BTW - LAMMAS 2023

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'british traditional Wica'
EDIÇÃO 12 - LAMMAS - 2023 07 LAMMASLUGHNASADH 22 11 A TRÍADE DAS COLHEITAS 29 UM GRUPO ESPIRITUAL, UM COVEN DE BRUXAS OS MISTÉRIOS DE LAMMAS 36 O TRADICIONAL PÃO DE LAMMAS

A celebração da roda do ano é também a referência de nosso estado pleno, de ver toda a manifestação da natureza, das forças naturais e criativas dentro dela, é de certa forma mostrar que o ciclo da Deusa da Lua e das Estrela, e do Deus de Chifres estão conectados com o ciclo dos homens.

Os festivais dos Wicas, ou bruxos tradicionais, assim como costumes ligados a folclores, são bem característicos e específicos, estão conectados a cultos onde a fertilidade estão centrados no processo criativo, tendo a mulher e o homem em reverência (assim como os aspectos solares e lunares).

Revista BTW é idealizada pelo Coven Caldeirão de Cerridwen, Linha Olwen, que atua no Rio de Janeiro - Brasil.

O objetivo da revista é de adicionar, inspirar e divulgar, dentro do que for possível, os temas principais sobre a bruxaria tradicional, a Wica Gardneriana "Witchcraft' A arte das Bruxas

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L A M M A S L A M M A S

A essência deste Sabá está no sacrifício do Deus de Chifres em prol da continuidade da Vida, um

As cores predominantes, para o ritual de Lammas, podem ser o marrom, o laranja e o amarelo.

Para a decoração, pode-se usar folhas secas, ramos de trigo, sorgo, cevada e aveia; grãos diversos; espigas de milho, cachos e folhas de uvas.

Tradicionalmente é queimado um Boneco de Palha (ou Vime) para lembrar do ato sacrificial do Deus Chifrudo.

Lammas, é um Sabá Maior que marca o fim do Verão e o início do Outono e é celebrado na véspera de fevereiro no H.Sul (da noite de 31 de janeiro para a madrugada de 1° de fevereiro) e na véspera de agosto no H.Norte

"Estamos colhendo o que plantamos"

L U G H N A S A D H L U G H N A S A D H

Brilho dourado

Está amanhecendo

Rei Sol

Ansiava por você

Está cuidando de mim

Esta me regando com o seu amor

Cobra negra que você ouve

cantando ao longe, a voz do Druida

E a floresta já respira

Você pode ver a palha em seu cabelo Como um círculo à distância

Seu corpo está cambaleando de desejo

Você canta para mim

Sinto seu hálito quente

O cheiro da terra quando você se despe

Um campo de orelhas douradas

esconde um sonho de amor

E você sucumbe e geme

Eu vou continuar, além do arco-íris

Onde os fogos brilham

Eles nos convidam lá

O verão arma seu amor

O sol está dançando

Lughnasadh

Rei Dourado

Ele canta

O sol é quente

Enrolado nele, eu sinto você

Você me aquece, a beleza deles

Querida quente, você vê um círculo de dança

Você dá as mãos e canta

Tambores batem,

Corpos entrelaçados

Cabelo bagunçado e bocejando

Você sussurra para mim,

Eu sinto um presente divino

A vida é nova quando eu te despir

O deus sol brilha no céu acima da montanha

E eu adormeço e saio

Eu vou continuar, além do arco-íris

Onde os fogos brilham

Eles nos convidam lá

O verão arma seu amor

O sol está dançando

Lughnasadh

Vou seguir em frente

Onde as estrelas brilham, o sol vai

dormir

Sol, Sol

Canção com tradução livre - Lughnasadh - Credits MUSIC: Derias LYRICS: Derias,
Vesna Michailova
Maria
DELORAINE: Derias, Maria Vesna Michailova, Pavel Spars Vrabec, David Horák, Jakub Pešek, Miloš Blaháček
Fotografia Coven Caldeirão de Cerridwen

LAMMASLUGHNASADH

Os antigos celtas da Irlanda e da Escócia observaram as mudanças sazonais com festivais comunitários pagãos em homenagem a seus deuses. Como pessoas que dependiam da generosidade da natureza, as celebrações em torno da colheita anual das colheitas eram importantes. Entre o Solstício de Verão e o Equinócio de Outono toda a comunidade participava do grande festival de Lughnasadh (Lughnasa).

Este é um nome gaélico irlandês para a festa que comemora os jogos fúnebres de Lugh, deus celta da luz e filho do Sol.

