Revista do Vasco

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Novembro/Dezembro | No 02 | Ano 2012

VASCO Revista Oficial

Jogo aberto

com Desirée Oliveira

Marlone, Jhon Cley, Romário e Luan

As novas joias da Colina

Edmundo

Vascaíno desde sempre


INTELIGENTE. ELEGANTE. VERSÁTIL.

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Sou presidente de um clube que ostenta o nome de um herói. E Vasco da Gama, o navegador, é a inspiração e a certeza de vitória que carrego dentro do meu coração.

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Conversa de amigo A

migo vascaíno, outro dia, olhando o mar num dia de ressaca, fiquei pensando na vida do navegador português que empresta seu nome ao nosso glorioso clube. Quantas dificuldades e perigos o almirante Vasco da Gama enfrentou em suas jornadas pelos oceanos, a bordo de caravelas de madeira que deviam parecer cascas de nozes em dias de fúria da natureza. Vasco da Gama não tinha medo de enfrentar desafios, por mais difíceis que fossem. Seu ímpeto, coragem, poder de comando e autoridade o levavam sempre a um porto seguro. Naqueles minutos em que fiquei parado no engarrafamento perpétuo da Avenida Niemeyer, compensados pela paisagem deslumbrante do mar, voltei à realidade quando a buzina do carro de trás tocou para me alertar de que a pista já estava liberada. Sou presidente de um clube que ostenta o nome de um herói. E Vasco da Gama, o navegador, é a inspiração e a certeza de vitória que carrego dentro do meu coração. Tenho muito orgulho de estar no leme de uma instituição gloriosa, ao lado de pessoas que, assim como eu, amam o Clube de Regatas Vasco da Gama. Somos todos uma só tripulação. Eu, os dirigentes, os sócios, os torcedores e todos aqueles que admiram e reverenciam a História do nosso clube.

Por trás da tempestade, vislumbro a calmaria que há de vir como fruto dos nossos esforços em superar todos os desafios. O projeto de criação da Arena está na ordem do dia. São Januário será também o palco da modernidade necessária ao futuro que nos espera. Mais do que obras, no entanto, o que o Vasco da Gama precisa nesse momento é do ser humano. Nossa gestão é focada na ampliação do quadro social, cuja receita é fundamental para as contas do clube. E para que tenhamos uma equipe de futebol forte e competitiva, lutando por títulos em 2013, precisamos contar com uma base sólida de Sócios-Torcedores, uma modalidade de adesão ao clube que trará vantagens ao associado, como ingressos a preços menores, promoções para acompanhar o time onde ele estiver jogando, entre outros privilégios. 2012 foi um ano difícil. Mas nesse ano que se inicia, tenho certeza que será o começo de uma nova era. 2013 será o ano do resgate de nossas tradições de conquistas e vitórias. Que Vasco da Gama, o Almirante, seja a nossa inspiração e exemplo de superação. Um feliz Ano Novo a toda a nação vascaína. ROBERTO DINAMITE Presidente

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Club de Regatas Vasco da Gama Diretoria Administrativa Presidente

Conselho de Beneméritos Presidente

Carlos Roberto Dinamite de Oliveira

Eurico Angelo de Oliveira Miranda

1º Vice-Presidente

Vice-Presidente

Antonio Frutuoso Pires Peralta

2º Vice-Presidente

Silvio Aquiles Hildebrando Godói

Nelson Monteiro da Rocha

Conselho Editorial

Vice-Presidente do Departamento Jurídico Vice-Presidente do Departamento de Marketing

Carlos Roberto Dinamite de Oliveira, Eduardo Machado, Manuel Oliveira dos Santos Fernando Roscio de D’Ávila e João Ernesto da C. Ferreira

Vice-Presidente do Departamento de Futebol

Redação

Aníbal Rouxinol

Eduardo Machado

Carlos Roberto Dinamite de Oliveira

Vice-Presidente do Departamento de Patrimônio (Engenharia e Obras)

Responsáveis: Raquel Vieira e Marcelo Sadio e-mail: revistavasco@crvascodagama.com

Manuel O. dos Santos

Vice-Presidente do Departamento de Patrimônio (Pessoal e Operações) Manuel Barbosa

Vice-Presidente do Departamento de Finanças Nelson de Almeida

Vice-Presidente do Departamento de Desportes Náuticos Paulo César Mahomed Alli

Vice-Presidente do Departamento Médico Manoel Frederico Costa Soares Moutinho

Vice-Presidente de Infanto-Juvenil Tadeu Correia da Silva

Diretoria

Paulo Roberto Mesquita e Rebeca Borges

Vice-Presidente de Desportes Terrestres

Editora Responsável

Vice-Presidente de Desportes Aquáticos

Tereza Dalmacio | terezadalmacio@globo.com

Jorge Luiz Raggio Carneiro Salvador Velloso Perrella

Revisora

Ricardo Luis Murça Leon Haddad

Tatiana Lopes

Vice-Presidente de Desportes de Quadra e Salão Vice-Presidente do Departamento Social

Repórteres

Vice-Presidente do Departamento de Relações Especializadas

Cristiano Kubis, Leandro Lainetti, Ricardo Oliveira e Stephany Muzzi

Faues Cherene Jassus “Mussa”

João Ernesto da Costa Ferreira

Fotografia

Assembleia Geral

Caroline Coelho e Natália Moraes

Presidente

Olavo Egypdio Monteiro de Carvalho

Vice-Presidente

Antonio Gomes da Costa

Conselho Deliberativo Presidente

Designers Rachel Sartori e Riane Tovar

Estagiário Raphael Verçosa

Produção

Abílio Borges

Fabiane Motta

Roberto Monteiro Soares

Comercial

Vice-Presidente 1º Secretário

Antônio Carlos Pereira de Lemos Basto

2º Secretário

Claudio Marcelo Costa dos Santos

Conselho Fiscal Presidente

Hélio Cezar Donin

Membros Efetivos

Antônio Barrozo Filho e João Marcos G. de Amorim

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Daniel Brandão | daniel@utilcd.com.br

Marketing Janaína Garayoa

Avenida Armando Lombardi, 800, Sala 238 Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ CEP: 22640-906 21 3471-6799 | 7887-8284 Os textos veiculados são de total responsabilidade dos autores.


Sumário 12

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Contos da Colina

Edmundo, eterno apaixonado

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18

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Presidente da Light

Centro de memória

Novas joias da colina

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Desirée Oliveira

Vice-Presidente de Marketing

Novo centro de treinamento

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Conselheiro Arnaldo Gabriel

Marujo vascaíno VASCO DA GAMA | 7


Solidariedade, palavra de ordem A

Cidadania Vascaína soma com a comunidade. Em sua quarta edição, milhares de pessoas tiveram acesso a atividades pela saúde física e mental, obtenção de documentos e registros, educação e lazer. Gerar um pouco mais de qualidade de vida e promover a integração social são alguns dos compromissos do clube com o cidadão. Acompanhe esse momento de muita solidariedade.

CIDADANIA VASCAÍNA

Para a população que tem dificuldade de acesso à odontologia, o Presidente da ONG SOS Dental, Marcelo Schettini, trouxe a organização para fazer emergências odontológicas. Ele conta que, em uma ação social, sua equipe não apenas arranca dentes ou aplica flúor. “A gente faz restaurações, tratamentos de canal, tratamentos de gengiva; enfim, tudo o que um dentista faz em um consultório convencional, só que ao ar livre”, afirma.

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Marcio dos Santos é um torcedor que realmente veste o manto sagrado do Vasco. Ele é morador do bairro Santíssimo e foi ao evento para tirar a segunda via da sua identidade. “Essa oportunidade me facilitou bastante, porque eu estava tendo problema com a minha identidade anterior, já que, devido ao AVC que sofri, eu virei canhoto”, relata.

Na opinião de Edilina Cabral, que recebeu gratuitamente as vacinas antitetânica e contra Hepatite B, todas as atividades disponíveis foram de grande importância. Ela participou, junto com a COMLURB, para falar sobre limpeza urbana. Para Edilina, saúde é primordial para a sociedade, por isso não pode ser deixada de lado.


Walter da Silva aproveitou que a ONG SOS Dental estava no evento para fazer um tratamento dentário. Ele diz que a Cidadania Vascaína 2012 foi ótima para mostrar a todos o que pode ser feito pela população, e ainda não é feito. “Quem dera que, em todos os fins de semana, tivéssemos uma ação social desse tipo, para que a população de baixa renda pudesse ter a assistência desses profissionais maravilhosos”, declara.

Para os que buscavam uma oportunidade profissional, o ônibus da Caravana do Trabalho esteve presente no evento emitindo carteira de trabalho. Jéssica Barbosa disse que a possibilidade de tirar o documento foi muito boa, pois ela não estava tendo tempo nem condições de ir a um lugar mais distante. Marilene Pereira também estava na fila, aprovou o evento e trouxe sua neta, Rayssa.

