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TRIBUNA DO DIREITO
AGOSTO DE 2016
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ANOS Nº 280
SÃO PAULO, AGOSTO DE 2016
R$ 7,00
BRASIL EM CRISE
O réu inocente é nosso País PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
B
RASÍLIA – É elementar: in dubio pro reo. Mas enquanto o estagnado País inteiro sonha em sair da crise e encontrar dias melhores, o que permanece econômica e politicamente difícil, o que se assiste é uma luta pela manutenção ou reconquista do poder. Neste agosto de dúvidas entre absolver ou condenar, manter ou afastar, o foco predominante tem sido outro. In dubio, pelo Brasil: a sociedade, grande vítima, está cansada, farta. Não quer saber mais de métodos pretéritos, que afundaram a Nação, e sim de uma dignidade ainda desconhecida, esquecendo práticas de barganha eticamente lamentáveis e vislumbrar perspectivas para o futuro. O Brasilvítima não quer mais ficar na condição de réu, e muito menos de refém, de uma polarização política que oculta possibilidades e perspectivas de recuJUSTIÇA DO TRABALHO Internet
TRT de Goiás pode fechar as portas em outubro Página 25
peração. Diante de uma briga absolutamente inglória, o réu inocente é nosso País, esgotado em suas forças por ter sido transformado em cobaia de projetos, alguns delirantes. Frente às dúvidas políticas e ideológicas, o único beneficiado deveria ser o Brasil. Não está sendo. Os políticos não percebem, ou fazem de conta que não entendem, que o interesse público não tem convergência única para este ou aquele partido. O bem-estar nacional está acima de qualquer partidarismo. É insuportável a confusão entre res publica e cosa nostra, servir e locupletar-se, compromisso com a sociedade e falcatruas deliberadas. Tanto que o presidente da ONG Transparência Internacional, o peruano José Carlos Ugaz, solidário com a Operação Lava Jato, afirmou que “não existe um corrupto no mundo que diga que é perseguido político”. Para ele, “isso só acontece aqui e no Sri Lanka — o que vemos são pessoas que cometeram graves delitos e que são poderosas”. Ugaz acha que a investigação é tão exemplar que a Transparência Internacional vai instalar no Brasil um centro de análise e pensamento anticorrupção, “para que as experiências sejam compartilhadas”. O assunto foi tema de seminário na Capital Federal, “Grandes Casos Criminais — Experiência Italiana e Perspectivas no Brasil”. As exposições foram contundentes e tiveram um tom unânime: os brasileiros, enojados e com indignação em formato jurídico de repercussão geral, não querem mais saber disso. Páginas 17, 18 e 19