LITHA 2022 - BTW

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wica gardneriana bruxaria arte tradição LITHA LITHA LITHA 2022 2022 2022 LITHA, 2022 . Edição nº 11 . gratuita 'british traditional Wica'
11 - LITHA - 2022 06 LITHA 13 11 O PODER DO SOL 19 22 26 O FOGO TRANSFORMADOR O FERREIRO E A BIGORNA OS QUATRO ELEMENTOS O FERREIRO 23 A ALQUIMIA COMO PROCESSO TRANSFORMADOR
EDIÇÃO

A celebração da roda do ano é também a referência de nosso estado pleno, de ver toda a manifestação da natureza, das forças naturais e criativas dentro dela, é de certa forma mostrar que o ciclo da Deusa da Lua e das Estrela, e do Deus de Chifres estão conectado com o ciclo dos homens.

Os festivais dos Wicas, ou bruxos tradicionais, assim como costumes ligados a folclores, são bem característicos e específicos, estão conectados a cultos onde a fertilidade estão centrados no processo criativo, tendo a mulher e o homem em reverência (assim como os aspectos solares e lunares).

É com grande prazer publicamos mais uma edição BTW (British Tradicional Wica). Revista BTW é idealizada pelo Coven Caldeirão de Cerridwen, Linha Olwen, que atua no Rio de Janeiro - Brasil.

O objetivo da revista é de esclarecer e divulgar, dentro do que for possível, os temas principais sobre a tradição Wica Gardneriana e referências da bruxaria ou "witchcraft'.

imagem: Pinterest

L I T H A L I T H A

Nossos Deuses, assim como a Natureza que nos cerca, alcançam sua Maturidade e Plenitude no Solstício de Verão. Ele, o Deus de Chifres, associado ao Sol e ao seu Poder fertilizador e fecundador, transformador e criativo; e Ela, a Grande Deusa da Lua e das Estrelas, associada às Águas Primordiais, Fontes da Vida.

Fotografia Coven Caldeirão de Cerridwen

LITHA - MIDSUMMER

Litha, também conhecido por Midsummer, é um Sabá Menor celebrado no Solstício de Verão. Por ser um evento astronômico, não possui uma data fixa e pode variar entre os dias 20 e 24 de dezembro no hemisfério sul e entre os dias 20 e 24 de junho no hemisfério norte. O Solstício de Verão é o dia em que, o hemisfério em questão, fica mais próximo do Sol e fica mais tempo exposto a sua luminosidade - por isso, temos o dia mais longo do ano com mais de 12 horas de duração. Nesse dia, o zênite solar marca o seu apogeu e, de acordo com a sua trajetória na esfera celeste, ele alcança o ponto mais alto no céu. É o poderio solar, o dia de maior incidência de luz e, com o seu poder fertilizador, a Natureza se encontra em abundância e plenitude. Ao longo da história, muitas foram as culturas e religiões ligadas às forças da natureza. Para essas culturas, os solstícios assumem uma forte simbologia por se tratar de períodos que a presença do Sol aumenta ou diminui.

BELTANE Renascimento Despertar Fertilizar Florescer 21, DEZEMBRO/2022
Imagem: Van Gogh, o Semeador no pôr do sol (1888) damion club

Para religião pagã Wicca, por exemplo, o solstício representa o apogeu do Sol e de seu poder em união com a natureza. As árvores, flores e demais plantas mostram seu maior vigor. Logo após a ocorrência do Solstício de Verão, temos o início do Ano Decrescente, onde as marés energéticas começam a declinar gradativamente. Após a união da Deusa e do Deus em Beltane, o Deus está adulto, um homem formado, Senhor dos grãos, Ele é o calor do verão e a promessa total de fertilização. Em algumas tradições festeja-se a despedida do reinado do Deus do Carvalho (Senhor do Ano Crescente) e o início do reinado do Deus do Azevinho (Senhor do Ano Decrescente).