O Vasco também colabora com o desenvolvimento sustentável. Em parceria com o Clube, o Disque Óleo montou uma barraca para que os visitantes, como Alaíde Cardoso (na foto), trocassem o óleo de cozinha por sabão. Maria da Silva, auxiliar de escritório do Disque Óleo, acredita que grande parte da população ainda não abriu a cabeça para a coleta seletiva e educação ambiental. Ela aconselha que, após fazerem fritura, as pessoas esfriem o óleo, coloquem-no em um recipiente e liguem para o Disque Óleo para trocá-lo por sabão.

A equipe do 1º Batalhão de Guardas compareceu pela primeira vez no evento. De acordo com o Tenente Gomes, sem dúvidas o espaço na Cidadania Vascaína serviu para demonstrar o que se faz internamente no Exército Brasileiro, e que pouca gente tem oportunidade de conhecer.

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O evento disponibilizou diversos tipos de esportes para as crianças praticarem. A organização ficou por conta do Coordenador de Esportes Olímpicos do Vasco da Gama, José Mauro Ribeiro, e da Coordenadora de Esportes Paralímpicos do Vasco da Gama, Livia Prates. José disse estar muito contente em apresentar os esportes para as crianças da comunidade, pois é assim que se descobre um novo talento. Para Lívia, a oportunidade foi fantástica para mostrar à sociedade que os portadores de deficiência também têm espaço no esporte.

Crianças aprenderam a praticar esgrima, que, apesar de ser um esporte pouco popular no Brasil, não ficou fora do evento.

Educadoras da Associação Brasileira de Odontologia do Rio de Janeiro (ABORJ) ensinaram as crianças a cuidar dos dentes.

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A Orquestra do 1º Batalhão de Guardas se apresentou e arrancou aplausos do público.

Os cães treinados do 1º Batalhão de Guardas deram um show para os visitantes.

A banda de samba da COMLURB animou a plateia e fez todo mundo dançar.

Sob a supervisão da proprietária do Instituto Embelleze de Campo Grande, Luciana Sampaio, e da cabeleireira Maria Rosimary, Josineide Ferreira pôde ter um dia de transformação geral no seu visual. Luciana declarou que contribuir para aumentar a autoestima da comunidade é um prazer. Para Josineide, que elogiou a iniciativa do evento, o resultado foi melhor do que o imaginado.

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Contos da Colina

11 ídolos do Vasco e sua ime

Esse é o título do livro lançado no início do ano que está mexendo com a e que bateu um papo com a nossa equipe e falou sobre essa grande paixão, es

V

ASCO: O livro é uma declaração de amor ao Vasco da Gama. Conte pra gente o que o leitor vai encontrar. LUIS MAFFEI: O Contos da Colina é da Editora Oficina Raquel, o prefácio foi feito por Sérgio Cabral, tem 12 contos sobre 11 ídolos, como Dinamite, Edmundo, Barbosa, Bellini, Sabará e Juninho Pernambucano, e ainda há um outro conto dedicado à torcida. É literatura de ficção, mas a partir de cada personagem escolhido, cada autor fez uma estória baseada em componentes da realidade, inserindo-os no enredo. Outra característica é que nessa obra a gente tenta resgatar o lado mítico do futebol, que se apagou com o passar dos anos. VASCO: A motivação para escrever foi a paixão pelo Clube ou há outros ingredientes nesse processo? LUIS MAFFEI: Eu já tinha feito um livro, cujos poemas são de todos os jogos da série B. Já o Contos da Colina surgiu de uma conversa com minha esposa, Raquel Menezes, aqui em São Januário, sobre esse amor que temos por essa camisa. E daí, foi colocar a mão na massa e começar o projeto. No primeiro momento, pensamos em fazer 11 contos com 11 escritores, mas percebemos que seria inviável. VASCO: Além de você, Nei Lopes e Mauricio Murad – duas feras superconhecidas – também participaram do livro. Como foi esse processo? LUIS MAFFEI: Muito bom. O Murad é um vascaíno conhecido e é meu amigo há bastante tempo. Como ele tem contato com o Nei Lopes, a ponte foi feita, e o trabalho aconteceu. O Nei é um dos maiores compositores da MPB, sambista reconhecido, ótimo escritor e um grande homem. Além disso, ele é o vascaíno mais antigo entre nós. E por isso, os quatro contos dele são de jogadores dos anos 50 para baixo. Já o Murad, também amigo, é um grande vascaíno, sociólogo, professor da UERJ, e os seus contos são apaixonantes. Seu livro mais recente é A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje.

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VASCO: Além de vascaíno apaixonado, você é também professor de literatura portuguesa. Esse conhecimento influenciou nos seus contos? LUIS MAFFEI: Bom, eu fiz uma fantasia em torno de Os Lusíadas (obra poética de Camões) e do Club de Regatas Vasco da Gama. Por exemplo, o meu conto sobre a torcida é uma grande fantasia camoniana, quer dizer, tem a influência dessa narrativa, de Luís de Camões, uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa, que viveu em Lisboa, de 1524 a 1580. VASCO: O livro é escrito por torcedores apaixonados para torcedores apaixonados ou para todos os amantes do futebol? LUIS MAFFEI: Na verdade, ele foi feito, sobretudo, para quem gosta de literatura. Então, qualquer torcedor, de qualquer time do mundo e que goste de obras literárias, provavelmente vai gostar do Contos da Colina.

Eu sou muito simpático ao Roberto Dinamite como Presidente. Eu acho que a gestão dele está sendo um trabalho de recomeço.


ensa torcida feliz

emoção do torcedor vascaíno. Um dos escritores é Luis Maffei, professor de literatura da UFF, sse amor incondicional pela cruz de malta. E em 2014 tem mais, vem aí a 2 a edição do livro. VASCO: E como já falamos na abertura da entrevista, vem continuidade, o livro 2, da obra Colina – 11 ídolos do Vasco e sua imensa torcida bem feliz. LUIS MAFFEI: Verdade. Em 2014, talvez lancemos a segunda edição do livro. E já existem alguns jogadores que poderiam estar presentes, como o Vavá, Fausto, Jaguaré e o Geovani. VASCO: Falando mais sobre o Vasco da Gama, como profundo conhecedor e torcedor apaixonado pelo cruzmaltino, de que maneira você analisa a atual gestão do clube? LUIS MAFFEI: Eu sou muito simpático ao Roberto Dinamite como Presidente. Eu acho que

a gestão dele está sendo um trabalho de recomeço. É claro que haverá percalços, mas para mim, é uma administração que tem méritos muito claros. Primeiro, porque depois de muitos, ele foi uma oposição forte; segundo, porque sua gestão procura modernizar o clube. VASCO: Pra encerrar, deixe a sua declaração sobre o Club de Regatas Vasco da Gama. LUIS MAFFEI: É uma história de amor absolutamente incondicional. Embora seja difícil de acontecer com minha atual esposa, é muito mais fácil eu trocar de mulher do que deixar de sentir o que sinto pelo Vasco. Mudar de time é impensável.

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Edmundo

Apaixonado desde pequenin R

O amor pelo Vasco vem desde os tempos da infância. Quando cresceu, vi temperamental, explosivo, apaixonado. Este é Edmundo Alves de Souza N A história com o Vasco, que começou em 1992, e, entre idas e vindas, ter vitórias e derrotas, e, certamente, um livro recheado com a eterna relação

evista Vasco da Gama: Você estreou pelos profissionais do Vasco em 1992 e, logo de cara, jogou ao lado do Roberto Dinamite, que já era um dos maiores ídolos da história do clube. Como foi começar a carreira jogando com ele? Edmundo: Era um sonho meu de criança, sempre admirei o Roberto, ele era meu grande ídolo, e eu tinha o sonho de jogar ao lado dele. Foi muito bom e uma experiência positiva. Revista Vasco: Como era o relacionamento entre vocês? Ele te ajudava, dava dicas, já que era um jogador experiente? Edmundo: Não sei como é hoje em dia, mas o pessoal mais velho ajudava muito a garotada que estava subindo. Antigamente havia poucas oportunidades, não subia muita gente, e quem subia era ajudado. Só tenho a agradecer ao Roberto e outros jogadores da época, como Alexandre Torres, Luisinho, Geovani, Luis Carlos Winck. Esses caras me deram o maior apoio.

