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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

MAIO A JULHO.2015 . ANO 3 . Nº 17

FOrMaçÃO HUMaNiZaDa sejA em disciplinAs ou projetos específicos, Alunos se envolvem, cAdA vez mAis, em Ações voltAdAs À comunidAde

STeel FraMe em buscA de umA construção civil mAis sustentÁvel

TeMPerOS VariaDOS chefs de diversAs pArtes do pAís buscAm conhecimento nA escolA de gAstronomiA dA ucs 1


STEEL FRAME: UMA VIA MAIS SUSTENTÁVEL PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL 4

Claudia Velho

Divulgação

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: O QUE OS ESPECIALISTAS PENSAM SOBRE A INTERNET DAS COISAS 6

acadêmicos da ucs atuam em projetos que beneficiam comunidades 8 por onde andam e da onde são os chefs formados pela ucs? 14

saudade do outono! 18

Saiba como o grupo gincarvi jr venceu o campeonato nacional de minifoguetes 13

Artigo: a universidade como um ecossistema 19

Claudia Velho

Arquivo Pessoal

atual situação econômica do país exige restrições orçamentárias. veja o que o futuro nos guarda 12

Universidade de Caxias do Sul Reitor: Evaldo Antonio Kuiava Vice-Reitor: Odacir Deonisio Graciolli Pró-Reitor Acadêmico: Marcelo Rossato Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: José Carlos Köche Pró-Reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: Odacir Deonisio Graciolli Chefe de Gabinete: Gelson Leonardo Rech Diretor Administrativo e Financeiro: Cesar Augusto Bernardi 2

Expediente: Assessoria de Comunicação da UCS/Núcleo de Produção de Conteúdo (Edição: Ana Laura Paraginski; Redação: Cristina Beatriz Boff, Josmari Pavan e Vagner Espeiorin. Fotos: Claudia Velho) Tiragem: 5.000 exemplares Contato: (54) 3218.2116, @ucs_oficial, www.facebook.com/ucsoficial Leia também no site www.ucs.br Foto de Capa: Claudia Velho


Claudia Velho

Galeria HOMENAGEIA OS OITO Ex-reitores DA UCS

Com o objetivo de resgatar aspectos importantes da história da Universidade de Caxias do Sul, foi inaugurada, no dia 28 de maio, no Bloco A da Cidade Universitária, a Galeria que homenageia os oito ex-reitores da Universidade. São eles: Virvi Ramos, Sérgio Almeida de Figueiredo, Airton Santos Vargas, Abrelino Vicente Vasata, João Luiz de Morais, Ruy Pauletti, Luiz Antonio Rizzon e Isidoro Zorzi. Familiares e amigos dos ex-reitores, além da equipe da Reitoria, professores e funcionários da Instituição, participaram do evento. O reitor da Universidade, Evaldo Antonio Kuiava, destacou que a inauguração da

galeria reverencia os reitores que, com suas equipes, imprimiram a sua marca na história da Universidade, construindo uma história tão relevante na promoção do conhecimento e da educação para o desenvolvimento da região, do estado e do país. “A deferência é uma justa lembrança e a expressão de nossa gratidão”. O evento também serviu para marcar o primeiro ano da atual gestão da UCS. O reitor, em seu discurso, sinalizou as recentes conquistas da Instituição. Dentre as universidades comunitárias e privadas do Brasil, a UCS é reconhecida como a segunda melhor em Inovação e a nona em Pesquisa.

PELA DIVERSIDADE A UCS é a primeira instituição de ensino do RS a receber o Selo “Honoris Causa” de valorização da diversidade sexual. O Selo foi entregue durante o encerramento do 4º Fórum Nacional da Diversidade Sexual, promovido pela OAB no Campus Universitário da Região das Hortênsias, em Canela. O Selo foi concedido pelo presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/SP-Jabaquara, Marcelo Martins Ximenez Gallelo, e entregue pela presidente da Comissão Especial de Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, Maria Berenice Dias. Segundo Gallelo, “essa meninada de hoje, que estuda na UCS, em pouco tempo estará assumindo cargos de representação na sociedade, e a universidade também é responsável por formar profissionais conscientes e responsáveis pela construção de uma sociedade mais humana e igualitária”. No Rio Grande do Sul, apenas 3 instituições receberam este selo: a UCS, a empresa SAP e a Vinícola Garibaldi pelo desenvolvimento do primeiro espumante LGBT do Brasil, chamado Bee Wine.

Laboratório Central de Microscopia

ESTUDANTES DE DIREITO VÃO A BRASÍLIA

UCS Sênior amplia abrangência para outros campi

Foi inaugurado, em maio, o Laboratório Central de Microscopia “Professor Israel Baumvol”, um espaço multiusuário, onde se realizam técnicas de análise e caracterização de materiais, com o intuito de investigar as propriedades dos materiais. Com equipamentos de alta resolução que ampliam o estudo em nanotecnologia, a ciência que tem como princípio básico a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos, o Laboratório atenderá à pesquisa, ao ensino de graduação e pósgraduação, e prestará serviços a empresas. O laboratório fica no Bloco V da Cidade Universitária.

Uma viagem de estudos a Brasília aproximou acadêmicos do curso de Direito da Região das Hortênsias da realidade política e jurídica brasileira. Os acadêmicos foram recebidos pelo vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Ferreira Mendes. O grupo participou de sessões no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e no Supremo Tribunal Federal (STF), visitou o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados, e os principais monumentos históricos de Brasília. Os estudantes puderam vivenciar in loco os conteúdos ministrados em sala de aula.

A experiência do Programa UCS Sênior Caxias do Sul, que hoje reúne 1,1 mil participantes, começa a ser implantada nos campi da Região das Hortênsias, de Vacaria e da Região dos Vinhedos. Em 1991, ao criar um programa extensionista exclusivamente para pessoas adultas ou idosas interessadas em vivenciar experiências significativas de aprendizagem e interação social, a Universidade estava implantando a ideia de que a aprendizagem e a criatividade também podem ser potencializadas na idade madura. Saiba mais sobre o UCS Sênior acessando http://www.ucs.br/site/ extensao/programa-ucs-senior. 3


STeel FraMe CaNTeirO De OBraS reNOVaDO josmAri pAvAn | jpavan@ucs.br

A preocupAção com o meio Ambiente chegou pArA ficAr no rAmo dA construção civil. utilizAdo hÁ décAdAs em pAíses do hemisfério norte, o steel frAme gAnhA forçA pelA rApidez e economiA de recursos

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Cimento, madeira, tijolos, areia, água e cal por todos os lados. O cenário clássico de uma obra, associado muitas vezes à desorganização, ruídos e sujeira, pode se transformar em dor de cabeça para quem precisa encará-lo. Na contramão da alvenaria em sua forma habitual, o Steel Frame (‘armação de aço’, em tradução livre) é um estilo de construção ainda recente no Brasil, mas que ganha adeptos entre pessoas que desejam viver mais afinadas com o meio ambiente. Nas construções em Steel Frame, tudo é seco, leve e reciclável. É o que explica Simone Fraga, arquiteta e urbanista com experiência em obras nesse segmento. Juntamente com a sócia, Deise De Conto, também arquiteta e urbanista, abriu uma empresa especializada em projetos sustentáveis. Em 2013, as profissionais, que são formadas pela UCS, conheceram o Steel Frame por meio de uma construtora parceira de Porto Alegre e, desde então, desenvolvem projetos em conjunto. Conforme Simone, as obras em Steel Frame utilizam água apenas nas fundações. O processo de construção, na verdade, é substituído por um processo de montagem da estrutura de aço e da fixação através de parafusos de chapas que podem ser de gesso (geralmente no acabamento interno) e de madeira e cimento (no acabamento externo), entre outros materiais. Essas chapas saem prontas da fábrica, são posicionadas e imediatamente fixadas na estrutura de aço, dispensando elementos como cimento ou tempo de cura. Com isso, o tempo necessário para se erguer um imóvel também cai drasticamente – em média, 70%.