Em Litha é celebrado tudo que é relacionado ao Sol: criação, força, energia, coragem e abundância. As cores predominantes do sabá são amarelo, laranja e tons de azul. Momento de agradecer os frutos colhidos e pedir força, coragem para superar os próximos obstáculos e aproveitar a fartura e prosperidade que o Sol emana. Segundo histórias mais antigas deste Sabá, na noite do solstício de verão, os antigos tomavam banhos purificadores e realizavam curas milagrosas em fontes, rios e cachoeiras. Acreditava-se que tudo o que é sonhado, desejado ou solicitado em uma noite de Litha, se tornará realidade. Nesse dia, ervas mágicas são coletadas para poções e encantamentos, pois todo o poder inato das ervas seria ainda mais forte durante o festival. Em certas tradições wiccanianas, o solstício de verão simboliza o fim do reinado do ano do Deus como rei do carvalho, sendo substituído por seu irmão e sucessor, Holly, rei do azevinho e assim os dias se tornariam mais curtos.

Keli-art (litha-goddess-of-abundance)

Litha é o melhor momento para fazer rituais ao ar livre, agradecer às divindades, cantar, dançar e contar histórias ao redor da fogueira. Os rituais do solstício de verão são seguidos de grandes banquetes e festas, quase sempre ao pé do fogo. Litha é a estação da expansão, quando as colheitas florescem. Esquecemos as preocupações do inverno e passamos nossos dias sob a luz brilhante.

Este é o tempo dos amantes e jardineiros. O fervor de Beltane se aprofundou no erotismo apaixonado que cresce quando os parceiros se familiarizam com os ritmos e humores um do outro. É o amor entre os que são cometidos de coração e também de corpo. É também o amor dos pais pelos filhos. Para onde quer que olhemos, a maturidade se espalha do campo e da floresta.

L I T H A L I T H A

“Misture três partes de terra vermelha (a Pedra “Misture três partes de terra vermelha (a Pedra “Misture três partes de vermelha (a Filosofal), três partes de água e três partes de ar Filosofal), três partes de água e três partes de ar Filosofal), partes de e de para fazer uma pasta metálica com a consistência de para fazer uma pasta metálica com a consistência de para metálica com de manteiga onde a terra não pode mais ser sentida manteiga onde a terra não pode mais ser sentida manteiga terra pode ser com o dedo. com o dedo. com

Adicione uma parte e meia de fogo, coloque em um Adicione uma parte e meia de fogo, coloque em um de coloque em um recipiente bem dosado e dê fogo de primeiro grau recipiente bem dosado e dê fogo de primeiro grau recipiente e dê de primeiro grau para ajudar a fermentar. Depois disso, um extrato para ajudar a fermentar. Depois disso, um extrato para ajudar Depois um dos elementos é preparado de acordo com os graus dos elementos é preparado de acordo com os graus dos elementos é preparado de acordo com os do fogo até que sejam condensados em uma terra do fogo até que sejam condensados em uma terra fogo que sejam condensados em sólida. sólida. sólida.

A substância está pronta quando assume o aspecto A substância está pronta quando assume o aspecto A quando assume o aspecto de uma pedra vermelha rubi transparente. Coloque- de uma pedra vermelha rubi transparente. Coloque- de Coloqueo em uma panela em fogo baixo e adicione gotas de o em uma panela em fogo baixo e adicione gotas de uma panela fogo e adicione de óleo até que se torne um líquido que não solte óleo até que se torne um líquido que não solte que se um que não ffumaça. fumaça. umaça.

Não se preocupe com a evaporação do mercúrio, Não se preocupe com a evaporação do mercúrio, se a pois o solo consome rapidamente a umidade porque pois o solo consome rapidamente a umidade porque solo consome a umidade porque é um componente de seu estado natural. é um componente de seu estado natural. é um de estado Neste ponto, seu elixir está pronto para uso. Neste ponto, seu elixir está pronto para uso. elixir está para Agradeça a Deus pelo favor que ele lhe concedeu; Agradeça a Deus pelo favor que ele lhe concedeu; Agradeça a pelo favor que use-o para glorificá-lo; e mantê-lo um mistério para use-o para glorificá-lo; e mantê-lo um mistério para use-o para glorificá-lo; um para os outros. os outros. os outros.