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Revista Vasco: Você teve um bom início no Vasco, acabou saindo para o Palmeiras, onde foi bicampeão brasileiro, e passou pelo Flamengo. Essa época longe do Vasco mexeu com você? Edmundo: Quando eu era criança, torcedor fanático, tinha a paixão pelo Vasco, mas não tinha a noção do que era a rivalidade, essa coisa aflorada contra o Flamengo. Depois do sucesso no Vasco e no Palmeiras, eu acabei indo jogar lá, e foi uma decepção para o torcedor, isso mexeu comigo, e eu queria voltar ao Vasco o quanto antes para apagar essa história. Algumas coisas aconteceram, eu acabei voltando e fui muito feliz em 96 e 97. Revista Vasco: 97 foi um ano muito bom para o Vasco, com o título brasileiro, e para você também, que foi artilheiro da competição. Naquele momento, muitos torcedores afirmavam que você era o melhor jogador do mundo. Você pensava dessa forma também?

Não lamento, não me arrependo, e faria tudo de novo. Nunca fui de me entregar, de me abater, e as coisas boas e ruins só acontecem para quem merece e pode suportar.


ininho

irou um dos principais nomes da história do Vasco e ícone das gerações mais novas. Craque, Neto, ou apenas Edmundo, o Animal, alcunha pela qual ficou conhecido nos tempos de jogador. rminou em 2008, poderia virar um livro. Seriam páginas de alegrias e tristezas, capítulos de entre um ídolo, a torcida e o clube que amou e continua a amar. Edmundo: Quando você ganha títulos, sempre marca um pouco mais, mas o time era muito bom e jogava em função de mim, eu ficava livre, à vontade para poder produzir positivamente. Mas sozinho a gente não faz nada, precisa de apoio. Nosso time gerava muita desconfiança, não acreditavam em nós no começo. Tínhamos jogadores jovens, como Juninho, Felipe, Ramon e outros mais experientes, como Mauro Galvão, Válber, Evair, mas, mesmo com a desconfiança, ganhamos o campeonato de maneira muito fácil. A gente era muito unido, um grupo forte, o Lopes (Antônio Lopes, técnico do Vasco à época) montou uma família, nos encontrávamos fora do ambiente de trabalho, e tudo isso também contribuiu bastante. Revista Vasco: Logo depois, você saiu para a Fiorentina e não jogou a Libertadores, em 98. Gostaria de ter ficado e jogado? Edmundo: Tudo é momento. O Vasco me vendeu antes do fim do campeonato e me vendeu até barato, se tivesse vendido depois, venderia mais caro. O clube estava meio mal de grana, e isso também colaborou para o título, porque entrou esse dinheiro, e os salários atrasados foram pagos. As coisas mudam, vão para frente, eu não queria ir, fiz de tudo para não ir, estava muito feliz, mas era inevitável, tanto que assim que teve dinheiro, o Vasco me comprou de novo. Isso, um ano e meio depois. Era questão de momento mesmo, há coisas independentes da nossa vontade, mas gostaria de ter ficado, jogado a Libertadores e ter ido ao Mundial, contra o Real Madrid. O Vasco até tentou me pegar por empréstimo para o Mundial, mas não aconteceu. O torcedor às vezes acha que só depende da nossa vontade, mas não é assim.

coisas boas, e isso pra mim é muito importante. Revista Vasco: E apesar de ter jogado pelo Flamengo, você sempre foi um carrasco para eles. Fazia muitos gols, sacaneava, e a torcida adorava. Era um jogo especial? Edmundo: Era sim. A semana era sempre diferente, como se você se preparasse para uma final, você treinava mais, se dedicava mais, abria mão de tudo e focava naquele jogo. Eu, pelo menos, ficava assim. Era aquele jogo e a final do campeonato, era isso que representava, e quando você consegue brilhar em jogos assim, fica marcado, fica na história. Revista Vasco: Em outra passagem sua pelo Vasco, em 2000, você jogou muito bem o Mundial de Clubes da FIFA, mas acabou perdendo o pênalti decisivo, em pleno Maracanã, contra o Corinthians. O que passou pela sua cabeça naquele momento? Edmundo: Essa história é um pouco longa, mas vou resumir. Eu me machuquei antes do torneio, e o médico falou que eu ia ficar 50 dias fora, sendo que faltavam 23 dias para o Mundial. Peguei minha família e fiquei 25 dias no hotel do Vasco me tratando, fazendo a re-

Revista Vasco: Voltando ao título brasileiro de 97. Você acha que a torcida conseguiu esquecer a história de você ter jogado no Flamengo? Edmundo: É o que marca, foi o que ficou. Em 2008 eu voltei, o Vasco caiu, e ninguém lembra. O que o torcedor faz questão de lembrar são as

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cuperação. Passei Natal e Réveillon no hotel, porque eu queria jogar, e o campeonato era importante para mim e para o Vasco. Joguei bem todos os jogos, e, por obra do destino, as coisas acontecem. Não lamento, não me arrependo, e faria tudo de novo. Nunca fui de me entregar, de me abater, e as coisas boas e ruins só acontecem para quem merece e pode suportar. Se eu não jogo e o Vasco perde, eu

ia ficar com mais moral que todo mundo, mas são coisas da vida, o torcedor entende, sabe do meu respeito, do meu carinho, do meu amor pelo Vasco e tem certeza de que eu fiz o melhor, mas infelizmente não ganhamos. Revista Vasco: Como você mesmo citou anteriormente, em 2008 o Vasco foi rebaixado para a Série B, e você fazia parte daquele time. Acha que a torcida pode ter ficado decepcionada com você, por ser o principal jogador do time, ídolo e não ter conseguido manter o time na primeira divisão? Edmundo: Claro que é um ponto negativo, nesse sentido, sim. Mas sempre me doei muito, me dediquei muito, sempre fui muito apaixonado pelo Vasco e pelo que eu fazia, mas o pessoal entendeu, era um momento de transição de diretorias, e acabou acontecendo. Eu fui artilheiro da Copa do Brasil no mesmo ano, com 37 anos. O problema é que no Brasil, no fim do ano, ou você é campeão ou você não é nada. Para a gente, foi ainda pior com o rebaixamento. Mas eu tento ver pelo lado bom. Depois disso, o Vasco deu a volta por cima, o torcedor readquiriu o orgulho de ser vascaíno com a mobilização em 2009, e só fico triste por não ter participado. Mas é isso, a vida e a carreira não são feitas só de coisas boas. E para mim e para o torcedor do Vasco, sempre ficou a parte boa, então isso é que importa. Revista Vasco: No fim de 2008, você se aposentou e, agora em 2012, teve um jogo de despedida com a camisa do Vasco. Fale um pouco sobre a emoção dessa partida e o que ela representou para você. Edmundo: Estava morrendo de medo de não ter muita gente, sei o quanto é difícil o cara estar lá às 7h da noite, fim de mês (o jogo foi realizado no dia 28 de março), galera com a grana mais curta, estava chovendo naquele dia. E ainda faltou espaço, teve muita gente que não conseguiu entrar. Ouvi algumas pessoas dizendo que tentaram ir, não conseguiram comprar e ficaram tristes com isso. Acho que isso responde tudo, acho que resume bem essa troca e esse sentimento entre mim e o Vasco.

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Presidente da Light

Vascaíno como você P

aulo Roberto Pinto, Presidente da Light, 41 anos de carreira no setor elétrico, é mais um torcedor apaixonado. Com vasta carreira de realizações. No final da década de 80, foi chefe de gabinete da Eletrobras, no governo Collor. Em 1994, diretor financeiro do Nordeste, e, após a posse de Fernando Henrique Cardoso, foi diretor da Eletrobras do Rio, a convite dele. No segundo mandato de FHC, em 2001, foi convidado à diretoria financeira da Light; em 2006, à diretoria elétrica; e neste ano, assumiu a presidência. Sempre trabalhou muito e serviu ao país, mas a paixão pelo futebol sempre o acompanhou. Num rápido bate-papo com a nossa equipe na sede da Light, onde estiveram presentes também o Vice-Presidente de Patrimônio (Engenharia), Manuel Santos, o Diretor de Marketing, Fernando D’Avila e o Conselheiro, Fernando Tavares, ele falou um pouco sobre esse amor vascaíno. VASCO: Esse amor pelo time vem de longa data? PAULO ROBERTO PINTO: Sou vascaíno, sim. Toda a minha família também é. Meus avós paternos são portugueses. Meu pai, Jaime Pinto, não perdia um jogo do Vasco e me levava com ele a todos. E hoje tenho quatro filhos, mas infelizmente só dois são vascaínos, o Gustavo e o Leonardo. As meninas são botafoguenses como a mãe. Atualmente não vou tanto ao estádio, por causa da comodidade. Mas estou sempre acompanhando pela televisão, lendo bastante, e aqui na Light sempre falo do Vasco nas reuniões de pauta. VASCO: Além de vascaíno desde pequenininho, você é também admirador convicto do clube e de seus ídolos. PAULO ROBERTO PINTO: Verdade. Sou fã do Roberto Dinamite. Acompanhei toda a sua carreira, início no Vasco, a saída para o Barcelona, o retorno ao Vasco. Ele é uma grande pessoa e um grande ídolo. Juninho Pernambucano também é uma pessoa muito querida por nós, torcedores. Uma grande figura do futebol no mundo inteiro.

