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Entrevista
from Revista Multiescolas 2020
by ULBRA
José Motta Filho:
ENSINO MAIS CONECTADO
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Especialista desenvolve estudos relacionados ao uso de tecnologias para otimizar a aprendizagem
Antes mesmo do Brasil e do mundo entrarem em isolamento social e das aulas migrarem para o ensino remoto por conta da pandemia do novo Coronavírus, em fevereiro de 2020, a Rede de Escolas já debatia justamente o uso de tecnologias para otimizar a aprendizagem. O tema integrou a 11ª edição do
tradicional Encontro de Professores e Funcionários,
que recebeu, no auditório da Ulbra Canoas, o professor José Motta Filho.
Conhecido nacionalmente por seus estudos relacionados à evolução do ensino, o especialista falou sobre a Educação 5.0 e a necessidade de promover um ensino mais conectado aos alunos nascidos a partir de 2010. De acordo com Motta, os indivíduos da chamada Geração Alpha vivem em um mundo altamente rápido, conectado e com diversas tecnologias que entregam novos produtos e serviços. "Com tantos ingredientes, fica claro que os professores e as instituições de ensino precisam se apropriar de elementos de vanguarda no que se refere às estratégias e métodos de entrega do conteúdo e interação entre os atores do ecossistema escolar: professores-alunosescola", observa.
Em entrevista exclusiva à REVISTA MULTIESCOLAS, o professor falou sobre o tema.
O que é a Educação 5.0 e qual o papel de professores e alunos neste processo?
José Motta Filho - Na Educação 5.0 há uma reviravolta quanto à atuação de professores e alunos em sala de aula. Diante dessa nova perspectiva, cabe ao professor ser o mediador, o facilitador, o orientador do processo. Ele deixa de ser o ator principal, diminuindo o excesso de exposições verbais, slides em Power Point e quadros e mais quadros de giz
e canetões. Já ao aluno, cabe a construção do seu próprio conhecimento e um maior protagonismo. Com isso, o ambiente da sala de aula torna-se mais colaborativo e barulhento. Pesquisas, pensamento crítico e criativo são realmente vivos nesse processo. Se mediados por alguma tecnologia, os resultados podem ser surpreendentes.
Qual o papel da tecnologia no processo didático nesse modelo?
José Motta Filho - A tecnologia precisa ser o meio e não o fim do processo didático para a aprendizagem. Não há dúvidas sobre usar ou não a tecnologia como aliada para a educação. Porém, somente ela não basta. Ingredientes humanos devem prevalecer na relação entre alunos e professores. E, com a dose certa de tecnologias inovadoras, a mágica acontecerá.
Em que medida a internet pode colaborar para a distribuição de conteúdo?
José Motta Filho - Com o advento da internet 5G, a distribuição de conteúdos em larga escala é algo que tende a ocorrer com maior rapidez. É impossível que os grupos de ensino não considerem esse novo fator em suas estratégias e planejamentos a médio e longo prazo. Quem tiver visão curta ou distorcida em relação a esse tema, será consumido pelo Darwinismo Educacional: somente quem se adaptar ao meio sobreviverá como player na esfera educacional.

Qual a visão do senhor sobre as Tecnologias Educacionais Emergentes (Edtechs)?
o ensino do presente e do futuro. Em um mundo exponencial e hiperconectado, apenas uma boa exposição de conteúdos ao longo de um semestre, ou ao longo de 200 dias letivos, não se sustenta mais. Outros elementos precisam ser incorporados no âmbito da sala de aula. E isso é fato diante do fenômeno de evasão e desinteresse de alunos nas mais diversas instituições de ensino.

E o que o senhor pensa sobre o ensino a distância?
José Motta Filho - Há dúvidas em relação às aulas no formato 100% EAD, sem a presença física na escola, sem a interação física com os colegas e os professores. Essas dúvidas se devem tanto à eficiência desse formato quanto ao desenvolvimento das competências socioemocionais, soft skills ou habilidades e atitudes para o mundo do trabalho. Em um mundo onde as organizações contratam e preferem “pessoas que saibam lidar com pessoas", a educação com seres humanos afastados fisicamente talvez não funcione tão bem.
Outra modalidade atual é o ensino híbrido. O senhor acredita nesse modelo para a aprendizagem?
José Motta Filho - O blended learning ou ensino híbrido é a grande tendência mundial. Um misto de online, offline e seres humanos interagindo no espaço físico da escola. Certamente os alunos não precisam de um professor falando e orientando o tempo todo da carga horária de um curso. E, também, a inexistência do contato com os professores e colegas não prepara plenamente. Portanto, essa boa mistura de tecnologia e inspiração humana é um caminho certo a ser trilhado.