Jean d'Espagnet, o elixir da vida (século XVII)

O PODER DO SOL

O Sol é o próprio coração do sistema solar envolvendo com seu calor e luz os planetas e o espaço Universal. O Sol rege nosso coração onde mora o calor para que a gente sinta alegria, o pulsar da vida, felicidade e plenitude.

A reverencia a natureza nos aproxima e nos faz descobrir o que há de mais importante dessa relação, do homem e natureza.

O Sol, nossa principal fonte de calor e luz, por isso de extrema importância para a nossa sobrevivência, os povos antigos sabiam disso muito bem. Sem o Sol, sem o seu calor e luminosidade, não haveria vida na Terra.

Ele é o grande responsável pela temperatura, pelo aquecimento, pela evaporação, pelas estações e por muitos outros processos biológicos que ocorrem nas plantas, nos animais e no Homem. Fornece a luz e o calor necessários para que as plantas possam germinar, crescer e se desenvolver e é através do Sol que temos alguns processos químicos importantíssimos na Natureza, como por exemplo: a fotossíntese (que ajuda na purificação do ar,

permite a liberação de oxigênio, faz com que as plantas produzam glicose - fonte de energia e combustível para as plantas, que também fazem parte da cadeia alimentar) e a essencial produção de vitaminas nos seres humanos.

Como bons observadores da Natureza, dos seus processos e ciclos, os povos antigos tinham um grande conhecimento sobre Astronomia, mas mesmo assim, eles celebravam e incentivavam o retorno do Sol e a sua permanência através dos Ritos e festividades (Sabás). Então, podemos perceber, claramente, que para os nossos Antepassados que dependiam da Agricultura e da caça, isso era uma questão sobrevivência - de vida ou de morte.

O Sol tinha tanta importância que, para alguns povos, ele era considerado uma Divindade. O seu surgimento, todos os dias pela manhã, era celebrado e tido como uma benção divina.

Na Wica, temos a Roda do Ano (nosso calendário litúrgico composto por Oito Sabás) que descreve a trajetória solar durante todo o ano e, principalmente, o Ciclo de Vida, Morte e Renascimento do Deus de Chifres (lembrando sempre que Ele não é o Sol). Para nós, o Sol é uma necessidade vital para a manutenção da Vidaum verdadeiro presente dos Deuses.

O FERREIRO

“Dos ofícios ligados à transformação dos metais, o ferreiro é o mais significativo quanto à importância a à ambivalência dos símbolos que implica.

A forja comporta um aspecto cosmogônico e criador, um aspecto asúrico (Rei de Asuras, Deuses soberanos da Mitologia védica) e infernal, enfim, um ASPECTO INICIÁTICO.

O primeiro ferreiro é o Brahmanaspati védico, que forja, ou melhor, solda o mundo: seu trabalho de forja é a constituição do ser a partir do não ser. A fundição do metal (fundi e reformai o universo, equivalente do solve e coagula hermético) é uma noção taoísta essencial: O Céu e a Terra são a grande fornalha, e a transformação é o grande fundidor, escreve Tchuang-tse. Entre os povos montanheses do Vietnã do Sul, a obra da criação é uma obra de ferreiro: Bung toma de um pequeno martelo e forja a terra; depois usando um martelo curto, forja o céu. Tian, a terra, e Tuin, o céu, casam-se... Às vezes, o próprio homem é forjado, ou, pelo menos, seus ossos e articulações o são.

O ferreiro primordial não é o Criador; ele é o seu assistente,

Shrine of Hephaestus by Jan Drenovec

proibições sexuais e de exorcismos.

