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ENCONTROS EDUCATIVOS: CAMINHOS DA AMAZÔNIA

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Tita Couto

Tita Couto

Por João Pedro Canola.

Cada nova experiência em equipes educativas é, de fato, um acontecimento. Amazônia de Sebastião Salgado não fugiu a essa regra. Retornando de um período de hiato em decorrência do distanciamento social provocado pela pandemia de covid-19 esses acontecimentos geraram muitos movimentos em nós. O que é fazer um roteiro educativo em meio a pandemia? Como acolher um grupo nunca visto com parte do rosto coberto por máscara? Como iniciar um percurso educativo? O que é uma visita? Numa equipe composta por educadores com experiência no trabalho em mediação de exposições e educadores estagiários sem nenhuma experiência questões complexas tendem a aparecer. Como educador supervisor o que vi foi uma equipe muito diversa e disponível para encontros bonitos e potentes, mesmo nesse mar de complexidade que o contexto nos apresentou. Não por acaso nossas visitas temáticas foram organizadas pelo título “Encontros Educativos - caminhos da Amazônia”. Cada educador foi muito sensível em construir seu caminho de medição nesse retrato Amazônico de Sebastião Salgado, ao mesmo tempo em que nunca estiveram sozinhos nesse percurso. Afetos e trocas, pesquisas e percursos, questionamentos e angústias foram compartilhados por eles de maneira muito natural e intensa, o que gerou a profusão de visitas e proposições durante os meses de trabalho. “Amazônia” trouxe um público muito intenso para a área de convivência do Sesc Pompeia. Seja grupos agendados ou o público espontâneo, esses encontros foram outro ponto de complexidade em nosso dia-a-dia. É sempre difícil supervisionar uma equipe. Entender como cada coletivo se organiza, como cada coletivo pode se organizar, e como conversar sobre essa organização.. A partir dessas constatações ficou clara a necessidade de, cada vez mais, adotarmos procedimentos para garantir que esses encontros consigam existir. A maneira de propor e escrever as visitas, a maneira como organizamos o tempo, as informações sobre os grupos agendados, os prazos, as reuniões… Entendo que essa dinâmica foi, por vezes, a dificultadora de parte do processo. Contudo, mesmo com o cotidiano atarefado, educadores formados e estagiários estavam sempre disponíveis para o acolhimento dos grupos, especialmente os grupos de escolas públicas, que dificilmente têm acesso a espaços de cultura como esse e que, idealmente, são os grupos que mais almejamos atingir com nossas práticas.

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João Pedro Canola é Artista, Educador, Professor e Mestre em Artes. Há mais de 12 anos, vem desenvolvendo projetos com caráter de ateliê aberto, seja em educativos de exposições, oficinas livres, aulas da rede formal de ensino e projetos públicos de formação em artes. Tem duzentos e vinte sete projetos de instrumentos musicais na cabeça, mas até hoje só construiu dezoito.

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ENCONTROS EDUCATIVOS: CAMINHOS DA AMAZÔNIA

Encontros Educativos Supervisão João Pedro Canola e Luciane Tobias

A equipe educativa de “AMAZÔNIA” foi inicialmente composta por 6 educadores, 12 educadores estagiários e 2 educadores supervisores, coordenados por Alebre nas figuras de Andrea Souza e Andréa Tavares. Durante os 5 meses de duração da exposição muitas atividades foram desenvolvidas pela equipe educativa. Visitas espontâneas, visitas agendadas, visitas temáticas, objetos mediadores, integração com outras equipes e exposições e o acolhimento dos mais de 170.000 visitantes que passaram pela área de convivência do Sesc Pompeia de fevereiro a julho de 2022. Essa foi a composição do dia-a-dia de trabalho dos educadores. Cada uma dessas atividades demandou tempo e pesquisa. Para tanto, diariamente uma hora de estudo foi disponibilizada para cada educador para que essa pesquisa pudesse ser realizada. Juntamente com esse tempo de estudo, as trocas e vivências no espaço expositivo contribuíram muito para cada proposta realizada. Vale lembrar que em fevereiro de 2022 ainda vivíamos um contexto mais restrito da pandemia. Para boa parte da equipe de formados foi a experiência de retorno ao trabalho educativo após o período de distanciamento social. Foi também a primeira experiência em mediação da equipe de educadores estagiários. Pensando nessa integração a equipe de programação do Sesc Fábrica Pompéia nos provocou a pensar e propor as atividades de forma coletiva e colaborativa. A partir disso, segue um pouco de cada uma dessas etapas do trabalho realizado.

