BUSCA POR PADRÕES SILÁBICOS NÃO MARCADOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO - UMA ANÁLISE BASEADA EM RESTRIÇÕES

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RUBENS MARQUES DE LUCENA

BUSCA POR PADRÕES SILÁBICOS NÃO MARCADOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM BASEADA EM RESTRIÇÕES

Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Lingüística. Curso de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal da Paraíba. Orientador: Prof. Dr. Dermeval da Hora.

JOÃO PESSOA 2007


RUBENS MARQUES DE LUCENA

BUSCA POR PADRÕES SILÁBICOS NÃO MARCADOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM BASEADA EM RESTRIÇÕES

Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Lingüística. Curso de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal da Paraíba. Orientador: Prof. Dr. Dermeval da Hora.

JOÃO PESSOA 2007


RUBENS MARQUES DE LUCENA

BUSCA POR PADRÕES SILÁBICOS NÃO MARCADOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM BASEADA EM RESTRIÇÕES

Tese de doutorado aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Lingüística no Curso de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal da Paraíba, pela Comissão formada pelos professores:

Orientador:

Prof. Dr. Dermeval da Hora Universidade Federal da Paraíba

Membros:

Profa. Dra. Gisela Collischonn Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Profa. Dra. Maria Elizabeth Affonso Christiano Universidade Federal da Paraíba Profa. Dra. Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante Universidade Federal da Paraíba Prof. Dr. Walcir Cardoso Concordia University of Canada

João Pessoa, 30 de abril de 2007


AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, antes de mais nada, ao meu orientador, Prof. Dr. Dermeval da Hora, não apenas pela orientação paciente e dedicada, mas por incentivar, incansavelmente, minha carreira acadêmica, nos quase oito anos ininterruptos sob sua orientação como bolsista de iniciação científica e aluno de Mestrado e Doutorado. É impossível pormenorizar aqui os detalhes de sua ajuda no caminho que trilhei para culminar nesta tese de doutoramento. Agradeço imensamente, também, sua prontidão em emprestar-me seus livros e textos pessoais e sua gentileza em me liberar, durante um período do curso deste doutorado, para obrigações acadêmicas junto à Universidade de Salamanca. Por fim, não posso deixar de mencionar o quanto admiro a obstinação e o espírito empreendedor com que conduz todos os atos de sua vida.

À Profa. Dra. Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante e à Profa. Dra. Maria Elizabeth Affonso Christiano, pelas valiosas contribuições, por ocasião do exame de qualificação desta tese.

À Profa. Dra. Thaïs Cristófaro Silva e ao Prof. Dr. Walcir Cardoso, pelas sugestões para melhoria deste trabalho.

À Profa. Dra. Elisa Battisti, por ter tido a paciência de ler os originais e pelas preciosas observações.


À Profa. Dra. Otília Maia (in memoriam), pelos primeiros incentivos acadêmicos.

Ao Prof. Dr. José Javier Laso Pérez, por entender meus prazos e obrigações junto ao Programa de Pós-Graduação em Lingüística e pela paciência com que trata minhas limitações de tempo.

À Universidade Federal da Paraíba, em especial ao Programa de PósGraduação em Lingüística, pelas facilidades que me foram oferecidas.

Aos funcionários do PROLING e do VALPB, em especial a Veralucia Lima da Silva e Maria Aparecida Silva, pela costumaz gentileza com que me tratam.

À Universidade Estadual da Paraíba, em especial à Diretora do Centro de Humanidades, Profa. Dra. Joedna Reis de Meneses, e à Chefe do Departamento de Letras e Educação, Profa. Dra. Rosilda Alves Bezerra, pelo pronto atendimento ao meu pedido de redução de carga horária, durante os últimos meses de minha pesquisa.

Aos meus colegas do curso de Doutorado em Lingüística, em especial a Julienne Pedrosa, Eliza Batista, André Pedro Silva e Débora Neves, pelas construtivas discussões sobre Fonologia.

À minha família e meus amigos, pelo apoio e incentivo constantes.