O poder do sol vai para o grão à medida que amadurece. Em seguida, é colhido e transformado no primeiro pão novo da estação.

A semente também é guardada para o plantio da safra do próximo ano, de modo que o deus sol possa ser visto nascendo novamente na primavera com os novos brotos verdes, já que o sol também nasce no céu.

LAMMAS

01, FEVEREIRO/2023

Palavras-chaves:

1ª Colheita

Purificação

Sacrifício

Doação

Lammas é um festival que celebra os primeiros frutos da colheita, os frutos do nosso trabalho, e vendo os desejos que tivemos no início do ano se desenrolarem, então os rituais serão centrados nisso. Dizem também que "Lammas" significa massa de pão, e representava os primeiros pães assados da safra daquele ano, e muitos deles eram levados aos diversos altares para serem consagrados.

A natureza cíclica da vida, crescimento, morte e renascimento era um tema difundido entre os celtas. A festa da colheita reflete isso numa época em que o primeiro trigo está pronto para a foice e a estação de produção de vida dá lugar ao inverno frio, quando a maioria das coisas na terra morre. Assim, o festival não apenas celebra a fartura da colheita, mas também lamenta o declínio do verão.

Na Roda do Ano, o calendário litúrgico da Wica que é composto por Oito Ritos Solares e sazonais (onde descreve a trajetória do Sol e o Ciclo de Vida, Morte e Renascimento do Deus de Chifres), em Lammas o deus Sol coloca sua energia, luz e poder nas plantações que crescem nas planícies. Quando o grão é colhido, o deus é sacrificado e “teríamos então um deus da colheita morrendo e ressuscitado, que morre por seu povo para que ele possa viver”. Lughnasadh é um reconhecimento da força Solar minguante e da necessidade de preservar o que se foi produzido, conhecendo que os grãos poderão nos sustentar durante os meses de inverno vindouros.

Muitos detalhes de antigos rituais de colheita foram perdidos, mas continuam latentes em algumas tradições como na Wica.

Os reis irlandeses organizavam grandes assembleias que envolviam jogos, festas, ritos religiosos e reuniões políticas e de negócios. Corridas de cavalos eram realizadas e o sacrifício e a festa de um touro apaziguavam os deuses e reafirmavam a autoridade do rei como governante generoso e benevolente (Tairis). Os primeiros frutos da colheita eram oferecidos aos deuses em agradecimento.

Os aldeões rezavam por uma colheita bem-sucedida, mas também haviam

apelos aos Deuses em caso de colheitas ruins. Colheita de mirtilo, dança e peregrinações a poços ou topos de montanhas também eram comuns. A época da colheita era exaustiva, com os fazendeiros trabalhando o tempo todo, tentando 'fazer feno enquanto o sol brilhava', e as fazendas vizinhas competindo entre si para serem as primeiras a terminar.

O fim da colheita era um momento de comemoração, e o cavalo que trazia a última carga da carroça era decorado com fitas e guirlandas, e os fazendeiros realizavam uma grande festa conhecida como ceia da colheita.

L A M M A S L A M M A S

Fotografia Coven Caldeirão de Cerridwen

A TRÍADE DAS COLHEITAS

Dentro da Tríade das Colheitas, Lammas marca a primeira colheita. A Tríade da Colheita é composta por:

- Lammas (marca o início do Outono): onde os primeiros grãos serão colhidos;

- Mabon, o Equinócio de Outono (marca o auge da estação outonal): a segunda e mais abundante colheita;

- Samhain (marca o fim do Outono e o início do Inverno): momento de colher o restante antes que os rigores do Inverno o destrua.

O Deus de Chifres, em seu aspecto sacrificial, doa suas forças e sua energia para que a vida seja sustentada e tenha continuidade. Assim, Ele assume seu aspecto como o "Deus Cereal".

Lammas significa "massa de bolo/pão" e, tradicionalmente nessa época, o pão de Lammas era feito com os primeiros grãos da primeira colheita em homenagem ao Deus - o Deus Cereal.

Por ser o primeiro Sabá do Ano Decrescente, é um período em que as forças naturais estão minguando, ou seja, as marés energéticas estão diminuindo gradualmente com a proximidade do Inverno - é o declínio natural das forças solares.