Em outras civilizações, ao contrário, o ferreiro desempenha um importante papel: detentor dos sagredos celestes, ele obtém a chuva e a cura das enfermidades. Tinha uma situação de igualdade em relação ao chefe ou ao rei, pois era o substituto do organizador do mundo. Quando se fala em Gêngis Khan, não se costuma dizer que ele era um antigo ferreiro? Entretanto, esse aspecto do ofício está ligado à Iniciação. Na China, costuma-se dizer que a forja entra em comunicação com o céu; o domínio do fogo chama a

chuva, e, portanto, a união da água e do fogo, que é a Grande Obra alquímica. E, se o poeta taoísta Hi K'ang se dedica ao trabalho da forjaessa que, além de tudo, está situada debaixo de um salgueiro, no centro do pátio de sua casa, não é simplesmente como mera distração que ele o faz, e sim, sem dúvida para obter, ao pé do Eixo do Mundo, a comunicação celeste. Talvez Caim tenha sido o primeiro ferreiro. Quanto a Tubalcaim, não resta a menor dúvida: "ele foi o pai de todos os laminadores em cobre e ferro" (Gênesis, 4, 20-22). Seu homólogo chinês é Huang-ti, o Imperador amarelo, patrono dos ferreiros, dos alquimistas e dos taoístas. Tch’e-yeu, seu rival, era também fundidor, embora fosse, ao contrário de

Huang-ti, um promotor de desordens. Neste caso, os dois aspectos do simbolismo se encontram, e, ao mesmo tempo, surgem os primeiros vestígios de confrarias iniciáticas; Tch’e-yeu forja armas, instrumentos de discórdia e de morte; Huang-ti funde o caldeirão de cobre trípode, que lhe valeu a imortalidade. Por outro lado, a fundição de espadas é, por sua vez, obra inicática: o êxito dessa obra de fundição – pela têmpera e pela liga dos metais – é uma união da água e do fogo, do yin e do yang, reconstituição na perfeição da unidade primordial. Seu homólogo exato é a obra alquímica: união da essência e do sopro, dos trigramas li e k’na, do enxofre, da Terra e do Céu. É, efetivamente, o retorno ao estado edênico, a obtenção da imortalidade.

O ferreiro Goibniu aparece na grande narrativa mítica da Segunda Batalha de Moytura. Auxiliado pelos Deuses artesãos, Goibniu forja as armas com as quais os irlandeses conseguem derrotar os fomorianos (poderosas entidades inferiores e infernais). Ele não é de modo algum apresentado sob uma luz desfavorável; no entanto, permanece sempre de uma importância secundária no panteão dos Deuses. César, por

exemplo, não o inclui na lista dos cinco Deuses principais. Goibniu era também o CERVEJEIRO DOS DEUSES, encarregado da FERMENTAÇÃO da cerveja.

Personagem enigmático das culturas africanas, o ferreiro é uma figura central, postado na encruzilhada dos problemas que essas civilizações propõem.

Em primeiro lugar, ele é o artesão que fabrica os utensílios de ferro, necessários aos cultivadores e caçadores: as duas ocupações fundamentais da vida do país dependem, portanto, de sua atividade.

A seguir, ele é o único capaz de esculpir as imagens dos ancestrais e dos gênios, que serão o sustentáculo dos cultos; desempenha, portanto, um papel igualmente importante na vida religiosa. Na vida social, ele é também o pacificador ou mediador, não apenas entre membros da sociedade, porém, do mesmo modo, entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Às vezes associado do Demiurgo, trazendo do céu as sementes e as técnicas, ele se torna o chefe de sociedade iniciáticas.

Em virtude de seu caráter mais ou menos sagrado, ele determina, nos demais, atitudes em relação à sua pessoa que são ambíguas ou ambivalentes. Pode ser tanto desprezado e temido, quanto respeitado, pelas categorias mais variadas das hierarquias sociais; quase sempre, mora num local afastado da aldeia, ou num lugar reservado, em companhia da mulher, a oleira que faz os potes do fole.

