Revista Vox Objetiva n°08

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Mas certamente não é a imagem do galã que seduz e se casa com uma mulher 30 anos mais jovem que a Vale está interessada. O que está em jogo é o impacto que ele é capaz de causar entre os mais diversos públicos. Não é à toa que ele se tornou hit entre os jovens, inclusive do sexo masculino, no microblog da Internet Twitter. Zé Mayer se tornou em poucos dias a segunda expressão mais digitada no site em todo o mundo! No dia do terceiro capítulo de “Viver a Vida”, variações do seu nome apareceram em segundo e quinto lugar do Trending Topics (o ranking de aparições) do Twitter; ficando atrás somente do aniversário de 17 anos do cantor americano Nick Jonas, cantor da banda de rock Jonas Brothers. Nada mal para um senhor de 60 anos do interior de Minas Gerais.

VOX: Nem todos sabem ou pouco se comenta, mas a sua carreira começou no Teatro ainda em Minas Gerais, conte como foi essa iniciação profissional. MAYER: De 1968 a 1971, enquanto estudava na Fafi (Faculdade de Filosofia de Minas Gerais) e me formava em Letras, fiz muitos trabalhos interessantes como ator e, sem me fixar em nenhum grupo, trabalhei com grandes encenadores como Ronaldo Brandão, Jota Dângelo, Paulo Cézar Bicalho e outros mais. A partir de 1972, abandonei o trabalho paralelo como professor, assumi a direção do pequeno Teatro Senac da Rua Tupinambás, em Belo Horizonte, e desenvolvi ali, cheio de energia e de vigor, um trabalho de produção de 11 espetáculos que foram a forja da minha formação. VOX: E foi a partir da administração do teatro do Senac de BH, que você começou a se sustentar da carreira artística e não parou nunca mais? MAYER: Sim. Ali eu mesmo criei as condições pra realizar um trabalho contínuo e com ampla liberdade na escolha dos autores e diretores. Dos 11 trabalhos, 10 foram de autores nacionais. Alcione Araújo foi meu parceiro mais frequente. VOX: O que levou o filho de um enfermeiro com uma cabeleireira, de Jaraguaçu, interior de Minas Gerais, a se mudar para o Rio de Janeiro para arriscar a sorte na carreira artística? MAYER: Talvez o encantamento com a arte barroca de Congonhas (do Campo,

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“Essa longevidade

da minha função romântica na tevê surpreende até a mim mesmo. Daqui a pouco passo a fazer padre, juiz ou avô. (Risos)”

onde Mayer morou na juventude). VOX: No início da carreira você sofreu preconceitos por sua “mineirice”? MAYER: Não, nunca. Mineiros são paparicados e respeitados no Brasil inteiro. VOX: Seu primeiro contrato na TV Globo foi como dublador do Burro Falante, do Sítio do Pica-pau Amarelo. Nessa época você já não tinha mais sotaque? (Risos) Fez outras dublagens na carreira? MAYER: Nunca tive sotaque carregado. O Teatro nos treina para uma fala mais neutra. Não gosto de dublar. Tive que fazer no início da carreira porque a necessidade faz o sapo pular. VOX: Na tevê você interpretou muitas figuras dramáticas fortes, como cinco papéis do dramaturgo Nelson Rodrigues, na adaptação para a televisão de “A Vida Como Ela É”, além, é claro, de seis protagonistas de Manoel Carlos. Qual dessas personagens foi o mais importante para você? MAYER: No “Pagador de Promessas”, de Dias Gomes, eu tive a minha oportunidade decisiva. Mas o personagem que eu mais gostei de fazer foi o Comissário Mattos, em “Agosto”. VOX: E no Cinema. Depois de Bufo & Spallanzani, de 2001, você ficou oito anos longe da “telona”, mas em 2009 reapareceu em Divã. Retomou o gostinho pela sétima arte? MAYER: Foi muito divertido filmar o “Divã”. Pena que a produção de filmes no Brasil seja tão irregular e inconstante.

Vox Objetiva

23/12/2009 12:58:28


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