Do ponto de vista financeiro, o Steel Frame traz, ainda, outras vantagens, como a geração mínima de resíduos, em média, 2%, contra um índice que varia de 20% a 30% em uma obra de alvenaria. O processo de montagem em camadas resulta em um sistema de isolamento acústico e térmico, o que diminui o consumo de energia de forma permanente. Além disso, toda a estrutura pode ser reciclada. “Uma obra em Steel Frame tem muitas vantagens construtivas e ao meio ambiente, com valores similares ou menores que uma obra convencional”, complementa. O perfil de cliente é bastante variado, conforme explica Deise, contemplando casais jovens em busca da primeira moradia, casais na faixa dos 50 anos e, ainda, pessoas acima de 75 anos que buscam uma residência confortável e acessível para viver. “O perfil comum a todos é o desejo por uma obra mais rápida, com maior conforto e mais sustentável”, afirma.

Potencial para muito mais

Professor e coordenador do curso de Engenharia Civil da UCS, Givanildo Garlet acredita que o Steel Frame demonstra que a construção civil busca um conceito semelhante ao da indústria, onde a preocupação está em fazer cada vez mais com a menor quantidade possível de matéria-prima. Esse ‘fazer mais com menos’ fica evidente também no emprego de mão de obra, que pode se resumir a 25% do que seria necessário em um trabalho tradicional. Segundo o professor Garlet, a dificuldade com o Steel Frame está em obter mão de obra especializada na região. “Apesar de ser um méto-


Foto Divulgação

do que ainda sofre preconceito por ser pouco conhecido, sem dúvida o Steel Frame tem potencial competitivo. Mas, há muito o que avançar. Se considerarmos o potencial dessa tecnologia, mal saímos da casca.”

Lar, doce (e ecológico) lar

Para vender um produto, é preciso conhecê-lo, certo? Simone Fraga segue à risca a ideia. Além de desenvolver projetos em Steel Frame, a arquiteta também construiu, juntamente com o marido, o analista de sistemas Elton Ferronato, a própria casa nesse modelo. “Já era apaixonada pelo sistema quando eu e meu marido decidimos que a primeiro projeto em Steel Frame da nossa empresa a ser executado seria o nosso lar”. São 250 metros quadrados divididos em três dormitórios, sendo uma suíte, sala de estar, sala de jantar e cozinha integrados, um home theater, um spa e garagem para dois carros. Tudo ficou pronto em seis meses. A estrutura, no entanto, foi erguida em 90 dias. “A casa não tem qualquer indício de umidade. A temperatura interna é mantida por muito mais tempo e os sistemas de aquecimento se tornam mais eficientes”, explica. “Outra vantagem que tivemos é o planejamento financeiro. Sabíamos exatamente o que iríamos investir desde a concepção do projeto, não houve surpresas no decorrer da obra”, complementa Elton.

Vigas de aço são utilizadas na construção que, depois, recebe chapas de gesso, na parte interna, e de madeira ou cimento Fotos Claudia Velho

Popular pela necessidade

Segundo o professor Givanildo Garlet, construções em Steel Frame são difundidas em países de clima frio, em especial Estados Unidos da América e no continente europeu, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (19391945). “Era preciso investir em construções rápidas, pelo grau de destruição em que esses países se encontravam”, explica.

Na UCS

Simone e Elton venderam o apartamento em que moravam para investir em uma casa construída em Steel Frame. O imóvel foi a realização de um sonho em tempo recorde

Na disciplina de Construções Especiais, do curso de Engenharia Civil, os alunos são desafiados a fazer um projeto não convencional, como o de Steel Frame. 55


O perigo da internet das coisas ANA LAURA PARAGINSKI | alparaginski@ucs.br

A integração entre produtos utilizados no dia a dia com a internet pode sinalizar um grande benefício para a realização de certas atividades, porém, ALERTA PARA um grande problema do século XXI, a segurança da informação

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Um dos assuntos mais procurados nos buscadores da web em 2014 foi a internet das coisas. Quando se fala no tema, a primeira coisa que vem à cabeça dos consumidores é a praticidade que se pode ter com produtos integrados à tecnologia sem fio, automação, sensores e conectividade. Afinal, você estar no trabalho e programar a sua máquina de café e a panificadora para que seu lanche fique pronto na hora que chegar em casa é ou não é um grande benefício? Ou então, você está no congestionamento e vem uma forte tempestade fazendo com que você lembre que as janelas do seu apartamento estão abertas e a chuva vai molhar tudo, mas pode fechá-las de onde estiver, basta estar conectado. E já pensou você ter uma geladeira que escaneia o que tem dentro e envia para o seu smatphone a lista de compras? Esses são exemplos simples do uso da internet das coisas. Esse ainda é um conceito em desenvolvimento e consiste em uma rede de aparelhos usados no dia a dia ligada a uma base de dados e à internet, permitindo a comunicação entre todos esses objetos. Dentre eles estão carros, eletrodomésticos, smartphones, tablets e muito mais.

Popularização da tecnologia

Embora essa tecnologia já esteja disponível para compra no mercado, ela ainda não se tornou popular. Para a professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da UCS, Ana Cristina Fachinelli, a internet das coisas começa a se configurar como uma possibilidade interessante de negócios e, por isso, pode vislumbrar e permitir estratégias de Marketing. Ainda desconhecidas da maioria da população, essas tecnologias podem levar algum tempo para se tornar parte do cotidiano das pessoas. Segundo Ana, na medida em que os benefícios agregados desta tecnologia fiquem claros, e se traduzam em melhorias na saúde (vida saudável), praticidade e comodidade (facilitar a vida das pessoas) e que permitam criar na vida das pessoas vantagens de rapidez e interação (similar ao que as redes sociais trazem na comunicação e integração), as pessoas passarão a utilizar mais estes serviços. “A simples banalização


Fonte: Folha/UOL

Cenário de vulnerabilidades

Carro: Relatório do senador americano Edward Markey indica que hackers podem controlar motor, freios e faróis, além de interferir nos medidores de gasolina e velocidade.

Babá Eletrônica: Em 2013, um casal do Texas (EUA) escutou uma voz gritando obscenidades para a filha por meio do monitor da Foscam. Havia falhas de segurança no acesso ao aparelho.

destes, seja com melhoria ao acesso e redução de custos, com a consequente produção em escala, não significa o aumento da utilização dos mesmos. É fundamental que os usuários percebam valor em sua utilização”, salienta.

Segurança da informação

Porém, por trás de tanta praticidade, uma preocupação cerca os estudiosos: a segurança da informação. “Vejo como desafio a questão ética e legal da invasão ainda maior de empresas de produtos e/ou serviços nas casas e na vida das pessoas, e de como este tipo de informação resultante será utilizada. Ela pode sim ser utilizada em benefício do usuário, na mesma medida ou da mesma forma como pode ser utilizada contrariamente em benefício de outrem”, alerta Ana. Segundo analistas da Symantec, companhia pioneira em antivírus pessoais, entre os principais problemas de segurança elencados para 2015, a internet das coisas está em primeiro lugar. A professora da disciplina de Segurança da Informação dos cinco cursos na área de Informática da UCS, Maria de Fátima Webber do Prado Lima, é enfática ao dizer que o foco dos estudos sobre internet das coisas,

Geladeira: Em 2014, 100 mil aparelhos como roteadores, televisões e ao menos uma geladeira foram usados para disparar 750 mil spams; houve falha de configuração nos produtos.

Termostato: A empresa TrapX Security alertou que o aparelho da Nest, comprada pelo Google, pode ser hackeado se houver acesso físico com ele (não pela internet). Se for comprado de terceiros, em sites como eBay, pode ser usado como plataforma para invadir outros sistemas domésticos.