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Memória

Torneio Internacional de Fut Octogonal Rivadavia Corrêa Meyer

Art. 1.º - Em junho de 1953, a C.B.D., em acôrdo com a Federação Metropolitana de Football e Federação Paulista de Futebol, organizará um Torneio Internacional de Futebol. (Regulamento do Torneio)

N

o ano de 1953, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), atual CBF (Confederação Brasileira de Futebol), resolveu organizar uma competição para dar continuidade à Copa Rio, torneio internacional que foi disputado nos anos de 1951 e 1952. Em acordo firmado com as entidades representativas do futebol do Rio de Janeiro (então Distrito Federal) e de São Paulo, o Torneio Internacional de Futebol seria dividido em dois grupos, um carioca e outro paulista. Ultrapassados alguns contratempos na organização, como a proibição da participação do Club Nacional de Fútbol (URU) pela Associação Uruguai de Futebol, o campeonato obteve sucesso. Há várias formas para se referir ao torneio: Octogonal, Torneio Internacional, Taça Rivadavia etc. Como a abrangência do torneio foi internacional, já que era formado por equipes da América do Sul e Europa, é perfeitamente cabível classificálo como um torneio intercontinental.

Grupo do Rio de Janeiro (todos os jogos foram realizados no Maracanã) CR Vasco da Gama

Campeão Carioca de 1952

Botafogo FR

Substituto do Real Madrid (ESP)

Fluminense FC

Campeão da Copa Rio 1952 Substituto do Nacional (URU)

Hibernian FC (SCO)

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Campeão Escocês 1951/1952

Grupo de São Paulo (todos os jogos foram realizados no Pacaembu) SC Corinthians Paulista

Campeão Paulista em 1952 Campeão do Rio-São Paulo em 1953

Club Olimpia (PAR)

Vice-campeão paraguaio de 1952 e então líder do campeonato paraguaio de 1953 Substituto do Millonarios FC (COL)

São Paulo FC

Convidado pela CBD

Sporting Club de Portugal (POR)

Tetracampeão português (1950/51,1951/52, 1952/53 e 1953/54)

Assim, formaram-se os grupos: Para esse torneio, o Vasco trouxe de São Paulo os jogadores Pinga e Simão, na intenção de reforçar o seu elenco, bastante questionado pelo rendimento em alguns jogos. Pinga, que atuava pela Portuguesa/SP, era um antigo sonho vascaíno. Durante a competição, Pinga demonstrou toda a sua qualidade e foi peça fundamental para a conquista pelo Gigante da Colina, atuando de forma brilhante. A abertura do Torneio Internacional de Futebol realizou-se no dia 7 de junho de 1953, no embate entre o CR Vasco da Gama e o Hibernian FC, no Maracanã. A partida terminou empatada em 3 a 3. Esse resultado gerou severas críticas da crônica esportiva carioca na época, a maior parte delas destinada ao desempenho do time vascaíno. Em 1953, o Expresso da Vitória, a histórica equipe que dominou o futebol brasileiro por quase uma década, dava os seus últimos passos. Estava perto do seu fim. A expectativa era que o futebol cruzmaltino pudesse se recuperar nesse torneio, e nada melhor do que iniciar essa recuperação contra um time que era visto como grande representante do futebol estilo britânico. Todavia, o resultado gerou uma pressão extra aos jogadores vascaínos.


tebol 1953 Em 14 de junho, o Vasco enfrentou a forte equipe do Fluminense. Seria uma nova oportunidade para o nosso time recompor as suas energias e se reestruturar. Dessa vez, porém, não desperdiçou a oportunidade. O Gigante da Colina venceu por 2 a 1 e começou a trilhar o caminho de mais uma conquista invicta. No dia 21 de junho, o Vasco teria pela frente outro clássico, dessa vez contra o clube de General Severiano. A equipe vascaína demonstrou que já havia se recuperado totalmente e ganhou do Botafogo pelo placar de 2 a 1. Enquanto isso, no Grupo de São Paulo, a grande sensação era o São Paulo, que junto com o Corinthians se classificou para a fase semifinal. No lado do Rio, Vasco e Fluminense eram os representantes. Cada semifinal seria disputada em dois jogos, além do que uma seria jogada no Rio de Janeiro e a outra em São Paulo. Como o Vasco ficou em primeiro no Grupo do Rio, disputaria os dois jogos contra o Corinthians, segundo colocado no Grupo de São Paulo, na então Capital Federal. Enquanto isso, o São Paulo, líder do grupo da “terra da garoa”, mandaria os jogos na capital paulista contra o Fluminense, segundo colocado do Grupo do Rio de Janeiro. No dia 24 de junho, o Fluminense foi derrotado por 1 a 0 pelo São Paulo. No segundo jogo, realizado em 28 de junho, após vencer por 1 a 0 no tempo normal, a equipe das Laranjeiras sucumbiu ao tricolor paulista na prorrogação, por outro placar de 1 a 0. Nos mesmos dias, foram realizados os jogos entre Vasco e Corinthians. O Vasco goleou facilmente o Corinthians por 4 a 2, levando grande vantagem para o segundo jogo, no qual aplicou outro resultado elástico, dessa vez por 3 a 1. A final entre Vasco e São Paulo era justa. Afinal, foram as duas grandes equipes do torneio. O primeiro jogo da decisão foi realizado em São Paulo, no dia 1º de julho, com uma vitória apertada do Vasco por 1 a 0. O ponta-esquerda Dejayr colocou o

Gigante da Colina na frente, aos 31 minutos do segundo tempo. Embora apertado, o placar dava ao Clube de São Januário uma importante vantagem, pois bastava um empate para a conquista do cobiçado troféu. A final foi realizada no Maracanã, para quase 40 mil espectadores, que viram o CR Vasco da Gama tornar-se campeão do Torneio Internacional de Futebol, de forma invicta, após novo triunfo sobre o São Paulo. Pinga, recém-chegado ao Vasco, abriu o marcador aos 2 minutos e ampliou aos 44 do primeiro tempo. Pé-de-Valsa descontou para o tricolor paulista. De nada adiantou; o placar final mostrava Vasco 2 x 1 São Paulo. O título foi para São Januário. Assim, chegava ao fim o Expresso da Vitória. A despedida da equipe histórica, que nos deu em 1948, de forma invicta, o 1º Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões, foi marcada por mais uma grande conquista sem derrotas. Assim como o título de 48, uma conquista não somente dos vascaínos, mas de todo o Brasil. Por Walmer Peres Santana Grupo do Rio de Janeiro - 1953 (todos os jogos foram realizados no Maracanã) 7 de junho

CR Vasco da Gama 3x3 Hibernian FC (SCO)

13 de junho

Botafogo FR

14 de junho

CR Vasco da Gama 2x1 Fluminense FC

17 de junho

Botafogo FR

2x2 Fluminense FC

20 de junho

Fluminense FC

3x0 Hibernian FC (SCO)

21 de junho

CR Vasco da Gama 2x1 Botafogo FR

3x1 Hibernian FC (SCO)

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Grupo de São Paulo - 1953 (todos os jogos foram realizados no Pacaembu) 7 de junho

SC Corinthians Paulista

5x2

Club Olimpia (PAR)

13 de junho

São Paulo FC

4x1

Club Olimpia (PAR)

14 de junho

SC Corinthians Paulista

2x1

Sporting CP (POR)

17 de junho

São Paulo FC

4x1

Sporting CP (POR)

20 de junho

Club Olimpia (PAR)

1x1

Sporting CP (POR)

21 de junho

São Paulo FC

1x1

SC Corinthians Paulista

Semifinal do Rio de Janeiro - 1953 24 de junho

CR Vasco da Gama 4x2

SC Corinthians Paulista

Maracanã

28 de junho

CR Vasco da Gama 3x1

SC Corinthians Paulista

Maracanã

Semifinal de São Paulo - 1953 24 de junho

São Paulo FC

1x0

Fluminense FC

Pacaembu/SP

28 de junho

São Paulo FC

0x1 Prorrogação 1x0

Fluminense FC

Pacaembu/SP

Final - 1953

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1º de julho

São Paulo FC

0x1

4 de julho

CR Vasco da Gama 2x1

CR Vasco da Gama

Pacaembu/SP

São Paulo FC

Maracanã/RJ

Da esquerda para a direita – em pé: Bellini, Ernani, Mirim, Ely, Danilo e Jorge; agachados: Maneca, Ademir, Ipojucan, Pinga e Dejayr.


