TRIBUNA DO VALE - EDIÇÃO Nº 2320

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A-6 Cotidiano

TRIBUNA DO VALE

Quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sai Barroso, entra Tristão Carvalho

Luiz Guilherme Brandani

TROCA DE DELEGADOSSérgio Barroso destaca redução de homicídios no comando da 12ª SDP; delegado de Ribeirão do Pinhal assume cumulativamente Celso Felizardo

Depois de dois anos em Jacarezinho, o delegado Sérgio Luiz Barroso, deixou ontem o comando da 12ª Subdivisão Policial (SDP), que abrange 22 municípios do Norte Pioneiro. Ele foi substituído pelo delegado Tristão Borborema de Carvalho, que vai continuar em Ribeirão do Pinhal e responder cumulativamente pela nova função. A Polícia Civil não divulgou por quanto tempo vai perdurar esta condição. Sobre a possível relação entre sua transferência com a rebelião dos presos na noite de domingo, Barroso preferiu

não comentar. Ele contou apenas que foi surpreendido, mas que aceita a decisão e está pronto para desempenhar as funções para onde quer que seja transferido. “Confesso que meu desejo era continuar aqui, porém sou servidor do Estado e estou pronto para servir a toda a população paranaense”, conta. Promovido para delegado de 1ª classe no final do ano passado, Barroso continua na Polícia Civil até aposentadoria, no fim do ano. “Tenho planos em outras áreas, porém vou esperar completar meu tempo de serviço para a aposentadoria”, revela. Até o final da tarde de

ontem, o destino de Barroso ainda não era certo. As cidades mais prováveis são Londrina ou Maringá. O delegado destacou o primeiro lugar do Estado na meta de redução de homicídios que a região obteve no ano passado. “Com alto índice de assassinatos solucionados, conseguimos coibir a violência no ano passado. Isto é fruto de um trabalho sério e de nossa parceria com a Polícia Militar”, lembrou. “Ano passado foram registrados apenas três homicídios em Jacarezinho, todos solucionados com os autores presos em menos de 24 horas”, frisou. Luiz Guilherme Brandani

Sérgio Luiz Barroso, deixou ontem o comando da 12ª Subdivisão Policial

Tristão Borborema de Carvalho é o novo delegado regional de Jacarezinho

Outro ponto que ele destacou foi a luta pela construção de um presídio na região. “Aqui [delegacia] não é lugar apropriado para a guarda de presos. Porém, deixo as negociações adiantadas para a retirada da delegacia deste prédio e a construção de uma nova cadeia fora do perímetro urbano. A cidade merece esta consideração”. Barroso fez questão de agradecer a toda população da região, com ênfase para todos os policiais civis e militares, representantes do Ministério Público e da Justiça, das entidades de classe e do Conselho de Segurança. O delegado tem 50 anos e começou a carreira em Grandes Rios. Teve passagens por Guarapuava, Laranjeiras do Sul, Londrina e Arapongas. Permaneceu cinco anos como delegado-chefe em Londrina até ser transferido para Jacarezinho em janeiro de 2011, no lugar do delegado Rogério Antônio Lopes, que assumiu a regional de Foz do Iguaçu. Rejeição A opinião pública se mostrou totalmente contra a forma que Barroso deixa Jacarezinho. Com perfil ponderado e lúcido, mas enérgico em decisões que precisam de mais cuidado, Barroso colecionou admiradores durante sua passagem pelo

Norte Pioneiro. Os moradores de Jacarezinho, principalmente, tentam entender a saída do delegado. “Não precisamos de troca de delegado, precisamos que tirem os presos urgentemente daqui. O risco é muito grande”, reclama o vendedor autônomo Sérgio Alves. A opinião do povo é compartilhada pelos representantes do Conselho de Segurança e da presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Denise Sfeir. “Foram infelizes na decisão. Não é assim que vamos resolver o problema”, aponta. Novo delegado-chefe O novo delegado-chefe da 12ª SDP já é conhecido d a p o p u l a ç ã o d o Nor t e Pioneiro. Tristão Antônio B orb orema de C ar va l ho está há três anos à frente da comarca de Ribeirão do Pinhal. Ele conta que assume o posto cumulativamente por designação de portaria da Secretaria de Segurança Pública. “Per mane ço no cargo até segunda ordem”, indicando que há a possibilidade de outro delegado ser nomeado para a função. Natural de Ribeirão Preto (SP), Carvalho, que tem 37 anos, começou a carreira na Polícia Civil do Estado de São Paulo em 2000, com passagens pela capital, Ribeirão Preto,

Altinópolis e São Simão. Em 2007 trocou a polícia do Estado vizinho pela Polícia Civil do Paraná. Depois de atuar em Curitiba, Carvalho passou seis meses como delegado-adjunto na 11ª Subdivisão Policial em Cornélio Procópio, antes de ser transferido para Ribeirão do Pinhal. Carvalho lembra que quando assumiu a delegacia de Ribeirão do Pinhal, a comarca não contava com delegado, era administrada cumulativamente pelo delegado de Santo Antônio da Platina. “A primeira coisa que fiz quando assumi foi organizar a atividade cartorária, que é o inquérito, produto de trabalho do delegado. Assim que colocamos a casa em ordem, comecei a me familiarizar e demos início às operações”, relatou. Neste período, Carvalho destaca várias prisões importantes, dentre elas uma quadrilha de estelionatários, autores de homicídios, assaltos, traficantes. A operação denominada “Justiça para Todos”, que prendeu criminosos de famílias de classe média alta na cidade. O delegado ressaltou que também enfrenta o problema de superlotação em sua comarca que vai continuar as negociações para a construção de um presídio na região.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Ações de plano contra o crack ainda são tímidas Gazeta do Povo