Marca-Passo: Sistema que regula o batimento cardíaco sem fio para transmitir informações, fazer ajustes e carregar bateria. Armazena dados sensíveis do usuário e poderia ser invadido para matá-lo, como mostrou o especialista Barnaby Jack.

hoje, está na segurança dos dados por elas utilizados e nelas inseridos. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com 16 grande fabricantes de carros, mostra que quase 100% dos carros no mercado americano, hoje, incluem redes de comunicação sem fio que podem ser vulneráveis a ataques ou roubo de dados pessoais. Os maiores problemas estão relacionados à privacidade, falta de autorizações suficientes, falhas de criptografia e softwares inadequados de proteção. Uma pesquisa realizada pela HP Security Research levou à conclusão de que 70% dos aparelhos ligados à internet das coisas têm falhas graves de segurança e estão sujeitos a ataques de hackers. Durante os testes, foram analisados os 10 tipos de aparelhos mais vendidos atualmente para esse tipo de uso e foi encontrado um total de 250 vulnerabilidades. Problemas de privacidade, autorizações insuficientes, falta de criptografia de transporte de dados, interface web insegura e softwares de proteção inadequados foram alguns dos erros encontrados. Para Maria de Fátima, é imprescindível que se desenvolva uma cultura que leve em conta os riscos que os usuários podem correr com a utiliza-

ção desta tecnologia. “As pessoas devem pensar antes de se expor através do que está interligado com as redes sociais, por exemplo”, alerta. A especialista utiliza um esse exemplo corriqueiro na vida de quem está presente nas redes sociais para ilustrar a vulnerabilidade do mundo atual: “Quando fizemos check-in em um lugar através das redes sociais, estamos dizendo ‘Não estou em casa!’. E isso pode alertar pessoas mal intencionadas que poderão se utilizar da informação para seu proveito”. Para ela, os usuários devem se resguardar, preservando as suas vidas, de seus familiares e amigos e seus bens. Mas, nem tudo está perdido. Apesar do cenário pouco otimista, a cibersegurança será fortalecida por parcerias e colaborações na indústria. A indústria de segurança está unindo forças com provedores de telecomunicações e governos do mundo todo para combater crimes virtuais. Neste ano, enquanto os criminosos do ambiente virtual continuarem buscando alternativas, as plataformas de código aberto continuarão a abordar vulnerabilidades com ainda maior coordenação, colaboração e resposta da indústria. 7 7


Claudia Velho

FOrMaçÃO HUMaNiZaDa

AnA lAurA pArAginsKi | alparaginski@ucs.br

AcAdêmicos buscAm, nA AtuAção junto À comunidAde, eXperiênciAs que, Além de vAlorizAr o currículo, contribuem pArA A formAção de um profissionAl humAnizAdo O tempo que o aluno passa na Universidade, além de trazer conhecimentos técnicos, científicos e pedagógicos, também deve proporcionar experiências que agreguem tanto para a formação do perfil profissional como para a completude do ser social. Para isso, a participação, engajamento e busca por atividades práticas que envolvam benefícios diretos a comunidades devem compor a formação desse acadêmico. Para o professor de Ética Empresarial da UCS, Frei Jaime Bettega, os acadêmicos, ao se engajarem em projetos comunitários, tornam-se mais reflexivos, passam a valorizar o que possuem e concluem que seus próprios problemas são pequenos diante da realidade de outras pessoas. “A humanização torna-se mais visível até na convivência em sala de aula. A sensibilidade com a problemática humana se torna mais aguçada, sem contar a alegria de poder se sentir útil”, ressalta Bettega. A Universidade possui diversos convênios com a iniciativa privada e pública, além de convênios internacionais em todos os continentes. Convênios que possibilitam ao aluno um escopo de oportunidades que poucas Universidades 8 8

do Brasil oferecem. “Com isso, no decorrer do curso, o aluno pode participar de projetos e programas em nível municipal, regional, nacional e internacional, só depende do interesse do aluno. Vivemos num mundo globalizado, não podemos pensar só no local”, esclarece o pró-reitor acadêmico Marcelo Rossato.

Somos para a comunidade Ações práticas de distintos portes junto à comunidade são incentivadas e promovidas dentro da Universidade. Sejam em disciplinas ou projetos, muitas possibilidades estão sendo ofertadas aos alunos. “O trabalho junto a diferentes públicos, que geralmente precisam de ajuda, é uma opção humanizadora e inteligente. Para o currículo profissional, isso abre muitas portas. Uma pessoa que dedica parte do seu tempo para amenizar o sofrimento do semelhante está preparada para conviver melhor com a diversidade em seu local de trabalho. Essas experiências acrescentam vida e comprometimento ao diploma de curso superior”, enfatiza o professor. “O envolvimento do aluno em projetos comunitários é fundamental para o desenvolvimen-

to da cidadania. Muitas vezes, esquecemos que produtos e processos, criados ou melhorados, fazem uma sociedade melhor. Este é um diferencial que a Universidade possui. Num mundo em constante evolução, com a tecnologia digital assumindo o papel de destaque, e inovação sendo a palavra de ordem, é necessário que a realidade de cada profissional entenda as necessidades da comunidade onde ele está inserido”, completa Rossato.Alunos, professores e funcionários da UCS engajam-se em projetos que levem benefícios à comunidade, fazendo jus ao atributo de Universidade Comunitária. Além de ajudar a quem precisa, enriquece o currículo dos egressos. “As organizações olham com simpatia para candidatos que se engajam em ações solidárias. Com certeza, serão capazes de agregar novo dinamismo à equipe de trabalho. Quem faz algo sem esperar nada em troca poderá contagiar positivamente os colegas e inspirar ações que beneficiam o todo”, finaliza. A seguir, contaremos histórias de jovens acadêmicos que se dedicam, com orgulho, ao crescimento de pessoas e desenvolvimento de comunidades.


Seja de noite ou nos sábados, domingos e feriados, o grupo de acadêmicos envolvidos no projeto habitacional para moradores dos residenciais do Minha Casa Minha Vida está disponível para distribuir conhecimento e motivação. Encontramos Diego Quevedo Costa, 24 anos, e Cleia Márcia de Rezende, 32 anos, ambos alunos do curso de Administração da UCS, numa noite fria no Residencial Campos da Serra V (também participam o VI e VII), conversando com os moradores sobre orçamento familiar e pessoal. Os convites são distribuídos e os interessados podem participar, gratuitamente, das palestras ministradas por universitários. Ao todo, o projeto atende 480 famílias. Diego conta que sempre teve vontade de participar de algum trabalho social e quando surgiu a oportunidade de fazer parte desse projeto técnico-social foi uma realização pessoal: “o projeto fica ainda melhor por se trabalhar com diferentes tipos de núcleos familiares. Essa vivência agrega muito em nossas vidas, é um aprendizado fantástico”. “Eu me candidatei para este trabalho, em princípio, porque precisava de horas complementares para terminar o curso, e este trabalho teria duração de três meses. Mas, com o passar do tempo, identifiqueime muito com o objetivo do projeto e estou há 10 meses trabalhando nele”, relata Cleia. Segundo ela, a oportunidade de levar conhecimento a pessoas mais necessitadas é muito gratificante. “Eu olho para elas e vejo pessoas buscando melhorar de vida, e este é o mesmo sentimento que me levou a entrar para a Universidade e batalhar para terminar o curso, não parar pelo caminho”, completa. Diego salienta que é uma grande oportunidade de testar e aperfeiçoar as habilidades interpessoais fora do ambiente acadêmico. Para a acadêmica, o principal aprendizado foi não fazer julgamentos precipitados, pois todos têm suas histórias, suas batalhas, que devem ser respeitadas. “Devemos estar abertos, porque essas pessoas podem nos ensinar muito com suas vitórias, baseadas em muita luta pela sobrevivência e pela esperança de um futuro melhor para a sua família”, justifica. “É muito gratificante ser útil para alguém, especialmente para pessoas que necessitam de ajuda. Conhecer situações diferentes do nosso cotidiano é enriquecedor e prazeroso, te dá outro olhar sobre a vida e seu significado”, diz Cleia. Pensando no futuro profissional e na construção do currículo, os dois estudantes são muito categóricos. “Geralmente, nos relacionamos com pessoas muito parecidas conosco ou que estão inseridas no nosso

Ana Laura Paraginski

Minha Casa Minha Vida, nosso conhecimento

Cleia e Diego, acadêmicos de Administração, realizam palestras para moradores dos residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, contribuindo para a boa administração do orçamento pessoal e familiar de diversas famílias

meio social. Sair dessa zona de conforto causa um exame de consciência, o qual pode levar abaixo as nossas crenças e preconceitos. O mundo corporativo pede pessoas que saibam se relacionar bem, e essa pode ser uma ótima oportunidade para os estudantes aprenderem a se relacionar com pessoas diferentes”, comenta a estudante. Para Diego, é o algo a mais que as empresas procuram em um perfil profissional. “Vai além da preparação técnica, é uma experiência única na questão comportamental, e que agrega muito no pessoal e profissional”, finaliza.