Taça Rivadavia Corrêa Meyer

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As novas joias da Col

A

o desenhar e criar um joia, o joalheiro precisa ser detalhista, minucioso. Pensar em cada pedaço faz a diferença entre ter uma bela peça ou não. E é assim, agindo como um joalheiro, que o Vasco vem colocando suas novas criações em campo. Sem pressa, sem queimar etapas – um dos grandes riscos na transição das categorias de base para a profissional –, Marlone, Jhon Cley, Romário e Luan estão começando uma caminhada que tem tudo para dar certo. Marlone começou no Vasco com 11 anos, vindo do Tocantins. Luan veio do Espírito Santo aos 13. Jhon Cley chegou um pouco mais velho do Olé Brasil-SP, aos 16, assim como Romário, que veio de Campos, interior do Rio, com 18. Todos passaram pelas categorias de base e, agora, fazem parte do elenco profissional. Mas até chegarem a esse estágio, a estrada foi longa. Quando Marlone chegou, ainda criança, passou por dificuldades. A maior delas, certamente, foi a saudade de casa. Na época, vários

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jogadores eram oriundos do Espírito Santo e voltavam para casa com frequência. Com a distância entre Rio de Janeiro e Tocantins, Marlone não tinha outra opção. Era ficar ou ficar. “O Vasco foi uma família para mim, um verdadeiro pai. Passei muito Dia dos Pais e das Mães sozinho, e só posso agradecer ao clube por ter aberto as portas para mim. Ainda fico bobo ao perceber que estou no profissional”. Assim como Marlone, Luan chegou ao clube bem novo e teve o mesmo tratamento do companheiro. “Aos 13 anos, você pensa em estudar, pensa o que vai fazer lá na frente. Mas sempre foi meu sonho e, quando cheguei, fui muito bem recebido, sempre tive muito apoio”. Jhon Cley e Romário, mesmo chegando mais velhos, também passaram por essa experiência. “Fiquei três anos aqui na base antes de subir, e o Vasco me ajudou a evoluir como jogador”, afirma o meia-direito Jhon Cley. Ao falar da troca de categorias, é impossível não citar a ajuda dos jogadores mais experientes, principalmente os mais consagra-


olina dos no futebol. “Eu nem conhecia o Tenório e, por causa de uma lesão, fiquei fazendo tratamento junto com ele. Ele sempre conversou muito comigo, me tratou com muito respeito e me deu muitas dicas”, conta o atacante Romário. Já Luan, zagueiro, não poderia ter melhores professores. “O Dedé ajuda, o Mauro Galvão (diretor das categorias de base e ex-zagueiro do Vasco) também. Esse convívio é bom, são dois ídolos do Vasco e, como pretendo me tornar ídolo um dia, é muito bom ouvir os dois”. Jogando no meio-campo, Marlone e Jhon Cley têm excelentes exemplos para seguir. Mas eles não aprendem somente com conselhos. “Procuro olhar a movimentação, o toque na bola, tudo que eles fazem,porque sempre dá pra aprender”, explica Marlone. Além dos treinos, jogos e dia a dia com os profissionais, o trabalho já rendeu outros frutos, principalmente para Luan. O zagueiro foi

chamado quatro vezes para a Seleção Brasileira Sub-20. Na última convocação, uma lesão o impediu de participar, mas o jovem aguarda com expectativa a oportunidade de defender o país no Sul-Americano da categoria, que será realizado em janeiro de 2013. “Essas convocações me dão mais confiança, mais incentivo para melhorar cada vez mais. Elas significam reconhecimento, e espero, cada dia mais, que o trabalho no clube seja reconhecido também”. Se os quatro jovens ainda têm muito a percorrer para construir uma carreira gloriosa, um grande passo já foi dado. Chegar aos profissionais, treinar com os próprios ídolos e jogar é apenas o começo. Como um bom joalheiro, o Vasco vem cuidando, desde o início, de cada detalhe dessas criações, dando um passo de cada vez. Quando as novas joias estiverem totalmente prontas, não haverá mais o que fazer. Só deixar que elas brilhem.

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Jogo aberto

com Desirée Oliveira E

m entrevista com a Revista Oficial do Vasco da Gama, a atriz abre o jogo, fala da carreira e do amor inigualável pelo Gigante da Colina.

Profissão: Atriz, modelo e publicitária Estado Civil: Casada Filhos: Pretende ter dois Signo: Escorpião Ídolos: Roberto Dinamite, Juninho Pernambucano, Dedé e Valdir Bigode Naturalidade: Carioca, criada em Pilares Escola de Samba: Todas Desirée Oliveira, a Carolaine do Zorra Total, é conhecida como a “mulata difícil” no programa de humor de sábado à noite. No quadro, o angolano (Romeu Evaristo), tenta conquistá-la, mas sempre sem sucesso, é esnobado pela morena. Se na ficção, seu coração não tem dono, na vida real, a atriz não só tem marido como tem o coração preenchido por uma paixão incondicional pelo Club de Regatas Vasco da Gama. No bate-papo com a equipe de reportagem, Desirée não ficou na retranca, abriu o jogo e contou os detalhes desse caso de amor com o cruzmaltino. Segundo ela, tudo começou desde pequena. “Fui criada em Pilares, e o clube mais próximo da minha casa sempre foi São Januário. Meu irmão fazia escolinha de futebol aqui, comecei a frequentar, gostar cada vez mais do Vasco e, inclusive, cheguei a fazer escolinha também, mas não deu muito certo”, brincou. Para atriz, seu coração realmente foi fisgado no primeiro jogo a que assistiu na torcida. Ela disse que foi um momento único. “Foi nessa ocasião que fiz uma escolha para o resto da vida. A partir desse dia, eu comecei a gostar ainda mais de futebol, a acompanhar o Vasco, e fiquei até um pouco doente. Hoje em dia, estou mais tranquila”, revelou. É notório o sentimento de Desirée. E numa relação em que existe muito amor, loucuras estão sempre acontecendo. Com esse verdadeiro vício pelo Vasco, quem saiu perdendo foi um antigo namorado da beldade. “Por

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ser flamenguista, ele não me entendia, aí eu dava muito bolo nele para ir a São Januário”, explicou ela, que ainda completou: “Sem dúvidas, minha paixão pela cruz de malta era muito maior”. Se o assunto é demonstrar a paixão vascaína, a atriz segue à risca e distribui provas de amor. Além de usar lingerie do Vasco, colocar camisa do clube no seu cachorro, a morena já aprontou até no exterior. Toda a história aconteceu no dia da final da Copa do Brasil de 2011, em Punta del Leste, em que ela estava acompanhada do marido e amigos.


“Um dos amigos era aniversariante. Para comemorar, iríamos jantar fora, mas não achamos um restaurante onde passasse a partida. Nossa, fiquei nervosa, ansiosa e até sem fome. Percebendo o meu estado, acabou que o aniversário foi dentro do quarto de hotel, onde haveria a transmissão. Depois que acabou o jogo, eu chorei muito, e a festa foi melhor ainda porque o Vasco foi campeão, né?”, narrou Desirée, que também revelou que esse título a marcou bastante. Para ela, lavou a alma de todos os vascaínos. A morena é a musa da campanha Cidadania Vascaína e, recentemente, também foi a modelo oficial do lançamento da lingerie Vasco da Gama. “Eu fiquei lisonjeada com o con-

vite e topei na hora. Gostei muito do ensaio e dei o meu melhor. Eles falaram que não queriam nada vulgar, e, por ter uma imagem limpa, fui a escolhida. Além do mais, elas são superconfortáveis, inclusive estou usando agora”, completou com bom humor. Sobre a vida profissional, a vascaína adiantou algumas novidades. Ela confirmou que a “mulata difícil” e o “angolano” irão trocar o metrô por um quiosque na plataforma de embarque. Fora isso, ela, que é rainha do maior bloco do mundo, o Cordão da Bola Preta, revelou com exclusividade para a Revista Oficial Vasco da Gama que existe um projeto no qual ela poderá apresentar um programa de futebol e que, por isso, estaria disposta a ingressar na faculdade de Jornalismo.

Quero mandar um beijo a todos, dizer que sou portavoz de vocês, e qualquer assunto sobre o Vasco, é só me adicionar no Facebook. Saudações vascaínas!

Encerrando o bate-papo, Desirée pediu paz nos estádios e ainda deixou um recado para os vascaínos. “Eu fico triste com essa situação. Cada pessoa tem sua paixão, é preciso respeitar e parar com toda essa violência”. Já para a torcida do seu coração, ela concluiu: “Quero mandar um beijo a todos, dizer que eu sou porta-voz de vocês, e qualquer assunto sobre o Vasco, é só me adicionar no Facebook. Saudações vascaínas!”.

