Revista APDA #16 - 1º trimestre 2020

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OS GRANDES DESAFIOS DA DÉCADA 1. A APDA definiu como tema principal do ENEG 2019 - que se realizou em Ílhavo de 19 a 22 de novembro de 2019 - discutir a “Água em Portugal na próxima Década| Roteiro para 2030”. Este ENEG 2019, uma vez mais, confirmou-se como a mais importante e representativa conferência sobre a Gestão da Água em Portugal. Em consequência, há outras conclusões a sublinhar de novo, nomeadamente quanto ao facto de se ter amplamente revelada como acertada e oportuna a nossa proposta/desafio de lançar no Setor e na Sociedade Portuguesa no seu todo, o debate sobre o tema dos principais desafios e estratégias que se colocam ao Setor da Água e do Saneamento nesta Década 20/30 e para além dela, procurando envolver todos os “stakeholders” na procura e construção das melhores e mais resilientes soluções, que garantam a “segurança hídrica” do País e a “sustentabilidade integral” dos serviços de água e saneamento. Entretanto, a partir da posição privilegiada assumida no Conselho Mundial da Água, tenho procurado alargar a abordagem sobre o que há que ter em conta quanto ao futuro no que à Água diz respeito, enquanto elemento estruturante da vida e do desenvolvimento sustentável em contextos cada dia mais complexos e perigosos com que nos defrontamos. Referi-me, no último número da Revista APDA, ao contexto das “Mudanças Globais” em curso nesta nossa era de globalização desregulada e desrespeitadora dos equilíbrios ambientais, económicos, sociais e culturais, chamando a atenção para o determinante papel das “Alterações Climáticas”, que “afetam e determinam em muito as reais disponibilidades de água com que contaremos, a sua variabilidade e escassez, caraterizadas por crescentes e complexas incertezas e ameaças, tanto ao nível global como regional, apesar de ainda não conhecermos com exatidão todos os seus possíveis efeitos”1. De resto, o problema da água vem criando fortes tensões em vastas regiões do Mundo, como a Índia e o Paquistão, já que os dois países compartilham os leitos de seis rios, não se entendendo relativamente à gestão destes recursos hídricos. Acontece o mesmo na Bacia do Nilo, envolvendo Egipto, Etiópia, Eritreia, Sudão e mesmo o Quénia, o que coloca no topo das preocupações em torno das garantias da segurança hídrica os mecanismos da “Gestão Transfronteiriça e Integrada dos Recursos Hídricos” partilhados.

Rui Godinho: “A Água em Portugal na Próxima Década num Contexto de Mudanças Globais”: Revista APDA, Edição 15, 4º Trimestre 2019. 1


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