Planejamento de Comunicação para a inclusão

A disciplina de Planejamento em Relações Públicas II, ministrada pela professora Silvana Padilha Flores para o curso de Relações Públicas, desenvolve atividades práticas em situações reais, aplicando os conceitos e metodologias do planejamento em comunicação. A cada semestre, a turma opta por um projeto social a ser beneficiado com um Planejamento de Comunicação. A turma atual está engajada no trabalho junto com a Casa Brasil, uma entidade social ligada à ONG Mão Amiga, à Fundação de Assistência Social (FAS) e à Prefeitura de Caxias do Sul. A aluna Patricia dos Santos, 24 anos, conta que o trabalho iniciou com uma apresentação da entidade em sala de aula, fei-

“Com o passar do tempo, o sentimento de ser útil para as pessoas também me trouxe muita motivação, pois o conhecimento só é vÁlido se for transmitido. ao pensar que talvez uma vida possa melhorar por algo que eu ou meu grupo fez, é muito gratificante”. Cleia Márcia de Rezende, acadêmica de Administração

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“Acredito que o maior aprendizado é ser uma pessoa melhor e mais atuante com as comunidades mais necessitadas, de ajudar as pessoas com o mínimo que for, pois para elas isso importa muito. Às vezes pensamos que o pouco não ajuda, mas pequenas atitudes fazem a diferença sim”. Patricia dos Santos aluna de Relações Públicas Claudia Velho

A turma está procurando envolver-se nas ações realizadas na Casa como forma de conhecê-la melhor. Para a professora Silvana, “os alunos devem, na medida do possível, se envolver de ‘corpo e alma’, desde pensar o planejamento para um semestre, um ano, ou até algo mais imediato, como arrumar e pintar um muro se for necessário ou buscar parcerias para que isso seja viabilizado”, ressalta. A acadêmica diz que, como resultado, esperam que a entidade tenha captação de novos recursos e maior visibilidade na comunidade em geral. Com relação ao aprendizado, Patricia diz que acha importante esse engajamento: “é a primeira vez que me envolvo com um projeto assim, mas estou achando maravilhoso e pretendo participar mais vezes. Além do aprendizado que adquirimos, colocamos em prática as teorias vistas em sala de aula e ainda ajudamos quem realmente precisa”.

Agregar valor a resíduos sólidos e à carreira

Karen da Silva Rodrigues, 27 anos, e Michele Savaris, 25 anos, são alunas do Mestrado em Engenharia de Produção e Tecnologias (PGEPROTEC) da UCS e participam de um projeto que leva conhecimento científico e técnico a recicladores de Caxias do Sul. Na ânsia de descobrir como agregar valor aos produtos selecionados para comercialização, as duas desenvolvem pesquisa com os materiais descartados pelos recicladores, ou seja, que hoje não são aproveitados, além de capacitá-los para o uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e manejo dos resíduos sólidos visando a melhoraria da produção e das condições de trabalho. Patricia dos Santos, acadêmica de Relações Públicas, integra a equipe que está desenvolvendo o Planejamento de Comunicação para a Casa Brasil

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Claudia Velho

ta pela assistente social Cristiane Ferreira, coordenadora há nove anos deste projeto que atua no Bairro Reolon, em Caxias do Sul. Após, os alunos conheceram as instalações, o público atendido e o ambiente. “Para dar início ao Planejamento, após conhecermos o campo, fizemos um levantamento do micro e do macroambiente, levantando suas forças e fraquezas, ameaças e oportunidades que afetam diretamente a entidade. Com isso, a turma levou em conta a realidade, a cultura e a filosofia organizacional que a Casa Brasil já possui”, argumenta Patricia. O trabalho todo envolve pensar ações que visem facilitar os processos realizados na Casa, bem como divulgar informações básicas de acesso e contato à entidade, notícias e demais conteúdos que levem à participação e engajamento tanto de empresas como de pessoas.

As alunas do mestrado em Engenharia de Produção e Tecnologias, Karen e Michele, trabalham para identificar um novo produto produzido a partir dos rejeitos de resíduos sólidos de associações de recicladores

O projeto – que envolve acadêmicos e professores da UCS – visa levar conhecimento, em diversas áreas, para cerca de 200 catadores, ou recicladores – como preferem ser chamados – que, juntos, manejam em torno de 300 toneladas/mês de resíduos sólidos em 7 associações conveniadas à Prefeitura e 4 não conveniadas. As instituições que realizam a gestão do projeto são o Ministério do Trabalho e Emprego, a Fundação Banco do Brasil, a WWF, a Prefeitura de Caxias do Sul e a UCS. “O rejeito, que é o resíduo sólido que eles não conseguem vender por ser um material diferente e que vai para o aterro municipal, gera um dano ambiental. Por isso, nós pegamos esse material e realizamos a caracterização dele pensando se e como pode ser utilizado. Além disso, pesquisamos quais produtos podem ser gerados a partir do rejeito e desenvolvemos um plano para venda desse material, promovendo a cadeia produtiva do lixo de Caxias do Sul”, diz Karen. A intenção do núcleo de pesquisa do PGEPROTEC da UCS é investigar como esses recicladores podem preparar o material visando atingir um incremento de 300% no valor do produto através, também, da venda direta para os compradores (sem atravessadores). Michele comenta que esse tipo de ação faz com que se enxergue a realidade de algumas comunidades e se perceba o quanto o trabalho da Universidade é importante para esse pessoal. “Ações como esta trazem uma visão diferente para o aluno, ajudando a contribuir para a realidade social local e geração de renda que, para eles, depende da separação do lixo. Também podemos ressaltar a importância que esse trabalho vai agregar ao nosso currículo”, enfatiza.


Aprendizado de mão dupla

Claudia Velho

Com a chegada dos imigrantes senegaleses, haitianos e outros, em Caxias do Sul, o curso de Letras da UCS viu uma oportunidade para proporcionar aprendizado em dose dupla: levou os acadêmicos do curso para a sala de aula, no período de estágio, para ensinar Português aos imigrantes, que precisam aprender de forma rápida e prática a língua do novo país que escolheram viver. A professora do curso de Letras, Suzana Pagot, conta que o projeto de Português para Imigrantes está vinculado ao Estágio IV em Língua ou Literaturas de Língua Portuguesa que “tem como objetivo o exercício da docência em ambientes não-formais de aprendizagem, envolvendo apreensão da realidade contextual, elaboração de planos, projetos, propostas de aprendizagem; organização de material didático, visando à construção de alternativas de ação educativa”. O projeto iniciou em 2014, com o apoio do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), da Associação de Senegaleses, da 4ª Coordenadoria de Educação e da Escola de Ensino Fundamental Presidente Vargas. “Neste ano, estamos com quatro turmas na Escola Presidente Vargas com um total de aproximadamente 45 alunos; com um grupo na 4ª Légua e outro em Antônio Prado que somam mais 28 alunos”, enfatiza Suzana. Oito acadêmicas estão envolvidas nesta ação. Para a professora Luciane Todeschini Ferreira, que também ministra a disciplina de Estágio IV, um fato bem interessante é que, tanto no ano passado como neste ano, surgiu o interesse das alunas continuarem o curso após a finalização do estágio, demonstrando que a proposta desencadeou um desejo de realizar trabalhos voluntários. “Isso é muito enriquecedor, pois observamos que nossas ações vão muito além da sala de aula”, finaliza. Jéssica Denise Silva de Aguiar, de 24

