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Por mais espaço para as mulheres

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Loja de discos

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Por mais espaço para as mulheres

Apesar de uma expansão acima da média geral dos gêneros, participação feminina no quadro de associados se mantém em 14%, mostra relatório exclusivo da UBC

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de_ São Paulo

Pelo segundo ano consecutivo, a UBC publica o relatório Por Elas Que Fazem a Música, com dados sobre a participação feminina no quadro de associados — um espelho do que ocorre no mercado como um todo. E os números, apesar de algum alento, ainda estão muito longe de refletir uma presença igualitária das mulheres. Em 2018, elas continuaram a ser só 14% do total dos associados da UBC, embora o crescimento no total de associadas tenha sido de 15% (contra 13% da expansão geral, homens e mulheres).

Por faixa etária, o maior peso feminino se dá entre os compositores de 20 a 29 anos: ali, elas são 23% do total, o que sinaliza, ao menos, uma saudável conscientização sobre a igualdade de gênero entre os jovens. Nas faixas etárias mais avançadas, como 60 a 69, 70 a 79 e 80 a 89 anos, por exemplo, há uma queda dramática no percentual de mulheres: 6%, 2% e menos de 1%, respectivamente.

A cantora e compositora catarinense Lilian descreve sua própria experiência como um exemplo do que ocorre com tantas mulheres: “Canto desde os 10 anos, profissionalmente desde os 14, mas só me assumi compositora aos 28. Você, amiga compositora, não tenha medo de se mostrar, coloque sua luz no mundo. Por muito tempo, calamos a nossa voz. Para mim, foi uma libertação poder, hoje, dizer com orgulho: sou uma compositora.”

Para a compositora, cantora, arranjadora e musicista carioca Delia Fischer, o cerne da questão é a escassez de exemplos e estímulo: “Você quase não vê mulher tocando guitarra. Não há impedimento físico, é questão de identificação. Menino brinca de banda, menina não. Mas a gente está entrando.”

Até mesmo no canto, onde a presença das mulheres sempre foi relativamente grande, há desigualdade. Prova disso é um levantamento da consultoria Crowley que mostra que, no Top 100 das rádios nacionais em 2018, havia 215 intérpretes homens e só 66 mulheres.

“As mulheres na música muito contribuíram para que homens enriquecessem, fossem reconhecidos e fizessem fama como compositores. À medida que o feminismo se alarga em elaborações e ideais, notamos uma considerável presença de compositoras. Somos intérpretes de nós mesmas”, diz a cantora e compositora paulistana Anelis Assumpção. “E temos inclusive o direito de sermos razoáveis aos ouvidos de críticos que esperam, ao ver uma mulher na música, que ela seja uma grande diva. Os mesmos que sempre toleraram e endossaram os homens que cantavam muitas vezes mal suas composições.”

LEIA mais Em breve, no site da UBC, o relatório completo com todos os números

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