Fotografia Coven Caldeirão de Cerridwen

Um costume durante este Sabá, é a queima do "Homem de Palha"uma representação do Deus Cornífero em um ato sacrificial voluntário e do "Rei Sacrificado" - e a feitura do "Pão de Lammas", onde todos os participantes irão compartilhá-lo em um momento de comunhão.

Doreen Valiente, em seu livro "Enciclopédia da Bruxaria" (versão em português, pág.268 ), comenta: "Ele é conhecido como o período quando, "no amanhã de Lammas", isto é, no dia seguinte ao Sabá de Lammas, o Rei William Rufus foi misteriosamente assassinado em New Forest, no ano 1100, o décimo terceiro ano de seu reinado.

A morte do Rei Vermelho é tão lembrada que até nos dias de hoje as pessoas nessa região, às vezes, visitam o túmulo de Rufus em New Forest no dia 02 de agosto, o aniversário do dia em que ele foi morto. Margaret Murray e Hugh Ross Williamson, os quais fizeram um estudo histórico detalhado de William Rufus, consideram-no uma vítima sacrificada, um Rei Sagrado da Antiga Religião. Relatos de sua morte variam em seus detalhes, mas todos concordam que ele foi morto com uma flecha, nos arredores de uma árvore de Carvalho.

vêem como algo obscuro contra o qual jogam ovos podres. A segunda é tentar ajudar àqueles que como eu, têm simpatia pela Arte, a compreender um pouco mais sobre ela.

A TRINDADE DA DEUSA

"Sem conhecermos a Deusa da morte, nós nunca conheceremos a Deusa da vida." -

"Neste pequeno artigo, pretendo trazer para ao leitor um pouco da TEOLOGIA Wican. Estou fazendo isto por duas razões principais. A primeira é que muitas pessoas ignoram completamente que a bruxaria é, de qualquer modo, uma religião; elas simplesmente a

Devo dizer, muito enfaticamente, que não sou um grande expert em teologia da bruxaria. Eu sou um bruxo praticante que tem usado o tempo tentando entender as profundas implicações da minha RELIGIÃO. Uma religião na qual se cultua uma Deusa e que tem há muito tempo proclamado seus princípios de fertilidade aos quatro cantos do mundo.

O nome sob o qual eu cultuo a Deusa eu estou proibido de revelar, Ela é eternamente conhecida dos estudantes de mitologia e folclore sob uma variedade de nomes.

Fotografia Elif Koyuturk

Claro que os homens podem ver seus Deuses e Deusas como suas próprias criações, contanto que eles restrinjam essa visão em suas ideias físicas de uma deidade particular. Uma vez que uma pessoa comece a criar, ao contrário de interpretar, a mente da deidade, então pisará seriamente fora da linha. Uma representação física é apenas uma comparação mental para possibilitar um entendimento mais fácil de algo complexo. Assim podemos dizer que não existe tal coisa como um Deus ou Deusa mitológicos. Por exemplo, Afrodite realmente existiu porque existe uma pequena escultura romana dela no Museu Nacional de Nápoles, ela estava retratada também em um mural em Pompéia e tem sido artisticamente representada em muitos lugares e épocas. Esses retratos não são imagens artísticas de alguma coisa que nunca existiu, eles são

Afrodite - Museu de Munique Terracota do Séc. III a. C.

expressões materiais de algo muito real, mas algo que precisou ser criado, pelo menos fisicamente, aos olhos dos observadores.

Muitas dessas formas artísticas mostram um aspecto triplo do Deus e da Deusa que eles representam. Um ótimo exemplo é a escultura da cabeça tripla de Cernunnos, do Museu Beaune.

Triplo, dual e outros aspectos combinados de deidades tem sido conhecido da literatura, arte e estudantes de religiões comparadas por muito tempo.

Havia, e há, muitas tríades, a maioria delas muito anteriores às

representações cristãs do Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Algumas dessas tríades são compostas por três divindades diferentes estando unidas numa trindade comum de culto.

Um exemplo disso é a tríade de Vrahmin, Vishnu e Shiva, respectivamente o criador, preservador e (de acordo com alguns autores) o destruidor da vida e da matéria. Eu sinto que a expressão “o que muda” deveria ser substituída por destruidor. Todo tipo de interpretação pode ser, e tem sido colocado sobre várias trindades de diferentes religiões. Esses argumentos fornecem combustível suficiente para muitas páginas de debates inúteis.