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Parceiro nos dias de jogos, o sobrinho e afilhado de Desirée, Enrico de Oliveira também só tem olhos para o Vasco da Gama. Influenciado pela madrinha, o menino sempre telefona para ela, para conversar sobre as partidas.

Créditos Figurino: Martha Cris Assistente de figurino: Eliane Albuquerque Make-up e hair: Hugo Regis Fotografia: Patrick Brito

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Pensamentos e ações positivas N

a edição passada da revista, falei sobre “A Importância da União” para o nosso Vasco da Gama. E começo aqui este artigo relembrando a todos como é fundamental que tenhamos claro que nosso objetivo maior é um Vasco da Gama campeão, que nos encha de orgulho sempre. Alcançarmos isso juntos certamente será mais grandioso. Portanto, é assim que decidi começar a escrever. Junto a esta introdução, preciso também contextualizar o momento em que vivemos. Estamos trabalhando dentro de um ambiente revolucionário em termos de redes sociais, por exemplo, temos acesso à notícia de uma maneira cada vez mais particular e através de múltiplos terminais e plataformas de comunicação. No início, essa “revolução” é difícil de ser compreendida de uma maneira única por todos os interlocutores. Cada um acessa de uma forma e tira conclusões rápidas, tornando-se muitas vezes um multiplicador dessas conclusões. Associado a isso, lembro que temos uma tendência a dar notoriedade aos problemas e não às soluções e conquistas. É assim quando abrimos um jornal, quando assistimos à televisão etc. Basta vermos nosso “livro de anotações” nas portarias de nossos prédios, por exemplo, temos que garimpar elogios, pois ele está repleto de reclamações e críticas negativas. Raríssimo é encontrar algo como: “...hoje ao chegar com as compras, o funcionário de serviços gerais Sr. Fulano de Tal, foi extremamente atencioso e excedeu minhas expectativas, oferecendo ajuda com elas...”. Mas é fácil encontrar algo oposto sempre. Mas você, leitor, pode se perguntar: aonde você quer chegar com isso, Eduardo Machado? Primeiramente responderei aonde não quero chegar: não quero bloquear qualquer tipo de crítica, não quero ser mais realista que o rei, não quero tapar o sol com a peneira, não quero cercear qualquer tipo de manifestação contrária à liberdade de expressão. Agora vamos ao ponto em que quero levar todos nós, Vascaínos, para uma reflexão: quero, sim, que valorizemos o trabalho de

pessoas corretas e dedicadas, quero que estejamos juntos nas dores provocadas por um processo de aumento da transparência, quero que compreendamos que correções sempre serão necessárias e têm que ser encaradas com objetividade dentro de um processo evolutivo contínuo, quero que o Vasco esteja sempre valorizado e que todos transmitam a força inigualável da nossa história, quero que sejamos temidos, pois teremos sempre um algo mais, um diferencial competitivo, que sejamos uma REFERÊNCIA NO DESPORTO NACIONAL E INTERNACIONAL. É muito mais cômodo e fácil julgarmos o hoje, sairmos bradando pelos cantos do mundo quem somos e que podemos tudo. Mas na prática não é bem assim que acontece. Bases sólidas e crescimento sustentável não são feitos de uma hora para outra, levam tempo. Se tivermos paciência e união, acertaremos muito mais do que erraremos. As dificuldades não são pequenas, fora as armadilhas que muitas vezes nos levam a tirar conclusões precipitadas. Exemplos: a) O último processo eleitoral foi realizado dentro de um ambiente respeitoso, em que todos os sócios puderam sentir-se em casa. Há quanto tempo não víamos isso? E não estou aqui entrando no aspecto político ou polarizando nada. A história do Vasco da Gama nos remete à democracia plena, então todos os processos eleitorais têm que ser realizados dessa forma. Mas o que fica no foco, um impossível recadastramento de 100% dos eleitores remidos, por exemplo, que não conseguem ser encontrados nem nos telefones registrados no clube, nem nos endereços. Aí pega-se essa restrição e faz-se um estardalhaço com algo como se o processo estivesse empacado. Isso não pode ser permitido. Sem falar que uma eleição é cara, e dinheiro sobrando não é algo surreal para a maioria esmagadora dos clubes brasileiros, para pararmos por aqui a análise.

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b) Há quanto tempo não tínhamos palavras como transparência e democracia efetivamente vigentes em nosso cotidiano? Obviamente, dentro da luta diária no sentido de superarmos dificuldades, erros podem surgir, mas ainda assim, os documentos estão ao alcance das pessoas e poderes do clube que devem exercer suas funções. E por mais estranho que possa parecer, isso não fazia parte do cotidiano do clube. Portanto, “é novo” e por isso a tendência é de um número maior de problemas no início. Mas isso não pode ser olhado como algo ruim; muito pelo contrário, é algo positivo, cujo exercício nos levará a resultados e controles melhores, contratos melhores, mais salutares para o Vasco da Gama, menos suscetíveis à pressões externas financeiras, por exemplo. c) Ainda que com inúmeras restrições financeiras, nossas três sedes estão bem melhores do que nos foram entregues e encontram-se com novas e significativas melhorias em curso, temos 16 lojas Gigantes da Colina implantadas, chegaremos em torno de 24 no final de 2012 e 36 no final de 2013, temos uma loja oficial lindíssima em São Januário, um e-commerce que vende para todo o Brasil, uma TV oficial do clube que está entre as melhores do mundo, um CT da Base muito bem estruturado que o próximo sonho será avaliarmos caminhos para a compra, um CT alugado para o profissional, que chamamos de Vasco-Recreio, que atenuou o uso do nosso solo sagrado, dando melhores condições em jogos oficiais, geramos e controlamos diversos conteúdos internamente, realizamos ações de responsabilidade social de maneira cada vez mais organizada, teremos um “tour” oficial inaugurado ainda em 2012 muito provavelmente, temos um centro de memória que resgatou muito da nossa história e a escreve diariamente com todo o respeito que o Vasco da Gama merece, temos inúmeras outras atividades com verdadeiros guerreiros, sejam atletas ou dirigentes, enfim temos muitas conquistas e muito trabalho em curso engrandecendo nossa marca e nossa história.

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Em minha opinião, este ano de 2012 foi particularmente difícil, pois entramos nele com um expectativa muito elevada, baseada em conquistas e resultados expressivos em nosso carro-chefe, que foi o futebol profissional no ano de 2011. Fora a história comovente do nosso treinador Ricardo Gomes e a espetacular superação do grupo como um todo, liderado pelo competentíssimo Cristóvão Borges. Fizemos um Carioca bom, uma excelente Libertadores e nos mantivemos no topo ou próximos durante todo o primeiro turno do Brasileirão. Fica o gosto amargo, uma sensação ruim, pois faltou o que todos lutamos e queremos, ou seja, um título ou mais. Mas terminaremos o Campeonato Brasileiro competitivo e temos a oportunidade de nos prepararmos para um 2013 de maneira forte, com uma pré-temporada bem feita, com atletas sofrendo menos por contusões. Isso dentro de campo. Fora de campo, uma força-tarefa para que o desafio financeiro seja menos impactante ou até mesmo que cheguemos ao nosso objetivo, que é estarmos em dia sempre com nossas obrigações. Teremos uma remodelagem completa do programa de sócios ainda em 2012, entrando em 2013 com nova operação em pleno funcionamento. Esse é um outro pilar fundamental para termos nossas contas em dia, além de um planejamento financeiro menos traumático. Temos e podemos chegar muito mais longe com o programa de sócios. Temos que, na prática, mostrar para todos os torcedores (e todos somos isso em essência, deixo claro) que o Vasco da Gama é esse somatório de forças, sempre. Tem que ser por amor essa relação e também ter que valer a pena no sentido dos benefícios ofertados. Nesse sentido, só temos um caminho, fazermos dar certo ou fazermos dar certo!!!! Mas essa é a realidade. Muitas vezes na ânsia do acerto, expressa-se uma vontade, um desejo, e na prática as coisas não acontecem como “deveriam” para o nosso lado. Mas querem saber de uma coisa? Temos que participar sempre no sentido do fortalecimento do Vasco da Gama, temos que respeitar cada lugar em São Januário, pois é uma extensão dos nossos lares. Temos em 2013, que apoiar nosso time durante

toda a partida e deixarmos nossas críticas para depois do apito final. Muitas vezes temos convidados, potenciais investidores/ patrocinadores que esperam um ambiente de respeito, uma relação apaixonada como sempre tivemos. É isso que podemos, sim, fazer. Dar ainda mais show em nosso caldeirão, estar em sintonia com nossos atletas. Estar unidos entre nós, independentemente de onde estejamos ou de que funções estejamos desempenhando. Esse é nosso diferencial, temos história, time com nome e sobrenome que nos enche de orgulho. E repetirei para reforçar: “Nascemos para conquistas e vivemos para sermos uma referência mundial”. Obrigado pelo carinho na leitura, e “Vamos que vamos, Vascão!!!!” Eduardo Machado Vice-Presidente de Marketing Club de Regatas Vasco da Gama

