BTW - Wica Tradicional Britânica (1ª edição)

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Yule, 2011 . Ano 1 . Edição nº 1 . gratuita


“A vida só é possível quando saímos e nos expomos às intempéries. Em termos iniciáticos, representa a saída da escuridão protetora da ignorância para a luz.” Mario Martinez HP 3* - Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Caldeirão de Cerridwen

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Equipe BTW Editora Chefe:

Lorenna Escobar

HPS 2*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Caldeirão de Cerridwen

Projeto Gráfico:

Artemis Absinto

Dedicada da Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR

Colaboradores:

Arida Diana

HPS 3*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Vassoura Sagrada

Ana Marques

Dedicada da Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR

Calliope Berkanna

Dedicada da Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR

Baco Liber

HP 3*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Vassoura Sagrada

Brutus Lobão

HP 2*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Caldeirão de Cerridwen

Lorenna Escobar

HPS 2*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Caldeirão de Cerridwen

Simone Abraços Dedicada da Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR

Mario Martinez

HP 3*- Tradição Gardneriana, linha Olwen - BR Coven Caldeirão de Cerridwen

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EDITORIAL

por Mario Martinez

Durante os últimos dez anos, e desde que comecei a participar de debates na Internet, percebi a inexistência de qualquer fonte de consulta ou estudo tradicional. O que temos encontrado, não só aqui, mas na América de um modo geral, é um paganismo focado apenas no princípio feminino, a Deusa. Essa tendência de apagar, diminuir e até denegrir o poder da energia masculina como algo ruím, transformou a chamada “Wicca” não-iniciatória nas Américas em algo desequilibrado e consequentemente muito longe do verdadeiro paganismo europeu e principalmente da Wica iniciatória. Não existia nenhuma publicação, nenhum site (pelo menos no Brasil) que oferecesse uma imagem total, completa, do pensamento pagão e consequentemente do pensamento dos Wicas. Essa carência nos motivou a procurar soluções para o problema, primeiro tentando conscientizar as pessoas a respeito, e em seguida criando uma Lista de Discussão na Internet. Finalmente, o fosso entre os fundamentos da Bruxaria européia e a praticada aqui e nos Estados Unidos se tornou tão profundo, que acreditamos que somente um ou dois sites não poderiam reverter esse e outros erros cometidos e então surgiu a idéia de editar esta revista. Alguns anos atrás, esse problema estava instaurado nos Estados Unidos, e então alguns Iniciados tradicionais passaram a denominar-se BTW (British Traditional Wica) no sentido de se diferenciarem da onda popular não-iniciatória. Agora, no Brasil, estamos procurando esclarecer os buscadores no mesmo sentido, e a criação da revista eletrônica BTW é um marco. Tenho plena certeza de que BTW será um separador de águas nesse cenário conturbado, trazendo nova luz sobre os fundamentos da Wica tradicional, como sempre sem trair qualquer juramento iniciatório. Aqueles que se sentirem atraídos pelos fundamentos tradicionais terão mais um veículo de pesquisa e estudo à disposição. Estamos, portanto, todos de parabéns pela iniciativa da criação da revista BTW, e espero que mais este canal tradicional possa ajudar os buscadores a encontrar realmente o que procuram.

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índice A Família Gardneriana Comportamento Pagão Paganismo e Tradição Yule Imbolc Ocultismo: - Estudos em Herborismo - Estudos em Tarot : ‘O Caminho do Louco’

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Família Gardneriana BTW, a reverência e culto aos Deuses Antigos professados em Famílias.

por Brutus Lobão A Tradição Gardneriana é um dos ramos, A BTW tem um papel muito importante o primeiro a vir a público a mais de 60 anos nesses dias da humanidade, e vem abrindo atrás na Inglaterra, da British Traditional caminho na vanguarda para o sopro dos Wica e conta com poucos memventos da nova era de Aquário. Após bros Iniciados no Brasil. Temos um muitas décadas esbanjando inspiraCada Coven no estado do Rio de Janeição, viram-se muitos grupos e indiCoven ro e um Coven no estado de Minas víduos surgirem com características é uma Gerais. Nossos Altos Sacerdotes e próprias e diversas da Tradição, e Altas Sacerdotisas despendem muimuitos reforçaram a intensidade com família to tempo, dedicação e amor para que a nova era substitui a antiquada e pagã nos conduzir no Antigo Caminho inadequada era de Peixes. como uma família unida Pagã, e de todos nós é exigido muita seriedade e A despeito da grande variedade de coscompromisso. tumes e cultos que surgiram inspirados na 6


BTW, esta tem características muito particulares, e suas unidades são Covens. Cada Coven é uma família pagã por si. No nosso caso da Tradição Gardneriana aqui no Brasil ainda podemos contar com uma família maior que apenas os membros de um Coven, representada por todos os Gardnerianos que dividem a mesma Linhagem até Gardner conosco. Nossa família cresce lentamente e com qualidade. A família BTW conta com o apoio mútuo de cada um dos seus membros, e um sistema de hierarquia, disposto nos três degraus, mais suas posições de liderança de cada Coven. Por meio desta organização cada Iniciado tem uma estrutura e apoio especial para ascender progressivamente no treinamento, conhecimento e capacitação como sacerdotes e sacerdotisas da Arte.

Espero que esse breve discorrer sobre o que é, e qual a importância de uma família BTW, possa esclarecer sobre seus benefícios e o que vêm perdendo aqueles que justificam a condição de “bruxo solitário” devido à dificuldade de se adaptar à grupos. Menos individualismo e mais companheirismo será um grande diferencial na construção de uma nova era de amor e compreensão.

Essa organização acaba criando relações semelhantes a(o) “irmã(o) mais velha(o)”, “tutores”, e até “parentes”, no caso de membros de outro Coven, e estabelece relações que podem perdurar para o resto da vida, e possivelmente ter intensidade ainda maior que as relações familiares tão desgastadas na modernidade.

Possam os Deuses preservarem a Arte.

Por esses, e outros detalhes restritos aos Iniciados, o aspecto familiar da BTW professada em Covens é um importante diferencial no desenvolvimento de relações de amor e companheirismo em comunidade (contrastando com a tendência individualista vigente nos tempos de hoje), que se refletem na consciência do Iniciado sobre sua comunhão com as pessoas, animais, a natureza, e seu papel com o universo inteiro. 7


Comportamento Pagão

Contextualizando o Conceito Parte 1

por Baco Líber “Ela recitou uma misteriosa ladainha e depois, sem implorar à divindade, pediu aos assistentes que se concentrassem e que projetassem a vontade. Ela cavalga uma vassoura em torno do círculo”. O Deus Chifrudo Ressurge na Inglaterra George Langelaan Notas sobre Monique Wilson

folclórico, muito daquilo que imaginamos caminha em passos distantes do que real e historicamente seja a verdadeira bruxaria. Roupagens, trejeitos, atuações e falas. As citações poderiam não ter fim se iniciássemos aqui uma pesquisa afim, contudo, não é, além de necessário, o objetivo deste pequeno tratado. Por hora, tentemos obter àquilo que está arraigado à nossas memórias e em nossos subconsciente, pensamentos antigos, velados por um cabedal de induções e entendimentos irreais. Então seguiremos àquilo que poderá ser observado como ‘Comportamento Pagão’.