anos, acadêmica de Letras, atua como professora em uma das turmas de imigrantes na Escola Presidente Vargas. Ela conta que é um trabalho muito gratificante e diferente de todas as outras turmas do ensino comum, pois os alunos estão ali porque realmente querem aprender: “são muito interessados, fazendo muitas perguntas, o que contribui para termos uma aula mais rica. Além disso, sinto que, realmente, estou realizando meu dever de cidadã em ajudar a inserir essas pessoas em uma sociedade, por meio da língua, pois ela é uma forma de exercer o poder e, quanto maior for esse domínio linguístico, melhores oportunidades os imigrantes terão. Sem contar no auxílio do âmbito da inserção social, possibilitando o acesso à informação e à capacidade de comunicação”, argumenta a aluna. Os rostos interessados e respeitosos dos imigrantes mostram a dedicação ao aprendizado que ali está sendo oferecido, de forma gratuita. “Os desafios do ensino para estrangeiros são grandes. Primeiramente, a questão da assiduidade, pois os alunos faltam com frequência. Um dia há dezesseis alunos e no outro, somente quatro. Mas, nada que impeça o trabalho a ser desenvolvido. Outro aspecto relevante é que, por vezes, é necessário explicar uma palavra ou situação de diversas maneiras, por sinônimos, imagens, desenhos, exemplos, comparações, gestos ou, ainda, a tradução para a língua de origem do aluno, que se dá por meio do dicionário ou de algum aluno que já entendeu e traduz para os demais”, salienta Jéssica. A acadêmica diz que esse estágio é uma grande oportunidade, a qual deve ser encarada como crescimento tanto profissional como pessoal: “é um trabalho que, realmente, quebra barreiras. O trabalho que vem sendo desenvolvido proporciona um grande crescimento tanto para o professor quanto para os alunos”.

Em defesa da comunidade

Ana Paula Piccoli Cignachi, 25 anos, é acadêmica do curso de Direito da UCS no Núcleo Universitário de Farroupilha. Ela está cursando a disciplina de Estágio de Prática Jurídica que visa a execução da prática jurídica via o Serviço de Atendimento Jurídico da UCS (SAJUCS). As aulas acontecem nas tardes de terça-feira e o trabalho é orientado pela professora Adriane Pereira Lopes. “Através desta disciplina, posso conhecer a realidade, o que a comunidade está precisando, as dificuldades das famílias mais humildes”, relata Ana Paula. O atendimento ocorre por agendamento diretamente no SAJUCS, por telefone ou por encaminhamento através da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Farroupilha, pelo Conselho Tutelar, CAPs e Ministério Público. Em 2014, foram mais de 900 atendimentos no geral. Cerca de 360 ações correram no Fórum da cidade e contam com a assistência dos alunos e professores ligados ao SAJUCS. Neste semestre, a equipe envolvida é formada por uma professora, uma funcionária e 12 alunos. Além do Núcleo Universitário de Farroupilha, a Cidade Universitária, o núcleo de Guaporé e os campi de Bento Gonçalves, Vacaria, São Sebastião do Caí e Canela também possuem o serviço prestado à comunidade carente. Todo o processo é gratuito. Quem necessita do serviço é encaminhado ao SAJUCS, que realizará o atendimento. As ações são elaboradas e acompanhadas pelos alunos com a supervisão do professor responsável.“As ações que mais aparecem dizem respeito à violência à mulher, alimentos, divórcio, destituição do poder da família e inventários”, ressalta a professora Adriane. A atuação dos alunos neste projeto voltado à comunidade traz diversos benefícios que, além de desenvolverem habilidades de atendimento e aprendizado técnico, levam os casos vivenciados para o resto de suas vidas: “poder ajudar essas famílias que, muitas vezes, dependem de uma decisão judicial, é um grande desafio. Sinto-me satisfeita em poder ajudar. Na hora dos atendimentos, devemos pensar em ser o mais profissional possível. No SAJUCS, temos a oportunidade de trazer aprendizados para a vida pessoal, além de poder auxiliar as outras pessoas e ter contato direto com o dia a dia de um advogado”, finaliza Ana Paula.

Imigrantes têm aulas de Português com acadêmicas do curso de Letras da UCS. Na foto ao lado, Jéssica de Aguiar auxilia os alunos a aprender sobre alimentos 11


Por dentro do ajuste VAGNER ESPEIORIN | vaespeio@ucs.br

Depois de um período tranquilo à economia, o Brasil passa por uma etapa de cortes de gastos nas contas públicas. Veja quais são as perspectivas para o futuro

Durante um bom tempo, a economia brasileira surfou bem sobre uma onda instável. O cenário mundial via as principais potências mergulhadas em um caos financeiro, enquanto os países emergentes, embora sentissem os respingos do mar revolto, demonstravam equilíbrio para alavancar suas contas. No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) crescia a níveis satisfatórios, o estímulo ao consumo fluía bem, as empresas exibiam um bom desempenho e as commodities – produtos exportados pelo Brasil – eram vendidas como protetor solar na praia. A partir de 2011, porém, começou a ressaca. Os preços das commodities passaram a despencar, o PIB do setor primário perdeu representatividade, o consumo diminuiu e as empresas ficaram receosas em fazer novos investimentos. A economia perdeu fôlego e o pior: viu um índice preocupante avançar. “A economia cresceu em patamares superiores aos compatíveis com uma inflação controlada”, explica a professora do curso de Ciências Econômicas da UCS Mônica Beatriz Mattia. De forma didática, a economista nos ajuda a entender melhor o processo pelo qual passa a reestruturação econômica. Confira:

Os motivos que levaram à crise

Mônica explica que o Estado brasileiro avançou muito na área social, o que foi benéfico para os segmentos favorecidos e para o país que viu sua População Economicamente Ativa ocupando novos postos de trabalho. O governo, porém, deixou de promover transformações estruturais. O foco no mercado interno de consumo

Para ficar de olho...

impulsionou a inflação provocando a necessidade de corrigir os rumos econômicos.

Corte de gastos x Estímulo à receita

Cortes de gastos costumam assustar pela mudança de rumos que se impõe à política macroeconômica e por representarem medidas impopulares. O aumento de receita traria a perspectiva de crescimento econômico, mas há um alerta: ele provocaria uma nova subida da inflação. “Cortando gastos, o governo desacelera a inflação, reestrutura as contas públicas e restringe o crédito. A redução da atividade econômica poderia ser compensada pelo aumento das exportações com a taxa de câmbio mais favorável”, salienta.

Durante o ajuste

Enquanto as contas estiverem sofrendo correções de rumos, as perspectivas não são nada boas. Mônica explica que muitos indicadores econômicos devem apresentar desempenho negativo e é possível que tenhamos um período de recessão econômica (baixo crescimento + alta inflação).

Após o ajuste

Se tudo der certo, o futuro deve guardar boas expectativas. Redução dos preços, queda na taxa de inflação, reequilíbrio do orçamento do governo, aumento dos investimentos e do consumo, aumento da produção, aumento do volume de emprego, aumento dos salários e dos lucros empresariais são alguns dados relevantes que devem resultar após o ajuste.

As consequências do ajuste financeiro das contas públicas podem ser amenizadas por fatores externos. A economista elenca três para dar uma atenção especial: 1) A retomada de crescimento dos Estados Unidos, da China e da Europa. 2) O retorno da agenda de investimentos em infraestrutura, no segundo semestre, estimulado por concessões de serviços públicos ao setor privado. 3) A reorganização da Petrobras. Sozinha, ela representa 5% do PIB nacional.

12 12


alçaNDO OS MaiS alTOS VOOS AnA lAurA pArAginsKi| alparaginski@ucs.br

grupo de AcAdêmicos dos cursos de engenhAriA é premiAdo em festivAl nAcionAl de minifoguetes Alcançar os céus, chegar às estrelas e a outros planetas sempre fascinaram o ser humano. Com o passar dos anos e com o desenvolvimento da tecnologia, ultrapassar as fronteiras de nosso planeta tem se tornado cada vez mais acessível. Pensando nesta possibilidade de descoberta, o grupo GINCARVI Jr, vencedor pela segunda vez do Festival de Minifoguetes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apresenta a sua linha de construção de minifoguetes que é desenvolvido no Campus Universitário da UCS na Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.