Mas tudo o que me interessa aqui, são os aspectos triplos da Deusa dos Bruxos, e para mim são absolutamente corretos; eu não espero que sejam igualmente certos para outros. Poderiam estar errados. Eu simplesmente pretendo fazer as pessoas pensarem, construtivamente se possível, e talvez ao mesmo tempo ajudar os que não conhecem a Deusa a entenderem um pouco da sua natureza.

A tríade da Deusa a qual me refiro pode ser mais bem compreendida pelas palavras AMOR, MORTE e RENASCIMENTO. Observe que o ciclo se inicia com o amor, e não com o nascimento. Começar tal ciclo triplo com nascimento é inútil, do mesmo modo que a ideia completa poderia terminar com a morte, como é em praticamente todas as religiões, especialmente entre os Wicans, para os quais a reencarnação é a doutrina básica

Primeiro de tudo, vamos considerar cada um dos três aspectos da Deusa separadamente, começando com o Amor. A palavra amor tem tido uma longa e variada carreira filológica, e normalmente termina significando o que qualquer pessoa queira que signifique

Para mim o amor da Deusa não é definitivamente o amor romântico dos poetas, o choroso, doloroso e insatisfeito amor. O aspecto amor da Deusa é vivo, iminente e gratificante. Isso poderia dizer muito para aqueles que podem compreender o que o verdadeiro conceito de fertilidade significava para os seus seguidores no passado. Quando as pessoas eram poucas e a mortalidade um alto índice, a reprodução era uma necessidade muito urgente. O amor da Deusa encorajava isso.

Eu creio que isso é compreendido melhor através das palavras de Robert Herrick em seu poema “Corinna’s Going – A – Maying”:

“Whereas a thousand virgins on this day Spring sooner than the lark to fetch in May” e ainda:

“And sin no more as we have done by staying, But, my Corinna, come let’s go a Maying”.

As duas últimas linhas citadas também ajudam a enfatizar outro ponto importante do amor da Deusa, que está além da mortalidade. Para qualquer leitor que estiver apto a contestar, eu sinto que deveria incluir que isso é uma simples afirmação com um significado simples.

A parte seguinte do aspecto triplo é a Morte. Uma vez que a natural abominação da morte domina o pensamento, isso será visto por qualquer um que siga os caminhos dos Wicans, como uma parte necessária do ciclo. Para renascer, você deve morrer, para morrer você deve renascer.

O aspecto de morte é provavelmente o mais amplamente conhecido e, o normalmente mais mal interpretado da Deusa.

É um terreno um pouco mais firme, o exemplo da horrível velha anciã numa vassoura, que gerações usaram para amedrontar crianças, junto com fantasmas e tal. Mas a verdadeira imagem não é assustadora, pelo contrário, é reconfortante. As representações físicas verdadeiras dão pouco consolo, a anciã e a poderosa Deusa indefectível da morte repentina, a Ártemis grega. Mas como poderia tal imagem ser mostrada?

É importante o significado de que na morte, nós retornamos para a Deusa, para descanso e repouso (do tipo espiritual) antes de iniciar nossa próxima jornada. Se ao invés de uma velha figura murcha nós imaginarmos uma velha mulher sábia, além da morte e do tempo, sempre pronta para tomar aquilo que deve ser dado, eu acredito que a ideia é um pouco simplificada.

Sem conhecermos a Deusa da morte, nós nunca conheceremos a Deusa da vida. O aspecto final da tríade é o Renascimento. Esse é talvez o mais fácil de compreender, como a Grande Mãe Universal que é mencionada aqui.

Tiziano, Allegoria della Morte, dell’Amore e della Fortuna, 1520, dipinto su tela, National Gallery of Art, Washington

Muitas pessoas reconhecem Sua presença de um modo maior ou menor sob a denominação de Mãe natureza. Ela é o ideal de fertilidade em todas as coisas, homens, animais e colheitas.

Ela tem sido cultuada desde os primeiros tempos. Uma das melhores, e para mim, uma das mais belas representações Dela veio do período áureo da era Paleolítica. Trata-se simplesmente de uma pequena estatueta em forma de mulher com os detalhes de uma descuidada nudez. O artista, contudo, retratou as proporções dos seios, ventre e quadris, muito exageradas, sugerindo uma mulher em adiantado estado de gravidez.

De um período tardio existe uma estátua de Ártemis de Éfeso, aqui a Deusa está nua da cintura para cima, com proporções normais, exceto que Ela é retratada com numerosos seios enfileirados sobre o peito. É também importante observar que Seu vestido, ombros e penteado estão cobertos por minúsculas figuras que precisam de Sua fertilidade para existir.