Ações inadequadas em momentos inoportunos. Sempre ante à vigilância de uma cultura dominante. Este sempre foi Invocamos o sagrado... Invocamos o profao ponto inicial para qualquer observação no, destruímos colheitas e provocamos no mais criteriosa à um indivíduo, ou mesmo, condado, a má sorte e o destemor, somos a um grupo distinto. Atitudes impares se observados como àqueles que manipulam comparadas às de cunho corriqueiro. Mas, a fertilidade, mas sempre, não importando por quê? Porque se faz presente a distinde que maneira, somos lembrados. ção e o pensamento dominante sobre aquilo que é diferente, O Imagético popular sempre experiências ‘marginal’? foi assolado pela figura temeMágicas ligadas rosa da bruxa, mas, pela granA antropologia e a sociolode e maior parte das culturas ao ato da caça gia localizam este ponto, como ocidentais e, sob um contexto 8


oriundo de um sistema tribal, associações entre comportamentos e distinções que relacionam a etnia com a estética (aqui, como um ramo da filosofia), e as ordenações sensíveis de um indivíduo para o outro. Em termos gerais, observamos o mundo pela unicidade de nossa etnia, ou, somos etnocêntricos. Tal ‘filtro’ localiza-se na introjeção causada por cada cultura nos indivíduos, o que, muito provavelmente poderá permanecer por toda uma vida, caso o mesmo, não experimente algo que exceda seu limite cultural. Desta forma, estabelecido o entendimento de um comportamento concernente, estabelecemos então a base para o entendimento de nosso ‘público alvo’. O pensamento pagão é o início da contextualização de sua atuação, ou do seu comportar. Em épocas remotas, as sociedades caçadoras coletoras, obtiveram uma experiência genuína que os permitiu gerar os primórdios da própria cultura, a Magia. As experiências Mágicas ligadas ao ato da caça, e de suas primeiras divindades, estabeleceram a chamada religião, e, por sua vez, o culto, que culminaria na palavra cultura, ou o ato de culto e sua perpetuação singular através do tempo.

que se postaram de forma irredutível ante à conquista de suas longas experimentações que se perpetuam à milênios e, que vem sendo lentamente fragilizadas devido a veiculação do conhecimento, advindo da informatização crescente do novo mundo, ponto este, criador de junções culturais, que devido à tal, gerou de forma desenfreada diferenciações no ‘modus operandi’ do pensamento vigente. A partir desta premissa o fixo tornou mutável e aquilo que para um povo denotava perjúrio, para outros não passavam de contos.

A História, seus fatos e acontecimentos podem elucidar cada possível passo para exemplificar de forma concreta O comportamento se modifias possíveis ramificações denca. A maneira de pensar com a expectativas de chegada da ciência e sua separatro do comportamento no paganismo ocidental. Local onde um entendimento ção do religioso na Renascença ecletismo e tradição digladiam européia concebe expectativas do mundo posições de destaque, e ou, da de um entendimento do mundo própria sobrevivência. Posições através do pensamento e de suas que nos possibilitam verificar seqüências e, conclusões empíricas, o que por sua vez, explanar diversos focos de entendimento. traiu o sagrado e rompeu com o ‘Mistikó’ (do grego segredo). Assim, aberturas são geradas, desaguando dúvidas e alterando A Tradicionalidade é o ponto imutável comportamentos. Aquilo que era absoludas antigas escolas de mistérios ocidentais,

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to torna-se questionável, e, a auto-criação devido ao egocentrismo é anunciada.

culto como forma acesse de determinadas energias. Mas, elaborou concepções sem sentido religioso e sim, como sentido egocêntrico, da auto-ajuda, pois sua escolha ‘De lá para cá’, os ecléticos surgem refoi a própria criação, a própria seqüência, grados por estes momentos propícios. deixando de lado àquilo que por “Àquilo que não quero: mato, mais difícil que fosse deveria ser não utilizo!”, assim, distinguifugas e realizado afim de algo. Ao invés, mos em um ponto base, dois ele cria suas próprias condições, comportamentos vigentes: ‘O materialismos descartando àquilo que não enClássico’, e ‘o Dinâmico’, (como sem sentido tende, por qualquer motivo que irei nomeá-los). O Clássico é o seja, criando possibilidades de conhecido, o experimentado, o atuação em seu próprio consciente, o ego, pautado sob a conduta de um Clã, de uma que diante disto gera recalques e ilusões estrutura memorável das Tribos de anteante ao mundo, colaborando com a soma passados, calcado pelas energias primorde fugas e materialismos sem sentido. Ela diais e das egrégoras somáticas, criadas opta por ser diferente do comum, em seus em um período tão antigo que pode ser trejeitos, vestes, costumes e pensamentos acomodado na própria criação da cultura e de liberdade, tentando se manter em disdo culto. O Dinâmico mesclou conceitos, tancia ante as religiões massivas. Parte para atingiu o princípio na utopia, utilizando-se pousar para a sociedade que sua persona é de qualquer coisa para se encontrar com distinta das demais, quando na verdade, o ‘Deus’, atropelando entendimentos primesmo, é o mister da mesma, tornando-se mordiais na concepção das religiões e do o próprio vazio exemplar desta massa. Diante das inúmeras diferenciações entre as atuações de pagãos no ocidente, a nomeada BTW, em especifico àquela de cunho europeu, se insere com uma peculiaridade própria, distinta das demais por sua forma de atuação satisfatória, oriunda de práticas seculares advindas de várias partes do velho continente, elaboradas por uma miscelânea de cooperações no decorrer de mais de 4 mil anos de história.

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“Prometi não me intrometer. E mantive minha promessa. Mas confesso que quis coletar alguns testemunhos. Conversei com um camponês cujo campo, em virtude de um rito de fertilidade, passou a produzir três vezes mais que os campos vizinhos. Ele não sabia exatamente o que os feiticeiros haviam feito, mas sentia-se altamente reconhecido. E nem queria


des para os Wica proporciona o sentido único de um despertar profundo, tanto para seus sentidos internos quanto para os externos, dilatando a própria observação da natureza circundante como algo novo e virgem, assim cada mudança dentro deste caminhar de estações e dos próprios mistérios transcorridos dentro dos Clãs em suas práticas, oferecem ao Wica uma intrincada forma para se acessar um conjunto de poderes. “A Srª. Wilson afirmou-me com toda naturalidade que ela realmente podia mudar o sentido do vento, fazer subir a maré ou fazer a neblina cercar a ilha, mas que jamais o fazia sem ter alguma razão muito especial para isso, sob pena de perder para sempre o seu poder.” saber. Mas eu sim: e soube que numa determinada noite de lua nova houve danças de fertilidade em alguns lugares do campo, executadas por feiticeiros e feiticeiras totalmente nus.”

