graduada em Ciências Físicas e Biológicas (UPF), Mestre e Doutora em Educação (PUCRS). Núcleo Universitário de Veranópolis Professor Nicanor Matiello Graduado em Ciências Econômicas (Faculdade de Ciências Econômicas da Região dos Vinhedos) e Mestre em Gestão e Estratégia em Negócio. Núcleo Universitário de Nova Prata Professor Mario Coser Bacharel em Ciências Econômicas, Mestre em Administração (UFRGS). Núcleo Universitário de Farroupilha Professor Celso Ferrarini Graduado em Engenharia Mecânica (UCS) e Mestre em Engenharia da Produção (UFSC). Campus Universitário da Região dos Vinhedos Professor Miguel Angelo Santin, sub-reitor Graduado em Direito (UPF) e Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC. 13


MUNDO EM CONFLITO DA ECONOMIA À CULTURA, PROFESSORES DA UCS AJUDAM A ENTENDER OS MOTIVOS QUE LEVAM PAÍSES A PROMOVEREM ALGUNS DOS PRINCIPAIS EMBATES BÉLICOS PELO MUNDO. VAGNER ESPEIORIN | vaespeio@ucs.br

Quando Hiroshima, no Japão, foi atacada por uma bomba atômica em 6 de agosto de 1945, o mundo paralisou. A humanidade tinha chegado ao auge da destruição. Apesar do espanto, o pavor não foi suficiente para controlar o ímpeto de guerra. No dia 9, outra bomba atingiu Nagasaki, espalhando ainda mais terror. De lá para cá, o mundo viveu uma Guerra Fria, de ânimos quentes entre Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); criou o estado Israelense; e observou o Oriente Médio se tornar uma região explosiva. A professora de Direito Internacional da UCS, Remi Soares, explica que foi após a guerra que surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade congrega, até hoje, os principais países do mundo. Como reflexo das dificuldades enfrentadas durante o pós-guerra, a organização passou a contar com um Conselho de Segurança. O colegiado é formado por cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América; além de 10 membros rotativos. Não por acaso, os países permanentes foram os vencedores da Grande Guerra e até hoje são decisivos quando o assunto se refere aos conflitos no mundo. “Qualquer um desses países tem poder de veto. Eles podem isoladamente dizer se determinado conflito será permitido pela ONU”, explica Remi. Acontece que há o risco do interesse próprio prevalecer sobre a coletividade. Além disso, os maiores confrontos bélicos de que se tem conhecimento são motivados por algum dos países que integram o Conselho de Segurança. Confira alguns dos embates contemporâneos mais conhecidos e veja como eles se desenrolam em diferentes partes do globo. . 14

OS CONFLITOS DO PETRÓLEO “Todo conflito tem interesse econômico”, avisa o professor de Economia e coordenador do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS, Roberto Birch Gonçalves. A fala do economista ilustra uma percepção geral quando se fala em conflitos pelo Oriente Médio. Em 2003, os Estados Unidos avançaram sobre o território Iraquiano. A justificativa era a eliminação de armas de destruição em massa do então ditador Sadam Hussein. O Iraque, porém, sempre foi um grande produtor de petróleo. O interesse econômico pelas fontes energéticas também pesou na ação americana. “Museus foram bombardeados, mas as refinarias não foram atingidas”, ressalta a professora do curso de História, Cristine Fortes Lia, ilustrando um exemplo da vocação econômica da guerra. Mais de uma década depois do “fim” do embate, o Iraque se vê diante de um caos civil. Grupos rebeldes se popularizam. Com ele, os casos de terrorismo também se ampliam na região. Vizinho, o Irã é outra nação que convive com o medo de um conflito com o Ocidente. Considerado um país com poder nuclear, tem sido visto com desconfiança pelos membros permanentes do Conselho de Segurança. Além do Iraque e do Irã, o Egito e a Síria também precisam conviver com os grupos extremistas. Conforme Cristine, nesses países se observa a ascensão dos chamados Califados de Poder, que não reconhecem os poderes estatais constituídos e criam Estados paralelos. Nesse confronto, ações terroristas motivam ataques na região e pelo mundo.