A Arte de trabalhar o ferro é considerada, às vezes, uma arte secreta, reservada aos reis e sacerdotes. Houve casos de ferreiros

que ocupavam altas funções políticas, principalmente entre os tuaregues: os chefes nomeavam ferreiros como PrimeirosMinistros.

Na Cosmogonia dos Dogons, o ferreiro é um dos oito gênios (Nommo): diz a tradição desse povo que Nommo quebrou as articulações das pernas ao cair, violentamente, na terra, quando descia para trazer uma arca que continha as técnicas, os grãos ou sêmens dos ancestrais humanos ou animais. Daí o fato de que ele seja muitas vezes representado como COXO, como o Hefestos (Vulcano) das tradições gregas e romanas.

No conjunto, o ferreiro surge como um símbolo do Demiurgo. No entanto, embora seja capaz de forjar o Cosmo, ele não é Deus. Dotado de um poder sobrehumano, pode exercê-lo quer contra a Divindade, quer contra os homens; nessa qualidade, ele é

terrível, como um mago satânico. Seu poder é essencialmente ambivalente; ele pode ser tanto maléfico, quanto benéfico. E, por isso, inspira reverencioso temor em toda parte.”

Fonte: Dicionário de Símbolos

O FOGO TRANSFORM

"A sacralidade do ferro, seja por ter caído da abóbada celeste ou por ter sido extraído das vísceras da terra, está carregado de potência sagrada. Por isso, o ferro conserva ainda seu extraordinário poder mágico-religioso."

Do livro "Ferreiros e Alquimistas" de Mircea Elíade: O Fogo como agente transformador (transmutação) e purificador, sempre foi muito relacionado às antigas profissões que eram consideradas como uma verdadeira Arte - os ferreiros, os ourives, os vidreiros, os fundidores, os metalurgistas, os cuteleiros, etc. Interessante notar como eles guardavam "a sete chaves" os segredos dessas profissões - sendo que até muitos eram mantidos em cárcere durante sua formação. Alguns dizem que a origem do mito de todo ferreiro ser manco ou aleijado (o monossandalismo e a manqueadura, a coxeadura míticas) surgiu daí: para que eles não fugissem e revelassem os segredos da forja, os membros inferiores eram machucados ou quebrados (mas essa é uma outra história que vale à pena ser discutida separadamente).

Sempre associados aos Deuses Ferreiros podemos mencionar o Subterrâneo, o Submundo, o Mundo Ctônico, a caverna, o forno (quanto aos fornos, a sua construção está rodeada de mistérios e constitui, por si só, um ritual propriamente dito), a Bigorna, o Martelo, o Fole e os Mistérios da Transformação.

Sempre associados aos Deuses Ferreiros podemos mencionar o subterrâneo,

o Submundo, o Mundo Ctônico, a caverna, o forno (quanto aos fornos, a sua construção está rodeada de mistérios e constitui, por si só, um ritual propriamente dito), a Bigorna, o Martelo, o Fole e os Mistérios da Transformação. Analisando cada Mitologia (das mais diferentes época, Povos e culturas) podemos perceber que todo ferreiro (ou Deus Ferreiro ou Deus do Martelo) fica no Subterrâneo, em um Poço ou em uma Caverna.

A Descida ao Submundo - aos Reinos Infernais também chamados de "Hades" - acompanhada pelo posterior retorno à Luz (a ascensão), corresponde à Morte e ao Renascimento do Iniciadoaquele que desce ao Mundo Inferior, que enfrenta o Senhor da Morte e que consegue retornar (Iniciação é Morte e Renascimento).