IMG. século XVI. Parmigianino

Ela é a Mãe Poderosa, a doadora de toda fecundidade que era antigamente evocada pelas flores dos campos e pela própria vida. Sem Ela não existe nada. Seus desejos eram respeitados, e Seu culto nunca esquecido. É devido ao crescimento do culto da Mãe que a religião matriarcal da bruxaria se desenvolveu.

Agora que a tríade da Deusa foi dissecada, alguns estão pulando para perguntar como eles estão conectados com esse ser místico, a Deusa. Isso ainda é um assunto para a mente individual. Pode ajudar, contudo, se eu mencionar o antigo costume da morte do Rei Divino. Era um hábito matar o Rei de um povo para apaziguar a Deusa e para assegurar fertilidade e paz entre seus praticantes. Isso pode parecer um exemplo peculiar para retratar a Deusa como uma, ainda que em toda parte, até isso ser examinado mais de perto. Os Reis reinavam por algum tempo, algumas vezes por um ano, ou sete anos, ou até o próximo Rei derrotá-los e matá-los. Como J.G. Frazer indica, os costumes variam levemente de lugar para lugar.

Quase sem exceção o Rei, durante seu tempo de vida, desfrutava dos prazeres físicos da Rainha, que era freqüentemente a Alta Sacerdotisa. Isso também acontecia quando Reis substitutos eram usados, para salvar o Rei verdadeiro; eles também eram beneficiados com os favores da Rainha. Assim, o Rei formava uma união simbólica com a Rainha, que era a representação viva da

Deusa do Amor. Após esse ato o Rei era mandado de volta, através dos braços de Black Annis, a Deusa da morte, para renascer novamente da Grande Mãe, a Deusa da vida. Ao mesmo tempo o próprio Rei também participa do ritual de fertilidade sendo sacrificado por causa das colheitas, gado e crianças. Eu espero que eu tenha, de algum modo, explicado algo da deusa dos Wicans. Ninguém nunca pode explicar tudo, e o melhor lugar para olhar para a Deusa é em sua própria mente.

“Aqui estão as palavras da deusa Estrela. Ela, em cuja poeira dos pés estão as hostes do céu e cujo corpo envolve o Universo.”

(Texto encontrado entre os papéis de Gardner que tinham sido comprados pelos Ripley do Museu de Bruxaria da Ilha de Man)

A Trindade da Deusa, por Gerald Gardner; Traduzido por Mario Martinez

OS MISTÉRIO LAMMAS

"O ano é um círcu volta do Mundo"

Mircea Eliade

"O Sagrado e o Prof

"A significação profu todos esses fatos par a seguinte: para o religioso das c arcaicas, o Mundo se anualmente, i reencontra a cada no a santidade origin como quando sai mãos do Criador.

Este simbolismo está claramente indicado na estrutura arquitetônica dos santuários. Visto que o Templo é, ao mesmo tempo, o lugar santo por excelência e a imagem do Mundo, ele santifica o Cosmos como um todo e também a vida cósmica. Ora, a vida cósmica era imaginada sob a forma de uma trajetória circular e identificava-se com o Ano. O Ano era um círculo fechado, tinha um começo e um fim, mas possuía também a particularidade de poder “renascer” sob a forma de um Ano Novo.

A cada Ano Novo, um Tempo “novo”, “puro” e “santo” – porque ainda não usado – vinha à existência.

Mas o Tempo renascia, recomeçava, porque, a cada Novo Ano, o Mundo era criado novamente".

Para nós, a Roda do Ano é exatamente isso: um ciclo ininterrupto de Vida, Morte e Renascimento. Ela nos mostra claramente que tudo que nasce também deve morrer e que a Vida e a Morte caminham lado a lado de mãos dadas.

Se levarmos em consideração que temos uma Metade da Roda com fluxos de crescimento e expansão (a Metade Clara da Roda; o Ano Crescente) e uma Metade com fluxos de declínio e retração (a Metade Escura; o Ano Decrescente), temos como marcos divisores o auge do Verão (Litha, o Solstício de Verão) e o auge do Inverno (Yule, o Solstício de Inverno). Para os nossos antepassados, que dependiam do clima e da fertilidade dos campos e dos animais para a sua sobrevivência, o ano "nascia" após o Inverno. Portanto, podemos dizer que a Primavera é um período de renascimento da Natureza e de renovação da Vida.

Eliade comenta: "É o Mito que revela como uma realidade veio à existência".