UCRÂNIA E RÚSSIA

ISRAEL X PALESTINA O Oriente Médio sempre foi uma região tensa. Desde a antiguidade, a porção na Ásia abrigou diferentes povos, como assírios e persas. Apesar do histórico de disputas, a localidade toma os noticiários contemporâneos. E o motivo é uma disputa sem fim. No final da Segunda Guerra Mundial, a pressão pela criação de um estado judeu se intensificou. A solução criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) foi estabelecer o país de Israel. A região, considerada sagrada para muçulmanos, judeus e católicos, à época, ficava sob controle do Reino Unido. Foi ali que surgiu o país judaíco. Mas para isso, os judeus tiveram que ocupar uma zona cheia de árabes. “Se você passa a ocupar um território que não é seu, quem já estava no local vai entrar em confronto”, frisa Cristine. E o embate permanece desde a década de 1940 até hoje. Entre um cessar-fogo e outro, pessoas são mortas. E não apenas militares. Há muitos civis envolvidos nos conflitos. Em julho, Israel promoveu uma ofensiva pela Faixa de Gaza – região palestina controlada pelo grupo Hamas. O resultado foi a morte de 2.130 pessoas pelo lado árabe e 69 pessoas pelo lado judeu. Mesmo com negociações, o fim parece distante.

Apesar de pequena territorialmente, a Europa sempre comportou muitas nações. Culturas diferentes, línguas específicas e interesses contraditórios resultaram em guerras. O continente, aliás, foi o cenário para os dois maiores confrontos. Atualmente, porém, os conflitos se voltam para o leste, onde a relação entre Rússia e a Ucrânia tem sido tensa. Os dois países já foram muito unidos e formavam a União das Repúblicas Socialista Soviéticas. Com a crise do comunismo, a região foi esfacelada. Com exceção da Rússia – grande herdeira do poderio socialista – as nações antes soviéticas se voltaram para o Ocidente. Polônia, Eslováquia e Hungria viraram economias mais ágeis ao aderirem à União Europeia. A Rússia via seu poder econômico diminuir, mas não chegou a comprar briga. Até que a história chegou à Ucrânia. O então presidente ucraniano Viktor Yanukovich – considerado Pró-Rússia – resolveu não assinar um acordo de aproximação com a União Europeia. Acontece que a população queria o acordo e foi às ruas reivindicar a negociação. Em fevereiro, Yanukovich, para alegria do Ocidente e fúria russa, foi deposto. Na Criméia, península ucraniana de maioria russa, a queda do presidente não foi comemorada. Contrários ao governo de Kiev, a população local criou um movimento separatista apoiado pelo Kremlin, chegou a fazer um referendo e até nomeou um premiê pró-Rússia. É claro que o Ocidente não aceitou o nome e nem a separação. E a tensão se intensificou. Na região, a Rússia mantém tropas a postos. O mesmo ocorre com a Ucrânia, com medo de um ataque russo. A União Europeia impôs sanções econômicas. Mas a Rússia promete reagir. Principal distribuidor de gás para o continente, ameaça cortar o fornecimento dos vizinhos. E já acena com o fechamento do espaço de voo para companhias aéreas, o que encareceria o transporte. “Antigamente, se tinha uma polarização muito clara do mundo. E a Rússia era um desses polos. Hoje, porém ela perdeu poder. O que parece é que o país está tentando recuperar esse poderio”, esse poderio”, explica o professor Roberto Birch Gonçalves, apresentando as motivações russas. . 15


REGISTRANDO CONHECIMENTO NOVE TÍTULOS SÃO LANÇADOS PELA EDUCS A Editora da Universidade de Caxias do Sul - EDUCS realizou evento de lançamento coletivo de seus títulos mais recentes, no dia 28 de agosto. Na ocasião, nove livros de diversas áreas do conhecimento, de autoria de professores da Instituição, foram apresentados ao público. Conheça os lançamentos: Laços Sociais: por uma epistemologia da hospitalidade, de Márcia Maria Cappellano dos Santos e Isabel Baptista (organizadoras). Professores do Programa de Mestrado em Turismo da UCS e de diversas instituições universitárias de Portugal se uniram para a publicação do livro. Apesar disso, não é uma mera apresentação de textos de investigação acadêmica e desvinculados de uma prática social. Ao contrário, é valorizada na publicação toda a amplitude socioantropológica na noção de hospitalidade. Direito Penal II, de Gisele Mendes Pereira. Segundo volume da coleção que se tornou referência entre alunos e professores do curso de Direito. O novo volume aborda, de forma sintética, todos os temas do programa da disciplina, permitindo que o aluno tenha um guia de conteúdos. A autora pretende auxiliar os professores com uma compilação a ser utilizada em sala de aula, como instrumento de consulta rápida, direta e de fácil compreensão. Caderno de Histologia, de Alessandra Eifler Guerra Godoy e Isnard Elman Litvin. Destinada especialmente aos alunos dos cursos da área da Saúde, a publicação é resultado direto da experiência de docência dos dois profissionais. Ambos 16