O Deus Chifrudo Ressurge na Inglaterra Por George Langelaan Fonte: Revista PLANETA Junho 1973, n°. 10 (Editora Três)

O Deus Chifrudo Ressurge na Inglaterra Por George Langelaan Fonte: Revista PLANETA Junho 1973, n°. 10 (Editora Três)

Mas, remontemo-nos à formação do que nos é possível conceber sobre nossa própria ‘arquitetura ritual’. Primeiro, podemos observar a composição de nossos rituais, como uma seqüência de antigos sincretismos, se puder chamar assim, nomeado futuramente por ‘Wica’, como Martinez descreve:

Uma das primeiras observações de nossos ancestrais foi a passagem dos ciclos naturais, as mudanças das estações que, inegavelmente estavam ligadas à sobrevivência dos clãs. A Roda do Ano é um calendário astral que cultua os eventos ocorridos na natureza em relação ao posicionamento geográfico de um determinado local em função do eixo da Terra, quando de sua órbita solar. O caminhar na Roda anual das festivida-

”O “culto das bruxas”, a Arte, ou que nome alguém possa dar a ele (passou a ser chamado “Wica”), é o resultado de inúmeros sincretismos através dos séculos.” E ele continua, estabelecendo algumas das influências que determinaram a Ritualística Wicana atual: 11


porque eles viviam assim. c) Nós também sabemos que muitos séculos depois, durante as invasões normandas, os povos bretãos, franceses, espanhóis, etc., assimilaram elementos da religião normanda: vendas, cordas e nudez, por exemplo. Nós sabemos que isso nos foi trazido por esses povos do norte, devido aos corpos encontrados nas turfeiras da Dinamarca. Eram corpos de ambos os sexos e de todas as idades. Estavam nus, com vendas nos olhos e com os braços amarrados nas costas. Os Normandos trouxeram o fundamento da liderança feminina, que foi assimilada pelos povos que viviam na França e Portugal.

“Então para que você entenda melhor isso, vamos falar sobre o que sabemos sobre essas influências de diversas fontes e épocas. a) Creio que uma das primeiras influências de que me lembro, são as migrações de povos do Oriente para o que conhecemos como Europa mediterrânea. Esses povos migraram de Çatal Hüyuk, mas não sabemos o motivo dessa civilização ter sido abandonada. Esses povos trouxeram os fundamentos do culto da Grande Deusa. b) Os pictos eram um povo de pequena estatura que vivia nas charnecas da Bretanha; pintavam o corpo de azul esverdeado (daí a idéia que chegou até nós das fadas sendo verdes, até mesmo nos filmes e nos desenhos de Walt Disney) e por isso andavam nus. Claro que os ritos praticados pelos pictos seriam em nudez, 12

d) Em seguida, outra fonte que forneceu muito do sincretismo absorvido pela bruxaria européia, foi a invasão moura na Península Ibérica. Os mouros eram um povo do norte da África e do Oriente Médio que trouxeram, lá pelo século VIII, práticas como a do Açoite, a magia sexual, e os beijos rituais. Essa foi a contribuição dos mouros para a bruxaria européia e que com o passar dos séculos é hoje conhecida como “Wicca”. e) Depois temos a influência dos Templários e da magia medieval. Os Templários também trouxeram elementos da


magia oriental. Afinal passaram alguns séculos no Oriente. A adoração do bode, a nudez ritual, o cordão ritual, etc., são contribuições dos Templários. f) No nosso caso em particular, existe a influência cigana, via bruxaria francesa e Old George Pickingill no século XIX. Por essa pequena amostragem, você já pode perceber que a Arte incorporou diversos elementos estrangeiros, sendo que muitos deles eram praticados em diversos lugares diferentes e eram comuns, como por exemplo a nudez ritual (...)” À partir disto podemos traçar uma linha que estabelecerá nosso percurso ao entendimento do comportamento pagão e suas diferenciações transcorridas pelos séculos, determinando a criação de nosso corpo ritual, ou nossa Liturgia, como partes fundamentais para a alusão destas ocasionais diferenciações. Sendo este considerado a ‘matriz’ ou a ‘base’ na qual ‘todos’ os rituais BTW podem ser concebidos (com algumas poucas exceções) será a partir dos mesmos que poderemos encontrar respostas para as atuações tanto pretéritas quanto atuais destas diversidades atuantes.

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Paganismo e Tradição I por Lorenna Escobar

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nossos ancestrais perpetuando a tradição. Quando nos deparamos com o nome tradição relembramos atos e ações que são repetidos ao longo dos tempos. Há certo Por se tratar de uma religião iniciática, movimento em gerar novas tradições, que todo o conhecimento da arte é transmitiao meu ver são infundadas, mas existe uma do apenas dentro dos clãs e todos os seus grande gama de pessoas que acreditam remistérios são juramentados. Existem dogalmente que estejam “criando” uma tradimas, porém a religião não é dogmática. O ção, talvez por falta de informação. Espeque podemos dizer é que grande parte dos ramos poder esclarecer um pouco rituais ainda são preservados apenas sobre o assunto, já que este é um para os Iniciados da tradição e que igPráticas dos objetivos da revista BTW. norar isso é ignorar a própria raiz da desde o Arte antiga. Bruxaria é considerada pelos Wiperíodo cas sua religião, cujo fundamento Criar então uma nova Tradição se Neolítico remonta a eras primitivas. Temos torna impossível, não dá para tirá-la registros dessas práticas desde o da cartola, pois algo assim não pode período Neolítico, sabendo-se que se trata ser inventado; simplesmente acontece de de rituais que são realizados repetidamenforma espontânea e perpetuada através te através de práticas já estabelecidas pelos de seus descendentes. Realizar rituais sem


fundamento e conhecimento, que são adquiridos com o tempo, é apresentar uma forma de teatro grotesco sem nenhum poder transcendental envolvido. Existem pessoas que tentam enganar outras, usam a religião como mercado. Também há interesses egocêntricos: um alerta ao grande perigo exponencial no campo mental, espiritual e material a todos os membros que estão envolvidos. Às vezes essas pessoas realmente acreditam que podem estar ajudando, mas não estão. Geralmente estão envolvidas para utilizar a magia para incomuns fins mundanos. Esses cultos envolvem quase sempre ganhos materiais, taxas de adesão e inscrição, mas na maioria das vezes os aderentes se frustram porque esses líderes não podem ensinar ou fazer aquilo que não aprenderam. Propomo-nos a servir aos Deuses, uma religião que herdamos de Gerald Gardner (1884-1964), iniciado na Arte. Nosso “sistema” possui fundamentos e teologia definidos e estabelecidos, uma religião pagã cujos padrões morais e éticos estão além e totalmente diferenciados das demais religiões. A irmandade onde os portais se abrem ao amor e confiança na busca do mais intrínseco valor da comunhão entre homens e Deuses. Alterar qualquer um desses fundamentos é alterar a sua própria essência deixando naturalmente de ser Wica. E certo de que não se trata de uma religião de massa e que este caminho não é para todos, porém todos são para a Wica, não desejamos fazer proselitismo. Todos os Wicas são sacerdotes, não existem seguidores. Desejamos e vamos informar e esclarecer sobre conceitos erroneamente difundidos, oferecer continuidade com o nosso passado e origens por meio da espiritualidade.