Apesar de receber sugestões e contribuições de várias pessoas, todas as falhas e inconsistências apresentadas aqui são de minha autoria.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 6 Introdução ........................................................................................................... 6 A conspiração ..................................................................................................... 7 A sílaba .............................................................................................................. 12 2 O PADRÃO SILÁBICO NAS LÍNGUAS ROMÂNICAS ......................... 21 Introdução ......................................................................................................... 21 Breve histórico das línguas românicas ......................................................... 22 O francês ............................................................................................................ 26 O castelhano ..................................................................................................... 32 O catalão ............................................................................................................ 36 O italiano ........................................................................................................... 44 O romeno ............................................................................................................ 47 O português ...................................................................................................... 52 3 TEORIA DA OTIMALIDADE ..................................................................... 53 Introdução e contexto da TO .......................................................................... 53 Arquitetura básica da TO ................................................................................ 63


Propriedades do modelo da TO ................................................................... 73 Procedimentos de análise na TO................................................................... 76 Restrições utilizadas ....................................................................................... 80 Vantagens e limitações ................................................................................... 84 4 EVIDÊNCIAS DIACRÔNICAS DA CONSPIRAÇÃO ........................... 86 Introdução ........................................................................................................ 86 Desaparecimento de consoantes geminadas .............................................. 88 Maior restrição à coda silábica ...................................................................... 103 Redução de grupos consonantais ................................................................. 111 Conclusão ......................................................................................................... 118 5 EVIDÊNCIAS SINCRÔNICAS DA CONSPIRAÇÃO ............................ 120 Introdução ........................................................................................................ 120 Redução dos ditongos nasais átonos ............................................................ 121 Monotongação de ditongos decrescentes orais .......................................... 138 Apagamento da vibrante pós-vocálica em posição de coda ..................... 145 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 150 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 156


RESUMO

Um problema que a fonologia gerativa clássica nunca foi capaz de resolver de forma satisfatória diz respeito à tendência de fenômenos aparentemente distintos conspirarem em busca de uma direção ou objetivo comum. No caso da Língua Portuguesa falada no Brasil, parece possível propor a existência de uma conspiração (KISSEBERTH, 1970) de determinados fenômenos nesta língua (nomeadamente a queda das geminadas, maior restrição à coda silábica, simplificação de grupos consonantais, a redução dos ditongos nasais átonos, a monotongação e o apagamento da vibrante em posição de coda) na direção de padrões silábicos não marcados. Esta hipótese torna-se viável, nesta tese, ao se lançar mão da Teoria da Otimalidade (PRINCE & SMOLENSKY, 1993; McCARTHY & PRINCE, 1993, 1995), tomando por base a hipótese de que as mudanças históricas são vistas como uma modificação na hierarquia de restrições. Observou-se que, em todos os fenômenos analisados, houve uma demoção da restrição de fidelidade MAX-IO na hierarquia de restrições, ocasionando uma reestruturação da língua e simplificando certas estruturas silábicas.


ABSTRACT

Standard generative phonology has never been able to solve, in a satisfactory way, problems concerning the tendency of apparently distinct phenomena to conspire towards a common goal or direction. As for Brazilian Portuguese, it seems plausible to propose the existence of a conspiracy (KISSEBERTH, 1970) of some phenomena (namely the deletion of geminates, coda restriction, cluster simplification, reduction of unstressed nasal diphthongs, monothongation and deletion of vibrants in coda position) towards unmarked syllable patterns. This hypothesis can be raised, in this thesis, if Optimality Theory is taken into account (PRINCE & SMOLENSKY, 1993; McCARTHY & PRINCE, 1993, 1995), assuming that historical changes are seen as a re-ranking of constrains. It has been observed that, throughout the analyzed phenomena, there has been a demotion of MAX-IO, a faithfullness constraint, causing a re-arranging of the language and, as a result, the simplification of certain syllable structures.


RÉSUMÉ

La théorie générative classique n’a jamais réussi à expliquer, de manière satisfaisante, les problèmes concernant la tendance de certains phénomènes apparemmment distincts à conspirer vers une direction ou objectif commun. En ce qui concerne le portugais brésilien, il paraît possible de proposer l’existence d’une conspiration (KISSEBERTH, 1970) de certains phénomènes (surtout la suppression des géminées, la restriction des codas, la simplification des groupes consonantiques, la réduction des diphtongues nasales atones, la réduction des diphtongues orales et la suppression des vibrantes en position de coda) vers structures syllabiques non marquées. Cette hypothèse peut être levée, dans ce travail, si la Théorie de l’Optimalité est considerée (PRINCE & SMOLENSKY, 1993; McCARTHY & PRINCE, 1993, 1995), et si on accepte que les changements historiques sont le résultat d’une réhiérarchisation des contraintes. Il a été constaté, à travers les phénomènes analysés, la démotion de MAX-IO, une contrainte de fidélité, qui produit un réarrangement de la langue et, par conséquence, la simplification de certaines structures syllabiques.



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