experimentaram diversas estratégias no sentido de tornar a “caminhada histológica” mais agradável e menos árida. O trabalho pretende complementar o papel desempenhado por livros-texto da área. Risco Ecológico Abusivo, de Clóvis Eduardo Malinverni da Silveira. Com o subtítulo de “A tutela do patrimônio ambiental nos processos coletivos em face do risco socialmente intolerável”, o trabalho realiza uma análise crítica do atual paradigma processual coletivo de tutela do ambiente. O autor teoriza sobre um modelo mais condizente com os desafios propostos ao Direito pela contemporaneidade, em razão do agravamento dos problemas ecológicos. Linguagem e Implicações Pedagógicas, de Neires Maria Soldatelli Paviani. Os textos refletem as relações entre cultura e leitura explicitando fatores detectados a partir de uma amostra de alunos universitários. Tomando por base estudos sociolinguísticos, antropológicos e pedagógicos, a análise procura examinar que relações de interdependência se estabelecem entre esses elementos e a formação de leitores. Uma Introdução à Filosofia, de Jayme Paviani. O livro chama a atenção sobre a natureza, o método e os conceitos fundamentais, sem ignorar as sistematizações do conhecimento em torno do problema de definição da filosofia, da história da filosofia, da ontologia, da epistemologia, da ética e da estética. Pretende abrir as portas ao leitor para que ele perceba a riqueza de aspectos desse saber teórico.

Direito e Marxismo – as novas tendências constitucionais da América Latina, de Enzo Bello, Letícia Dias Lima, Martonio B. Lima e Sérgio Augustin. A importância do pensamento de Marx e sua relação com o Direito – de forma toda especial relativamente ao Direito Constitucional – tem despertado contínua dedicação de intelectuais em diversos países. O livro questiona sobre o que o Direito Constitucional pode vir a ganhar com a incorporação dos elementos de análise marxiana. Cultura e Mudanças das Organizações, de Marco A. Bertolazzi. Voltado para estudantes, gestores e demais profissionais que buscam entender, de forma mais ampla, o campo dos chamados estudos organizacionais. É desenvolvida no livro uma análise sobre a substituição da burocracia clássica, a “jaula de ferro” de Weber, pela empresa imersa numa sociedade fluida. O autor argumenta que, através da reflexão crítica sobra a natureza, a cultura e as mudanças das organizações, é possível compreender melhor as perspectivas da sociedade. História da escola dos imigrantes italianos em terras brasileiras, de Terciane A. Luchese. Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são estados brasileiros que receberam levas consideráveis de imigrantes provenientes da península itálica, que foram marcados pela existência de uma iniciativa singular de escolarização: escolas étnicas. Conhecer suas singularidades constitui o elo central do livro.


Claudia Velho

ESCOLHA CERTA De 30 de setembro a 2 de outubro, mais de 8,3 mil estudantes, de 155 escolas de Caxias do Sul e de outras 46 cidades, já estão agendados para conhecer os cursos da UCS. A Feira das Profissões conta com o engajamento de professores e alunos, que auxiliam os estudantes de ensino médio na escolha profissional.

CINQUECENTO

VOCAÇÃO PARA O SUCESSO

O aluno do curso de Comércio Internacional, Teilor Magrin, e a aluna do curso de Administração, Denise Jaskulski, foram premiados através do Programa Vocação Para o Sucesso, realizado pelo Departamento de Jovens Empresários da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Jovem), no dia 08 de setembro. Puderam participar os acadêmicos em conclusão de curso que obtiveram conceito máximo (4) na monografia. Na oportunidade, os alunos ganharam 50% de uma bolsa de estudos de pósgraduação. De acordo com a presidente da CIC Jovem, Natália Quadros, os critérios de avaliação são viabilidade de implantação, persuasão, competitividade e visão global. O Programa ocorre anualmente em duas edições: março e agosto.