FUNDAMENTOS E TEOLOGIA DEFINIDOS

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Paganismo e Tradição II por Arida Diana

Acredita-se que qualquer pessoa que não se encaixe nas tradições judaico-critãs e que cultua uma espiritualidade voltada para a terra, seja pagã. Embora, existam várias religiões no mundo que se encaixam neste sistema, iremos fazer um paralelo com a nossa Tradição e seus Covens, ou, sobre a Wica Gardneriana. A nomenclatura Paganismo vem do latim paganus que significa ‘povo do campo’. Gardner cita em seu livro ‘Bruxaria Hoje’, que: “... a perseguição estendeu-se aos pagãos, o Povo das Matas, que ainda praticava a antiga religião. Aparentemente, dizia-se que todos os pagãos eram heréticos e bruxas, e que todas as bruxas eram automaticamente heréticas.” Numa época mais antiga onde os povos eram caçadores-coletores e posterior16

mente agricultores, a prática da magia simpática e da espiritualidade referenciada na natureza eram repassadas de geração a geração de forma a manter seus costumes. Na época da ‘caça às bruxas’ onde todos os pagãos eram considerados hereges e ‘as bruxas com suas maldições e orgias contaminavam a humanidade’, o paganismo deixou de ser uma conotação de síntese do povo com a natureza, passando a denominar a própria existência material do mal. A bruxaria nunca foi aos olhos dos iniciados uma representação do mal, mas, uma constante sintonia com seus deuses e seus rituais, cultuada em silêncio ao longo das eras. Apropriação dos ritos e atividades pagãs pela Igreja preservou no inconsciente coletivo os costumes pagãos, como vemos nas festas dos mortos transformados na atualidade no conhecido ‘Dia de Finados’ ou o próprio Natal, que é o festival de inverno


relacionado ao nascimento do Assim, podemos denominar novos grupos Deus Chifrudo. Embora o Crisde Tradição, os ensinamentianismo tenha tentado apagar criam teorias e tos passados de mestre à disde vez a história do paganismo cípulo, através de um processo práticas e a lenda das bruxas, ela sobreiniciático, oriundo da vivência, viveu até o nosso tempo através praticada e compartilhada por da arte, da cultura, e, sobretudo através da um determinado número de pessoas que Tradição, guardada dentro dos grupos de a mantém ao longo do tempo, de modo forma secreta. a garantir a continuidade de um passado, com a mesma clareza e propósito de seu ponto inicial. Segundo Gardner: “pode parecer impossível a alguns que um culto tenha preservado sua identidade ensinamentos por tanto A Wica Tradicional é uma escola de mistempo; deve-se lembrar ainda que não é térios que abrange no conceito pagão um apenas a lenda religiosa a ser preservada, sistema duoteísta e de ênfase nas polarimas também o rito, as condições e os efeidades, na sexualidade , na fertilidade, e no tos produzidos. A religião pode mudar, a processo mágico-ritual praticada em peraça pode mudar, a linguagem pode mudar, quenos grupos chamados de Coven. Premas a causa e o efeito permanecem, e é servando a continuidade dos mistérios, das isso que tende manter a lenda imutável.”¹ práticas rituais através do processo iniciático, que, sem alteração, remonta às crenças 17


de seu próprio fundador Geraldo Brosseau Gardner.

manter secretos os costumes e a evolução do trabalho mágico em sintonia com as divindades. Muito do que existe hoje dentro dos covens, advém da chamada tradição oral e dos conhecimentos do Livro das Sombras.

Tradicionalmente temos: a iniciação feita pelo sexo oposto, o trabalho dentro de um coven (os Wica trabalham em grupo e não de forma solitária), os rituais sazonais conhecidos como Sabás, Se nenhum mal o sistema de três graus iniciáticos, a formação de sacerdotes, o causar, faça o uso da magia entre outros, como que desejar suas estruturas básicas. De forma a garantir a continuidade do trabalho dos antepassados da Wica, a Tradição preza por uma série de comportamentos, incluindo juramentos e um constante treinamento de seus sacerdotes, para

Embora na atualidade encontramos vários tipos de grupos que se autodenominam Wiccanos e que usam deste termo para um comércio da fé e do trabalho ativista em defesa da ecologia, além de uma divulgação da consciência individual da Nova Era; os verdadeiros Wican tendem a seguir a tradição de forma honesta e intensa. Existe uma constante luta pela verdade no caminho Gardneriano, pela causa oculta, tradicional e religiosa, não por uma causa social relacionada às problemáticas mundiais, nas quais, em suma, a solução não e cabível apenas ao Wica, mas sim, à um todo coeso e conscientes de suas ações e seus possíveis retornos. Com a vinda dos Gardneriano para a América, tivemos uma grande perda do conteúdo tradicional, vindo à ser de certa forma conhecida publicamente, o que proporcionou aos novos grupos a criação de teorias e práticas que puderam ser aceitas pela sociedade massiva, e, o que em certa parte ampliou a perda da consciência Tradicional em grande parte dos grupos que se formaram nas últimas três décadas. Este novo sistema ‘contra tradicional’ foi estabelecido por alguns como Wicca (com dois com o acréscimo de um novo ‘c’) ou, a vertente eclética da mesma. Por ser permitida a ‘liberdade’, embora muito distante da realidade, observamos muitas vezes na Wicca

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tre e na base sólida de um conhecimento que já foi vivido e direcionado pelos verdadeiros tradicionais. Devido a isso, a importância da legitimidade no meio iniciático e do desenvolvimento espiritual do indivíduo num grupo devidamente qualificado e tradicional é algo que vale à se ressaltar. É desta maneira que viemos, na tentativa de esclarecer as diferenças entre o comportamento pagão e a Tradição, para que a verdadeira Wica, que têm se resguardado em suas genuínas fundações, mantenha o mesmo desejo e, o mesmo comprometimento que foram iniciados pelos Covens que antecedem aos de New Forest.

eclética, a presença de inúmeros padrões de comportamentos doentios coligados ao ego, assim como uma intensa carência afetiva do indivíduo (causas consequentes de uma falha no treinamento e formação do sacerdote), levando o mesmo a um estado de ilusão onde o comportamento ‘pagão’ vigente crê ser possuidor de poderes extra-humanos, assim como de uma sapiência mística, e importância da de uma fragmentada e irreal visão de mundo. legitimidade no

meio iniciático

Há muitas discussões sobre o tema, inclusive sobre a chamada ‘Rede Wican’: “Se nenhum mal causar, faça o que desejar” criado por Doreen Valiente, após a morte de Geraldo Gardner e, as chamadas auto-iniciações, comuns na atualidade eclética das novas congregações. Mais uma vez, a perda dos valores intrínsecos na relação com o mes-

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YULE O Sabá do Renascimento

por Arida Diana e Lorenna Escobar

Deus, o início do ciclo vital onde a terra começa a sair da longa noite de recolhimento invernal. Os Farrar falam da Deusa em seu aspecto de vida em morte. E Embora em Yule, a Deusa seja a Rainha da escuridão, do frio, do inverno e da lepra, a Senhora Branca, ao mesmo tempo Ela carrega a esperança e a promessa da vida no interior do seu ventre, que germinará e fertilizará novamente a terra. Gardner cita:” Assisti a uma cerimônia muito interessante: o Caldeirão da Regeneração e a Dança da Roda, ou Yule, para fazer com que o sol renasça, ou com que o verão retorne...” A palavra Yule, segundo historiadores, deriva de Iul, que significa uma roda.