Se pensarmos que a Descida ao Submundo é a Busca pelo Conhecimento e Sabedoria, podemos dizer que o Hades está

dentro de cada um de nós, ou seja, é a busca interior, a viagem para dentro de nós mesmos. Se o Ferreiro tem como seu principal Instrumento de trabalho "o Fogo", aqui temos o fogo como agente transformador. Iniciação = Luz / Fogo = Transformação Interior; Iluminação. Então, se o Hades está dentro de nós e é no Hades (no Submundo) que temos o Fogo Transformador, podemos dizer que o Fogo Sagrado, aquele que queima no Altar dos Wica, é a representação desse fogo transformador que está dentro de nós.

O FERREIRO E A BIGORNA

"Entre os bakitarras ou banooros (nordeste do Congo, em zona sudanesa), a bigorna é considerada uma das ESPOSAS do ferreiro. Costuma ser levada à choça deste, onde é acolhida por sua primeira mulher, com o ritual reservado à entronização de uma segunda esposa; a bigorna é aspergida, e realizam-se rituais a fim de que ela venha a ter muitos filhos. A bigorna aparenta-se à FEMINILIDADE, ao princípio passivo, do qual sairão as obras do ferreiro, o princípio masculino. Na GrãCabília (uma das regiões do maciço da Cabília, situada a leste de Argel), a bigorna simboliza a água, e costuma ser colocada sobre o TORO DE FREIXO; o freixo representa a MONTANHA, "assim como a bigorna representa a água. BATER NA BIGORNA É REGAR A TERRA". E ainda uma vez, neste caso, ela se revela como um princípio passivo a ser FECUNDADO. O ferreiro, tal como o RAIO, seria o princípio ativo e FECUNDANTE."

A ALQUIMIA COMO PROCESSO TRASFORMADOR

O objetivo mais importantes da alquimia era descobrir o elixir da longa vida, que era a medicação que curava todos os males e que dava a vida eterna. Outra coisa que eles buscavam era transmutar os metais comuns em ouro e muitos alquimistas foram para um lado bastante concreto e literal, acreditando que eles podiam fazer essa transformação.

Para os alquimistas a alma do homem é uma ponte entre o reino externo do corpo físico e o mundo espiritual. Esta ponte deve ser construída integrando as polaridades primordiais da alma. "A tarefa do alquimista, deve reconhecer os elementos da matéria primal, as correntes lunar e solar, e o Mercúrio interno das forças da alma, então começar a trabalhar com eles trazendo para uma nova síntese e tornando essas forças internas um veículo tanto para a experiência do Espírito quanto para o domínio do mundo físico."

É tarefa da transmutação alquímica unir corpo, alma e espírito, em uma nova harmonia, em um estado perfeito de se interpenetram mutuamente e trabalhar juntos.

Na verdade, o ouro é uma metáfora, tudo tem uma essência que deve ser desvelada como o mais puro do ser, o seu ouro. Caberia, então, ao alquimista acelerar esse movimento da natureza através do fogo, utilizando essa energia para o ouro vir a tona.

Alguns avisos são dados para todos os homens que trabalham além da natureza, que buscam a riquezas profana, no domínio das coisas e na transformação de riquezas porque são enganadores e enganados.

A menos que conheça o início da verdadeira natureza e o regime dela, "que sendo conhecido, não há necessidade de mais coisas, nem requer grandes despesas, porque é uma pedra, um medicamento, um vaso, um regime e uma disposição: que é uma Arte mais verdadeira.

"Não há geração verdadeira senão de coisas concordantes por natureza, porque as coisas não são feitas senão segundo a sua natureza, pois o salgueiro nunca dá pera, nem o arbusto romãs boas, nem a arvore má pode dar bons frutos." Aristóteles Portanto, deixe seu exercício e trabalho serem usados na Natureza porque a Pedra é de um Animal, de um Vegetal e de uma Substância Mineral.

A alquimia é a arte da transformação. Ela aspira chegar na essência das coisas elevando a matéria num nível superior na manifestação, onde um estágio complementa outro.