Eduardo Machado Vice-Presidente de Marketing do CRVG

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Melhoria para o futur O

sonho de todo jovem jogador é poder virar profissional e se transformar em um craque reconhecido mundialmente. Mas, até lá, o caminho é repleto de obstáculos, é tortuoso. O dia a dia com treinos, jogos e concentração é uma verdadeira batalha. Na luta diária, fazer o sonho virar realidade é muito mais que um desejo, é um objetivo de vida. Agora, os jovens do Club de Regatas Vasco da Gama vão ter o seu caminho facilitado graças à inauguração do Centro de Treinamento de Itaguaí, que será todo voltado para as jovens revelações cruzmaltinas. Inaugurado em setembro, o CT conta com uma moderna e completa estrutura, que poderá ser utilizada por cerca de 70 atletas de todas as categorias de base. O complexo tem 101 mil metros quadrados, cinco campos oficiais e um soçaite, área com gramado auxiliar para não desgastar os campos, caixa de areia para trabalhos físicos, departamento médico, sala de musculação, fi-

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ro sioterapia e psicologia, refeitório, alojamento, piscina e vestiário de jogos. O Coordenador das categorias de base do Vasco, Mauro Galvão, explicou como o local será usado e a importância dele para o futebol amador. “A gente vai ter um controle maior sobre os atletas em relação à alimentação, descanso, treino, tudo aquilo que é fundamental para o atleta se desenvolver da melhor forma possível. Teremos também uma escola, e eles vão poder estudar aqui mesmo”. Já o presidente do clube, Roberto Dinamite, acredita que o CT não serve apenas para formar jogadores, mas também para formar cidadãos. “Esses garotos vão buscar se projetar para servir a equipe principal do clube. É um investimento que não tem preço. Estamos investindo na criança, no adolescente, no cidadão, no futuro que eles terão lá na frente. Também é um meio de fazer com que eles permaneçam e se identifiquem com o clube”. E essa identificação já parece ter começado. O zagueiro da equipe sub-15 do Vasco, Douglas Cipriano, indicou o que o CT irá representar para os atletas. “Vai dar um suporte para as categorias de base, será de grande

valor e vai ajudar muito o clube e a equipe, os jogadores terão mais prazer em jogar aqui. Isso mostra que o Vasco é um dos maiores clubes do país e procura melhorar cada vez mais”. O sonho dos meninos é ser jogador de futebol, mas a imaginação nem sempre será transformada em realidade. O caminho, repleto de pedras e desilusões, vai ser cruel com alguns e superado por outros. Independentemente de quem sobreviva a essa batalha diária, o suporte para todos está garantido. Ao pisarem no CT de Itaguaí, os jovens podem ter uma certeza: os sonhos nem sempre se tornam reais, mas com ajuda, a chance é muito maior.

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Um amor

cheio de boas histórias A

rnaldo Gabriel da Silva Filho é daqueles vascaínos cheios de orgulho. Conselheiro do Clube em dois mandatos e sócio remido do Vasco da Gama, 73 nos, casado com a Dona Conceição e pai de Andreia, Márcia e Alex, advogado por por profissão, aposentado há 25 anos, traz na bagagem um profundo amor pela camisa cruz de malta. Ele é atento e participativo em toda a vida esportiva do clube: além dos jogos do profissional, acompanha os jogos do futebol feminino. Torcedor do Gigante da Colina desde muito novo, presenciou momentos inesquecíveis da história do clube. “Estive presente na primeira conquista do Vasco, no Brasileiro de 1974, com gol do Jorge Carvoeiro. Também acompanhei toda a série invicta sobre o Flamengo. Foram sete anos – quase 20 partidas sem perder para o Flamengo”, frisou. São muitas histórias marcantes, e ele nos conta algumas emocionantes. “Não guardo camisas antigas, porque nunca fui colecionador. Mas gosto muito é de trazer as pessoas para conhecer os jogadores e o Vasco. Há um tempo, trouxe o Jorginho, ele é cadeirante. Ele acompanhou um treino e co-

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nheceu os jogadores, e ainda ganhou uma camisa do Eder Luis, que eu havia pedido. Essa foi a única camisa que ganhei de jogador, realmente não sou de pedir a ninguém. Mas receber e poder presentear o Jorginho foi muito bom”. Podemos dizer que Arnaldo é testemunha ocular de grandes momentos vascaínos. Teve o privilégio de ver o Vasco da Gama ser campeão muitas vezes, presente sempre com a sua vibração e torcida. Mas as suas histórias não são apenas de quem olha fora do campo, o Conselheiro do Clube foi também jogador do Vasco. Época que jamais sairá da sua memória: “Fui jogador em 1956. Alfredo, do Expresso da Vitória, foi meu técnico. Eu era goleiro, mas abandonei para seguir carreira militar. Já joguei também no Botafogo, antes de vir para o Vasco. Lá, fui campeão pelo infantil e recebi o convite do Alfredo para vir para o Vasco. Vascaíno doente que era, aceitei na hora. Só que infelizmente não disputei nenhuma partida oficial, porque saí para servir ao meu país, como já falei. Disputei amistoso no Vasco. Mas guardo boas lembranças dessa época.”


Estive presente na primeira conquista do Vasco, no Brasileiro de 1974, com gol do Jorge Carvoeiro. Também acompanhei toda a série invicta sobre o Flamengo. Foram sete anos – quase 20 partidas sem perder para o Flamengo.

Em pé: Andrada, Miguel, Alcir Portela, Fidélis, Moisés e Alfinete. Agachados: Jorginho Carvoeiro, Zanata, Ademir, Roberto Dinamite e Luiz Carlos.

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Business no futebol O

marketing esportivo é um conjunto de ações voltadas à prática e à divulgação de modalidades esportivas, clubes e associações, seja pela promoção de eventos e torneios e ou pelo patrocínio de equipes e clubes esportivos; em suma, oferta de produtos e serviços voltados aos consumidores que, de alguma forma, se relacionam com o esporte. Empresas e marcas líderes costumam privilegiar essa área, aproveitando-se da boa imagem de atletas e/ou equipes esportivas junto à opinião pública, gerando resultados positivos possíveis. Além das vendas, a estratégia de associar a empresa ao esporte gera o rejuvenescimento da marca, devido à força que o esporte possui. O fato de inserir uma marca na camisa de uma equipe cria uma relação de cumplicidade da empresa com a sua performance esportiva. Com o bom desempenho do time e ou dos atletas, as pessoas que até então se mostravam indiferentes pela marca patrocinadora passam a ter uma imagem positiva da empresa. Entretanto, quando um jogador apresenta um comportamento inadequado, o patrocinador poderá ter sua imagem afetada. Na ânsia de buscar retorno rápido para o seu investimento, muitas empresas acabam divulgando muito mais sua marca do que necessariamente o nome da equipe. Assim, é importante que essas empresas tenham em mente que o que leva as torcidas ao estádio são as equipes e não as suas marcas, com raríssimas exceções no vôlei.

Para tanto, é necessário observar as características do público, que pode variar de acordo com a região, sexo, idade, classe social etc.

A imagem O “marqueteiro” tem o papel de criar uma mensagem que busque uma resposta positiva dos consumidores, o desejo de compra do produto e/ou serviço. A associação da marca de uma empresa ao esporte gera fortes impactos no público. Sendo assim, é importante escolher uma modalidade que mais se identifique com o público-alvo de cada empresa patrocinadora. É importante que a escolha da modalidade esportiva seja condizente com o objetivo da empresa.