Visitas espontâneas

A exposição “Amazônia” teve um fluxo muito específico de visitantes espontâneos. Historicamente as visitas espontâneas acontecem com um público frequente das unidades do Sesc e que de alguma forma conhecem e têm contato com o trabalho da equipe educativa. Como tivemos nessa mostra uma frequência muito alta de visitantes, especialmente aos finais de semana, os educadores estiveram muito presentes no acolhimento introdutório do público, contornando um pouco os eixos curatoriais e marcos expositivos. Contudo, poucas foram as oportunidades de criar com esse público espontâneo caminhos e roteiros educativos para além desta introdução. Bem por isso a equipe se dedicou amplamente a desenvolver e realizar visitas temáticas, como veremos a seguir, num desejo de se aproximar mais desse público.

Visitas agendadas

As visitas agendadas compreendem um perfil diverso de público, desde estudantes de diferentes níveis de ensino; do primário ao ensino médio, seja do ensino público, técnico ao particular, há grupos de estudantes Universitários, Idosos, Associações, Fábricas de Cultura, Funcionários do SESC, Instituições de pessoas portadoras de deficiência, grupos de turismo e etc. Semanalmente, sempre às sextas-feiras recebemos a lista de agendamentos da semana seguinte e realizamos a distribuição de grupos de acordo com o perfil e afinidade de cada educador priorizando um bom desenvolvimento da visita, sabendo que, nem sempre estas ações são possíveis de se realizarem devido às imensa demanda de grupos que solicitaram ao longo destes cinco meses visita a exposição “Amazônia”.

Visitas patrocinador

Outro ponto bem específico do trabalho educativo da exposição "Amazônia” foram as visitas com grupos de patrocinadores da mostra. Essas visitas aconteceram durante boa parte do percurso da exposição e eram bem diversas entre si. Muitas delas aconteceram em outros idiomas como, espanhol e Inglês, e reuniram executivos, colaboradores e convidados das empresas. Nossa organização para esses encontros foi acolher as demandas de outros idiomas e adaptar os roteiros de visitas para a característica de cada grupo, buscando o melhor acolhimento e desenvolvimento das ações mediadoras. Muitos grupos diplomáticos e comitivas de outros países também visitaram a Exposição. Para essas visitas havia sempre o acompanhamento da equipe de programação da unidade.

Quais os caminhos, diálogos e tensionamentos dessa mostra?

Nos primeiros passos do educativo Amazônia, em sua terceira semana de convívio com o público no espaço expositivo, os educadores deram início a processos de pesquisa, estes processos resultaram em proposições educativas para o público visitante da mostra Amazônia, estas proposições foram denominadas de Visitas Temáticas. As ações partem de um processo de construção contínua, a cada mês novas Visitas Temáticas foram agregadas as visitas iniciais, e as visitas iniciais também foram tomando outros corpos à medida que ações saem do papel e se presentificam no espaço expositivo, a partir da experiência educativa e a vivência com o público.

Ao longo desta trajetória amazônica, foram desenvolvidas 20 propostas de Visitas Temáticas para públicos diversos. Nos meses de março a julho, estas ações foram replicadas, totalizando 28 proposições educativas. A seguir, compartilhamos estas experiências a partir de uma cronologia:

MARÇO A VISITA COM THIAGO

Com: Tiago Luz

A EXPERIÊNCIA MÁGICA DE SUSPENDER O CÉU

Com: Alice Yura

COSMOVISÕES INDÍGENAS: CONSTRUINDO OUTROS IMAGINÁRIOS

SOBRE A AMAZÔNIA, Com: Guilherme Lima

AMAZÔNIA EM PERSPECTIVA

Com: Nayara Patente

“DESCONFIO DO PRECISAR QUE TEM GOSTO DE DESTRUIÇÃO”: PERCORRENDO DESASTRES CONTINUADOS E CAMINHOS DE INSISTÊNCIAS PELA AMAZÔNIA DE

SEBASTIÃO SALGADO, Com: Cassandra Moira Costa Moura

ABRIL A EXPERIÊNCIA MÁGICA DE SUSPENDER O CÉU

Com: Alice Yura, Gleice Kely, Rafael de Oliveira, Rive Agra e Tita Couto

PERCORRENDO DESASTRES CONTINUADOS E CAMINHOS DE INSISTÊNCIAS: ‘DESCONFIO DO PRECISAR QUE TEM GOSTO DE DESTRUIÇÃO’.

Com: Cassandra Moura, Emily Takaesu, Enzo Kruschewsky, Gleice Kely, Isabel de Almeida e Renan de Figueiredo

PRODUÇÃO CULTURAL COMO PROTAGONISMO NARRATIVO

Bea Bonifácio e Felipe Leonidas

VIDAS INDÍGENAS: OUTROS OLHARES SOBRE A AMAZÔNIA.

Com: Dany Oliveira, Emily Takaesu, Guilherme Lima e Pam Silva

AMAZÔNIA EM PERSPECTIVA

Felipe Leonidas, Isabel de Almeida, Nayara Patente, Pam Silva e Renan de Figueiredo

“ÁGUAS, PÁSSAROS, SERES E MILAGRES”

Com: Felipe Leonidas, Marina Rigatto e Tiago Luz

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