Hugo Araújo/AEC

O Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais – PGMAT completou 10 anos de atividades e reuniu alunos, professores, gestores e funcionários do Centro de Ciências Exatas e da Tecnologia, no dia 25 de agosto, para comemorar e prestar uma homenagem ao professor Israel Baumvol, um dos seus idealizadores e coordenador até o início deste ano. Como agradecimento por uma atuação exemplar no incentivo à pesquisa de qualidade, o professor Israel recebeu duas placas de agradecimento: uma do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (SIMECS), entregue pelo seu diretorpresidente, Getúlio da Silva Fonseca (foto superior), e outra da Universidade, entregue pelo pró-reitor de Pesquisa e PósGraduação, professor José Carlos Köche, e pela coordenadora interina do Programa, Janaína da Silva Crespo (foto inferior).

Fotos: Claudia Velho

PGMAT COMPLETA 10 ANOS E REALIZA HOMENAGEM

Em agosto, o PLE Cultural falou sobre o Fiat Cinquecento, carro que, desde seu lançamento, em 1957, fez parte da história da Itália e das famílias italianas, tornandose um ícone do estereótipo italiano e da italianidade. A atividade alusiva língua italiana aconteceu de 25 a 29 de agosto, quando um modelo atual do carro foi exposto no hall do bloco L. Além disso, os alunos do PLE participaram de um concurso de fotos no Instagram e concorreram a rodízios de pizza.

#VEIOCOMTUDO

O ComunicaShow veio com tudo. Os talentos da comunicação puderam se apresentar no dia 13 de agosto no UCS Teatro. Os alunos que chegaram ao bloco aproveitaram as plaquinhas disponíveis com as hashtags #Comunicashow e #VemComTudo (foto) para tirar selfies e fotos animadas, mostrando que o comunicador se comunica, literalmente, a todo momento e, inclusive, durante o evento. Mais de 30 artistas se inscreveram, contabilizando 13 atrações artísticas, além disso, o evento também contou com uma exposição de fotos e desenhos dos alunos dos 4 cursos da comunicação. 17


RENOVAÇÃO DA NATUREZA

Para felicidade de uns e tristeza de outros, o fim do inverno se aproxima. Com isso, os brotos começam a aparecer nas árvores caducifólias da Cidade Universitária - como nos registros acima feitos em agosto. Segundo o curador do herbário da UCS, Felipe Gonzatti, “como a estação não apresentou um frio regular tão intenso e extensivo que mantivesse a dormência das plantas, o que ocorre é a antecipação da brotação”. A primeira foto mostra uma espécie de amoreira, Morus nigra L., uma planta exótica vinda da Pérsia, que serve tanto para fins frutíferos como para arborização. A segunda foto traz o broto de uma Hydrangea macrophylla (Thunb.) Ser., popularmente conhecida como hortênsia, planta típica das paisagens serranas da nossa região. Originária da China, sua peculiaridade é atribuída à cor da flor que é indicadora do pH do solo. Como os solos da nossa região são, geralmente, ácidos, nossas hortênsias possuem tonalidade de azul a arroxeada. Quando cultivadas em solos neutros a alcalinos, suas flores encorpam tons branco a rosado. A terceira espécie é um liquidambar, Liquidambar styraciflua L., originária do sul dos Estados Unidos e norte do México. É amplamente utilizada na arborização de parques, ruas e praças devido a sua beleza paisagística. As árvores conferem madeira útil para fabricação de mobiliário. Suas folhas lobadas, com a chegada do outono, assumem coloração avermelhada, o que aumenta o apreço à espécie. Fotos: Claudia Velho.