1. Produção do Combustível

O grupo de alunos precisou definir, primeiramente, a meta do produto que seria desenvolvido. Para isso, foi necessário pensar se o objetivo era alcançar a maior altura possível ou chegar a uma posição específica no céu; se deveria transportar uma carga para sensores ou ser o mais leve possível. Esses questionamentos foram importantes para delinear os passos a serem planejados, testados, revistos, testados novamente até chegar à concepção final do foguete. Para os coordenadores do projeto, professores Tiago Cassol Severo e Tânia Mo-

O combustível é a base de açúcar e KNSU (uma mistura com Nitrato de Potássio), resultando na maior pureza do combustível. Com isso, aumenta a velocidade de seu processamento e de sua queima, melhorando significativamente a performance do foguete.

2. Fabricação do Motor

O motor de um foguete é uma parte delicada. O mesmo deve comportar altas temperaturas, altas pressões, ser leve e compacto e, se possível, reaproveitável. A equipe GINCARVI Jr desenvolveu vários tipos de motores, mas recebeu destaque pelo seu motor metálico e pelo seu motor de polipropileno.

3. Testes de bancada

Os testes de bancada são os indicativos de funcionamento de cada parte separada do foguete. Servem para agilizar os processos de desenvolvimento, evitando desperdício de material e evitando a inutilização do foguete por um problema de algum setor separado do foguete. Testes de aerodinâmica com o túnel de vento, testes da velocidade de queima e temperatura do combustível, testes de impulso e empuxo são alguns exemplos que são desenvolvidos pela equipe.

relatto, em linhas gerais, alguns parâmetros necessitarão sempre de uma atenção especial, tais como aerodinâmica, números de aletas (pequenas asas na parte de baixo do foguete), massa do foguete, tipo e quantidade de combustível, tipo de motor, componentes de telemetria e acionamento de paraquedas. “Ainda, devem ser considerados os inúmeros testes de bancada para garantir o bom funcionamento dos componentes do minifoguete”, ressaltam. O infográfico abaixo apresenta algumas dessas partes da concepção do foguete GINCARVI Jr 2015 levado para Curitiba.

4. Montagem do sistema de paraquedas

O sistema do paraquedas tem por objetivo trazer de volta o foguete e sua informação contida como dados de telemetria e imagens aéreas.

5. O minifoguete pronto

Após testes e ajustes, o foguete está pronto para a competição ou para a aquisição de imagens aéreas da região.

6. Lançamento dos minifoguetes Nesta etapa, os minifoguetes são testados através do lançamento em uma fazenda de Garibaldi, que serve como campo de provas para a equipe.

7. Imagens aéreas e telemetria

O sistema de telemetria desenvolvido pela Gincarvi Jr tem por objetivo analisar todas condições do minifoguete, como velocidade, aceleração e posicionamento para análises posteriores ou, ainda, ejeção de paraquedas ou, no futuro, para a ejeção de algum sensor. Além disso, há a instalação de uma câmera para a aquisição de imagens aéreas da região onde o minifoguete é lançado.

EQUIPE

Além dos coordenadores professor Tiago Cassol Severo e professora Tânia Morelatto, o GINCARVI Jr é composto também por mais dois professores, Matheus Polleto e Cícero Zanoni, e por uma equipe de 16 alunos dos cursos de Engenharia Elétrica, Eletrônica, Mecânica, Produção e Química. 13 13


A técnica culinária ensinada tem características italianas, mas a Escola de Gastronomia da UCS, desde 2004, tem preparado chefs que se destacam pelo Brasil todo VAGNER ESPEIORIN | vaespeio@ucs.br Os bolinhos de chuva de Tia Anastásia instigavam o aroma e o paladar dos personagens da obra “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato. O livro deu origem ao Sítio do Picapau Amarelo e a construção narrativa/alimentar estimulou a imaginação de uma geração de leitores. Nesse mesmo mote, mas um pouco menos inocente, o escritor Jorge Amado foi intenso em sabores ao retratar a culinária da Bahia, seus acarajés, vatapás e muito mais. Da literatura à realidade, do Norte ao Nordeste, do Sul ao Centro-Oeste, a gastronomia domina os gostos e o imaginário. Na Serra Gaúcha não é diferente. Por aqui, o tempero é brasileiro, mas o prato principal ficou por conta da cultura italiana que emprestou à região a influência das massas, dos molhos e de uma variedade de vinhos que dão orgulho à gastronomia regional. Nesse contexto fértil – e propício à mesa farta – a UCS deu origem, em 2004, à Escola de Gastronomia. Localizado em Flores da Cunha, o espaço de ensino se forjou com base na culinária italiana, mas tem ganhado, nos últimos anos, novas facetas. Também pudera! Nos cursos oferecidos, alunos de diversas partes do Brasil vêm até a Escola em busca de conhecimentos. Apesar das influências, o prato principal da escolha é bem harmonizado: a enogastronomia. Foi por meio da extensão que começaram a ser oferecidos os primeiros cursos. Inevitável, porém, é o trocadilho: quem faz um curso na Escola de Gastronomia coloca a mão na massa. No curso intensivo de “Chef Internacional”, os alunos realizam diversos módulos e vão da panificação clássica à análise sensorial de bebidas. O curso atrai os olhares de chefs de várias partes do país. Compomos um mapa para mostrar como essas influências podem ser comprovadas. 14 14

Arquivo Pess

oal

Um cardápio variado de influências 1. Felipe Schaedler Cidade: Manaus/AM

“Nós temos uma terra com muitos ingredientes e poucas receitas”, constata o chef Felipe Schaedler. Para quem é habituado à oferta culinária da Amazônia, a afirmação tem todo sentido. É na região Norte que a gastronomia nacional tem encontrado suas influências mais genuínas. Peixes, raízes e sementes ajudam a dar um toque bem brasileiro a misturas que começam a fazer sucesso fora daqui. Apesar de contar com um restaurante na capital amazonense – o segundo está próximo de ser inaugurado – Felipe é catarinense. Foi para o Norte, porém, antes de começar a formação em Gastronomia. Fixou residência na capital e investiu na carreira. Antes de entrar na sala de aula para estudar as técnicas, os ingredientes e as receitas, deu uma passada pelo mercadão da cidade, conversou com donas de casas, aprendeu na cultura popular muitas das características que até hoje permanecem em seu estabelecimento, o Banzeiro. “Todo pessoal me ensinou qual era a essência da gastronomia local. O que foi bacana é que eu consegui utilizar muitas das técnicas da culinária italiana, algumas combinações de sabores que, por mais que aqui sejam diferentes, comecei a entender que poderia misturar”, lembra. Antes de fazer a mistura no Banzeiro, Felipe regressou ao Sul. Parou na Escola de Gastronomia e ficou por aqui por cerca de quatro meses. À época, ele precisava de uma alternativa relativamente rápida e com bom custo-benefício. Aliado a tais pontos, viu no território gaúcho um espaço promissor para aprender novas composições. Levou daqui muitas experiências. “Em Manaus não tinha, na época, curso de


Manaus

gastronomia tão importante. Resolvi ir para o Sul e fiquei quatro meses. Consegui ter bastante conhecimento em pouco tempo. A grande maioria dos participantes da minha turma era de outras cidades e nós acabamos nos tornando uma grande família, porque eram vários alunos que se tornaram grandes amigos, e somos amigos até hoje”. Na volta para Manaus, Felipe guiou seu sonho e abriu o Banzeiro. Às técnicas obtidas no Sul, foram adicionadas muita pimenta de cheiro, farinha de mandioca, chicória, salsinha e peixes, ingredientes comuns no Norte. Além deles, passou a usar o puxurí, que é uma semente bem aromática, que lembra o cravo, a canela e o anis estrelado, e também o cumaru, considerada a baunilha da Amazônia. Esses ingredientes acabaram sendo preciosos na mesa do chef e não podem faltar na cozinha de Felipe. “A culinária do Norte tem ganhado uma atenção especial. A Amazônia, de certa forma, é o quintal do mundo e tem muitas coisas legais para serem descobertas. As pessoas esperam muitas novidades, e ainda aguardam por provar esses sabores tão exóticos, tão diferentes, como tucupi, nossas pimentas e as farinhas. Aqui nós temos um pouco da comida genuinamente brasileira”, finaliza o chef. Características da culinária amazonense: Tambaqui, Pirarucu e Tucunaré, além de serem peixes, demonstram traços da influência indígena no Amazonas. Palavras nativas originadas dos primeiros habitantes do Brasil, esses pescados estão presentes na cozinha local. Mais afastado nas regiões Sul e Sudeste, onde o povoamento – e as influências estrangeiras são mais perceptíveis – o Estado viu uma culinária genuína se criar e ser valorizada. Atenção especial para os temperos e as frutas, somente encontrados por lá.