Solstício de Inverno é um dos oito ritos Grande parte das tradições associadas ao solares ou Sabás celebrados pelos Wicas. o Natal tem origem pagã. Enfeitar árvores e Solstício de Inverno, por volta de dia 21 de pendurar visco sobre a porta; Dezembro no hemisfério Norte são algumas das práticas realizae por volta do dia 21 de Junho a promessa das no natal e tem fundamentos no hemisfério Sul. Yule é a altue simbolismos pagãos, mostranda vida no ra do ano em que o Sol está em do que grande parte desta festiseu ponto mais baixo e se preinterior do vidade tem sua fonte em Yule e para para subir no céu e voltar ventre que foram alteradas e adaptadas a erguer-se fortemente e brilhar pelos cristãos. Inclusive a queima bem alto. da tora (queima de uma árvore cuidadosamente escolhida) para espalhar as cinzas Para as Bruxas é um Sabá de renascimensobre o campo, ou o último punhado ceifato, o auge do inverno e o início de um pedo da colheita para dar ao gado, era marríodo de crescimento. Neste dia que em cado em Yule como sinal de boa sorte pagã nossos mitos a Deusa dá nascimento ao

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no inverno. Valiente, fala de duas associações com a época de Yule, a Saturnália romana, um festival alegre que durava 12 dias, e Alban Arthan, a tradição dos bardos que comemora o solstício de inverno, com o corte do visco. Entre as particularidades da tradição Gardneriana, encontramos a Deusa dando nascimento ao Deus, a luz sendo trazida a terra novamente, garantindo a sorte durante o longo inverno e o retorno na primavera. Portanto, os Sabás são mais que festivais representados na Roda do Ano, eles são a essência do conhecimento da Arte. Os Sacerdotes da religião operam rituais observando a passagem dos ciclos naturais, se reintegrando à sabedoria ancestral que é professada nos clãs. Conectar aos Sabás é entrar em sintonia com as marés energéticas da Natureza. Estimulamos aos dedicados e iniciados dos covens o entendimento e a transformação do inverno da alma, para estímulo do retorno a luz. A sintonia com a maré deste solstício traz a sabedoria do interior da semente para o conhecimento do espírito, e força da plenitude da vida no interior de

nós mesmos que sobrepõe a estagnação e a morte. Segundo Mario Martinez: “No simbolismo dos Mistérios wicanianos, em Yule, devemos estar preparados para romper com nossa inatividade. A semente representa o estado de latência e imobilidade pelo qual todos nós passamos ao final de um ciclo de vida. A grande dificuldade é romper com a falsa segurança da semente, que tem todas as possibilidades em si mesma de se tornar uma grande árvore. Aqui precisamos fazer uma difícil escolha: permanecer seguros, protegidos pela casca da semente, ou enfrentar as dificuldades do lado de fora. Entretanto, na segurança da semente, não existe vida. A vida só é possível quando saímos e nos expomos às intempéries. Em termos iniciáticos, representa a saída da escuridão protetora da ignorância para a luz.” A noite mais longa do ano, Yule, representada na Natureza com o nascimento das sementes que estavam adormecidas em sua casca na escuridão da terra, nos deixa a mensagem:“Um prenúncio de crescimento e revitalização”. Pois a vida sempre retorna.

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Imbolc O Sabá da Iluminação e Purificação Meio do Inverno... O ápice e a decadência do frio e da escuridão... Para os Wica, o inverno representa não um momento de tristeza, mas um momento de purificação e possibilidades. É a luz que emerge das trevas, como a semente que rompe a casca e se emerge para a Luz.

por Arida Diana do que simplesmente para iluminar as festividades, porque na verdade era parte do ritual. E lembra que “o demônio” trazia a luz, as vezes sobre a sua cabeça, entre seus chifres, onde a adoradora acendia sua vela. Segurar a vela do Deus representava algo muito importante, porque significava a luz do espírito.

Imbolc é o grande Sabá do renascimento e da luz, celebrado em torno de 1° de agosUm fator conhecido era que os celtas to no hemisfério sul e 1° de fevereiro no acreditavam que a Deusa Brigid trazia a hemisfério norte. Como todos os grandes luz, e seu culto acabou sendo usado pela Sabás, Imbolc é um festival do fogo. EmboIgreja como Candlemas, ou Festival das ra seja um dos festivais que foi fixado mais Luzes em honra a Santa Brígida. Brigid é tarde, celebrava-se o encanto do a deusa tripla dos celtas, cultusol da roda de fogo, e segundo ada na Gália e na Grã Bretanha. Margareth Murray, onde dançariSeus aspectos incluem a poesia, Sabá do nos carregavam tochas acesas. O a cura e a fundição. É a deusa da renascimento fogo aqui ainda é pequeno e sutil, Lua, considerada pelos gaélicos, e da luz representado por velas e tochas como a misteriosa, mas também acesas. a inspiradora. A presença destas tochas, velas e fogueiras representava a força da vida em renascimento para a primavera e a necessidade de romper e banir a escuridão. Murray fala que as velas ou o fogo serviam muito mais 22

Nas ilhas gregas, a Deusa também foi conhecida como “aquela que cura pelo encantamento”. Segundo Robert Graves, “na Escócia gaélica seu símbolo era o cisne branco e ela era conhecida como a “noi-


va dos Cabelos Dourados, A noiva das colinas brancas, A Mãe do Rei da Glória”. Como Deusa que antecede o Verão, ela traz o fogo e a centelha da vida. É a deusa promotora da fertilidade, aquela que traz vida ao corpo e a terra. Gardner cita: “No dia de Bride, as serpentes despertariam de seu sono de inverno e sairiam dos buracos...” e continua: “a serpente é, na realidade, uma forma da deusa, e nós podemos recordar a conexão com a deusa cobra Minóica Cretense”.

bastante interessante que as pessoas que queiram se iniciar num coven, se dediquem neste período, uma vez que no final do ciclo de um ano e um dia, elas poderão renascer como iniciadas. E o HP Baco Liber, ainda complementa: “Por que Imbolc? O inverno chega em seu ponto máximo, e daqui em diante este irá decair. Não há madeira para que os fogos sejam acesos existem apenas fogos pequenos (o inicio do fogo – Áries – o Mago do tarot – ação), a escuridão é apenas rompida com o aumento gradativo de uma luz que advém da criança prometida, e da promessa do verão (que é pouco visível através do pálido sol que ilumina o horizonte distante).