A quintessência, ou o quinto elemento não se trata de um elemento em si, como os elementos que a gente conhece, a água, a terra, o fogo e o ar, mas da reunião, não por soma, desses elementos, como a descoberta de su t i lid d

Cada um desses elementos são os que colocam em movimento toda a energia, tudo que existe. Então, a quintessência é o equilíbrio desses quatro elementos.

OS QUATRO ELEMENTOS

A água é nossa vida emocional, são os nossos afetos, é o inconsciente, ele é fluido, a gente não consegue pegar, ele escapa.

A terra é a nossa realidade, é o concreto, é o mundo terreno, é a criatividade, é a fertilidade. Se existe uma terra árida, onde nada nasce, se está faltando minerais naquela terra… não adianta querer arrumar o jardim com uma terra que está infértil. O ar, por exemplo, está relacionado com o pensar, com o mundo das ideias, com o conhecimento… É a consciência, é a inteligência na sua mais alta forma, a sabedoria.

E o fogo é a chama que nos anima. É o calor que aquece, mas se em excesso pode queimar. O fogo é a arte do analista, é você saber até onde você pode aumentar o fogo, a hora que você tem que abaixar o fogo.

"Existem quatro elementos e bases originais de todas as coisas corpóreas – fogo, terra, água e ar – dos quais todos os corpos inferiores são compostos; não por meio de um acúmulo de todos eles, mas pela transição e união. E quando são destruídos, decompõem-se nos elementos; pois nenhum dos elementos sensíveis é puro, mas todos são mais ou menos mistos e passíveis de se transformar uns nos outros. A terra, por exemplo, fica mole, dissolve-se e vira água, para depois endurecer e espessar, tornando-se terra novamente; se, no entanto, como água, ela evaporar por ação do calor, passa para o ar, que, sendo alimentado, passa para o fogo. Este, ao se extinguir, retorna mais uma vez ao ar, mas, esfriando após o retorno, torna-se terra, ou pedra, ou enxofre, e isso se manifesta pelo relâmpago. Platão também tinha essa opinião de que a Terra era totalmente mutável e que o resto dos elementos é transformado uns nos outros, sucessivamente. Parece que Agrippa não leu Platão com a devida atenção.

Mas, na opinião dos mais sutis filósofos, a Terra não é mudada, mas abrandada e misturada com outros elementos que não a dissolvem, e retorna ao que era.

Ora, cada um dos elementos tem duas qualidades especiais, a primeira sendo a de reter a própria identidade; a segunda, como um meio, de aceitar o que vem depois de si. Pois o fogo é quente e seco, a terra seca e fria, a água fria e úmida, o ar úmido e quente. E assim, nesse sentido, os elementos, de acordo com duas qualidades contrárias, são contrários um ao outro, como fogo e água, terra e ar.

Além disso, os elementos são contrários em outro sentido, pois alguns são pesados, como terra e água, e outros são leves, como ar e fogo. Os estoicos chamavam os primeiros de passivos e os últimos de ativos. Entretanto, Platão faz mais uma distinção e atribui a cada um dos três qualidades – ao fogo: brilho, finura e movimento; à terra: escuridão, espessura e quietude. E de acordo com essas qualidades, os elementos fogo e terra são contrários. Mas os outros elementos tomam emprestadas as qualidades destas, de modo que o ar recebe duas qualidades do fogo – finura e movimento – e uma da terra, escuridão. Da mesma maneira, a água recebe duas qualidades da terra – escuridão e espessura – e uma do fogo, movimento. Mas o fogo é duas vezes mais fino que o ar, três vezes mais móvel que a água. A água, por sua vez, é duas vezes mais espessa e quatro vezes mais móvel. Assim como o fogo está para a água e a água para a terra, novamente a terra está para a água, a água está para o ar e o ar para a terra. E essa é a raiz e a fundação de todos os corpos, naturezas, virtudes e obras maravilhosas; e aquele que souber essas qualidades dos elementos e suas misturas terá facilidade para fazer coisas maravilhosas e surpreendentes, perfeitas na Magia".

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