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ARTIGO

A PESQUISA COMO ALICERCE PARA O ENSINO A ciência contemporânea progride com uma rapidez cada vez mais acelerada, apresentando novas teorias que corrigem, modificam e ampliam o conhecimento existente, possibilitando a inovação nas aplicações tecnológicas. Esse progresso acelerado é decorrente dos altos investimentos em pesquisa científica desenvolvida pelos grupos de pesquisa nas universidades, nos institutos de pesquisa autônomos subsidiados por organizações privadas e agências e institutos governamentais. Já está consolidada a visão de que a pesquisa assume uma função vital na vida e na missão de uma universidade, pois o ensino de qualidade deve alimentar-se permanentemente com e da pesquisa. Um ensino desvinculado da pesquisa corre o risco de estar rapidamente superado, não apenas porque poderá estar trabalhando com um conhecimento sucateado, mas também porque está desvinculado da possibilidade de desenvolver no aluno as competências e habilidades básicas de aprendizagem proporcionadas pela vivência dos processos de investigação científica. Isso permite afirmar que não pode haver excelência na qualidade do ensino se ele não estiver associado à pesquisa. Não existe universidade sem pesquisa. Entendo por pesquisa não apenas a ação do professor buscar o conhecimento já desenvolvido e presente nos manuais, dominá-lo e sistematizá-lo para utilizá-lo no processo de ensino-aprendizagem. Somente isso não basta na universidade. Esse é apenas o primeiro passo para o desenvolvimento da aprendizagem. E, muitas vezes, até é o suficiente para determinados estágios de um bom ensino. A pesquisa, porém, no stricto sensu do termo, vai além disso. Ela decorre da capacidade de aprender a mapear o conhecimento teórico existente, apropriar-se do estado da arte, perceber questões problemáticas e cruciais sobre as quais se debruçam os pesquisadores e aprender a construir um referencial teórico que sirva de fundamentação para o desenvolvimento da atividade criativa para construir e testar criticamente soluções para esses problemas. A pesquisa vai além do já produzido, superando-o, inovando-o. Trabalha com o processo de produção de novos conhecimentos. E essa é a essência que caracteriza uma universidade que atua com pesqui-

sa, tornando mais qualificado seu ensino, pois, por ser um laboratório permanente de produção de conhecimento, oportuniza ao aluno a convivência com o professor pesquisador, participando dos ambientes e com os processos de investigação científica interdisciplinares, com o conhecimento novo e com oportunidades de desenvolver habilidades e competências direcionadas à identificação e à resolução de problemas. É uma oportunidade ímpar de capacitação que o acadêmico adquire para se tornar um competente profissional na atual sociedade do conhecimento. A Universidade de Caxias do Sul, atualmente, possui 205 docentes pesquisadores desenvolvendo 311 projetos de pesquisa junto aos 17 Núcleos de Pesquisa (NPs) e 16 Núcleos de Inovação e Desenvolvimento (NIDs), e atuando nos 14 Programas de Mestrado e nos 4 de Doutorado, em suas diversas linhas de pesquisa. Em todos esses Programas, do total dos 542 alunos, 219 são bolsistas de Mestrado e de Doutorado. Além desses, há também 231 bolsistas de iniciação científica dos cursos de graduação, bem como bolsistas de ensino médio que participam como pesquisadores juniores ou auxiliares nos processos de investigação na maioria dos projetos executados na Universidade. Cabe à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPPG), juntamente com os grupos de pesquisadores dos diversos Centros, identificar e estabelecer as prioridades dos investimentos que devem ser feitos na pesquisa e pós-graduação referente aos mestrados e doutorados da UCS. Além disso, coordenar e articular, juntamente com os coordenadores dos cursos de mestrado e doutorado e com a Câmara de Pesquisa e de Pós-Graduação, os processos de gestão dessas atividades, como a seleção e a capacitação permanente de seus docentes/pesquisadores, a internacionalização de seus programas de pós-graduação e de seus projetos de pesquisa, por meio das parcerias com programas e com pesquisadores de instituições de renome internacional, a busca e a obtenção de financiamento externo para a pesquisa, a obtenção e a gestão das bolsas de mestrado e doutorado e de iniciação científica para os alunos e a avaliação da produção científica e de suas respectivas publicações.

A PESQUISA VAI ALÉM DO JÁ PRODUZIDO, SUPERANDO-O, INOVANDO-O. TRABALHA COM O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS.

Professor Doutor

José Carlos Köche

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

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Universidade de Caxias do Sul Caixa Postal 1313 95020-972 - Caxias do Sul - RS

A mais completa infraestrutura de ensino, pesquisa e extensão da região.

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Cursos de Graduação em todas as áreas do conhecimento para iluminar seu futuro. 14 Mestrados, 4 Doutorados e mais de 70 cursos de Especialização para iluminar sua carreira. Intercâmbio nos 5 continentes para iluminar seus caminhos. 800 laboratórios para iluminar suas experiências. 12 bibliotecas para iluminar suas descobertas. Pesquisa e inovação para iluminar a região e o mundo.


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