Imbolc, como dando continuidade ao Yule, traz uma nova maré de vida, onde A Neve branca varre os campos, e as a natureza se refaz e as pessoas analisam ovelhas em resposta a aproximação da o passado e planejam o futuro. É a hora primavera começam a lactar, Oimelc. Um de queimar todas as decorações de Yule, novo início, o recomeço, após o gelo que e fazer rituais de purificações e manteve a tudo morto e imóvel, iniciações. Em cunho tradicional, traz a alegria Imbolc o festival à deusa Brigid a encontramos nesta época o uso Deusa em seu aspecto de donzeao coração do do açoite para purificações ritula, a Deusa estrela da corona bohomem ais e a chamada do Deus. reális, (coroa forjada de estrelas por Dioniso como um presente à sua amada Ariadne) a vestal que Nesta época, a Deusa começa mantém a sagrada chama acesa, a chama a deixar o aspecto frio e cruel, da Deusa da alma. A iluminação e a nova crença, a Lepra, a Deusa branca invernal, e passa a fé de um novo caminho, de uma nova vida ser a Jovem noiva inspiradora, que traz a que está por florescer. O nascimento após alegria ao coração do homem. Neste moa morte.” mento, a deusa precisa de um sacerdote que a comprometa e que a fertilize. Na Roma antiga, também acontecia a chamaEste Sabá marca o processo de crescida Lupercalia, onde os sacerdotes do Deus mento espiritual e o avivamento da alma Pã, corriam nus pelas ruas, apenas com um purificada. A luz representa a centelha e é cinto nas mãos, onde golpeavam as mude se esperar em nossos covens o acordar lheres para trazer a fertilidade. Da mesma das forças latentes da alma e a fertilização forma, podemos perceber a necessidade da vida e do espírito. da purificação e da fertilização da vida. Segundo Mario Martinez, o Imbolc representa o ciclo da vida e da morte. E é 23


ocultismo

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Herborismo na Bruxaria Estudos em Herborismo

por Calliope Berkanna e Simone Abraços Muito antes da escrita o homem já usava as plantas como alimento e remédio. Ao longo dos séculos obteve fracassos e sucessos nas suas experiências com o uso de ervas, percebendo que algumas curavam, outras matavam, algumas curavam e matavam, outras distorciam a percepção e até alteravam os sentidos. Assim, elas foram usadas na fabricação de remédios, medicamentos, poções, chás, venenos, antídotos, ungüentos, óleos, perfumes e cosméticos, com finalidades medicinais, religiosas e mágicas.

vos do oriente ao ocidente, deixaram documentos preciosos - temos como exemplo, o Papiro de Ebers, que é o tratado médico mais antigo e importante que coNa Antiguidade praticamente todos os nhecemos sobre o uso de ervas e substânmédicos e feiticeiros eram herbalistas, cias na obtenção de remédios, e a maior assim Botânica, Medicina e Magia natufonte de informações sobre a Medicina ralmente se misturavam e se confundiam. Egípcia. Muitos destes compêndios foram A Bruxaria sempre esteve inrecolhidos para os mosteiros timamente ligada à Natureza com o advento da Idade Média. Na Antiguidade e seus ciclos, permitindo asAtravés destes documentos, os todos os médicos sim a compilação de um vasmonges se apossaram dos antito conhecimento sobre ervas e feiticeiros eram gos conhecimentos e passaram - muitas vezes passado de fora cultivar maravilhosos jardins herbalistas ma oral e sigilosa. de ervas. Porém, os monges não puderam se apoderar daquele Chineses, egípcios, sumérios, hebreus, conhecimento oral, passado de geração em gregos, romanos, árabes, enfim, vários pogeração entre os camponeses e aldeões.

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Aqueles que detinham o conhecimento oral e prático do uso de ervas ( geralmente Bruxos, curandeiros, feiticeiros, parteiras, pajés e xamãs locais) sabiam que quase todas possuíam propriedades medicinais, mas também sabiam de suas finalidades mágicas. As plantas ajudavam, curavam e o ponto onde terminava o Poder real e começava a Magia era irrelevante.

pelos mais diversos motivos: na falta de medicamentos e atendimento médico, nas grandes pragas que assolavam a população, no caso de escassas colheitas e animais doentes, épocas de seca, problemas de infertilidade, partos, abortos, contracepção, má sorte e até problemas afetivos .

As Bruxas conheciam as ervas certas para confeccionar amuletos, Conhecimento é poder, e manipular poções e conduzir eram freqüentemente quanto maior o poder, maiorituais para atingir um objeprocuradas pelos res são as responsabilidades. tivo. Em torno dessa atuação Muitas pessoas que possuíam mais diversos motivos muitas vezes lúdica da Bruxa o conhecimento de utilizana sociedade em que estava ção e manipulação das ervas inserida, surgiram várias lenforam punidas, perseguidas e acusadas de das e crenças, atribuindo a ela o poder de Bruxaria. Não há como negar que Bruxas voar e mudar sua forma física. existiam e que elas sabiam das ervas, mas muitas das acusadas eram apenas curanHoje sabemos dos famosos ungüentos de deiras, parteiras ou pessoas simples que vôo, feito com ervas e gordura de porco aprenderam na prática o uso das plantas ou javali, que, aplicado corretamente socomo alívio dos males do corpo e da alma. bre a pele, proporcionava uma sensação de “desprendimento do corpo” (formigamenDevido à constante perseguição e aos to e letargia), conduzindo a alucinações, relatos fantasiosos, as Bruxas passaram a delírios e visões. Como os ingredientes ser temidas e discriminadas. Ao mesmo corretos eram secretos, era comum que tempo, eram freqüentemente procuradas seus nomes fossem codificados para que o

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verdadeiro significado não se tornasse público. Assim, encontramos receitas recheadas de ingredientes estranhos, que acabavam alimentando ainda mais a superstição em torno da Bruxaria, como é o caso de sangue, órgãos de animais (como morcego, sapo, gato, dragão), gordura de criança não-batizada e ervas que faziam referência ao diabo e partes do seu corpo. Algumas ervas foram associadas à Bruxaria de forma indissociável, como é o caso da mandrágora, beladona, cicuta, dedaleira, acônito, estramônio, meimendro-negro, cinco-folhas, heléboro-negro, cálamo e verbena. Quase todas são venenosas e apenas pessoas muito experientes poderiam manipulá-las de forma segura. Muitas Bruxas eram procuradas a fim de fornecerem poções venenosas e soníferas. Acredita-se que muitas delas conhecessem mais sobre ervas que os próprios médicos. Sabiam, por exemplo, que a beladona poderia se comportar como um poderoso sonífero ou como um poderoso veneno; a dedaleira fornecia um excelente elixir para o coração, assim como poderia causar um infarto; ou mesmo a mandrágora poderia ser usada para fins sexuais e casos de infertilidade, mas também poderia levar uma pessoa à loucura. Tudo isso se baseando na máxima de que o que diferencia o remédio do veneno é a dosagem do princípio ativo.

Seu vasto conhecimento também incluía o saber dos aromas, seu poder e influência na Magia. Fabricavam incensos e incineravam ervas em fogueiras com a finalidade de criar uma fumaça propícia para atingir um determinado objetivo, fosse ele acalmar ou causar euforia, ativar a clarividência, sensibilizar, excitar sexualmente ou alterar estados de comportamento e de consciência. Perceberam com o tempo, que essa fumaça exalada pelos incensos de ervas e os aromas das madeiras, flores, folhas e raízes modificavam a percepção dos presentes nos rituais de cura, proteção e adivinhação. Hoje esses conhecimentos ainda existem, ainda são passados dentro dos clãs. Sabemos que lidar com plantas não é tão fácil quanto parece e exige um rígido treinamento dentro do qual são passados conhecimentos que não estão em livros. Mesmo que aparentemente muita coisa tenha se perdido no tempo, ainda há muito que ser ensinado dentro da Arte.