Através dos Ritos e Mistérios de Elêusis, mais precisamente o Mito de Deméter e Perséfone, podemos perceber a importância das mudanças sazonais para o homem. Vejam: "Perséfone, a filha da terra que tudo produz (Deméter), é a semente. A terra alegra-se com a visão das plantas e das flores, mas elas murcham e secam, e a semente desaparece rapidamente da face da terra quando é espalhada no solo. O temido monarca do Submundo tomou posse dela.

Em vão a mãe procura por sua filha, toda a Natureza se entristece por sua perda e tudo sofre com ela. Mas secreta e invisivelmente, a semente desenvolve-se no regaço da terra, e, finalmente, ela desabrocha: o que estava morto agora vive; a terra, toda enfeitada com verde frescor, alegra-se com a recuperação de sua filha há muito perdida, e tudo compartilha desta alegria".

Destaque para este importante trecho: "A terra alegra-se com a visão das plantas e das flores, mas elas murcham e secam, e a SEMENTE DESAPARECE rapidamente da face da terra quando é espalhada no solo. O temido monarca do Submundo tomou posse dela". - isso nada mais é do que o "Rapto de Perséfone"!

A semente, na escuridão do interior da terra, passa por um processo de apodrecimento da

frente (o sacrifício) até, finalmente, alcançar a luz e se transformar em uma nova planta. Assim, temos a analogia da semente e do Caminho Iniciático - lembrando sempre que Iniciação é Morte e Renascimento; é a morte do velho para dar lugar ao novo. Em "O Ramo de Ouro", Sir James George Frazer comenta sobre o Mito de Deméter e Perséfone:

"No hino homérico à Deméter, as figuras das duas Deusas, a mãe e a filha, resolvem-se em personificações do cereal. Perséfone, a Deusa que passa três ou, segundo outra versão do mito, seis meses de cada ano com os mortos, no reino subterrâneo, e o restante do ano com os vivos, na superfície; em cuja ausência as sementes da cevada se ocultam na terra e os campos jazem nus e sem vida; a cujo retorno ao mundo superior, na Primavera, os cereais brotam da terra, que se torna pejada de folhas e flores — essa Deusa não pode ser, certamente, senão uma personificação mítica da vegetação, e particularmente dos grãos, que permanecem enterrados no solo durante alguns meses de cada inverno e que voltam novamente à vida, como se retornassem do

túmulo, nas hastes que despontam, nas flores e folhas que se abrem a cada Primavera.

E se a Deusa-filha era uma personificação do grão jovem do ano, a Deusa-mãe bem pode ser considerada como uma personificação do grão do ano passado, que deu origem às novas plantações".

Intimamente associado à analogia da semente, temos o tema do sacrifício. A semente para evoluir e se transformar em uma nova planta, ela precisa renunciar ao conforto e à proteção do interior da semente. Ela precisa romper a casca e se sacrificar ao ponto

de enfrentar os obstáculos e imprevistos do novo caminho.

E, somente assim, após a renúncia, a abertura para uma nova vida e o sacrifício, ela "renasce" em uma nova planta. Ela precisará descer ao Submundo, passar por todos os percalços necessários para depois emergir em uma nova vida. Quando Perséfone está ausente e vai ao Submundo (ao interior da terra), a Natureza "morre" e chora junto com Deméter (é o tempo do declínio das forças naturais; é o Inverno; é o momento de hibernação e descanso da Natureza). Mas quando Perséfone retorna ao Mundo dos vivos, Deméter se alegra e a Natureza festeja presenteando a todos com o Renascimento da Vida (é a Primavera; o momento do Renascimento e crescimento das forças naturais).

E, assim como Perséfone e a semente, é em Lammas que

túmulo, nas hastes que despontam, nas flores e folhas que se abrem a cada Primavera. E se a Deusa-filha era uma personificação do grão jovem do ano, a Deusa-mãe bem pode ser considerada como uma personificação do grão do ano passado, que deu origem às novas plantações".

Intimamente associado à analogia da semente, temos o tema do sacrifítemos o sacrifício do Deus de Chifres. Após a sua entrega, a sua renúncia e a perda de suas forças, Ele inicia a sua jornada ao Submundo. É a necessária Morte em prol de uma nova vida. É destruição e renovação. É descer e despencar na escuridão para depois iniciar sua escalada rumo à luz (a uma nova vida).

