FEVEREIRO DE 2014
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TRIBUNA DO DIREITO
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ANOS Nº 250
SÃO PAULO, FEVEREIRO DE 2014
R$ 7,00 DIREITO PENAL
Sistema penitenciário brasileiro está falido PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
N
ão havia muito a acrescentar diante da realidade escancarada a cada dia, mas agora é definitivamente oficial: o sistema penitenciário brasileiro está falido, e não só pelas barbáries recentes acontecidas na penitenciária de Pedrinhas (MA), mas pelo cenário dantesco em todo o País. Falido pela violência sem limites dentro do cárcere. Falido porque o ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo, depois de admitir que preferia ser morto a viver numa cela, foi a São Luís e disse que esse sistema é “medieval”. Falido porque a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu investigação “imparcial e efetiva” sobre os assassinatos no presídio maranhense. Falido porque a Organização dos Estados Americanos (OEA), através da sua Comissão Interamericana de Direitos Humanos, também fez cobrança ao Ministério das Relações Exteriores de explicações ao governo brasileiro sobre o que acontece em Pedrinhas e
também no presídio central de Porto Alegre (RS). Não é a primeira vez que a OEA faz exigências desse tipo: isso já havia acontecido após a rebelião no presídio de Urso Branco, em Porto Velho, há dez anos atrás. Falido porque a Anistia Internacional quer saber como a degradação chega ao ponto de te-
rem acontecido decapitações no presídio de Pedrinhas e mulheres e irmãs de presidiários sendo submetidas a estupro para que seus parentes sejam mantidos vivos. Falido porque a Human Rights Watch citou relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para fundamentar pedidos de explicações, inclu-
CNJ
TRF DA 3ª REGIÃO
ESCOLA DE DIREITO
Número de processos contra magistrados dobrou em 2013 Página 27
JEFs atenderam 279 mil pessoas em 2013 Página 12
Continua na página 17
SAÚDE PÚBLICA
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sive sobre um vídeo contendo imagens de cabeças cortadas na prisão. O embaixador e presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Luiz Augusto de Castro Neves, diz que o Brasil tem mantido uma “atuação ativa” na área de direitos humanos, perante a ONU, mas admitindo: “O que falta no País é fazer o dever de casa, tornar o sistema Judiciário brasileiro mais ágil — caso contrário, nossa própria atuação internacional perde credibilidade e passa a ser um ativismo retórico.” Falido porque aos olhos do mundo a situação piorou depois que a revista inglesa The Economist publicou o artigo “BemVindo à Idade Média”, definindo o sistema como “infernal” e “violento”.
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Anhembi Morumbi anuncia novo diretor acadêmico Página 2
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Uma vergonha, um caos sem precedentes Página 28