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O CAMINHO DO LOUCO Estudos em Tarot

por Ana Marques

Chegamos aqui seduzidos pelo poder que o caminho nos pode dar. Estamos certos que uma vez iniciados, nada poderá nos deter. No entanto, o Tarô parece querer brincar conosco e muda tudo de lugar. Fitamos o Destino e vemos a nós mesmos: perdidos, ingênuos, inexperientes. Apenas quando percebemos nossas roupas de palhaço, é que conseguimos entender: caímos nos domínios do Louco.

Agora, que os armários estão limpos, encare o Louco. Surpresa! O Louco é um espelho. É você que está ali. É o seu rosto. Você sabe que sua expressão não é tão ausente, nem tão leve, nem tão irônica, nem tão confiante, seus olhos não são tão brilhantes, ingênuos e puros, sua face tinha rugas das preocupações, sua boca continha um travo de amargura por tudo que você desistiu sem tentar, em seu coração estavam as marcas das lutas que você perdeu e das mágoas que guardou. É o Louco dentro de você se manifestando. Estendendo a mão para arrastá-lo a uma viagem sem fim, a viagem ao fundo de si mesmo. Aceite a mão que o Louco te estende. Lembre-se: dos arcanos do tarô ele é o mais forte. Não tem início e nem fim. Seu número Zero ou Nada o qualifica para estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ele altera todos os padrões e incita a uma revisão de todas as lâminas. Nos jogos atuais o conhecemos como ‘Curinga’, responsável pela vitória ou derrota dos jogadores. Quem o tem pode ter qualquer carta. Quem o despreza, pode conhecer sua outra face. A face do Louco Perigoso.

Não podemos recuar diante de seu sorriso zombeteiro, nem devemos ignorar a mensagem que está implícita no seu simbolismo. Para que possamos aprender é necessário abrir espaço, esvaziar as gavetas, jogar fora o que está velho e sem uso. Chega de acumular poeira, teias de aranha e pré-conceitos! Chega de coloUma vez retirado da sua vida, ele car nossos sentimentos, valores O Louco é um pode atrasar-lhe o caminho, fazer e máscaras em estantes repletas travessuras que o confundam e espelho de bibelôs quebrados e colados! desnorteiem. Ele pode colocar o Existem momentos na nossa vida pé na tua frente para te ver troem que é preciso encarar a faxina. peçar e estará fechando as portas do teu Jogar fora do passado as idéias que não nos inconsciente. Conversará consigo mesmo servem mais. Roupa apertada incomoda, e nada te responderá. A linguagem dele roupa larga fica desproporcional no corpo. será indecifrável e ele só te trará a incon28


Comentários Relevantes

sequência, a irresponsabilidade, confiança cega, a ausência de razão, desequílibrio, remorsos e atos de destruição.A energia dos começos cessará e verá que estará mergulhando na rotina massacrante do dia a dia sem sentido. Tudo parecerá um tremendo acidente da natureza e nada mais estará num determinado lugar para lhe ajudar. A intuição, a leveza, a esperança o abandonarão. Quem torna o Louco um recluso, é prisioneiro na própria armadilha. Agora, sigamos por outro caminho, dê a mão ao seu Louco. E vamos viajar com ele, vamos penetrar no mundo do auto-conhecimento. Nem tudo serão flores, nem todos os momentos serão suaves, mas todos os passos serão intensamente vividos. “Se o homem persistisse em sua loucura, tornar-se-ia sábio” William Blake – pintor e poeta inglês

A idéia do Louco está diretamente ligada ao início da Jornada. Todas as formas de tarô, de uma forma geral, buscam retratar a inocência, alegria, inconsequência, imaturidade, intuição, confiança e carisma do Louco. Conforme retrata o livro “Jung e o Tarô”, O Louco é “um andarilho, enérgico, ubíquo e imortal. (...) Como não tem número fixo está livre para viajar à vontade, perturbando, não raro, a ordem estabelecida com as suas travessuras.” Ou seja, o Louco é a nossa porção mais ligada à intuição. Ele confia em seus instintos, simbolizado pelo cachorrinho que o segue e avisa dos perigos. Em seu alforge o que pode carregar? Ele tanto pode estar vazio, para conter o que o Louco encontrar na sua viagem, como pode conter o essencial para sua sobrevivência. O tamanho nos faz deduzir que seja o que for ele não pretende carregar muito peso. Faz questão que a viagem seja de aprendizado, e não de obtenção de riquezas. Seus olhos fitam o infinito, ele não olha para trás, não parece preocupado com o passado. Tudo na sua vida se resume ao agora. Observando outras retratações do Louco, veremos seus atributos gerais destacados. Voltemo-nos ao tarô mitológico, onde a figura escolhida para retratá-lo se trata de ninguém mais ninguém menos que o Deus Dionísio. Zeus engravidou a mortal Sêmele, Hera enciumada instigou a rival a pedir a Zeus que se mostrasse em todo esplendor. 29


Como tinha prometido atender a todos seus desejos, Zeus acedeu e mostrou-se a Sêmele, que fulminada pela visão magnífica do Rei dos Deuses, caiu morta. Para salvar o filho, Zeus recuperou Dionísio do ventre materno e o costurou em sua coxa. Após o tempo normal, o menino nasceu perfeito. Em sua fase mais adulta, Hera continuou perseguindo-o e o fez enlouquecer. Sua sanidade foi restaurada por Réia e depois de descobrir o cultivo das vinhas e a fabricação do vinho, foi admitido para viver no Olimpo. Após a leitura do mito, vemos as várias (água), paus (fogo) e espada (ar). As bolhas faces do Louco Arquetípico retratado no de sabão nos remetem diretamente a nosmito de Dionísio. A Loucura despertada sa infância, onde as brincadeiras mais simpelo ciúme e inveja de outrem, a confianples eram também as mais divertidas. Vê-se ça absoluta que apenas quem que o Louco Dragão está assentasabe ser protegido pelo Rei do sobre um tabuleiro de xadrez, não há no Louco dos Deuses pode demonstrar como se quisesse nos dizer para objetivos exceto fazermos parte do jogo, jogarmos e a fertilidade (início de novos caminhos) simbolizada pela os dados e fazermos nossas próo de caminhar descoberta das vinhas e do prias regras. Vence quem deixar vinho. o medo para trás e embarcar na viagem primeiro. O Louco trata do Impulso Irracional. Aquele insight que temos e que é o preO Louco também é representado pela imnúncio de uma grande idéia, de um projeto paciência, pela falta de noção do perigo. O que nos trará satisfação. O problema que Louco é, em essência, temerário. Extremase resolve numa dica de um sonho. mente bem representado no Old Path Tarot, a figura do Louco se mescla a mãe que Se fitar o Dragon tarô, corre para impedir que seu bebê se queiverá que o Louco retratame no fogo (e o dilema de todas as mães, do tem uma harpa, o que nem sempre conseguir evitar o acidente, mostra sua ligação com condição prima para desenvolvimento do seus instintos. Os quatro aprendizado pela experiência); indiferente naipes estão acima, sima tudo que não está dentro dele o Louco bolizando que ele contém segue seu caminho. A sua frente, inúmeros todos os naipes, fazendo caminhos se cruzam e dividem. Existe uma uma analogia com o Curingrande tendência a dispersão do objetivo ga que dentro dos jogos pode ser qualquer se o Louco não tiver em mente exatamencarta e também simbolizando que contém te onde quer chegar. E não há no Louco os quatro elementos: ouros (terra), copas objetivos exceto o de caminhar. Ele segue 30