Em "O Ramo de Ouro", pág.152, Frazer comenta:

"A grega Deméter seria, então, a colheita madura do ano; Perséfone seria a semente tomada a essa colheita e semeada no Outono para reaparecer na Primavera. A descida de Perséfone ao Mundo Inferior seria, dessa forma, uma expressão mítica da semeadura, e o seu reaparecimento na Primavera significaria o despontar do cereal novo. Assim, a Perséfone de um ano se transforma na Deméter do ano seguinte, e essa bem pode ter sido a forma original do mito".

É um eterno ciclo de Vida, Morte e Renascimento muito bem exemplificado através do Mito da Descida de Perséfone ao Submundo.

Na gravura "A Virgem dos Grãos - o mundo dos vivos e as plantações à superfície da terra e o mundo dos mortos e das sementes sob a terra adormecidas: Perséfone e Plutão, como Deuses do Mundo Inferior e das plantações.

Museo Reggio, Itália".

Muito semelhante ao que acontece em Lammas com o Deus de Chifres. É nesse momento que Ele assume seu aspecto como o Deus-Cereal - o ciclo onde Ele é o Poder latente da semente que rompe a casca, alcança a superfície e se torna uma nova planta dando novos frutos/grãos. Desses novos frutos/grãos que serão consumidos, algumas sementes serão separadas e plantadas no momento certo; as sementes serão impregnadas pelo poder fertilizador do Sol, e assim por diante.

UM GRUPO ESPIRITUA UM

COVEN DE BRUXA

"É de conhecimento geral que quase todas as comunidades religiosas ou espirituais estão tendo dificuldades pela redução expressiva de pessoas interessadas em estar presentes nos grupos espirituais ou escolas religiosas. Entender o motivo em que as pessoas rejeitam é importante para que possamos compreender de fato esse movimento atual dentro de qualquer escola ou grupo.

As liberdades pessoais foram aspectos garantidos por uma espécie de segurança social, hoje as pessoas têm direitos que eram repreendidos a décadas ou séculos atrás, vejamos por exemplo a época em que as mulheres dependiam necessariamente da aprovação do marido, do pai ou do irmão para poder executar algumas tarefas. A mudança desse cenário para hoje, de forma geral e em todas as classes e tipos, é interessante para uma experiência de uma individualidade e conquista, mas fica evidente que o coletivo pode não ser

considerado a partir que o individuo está propenso a atividades individualistas, até mesmo egoístas e solitárias. Além do fato de que as pessoas estão cada vez mais rejeitando visões ultrapassadas de comunidades religiosas ou de autoridades espirituais, sem ao menos compreender o sentido original disso. Entre outros motivos também temos de lembrar que há algumas décadas atrás, os grupos eram quase que desconhecidos e pouco acessíveis, existia um rigor de segredo pela segurança do grupo e de seus membros, diferente de hoje que até mesmo pela internet os grupos podem ser encontrados e o acesso às pessoas envolvidas é um pouco mais fácil, apesar que mesmo pela cortina de preconceito ainda existente na comunidade atual para a bruxaria ainda não é tão fácil assim encontrar grupos com trabalho efetivo, tradicional e consolidado. Se olharmos ao nosso redor, podemos ver uma crescente interesse virtual em outras religiões e

ensinamentos mais acessíveis como a Umbanda, Candomblé e escolas Gnósticas, o que não é garantia necessariamente da consolidação do trabalho em grupo.

Existia sim um monopólio de grupo religioso, poderíamos dizer que era do catolicismo, mas a Era da Informação colaborou com descentralização desse conhecimento, em tese. Isso porque mesmo na igreja católica, é na escola sacerdotal que está integrada entre seu corpo de pessoas como um grupo trabalho e conhecimento, e vendo assim podemos considerar, nesses fragmentos, mera semelhança com a bruxaria que é uma escola onde todos envolvidos são integralmente Sacerdotes em escalas de ascensão, compromissos e dedicação.

Temos de considerar que atualmente o número crescente de páginas, sites ou informações religiosas na internet, por outro lado, pode confundir o pretencioso adepto, devido a miscelânea de assuntos que lhe é apresentada, e a presença de inúmeras opções religiosas podem levar a uma indecisão e até mesmo a desestimular o indivíduo

ou na tentativa de adquirir conhecimento instantâneo do conhecimento de que elas precisam para elas mesmas e do que elas precisam o que leva uma perca significativa da necessidade de um grupo.

Neste último caso, temos de levar em conta o sujeito que está “cru”, que pode ter tido um princípio de consciência para a busca espiritual.