Seis meses após a adesão formal ao programa federal “Crack, é possível vencer”, o Paraná não conseguiu colocar em prática as ações estipuladas pelo projeto. A rede de atuação só deve se estender ao interior do estado a partir de junho. Em Curitiba, para onde foram repassados R$ 294 mil do Ministério da Saúde, as metas seguem em ritmo lento. Dos seis Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) III, que funcionam 24 horas, apenas um saiu do papel. Nenhum novo consultório de rua foi implantado e os novos leitos em hospitais gerais seguem na promessa. Até 2014, o estado deve ser beneficiado com R$ 102,2 milhões. Com esse montante serão criados 828 leitos para atendimento de usuários de drogas. “Todos os estados que assinam o termo começam as ações pela capital e depois expandem para o interior. Isso porque são ações de diferentes áreas que estão envolvidas no programa”, afirma a coordenadora do Comitê Interssecretarial de Saúde Mental do governo do Paraná, Larissa Yamaguchi. O plano de combate ao crack prevê um trabalho conjunto entre os governos federal, estaduais e municipais nas áreas da saúde, segurança pública, defesa de fronteiras

e assistência social. “Oito das 22 Regionais de Saúde já pactuaram para dar início às ações”, afirma Larissa. Segundo ela, o atendimento deverá ser regionalizado, já que os Caps-AD 24 horas só podem ser construídos em cidades com mais de 200 mil habitantes. Cenário nacional Não é só no Paraná que o programa apresenta dificuldades. Lançado em dezembro de 2011, o plano terminou o ano passado tendo feito parceria com 13 estados e o Distrito Federal. Mas o governo federal conseguiu investir até o momento somente um quarto do previsto até 2014. Somando recursos dos ministérios da Saúde, Desenvolvimento So¬¬cial e Justiça, o investimento chega a R$ 1 bilhão – sendo que a previsão até o fim da gestão é aplicar R$ 4 bilhões. A maior parte dos recursos é destinada à pasta da Saúde (R$ 2 bilhões). Até o fim do ano passado o Ministério gastou R$ 840 milhões. Já o Fundo Nacional Antidrogas, ligado ao Ministério da Justiça, investiu 22% (R$ 69,5 milhões) do total autorizado no ano passado, R$ 314,2 milhões. O Ministério do Desenvolvimento Social aplicou R$ 14,3 milhões. Ponta Grossa terá 1.ª unidade de acolhimento O estado do Paraná possui hoje 24 Caps-AD II, que

funcionam apenas durante o dia. Isso pelo fato de este modelo ser permitido apenas a cidades com mais de 70 mil habitantes. Segundo a coordenadora do Comitê Interssecretarial de Saúde Mental do governo do Paraná, Larissa Yamaguchi, o estado conta com 40 Caps I, que também atendem dependentes químicos em localidades nas quais não é permitido ter Caps-AD. Arauc ár i a, na R eg i ão Metropolitana de Curitiba; Cascavel, no Oeste; e Paranavaí, no Norte, seriam os primeiros municípios do estado a ter as Casas de Acolhimento Transitório (CAT) para abrigar dependentes. A divulgação das cidades ocorreu em 2011, porém só a CAT de Paranavaí ficou pronta e está funcionando. “Agora o governo federal ‘substituiu’ a CAT pelas unidades de acolhimento. Ponta Grossa deverá ser a primeira cidade do estado a ter uma unidade até o meio do ano”, informa Larissa. A mudança de casa para unidade de acolhimento foi feita para garantir um cuidado integral ao dependente, segundo o governo federal. A unidade de acolhimento pode abrigar crianças e adolescentes ou adultos e deve ser referência para municípios ou regiões com população superior a 200 mil pessoas. Os pacientes po-

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O Caps Centro Vida, na Vila Izabel, é o único que funciona de forma ininterrupta em Curitiba

dem ficar até seis meses nas unidades, para manter a estabilidade clínica, o controle da abstinência e redução das situações de vulnerabilidade social e familiar. Curitiba precisaria de pelo menos mais quatro Caps Álcool e Drogas O diretor do Centro de Assistência à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Marcelo Kimati, afirma que um dos principais desafios é estruturar a rede para cumprir o projeto. “Dos quatro consultórios de rua previstos, temos um que é anterior ao programa e funciona um dia por semana. Ele teria de atender pelo menos três dias na semana”. Atualmente, Curitiba pos-

sui somente um Caps-AD III, que atende crianças e adolescentes dependentes químicos, e outros cinco centros destinados ao tratamento de usuários de álcool e drogas. “Nós temos um déficit de pelo menos quatro Caps-AD”, revela. Ele pretende abrir nos próximos seis meses 30 leitos para dependentes em hospitais gerais. “Outro projeto é transformar dois Caps-AD II em atendimento 24 horas, os chamados CAPS III”. (DA) Cento e vinte oito Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) já existentes no país deveriam passar a oferecer atendimento 24 horas até o fim de 2012. Até o momento, porém, apenas 37 conseguiram fun-

cionar de forma ininterrupta. O governo também pretendia criar 2.460 leitos em enfermarias especializadas e readequar 1.140 já existentes. Segundo o Ministério da Saúde, foram abertas até o momento 124 vagas em enfermarias especializadas. Psiquiatra e especialista em tratamento de dependentes químicos, Dagoberto Requião considera que o atraso é reflexo da falta de programação do governo federal. “Não adianta formar um projeto se não há especialistas que saibam trabalhar na área. É preciso treinamento para atender dependentes químicos e poucos profissionais aceitam trabalhar na área”, diz.


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