Rio de Janeiro

2. Dhi Ferrari

Cidade: Rio de Janeiro/RJ Arquivo Pessoal

O barulho da cozinha não parece combinar muito bem com os de uma aula, mas esse é um mero engano para quem nunca entrou numa cozinha que se transforma em espaço de ensinamentos. Já tem um certo tempo que Dhy Ferrari mantém no Rio de Janeiro uma Escola Gourmet, em que ensina especialmente como produzir saborosos doces. Entre um confeito e outro, o Chef Diego Ferrari – seu nome oficial – decidiu abandonar temporariamente o calor carioca para aprender mais sobre a culinária italiana no frio da Serra Gaúcha. Em 2013, o convite partiu de um amigo e eles ficaram por dois meses no meio do ano, período em que as temperaturas despencavam. “Sempre trabalhei com confeitaria, mas, quando posso, acabo optando por cursos que abordem outras técnicas”, frisa o jovem chef. À época, chamou a atenção do estudante as aulas práticas do curso e o aprendizado obtido durante as aulas.

Característica da culinária fluminense: Durante um bom tempo, o Rio de Janeiro foi a capital brasileira e, como ponto de chegada de muitos portugueses, a culinária local se pauta pela influência açoriana. O bacalhau, por exemplo, é um ingrediente básico. Há, porém, um prato que combina bem com os cariocas – e com o samba, é claro! - a feijoada. Por lá, a receita é a rainha da quadra de ensaios das escolas. 15 15


l Arquivo Pessoa

Aproxime seu smatphone ou tablet do código acima e saiba mais sobre a Escola de Gastronomia da UCS.

3. Vera Chaves

Cidade: Campo Grande/MS Gastronomia pode até ter sido à priNatal e A neve formam uma combinadiasamor em que o sol não aparecia e a insção típica do vista, cinema americano tabilidade dominava a região, era para meira mas demorou e, umdepouco até que Vera finitivamente, não fazem parte daà realilá que a equipe se estabelecia. Apesar Chaves resolvesse aderir profissão da culinária. dade brasileira. um aluno da UCS, de ser everão, Durante Para 15 anos, ela exerceu a advocacia resol- as temperaturas eram porém, veu os deixar cenários brancos domina- bastante baixas. Chegaram a -8°C. As- Técnico em Cozinha e ministra as leis e as jurisprudências no escritório coordena o Curso ram a passagem dasoutro festas de final sociada ao vento a sensação tér- Regional, Brasileira e Internacioe ampliar um espaço dede casa: a cozinha. O forte, aulas de Cozinha ano. Estudante Ciências Biológicas, alcançava -20°C. nal. Mas não para por aí. No “tempo livre”, ela atua início foide justamente na Escola demica Gastronomia. Rafael Redaelli seguiu em dezembro do gaúcho, As resolveu formas de contato também eramchef e em consultorias de hotéis e À época, Vera morava no litoral como personal ano passado comsobre destino à Antártica. escassas. não existia e apenas pesquisar locais que ensinavam a arteInternet de restaurantes da capital e interior. O trabalho intenso No polo sul doeplaneta, o acadêmico celular por satélite possibilitava a cozinhar conheceu a unidade daum UCS. Depois tem rendido à Vera bons resultados: pelo segunficou por dias na Ilha Elefante, pes- era comunicação Navios de35 uma visita, julgou procedente: hora de co-dos acadêmicos. do ano consecutivo ela foi indicada a concorrer ao quisando sobre diferentes espécies de do Programa Antártico Brasileiro faziam locar o pé na estrada e as mãos nas massas e Prêmio Dolma de Gastronomia, evento nacional animaistemperos. que habitam o continente ge- a logística da operação e, diariamente, que premia o melhor chef de cada Estado. lado. Na companhia de mais três pestripulação entrava em contato com o “Sempre tive uma paixão por a gastronomia e O reconhecimento reflete nas composições quisadores – entre o egresso de assumir pessoal dapaiIlha. chegou uma eles época que resolvi esta de Vera. Para ela, não se pode pensar na GasBiologiaxão. Gustavo Aver, uma participante Larguei tudo, escritório, casa, família, amigos tronomia sem ingredientes frescos e regionais. A da Unisinos e umde alpinista ana-Flores da Cunha, e mudei mala e– Rafael cuia para Preparando o terreno própria chef cultiva suas plantas e abomina o uso lisou o onde comportamento de meses, diferentes deNo Rafael e Gustavo analisaresidi por cinco durante oAntes curso. de temperos industrializados. “Minha culinária é espécies de aves, coletou materiais de rem o ciclo reprodutivo de diferentes início, morei em hotéis da cidade, depois aluguei simples, colorida, indivíduos e ainda fez a contagem das espécies – que ia do acasalamento ao aromática e, principalmente, uma casa com colegas da turma”, recorda a chef afetiva”, explica. Para o Centro-oeste, onde mora, populações que vivem em colônias na nascimento – no período de levou novembro, que foi da segunda turma formada pela Escola. Vera os cheiros do litoral. Distante do mar, ela região. professor Matheus Parmegiani Jahn e Na mesa, Vera costuma colocaroem sua comibusca desenvolver “Todo dia com tempo bom era dia a professora Renata De Boni Dal Corno pratos com peixes de água salda as próprias origens. À brasileirice se somam gada, influência do tempo em que morava pelas de trabalho. No Natal, passamos traba- participaram de um operação na Ancaracterísticas indígenas e portuguesas, influênpraias gaúchas. lhando”, recorda o estudante, ao falar tártica. Eles seguiram com o navio Ary cias descendência. Depoisos da passagem pela de como a da estadia sequer poupou Rongel por ilhas do continente também Escola de Gastronomia, ela passou a administrar Características dias comemorativos. com o interesse de estudar o comporta- da culinária sul-mato-grossenum até traço mais italiano. se: Afastado do mar, o Centro-oeste se tornou Nãonovas seria composições para menos. com Chegar mento das aves. pela permaneEscola, justamente, por ter um bom tempo região de atuação de troa Antártica “Fiz não aé opção tarefa fácil, Os pesquisadores por se deslocavam pé na culinária italiana, que é simples, cer por um lá, menos ainda. Não passava do navioaromáaté a praia por peiros. meio deCom botesuma e história focada na cultura do tica rica emdo sabores e cores”, Vera.em locais onde gado,havia não colôé raro encontrar por lá influências da de 18m² o eespaço alojamento emcaracteriza trabalhavam Há ficou. seis anos, ela se mudou Campo Grande boi, como o arroz campeiro. Pela culque o grupo O refúgio – comoparanias de reprodução de carne aves marinhas. de, no Mato Grosso Sul. Na cidade “morena era chamado o local em que eles dor- Assim como efoi feito na turaIlha – e Elefante da pesca – se tem ainda influência dos comoum elacontêiner, mesmo chama, Veradepois, trabalha os professores realizaram miam – quente”, era na prática que dias rios, com muitos peixes de água doce. Ensopaescola técnica doNos governo do Estado, a contagem de animaisdos (censo) e dos abrigavaem os uma quatro pesquisadores. também compõem o menu da região. 16 16 16


Ao lado, o estudante de Ciências Biológicas da UCS Belém Rafael dona Radaelli Ilha Elefante Pará