As etapas do marketing esportivo – princípios básicos Análise da situação: inclui conhecimento dos recursos disponíveis e o conjunto de problemas que precisam ser resolvidos por meio de ações a serem implementadas. Planejamento: é a criação de objetivos, numa linguagem clara e resumida. Essa etapa compreende a definição das metas por escrito, especificação de resultados, apresentação de cronograma de consecução de metas e realismo em relação aos recursos disponíveis. Controle: evita desvios de metas através de acompanhamento sistemático da evolução

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O peso da comunicação Dentre as inúmeras marcas, qual é a probabilidade de um consumidor ver um determinado produto e comprá-lo? Os consumidores estão cada vez mais sem tempo, o mundo passa por uma crise financeira e um excesso de informações diárias, impossibilitando a compreensão e absorção integral das mensagens veiculadas maciçamente pelos veículos de comunicação. O resultado disso, na maioria das vezes, é a compra feita com base unicamente em preço. Uma marca pode possuir um alto valor agregado, ser de alta qualidade e relativamente valorizada e, mesmo assim, não conseguir atingir seus objetivos de vendas e lucro, se os clientes em potencial não a conhecerem ou não tiverem uma percepção favorável a seu respeito. A comunicação eficaz é fundamental para a criação da consciência da marca, visando estabelecer uma imagem positiva, baseada em sua identidade corporativa, representada por seus produtos, serviços, soluções e benefícios oferecidos. A possibilidade de diferenciação entre os concorrentes com frequência resume-se à capacidade de compreender desejos e necessidades, comunicar e trocar informações e se adaptar com eficácia às mudanças, sugerindo inovações e gerando atração por seus produtos.


dos trabalhos, para não ocorrerem prejuízos no objetivo final do planejamento traçado. Análise do retorno: pesquisas para saber se a estratégia está surtindo ou não os resultados esperados. Conhecer os objetivos A pesquisa é a base do desenvolvimento das estratégias de marketing esportivo, pois traz conhecimento do mercado. Os clubes precisam

traçar o perfil do seu torcedor, o que faz, como vive, o que consome etc. Através da pesquisa, os entes esportivos obtêm os parâmetros: sociais, econômicos, culturais, hábitos de consumo; opiniões sobre a marca (clube); e grau de envolvimento emocional com o clube. Na estratégia da mensagem, devem-se buscar os canais de comunicação e mídias mais eficientes para sua veiculação. Para isso, são necessários alguns critérios básicos de análise para melhor escolha, tais como: Índice de audiência: é o percentual da audiência, medido pelos institutos de pesquisa. Abrangência/cobertura e alcance: é o número de pessoas ou domicílios expostos pelo menos uma vez a um determinado veículo de comunicação. Outros pontos importantes são a frequência, o valor qualitativo da exposição, a localização e os hábitos da audiência a ser atingida. A importância da marca A principal indagação que se faz é: “Quanto vale um nome?”. A resposta possivelmente será um valor imensurável. Comunicação no marketing esportivo é a estratégia utilizada para desenvolver, posicionar, informar e lembrar a todo o mercado os valores, princípios, benefícios e soluções gerados pelas empresas, representados por suas respectivas marcas. Alguns padrões: Reforço ou construção da imagem institucional: a emoção que o esporte oferece ao público é transferida à imagem da empresa patrocinadora, pois a marca também está participando de um determinado sucesso. Alternativa à mídia convencional: a evidência do nome ocorre não só durante as competições como também nos dias seguintes, com a divulgação na imprensa (televisão, jornais e demais meios de comunicação). Revitalização da imagem: incentivar atividades esportivas constrói uma imagem mais positiva da empresa, e no(s) produto(s)-alvo da campanha. Algumas empresas adotam o marketing esportivo principalmente para alavancar negócios, quando atravessam momentos de crise. Famosos vendem o produto Há empresas que, longe da ideia de patrocinar o atleta, a equipe ou promover os even-

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tos esportivos, querem associar a imagem de alguma celebridade ao seu produto, no intuito de atrair o consumidor pela visibilidade do “astro”. O principal uso da imagem de celebridades é criar um símbolo que chame atenção para o produto. O segredo, do ponto de vista do marketing esportivo, é que a imagem chamará a atenção não só de seus fãs como também de outros consumidores que não integram a principal audiência dele, mas que ainda podem ser influenciados na decisão de compra pela familiaridade de sua imagem, mesmo que simpatizando por outra agremiação (por exemplo, Neymar). Índices de sucesso É claro que, assim como qualquer estratégia, o marketing esportivo é utilizado com fins lucrativos ou um retorno mínimo institucional. Na intenção de fixar a marca no consumidor (torcedor), as empresas buscam vantagens, como a projeção da marca, a simpatia do público e da mídia, gerando uma visibilidade espontânea. Com as estratégias destacadas anteriormente, as empresas conquistam um espaço que, de alguma forma, passam a ser conhecida do público. Depois de alcançado esse estágio, o trabalho de expansão da marca fica a cargo do departamento de marketing. O retorno poderá ser medido de acordo com a “fama” da marca já existente no mercado. Portanto, mesmo que as vendas tenham dobrado durante uma campanha, isso não significa necessariamente um resultado positivo da ação. Outro aspecto que geralmente preocupa possíveis investidores é o reflexo que as derrotas podem exercer à empresa que mantém seu nome ligado ao atleta ou à equipe. Nesse sentido, a marca não sofre nenhuma influência no resultado da atividade, principalmente se este for negativo. Logicamente, quando ocorre um feito muito importante, o retorno sofre um aumento proporcional. Avaliação dos resultados e finalidade É desejável a criação de indicadores para avaliação do marketing esportivo, podendo ser através de pesquisas periódicas, como verificação direcionada ou espontânea, sondagens, opiniões dos colaboradores da organização etc. O setor esportivo brasileiro tem demonstrado

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que o marketing esportivo é um dos melhores investimentos para as empresas que desejam criar uma relação duradora com seus consumidores. Os profissionais de marketing, por sua vez, sabem que nos dias de hoje é preciso inovar para alcançar as metas estratégicas de propaganda. Nesse caso, o marketing esportivo possui uma característica diferenciada, pois atinge o consumidor em seus momentos de lazer e paixão. Bom desempenho dos atletas faz com que o consumidor passe a nutrir um sentimento de simpatia pela marca, até então ignorada, porém uma atitude indevida da equipe patrocinada e ou atos ilícitos dos clubes, atletas e seus dirigentes podem trazer sérias consequências à imagem da empresa. Este artigo pretendeu apresentar os desafios do marketing esportivo, seu desenvolvimento, planejamento, implementação e controle. A comunicação, na sociedade contemporânea, é o início, o meio e o fim das ideologias, religiões, culturas e tecnologias. Por ser tão importante, deveríamos todos zelar para que fosse utilizada de forma competente e responsável, e que estivesse a serviço do bem-estar da coletividade e do progresso humano, tendo como um dos seus objetivos o marketing social, o qual possibilitaria informações personalizadas, levando no momento certo as soluções, suas estratégias e posicionamento de pessoas, marcas, produtos e serviços e no caso esportivo a fidelização, importante forma de arrecadação e o aumento da paixão clubística. Jorge Luiz Raggio Carneiro Vice Presidente de Desportes Terrestres


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Prata da casa Marujo vascaíno N

o Vasco da Gama, há outro “time” que não entra em campo, mas que bate um bolão. Aquele formado pelos funcionários da casa, que se desdobram para manter tudo funcionando. E nesse grupo tem gente da antiga, gente dedicada, como Raimundo Estevam (carinhosamente conhecido como Dico): 62 anos de vida, 30 deles trabalhando no clube como arquivista. Ele é testemunha ocular de boa parte da história do Vasco. Viu várias mudanças de gestão. Ele fez uma vida em São Januário e, por isso, não abandona a caravela nem na tempestade nem na bonança. Ele conta que o Vasco é responsável pela construção da sua vida. É o seu primeiro e único emprego, e a Colina também o transformou em um torcedor apaixonado. “Antes, eu não ligava para futebol, e com o passar dos anos eu criei esse amor. Meus três filhos também são vascaínos, e para mim o Vasco significa a minha vida. Realmente, este clube me marcou muito. Com todos esses anos de São Januário, o colaborador já acompanhou de perto muitas conquistas. Mas para ele, pelo jogo emocionante e pela virada histórica, a que mais marcou foi o título da Copa Mercosul de 2000, em cima do Palmeiras.

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Dico também revelou que outra conquista foi ter lançado seus dois livros, Deus é pai, Cristo é filho, eu sou neto e Ícones da sabedoria, dentro de São Januário. “Como eu também canto, fiz uma tarde autógrafo musical. Então, eu autografava e cantava ao mesmo tempo. Foi muito legal”, disse ele, que ainda completou: “Todo mundo no Vasco me apoia nessa outra carreira, e aproveito para agradecer a todas essa pessoas”. O fiel escudeiro fez outras observações: a atual gestão é um grande progresso para o clube, e trabalhar tanto tempo no mesmo lugar é criar família, ter um segundo lar. Os colegas de trabalho são amigos importantes, e a cúpula administrativa do clube tem excelente relacionamento com ele. Dico, que foi indicado pelo seu primo na década de 70 para ser funcionário do clube, começou como auxiliar de escritório. Rapidamente se tornou arquivista. Hoje em dia, ele faz ofícios, nomeações, históricos e ainda representa o Club de Regatas Vasco da Gama na Federação de Futebol. Em suma, é um marujo que toda caravela gostaria de ter.



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