Então devemos levar a compreensão da real importância de um grupo espiritual nos dias atuais. Precisamos descobrir o sentido de significação e potencialidade do trabalho em grupo, livre de supostas crenças, especulações e imaginações empregadas. A base comum mais profunda de um grupo está na simplicidade do conhecimento da essência comum observável por aspectos empíricos. Entender uma mente solitária sem espelhos é uma tarefa quase que impossível, estar livre de qualquer ponto de vista construído pela lógica ou pelos aspectos sociais não permitem compreender sem contradições ou a ouvir as mensagens atribuídas pela própria natureza universal. O universo não está sozinho, existem milhões de estrelas, planetas e outros organismos integrantes, desde um micro ao macro sistema, que interdependem das suas conexões e atributos. As expressões em um movimento holístico e indivisível, em um corpo receptivo, ressoam e trazem a manifestação da energia criativa que pode agir em diversos níveis. Afinal é a partir da consciência da necessidade espiritual que traz a manifestação da transmutação do indivíduo, é a partir daí que seus olhos e ouvidos são abertos para o seu

interior e seu florescimento em diversos níveis sagrados que expressam sua condição humana. Nessas etapas onde há pura clareza no sentimento, vontade inquebrável e a transformação afloram e percebe-se que não se pode ser mais como se antes e que o futuro é totalmente desconhecido, tendo no presente a sabedoria de nada saber.

O trabalho em grupo busca a percepção sobre o presente, o individual se torna coletivo, abrindo espaço para o movimento e revelações, para expansão da consciência, sendo ela mais profunda e ampla. “Para aqueles que tentam compreender e procuram o eterno, sem começo e sem fim, estarão em maior intensidade quando em grupo com imenso potencial de quebrar toda irrealidade e sombras. E irão se reunir, tornar-se a chama,

porque compreendem” (Jiddu Krishnamurti, 1929, Truth is a pathless land).

Uma série de indivíduos que estão em estreita relação e tiveram o chamado, o despertar para a vida espiritual, e podem confiar uns nos outros podem criar uma mente única a parte de todo conjunto de indivíduos. Ou seja, uma só consciência em ação, muito além da potencialidade de um único indivíduo.

O grupo não tem pretensão de explicar tudo para os que estão “de fora”, mas de questionar as limitações que o conhecimento traz, evitando as narrativas pessoais que podem persistir e até se tornar obstáculos. Um grupo é um ponto focal para contínua renovação espiritual.

Um coven, é denominado um grupo de bruxas que geralmente atingem no máximo 13 pessoas. A bruxaria tradicional conhecida como Wica traz aspectos ligados a ancestralidade e hereditariedade, onde apenas um homem pode iniciar uma mulher e uma mulher pode iniciar um homem, em seguida é oferecido um treinamento tradicional fiel aos ensinamentos e legado de Gerald Gardner.

Foi atribuído a esse homem, Gerald Gardner, certo título como o fundador da Arte ou fundador da Wica. Entretanto podemos dizer que é o responsável por difundir os conhecimentos da bruxaria, e criar vários covens com intuito de manter a Arte Viva na contemporaneidade. Muitos o chamam como o "Pai da Wica".

A Wica é estruturada sob os fundamentos de sua teologia e liturgia própria. O Coven é um grupo de pessoas com interesse comum em servir aos Deuses (Deus e Deusa) através do Sacerdócio na religião duoteísta. No caminho de aprendizado o autoconhecimento e a evolução espiritual estão intimamente ligados com os aspectos do ofício sacerdotal.

O coven deve ser seguro e confiável, e não há nenhum tipo de cobrança financeira ou favores, nem cursos e nem palestras que possam valer algum valor financeiro, porque na verdade acreditase que esse conhecimento é sagrado, e vale muito mais do que qualquer um possa pagar.

Podemos concluir que precisamos buscar compreender a importância de um grupo espiritual, mesmo estando em um mundo, como atualmente, que é individualista e separatista e que impõe outras prioridades sob nós, e que as vezes nem percebemos como irreais e superficiais. Precisamos buscar respostas, ingressar naquilo que acreditamos ser verdadeiro para nós, e nos ligar ao outro, a um grupo, permite que nossa percepção seja potencializada

Na bruxaria tradicional não é diferente, é uma religião

muitas vezes de acesso mais difícil, mas para aquele que acredita que é o seu caminho: deverá então buscar o acesso de todo coração e alma.

O TRA DE LA

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