Maurício José Giu

bel

Campo Grande

4. Daniela de Oliveira Leal Martins Cidade: Belém do Pará/PA

Daniela ainda não concluiu o curso intensivo de Chef, mas todos sabem: na cozinha, o talento vem de família. De Belém do Pará, ela resolveu deixar por um tempo o restaurante “Lá em Casa” para se profissionalizar. Mantido há 43 anos, o estabelecimento gastronômico pertenceu ao pai de Daniela, Paulo Martins. Foi ele um dos pioneiros no Brasil a buscar uma identidade própria para a culinária nacional. Arquiteto de formação, sua maior obra foi ter levado ao país todos ingredientes típicos da Amazônia, como a pimenta de cheiro. Alex Atala, considerado um dos maiores chefs do mundo, já deu a entender que Paulo acabou influenciando sua própria gastronomia. Para Daniela, essas influências são ainda mais evidentes. Foi na cozinha que ela se criou. “Costumo brincar dizendo que nasci nas panelas. Fui criada na cozinha da casa da minha avó paterna, onde ficava a doceria do restaurante”, afirma. Para Daniela, os caminhos em direção à cozinha não foram uma escolha, tornar-se uma chef é consequência. “Gosto tanto do que faço que saio do trabalho e vou pra casa cozinhar. Acho que a maior influência está no sangue, sou apaixonada pelo meu pai, ele é o meu exemplo de vida, ou seja, ele me

influenciou em tudo, não tinha como não seguir os passos dele”, reflete. Depois de passagens por outras escolas de Gastronomia, ela optou pelo curso oferecido na Universidade de Caxias do Sul. Pesou a favor o tempo para a realização do curso. Em um período intensivo, os alunos aprendem técnicas preciosas. Daniela tomou conhecimento da Instituição por Pinguim Macaroni meio de amigos que concluíram os módulos. Ape(Macaroni eudyptes sar do frio – que a assusta um pouco – ela deixou chrysolophus) temporariamente o Pará e tem gostado do resultado. Para a estudante, a distância pode ser um ingrediente interessante. Viabilização parcerias “Eu ter saído do Norte do Brasil,eque tem hábitos culturais e alimentares diferentes, sóda faz com para a realização que eu abra o meu horizonte para o mundo. Hoje, pesquisa na Antártica a moda é a comida amazônica, porém moda passa e, por isso, temos que conhecer cada estado A viagem de estudos dos do nosso Brasil”. pesquisadores da UCS foi realizada por meio de uma parceria com a Unisinos e contou com recursos do Conselho Características da culinária paraense: ImpossíNacional de Desenvolvimento Científico vel falar da culinária do Pará sem mencionar o e Tecnológico (CNPq). Para o projeto, famoso Pato no eles Tucupi. No Pará, a receita feita tiveram a parceria do Instituto com o líquido de cor amarela extraído da raiz Nacional de Ciência e Tecnologia da mandioca brava chamado de tucupi e com Antártico de Pesquisas Ambientais jambu, uma erva típica da região Norte, é um (INCT-APA), órgão criado pelo Ministério sucesso. Assim de como no Amazonas, as influênCiência e Tecnologia (MCT). cias indígenas são bem perceptíveis. 17 17


Claudia Velho

Outono Tempo de queda, desde o domo De folhas que secam ao chão de adorno De um mundo que é belo sem saber como Do marrom que esconde as cores e o morno, Do prelúdio da vida além do outono Lucas Borba (Acadêmico de Jornalismo) 18


ARTIGO

Universidade: um ecossistema com base no conhecimento e na inovação não faz verão”, empreender e inovar são verbos que se conjugam no plural. Estabelecer relações de cooperação entre muitos atores (pessoas, empresas, universidades), com confluência de interesses, aponta para o que hoje se define como inovação aberta ou inovação em rede, com a conjugação de ideias, pensamentos, processos e pesquisas abertos, que surgem dentro ou fora das organizações e são processadas em um intercâmbio produtivo onde o capital intelectual de uma universidade pode assumir o protagonismo desse processo. A atual gestão universitária trabalha para o alinhamento e conjugação de programas e ações que visam à formação de um profissional empreendedor e inovador, com espírito investigativo e capacidade criadora. Ao ingressar na Universidade, o aluno passa a fazer parte de um ecossistema, baseado na interdisciplinaridade dos saberes, no acesso à pesquisa avançada que se realiza nos programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, nos núcleos de Pesquisa e de Inovação e Desenvolvimento, nas centenas de laboratórios da Instituição, na convivência com pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento. Com a criação do Programa Institucional de Empreendedorismo, esse tema passa a fazer parte do currículo dos cursos de graduação e uma equipe de professores já vêm atuando como facilitadores de metodologias integradoras que preparam o aluno para saber como empreender uma ideia ou projeto inovador. Ideias inovadoras surgem pela multidisciplinaridade, interação e transversalidade do conhecimento, por isso as metodologias da disciplina de Empreendedorismo se baseiam na atuação interativa, com a formação de equipes - com estudantes de cursos e áreas diferentes - onde cada um tem uma contribuição importante para o desenvolvimento de uma ideia, seja ela um novo negócio, um projeto inovador numa empresa ou uma ação de impacto social. A UCS está efetivamente num ecossistema de conhecimento, empreendedorismo e inovação que promove a interação entre estudantes, professores, pesquisadores, funcionários e sociedade, na perspectiva de fomentar novas oportunidades de desenvolvimento social, econômico, científico e tecnológico baseadas no Conhecimento e na Inovação. Realidade que confirma as pesquisas que colocam a UCS como a 2ª em inovação e a 9ª em pesquisa, entre as universidades comunitárias e privadas do país.

Empreender exige criatividade, interesse pelo conhecimento, capacidade de aprendizagem e dedicação à pesquisa. Exige ousadia para pensar “fora do quadrado” e identificar o novo, o que ainda não foi feito.

Claudia Velho

A missão de uma universidade está geralmente associada à criação, sistematização e socialização do conhecimento. E, mais comumente, isso se traduz em novas patentes de produtos e processos, na publicação de livros e artigos, na criação de metodologias e ambientes promotores do conhecimento, na transformação das práticas pedagógicas, no desenvolvimento de tecnologias, na mudança de paradigmas sobre o modo de ver o mundo, a sociedade e a ciência. Como instituição de vanguarda, cuja missão é exatamente “Produzir, sistematizar e socializar o conhecimento com qualidade e relevância para o desenvolvimento sustentável”, a Universidade de Caxias do Sul projeta para seus alunos uma formação integral, que, ao envolver todas as dimensões do desenvolvimento humano, favorece a constituição de um sujeito capaz de dar conta, com seus conhecimentos, habilidades e criatividade, dos desafios que o mundo lhe apresenta cotidianamente. Um mundo, onde a inovação é cada vez mais necessária e atitudes empreendedoras – no plano pessoal e profissional – são cada vez mais valorizadas. Empreender é um conceito que surge no campo da economia e rapidamente invade a área comportamental. Pode significar “acreditar em uma ideia”, “perseguir um objetivo”, ou “vontade de fazer diferente”. Há quem fale em “cultura empreendedora”, que no âmbito das organizações está associada à produtividade nos negócios. Na universidade, preferimos pensar em formação para empreender, como mais uma possibilidade da qual os estudantes podem lançar mão durante a sua trajetória acadêmica. Presente em grande parte de seus cursos, a formação para empreender pode, num nível maior ou menor, favorecer ou complementar habilidades, competências e interesses específicos de alunos de todos os cursos e de todos as áreas. Hoje, já se sabe que o empreendedorismo não é uma característica pessoal – como a cor dos olhos, por exemplo – e já existem metodologias que permitem apreender habilidades e competências empreendedoras. Empreender exige criatividade, interesse pelo conhecimento, capacidade de aprendizagem e dedicação à pesquisa. Exige ousadia para pensar “fora do quadrado” e identificar o novo, o que ainda não foi feito. Exige, principalmente, coragem para encarar o erro e o fracasso como parte da aprendizagem. Assim como “uma andorinha sozinha

Professor Doutor

Odacir Deonisio Graciolli

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico 19


Universidade de Caxias do Sul Caixa Postal 1313 95020-972 - Caxias do Sul - RS

QUANDO O CONHECIMENTO ILUMINA NOVAS IDEIAS, O RESULTADO É

Inovar não é apenas fazer o novo. É buscar novas soluções. UCS, a segunda instituição de ensino mais inovadora da região sul do Brasil. Esse reconhecimento reflete o investimento da Universidade em inovação, através da pesquisa de excelência, com a criação de uma reitoria exclusiva para o tema, registro de patentes pelo mundo e aquisição de equipamentos para estruturação de laboratórios de nível internacional.

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