fitando a direção do Sol. Sua vida é andar O Encantamento do Louco enquanto é de dia, dormir enquanto é de noite, comer quando a fome aperta e brinSopre bolhas de sabão e não pense em car quando se cansar de andar. Lembre-se nada. Se algum pensamento do mundo se da diferença entre ‘confiança’ e ‘ingenuiintrometer, veja-o como uma bolha de sadade’. O ingênuo bebê queima a mão no bão flutuando e estoure todas as que apafogo e dificilmente irá arriscar recerem, uma a uma. Brinque as mãos em algo que seja quente com crianças e deixe que elas, Máscaras são novamente. O confiante louco e não você, guiem a brincadeira. caminha em direção a todos os Não queira tirar lições destas feitas para caminhos e está preparado para atividades: simplesmente execuesconderem cair, porque sabe que para cair te-as. Antes de se afastar delas, basta estar de pé. cante “A Canoa Virou...”, a brincadeira infantil onipresente que é um reSe passearmos com o Louco, sem nos manescente das épocas e religiões antigas aprofundarmos dentro dele e consequenque sobreviveram à perseguição ocultando temente dentro de nós, correremos o a própria sabedoria num “jogo”, como fez risco de brincarmos um baile de carnaval, o tarô. nos cansar e sairmos dele sem saber quem Tarô Encantado – Amy Zerner e Monte Farber estava atrás da máscara do Arlequim que nos acompanhou. Máscaras são feitas para A erva do Louco esconderem ou ressaltarem o que está embaixo delas, mas seja qual for Samambaia – As samama intenção, elas não são a pesbaias, que foram aplicadas ao soa real, mas apenas sua ‘forma Louco nessa lâmina, são mágicas artística’. Vemos isso o tempo pela sua forma de crescimento e todo, quando as pessoas saem propagação. Suas folhas, piladas em buscas desenfreadas de prae usadas em banhos ou comzeres para satisfazerem seus inspressas, têm o poder de aumentintos e minorar a própria solitar a visão de quem as usa para dão, elas não estão buscando o sua realidade maior, seu caminho Louco Interior dentro da idéia mais elevado e correto, o camide “não se importar com a ornho dos ideais. É uma planta de dem estabelecida”, estão fugindo Urano, pois nos mostra meios de si mesmas. revolucionários de mudar nossa realidade social presente. Tal como Urano, O bom trabalho do Louco, é aquele que de forma negativa, pode ser tóxica se innos leva diretamente a nossa verdade integerida sem as devidas precauções. Na sua rior. Ao caminho onde apenas nossos pasforma medicamentosa, é ótima para reusos parecem encaixar na estrada, onde nos matismos, artrites, contenção de líquidos, sentimos aptos para enfrentar uma jornada ou seja, para toda parte física que prende de enriquecimento pessoal onde o fogo, a movimentos em busca de nossa liberdade. surpresa e a confiança serão parte de uma Jornada delineada especialmente para você.

Tarô de Ceridwen – Maria Teresa Wolff Moraes Modro

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próxima edição A revista BTW é publicada quatro vezes ao ano e seu objetivo é informar, esclarecer e desmistificar origens, dogmas e práticas da Wica Gardneriana e mostrar que os ensinamentos de Gerald Gardner ainda estão vivos e florescendo no seio dos covens tradicionais. Esta revista é aberta a comunidade em geral, caso desejem publicar algum artigo enviar para btw.revista@gmail.com com o assunto “artigo”. Será nos reservado o direito de resumir e editá-los para maior clareza, estilo, gramática e/ou precisão. Na próxima edição estaremos inaugurando uma nova seção chamada Carta do Leitor, onde as pessoas poderão enviar suas opiniões, dúvidas e sugestões. É só enviar para o endereço btw.revista@gmail.com com o assunto “carta do leitor”. Não deixe de visitar os sites: http://wiccagardneriana.net/ http://vassourasagrada.com.br/ “É a profundidade das raízes que preserva a árvore”. Gerald B. Gardner

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Não nos responsabilizamos pelos artigos publicados.


Bibliografia consultada •  GARDNER, GERALD B. O Bruxaria Hoje. São Paulo: Madras, 2003 •  VALIENTE, DOREEN. Enciclopédia da Bruxaria. São Paulo: Madras, 2004 •  FARRAR, STEWART E JANET. Oito Sabás para as Bruxas. São Paulo: Anúbis, 1999 •  MURRAY, MARGARETH. O Culto das Bruxas na Europa Ocidental. São Paulo: Madras, 2003 •  MARTINEZ, MARIO. Wicca Gardneriana. São Paulo: Gaia, 2005. •  GRAVES, ROBERT. A Deusa Branca. Rio de Janeiro: Bertrand, 2003 •  GARDNER, GERALD B. O Significado da Bruxaria. São Paulo: Madras, 2004 •  VAYNE, JULIAN E CATHERINE SUMMERS. Sementes de Magia Lisboa: Ed. Estampa, 1996. •  GRAVES, ROBERT. A Deusa Branca. Rio de Janeiro: Bertrand, 2003 •  Tarô de Ceridwen – Maria Teresa Wolff Moraes Modro •  Tarô Encantado – Amy Zerner e Monte Farber

Lista de imagens •  FRANCISCO DE GOYA quadros: EL Sabbath de las Brujas (1789) e (1821) Judit y Holofernes (1819) El vuelo de las Brujas(1797) El entierro de la sardina (1812) •  SAFT CORNELIS quadro: Witches mountain Sun (1634) •  GERALD B. GARDNER retirado do site: http://www.geraldgardner.com/archive/mill/index.php http://www.controverscial.com/Gerald%20 Brosseau%20Gardner.htm •  MONIQUE WILSON retirado do site: http://www.thewica.co.uk/Scottish%20Wica. htm •  Outras imagens retiradas de Banco de Imagens.

•  Jung e o Tarô – Sallie Nichols

•  Imagens dos tarots retirados da bibliografia.

•  O Tarô Mitológico – Juliet Sharman-Burke e Liz Greene

Há imagens nesta edição que foram retiradas da internet e que não encontramos a origem correta. Se você sabe a fonte, por favor nos avise para que possamos dar os devidos créditos.

•  Do Mago ao Louco – Ryoki Inoue •  A linguagem secreta do Tarô – Sylvie Simon e Marcel Picard

Equipe BTW.

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